Abelhuda - Defesa Sanitária Vegetal. 1ª Edição

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foi desenvolvido pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc como apoio didático ao Programa de Educação Sanitária em Defesa Agropecuária.

Esta publicação serve como material complementar ao Projeto Sanitarista Junior, implantado nas escolas catarinenses, e tem por objetivo levar ao conhecimento do público infanto-juvenil a origem da agricultura, sua evolução e a importância da Defesa Sanitária Vegetal para o estado de Santa Catarina.

Engenheira Agrônoma MSc Patrícia Almeida Barroso Moreira Coordenadora Estadual do Projeto Sanitarista Junior

CaroEsteLeitor,material

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Quando vamos ao supermercado ou à feira para comprar frutas, legumes e verduras, sempre procuramos pelos mais bonitos, sem manchas ou amassados.

Tudo fresquinho,bemmoça!

Às vezes encontramos frutas e legumes commanchas, larvas e insetos que vão para o lixo.Porém, nunca pensamos na forma como osvegetais são produzidos e como os produtoresrurais fazem para produzir frutas, legumes ehortaliças tão perfeitos e sem pragas.

Eca! Que bicho é este!?

Para entender um pouco mais sobre a agricultura e o que são pragas, precisamos conhecer como funciona a natureza e voltar um pouco no tempo. Vou contar para vocês como surgiu a agricultura, por volta de 10 mil anos atrás, e o que acontece no mundo secreto das plantas, insetos e

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Antes da agricultura ser inventada, na Pré-História, o ser humano era nômade, vivia em deEsseemconstantementemudando-seacampamentos,delugarbuscadealimentos.períodoerachamadoPaleolítico.

micróbios.Atéapróximaluacheia,ainda ficaremosaqui!

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As mulheres eram responsáveis pelacoleta de vegetais e cuidados com ascrianças. Enquanto os homens nãoretornavam das caçadas, as mulheres,crianças e idosos alimentavam-se dosvegetais coletados da natureza.

Sófrutoscomemosdaépoca!

Durante essa época, os homenseram responsáveis pela caça degrandes animais para alimentartoda a sua tribo. Essas caçadaspodiam durar vários dias.

Iáaa!

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Vamosverseestaexperiênciadácerto!

Essa atividade era muito importante porque parte desses animais era levada viva aos acampamentos. Foi assim que começou a domesticação de animais.

Mas as mulheres também eram caçadoras, embora praticassem um outro tipo de caça. Além de desenterrar raízes e tubérculos e coletar frutos, elas recolhiam lagartos, aves, lagartixas, moluscos e pequenos animais como lebres e roedores.

Um dos trabalhos das mulheres era escavar a terra com uma estaca (um dos primeiros utensílios agrícolas da humanidade) para buscar alimentos. Graças a essa atividade, as mulheres descobriram a agricultura. Com o passar do tempo, elas aprenderam, por meio da observação da natureza, a selecionar as espécies vegetais interessantes para a alimentação e retirar as ervas daninhas que não interessavam, ajudando, assim, as plantas a crescerem protegidas e fortes.

Dessa forma, acredita-se que muitasdas plantas comestíveis, assim como o linho e o algodão usados para ovestuário, foram descobertas pelasmulheres na época pré-histórica.

Veja,filha!Seagentefizerassim, parecesermaisfácilerápido!

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Os povos foram tornando-se sedentários, permanecendo mais tempo no mesmo lugar e formando comunidades maiores. Iniciaram o cultivo de diferentes espécies vegetais e foram selecionando aquelas mais adaptadas ao meio ambiente onde viviam. A essa atividade deu-se o nome de domesticação de plantas e animais e esse período é chamado de Neolítico.

Com o passar dos anos, o homem tambémfoi ocupando-se dessa atividade. Assim,aumentaram as áreas de cultivo dosvegetais e iniciaram as atividades derebanho de animais de maior porte.

Uma das primeiras regiões do mundo a domesticar plantas e animais estava localizada entre o Oriente Médio e o nordeste da África e foi chamada de Crescente Fértil.

O mapa-múndi abaixo mostra os principaiscentros de origem e diversidade da agriculturano mundo, assim como a origem dos principaisalimentos que consumimos hoje.

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Milho e feijão México

Batata América do Sul Café África

Cevada e trigo Oriente Médio Arroz e soja China Banana Ásia Tropical

Uau! E faz um tempão, heim?!

Escrita Ano 1

Observando a linha do tempo, vemos que com o surgimento da agricultura o homem se fixou, ou seja, deixou de ser nômade, formando comunidades que foram crescendo com a maior disponibilidade e variedade de alimentos, dando inicio ao comércio e ao desenvolvimento da humanidade até os dias de hoje.

... ...

Paleolítico

NascimentodeCristo

(4 mil anos a.C.)

(2, 5 caçadoresNômades,anosmilhõesa.C.)ecoletores

DescobrimentodoBrasil daMecanizaçãoAgricultura

Descoberta da agricultura, formação de aldeias e domesticação de animais Neolítico

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(10 mil anos a.C.)

1500 1950 Descobrimento RevoluçãodaMecanizaçãoAgriculturaIndustrial

Surgiu a escrita, uma forma de comunicação que praticamente separou a Pré-História da História

Séc. XVIII

Nossos ancestrais tiveram que aprender a preparar e nutrir o solo, além de conhecer um inimigo desconhecido até então, as pragas!

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Nossa! O que é isso?

São as pragas do Egito, querido. Os sábios já haviam alertado sobre isso.

Rã Cobra

Rola-Bosta

Rato

Gavião Tatu Lagarto

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Decompositores

Grilo Veado Fezes

Borboleta

organismossãopragas?

madeiras, etc.

Fungos,bactérias,etc.

Mas afinal, vamos descobrir o que são pragas e quando elas surgiram? Explicando fica fácil de entender. Pragas são organismos que podem causar danos às plantas. Esses organismos podem ser fungos, bactérias, vírus, insetos, ácaros, moluscos, aves, pequenos mamíferos (animais que mamam quando recém-nascidos), nematóides (tipos de vermes) e plantas que atrapalham o crescimento dos vegetais que cultivamos. Geralmente fungos, bactérias e vírus provocam o que chamamos de doenças, mas tudo pode ser chamado de praga na agricultura! Assim, pessoas no mundo inteiro entendem.

organismosHumm…Seráquetodosessessãopragas?

Onça Cupins

Passarinho

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Mas o que pode causar esse desequilíbrio? Muitas atitudes adotadas pelo agricultor e por consumidores podem favorecer o aumento de organismos que já estão presentes no ambiente e podem tornar-se pragas.

maisEstalavouranãoestáparajoaninha...

A mais importante é o cultivo de uma mesma espécie de planta por uma extensa área, a chamada monocultura, em que muitos organismos não se adaptam ao tipo de ambiente. Os que sobrevivem podem reproduzir-se intensamente por encontrarem alimento em abundância e pela falta de organismos que controlem a população da praga.

Estudando a teia da vida, entendemos que todo organismo possui sua função na natureza, todos interagem entre si e com o meio ambiente. Um organismo alimenta-se e vive às custas do outro, regulando o crescimento da população de ambos, tudo em equilíbrio! Quando ocorre um desequilíbrio, as populações de determinados organismos tornam-se numericamente muito altas, o que danifica as culturas e pode reduzir a produtividade. Então, eles podem tornar-se pragas!

NovochegamosFinalmenteaoMundo!

Desde que as pessoas começaram a viajar de um lugar para outro, novas espécies de organismos foram introduzidas em locais em que, até então, não haviam sido detectadas. Primeiramente pelos imigrantes, que traziam consigo plantas para serem cultivadas nas novas terras, mas que, muitas vezes, carregavam junto organismos que se tornaram pragas no novo território.

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Quando são utilizados agrotóxicos de forma inadequada, os organismos que não morrem na pulverização podem, com o tempo, adquirir resistência e tornarem-se super raros! Também pode haver a eliminação de organismos que ajudavam no controle de certas pragas.

Plantar mudas que vieram de lugares suspeitos e sem garantia de qualidade, ou seja, que podem conter pragas, pode disseminá-las para novos locais.

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Temperatura, chuva e umidade podem ajudar no desenvolvimento de pragas e aumento da sua população, por isso as mudanças climáticas são importantes também quando o assunto são pragas.

O clima também pode disseminar pragas, principalmente pelo vento. Furacões, tornados e grandes tempestades podem fazer com que organismos que estavam em um território possam ir para outros locais.

Atualmente, milhões de pessoas cruzam o planeta de um país a outro, seja fazendo turismo ou a trabalho. Às vezes, essas pessoas gostam de uma fruta, flor ou semente e acabam trazendo-as na mala, sem saber que podem estar transportando espécies que podem tornar-se pragas em outros países, mesmo que não estejam em seu país de origem. Isso acontece porque essas espécies, na falta de inimigos naturais, podem adaptar-se melhor aos novos locais.

Imagem 6 – Uma das várias publicações da época com instruções sobre como controlar a Filoxera.

Nossa, quanta coisa! Vocêsabia que existem histórias deprejuízos causados pelas pragas?

Imagem 4 – Folha de videira, a planta cuja fruta é a uva, infestada pela Filoxera.

Imagem 5 – Daktulosphaira vitifolia, inseto responsável pela conhecida doença dos vinhedos.

Há também o caso da Filoxera, um inseto que destruiu muitas plantações de uvas na Europa e arruinou, na época, a produção de vinho na França. Por causa dessa praga, foi criado o primeiro grupo para discutir maneiras de controlar a praga.

Depois disso, vários grupos entre países começaram a organizar-se para evitar que novas pragas pudessem atrapalhar a produção agrícola de seus países.

Imagem 2 – Folha infestada pelo fungo Phytophthora infestans.

Uma das mais conhecidas em todo o mundoé história da grande fome que ocorreu naIrlanda no século XIX por causa de umfungo chamado Phytophora infestans quecontaminou as batatas, o principal alimentodos irlandeses na época, impedindo a colheitae levando fome àquele povo.

Imagem 1 – Memorial em Dublin, capital da Irlanda. Esculturas representam os irlandeses que sofreram com a Grande Fome.

Imagem 3 – Batata infestada pelo fungo Phytophthora infestans, fungo responsável pela Grande Fome da Irlanda.

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Para realizar esse trabalho de proteção da produção agrícola catarinense, a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina – Cidasc é a empresa pública vinculada ao Governo do estado responsável pela Defesa Sanitária Vegetal. como issoé eQuempossível?sãoessesoquefazem?

Abelhuda!Olá, Mas

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A Defesa Sanitária Vegetal faz parte da Defesa Agropecuária. Preocupa-se com a sanidade dos vegetais, ou seja, defende as plantas do ataque de pragas e da entrada de novas pragas no estado, assim como monitora a qualidade dos produtos vegetais que são produzidos e destinados à alimentação humana para que o consumo seja seguro.

você!Ahá!Achei Glup! Vegetal.sobreaprendertenhaqueUau,FIM!!!quelegal!EsperoparavocêtambémsidoótimotantascoisasaDefesaSanitáriaAtéapróxima!

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A Defesa Sanitária Vegetal da Cidasc contribui para garantir o status sanitário de Santa Catarina, que é reconhecido nacional e internacionalmente. Agora que você conhece mais sobre o assunto, que tal encontrar algumas palavras a respeito do tema no caça-palavras abaixo?

AGRICULTURA - AGROPECUÁRIA - CULTIVO - DEFESA - EDUCAÇÃO - FRUTAS - HORTALIÇAS - LEGUMES - PRAGAS -VEGETAL

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PRIMAVESI, Ana. Agricultura Sustentável: Manual do Produtor Rural. São Paulo: Nobel, 2011. 142 p.

Imagem 5 – Daktulosphaira vitifolia, inseto responsável pela conhecida doença dos vinhedos. Fonte: Disponível em http://www.oardc.ohio-state.edu/grapeipm/grape_phylloxera.htm

MASON, Otis Tufton. Woman’s share in primitive culture. New York: D. Appleton And Company, 1899. 368 p. Disponível em: <https://archive.org/details/womansshareinpri00maso>. Acesso em: 08 mar. 2016.

Imagem 4 – Folha de videira, a planta cuja fruta é a uva, infestada pela Filoxera. Fonte: Jim Occi. Disponível em http://www.forestryimages.org/browse/detail.cfm?imgnum=2512038

Imagem 3 – Batata infestada pelo fungo Phytophthora infestans, fungo responsável pela Grande Fome da Irlanda. Fonte: Disponível em https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/92/Phytophtora_infestans-effects.jpg

MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence. História das agriculturas no mundo: Do neolítico à crise contemporânea. São Paulo: Unesp, 2010. 568 p.

Imagem 1 – Memorial em Dublin, capital da Irlanda. Esculturas em bronze, projetadas e executadas pelo escultor Rowan Gillespie, representam os irlandeses que sofreram com a Grande Fome. Fonte: Disponível em https://annyungmeyer.wordpress.com/photos/famine-memorial/

Texto

GOLDENWEISER, Alexander. Anthropology: An Introduction of Primitive Culture. New York: F. S. Crofts & Co, 1937. 550 p. Citado por Evelyn Reed. Disponível em: <https://www.marxists.org/portugues/reed-evelyn/1954/mes/mito.htm#tr2>. Acesso em: 10 mar. 2016.

ReferênciasBibliográficas

PEREIRA, Francisco Hevilásio F.. Agricultura Geral: Origem e evolução da agricultura. Pombal. 2011. 14 p. Disponível em: <www. ccta.ufcg.edu.br/admin.files.action.php?action=download&id=180>. Acesso em: 11 mar. 2016.

KHOURY, Colin K. et al. Origins of food crops connect countries worldwide. The Royal Society. London, p. 1-9. 8 jun. 2016. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1098/rspb.2016.0792>. Acesso em: 11 jul. 2016.

Imagem 6 – Uma das várias publicações da época com instruções sobre como controlar a Filoxera. Fonte: Disponível em http://www.tenzingws.com/blog/2015/5/26/maps-of-the-spread-of-phylloxera-in-19th-century

Imagem 2 – Folha infestada pelo fungo Phytophthora infestans. Fonte: Disponível em https://pt.wikipedia.org/wiki/Phytophthora_infestans

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