Revista A, ed. 32

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Ano 6 - nº 32 Abril/2016

OUZA

R$ 9,99

PELOS BARES DA VIDA

A TRAJETÓRIA DE TRÊS ARTISTAS DA NOITE BARREIRENSE SOB A ÓTICA DE TRÊS JORNALISTAS

Bosco, André e Ramon: estilos diferentes para agradar a todas as plateias




RENOVAR, SEMPRE

O

título acima traduz o espírito criativo da r.a. A renovação é um exercício diário, faz bem, atualiza o tempo e revigora a vida. Em se tratando de um produto editorial, esse processo é indispensável. Se a validade está presente em quase tudo em torno do indivíduo e no indivíduo, não seria diferente em uma revista. Portanto, esta edição marca o início de uma nova revitalização da r.a. Mudamos tamanho e tipos do texto, espalhamos mais o branco entre as manchas gráficas, enfatizamos mais a fotos e elevamos a temperatura das cores, reforçamos o conceito editorial de fortalecer a autoestima do oestino, a partir de conteúdos que contemplem toda a região e... e isso é só o começo. Um projeto é construído, não é determinado. A característica de surpreender o leitor continuamente é um desafio constante da r.a. Desafio que adoramos! E como adoramos fazer essa capa. Não foi difícil reunir Ramon, André e Bosco para a sessão de fotografias, apesar da hora e dia - 10h30 de um sábado. As entrevistas ficaram a cargo dos jornalistas C. Félix, Anton Roos e Miriam Hermes, que definiram sobre quem cada um ia escrever. Essa experiência rendeu, no mínimo, dimensões e perspectivas de olhares diferentes, sobre pessoas diferentes e um assunto em comum: a vida do músico de barzinho. Isso foi inspirador! Garçom, mais uma dose! O lançamento do 5º filme do “ibotiramense” Son Araújo e a criação de cineclubes em Barreiras, Luís Eduardo Magalhães e Santa Maria da Vitória, também abordados nesta edição, refletem o esforço de renovar o hábito de fazer, ver e discutir o audiovisual na região. Esses e outros assuntos encontrados na páginas seguintes complementam esse espírito criativo da r.a, que inicia o ciclo de seus seis anos de divulgação das riquezas naturais, culturais, sociais e econômicas do Oeste. Em momento de turbulência como esse, convencionado como “crise” pela mídia, especialistas políticos e econômicos, quem para para viver a reclamar, realmente para. Adiante e boa leitura!

OUZA EDITORA LTDA. Tel.: (77) 3613.2118 Barreiras (BA)

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Making of: Bosco, C.Félix (fotografia), André, Ramon, Gustavo (assistência), Karine Magalhães (consultoria de moda) e o autor desta foto, Esdras (making)

DIRETORA DE REDAÇÃO E COMERCIAL

COLABORAÇÃO

Anne Stella

Rui Rezende

(77)

99123.3307 e 99945.0994 annestellax@hotmail.com

EDIÇÃO DE ARTE

Santa Maria da Vitória

CONSULTORIA EDITORIAL

CONSULTORIA DE MODA

IMPRESSÃO

Karine Magalhães

Gráfica Gatos

REVISÃO

TIRAGEM

Cícero Félix (DRT-PB 2725/99) www.revistaa.net

FOTO: C.FÉLIX ARTE: ESDRAS (OPA!)

sousa.cfelix@gmail.com SECRETÁRIA DE REDAÇÃO

Carol Freitas

Leilson Soares

Aderlan Messias

ASSINATURAS/CONTATOS COMERCIAIS Barreiras (77)

3 mil exemplares

98826.5620 e 99174.0745 freitas.caarol@gmail.com (77)

Ano 5 - nº 32 abril/2016 Oeste da Bahia

3613.2118 / 99906.4554 / 99123.3307

Cícero Félix: (77) 99131.2243

(A r.A não se responsabiliza pelas opiniões emitidas nas colunas assinadas.)



índice

24 10 A BORDO 10 Catolicismo Popular no Oeste MISCELLANEA 16..Exposição de Portinari no Sesc Barreiras 18..Avant première do 5º filme de Son Araújo 21.. Raíra França fica entre as 15 finalistas no Arnold Model Search no Brasil 23..Morre em Santa Maria da Vitória o sociólogo Clodomir Morais PERSONAGEM

24..Seu Limiro, o artista de Santo Antônio

16 ENTREVISTA 28..Paê Barbosa, vice-prefeito de Barreiras ECONOMIA & MERCADO

31..O instinto empreendedor de Kenya Cajango CAPA

35..A trajetória profissional de André, Ramon e Bosco UM LUGAR

44..Grutas dos Brejões, por Rui Rezende CULT/AGENDA

45..Cineclubes se espalham pelo Oeste

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COLUNAS 12..Desenrola a língua por Aderlan Messias 15..Exclamação por Karine Magalhães 33..Opinião por Emerson Cardoso 50..Saia Lápis por Anne Stella 54..Impressões por Anton Roos


canais

Revista A

#31

Vinícius revisitado “Muito legal conhecer a história do lugar que a gente vive contada por alguém que está aqui há tanto tempo! O Oeste da Bahia merece reconhecimento e as pessoas que vieram desenvolver essa área também!” Marcela Maria “Saudades do Vini do meu coração! Pense num jornalista que sabe fazer comida boa e acompanhada de bom vinho...Bons tempos de Jornal Nova Fronteira. Kelly Bessa “Gosto do jeito como a r.A aborda a história das pessoas. É bem profundo e sai da mesmice. Obrigada por mais uma edição cheia de conteúdo bacana que valoriza a nossa região. A revista está de parabéns mais uma vez! Gustavo Fernandes

contato@revistaa.net

Cult - No caminho das pedras “Muito legal essa matéria com o pessoal da escalada. Nossa região tem muito potencial pra vários esportes radicais. Fiquei doido para conhecer e praticar um dia! Pedro Gonçalves

“Muito bom ver a nossa juventude buscando outras alternativas no esporte aqui no Oeste. Vamos aproveitar o que temos pessoal! Mariana Albano




a bordo

ALTAR DO MENINO DEUS, CANÁPOLIS (BA) É realizada na noite de Natal, na casa de Dona Pulô, na comunidade rural de Jataí. Uma das principais características da manifestação, há várias gerações na família, é decorar o teto da sala com frutas, onde fica o Altar. As mulheres rezam o terço e cantam o ofício, interrompido uma vez por Seu Camilo, que emerge do silêncio solene com uma reza em latim. O ritual é encerrado com a apresentação de um grupo de reisado.

A FESTA

VÁRIAS FACES DO POVO AS DO CATOLICISMO DESNATURADO NA BACIA DO RIO CORRENTE

LAPINHA DE SÚ, CORRENTINA (BA)

Com suas centenas de objetos, a Lapina de Sú, na comunidade do Salto, começou a ser montada no dia 13 de dezembro. Às 16h do dia 24/12 ela estava pronta para ser rezada. A as rezas só se encerram no Dia de Reis. Até lá, a Lapinha passa por várias modificações. Uma das mais curiosas, é o retorrno dos reis e dos animais, após a visita ao “filho de Deus”.

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Imagens reproduzidas de registros em audiovisual realizado pelo professor Cícero Félix (Ufob), para projeto do PIBIC que tem como orientanda Renata Pinho

REISADO DO SALTO, CORRENTINA (BA) Há mais de 40 anos, grupo liderado por Nego do Salto sai com flautas, tambores, triângulo, reco-reco, afoxé e pandeiro pelas comunidades rurais do município, visitando casas com e sem Lapinha até o dia 6 de janeiro, Dia de Reis, quando a peregrinação chega ao fim, na casa de Nego e Sú, de onde o reisado partiu no dia 1º de janeiro. Há diversos grupos de reis na região, cada um tem características próprias, apesar do mesmo cerne religioso.

ENCOMENDADEIRAS DE ALMA, SANTANA (BA) Pelo menos dois grupos saem pelas ruas da cidade durante a Semana Santa encomendando as almas. Um, é liderado por Dona Maria do Barro, uma das encomendadeiras mais idosas do município; o outro tem à frente Maria da Paz, que assumiu o grupo depois que sua mãe Odete faleceu. Os grupos fazem um percurso diferente. mas tentam cumprir a tradição de fazer três estações. A matraca pontua o início e as pausas das ladainhas. Na Sexta-feira Santa eles encerram as ladinhas no cemitério Bosque do Silêncio. ABRIL/2016

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desenrola a língua E-MAIL

Z decodetroia@hotmail.com

O TEXTO: DA CERÂMICA À ERA DIGITAL por ADERLAN

MESSIAS

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cerâmica é considerada uma das artes mais antigas da humanidade. Era por meio dela que o homem primitivo confeccionava os objetos que desejasse, bem como as chapas de argila que serviam de suporte para muitos textos, a exemplo da bíblia. Tanto é que muitos estudiosos têm investigado as regiões da terra de Jesus na tentativa de encontrar antigos escritos gravados em tijolos. Coincidência, ou não, o livro sagrado apresenta alguns comparativos fazendo a menção ao barro. Clássico exemplo é o homem ter sido feito do barro. Com o desenvolvimento da sociedade, a escrita também acompanha a sua evolução. Após a cerâmica, o homem encontra outra possibilidade para fazer seus registros: o papiro, planta nativa do brejo que teve origem no Egito, e que é facilmente encontrada em algumas regiões aqui no Brasil, mas que tem sido utilizado como planta ornamental, ou mesmo alimento para certos animais. Há que se destacar que o papiro também foi um instrumento de grande valia para os hagiógrafos escreverem a bíblia. Os antigos escreviam em um só lado e depois o guardavam em rolos. Etimologicamente a palavra “bíblia” é de origem grega “bíblion”, que significa livro. O caule do papiro recebia o nome de “biblos”, e era dele que se confeccionavam as “folhas” para escrita. Por essa razão podemos dizer que do papiro surge o termo bíblia, coleção de livros sagrados que, à época eram enrolados. “Toma um rolo de Livro e escreve nele todas as palavras que te disse”. (Jeremias 36,2) 12 |

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Aderlan, professor da Universidade do Estado da Bahia e Faculdade São Francisco de Barreiras. Licenciado em Letras Vernáculas e bacharel em Direito

Como o papiro provinha do Egito, e vendo que a cidade de Pérgamo, situada na Ásia Menor, hoje Turquia, crescia em grandes produções textuais, sobretudo científicas, os egípcios deixaram de fornecer tal material, o que ocasionou a crise do papiro e posterior ascensão do pergaminho, este, objeto confeccionado do couro do carneiro, curtido e devidamente preparado para nele escrever. Tanto na fase do papiro como pergaminho, existia a figura do copista, profissional que tinha a incumbência de transcrever os textos, como se fossem uma espécie de cópia do original. Nessa época os livros eram caríssimos, pois o trabalho de reprodução de uma obra levava muito tempo para ficar pronto. Com o surgimento da imprensa, por Gutenberg (1398-1468), no século XVI, eis que a sociedade moderna se depara com uma das primeiras revoluções tecnológicas, passando os textos por um processo de impressão, agora em folha de papel. A invenção da imprensa possibilitou a circulação de exemplares idênticos de um mesmo texto, o que era impossível no período da transmissão em que o texto era manuscrito. A curiosidade do ser humano possibilitou ainda mais avançar nos métodos de criação e disseminação de informação escrita em tempo ágil e prático. Hoje temos a informática, evento de grande impacto para o texto: escreve-se, apaga-se, substitui-se, muda-se a ordem, altera-se a formatação, basta um simples toque sobre o mouse ou teclado. Compete a ela o armazenamento, a transmissão e o processamento de informações em meios digitais, o que deu origem à ciência da computação. Ao que se vê o homem sempre buscou aperfeiçoar seus métodos de escrita, oportunizando a disseminação do conhecimento e da comunicação. Não importa se em tempo primitivo ou contemporâneo. O importante é que a escrita constitui-se no símbolo que expressa o pensamento humano que apropriamos.




exclamação por KARINE

MAGALHÃES

Karine é consultora de moda, trabalhou na Maison Ana Paula e nas lojas Rabo de Saia, Chocolate, Mary Zide, Maison Caroline e em cerimoniais com Cristina Gomes. E-MAIL Z karine.exclamacao@gmail.com INSTAGRAM Z @ituau_karine FACEBOOK Z karine.beniciomagalhaes TWITTER Z @karine_magalhaes

ZIGGY STARDUST – ADOTE O ESTILO

FOTOS: REPRODUÇÃO

O timing é perfeito para vestir grafismos psicodélicos arrematados do superlativo lendário David Bowie.

STYLE

TRENDS Tendências para aderir opções da estação. Troque os anos 90 pelos anos 80, transforme vestido de gala em uma peça cool, a meia pata pelo mule, a franja pelo babado e outras dicas quentes para renovar o seu armário fashion. Pra você aproveitar melhor o novo jeito de ser, deve usar tudo com zero esforço, seja íntimo do seu style. Acesse também www.revistaa.net/exclamacao.

UM EM CADA ORELHA, É MODA! Um brinco diferente em cada orelha, virou hit fashion, após aparecer como proposta nas passarelas de verão 2016/17 da Céline, Eddie Bogo e Loewe. Mas ambos seguindo uma mesma linguagem e com inspiração no espaço sideral.

MOSCHINO INVERNO 2016/17 A história que Scott (estilista da marca) quis contar é a de uma garota rebelde que saiu de um filme americano dos anos 80, destruiu seu vestido de formatura e foi para a festa, pub, balada... O drama, laços e volumes bem oitentistas, criam uma imagem de moda que pode não agradar a todos, mas com certeza chama a atenção!

BOMBER STREETWEAR! PIJAMISMO Nada pode ser mais cool que um slip dress com calça larguinha de veludo ou um pijamão bordado de pedrarias. Conforto é palavra de ordem, aposte!

O modelo que remete às jaquetas usadas por pilotos americanos durante a Primeira Guerra aparece em tecidos sofisticados, com uma nova releitura, promete invadir os looks do inverno 2016/17.

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FOTOS C.FÉLIX

O universo infantil e suas brincadeiras foi o tema predominante da exposição de Portinari, que ilustrou o livro Menino de Engenho, de José Lins do Rego

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CRIANÇAS DE PORTINARI EXPOSIÇÃO DO ARTISTA MODERNISTA BRASILEIRO DE RENOME INTERNACIONAL TEM CARÁTER EDUCATIVO por REDAÇÃO

enino com carneiro; Grupo de meninas brincando e Menino com pião foram algumas das réplicas das obras em exposição no Sesc Barreiras durante quase todo o mês de março. Intitulado “Portinari – trabalho e jogo”, o projeto roda o país levando reproduções de pinturas, gravuras e desenho do artista paulista. Composta de material didático para crianças, a exposição proporcionou uma maior compreensão das obras do artista, interação e criação a partir do universo e modo de pintar de Portinari. Influenciado pelo surrealismo, cubismo e pela arte dos muralistas mexicanos, Cândido Portinari pintou, dentre tantos outros temas, a natureza, o cotidiano rural de lavadeiras, colhedores de café, lavradores e jogos infantis. Nascido em 1903 na cidade de Brodowski, interior de São Paulo, começou a vida artística antes dos 10 anos de idade, quando pintou as estrelinhas do teto da igreja de sua cidade. Aos 15 anos matriculou-se como aluno livre na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Apaixonado pelo que fazia, Portinari gozava de merecido renome internacional, recebendo convites para exposições e encomendas de trabalhos em todo o mundo. Ape-

sar de sofrer intoxicação pelas tintas, no final da década de 50 Portinari realizou diversas exposições pelo o mundo. Foi o único artista brasileiro a participar do “50 Anos de Arte Moderna”, no Palais des Beaux Arts, em Bruxelas, em 1958. Particiou ainda como convidado de honra nda I Bienal de Artes Plásticas da Cidade do México. Em 1961, o pintor teve diversas recaídas da intoxicação pelas tintas e faleceu em fevereiro de 1962, no Rio de Janeiro.

ESPETÁCULO

No início de abril, o Sesc Barreiras ofereceu ao público o espetáculo A.N.J.O.S., da companhia paulista Nau de Ícaros. A apresentação teatral narrou a de aventura de Nuno, que, ao sofrer uma perda, se sente muito triste e sozinho, até conhecer a amiga Ana. A menina chega com os personagens Nico, Jonas, Olívia e Suriá que, juntos, formam uma pequena gangue, os A.N.J.O.S, e têm uma missão muito especial: encontrar a auréola de Ana, perdida em algum lugar. Com o misto de sonho e realidade, o fantástico e o real, vida e morte e transformações presentes no universo da criança o espetáculo fez uso de aparelhos circenses que criaram a suspensão do tempo e do espaço; música, dança e vídeo artesanal que deram espaço ao lúdico; jogo com os duplos, sombras e reflexos que oportunizaram o contorno ao imaginário e à fantasia.§ DIVULGAÇÃO

Peça A.N.J.O.S., da companhia paulista de teatro Nau de Ícaros, foi a atração do Projeto Palco Giratório do Sesc, que já trouxe vários espetáculos para Barreiras

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FOTOS: DIVULGAÇÃO

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Fotos do making de gravação. Ao lado, Son Araújo dirige atriz nas filmagens em 2012. Acima, debate com atores e produtores após a avant première na Câmara de Barreiras

AMOR E FÉ EM “GRÃOS DE ARROZ” FILMADO EM IBOTIRAMA, CURTA LANÇADO EM BARREIRAS RETRATA A DIFÍCIL VIVÊNCIA NO SEMIÁRIDO BRASILEIRO por REDAÇÃO

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mbientado nos anos 1960, o 5º filme do “ibotiramense” Son Araújo, exibido em março na Câmara Municipal de Barreiras, conta a história de amor e fé de um homem nordestino que sofre com a falta de água. Manu, personagem do paulistano Vinícius de Oliveira, ator que viveu Josué em “Central do Brasil”, relata através das suas memórias um episódio intrigante e emocionante da vida de seu pai Messias (Agnaldo Lopes). Messias é atormentado por constantes sonhos e, alimentado por esses sinais, faz uma promessa e passa a depositar fé no improvável. A dura realidade representada na trama ficcional traz à tona reflexões sobre respeito, amor e valorização da família. O roteiro com diálogos curtos e objetivos é assinado por Linda Araújo, mãe do diretor, com quem Son já produziu “Meu pé de manga”, “Carrinho de Pau”, “Acenderam os céus” e “Fuga”. “É muito emocionante ter minha mãe comigo construindo essas histórias. São relatos de experiências que ela viveu quando criança. Ela me ensina muitas coisas de antigamente e sempre debatemos sobre

o reflexo das famílias hoje em dia. Estamos sempre buscando, trocando informações e sonhando com novas histórias”. Para Son, “Grãos de arroz” foi lançado em um dos melhores momentos do audiovisual no Oeste da Bahia. “Vemos o surgimento de profissionais da área cada vez melhores. Técnicos, atores, roteiristas, produtores e empresas estão contribuindo com o desenvolvimento desta arte. A difusão de obras realizadas na região mostra cada vez mais a disposição de nossa gente em produzir, apesar do incentivo ainda ser fraco”. “Grãos de arroz” foi filmado em 2012 com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Foi produzido por “Criar Cinema” e “Opa Filmes” em co-produção com “MC Produções” e as “Marias Propaganda”. Participaram ainda do elenco os atores baianos Deusi Magalhaes, Lais Rocha, Claudino Freitas, Abgail Montalvão, Paulo Henrique e as crianças Brunna, Giovanna e João Caetano.




HELENA OMENA

FOTOS: DIVULGAÇÃO

mis cella nea NOVA DIRETORIA DA CDL TOMA POSSE PARA O BIÊNIO 2016/17 Tomaram posse Carlos Henrique Filho (presidente), Ricardo Barbosa Campos (1º vice-presidente), André Goes Braga (2º vice-presidente), Deyse Araújo Mesquita (1º secretário), Thiago Schieber Quinteiro (2º secretário), Fábio Petronilio Nogueira (1º tesoureiro), Geovani Jung Zorzo (2º tesoureiro), Sidicléia Mendes de Souza (diretora de eventos), Leandro Robert Eckert (diretor de produtos e serviços), Irineide Ribeiro Silva Figueiredo (diretora executiva). Também tomaram posse Maria Célia Sampaio Kumagai, Gill Areas Machado e Alvimar Lôbo Alvim como membros do conselho fiscal.

DE SKATE PELO MUNDO Para homenagear o pai falecido em 2004, o carioca Marcelo Gervásio montou em skate adaptado e saiu pelo mundo. Em fevereiro ele esteve em Barreiras na loja da franquia Carmen Steffens, onde recebeu amigos e curiosos e contou muitas histórias. Até esse período, o aventureiro de 53 anos já havia rodado 47 mil km em 28 países.

SADDE OLIVEIRA

finalistas. Este foi o resultado da santa-mariense Raira França na primeira edição do Arnold Model Search no Brasil. Apaixonada pelo mundo fitness, Raira faz musculação desde os 14 anos e sempre teve vontade de participar do concurso. Com a vinda do evento para o Brasil, ela não perdeu a oportunidade. Inscreveu-se! Ao todo, foram mais de 3500 inscritos do mundo inteiro nas duas categorias, masculino e feminino. A agência BRM Models selecionou 50 de cada e abriu a votação em um hotsite do concurso. Raira foi a segunda mulher mais votada pelo público. Ao final, não foi a vencedora, mas estar entre as 15 do mundo na categoria Model Search já é uma vitória e tanto.

A FORÇA DO RIO CORRENTE Um dos principais afluentes do São Francisco na Bahia, o rio Corrente voltou a transbordar. A última vez aconteceu há 27 anos, em dezembro de 1989. Foi uma das maiores enchentes sofridas pela cidade. Muitas casas desabaram. A deste ano, de 21 de janeiro, também causou prejuízo, mas nada comparado a de 1989. De qualquer forma, o volume de água foi suficiente para inundar o Centro de Santa Maria da Vitória e alguns pontos de São Félix do Coribe. ABRIL/2016

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C.FÉLIX

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Clodomir foi capa da edição do primeiro aniversário da r.A, em novembro de 2011. O santamariente tem em seu currículo inúmeras prestações de serviço aos grupos sociais organizados por C.FÉLIX

E REDAÇÃO

Clodomir de Morais nos acompanhou até a porta - eu, Anton Roos e Marco Athayde. Nos despedimos e ele ficou um pouco ali, parado na soleira, dentro de sua camisa e calça quadriculadas a contrastarem com os tons quase neutros da parede e porta. Não pensei, apenas agi: Click! A foto foi capa da edição de aniversário do 1º ano da revista A, em novembro de 2011. Cinco anos depois, o homem de olhar fixo em um nada distante, com a boca entreaberta, como a querer falar mais, deu baixa na convivência com os vivos. Uma parada cardíaca na manhã do dia 24 de março pôs fim aos seus infindáveis projetos.

Formado em Direito no Estado de Pernambuco, atuou como repórter em vários jornais ligados aos Diários Associados de Assis Chateaubriand. Teve participação decisiva no Congresso dos Estudantes Secundaristas do Rio São Francisco, realizado na cidade de Juazeiro, que culminou com a criação dos primeiros ginásios e colégios públicos em municípios situados na região do Rio São Francisco. Morais assessorou as Ligas Camponesas em Recife da década de 1950 até o Golpe de 1964, através de criação e desenvolvimento de um método de capacitação massiva. Isso levou a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) a contratarem Morais para ser o Conselheiro em Capacitação e Organização dos camponeses em processos de reforma agrária e desenvolvimento rural. Depois dirigiu projetos da ONU em Honduras, Panamá, México, Portugal, Nicarágua Sandinista e para assessorar reformas agrárias do Peru, Costa Rica, Angola, Moçambique e Guiné Bissau.


personagem

FAÇO APENAS UMA APARÊNCIA AÍ por C.FÉLIX

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Imagens reproduzidas de registros em audiovisual realizado pelo professor Cícero Félix (Ufob), Renata Pinho, orientanda do projeto do Pibic e pelo professor Max Bittencourt

Há 60 anos, Seu Limiro faz bonecos articulados e máscaras com forma de barro, grude, papel e papelão - tudo para manter a centenária tradição da Caretagem de Santo Antônio (Canápolis) e São Pedro (Santa Maria da Vitória)

ábado de Aleluia.

Dia de festa na pequena comunidade rural de Santo Antônio, em Canápolis. Há um mês, aproximadamente, seu Limiro começou os preparativos. De batismo é Almir Vieira Farias, mas este quase ninguém conhece. O homem alto e de cor acentuada pelo sol, com barba e cabelos ralos é só Seu Limiro. Este, todos conhecem. Tem 75 anos e há mais de 60 faz máscaras e organiza a festa para a Caretagem de Santo Antônio. Como dar nome ao ofício de Seu Limiro? Bonequeiro? Careteiro? Quem faz caretas, bonecos é o quê? Seu Limiro, ora! O único da comunidade a produzir as caretas. - O senhor é o artista de Santo Antônio! - Faço apenas uma aparência aí... – diz, meio encabulado. - O senhor é um grande artista! – reforço. - Muito obrigado pela atenção e a consideração, a força que tá dando. Sua fala coloca o visitante na condição de partícipe da brincadeira, integrado ao universo subjetivo do imaginário das máscaras e seus desenhos. Sob formas de face em barro vão surgindo as caretas com bocas abertas e olhos arredondados, animais antropomórficos, bonecas com sombrinha, vestido e adereços industriais, ave com coroa modelo arlequim... São cerca de 20 peças ao todo, entre máscaras simples feitas com papelão e estruturas com bonecos que podem ser articulados através de engrenagens. - De onde o senhor tira ideia para fazer esses bonecos? O dedo indicador da mão direita aponta e empurra a cabeça umas três vezes. - Foi só eu sozinho. Aí num tem nenhum digitório de uma pessoa a não ser eu... – diz com certo orgulho. Suas criações são fabricadas em um salão contíguo à sua casa. Ele não conta quantas noites vara quando chega próximo a festa. - Até o galo cantá tem vez que eu tô trabalhando. - De onde vem o prazer por essa arte? - Menino, deixa eu contá a história. Eu, pra mim, quem faz essa brincadeira não é eu não. É todo mundo. Pra mim é todos vocês que chega e vão fazê isso por que é muito interessante, né?

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personagem

Centenas de pessoas das duas comunidades (Santo Antônio e São Pedro) acompanham a brincadeira até a malhação de Judas, em frente a casa de Seu Limiro. Depois, o grupo de reisado que acompanha toda a caretagem continua a festa

- Qual o significado da caretagem? - Bom, o sentido era assim. Fazia de conta assim... fazia na Sexta-feira da Paixão, como se fosse uma pessoa. Fazia tipo uma vingança... lá pras oito horas, nove, dez hora, nóis acaba com todo o movimento. - Tem algum momento religioso no movimento? - Nesse trabalho meu, para acreditar tem gente de todo o tipo. Na Barriguda tem muito crente... mas na hora do meu trabalho... vem esse pessoal todo. Vem crente, vem católico. Crente me ajuda, católico me ajuda. Aí a gente faz uma farofazinha, só pra brincadeira mesmo. A gente faz isso porque a gente acha bonito, pra num ficar parado o tempo todo. A caretagem de Santo Antônio começa na madrugada da Sexta-feira da Paixão, depois que o galo canta, segundo Seu Limiro. - À meia-noite nóis junta uma tráia de roupa e sai avisando pra turma que vai havê aquele movimento. Nós dá uma volta na rua, chega... Uma base de seis horas, uma base de sete horas pra frente

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vai pra São Pedro [Açudina, em Santa Maria da Vitória]. Depois que chega de lá... aí agora vai matar o Judas. Durante toda a brincadeira, os caretas desfilam sob o ritmo de um grupo de Reis da própria comunidade. Quando retornam de São Pedro, o Judas é posto em uma escada na entrada de um sítio cenográfico com pés de bananeiras e cana-de-açúcar. Tudo acontece na frente da casa de Seu Limiro, que a essa altura está envolvido com a comida. Zabumba, tambor, triângulo, flautas e reco-reco, pandeiro e triângulo não param. A brincadeira na rua se encerra quando os meninos avançam sobre o Judas lançado no ar. Cada um quer rasgar, açoitar uma parte, arrancar um membro. Minutos depois, um rastro de pedaços de Judas se espalha pela comunidade. - Quando termina, qual a sensação? - Nóis come farofa, nóis toma um cafezin, nóis toma um refrigerante. Então, aquilo pra mim é a maior alegria do mundo. Se eu por acaso morrer e achar pelo menos uma pessoa que interesse por esse lugarzin nosso aqui, pra mim é o maior prazer da vida. Eu morro satisfeito. Por que eu nasci aqui e tô esse tanto de ano. Pra mim, meu prazer é vivê aqui... As caretas, algumas quebradas, outras ausentes, agora descansam no salão. Materialmente, sim. Simbolicamente, não. Ainda estão a povoar imaginações coloridas, cheias de ritmo, alegria, como um sorriso paralisado de Seu Limiro. O homem que diz não ser artista. - Faço apenas uma aparência aí...



POUCO ‘INCISIVO’, PDU COMEÇA A SER REFORMULADO

ARQUIVO REVISTA A

entrevista

PAÊ BARBOSA

Atual vice-prefeito de Barreiras, é formado em Administração de Empresas pela Universidade Federal da Bahia, foi Auditor Fiscal da Secretaria da Fazenda da Bahia e pecuarista. Foi Vereador e relator da Lei Orgânica de Barreiras em 1989 e candidato a prefeito em 1996.

texto CAROL FREITAS foto C. FÉLIX

riado em 2004, o Plano Diretor Urbano de Barreiras passa atualmente por um processo de revisão e reformulação de pontos que precisam ser atualizados. Instrumento de orientação para o desenvolvimento municipal, o PDU não tem sido seguido à risca desde a sua formulação. Em entrevista, Carlos Augusto Barbosa Nogueira, ex Secretário Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Econômico do Município e vice-prefeito de Barreiras, considera que a primeira versão do documento, apesar de apresentar vários projetos excelentes, não foi incisiva em alguns pontos como a articulação viária nos vazios urbanos da cidade. Além disso, pontua que é preciso que tanto o governo, como a Câmara de Vereadores, a sociedade e demais entidades, exerçam seu papel para o cumprimento do plano.

Por que o Plano Diretor Urbano está sendo reformulado?

O Plano diretor é o instrumento de planejamento mais importante e necessário para orientar todos os investimentos e projetos do município. Ele diz qual é o destino de cada parte da cidade, porém sempre considerando que essas partes formam o todo. Barreiras já tem Plano Diretor, porém ele já completou 10 anos, e, portanto, o Estatuto também exige que ele deve ser revisto ou refeito. Além disso, devemos considerar que um Plano Diretor não vale para

sempre. A cidade sofre mudanças que são difíceis de prever. E a lei que orienta seu destino precisa acompanhar essas mudanças.

É possível apontar o que precisa mudar e o que está funcionando do PDU antigo? O senhor pode dar um exemplo desse funcionamento nos bairros distantes do centro da cidade? O plano diretor de 2004, apesar de ter vários projetos excelentes, não foi incisivo em algumas questões, como a articulação viária nos vazios urbanos da cidade. Nesta revisão, por exemplo, já serão delimitadas as principais avenidas nas áreas de expansão, considerando a cidade como um todo. O objetivo é que o Plano seja efetivamente um documento orientador do crescimento de Barreiras. Outra questão importante é sobre a forma como se configura a lei e os relatórios, que são muito extensos, não sendo atraentes para a leitura e conhecimento da população. Um dos exemplos de funcionamento do Plano Diretor é a criação de Zonas de Interesse Social, que permitem um parcelamento adequado à habitação popular, como as do programa Minha Casa, Minha Vida, que constitui o programa estratégico “Bem Viver”, para melhorar a infraestrutura para a população de baixa renda.

O senhor acredita que governo de Barreiras cumpre e faz cumprir o PDU do município?

Em geral, percebe-se que os governos têm dificuldade em executar os projetos do Plano Diretor. Portanto, faz-se necessário que tanto o governo, como a câmara de vereadores, a sociedade e demais entidades, exerçam seu papel para o cumprimento do plano. 28 |

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Como garantir o cumprimento do PDU?

Acreditamos que a principal maneira de garantir que o Plano Diretor seja executado é envolver a população, para que atue não só na elaboração das propostas, mas também na fiscalização da execução do plano. Instrumentos como as leis orçamentárias, Conselho da Cidade, equipe do escritório do Plano Diretor com servidores do município podem certamente contribuir para fortalecer e garantir a execução desta lei.

Quais etapas ainda faltam para a conclusão da revisão do PDU?

Já foi realizada a etapa de análise da situação atual. Atualmente (entrevista feita no final de março) estamos na fase de elaboração das propostas, que compreende toda a participação popular, com seminários temáticos e consultas públicas nos territórios do município. Em seguida o Escritório do Plano Diretor apresenta o relatório final para a população e então a seguir, será enviado para aprovação da Câmara de Vereadores.

Como tem sido a participação do cidadão?

Vivemos um momento em que as pessoas estão pouco dispostas a participar de discussões como estas. Mesmo assim, temos observado uma grande participação da população nos seminários temáticos, na audiência pública e nas consultas territoriais. Afinal, faz parte do exercício da cidadania e as pessoas compreendem a importância e necessidade do Plano Diretor. O escritório do plano diretor está oferecendo diversas possibilidades de participação: Sugestões no site, visitas ao Escritório do Plano Diretor, Audiências Públicas, Seminários Temáticos e Consultas Territoriais.

O senhor acredita que as pessoas confiam nesse PDU como um instrumento para melhorar Barreiras?

Sim. Participar do Plano Diretor é construir coletivamente uma regra que vai definir os limites e responsabilidades de cada um na construção de um município melhor. Por isso fazer um Plano Diretor deve ser fruto de uma decisão coletiva. As discussões mostram os diferentes pontos de vista, os conflitos. Independente de se confiar ou não no Plano, todos devem participar para garantir que seus interesses sejam debatidos, negociados e pactuados, e mais além, executados. Além disso, é preciso frisar que ir a apenas um ou outro evento não é suficiente. Devemos entender a participação não como um evento, mas sim como um processo que dura por toda a vigência do documento. Não é questão de confiar, mas de participar e garantir que ele seja efetivado.

Como o senhor enxerga Barreiras em 2030?

Se o Governo e Sociedade forem capazes de executar o que está sendo proposto, articulado com outros projetos dos governos estadual e federal, juntamente com iniciativa privada, certamente garantiremos Barreiras como grande centro de referência em todo Oeste da Bahia nas áreas de educação, tecnologia, saúde, comércio, serviços, indústria, agronegócio, diversão e lazer. A base de todo desenvolvimento será o conhecimento e tecnologia, por isso precisamos melhorar nossa cidade do ponto de vista da infraestrutura, adequando-a para ser acolhedora e proporcionar qualidade de vida a todos.



ANNE STELLA

economia mercado

&

INSTINTO EMPREENDEDOR TÉCNICA EM ENFERMAGEM E INSTRUMENTADORA CIRÚRGICA VIU SUA VIDA MUDAR AO DECIDIR INVESTIR EM FRANQUIA

por CAROL

FREITAS

spírito de liderança. Foi isso que inspirou Kenya Cajango a investir em uma franquia há cerca de um ano e meio e a motiva novamente a empreender em outra franquia em 2016. Técnica em enfermagem por formação, a barreirense de 39 anos teve maior contato com a administração quando assumiu um cargo de coordenadora em um hospital cirúrgico. Apaixonada pelas marcas infantis Lilica & Tigor, Cajango viu a oportunidade de empreender quando a franquia em Barreiras estava à venda. “Sempre sonhei em ter essa franquia, e a venda apareceu no momento certo da minha vida”, afirma. Para ela, trabalhar com o modelo de franquia é sinônimo de segurança no negócio, já que o empresário segue uma linha padrão de gerenciamento que garante a saúde da empresa. Apesar da formação no ramo da saúde, Cajango assegura que não tem mais interesse em atuar na área. Pretende seguir administrando o próprio negócio e afirma que, apesar do momento de crise no país, o modelo de franquia é bastante rentável. “A franquia tem uma linha diferenciada de um comerciante local com multimarcas: ela trabalha em cima de resultados, metas e oferece uma gestão a você para driblar essa crise”, pontua. Confiante no modelo de administração, Cajango irá inaugurar mais um empreendimento. Dessa vez, no segmento da estética com a Sobrancelha Design,

Kenia Cajango: “A franquia tem uma linha diferenciada de um comerciante local com multimarcas: ela trabalha em cima de resultados, metas e oferece uma gestão a você para driblar essa crise”

a administradora promete serviços diferenciados, comodidade e conforto que, segundo ela, são questões fundamentais e carentes em Barreiras. “O que me levou a adquirir essa franquia foi realmente a prestação de serviço dela, porque eu a conheci como cliente. Eu não tinha a pretensão de comprá-la, aí fui pesquisar e vi que Barreiras está mesmo precisando de um local como esse, pois aqui não tem”, ressalta. Cadeiras automatizadas, massagem relaxante e depilação facial com linha orgânica serão os grandes diferenciais do negócio que está previsto para inaugurar em meados de maio. A qualidade do serviço prestado também estará aliada à segurança com o uso de pinças esterilizadas e um kit individual de atendimento. Além disso, o cliente poderá desfrutar da comodidade do aplicativo da franquia que informa ciclos com datas para fazer a sobrancelha; busca a unidade mais próxima de onde o cliente estiver; agenda e avisa o horário marcado; e oferece retorno na unidade escolhida. Além do aparato padrão da franquia, Cajango aposta na valorização profissional como impulsionadora do negócio. A equipe será preparada em Fortaleza, em um centro de treinamento exclusivo, durante quinze dias para atender melhor aos clientes. “Você não faz o seu negócio andar sozinho, quem pensa assim está pensando errado. Você só anda pra frente se tiver uma equipe comprometida que vista a sua camisa e que siga a linha que você deseja e orienta”, finaliza. ABRIL/2016

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INFORME PUBLICITÁRIO

transparência legislativa Boletim informativo do gabinete do vereador

DIGÃO SÁ

Feito histórico!

N

o início do mês de janeiro a Câmara de Vereadores de Barreiras votou o orçamento do município do exercício financeiro de 2016. Após um longo período de debates, e apesar do meu voto contrário, a maioria dos vereadores aprovou a lei orçamentária com 100% de remanejamento. Ou seja: ao longo do ano, o executivo municipal poderá executar o orçamento sem qualquer consulta ao legislativo, remanejando livremente os valores de cada rubrica. Ainda assim, conseguimos um feito histórico ao aprovar nove emendas aditivas ao orçamento de minha autoria. Digo histórico pois há muito tempo nenhum vereador conseguia tal feito. Tais emendas preveem a construção de creches, praças públicas, asfaltamento de ruas, construção de pontos de ônibus e etc. Ao alocar as emendas, optei por priorizar bairros historicamente esquecidos pelas administrações públicas, bem como áreas que são notoriamente carentes em nossa cidade, como urbanização de vias púbicas, praças poliesportivas e creches. É sabido, entretanto, que entre a aprovação dessas emendas e sua devida execução existe um longo caminho a ser percorrido. Mas, mesmo sabendo das dificuldades, estarei firme na cobrança para que essas melhorias sejam implementadas. Na condição de vereador tenho usado das ferramentas que disponho para atender às demandas da população, independente de qualquer questão política. Assim tenho pautado o meu mandato e continuarei fazendo, porque meu compromisso é com a população.

Emendas aprovadas  R$ 1 milhão para a pavimentação, drenagem e urbanização de vias públicas dos bairros Vila Regina, Vila Juri, Loteamento São Paulo e Morada da Lua.

 R$ 600 mil para a construção de 60 pontos de ônibus com cobertura, assento e iluminação para os usuários de transporte coletivo.

 R$ 500 mil para a aquisição e instalação de 2 mil lixeiras adequadas à coleta seletiva.

 R$ 450 mil para o asfaltamento das ruas das comunidades do Mucambo de Cima e Mubambo de Baixo.

 R$ 100 mil para construção de posto policial na comunidade do Mucambo.

 R$ 100 mil para construção de uma quadra poliesportiva na comunidade do Mucambo.

 R$ 100 mil para a construção de uma quadra poliesportiva no bairro Recanto dos Pássaros.

R$ 100 mil para a construção, reforma e ampliação de praças nos bairros Bandeirante, Morada Nobre, Flamengo e Novo Horizonte.

 R$ 100 mil para a construção de creches nos bairros Vila Amorim, Vila Rica e Santo Antônio.

Canal de comunicação Digão Sá

camaradebarreiras.ba.gov.br

(77) 3611.9605

vereador.digaosa@hotmail.com

Você tem uma boa ideia? Ela pode se tornar um projeto de lei. Envie suas sugestões!


opinião por EMERSON

CARDOSO

SIM, NÓS TEMOS A SOLUÇÃO uando você vai às compras e encontra o produto que tanto procura numa loja, a sua vontade e capacidade financeira são as principais barreiras que o separam do tão sonhado presente. Mas nem sempre funciona assim, não é mesmo? Aconteceu conforme prevíamos e para 2016 as perspectivas são as mesmas, retração de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB). Estamos diante do pior resultado em 25 anos de acompanhamento dos indicadores macroeconômicos e não precisa ser economista para saber o que está acontecendo... Basta ir ao supermercado, posto de gasolina ou na padaria da esquina. A leitura popular para crise é inflação mais desemprego. Deste modo, o trabalhador brasileiro é o primeiro a sentir os sintomas das decisões equivocadas do governo. Não fizemos o dever de casa. No auge da crista da onda, chegamos a “crescer” 7,6% em 2010 e o FMI (Fundo Monetário Internacional) anunciou que o Brasil poderia conquistar a quinta economia mundial até 2015, deixando para trás França e Inglaterra. Caímos para o nono lugar. Naquela época tínhamos os reflexos positivos do crescimento do mercado chinês, principal comprador das nossas commodities agrícolas. Ludibriados com o falso céu de brigadeiro, ainda não aprendemos que voo de galinha não é sustentável. Chega uma hora que cai. No nosso caso, despencou. Expansão de bolsas auxílios, elasticidade do crédito sem geração de riqueza, isenção de impostos sem política compensatória foram os principais responsáveis pela formação de uma pérfida bolha de consumo. As economias maduras do mundo primeiro cresceram e depois investiram no social. Acrescente na receita, perda de confiança do mercado internacional em relação a nossa parcimônia com as reformas estruturais e o desarranjo da crise política que nos assola. Com um dinheiro tão caro, carga tributária elevada e leis trabalhistas caducas, para não citar outros, perdemos a capacidade produtiva de financiar o Brasil. A classe empresarial não tem mais condições de amparar a

Emerson é mestre em gestão social e desenvolvimento territorial, pós-graduado em Administração de Empresas e Desenvolvimento de Recursos Humanos e graduado em Ciências Contábeis. E-MAIL

Z emerson.cardoso@ba.sebrae.com.br

ineficiência pública. São esses empreendedores anônimos distribuídos em mais de 16 milhões de empresas que poderão amenizar as consequências e os efeitos desastrosos no cenário econômico. E não será fácil. As indústrias, por exemplo, estão atuando com apenas três quartos da sua capacidade. Em média um terço do maquinário encontra-se ocioso. A equação é muito simples: O desemprego suscita queda de consumo que por consequência diminui a circulação de moeda, ocasionando baixo investimento e, por conseguinte, gera novos desempregados. É um círculo vicioso que paralisa a ciranda econômica. Assim, precisamos reduzir os custos sem reduzir os empregos. Cada pai de família desocupado são, pelo menos, quatro pessoas sem acesso a bens de consumo. Quando o dinheiro para de circular, a crise se estabelece. Portanto, é necessário fazer gestão. Na maioria das vezes, os empresários enxergam pessoas como custo e esquecem que sem gente qualificada não vencerá o jogo. O momento é para revermos as estratégias e buscarmos nichos específicos de mercado. Reduzir despesas operacionais, matéria-prima (sem perder a qualidade), negociar prazos com os fornecedores, avaliar o controle de estoque para não impactar no capital de giro, buscar novos canais de vendas através das redes sociais, ou seja, procurar todas as alternativas possíveis antes de mexer com os seres humanos. Crise é um dispositivo que é automaticamente acionado quando problemas antigos precisam ser resolvidos com soluções novas. Muitas empresas já vinham em estado de letargia há muito tempo. Antes do PIB negativo ser anunciado já apresentavam problemas sérios de gestão que agora foram acelerados. Se não houvesse dor, ninguém inventaria a anestesia, graças à escuridão foi concebida a lâmpada e com a dificuldade de locomoção foi criada a roda. Em outras palavras, oportunidades e crises andam juntas. Depende do seu foco. O país precisa mais dos empreendedores do que do governo. São eles que construirão a saída e nos levarão a mais um triunfo histórico. O Brasil está em recessão, mas nós não estamos. Acredite.!

Crise é um dispositivo que é automaticamente acionado quando problemas antigos precisam ser resolvidos com soluções novas”. ABRIL/2016

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RAMON capa

ANDRÉ

FOTOS: C.FÉLIX

NÃO ME CANSO DE NEM DE Inspirada na canção “Nos bailes da vida”, de

Milton Nascimento e Fernando Brant, a r.a propôs

BOSCO

” “Monstro” André Bittencourt; Miriam Hermes e Bosquinho, atração que é terapia; e Cícero Félix

a três jornalistas escrever sobre três músicos que há

de uma plateia embriagada para um sensível

décadas animam a boemia barreirense. O resultado

Ramon Arievilo e seu Molho Madeira. “Com a roupa

dessa proposta está nas próximas páginas, com

encharcada e alma repleta de chão, todo artista tem

Anton Roos e suas impressões acerca do

de ir aonde o povo está. Se foi assim, assim será.”

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O MONSTRO por ANTON

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ROOS

assei uns trinta minutos sentado a pouco mais de um metro de onde André Bittencourt fazia sua apresentação ao violão – acompanhado tão somente de contrabaixo e carron – esperando alguma manifestação ou ato que justificasse a definição que acabara de ouvir sobre ele. Não apenas de uma pessoa, mas duas. Sem que tivesse sido combinado. Uma única palavra dita para descrever o músico, natural de São Caetano do Sul, interior de São Paulo e que desde 2009 reside em Barreiras, intercalando apresentações pela região, com seus projetos de rock, vide a Capitão Caverna, e samba, uma de suas grandes paixões. “Monstro”. Eis a palavra. O cara de sorriso largo, voz grave, calça jeans, tênis esportivo e camiseta com a imagem da clássica performance de Ian Anderson, dedilhando a flauta mágica dos britânicos do Jethro Tull. O monstro. Não no sentido literal, mas como músico. Intérprete. Cantor. Artista. Ao menos, foi isso que o brilho


no olhar das duas pessoas que assim o descreveu me fizeram crer e confiar. Quem sabe os resquícios de monstruosidade estejam no sangue, afinal, música para André é algo que vem do berço. Além do avô, do pai e dos tios, um bisavô paterno chegou a se apresentar com Carmem Miranda, nos idos dos anos de 1930 e 1940. “Comecei a tocar com cinco anos quando minha vó paterna começou a me ensinar a ler partituras. Aos 16 comecei a trabalhar como carregador de caixas para uma banda baile. No Carnaval de 1992, o guitarrista da banda quebrou o dedo indicador da mão esquerda e como eu ia a todos os ensaios e lia partituras, fui escalado pra substitui-lo”, lembra André. Depois disso, naturalmente, o estafante trabalho de carregar caixas para lá e para cá, foi deixado de lado e a música assumida como prioridade. Não demorou para virar músico de apoio de nomes consagrados do samba e da música popular brasileira como Leci Brandão, Benito de Paula, Grupo Sensação e Katinguelê. “Em 1996 montei o Sampa.com, tocamos juntos até 2005. Depois de um tempo comecei a gravar pra todo mundo. Isso durou até 2009, quando tive meu primeiro contato com Barreiras através da minha mãe que morava aqui. Vim, gostei e fiquei”, confidencia o músico. Antes de começar a apresentação daquela noite de sexta-feira, André pede uma garrafa de água mineral, um chopp numa caneca sem gelo e um minutinho pra lavar as mãos. “É coisa minha, já volto pra começar o show”, diz. Talvez o “monstro” começasse a ser revelado quando os acordes da primeira canção da noite fossem entoados. A escolhida, como a sortuda que ganha sozinha na loteria: “Agora só falta você”, da vovó Rita Lee. Quiçá, os olhos que tanto brilharam ao chamá-lo de monstro estivessem se referindo ao desabafo do primeiro estrofe da canção, quando olharam nos meus e disseram: “Esse cara é um monstro”. E é. Provável que até Rita concorde. “Um belo dia resolvi mudar, e fazer tudo o que eu queria fazer, me libertei daquela vida vulgar, que eu levava estando junto a você”. “Sempre quis ser músico, nunca pensei em outra forma de viver

senão essa” resume André, reiterando ter sempre uma motivação constante para continuar se apresentando pelos bares da vida, pelo motivo simples de a música ser também assim: constante. E também única e essencial. “Quando a música está em um período ruim a gente continua por tudo o que já ouviu e vivenciou com outros músicos”, decreta. O show continua, os pedidos se acumulam e a sinceridade define: “Tenho uma triste notícia para dar. O cara do sertanejo faltou”, diz aos risos, emendando o duo “Camila, Camila” e “Astronauta de Mármore”, do grupo gaúcho Nenhum de Nós, essa última uma regravação de “Starman”, do camaleão David Bowie. O show, a propósito, não segue roteiro. Os pedidos chegam pelo whatsapp do músico. A água mineral dá lugar ao sal, limão e um martelinho de pinga. E mais chopp. “Numa caneca sem gelo, por favor”, repete para o garçom. Os aplausos são tímidos. Surgem aos poucos. Um aqui, outro ali. André conta que antes de se mudar para Barreiras sempre privilegiou shows com repertórios definidos. Padronizados. A reviravolta aconteceu aqui, as margens do cais, entre as mesas do Vierinha e o aconchego do antigo Trapiche. “Passei a tocar o que vem à mente. Acho que deu certo, porque consegui encontrar bons músicos para somar comigo”, revela. Aliás, o que vem à mente é uma avalanche de grandes clássicos do pop rock nacional, da MPB e outras coisas mais. Sem cola. Destiladas com maestria. Uma após outra. “Nunca parei pra calcular, mas acho que conheço e toco mais de 2.000 músicas facilmente”, conta André. “Já toquei das 19h às 2h da manhã sem repetir músicas. Creio que já é alguma coisa né!”, brinca, entre canções de Adriana Calcanhoto, Cartola e Seu Jorge. Embora a noite não seja do samba, o gênero mais brasileiro de todos, este figura no topo de suas preferências. “Gosto demais de samba, mas não sei te dizer o quanto”, avalia. Sim, o monstro, enfim, é revelado. Não um ser fantástico ou uma criatura lendária, de aspecto ou atos aterrorizantes e vorazes. André é um monstro noturno. De talento incalculável. “Minha relação com o samba é de amor e respeito. Tudo que aprendi como músico na noite aprendi com os sambistas”, continua, taxativo. A repercussão que a releitura da brega “Porque homem não chora”, em versão rock n´roll, ganhou no Youtube possivelmente possa ser exatamente o que faltava para meu rendimento e concordância com a descrição recebida pouco antes do show acústico realizado em Luís Eduardo Magalhães, distante 90 km de Barreiras. E também para compreender a última frase de André, antes de se despedir. “Gosto muito de rock, mas o samba é minha preferência. E sem querer ser saudosista, mas depois dos anos 2000 o rock praticamente parou de criar coisas novas e boas”. Pena, pois o monstro continua por aí, pelos bares da vida.

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por MIRIAM

HERMES

m nome consolidado da noite de Barreiras e região, com público garantido em Brasília, passagens marcantes por Salvador, Chapada Diamantina, Recôncavo e também no norte da Bahia, como Sobradinho e Juazeiro, sua terra natal. Falamos de João Bosco Moreira Fernandes, ou simplesmente, Bosco Fernandes, atração que é terapia. Com uma batida inconfundível de violão ele envolve os seus ouvintes com um toque próprio: o estilo Bosco de alegrar. É inspiração para muitos, dentre eles, o sobrinho famoso, Saulo Fernandes. Há 45 anos radicado com a família em Barreiras, tem mais de três décadas dedicadas em dividir o dom da sua arte com os mais variados públicos, que são, para ele, protagonistas de qualquer evento. “Porque a música tem o poder de provocar essa sinergia. Assim, artista e a plateia passam a ser uma coisa só”, definiu. “Quando chego no palco e sinto a energia do público é que sei qual será a música para iniciar e quais seguirão. Porque tem hora para ouvir e pensar e também o momento para curtir e dançar”, afirmou. “O artista tem que sacar o momento da sua plateia. Nunca tocar o que apenas lhe convêm, mas o que o público que está ali, naquele instante quer ouvir”, destacou. “Ele (o artista) está ali para entreter, divertir, tornar o momento agradável. Pode fazer apenas uma música de fundo para as conversas paralelas, ou participar ativamente, atraindo todas as atenções”. A fácil interatividade com o público, na sua opinião, vem lá do início da trajetória artística, quando ainda não tocava como contratado por alguém, mas nas rodas de amigos na beira do cais, quando adolescente em Barreiras e no seu tempo de estudante em Salvador, “quando a gente se reunia depois da aula”. De tocador da mesa do bar ao palco foi um processo natural. No entanto, no início da década de 90, ao anunciar que deixaria o último ano de Engenharia 38 |

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Civil, cursado na Ufba, para seguir a vida artística, perdeu o apoio financeiro da família, que até este momento bancava sua estadia na capital. Isso, para que o Bosquinho, como é carinhosamente chamado por familiares e amigos, se tornasse um engenheiro. A “rebeldia” do jovem lhe custou um dos períodos mais difíceis da vida, porque dali em diante teve que se virar sozinho. “Ajudou muito o fato de estar convicto de que era disso que eu queria viver e ter a disciplina que é necessária em qualquer profissão”, revelou. Em Barreiras, alguns espaços noturnos lhe abriram as portas para os primeiros palcos como profissional. Vale citar o Aconchego, que marcou época na noite local naqueles anos. “O primeiro dinheiro que ganhei para cantar e tocar em bar foi do Anselmo Nunes (leia-se Saci e Chega de Saudade)”, recordou. Hoje, os filhos e até netos daquele primeiro público já frequentam as festas, pedem músicas e contam que os pais ou avós são seus fãs. “É engraçado isso, porque as músicas que a gente faz continuam basicamente as mesmas. Parece que já vem no DNA,

pois essa terceira geração sabe as canções clássicas do cancioneiro popular e até mostram músicas daquele tempo, que a gente nem conhecia”, disse entre risos. DIVERSIDADE - Atualmente apenas 20% do seu trabalho é feito em barzinhos, segundo Bosco, que tem agenda também para bailes e outras festas particulares, que podem ser na modalidade de voz e violão ou, somando-se a isso, bateria e percussão, com uma formação que mantém há 15 anos. “Mas é lá (nos barzinhos da vida) que está nossa principal vitrine para novos contratos”, reconheceu. Na sua trajetória Bosco Fernandes deixa sua marca também como agente cultural, ao conceber, dirigir e apresentar espetáculos temáticos com outros músicos, autores e intérpretes, além de envolver artistas de outras áreas, como escritores e atores. Também gravou dois CDs independentes (Humano e Barreiras in the world) e participou de dois CDs com canções de Clerbet Luiz (São Franciscano e Influência dos Afluentes), além de assinar trilhas sonoras de documentários e outros trabalhos ligados ao mundo artístico. BOSCOTERAPIA - Amiga de Bosco e parceira em diversos movimentos de cunho cultural na cidade, a ativista Berê Brasil assim definiu o termo: “É o resultado libertário da alegria que a musicalidade do Bosco inocula em quem se permite estar totalmente à vontade... A gente dança Bosco porque a música dele dança na gente... Vai na alma e o corpo vai junto... Dançar assim é um presente divino que devemos nos oferecer. Dançar loucamente nos garante a sanidade... Adoro boscoterapia...”. Ele considera a sinergia no palco entre os artistas e essa mesma relação com o público, como uma energia que é benéfica para todos. “O envolvimento pleno através da arte/música/poesia também me liberta”, declarou, dizendo que depois de um final de semana com shows, rodeado de uma plateia/protagonista, “me sinto com as ‘baterias’ recarregadas. É uma sensação muito boa”. Fã declarado de Milton Nascimento e Maria Betânia ele não gosta de rótulos e ama a liberdade de expressão que o palco lhe permite. Apesar de todo o talento e disciplina, nunca se sentiu atraído em seguir uma vida de pessoa famosa. “Não quero pagar este preço”, arrematou. ♥

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É ISSO O QUE QUERO! por C.

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FÉLIX

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olho Madeira é seu violão preferido. Foi feito sob encomenda por Dionísio, um luthier de Irecê amigo de Ramon. O corpo é de cedro, frente e braço de jacarandá. É uma bela réplica do Godin Multiac - com sistema de captação original, inclusive! O outro violão, o vermelhão, é o Condor Midi Plus. Apelido: Menstruado. Junto ao Molho Madeira, são os testemunhos incontestes da vida musical dos bares da vida de Ramon. Num baile da vida... Não lembro quando o conheci, mas tenho certeza que foi num desses ambientes, nas noites. No Vieirinha! Batata! Sob a proteção do mestre Pixinguinha pintado na parede, por detrás de caixas de bebidas e freezers. Dali, na calçada de esquina do Mercado Caparrosa, debaixo do toldo, guardo uma imagem marcante de Ramon Arievilo - o sobrenome esquisito é uma invenção. Oliveira escrito ao inverso. Adora o nome, mas escrito ao contrário é, no mínimo, curioso, justifica.


Um choro incontido veio tal soluço, e a música foi interrompida. Um pedido de desculpas. Algo como: “Perdi um amigo que gostava muito. Fica com Deus, meu amigo!”, e outro conhaque. A imagem de dor a extrapolar um sensível Dom Quixote musical de boina e barba a la Abraham Lincoln, com o frágil Molho Madeira como escudo, ficou gravada em minha memória. “A música age como um cobertor te protegendo do frio”. Natural de Irecê, Ramon chegou em Barreiras em 1999. Hoje, aos 38, com três filhos (Tauan, Guilherme e Aida) e no segundo casamento, sabe muito bem qual o repertório ideal de sua vida: “acreditar na minha arte como passaporte para emoção de um aplauso e um cantar comigo...”. Quando as cordas do Molho Madeira se soltam no ar... “tenho certeza que é isso que eu quero pra toda vida”. “Sinto saudade de Vininha, Tom, Tunai, Ednardo, Belchior, Baden, Seu Luiz, Seu Domingos, Jackson do Pandeiro, Adoniram... saudade quando a música era boa”. Música boa? “O nível da música caiu muito hoje em dia. Nós temos aí alguns artistas no topo, num sucesso estrondoso, com shows milionários, e o nível de qualidade de suas músicas não chegam ao nível da música da década 1970, 1980, 1990... Num país onde temos João Bosco, Gil, Caetano, Renato Braz, os Caymmi, Zé Dantas... tenho saudade disso aí. Mas, graças a Deus que temos Lenine, Jorge Vercilo, Dudu Falcão – na música atual, tô falando! -, Carlinhos Brown, Arnaldo Antunes, Adriana Calcanhoto e outros mais. Esses são muito pouco difundidos pelos colegas. Eu tenho que tá nadando contra a maré na noite pra tocar músicas dessa galera. E muitas vezes sendo criticado. Neguinho chega pra mim e diz: ‘toque um negócio mais animado, mais pra frente’. Entendeu? É isso...”. Há 28 anos Ramon toca pela noite. “Eu comecei muito cedo. Eu ia tocar e meu pai ficava dentro do carro me esperando. Meu pai sempre me deu apoio. Uma figura especial. Foi o cara que comprou um violão pra mim! Ele fez uma surpresa: colocou o violão no guarda-roupa de minha mãe. É um violão Giannini Seresta. Ele existe até hoje. Está com meu filho Guilherme. Ele ensinou muitas pessoas a tocar”, conta, acrescentando que o instrumento precisa passar por uma reforma.

“Cantar, tocar em barzinho significa aprender constantemente. O barzinho é a melhor escola musical que eu conheço. Eu ponho o pé na profissão. Toco e canto uma canção para alegrar...”. A rotina de trabalho noturno segue quase sempre o mesmo ritual, antes e depois da apresentação! Checar, passar som. Conferir afinação. A companhia de um bom músico é indispensável. “Eu erro muito. Rsssss... eu me desconcentro. Um bom músico ao meu lado encobre minhas falhas. Ele aponta pra Danilo Brandão e diz: “É o melhor da Barreiras véia. Não tem sanfoneiro igual ao ‘Pica-pau’ aqui”, defende, defesa que é estendida ao baterista Adams. “É um privilégio tê-los ao meu lado”. A noite avança. Desce um! Desce mais! A música, essa presença onipresente nos bares “entra pelos sete buracos da minha cabeça”, diria Caetano. E como a soltar um “Pra não dizer que não falei do verso”, de Beto Mi, Ramon vai atendendo um pedido aqui, outro ali. Se já teve pedido esquisito, não se lembra. Madrugada adentro. Apresentação encerrada. “Mais uma!”, grita um. “Tengo, lengo, tengo”, grita outro. A homenagem de Gonzagão a Raimundo Jacó começa com clima de despedida: “Numa tarde bem tristonha, gado muge sem parar, só lembrando do vaqueiro que não vem mais aboiá”. Dois amigos se abraçam em cantoria, brindam. Nem reparam que chove. “Tengo, lengo, tengo, lengo, tengo, lengo, tengo...”. A morte do vaqueiro. A morte. O irremediável. Um dia ela esteve ali, naquele canto de Vieirinha onde Ramon toca Seu Lua. Sem sequer pedir licença aos companheiros de roda de samba a indesejável morte arrebatou João Cafoba, compositor da velha guarda barreirense. A música silenciou, os copos secaram, a noite acabou... Não importa a hora que chega em casa. Por volta das 7h da manhã está de pé. A seu modo, dá bom dia a Bernardo, Vitiligo, Dores, Beatriz, Pandora e Majuh. Os cachorros respondem, também a seu modo. Assim se comunicam e se curtem. “São meus melhores amigos”, diz Ramon. Em seguida, complementa: “Minha família é minha base, meu refúgio”. Já pensou em fazer algo fora da música? “Eu vou continuar vivendo de música. Eu amo a música. Inclusive agora estou recusando uma proposta de trabalho na indústria farmacêutica. Eu acredito que com a música eu serei mais feliz”. Ah! Ia esquecendo! Qual o motivo de tanto choro naquela noite? “Naquela ocasião eu me emocionava porque lembrava de Nilson Formiga. Amigo de grande estima minha! Um cara que representou muito no conhecimento musical que tenho hoje. Ele me apresentou muita coisa boa, como Dércio Marques, Paulinho Pedra Azul. Nós viajávamos pelas cidadezinhas vizinhas a Irecê para ir pros encontros culturais: cantorias, semanas de arte. Pra participar e ouvir boa música, ver grandes artistas. Eu me emocionava porque lembrava daquilo ali, tinha uma situação que...”, encerra Ramon, como a pedir para deixar a memória em paz.

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um lugar por RUI

REZENDE

GRUTA DOS BREJÕES Travertinos, cascatas de pedra, cortinas, colunas, claraboias, salões em diferentes níveis topográficos, estalactites e estalagmites com até 12 metros de altura; galerias, lagos e trechos do Rio Jacaré são os principais atrativos da gruta que está entre as 15 maiores do país. Situada em Morro do Chapéu (BA), a formação rochosa atrai muitos fãs de esportes radicais e interessados em conhecer as belezas interiores da Chapada Diamantina.

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ar tes

UMA IDEIA NA CABEÇA ENTUSIASTAS PELO AUDIOVISUAL NO OESTE COMEÇAM A CRIAR CINECLUBES EM LUÍS EDUARDO MAGALHÃES E BARREIRAS por CAROL

FREITAS DIVULGAÇÃO

om o intuito de promover a cultura cinematográfica em Luís Eduardo Magalhães, desde outubro de 2015, a cidade conta com encontros semanais do Cineclube Mimoso. Após o início de um movimento de produção audiovisual na cidade, um grupo de entusiastas da sétima arte começou a pensar e realizar ações nessa área. Tudo começou com a oficina “Aprendendo a ler imagens em movimento”, em março de 2015, idealizada por Michel Santos e ministrada por Kennel Rógis (cineasta paraibano). Em seguida, ao fim da oficina, foi produzido o curta metragem documentário: “Alguma Coisa na Vida” que, durante o ano de 2015, participou de alguns festivais e foi premiado no 8º Curta Taquary (Festival Internacional de Curta Metragem) em Pernambuco. Tomados pelo gosto da produção cinematográfica e adquirindo mais adeptos, o movimento cineclubista estava em formação. Com a inauguração do Centro Cultural em LEM, a iniciativa foi criando corpo e o grupo começou a se reunir às quintas-feiras para assistir, discutir e pensar sobre o cinema. Os encontros, gratuitos e abertos à população, têm fortalecido as ações culturais de forma geral e abrangente na cidade. Para Michel Santos, um dos fundadores do cineclube, as maiores contribuições do projeto são “a possibilidade de conhecer outras formas de narrativas e conteúdo com diversas abordagens criativas, poder ver filmes instigantes e reflexivos, e também o fato de ser gratuito e poder levar cinema a todos que tenham interesse”. Duas semanas antes da inauguração do cineclube, LEM recebeu uma sala de cinema comercial, mas Michel acredita que a existência de uma proposta não substitua o brilho da outra. “Tendo em vista que a atividade cineclubista vai além de apenas assistir filmes, a interação não termina ao final da projeção. É importante entender o cineclube como um espaço

As sessões do Cineclube Mimoso, acontecem às quintas-feiras, no Centro Cultural de LEM e são abertas à comunidade. Toda semana um filme é apresentado e discutido pelos participantes

de formação, em que se abre para discussão de temas referentes aos filmes e à produção. É também um espaço democrático onde se busca o entendimento da obra de arte e também a escolha dos filmes para exibição, que podem ser de diversas origens e também desconhecidos do grande público”, pontuou. Com uma equipe de 10 voluntários gerindo a associação sem fins lucrativos, e apesar de algumas dificuldades com divulgação, o grupo é otimista quanto aos passos que o movimento cineclubista tem dado na cidade. “Semanalmente recebemos um público em torno de 20 a 30 pessoas, e que vem crescendo a cada sessão. Comparado ao cinema comercial, o público pode parecer pequeno, mas é um processo que está sendo construído aos poucos, e seus resultados são bastante significativos quanto a formação, tanto crítica, quanto de plateia. Começamos com sessões de aproximadamente 5 pessoas, e hoje temos participantes que estão presentes semanalmente, além dos novatos em cada dia de exibição”, afirmou Michel. Além das exibições no Centro Cultural, o Cineclube Mimoso leva sessões a escolas municipais e estaduais

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da cidade através de parceria com a Rede Cineclubista nas Escolas (realização da OCA – Centro de Agroecologia e Educação da Mata Atlântica, com apoio financeiro do Fundo de Cultura da Bahia). Michel é um dos monitores do projeto que tem por objetivo estimular a produção audiovisual e contribuir para a formação de público interessado na sétima arte. Para isso, a rede pretende instituir mais de 50 novos cineclubes no estado e realizar mostras audiovisuais nas escolas públicas da Bahia (incluindo a Mostra Audiovisual dos filmes dos próprios estudantes). A ideia é trabalhar a importância da ferramenta do cinema para o aprendizado transdisciplinar. Para 2016, o Cineclube Mimoso espera a ampliação do movimento na cidade. “Pretendemos fazer exibições em ruas e praças e também pensamos na possibilidade de ter outro dia de sessão na semana, o que viabilizará flexibilidade ao público. Além disso, pensamos em ações como oficinas de formação audiovisual que vão contribuir social e culturalmente para nossa cidade”, finalizou Michel. O cineclube é uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, que pode acontecer tanto em sala própria, com as características de sala de cinema que todos conhecem, ou um local adaptado. O diferencial de um cineclube, é que a associação reúne apreciadores de cinema para fins de estudo e debates e para exibição de filmes selecionados.

AMPLIANDO OS HORIZONTES

O movimento de discussão e reflexão da sétima arte no Oeste tem crescido. O pojeto de extensão cineclubista (Devir) da professora Nedelka Inês Solis Palma, da Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob) em Santa Maria da Vitória em Barreiras, tem levado cinema para praças e bairros e promovido debate entre estudantes e comunidade. 46 |

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FOTOS DIVULGAÇÃO

O ano 2015 foi um marco para a história do audiovisual em LEM. Em março, os jovens que viriam a fundar o cineclube trouxeram o cineasta paraibano Kennel Rógis para uma conversa sobre cinema. Desse encontro saiu o curta “Alguma coisa na vida” (no alto), premiado recentemente no 8º Curta Taquary (Festival Internacional de Curta Metragem) em Pernambuco. Para Michel Santos (abaixo), isso é só o começo. E que começo! Ano passado LEM recebeu uma das maiores mostras de cinema do Brasil, o “Dia Internacional da Animação” (E) e uma sala de cinema comercial

Em Barreiras, recenetemente, mais um cineclube oestino foi inaugurado: Cineclube Palácio. Os encontros acontecem nas quintas-feiras à noite, no Palácio das Artes. O projeto conta com a mediação de membros do Coletivo Audiovisual de Barreiras. O projeto também visa a realização de exibições nas escolas, tornando a atividade cineclubista uma ação pedagógica. A proposta de intinerância pretende atender às comunidades dos bairros levando exibições para praças públicas. Assim como em Luís Eduardo Magalhães, o Cineclube Palácio enfatiza filmes brasileiros, produções locais e regionais, oportunizando aos seus envolvidos um contato direto como o público. Quinzenalmente, funciona também um cineclube no Barrocão e no Vau do Teiú, comunidade rural de Barreiras. O projeto é uma iniciativa da produtora cultural e monitora da Rede Cineclubista, Diva Bonfim, em parceria com a Secretaria de Cultura do município.



salas

& estantes EM NOME DA LEI Com lançamento previsto para o mês de abril e traz no elenco Mateus Solano, Chico Diaz e Paolla Oliveira, entre outros. O longa filmado no Mato Grosso foi dirigido por Sergio Rezende. Inspirado em fatos reais, acende a discussão sobre ética moral em todas as esferas da sociedade e sobre o papel da imprensa no Brasil.

NICE - O CORAÇÃO DA LOUCURA O filme de Roberto Berliner narra a história da doutora Nise (Glória Pires) ao voltar a trabalhar em um hospital psiquiátrico no subúrbio do Rio de Janeiro, após sair da prisão. O longa foi favorito do público no último Festival do Rio e saiu consagrado no Festival de Tóquio 2015. Drama e esperança moldam a trama.

FOTOS: DIVULGAÇÃO

música

MÚSICA

Em São Paulo, os DJ’s Dimitri Vegas & Like Mike (D)são algumas das atrações da segunda edição do Tomorrowland Brasil, enquanto em Brasília, Fagner (E) e Ney Matogrosso fazem turnê em comemoração aos 40 anos de carreira de cada um

PARA TODOS OS GOSTOS por CAROL

FREITAS

ando continuidade à turnê “Atento aos sinais!”, Ney Matogrosso volta a Brasília no dia 16 de abril para mais um show no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Marcado pela irreverência e ousadia em suas performances, o cantor é um dos mais aclamados pela crítica especializada. Dono de sucessos consagrados como “Homem com H”, “O vira” e “Rosa de Hiroshima”, o cantor e compositor comemora os 40 anos de carreira com a turnê que roda o país há quase três anos. 48 |

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Para os candangos, o show promete uma roupagem clássica e contemporânea com a já conhecida interpretação singular de Ney Matogrosso de compositores novos e consagrados, como Paulinho da Viola, Caetano Veloso, Itamar Assumpção, Criolo e Vitor Ramil, entre outros. A apresentação com muita sonoridade, figurinos exuberantes e cenário moderno mescla canções em um repertório que inclui músicas como “Vida Louca” (Lobão), “Roendo as Unhas” (Paulinho da Viola), “Fico

Louco” (Itamar Assumpção), e “Oração” (Dani Black), música que inspirou o título da turnê. Além da visita de Ney Matogrosso, Brasília também vai ser palco para mais uma comemoração de 40 anos de carreira. Dessa vez, do cantor Fagner. Um dos artistas mais completos e originais da música popular do Brasil, o cearense Raimundo Fagner Cândido Lopes está em turnê nacional para celebrar o sucesso da carreira e compartilhar as canções do seu 37º álbum.


ANGRY BIRDS O filme da franquia Angry Birds promete muitas risadas, aventuras e reflexões com a história de Red, um pássaro com problemas para controlar seu estresse. A animação também narra histórias do veloz Chuck e do volátil Bomba, amigos que nunca tiveram seus valores reconhecidos.

FOTOS: REPRODUÇÃO

O público poderá curtir o momento com o ídolo no dia 7 de maio no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Dividido ao longo do percurso na música carreira entre o romântico e o nordestino, incluindo canções em trilhas de novelas, o cantor, compositor, músico e produtor ficou conhecido e reconhecido nacionalmente por interpretações e composições de canções como “Pensamento”, “Guerreiro Menino”, “Deslizes” e “Borbulhas de Amor”. Para os amantes da boa música eletrônica, um pouco mais longe do velho Oeste, São Paulo receberá a segunda edição do Tomorrowland Brasil. De 21 a 23 de abril, a cidade de Itu irá acolher fãs do “tuntz tuntz” de todas as regiões do país e de estrangeiros que não perdem a maior balada eletrônica do mundo por nada. Famoso pelo seu desempenho, com fogos-de-artifício, fontes de água, fogo, contos de fadas, e simbolismos New Age, o festival originalmente belga teve sua primeira edição em terras tupiniquins em 2015 e devido ao grande sucesso de público terá bis em 2016 com um line-up de tirar o fôlego: os DJ’s Afrojack, Alesso, Alok, Dimitri Vegas & Like Mike, Romeo Blanco, Axwell e Ingrosso são alguns nomes que prometem levar o público ao delírio.


saia lápis por ANNE

STELLA

Anne é libriana de 31 anos e mãe de duas filhas. Administradora da r.A e apaixonada por moda, fotografia e tendências. E-MAIL Z annestellax@hotmail.com FACEBOOK Z annestella

ENCONTRO A franqueada Carmen Steffens Barreiras Vanessa Borges, esteve no Rio de Janeiro com a família e aproveitou pra visitar os estúdios da rede globo e assistir ao programa Encontro com Fátima Bernardes.

MUDOU!

DOCE

ESPERA Michellen e Victor Sampaio estão ansiosos com a chegada de seu primeiro filho! Momento único na vida deles, a chegada de José Victor os tornará mais felizes e realizados. Parabéns e muitas felicidades!

A Provanza Aromas e Sabores está em novo endereço, na Capitão Manoel Miranda, (77) 3611.1219, em Barreiras

INSPIRAÇÃO INDIANA Nova linha da Nativa SPA traz ingredientes típicos da Índia em suas fórmulas de óleos

BELEZA INSPIRADA NA ARTE O Boticário Barreiras promoveu na tarde do dia 31 de março um curso de automaquiagem Make Up Studio no qual também estiveram presentes a colunista social Leila Ribeiro e a Blogueira Carol Sousa. A Make Up Daniela, com o auxílio de Mônica e Vanessa, demostrou todos os detalhes da criação de Make B.Urban Ballet, Linha premium de maquiagem da franquia, que me surpreendeu com as cores e itens da temporada. Vale a pena passar no O Boticário mais próximo e conferir a coleção. 50 |

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Adélia e Vanessa

Severo e Vanessa Janzia e Vanessa

Julia, Mariângela e Maria Fernanda

Sônia e Vanessa Vanessa e Bruna

Thaís e Beth

CARMEN STEFFENS

Neide, Andrea e Lili

Celebração de Natal (2015) e lançamento da coleção Outono/Inverno (2016) da franquia em Barreiras.

Leandra e Rosa

PROVANZA

Carla e Dra. Judith

Mais ampla e aconchegante em Barreiras, a franquia reinaugurou em novo endereço e recebeu clientes e amigos para conhecerem o espaço.

Ruth Regis

Dra. Rita e Jenifi 52 |

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Leila e Eduardo


Naura, Nubia e Janzia

Fabielly, Janzia e Naura

ELEMENTAIS

Roberta, Sheila, Aline, Weska, Naura, Janzia e Bruna

Lançamento da coleção Mix de Inverno 2016 da franquia em Barreiras.

Janzia, Lilian e Naura

Juliana, Janzia, Juca e Naura Janzia, Virginia e Naura


impressões por ANTON

ROOS

MARGUERITA stava quase unido em comunhão eterna com a poltrona no plenário da Câmara de Vereadores de Luís Eduardo Magalhães, o mais jovem município deste rico e garboso Oeste baiano, imaginando as razões que levam uma pessoa a — de repente — sentir vontade e desejo de comer uma pizza marguerita. Confabulava, em pensamentos solitários, argumentos para uma pessoa em sã consciência não escolher ou desejar com saliva a escapulir pelo canto da boca, uma convidativa pizza de calabresa ao invés da outra tão somente coberta por queijo muçarela, rodelas de tomate, orégano e uma ou outra folha de manjericão. Nem tempo encontrei para, naquele estado de torpor absoluto, discorrer mentalmente sobre os dois esses roubados da minha infância e adolescência, quando cria bestialmente que o correto era mussarela e não muçarela como de fato. Meu Deus, o queijo nosso de todo dia é com cedilha, embora isso não tenha mudado em nada meu desejo inexplicável em devorar uma pizza marguerita, em meio a uma coleção de paletós e gravatas e vestidos e bolsas de grife. Também, achei por bem não adentrar na seara dos motivos de eu ser o único no recinto, vestido de camiseta e jeans. Provável que tenha parado de tergiversar, quando me dei conta que trajava camiseta estampada com capa do Caress of Steel do Rush e isso, por si, basta. Aliás, naquela noite não havia grampos telefônicos, nem avenidas tomadas por manifestações pró ou contra o governo, partidos políticos, juízes federais ou contra corrupção. As discussões ainda estavam longe do calor preocupante dos últimos dias, embora, observando com alguma razoabilidade, sinta-me feliz por saber que ainda NÃO há possibilidade de grampos e leituras de pensamento, daí a ninguém naquele reduto, ter tido chance de saber da minha predileção pela marguerita, sabe-se lá por que motivo, muito em54 |

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Anton é jornalista, gaúcho de Três Passos, nascido no dia de Santo Antônio cerca de três décadas atrás e pós-graduado em Jornalismo Digital. E-MAIL

Z antonroos@gmail.com

bora, e provável que na maioria das vezes, não seja preciso haver motivos para que optemos por A em detrimento de B e vice-versa. E talvez, tenha sido, justamente, graças à possibilidade de ainda poder me dar ao direito de manter meus pensamentos e desejos distantes do conhecimento — e julgamento — público, que aliei a crescente vontade pela simplória, mas honesta, marguerita ao riso bobo de quem aplaude em silêncio trecho final do discurso vindo do palanque, proferido pelo presidente da Ordem dos Advogados na Bahia, ao quase lamentar os aplausos da sociedade para o reforço do estado policial quando este deveria ser direcionado a preservação do estado democrático de direito. E ai, não me cabe julgar se a assertiva possui viés ou interesse próprio e contrário a quem comanda o judiciário no Estado. Passo longe de ter mínimo cacoete para tal. Prefiro continuar a desfilar com meu jeans surrado e a camiseta do clássico de 1975, podendo concordar ou não com quem quer que seja. E só por isso. Essa condição mínima que, intimamente, sussurro um primeiro uau, para depois outro: — Uau. É tão óbvio e acredito não precisar ser vítima de qualquer violência para concordar com o presidente dos advogados. O que, infelizmente, deixamos se perder pelo caminho, foi o respeito e a educação. Porque o resto é consequência e tudo que assistimos hoje fruto da falta desses dois. A lógica é simples, talvez até mais que uma maldita pizza marguerita. Por isso, digo e repito: não basta direcionar o olhar e os apupos para apenas um fragmento do sistema. A simples colocação de mais contingente e viaturas nas ruas não inibirá ou erradicará a violência, Apostar nisso é como andar em círculos, tendo sempre como auge o Datena vomitando bobagens todo fim de tarde. Incitando. Provocando. Por fim e apropriando-me de aspas do policial militar e estudante de Direito e História, Ewerton Monteiro, “não se combate a violência e a criminalidade apenas pela via mais barata, ou seja, não é só a polícia que resolve o problema, muito menos a atuação sozinha da polícia ostensiva. O trabalho é conjunto, não obstante a polícia militar na sua ostensividade tenha ainda a maior relevância no que concerne ao combate direto da violência, porém, os outros meandros da Segurança Pública precisam e devem ajudar, os governos devem disponibilizar, otimizar e contratar pessoal para as outras áreas desta pasta”. De novo: não basta direcionar o foco apenas para um fragmento do sistema. Eu, por exemplo, no caminho até a pizzaria conclui que o melhor a fazer seria meia marguerita e meia calabresa. Assim fiz. Obrigado, presidente.




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