Interafrica 2017 edição 2017

CCIBM BRASIL • MOÇAMBIQUE

INTERÁFRICA

OUT/2017

CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA

DESENVO LVIMENTO ECO NÔMICO E E R R A D I C AÇ ÃO DA P O B R E Z A P O R M E I O D A A G R I C U LT U R A

Conferência mobiliza países e define ações contra a pobreza Autoridades e técnicos definem estratégias para ampliar a luta contra a pobreza e a fome nos países da CPLP através da agricultura

Carta de Uberaba aponta passos para continuar esforço

CCIBM CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA

BRASIL • MOÇAMBIQUE

Palavra do Presidente

Mais Alimentos

O caminho para a saciedade Hoje, depois de quase 20 anos visitando os vários países africanos, vejo que nalmente estamos lidando com um consenso: sem agropecuária não venceremos o desa o de saciar a fome de 215 milhões de africanos.

Todas as lideranças com quem conversamos, todas as instituições que procuramos caminham nesse sentido.

Governos, ministros, instituições nanciadoras, empresários, consultores internacionais, técnicos e demais envolvidos estão, todos, imbuídos dessa missão.

A questão que se põe agora é como desembaraçar esse novelo de inúmeras pontas que envolvem inúmeros atores, variados países, centenas de empresas e fontes nanciadoras. É aí que reside o grande desa o que temos pela frente, que será vencido com o trabalho árduo de pessoas altamente capacitadas e comprometidas em desembaraçar esse nó e indicar os caminhos que trilharemos para cumprir nosso objetivo.

ÍNDICE Novo Governo Presidente Filipe Nyusi 4 Ação contra a fome Juntos Contra a Fome mobiliza governos e entidades de 9 países 10 Câmara tem compromisso com a luta contra a fome 12

mecanização dá retorno e transforma não somente vidas mas, sobretudo, a cultura do processo produtivo.

Fiemg Regional integra esforço da CPLP contra a fome 13

Da mesma forma precisamos salientar a importância da Fundação Getúlio Vargas e do setor privado, que estão investindo na viabilização desses projetos. Juntos, irmãos africanos, agricultores, venceremos o desa o, inaugurando um novo tempo nos modos de produção.

Murargy quer CPLP na luta contra a fome 16 Caminhos para enfrentar a fome 18

Estaremos fazendo ações que solidi carão nossas estruturas para a formação de executivos e gestores, com a implementação do Centro de Pesquisa e Difusão de Informações do Agronegócio no espaço da CPLP.

Sinfrônio Silva Júnior Presidente da CCIBM

Patrus recebe Sinfrônio Jr. para discutir fome na África 14 Secretário garante apoio de Minas ao seminário contra a fome da CPLP 15

Política agrícola Moçambique aposta na mecanização para duplicar a produção 6 FDA levanta recursos, leva tecnologia e produtividade a produtores de Moçambique 19 Cenário Brasil Brasil precisa ampliar ação em países africanos 22 Brasil vira referência mundial na produção de alimentos 48 Educação Superior UFU sedia seminário de Educação Superior 24 Tecnologia no campo Programa Mais Alimentos 8 Sem ciência, não tem produção 25 Embrapa quer renovar cooperação para levar tecnologia a Moçambique 26 Moçambique conclui compra de tratores da LS Tractor 28 Irmãos Marchesan 30 Costa Negócios 34 Pulverizadores costais vão fertilizar e combater pragas 37 Arbus 200 da Jacto é parceiro no combate às pragas da lavoura 38 Triton exporta carretas e Rotax para Moçambique 39 Fundo Corredor de Nacala 40 Expozebu Dinâmica 45 Ministros do Brasil e da Guiné-Bissau abrem a Feira do Agronégocio 46 A rodovia da Genética 52 Ciência faz pecuária dar salto de qualidade 55

O mais importante é partir para a realização do programa de mecanização, que já demonstrou sua e ciência. O melhor exemplo vem de Moçambique, onde o impacto da primeira etapa do Programa de Mecanização já aumentou a área plantada em 733%, gerou produção adicional de 156 mil toneladas de alimentos e milhares de empregos. A

Polo de competências 56 Desenvolvimento regional Agência viabiliza o desenvolvimento do Vale do Zambeze 58 Entrevista Aiuba Cuereneia 62

EXPEDIENTE

A Revista InterÁfrica é uma publicação da Câmara de Comércio e Indústria Brasil Moçambique - CCIBM

CCIBM CÂMARA DE COMÉRCIO E INDÚSTRIA

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Presidente Sinfrônio Silva Júnior

Vice-presidente Eleiçon Mariano de Almeida

Diretor Social e Cultural Ramon Rodrigues

Diretor Financeiro Humberto Luciano F. de Almeida

Delegado Geral em Moçambique Moisés Celestino Matavele

Diretor de Novos Negócios Luiz Humberto Alves Borges

Presidente de Honra Helder Muteia

Infraestrutura Construção do gasoduto 64 Megaporto ampliará exportação 66

Editor / Redator Francisco Marcos Reis

Negócios Como abrir uma empresa em Moçambique 68

Diretor de Arte Rodrigo Fonseca

Habitação Brasil adota política habitacional que pode ser modelo para a África 73

Colaboradores Nuno Francisco Nuno Teixeira

Turismo No Índico, Moçambique vira endereço turístico 78

Especial

Ministro da Agricultura, PecuĂĄria e Abastecimento do Brasil, Blairo Maggi, durante pronunciamento na abertura oďŹ cial do evento 6

INTERÁFRICA

48.

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Especial

Francisco Bendrau Sarmento

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INTERÁFRICA

“Na I Conferência Internacional da CPLP pudemos, pela primeira vez, vislumbrar o agronegócio como alternativa viável no combate à fome na África.”

Manoel Clarote Lapão

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Especial

Piau dá boas-vindas às delegações e ressalta desenvolvimento de Uberaba O prefeito de Uberaba, Paulo Piau, que fez o discurso de boas-vindas às delegações presentes na Conferência Internacional da CPLP em Uberaba, destacou a importância do evento, ressaltando a contribuição dada pelo município ao agronegócio brasileiro.

“Temos no Brasil a melhor raça bovina do mundo, o Zebu. Aqui foi apurada a raça zebuína Gir, que responde por 70% do leite produzido em nosso país, oferecendo um ganho extraordinário para a pecuária leiteira. Uberaba também está na ponta da revolução produtiva do cerrado brasileiro”, ressaltou o prefeito. “Foi aqui, na Fazenda Modelo, hoje Epamig, que criamos a soja adaptada a esse vasto território do interior brasileiro, e foi aqui, em Uberaba, que foi criada a Bolsa de Arrendamento que permitiu a expansão do plantio cerrado adentro, transformando o Brasil num dos maiores produtores mundiais de grãos. Uberaba contribui de forma 22 10

significativa com o agronegócio através de suas universidades, que oferecem inúmeros cursos nas áreas de Agronomia, Veterinária e Zootecnia, além de cursos técnicos.

Durante o discurso o prefeito também ressaltou a importância do polo de genética bovina, que tem em Uberaba as principais empresas brasileiras que atuam no setor. “Temos o maior conhecimento e as melhores tecnologias em reprodução bovina e podemos, sim, contribuir com os países da CPLP e estreitar ainda mais esta relação, pois temos conhecimento e tecnologia alinhados a pesquisas e

entidades de ponta em todos os segmentos”, garantiu.

O prefeito Paulo Piau também fez um breve relato sobre o desenvolvimento de Uberaba nos diversos setores em que a cidade se destaca como polo regional.

Falou sobre a infraestrutura da cidade nos quesitos distribuição de água e esgoto – que cobre praticamente toda a zona urbana de Uberaba –, dos polos comercial, educacional e de saúde.

Ressaltou o peso da indústria na economia local e da posição privilegiada que a cidade ocupa no mapa brasileiro, oferecendo ganhos logísticos em termos de rodovias e ferrovias.

INTERÁFRICA Omar Freire/Imprensa MG

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Especial

Piau pede a revisão da política fiscal para o setor de fertilizantes Durante evento ocorrido no Sindicato Rural de Uberaba, com a presença do Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, o prefeito de Uberaba, Paulo Piau, voltou a externar preocupação com a política fiscal do Brasil em relação à produção de fertilizantes, bem como quanto à política sobre o preço do gás natural. Lembrando que a importação de fertilizantes pelo país subiu e já está quase em 80%, o prefeito afirmou que a soberania do país em seu mais importante negócio – que é o agronegócio – está ameaçada.

“Uberaba possui o maior parque industrial de produção de fertilizantes da América do Sul. O nosso desafio é achar um caminho para que a Petrobras aliene o negócio de produção de fertilizantes,

considerando que há uma gama enorme de investidores internos e externos interessados no negócio. Mas, desde que a política fiscal e a política sobre o preço do gás natural estejam adequadas. Por isso, peço que este estudo seja feito, pois esta mudança trará benefícios enormes para todo Brasil”, afirmou Piau.

A demanda do prefeito se origina do fato que a Petrobras iniciou investimentos em diversas regiões do país, inclusive em Uberaba, na área da produção de fertilizantes.

Na cidade, a Petrobras deu início à construção de uma planta de produção de amônia que está com as obras abandonadas, após investimento da

ordem de R$ 1 bilhão. O abandono se deu após os escândalos de corrupção envolvendo a estatal.

Embrapa – O prefeito também solicitou ao ministro Blairo Maggi empenho no sentido de consolidar esforços para a ampliação dos trabalhos da Embrapa na região de Uberaba, através do Núcleo Avançado de Pesquisa. Segundo Paulo Piau, a entidade está presente em Uberaba desde a década de 70, mas encontra-se dispersa. “Tais entendimentos já se encontram avançados junto à direção da Embrapa, mas precisamos de definições e avanços.

Por isso, pedi o apoio do ministro”, finalizou o prefeito Paulo Piau.

Beto Barata/PR

Marcos Montes O deputado federal e ex-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária Marcos Montes também destacou que o Brasil está pronto para a missão de unir e construir países sem fome.

“Sabemos fazer. Estamos para ter uma safra de mais de 200 bilhões de toneladas. Os produtores brasileiros estarão juntos neste projeto. Sinto-me honrado pela minha cidade, Uberaba, ter sido escolhida para sediar este evento e podem contar com o meu apoio”, afirmou.

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INTERÁFRICA

Agronegócio em Uberaba Uberaba foi consagrada no último levantamento do IBGE (2014) como a 1ª cidade do PIB do agronegócio do estado e a 19ª do Brasil. O município, que é o segundo mais produtivo do estado de Minas Gerais, com 732 mil toneladas, ocupa posição de liderança em algumas culturas. É importante destacar também que, das 43 usinas sucroalcooleiras instaladas em Minas Gerais, 23 estão no Triângulo Mineiro.

1º lugar na produção de milho em Minas Gerais 3 º maior produtor de soja do estado de Minas Gerais 1º produtor de cana-de-açúcar de Minas Gerais 1º produtor de sorgo de Minas Gerais 1º produtor de adubos fosfatados da América Latina 1º exportador avícola de Minas Gerais

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Especial

Guiné-Bissau dá o primeiro passo e ministros alinham ações imediatas

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PMAI

Programa Mais Alimentos Internacional

Brasil reformula Mais Alimentos para expandir sua ações internacionais O Programa Mais Alimentos Internacional (PMAI), uma das principais políticas internacionais do Governo Brasileiro, executado pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar, passa por reformulação para expandir sua ação e atender mais de 10 solicitações de países parceiros.

A informação é do diretor do More Food International (MFI), como é chamado o programa em nível internacional. Sua estruturação passa por reformulação para encontrar formas mais adequadas de financiamento das demandas.

A importância do programa dentro do Governo Brasileiro é expressa pelo secretário Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, Jefferson Coriteac. “O PMAI/MFI converge diversos pontos estratégicos,

todos sob o foco principal de combater a fome e a insegurança nutricional”.

Além de contribuir com a segurança alimentar, o programa abre portas para empresas brasileiras exportarem cerca de 10 mil itens ligados à mecanização da produção agrícola. Hoje, o programa atende Moçambique, Senegal, Gana, Zimbábue, Gana e Cuba.

familiar em um contexto global”, diz Coriteac. Apesar da interrupção temporária de algumas dessas ações, o Programa Mais Alimentos Internacional continua operando. O secretário Jefferson Coriteac ressalta que recentemente a Secretaria assinou o protocolo de intenções para viabilizar o acesso da Nigéria ao PMAI/MFI.

“Com o programa, temos oportunidade de atuar por meio da cooperação sul-sul em discussões ligadas ao desenvolvimento agrário e à agricultura

As negociações entre os dois países continuarão e a expectativa é disponibilizar mais de U$ 150 milhões – cerca de R$ 470 milhões – para

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Ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural da Nigéria, Audu Ogbeh, secretário Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, Jefferson Coriteac, e delegação nigeriana, na ocasião da assinatura do protocolo de intenções entre Brasil e Nigéria

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INTERÁFRICA

“O Programa Mais Alimentos Internacional passa por um momento de reformulação no modelo atual, em busca de outras fontes de recursos ou modalidades de crédito.”

Guilherme Martinelli Diretor do Programa Mais Alimentos da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário 17

PMAI

Jefferson Coriteac, secretário especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário, ao lado do ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural da Nigéria, Audu Ogbeh, durante assinatura do protocolo de intenções do PMAI investimentos na Nigéria. “Para nós, uma das grandes preocupações é o fato de alguns países já terem apresentado dificuldades na execução do programa, mas sabemos de todo o empenho da Nigéria. Hoje vivemos um dia feliz em poder assinar esse documento, que tem o papel de fazer o intercâmbio de necessidades, após estabelecermos essa relação de confiança”, esclareceu o secretário da Sead, Jefferson Coriteac.

Para o ministro da Agricultura e do Desenvolvimento Rural da Nigéria, Audu Ogbeh, 94% do país são compostos de de famílias pequenas, com poucos integrantes, o que dificulta ainda mais o acesso dos agricultores a outros tipos de linha de crédito.

“Estamos felizes que o Brasil queira estender essa mão para a África na agricultura”.

O Mais Alimentos Internacional nasceu 18

como uma iniciativa do Governo brasileiro, decorrente do “Diálogo Brasil – África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural”, realizado em Brasília, de 10 a 12 de maio de 2010.

Reformulação de linhas de crédito Guilherme Martinelli, diretor do Programa Mais Alimentos da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), afirmou que o objetivo da iniciativa é promover a segurança alimentar e nutricional na Nigéria e fortalecer o desenvolvimento da agricultura familiar no país. "Desde o início da nova gestão da Sead, o Programa Mais Alimentos passa por uma retomada. No final de 2016, uma missão técnica desta secretaria visitou todos os países parceiros na África. Nessa ocasião, estivemos na Nigéria e percebemos a

intensa necessidade de mecanização agrícola; a partir daí, o país solicitou ajuda ao Brasil e pediu ingresso no programa", explicou o diretor.

“O Programa Mais Alimentos Internacional (PMAI) passa por um momento de reformulação no modelo atual, que atua com crédito concessional, modelo que está em fase de mudança”, diz Martinelli. A reformulação passa pela busca de outras fontes de recursos, ou modalidades de crédito, que possam ser contempladas pelo Programa, como o PROEX tradicional, por exemplo. As parcerias firmadas com Cuba, Senegal, Zimbábue, Moçambique e Gana permanecem ativas. Embora nenhuma tranche tenha sido executada neste ano, a expectativa é que em breve haja um direcionamento com relação às novas tranches com países parceiros”, diz Martinelli.

INTERÁFRICA PMAI

O exemplo que vem de Moçambique O Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Agricultura, do Governo de Moçambique, que tem mecanizado a produção nacional através do Programa Mais Alimentos Internacional, é um caso de sucesso entre as ações de desenvolvimento agropecuário em terras africanas.

“A fome no país e na província de Manica, em particular, está sendo assunto do passado, mercê do empenho dos camponeses, pequenos e grandes produtores, impulsionados pelo Plano Estratégico para o Desenvolvimento da Agricultura (PEDSA) 2011-2020”. As primeiras linhas da matéria publicada pelo site Online Notícias de Moçambique, assinada pelo jornalista Victor Machirica, mostram uma mudança radical na realidade do país e o enfrentamento da fome. O texto pode até ser pautado pelo otimismo, mas o avanço é realmente espetacular.

Muitos desafios ainda estão pela frente, mas, em apenas dois anos, o salto dado na agricultura de Moçambique valida a escolha feita pelo governo do país,

estabelecendo parceria com o Governo Brasileiro em ação mediada pela Câmara de Comércio Brasil Moçambique, com consultoria da renomada FGV. Com recursos obtidos junto ao Governo Brasileiro através do Programa Mais Alimentos Internacional, foram adquiridos 500 tratores, implementos agrícolas e demais equipamentos necessários à mecanização da produção. À frente dessas ações em Moçambique é o Governo do presidente Filipe Jacinto Nyusi e centenas de profissionais comprometidos com a mudança, que não focam apenas na inserção de maquinário no processo de produção. Aliada aos equipamentos está a mudança na cultura de produção, a inserção de técnicas adequadas,

escolha de sementes de alto desempenho, fomento ao associativismo através de cooperativas e, o mais importante, a capacidade do agricultor moçambicano.

Em síntese, o país está multiplicando “o rendimento agrícola por unidade de área. “Melhorar a gestão e manejo na criação do gado e na avicultura, priorizando cadeias de valor; associativismo e cooperativismo, parcerias público-privadas-produtores, transferência de tecnologia, bem como melhorar os sistemas de produção; diversificação de culturas e avanço para a industrialização são os caminhos seguidos para, em curto prazo, multiplicar a produção do setor agropecuário do país”, ressalta um dos coordenadores do projeto.

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Presidente Filipe Nyiusi Sucesso do governo moçambicano através do PMAI

Boas notícias de Manica As notícias que vêm de Manica retratam em maior ou menor escala as demais províncias onde o Programa Nacional de Mecanização Agrária foi aplicado.

No geral, o resultado é mais do que satisfatório: é extraordinário ao apresentar um crescimento de terras mecanizadas que avançou de seis mil hectares para cerca de 50 mil, avançado 733% na safra 2016/2017 em relação à anterior. A produção estimada pode chegar a 160 mil toneladas, um aumento de 50% no total colhido na safra anterior de feijão, milho, arroz, gergelim, mapira (sorgo) e hortícolas.

Outro número que mostra o acerto da estratégia usada pelo 20

Programa Nacional de Mecanização está o atendimento de 21 mil produtores rurais, um salto que representa o inacreditável incremento de quase 12.000%. Isso mesmo!

Na safra anterior, apenas 1.624 agricultores estavam inseridos em programas de extensão rural.

Se numa ponta tem produção, na outra tem geração de empregos qualificados para operadores de máquinas, extensionistas, técnicos, contadores e gestores. Entre empregos diretos e indiretos, houve a criação, nesse primeiro momento, de quase cinco mil colocações de trabalho.

A estratégia bem sucedida do Governo do presidente Felipe Niusi nesse setor está calcada na escolha de políticas certas e na eficiência da gestão de todos os atores envolvidos, do ministro aos operadores nos diversos escalões.

Destaca-se nesse caso o funcionamento dos Centros de Serviços Agrários, organização governamental instalada nos corredores de produção, encarregada de gerenciar o uso de equipamentos, garantir assistência técnica a produtores, organizar parcerias públicoprivadas, fomentar o cooperativismo e agregar valor à produção.

NASCE A CÂMARA DO AGRONEGÓCIO Aproximar povos, gerar oportunidades, e propiciar desenvolvimento é a missão que abraçamos em nome do Brasil e da África.

Esse é o nosso compromisso.

Praça Comendador Quintino, 344 • B. Estados Unidos 38015-410 • Uberaba, MG • Brasil Telefax: 55 (34) 3336 8008 / 55 (34) 9804 7855 email: sinfroniojr@ig.com.br

D E A G R I C U LT U R A E T E C N O L O G I A

Angola

Nelson Cosme

Angola estabelece metas para estimular a produção agropecuária Planejamento do Governo Angola prevê ações de incentivo para o aumento da produtividade agropecuária e sua elevação a atividade comercial sustentável

O Embaixador de Angola no Brasil, Nelson Cosme, que representou o ministro da Agricultura Marcos Nhunga na Conferência Internacional da CPLP, realizada de 13 a 15 de fevereiro de 2017 na cidade de Uberaba (Minas Gerais) , fez um relato sobre o setor agropecuário de Angola, falou de políticas setoriais, de vantagens competitivas e também dos entraves enfrentados no setor. Nessa entrevista à revista InterÁfrica, o embaixador falou ainda dos esforços governamentais para criar uma nova cultura em Angola, que substitua a agricultura de subsistência pela agricultura de escala e que crie um novo ambiente de negócios no país, com vista a proporcionar mais alimentação, mais emprego e mais renda para população.

InterÁfrica - Angola vem se desenvolvendo de forma signi cativa, mas ainda possui um grande passivo social que precisa ser enfrentado. Hoje 22

quais os esforços que estão sendo feitos pelo Governo nesse sentido?

Nelson Cosme - A melhoria do bem estar da população tem constituído o objetivo supremo das ações do Governo Angolano, cuja preocupação central é de implementar um conjunto de políticas e programas nos diversos domínios da vida nacional. Nesse aspecto é importante destacar a agricultura e o desenvolvimento rural, o combate à fome e à pobreza, a melhoria das infraestruturas econômica e social, bem como em outros setores importantes da diversidade da economia angolana.

InterÁfrica - Um dado importante para a de nição de políticas de desenvolvimento do setor agrário é a situação demográ ca do país. Como é esse quadro em Angola?

Nelson Cosme - De acordo com o último recenseamento, realizado em 2014, Angola possui 26 milhões de

habitantes, concentrados majoritariamente nas áreas urbanas.

Desse total, cerca de 10 milhões de pessoas, ou 37,7% da população, moram na zona rural e têm a agropecuária como atividade principal.

Esse número, que envolve dois milhões de famílias, revela que temos mão de obra disponível e que precisa de ser capacitada para transformar a atividade de subsistência numa relação econômica e sustentável para gerar renda e combater a fome.

InterÁfrica - Como o Governo de Angola está orientando a busca desses objetivos em termos de estratégias setoriais?

Nelson Cosme - O governo definiu as linhas estratégicas que irão orientar as ações que serão implementadas no período de 2018-2022. Na agricultura queremos alcançar o aumento da produção e da produtividade agrícola nacional, com especial atenção no desenvolvimento da Agricultura

INTERÁFRICA

Nossos principais instrumentos para o desenvolvimento agrário são a longa tradição produtiva da população angolana, a grande extensão de terras aráveis e os abundantes recursos hídricos.”

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Angola

Familiar, pelo volume produtivo que representa no panorama nacional.

Outra ação prevista é estabelecer uma gestão estratégica progressiva, o zoneamento da agricultura nacional à extensão territorial, potenciando a tradição de culturas locais e o sistema de trabalhar as terras como meio de desenvolvimento.

InterÁfrica - A pecuária é dos setores mais importantes para produção de leite, carne e derivados. O que o plano de metas prevê para esse setor?

Nelson Cosme - A pecuária também está nesse planejamento, bem como a exploração sustentável dos recursos florestais. No que tange à pecuária, investir na melhoria do rebanho, no manejo e na produção de carne para aumentar a oferta de proteína animal à população, e também ampliar de forma significativa a produção de leite.

Da mesma forma, vamos estimular a avicultura para produção de carne e ovos, a suinocultura e a criação de pequenos ruminantes. A pretensão é aumentar a produção de carne em 513 mil toneladas, sendo a maior parte frango e caprinos. O mesmo esforço prevê o aumento de 15% na produção de ovos e, em relação ao leite, queremos dar um salto para um rebanho de aproximadamente 25 mil vacas.

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sustentável do setor agrário, tomando como referência o pleno aproveitamento do potencial dos recursos naturais produtivos e a competitividade, para garantir a segurança alimentar, o abastecimento interno e, quem sabe, atingir níveis de produção que nos permitam pensar em exportar excedentes para os mercados regional e internacional.

InterÁfrica - Em termos gerais, quais são as metas estabelecidas nesse Plano para os diversos setores produtivos de Angola?

Nelson Cosme - A produção de cereais, de tubérculos e outros consta no plano de metas que finda agora em 2017. Nesses setores, pretendemos aumentar a produção de cereais em 2 milhões de toneladas e mais 800 mil de leguminosas como feijão, amendoim e soja. Em relação aos tubérculos, a ideia é elevar a produção em 20 milhões de toneladas, gerando um aumento expressivo na oferta desses produtos da dieta alimentar da população. O plano também inclui a meta de atingir cerca de 125 mil toneladas de açúcar, aumento na produção de palmar e cacau. Quanto ao café, estamos também estruturando o setor, já que perdemos nossa posição de terceiro maior produtor mundial, atrás apenas do Brasil e da Colômbia. Isso na década de 1970.

InterÁfrica - Essas metas, como o senhor disse, dão continuidade a objetivos traçados anteriormente e que ainda estão em andamento.

Qual são eles?

InterÁfrica - Quais são as ações adotadas pelo Governo para criar um ambiente de negócios que estimule a produção em Angola?

Nelson Cosme - A adoção dessas políticas não se iniciaram agora, mas em 2012, quando foram estabelecidos objetivos para serem alcançados entre os anos 2013 e 2017. Essas metas visam, já que ainda estão em andamento, promover o desenvolvimento integrado e

Nelson Cosme - Várias iniciativas estruturantes foram implementadas pelo Plano Nacional de Desenvolvimento no setor agrário, com foco no aumento da oferta de alimentos, de renda e emprego. Entre elas, podemos citar o Programa de Fomento da Atividade Produtiva,

voltada ao desenvolvimento da agricultura familiar, para segurança alimentar e nutricional. Na outra ponta, o Governo procura estabelecer uma estrutura de pesquisa e investigação para o desenvolvimento tecnológico do setor, com programas de saúde pública veterinária, desenvolvimento da agricultura comercial e também de construção e reabilitação de perímetros irrigados.

InterÁfrica - Pelo que o senhor vem a rmando nessa entrevista, Angola possui um grande potencial para aumentar a produção. Quais seriam suas vantagens competitivas?

Nelson Cosme - Os principais recursos nacionais para o desenvolvimento agrário são, sem dúvida, em primeiro lugar, a nossa população, a terra e os recursos hídricos: a população angolana sintetiza um longo percurso de tradição produtiva; a área de terra arável é extensa e majoritariamente com potencial produtivo; os recursos hídricos são abundantes. Temos demandas estabelecidas no mercado interno e podemos nos posicionar como exportadores dos excedentes produzidos. Além disso, Angola considera o setor da agricultura fundamental para o desenvolvimento do país e fator decisivo na diversificação da sua economia, sendo um poderoso mecanismo de combate à pobreza e que tem um papel central na segurança alimentar e nutricional do país.

InterÁfrica - Se de um lado temos potencial, pelo outro temos também obstáculos que se convertem em desa os para a produção. Quais seriam estes?

Nelson Cosme - Apesar de todos os esforços, identificam-se ainda constrangimentos de produção e de produtividade. A sua identificação é de

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extrema importância para o alinhamento estratégico nacional.

Sabemos que precisamos investir pesado em infraestrutura, estradas, armazenagem, redes de distribuição etc. Carecemos também de assistência técnica para disseminação do knowhow e combater a visão tradicional de que a agricultura é uma atividade de subsistência, e não um setor com potencial para ocupar posição como economia de escala. Outras fragilidades referem-se à pouca cultura cooperativista, de espírito associativista, ausência de gestão

empresarial, dificuldade de acesso ao crédito e até mesmo marketing.

InterÁfrica - Então temos em Angola um excelente potencial de crescimento ao lado de grandes desa os para vencer esses obstáculos. Como o senhor avalia esse cenário?

Nelson Cosme - Importa referir que, a agricultura, a pecuária, a pesca, a aquacultura em particular, desempenham um papel relevante nesse processo de diversificação e

apresentam-se como fatores de estabilidade da autossuficiência alimentar das populações. Servem também como contribuição para a diminuição do peso da importação de alimentos na balança comercial, como uma importância estratégica na criação de sistemas de produção sustentáveis. Precisamos também fortalecer o setor privado que, numa economia de mercado e globalizada, tem papel relevante na dinâmica de desenvolvimento do setor agrícola e comercial e pode ser um suporte valioso à atividade agrícola familiar.

Angola é um país da costa ocidental da África, apresentando vastos recursos naturais, como grande reservas de minerais e de petróleo. Desde 1990, sua economia tem apresentado taxas de crescimento que estão entre as maiores do mundo, especialmente depois do m da guerra civil. Angola tem feito diversos investimentos e apostas na formação de novos empreendedores e na criação de novos negócios e subsequentes empregos, bem como na formulação de parcerias com outros países, mantendo sempre uma relação mutuamente bené ca com Portugal. O advento da paz militar, em 2002, permitiu um balanço diferenciado dos problemas económicos e sociais extremamente complexos que se colocavam ao país, mas também do leque de possibilidades que se abriam.

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Cabo Verde

Gilberto Silva

Cabo Verde quer tecnologia para combater a escassez de água e expandir a agricultura As condições climáticas e hídricas peculiares exigem emprego de técnicas e estruturas especiais que garantam a viabilidade da atividade agrícola local

A escassez de água é o maior desa o para o desenvolvimento de uma agricultura de escala em Cabo Verde.

Essa limitação, no entanto, não tira o entusiasmo de Gilberto Silva, Ministro de Agricultura e Ambiente do arquipélago localizado bem no meio do Oceano Atlântico. O país investiu em projetos de armazenagem de água e irrigação para superar o problema da seca, já que as chuvas são concentradas em apenas três meses do ano. Além disso, novas formas de produção foram introduzidas, como as estufas e a produção hidropônica. O ministro Gilberto Silva a rma que as inovações permitem intensi car o plantio de frutas e hortícolas, que são apostas para a agricultura no país.

InterÁfrica - Cabo Verde é uma ilha com pouco espaço para plantio e está em uma região de clima árido e chuvas escassas. Como então é 26

possível intensi car a agricultura no país com essas di culdades?

Gilberto Silva - Há bastantes exemplos no mundo em que se consegue produzir e fazer agricultura no deserto.

Israel é um desses exemplos. Nós entendemos que a água é um fator importante e até limitante, mas agricultura depende também da tecnologia, boa vontade e trabalho árduo. É preciso uma abordagem inteligente na produção. Nós entendemos que Cabo Verde tem que seguir este caminho. Temos as terras que temos, a água que temos e o clima que temos. Só que isso não pode representar a dependência perene na produção de bens alimentares, como vivemos hoje. Com isso, estamos trabalhando para adaptar tecnologias desenvolvidas em outros locais e escolhendo os produtos que são melhores adaptados ao nosso clima, que podem ser valorizados para o desenvolvimento da agricultura em

nosso país.

InterÁfrica - Mesmo com esse cenário adverso, o setor é um dos principais geradores de emprego. Como o Governo avalia o potencial da agropecuária na economia de Cabo Verde?

Gilberto Silva - A agricultura emprega 25% da mão de obra ativa no país, mas pode fazer muito mais. Justamente por isso, o governo de Cabo Verde definiu no seu programa uma prioridade importante, que é a transformação de uma agricultura de subsistência em uma agricultura de renda. Portanto, pretendemos ajudar os agricultores a melhor rentabilizar a sua produção, seja com medidas de incentivo à produtividade e também com tecnologias que permitem de fato ter melhor rendimento. Buscamos uma nova abordagem de produção para o mercado, ou seja, fazer da agricultura um negócio. Isto é uma questão de

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A cooperação entre os países da CPLP dará frutos. Há um potencial muito grande a explorar nesse domínio.”

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Cabo Verde

mudança de atitude, que vamos inserindo com um programa de extensão rural.

InterÁfrica - Que novas estruturas e tecnologias foram implantadas para contornar a falta de chuvas na maior parte do ano e também melhorar a produtividade do solo na restrita área cultivável disponível?

Gilberto Silva - Cabo Verde começou a edificar barragens pequenas, mas que contribuirão para o aumento da disponibilidade de água e redução dos riscos na produção se forem bem geridas e houver investimento suficiente nos projetos hidroagrícolas.

Nós trouxemos esse assunto, inclusive, na reunião de ministros no Brasil, porque entendemos que precisamos também da ajuda e da expertise de países com mais experiência na gestão destas infraestruturas agrícolas. Outra questão é o bom domínio da água, com sistema de irrigação eficiente, que poupa água e leva em conta as necessidades da planta. Também a fertilização dos solos, na medida do necessário, o controle das pragas e a opção por variedades agrícolas bem adaptadas ao clima árido. Tudo isso em conjunto poderá, portanto, contribuir para que nós tenhamos uma boa produtividade agrícola.

InterÁfrica - Tendo em vista as características do país, quais os setores que o senhor vê como

potenciais para uma expansão da produção?

Gilberto Silva - Herdamos a tradição do plantio do milho em regime sequeiro, mas, mesmo em um ano bom, não conseguimos produzir mais do que 10% do nosso consumo de milho e a produção está sempre em risco devido à irregularidade das chuvas. De modo que nós queremos desenvolver uma agricultura que não seja de grãos, mas sim baseada na horticultura e na fruticultura. As hortícolas são bastante valorizadas no mercado e têm uma saída importante em nível do turismo local, assim como as frutas tropicais, que têm bom potencial. Leguminosas e feijões também podem ser cultivados em Cabo Verde. Além disso, pensamos em fortalecer a pecuária privilegiando espécies de ciclo curto, como os pequenos ruminantes, ovinos, caprinos e também suínos. Queremos também ampliar e intensificar a cunicultura.

InterÁfrica - A falta de recursos para investimentos tem criado grandes di culdades para o desenvolvimento da agronegócio. Como Cabo Verde quer contornar esses obstáculos?

Gilberto Silva - Com a cooperação internacional dos nossos parceiros e do próprio país. A agricultura é uma atividade privada, com certeza, mas cabe ao Estado criar as melhores condições para a sua prática,

sobretudo nos país em que a agricultura familiar é a que domina.

Portanto, nós temos nos beneficiado de muitos programas de cooperação com organismos internacionais, como a Embrapa, no Brasil.

InterÁfrica - Quanto é investido pelo governo para impulsionar o setor agrícola?

Gilberto Silva - É difícil contabilizar neste momento, mas é possível dizer que, anualmente, o percentual do orçamento público destinado ao desenvolvimento da agricultura é algo em torno de 10%.

InterÁfrica - O Governo trabalha com metas para atingir o objetivo de ampliar a produção agropecuária de Cabo Verde?

Gilberto Silva - Trabalhamos todos os dias neste sentido. Evidentemente, a mudança de comportamento não se faz do dia para a noite, mas precisamos começar desde já. Contamos com a cooperação dos integrantes da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa). Nós pudemos ver a boa vontade dos governos do Brasil e de Portugal, que estão mais avançados em matéria de agricultura, e também dos países da África e do Timor Leste.

Pensamos que ela dará frutos se tivermos uma atitude pragmática. Há um potencial muito grande a explorar neste domínio.

Cabo Verde é uma república instalada em um arquipélago formado por 10 ilhas, localizado no centro do Atlântico, que obteve a independência de Portugal em 1975 e é hoje integrado ao continente africano. A parte mais relevante da economia resulta da prestação de serviços, especialmente do turismo, que vem crescendo de forma exponencial no país. A agricultura de subsistência e de base familiar exige investimentos tanto em termos de tecnologia e maquinário como também de capacitação dos agricultores. A pesca, de grande potencial, ainda é muito praticada de forma artesanal, mas tem merecido maior atenção do Governo em temos de investimentos e modernização.

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INTERÁFRICA

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Guiné-Bissau

Nicolau dos Santos

Irrigação e cooperativismo podem mudar o cenário da agricultura na Guiné-Bissau A necessidade de produção de proteína animal exige o desenvolvimento do setor agrícola, na busca da diversi cação da dieta alimentar da população A Guiné-Bissau tem na agricultura sua principal atividade econômica, mas isso não se traduz em resultados, mesmo possuindo condições climáticas favoráveis e terras férteis para a produção. A falta de estrutura limita a e ciência do plantio e o rendimento das lavouras.

Apenas com a importação de arroz, cultura bem adaptada às condições do país, a Guiné-Bissau gasta US$ 40 milhões anualmente para suprir o consumo interno. O ministro da Agricultura, Floresta e Pecuária da Guiné-Bissau, Nicolau dos Santos, a rma que parcerias estão sendo articuladas para incrementar a mecanização e aplicar técnicas mais modernas na produção. No entanto, ele defende que o sucesso das medidas também depende da união entre os produtores rurais.

InterÁfrica - Como é o cenário da Guiné-Bissau no que tange à realidade da produção de alimentos no momento atual?

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Nicolau dos Santos - Nosso país está longe ainda de atingir os objetivos que são exigidos para se erradicar a pobreza através da agricultura. Somos um país da costa ocidental da África, muito pequeno e com uma agricultura de subsistência tradicional. Temos um total de 1,1 milhão de hectares de terras aráveis para a agricultura, mas só aproveitamos 36,6 mil hectares com áreas cultivadas. É muito pouco. Nos faltam estrutura e mecanização. O que um trator faz em um dia, um agricultor, manualmente, leva uma semana e até um mês para fazer.

notamos que em nosso país não temos a organização camponesa. Os pequenos e os médios agricultores, para atingirem seus objetivos, têm que se organizar. Eles não conseguem sozinhos, sem a ajuda de um associativismo ou cooperativa. Tivemos a oportunidade de ver a experiência do Brasil como um país que já possui uma história longa neste sentido.

InterÁfrica - O que é preciso para mudar esse quadro e criar um novo horizonte para que a atividade se desenvolva na Guiné-Bissau?

Nicolau dos Santos - Após a participação na conferência da CPLP, eu volto para a Guiné-Bissau cheio de ideias para a inovação que podem ser seguidas no país. Temos pequenos e médios agricultores que não sabem para onde ir. Já tenho o conhecimento para conduzir esse grupo e organizá-los em associações, para começar a estruturação. Depois, criar condições para que eles possam arrecadar

Nicolau dos Santos - Precisamos elevar o nível da agricultura e o rendimento das lavouras. Precisamos aplicar modernização, novas tecnologias e máquinas que não possuímos até o momento. Além disso,

InterÁfrica - Quais estratégias serão adotadas para organizar os produtores e implantar o sistema de cooperativismo no país?

INTERÁFRICA

Queremos utilizar a experiência do Brasil e implantar sistemas de irrigação. Temos clima favorável, água e índices de precipitação muito bons, mas ainda não temos a técnica.”

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Guiné-Bissau

recursos com a produção agrícola.

Também vamos tratar com o nosso governo para enviar os nossos jovens estudantes ao Brasil para aprender durante um ano sobre a cadeia produtiva, pois agricultura não é só semear. É preciso plantar e depois estabelecer toda a cadeia para a transformação do produto. É um processo que deve ser adquirido por nossos jovens.

InterÁfrica - Como a falta de tecnologia afeta a produção e o fornecimento de alimentos na GuinéBissau?

Nicolau dos Santos - O arroz é uma cultura importante no país, mas estamos com problemas. Temos um déficit anual de 80 mil toneladas de arroz e completamos com importação.

Isso é muito ruim para o país. Temos clima favorável, temos água e índices de precipitação muito bons, mas, infelizmente, não temos a técnica para

poder aproveitar essa água para irrigação.

sistemas de irrigação quanto na mecanização das lavouras?

InterÁfrica - A Guiné-Bissau tem recursos hídricos para implementar projetos de irrigação e o Brasil tem experiência e tecnologia. É um bom encontro...

Nicolau dos Santos - Até o momento, não. Precisamos fazer um melhoramento hidroagrícola, construção das barragens para armazenar a água e também a construção de diques para a irrigação, mas até o momento não temos.

Nicolau dos Santos - Queremos utilizar a experiência do Brasil e implantar sistemas de irrigação. Temos vários rios de água doce e podemos fazer o armazenamento dessas águas para os agricultores atingirem três ou mais colheitas no ano, inclusive no período de seca. Sabemos que na época chuvosa a planta produz menos, pois o céu está encoberto e as nuvens deixam passar pouco sol até as folhas para a fotossíntese. A planta produz mais na época seca, mas precisa ser irrigada.

InterÁfrica - Já foram feitos investimentos tanto na instalação dos

InterÁfrica - Onde conseguir os recursos para viabilizar essas obras e projetos?

Nicolau dos Santos - Acredito que através de parceiros, como a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura. Ou mesmo o Brasil. Vamos tentar nos organizar neste sentido para poder convidar o Ministério da Agricultura para nos ajudar. Tive ainda um encontro com a Embrapa, instituição de pesquisa de renome, pois é necessário estudo antes de colocar ações em prática.

A economia da Guiné Bissau está ancorada principalmente na agricultura, na pesca, atividades coletivistas de castanhas de caju e nozes que estão entre os principais produtos exportados. Um longo período de instabilidade política resultou na paralisação da atividade econômica, o que vem sendo superado depois que um pacto de estabilidade entre as forças políticas permitiu a adoção de um programa de reforma estrutural, que foi auxiliado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). Entre os principais desa os atuais para o país está a promoção da diversi cação econômica, especialmente com incentivos ao setor agropecuário.

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INTERÁFRICA

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Guiné Equatorial

Tito Mba Ada

Guiné Equatorial pretende alavancar a agricultura com investimento privado A necessidade de transformação da agricultura familiar em empreendimento sustentável norteia ações governamentais na busca do avanço produtivo Mesmo com 60% da população vivendo em áreas rurais, a agricultura ainda tem uma participação pequena na economia da Guiné Equatorial. O pequeno agricultor produz basicamente para sustento próprio, pois faltam recursos tecnológicos que viabilizem o desenvolvimento de uma agricultura robusta, destinada ao abastecimento do mercado. A situação pode mudar com a conquista de parceiros privados interessados em investir no país, conforme o embaixador da Guiné Equatorial no Brasil, Tito Mba Ada. Ele a rma que o governo já proporcionou a infraestrutura logística e dispõe de incentivos para atrair empresas que se instalem no país africano e introduzam novas técnicas agrícolas e capacitação da mão de obra local.

InterÁfrica - A Guiné Equatorial também tem di culdade de estabelecer uma agricultura capaz de 34

atender sua própria demanda de alimentos. Como é o cenário atual?

Tito Mba Ada - Temos uma agricultura familiar e a capacidade de produção é inferior à demanda da população.

Temos problemas de formação de mão de obra e uma grande defasagem em temos de tecnologias. Precisamos, sobretudo, de assistência técnica para tratamento da terra e de manejo das sementes. Ainda assim, produzimos pimenta malagueta e diversas frutas, como coco, abacaxi, mamão, cacau, abacate e manga. Tudo natural e sem mistura de produtos químicos. Temos ainda uma plantação de arroz primitiva e tradicional, feita ao logo do curso de rios. O objetivo do governo é impulsionar o setor, transformando uma agricultura primitiva em um modelo mais moderno.

InterÁfrica - De que forma o Governo da Guiné Equatorial pretende equacionar esse desa o e mudar a atual estrutura produtiva?

Tito Mba Ada - Precisamos de parcerias com empresas voltadas ao setor agrícola, com interesse de produzir e comercializar na Guiné Equatorial. O governo fixará as garantias necessárias para apoiar e convidar o setor privado para investir, pois não tem como o governo desenvolver sozinho esses projetos. Queremos investidores que trabalhem na agricultura para aumentar a produção e comercializar empresarialmente, aproveitando a mão de obra nacional e qualificando esses trabalhadores. Eles precisam levar recursos financeiros, mas, principalmente, tecnologia e experiência no cultivo para sermos mais competitivos.

InterÁfrica - Além de um ambiente favorável aos negócios, com garantias como o senhor mencionou, o que o país oferece hoje em termos de logística?

Tito Mba Ada - O país está em boas condições porque temos uma rede de

INTERÁFRICA

O governo criou linhas de crédito para os agricultores, e outra ação em andamento é a compra de tratores. Porém será necessária uma capacitação para que os agricultores possam manuseá-los”

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Guiné Equatorial

estradas muito novas e asfaltadas, que permitem a organização do transporte de produtos. Temos aeroportos que garantem canais de exportação de produtos e ainda cinco portos com plataformas eficientes. Então, a logística aérea, marítima e terrestre pode funcionar adequadamente.

InterÁfrica - Considerando a predominância da agricultura familiar no panorama nacional, quais as medidas tomadas para mudar o cenário nesse setor?

Tito Mba Ada - A primeira medida foi a organização dos produtores, com a criação de conselhos em cada povoado.

São órgãos administrativos que representam a comunidade local.

Estamos na fase da identificação dos agrupamentos de produtores e da especialização de cada região. Com base num estudo de viabilidade, faremos um mapeamento para conhecer o rendimento das culturas.

InterÁfrica - Um dos grandes desa os dos agricultores familiares é o acesso a crédito e a equipamentos. O que o governo tem feito nesse sentido?

Tito Mba Ada - O governo criou linhas de crédito para esses agricultores, mas os valores disponibilizados ainda não são suficientes. Outra ação em andamento é a compra de tratores, porém será necessária uma capacitação para que os agricultores possam manusear as máquinas. Além disso, têm sido feitas experiências na importação de sementes para identificar cultivares mais produtivas nas condições de solo e clima da Guiné Equatorial.

InterÁfrica - De quais produtos agrícolas o Governo da Guiné Equatorial deverá intensi car o plantio?

Tito Mba Ada - Temos o desafio de produzir o milho, pois o cereal é não apenas alimento para a população, mas

também utilizado na alimentação animal e serve de base para ampliar projetos de criação de aves e de suínos.

Estamos desenvolvendo essas culturas para se tornarem sustentáveis. Hoje, a criação é praticamente doméstica.

InterÁfrica - Além de incrementar a produção agrícola, há projetos para o processamento dos alimentos futuramente?

Tito Mba Ada - O governo tem um programa de industrialização do país.

Nosso foco na industrialização será o processamento de produtos agrícolas.

Por exemplo, temos uma espécie de bovino na África Central, resistente ao clima e que se adapta bem com as condições da pastagem. Esses animais podem ser uma alternativa na produção de carne e o mesmo podese dizer no caso de aves e suínos, que também são importantes para compor a adequada alimentação da nossa população.

A Guiné Equatorial é um país da África Ocidental dividido em vários territórios descontínuos no Golfo da Guiné. A descoberta de grandes reservas de petróleo, em 1996, e sua posterior exploração, tem contribuído para um aumento muito grande na receita do país, e a Guiné Equatorial tornou-se um dos maiores produtores de petróleo do sub-Saara. É o país com o maior produto interno bruto per capita do continente Africano.

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Moçambique

Luísa Caetano Meque

Com terras disponíveis, Moçambique quer investir mais em mecanização A imensa extensão de terras férteis não aproveitadas depende de estímulos à mecanização e à capacitação pro ssional para desenvolver seu potencial de produção Mesmo representando um quarto do PIB nacional e com crescimento em torno de 7% ao ano, o setor agrícola em Moçambique está recolhido a uma faixa pequena do território nacional e apresenta um enorme potencial não aproveitado. O país só utiliza 11,5% dos 36 milhões de hectares aráveis disponíveis, um imenso recurso que pode ser explorado para a produção de alimentos. O problema é a falta de estrutura tecnológica para tomar posse e aproveitar as terras. A viceministra de Agricultura e Segurança Alimentar, Luísa Caetano Meque, explica os gargalos identi cados no país, mas ressalta as ações já desenvolvidas para impulsionar a mecanização do setor agrário e viabilizar a maior exploração das terras aptas ao plantio.

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tem um total de 36 milhões de hectares de terras aráveis, dos quais apenas 4,5 milhões estão sendo explorados atualmente. E a nossa agricultura é praticada, em geral, por produtor familiar, que responde por 97% da área cultivada. O país emprega 5,4 milhões de pessoas e a agricultura abriga 72% da população economicamente ativa, além de contribuir com 26% do PIB nacional. A nossa produção agrícola vem se desenvolvendo por meio de parcerias entre os setores público e privado para a dinamização da cadeia de valor dos produtos, o que pode garantir o alcance do objetivo da evolução da agricultura de subsistência para agricultura orientada para o mercado.

InterÁfrica - Qual o cenário da agricultura em Moçambique hoje?

InterÁfrica - O panorama de Moçambique permite fazer projeções otimistas sobre o futuro nesse setor.

Quais são os fatores limitadores mais importantes?

Luísa Caetano Meque - Moçambique

Luísa Caetano Meque - Como a

agricultura é base para o sustento da economia, é preciso o aumento da área lavrada e também do rendimento por hectare das culturas agrícolas, bem como o melhoramento do manejo por hectare na criação de gado e de aves. A baixa produtividade deve-se a vários fatores, como a baixa disponibilidade e acesso a insumos de qualidade, como sementes melhoradas, fertilizantes e inseticidas; insuficiente cobertura dos serviços de extensão; limitado aproveitamento da água para a agricultura; infertilidade dos solos; e limitado acesso a crédito.

InterÁfrica - Com a grande oferta de recursos hídricos, o sistema de irrigação é uma das alternativas viáveis. O que temos hoje de infraestrutura nesse setor?

Luísa Caetano Meque - Moçambique apresenta um potencial para irrigação estimado em cerca de 3,3 milhões de hectares, mas somente cerca de 120 mil hectares possuem infraestruturas de

INTERÁFRICA

As perspectivas para 2017 envolvem desenvolver tecnologias para assistência aos produtores, mecanização e fomento ao empreendedorismo. “

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Moçambique

irrigação e, destes, apenas 50 mil hectares estão operacionais. Para reduzir a vulnerabilidade às secas, é necessário criar e reabilitar sistemas de irrigação para o setor familiar, bem como melhorar o funcionamento e manutenção dos sistemas existentes.

InterÁfrica - Se existem 36 milhões de hectares de terras adequadas para a agricultura no país, por que apenas 10% são aproveitados? O que impede que se amplie a área utilizada efetivamente para produção?

Luísa Caetano Meque - O problema está relacionado à falta de mecanização.

Por isso, é uma das perspectivas do governo para 2017. Vamos estabelecer algumas incubadoras de desenvolvimento agrário, viabilizando o uso intensivo de máquinas e equipamentos de preparação dos solos e nivelamento de terras para mais culturas. A proposta é uma parceria público–privada, com a implantação de centros de serviços/parques de máquinas nos seis corredores agrícolas do nosso país. Na primeira etapa do programa de mecanização, já foram implementados 77 centros de serviços,

mas precisamos avançar mais.

InterÁfrica - Falando na implantação de novas tecnologias, Moçambique já conta com um instituto de investigação especí co para a pesquisa no segmento agrário. Que trabalhos estão em desenvolvimento?

Luísa Caetano Meque - As nossas áreas de investigação estão concentradas nas sementes básicas e na tecnologia relacionada à inseminação artificial na bovinocultura.

Estamos também avançando na produção de vacinas para o gado bovino e para aves, já fabricamos a vacina contra a doença New Castle. Na área de assistência ao agricultor, queremos aumentar o número de extensionistas. Eram 1.261 assistentes em 2016 e acreditamos que este ano daremos um salto para 1.700 profissionais, o que vai permitir melhorar a cobertura e a oferta de serviços de apoio à produção.

InterÁfrica - Como a senhora avalia a experiência com os centros de serviços que oferecem mecanização aos produtores?

Luísa Caetano Meque - Os resultados que tivemos são satisfatórios. Até o momento, conseguimos uma cobertura de 40% com o programa de mecanização. Tivemos pequenos constrangimentos em relação ao treinamento dos manuseadores das máquinas e na manutenção dos equipamentos. Se tivermos esse pacote completo, vai ajudar com que realmente se tenha maior cobertura, mais produção e rendimento.

InterÁfrica - No início da entrevista falamos num cenário bastante positivo para Moçambique. Quais as perspectivas para os próximos anos?

Luísa Caetano Meque - As perspectivas para 2017 envolvem desenvolver tecnologias para assistência aos produtores, mecanização e fomento ao empreendedorismo. Também queremos aumentar a produção nacional de ovos e frangos, com a fabricação de rações utilizando a matéria-prima local, como a soja e o milho. Com isso, esperamos reduzir significativamente a importação de frango de outros países.

Localizado no sudeste do Continente Africano, Moçambique é dotado de ricos e extensos recursos naturais. A economia do país é baseada principalmente na agricultura, mas o setor industrial, principalmente na fabricação de alimentos, bebidas, produtos químicos, alumínio e petróleo, está crescendo. O setor de turismo do país também está em crescimento. A África do Sul é o principal parceiro comercial de Moçambique e a principal fonte de investimento direto estrangeiro. Portugal, Brasil, Espanha e Bélgica também estão entre os mais importantes parceiros econômicos do país.

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Portugal

Luís Capoulas Santos

Portugal quer ampliar parcerias e manter foco em projetos viáveis A imensa extensão de terras férteis não aproveitadas depende de estímulos à mecanização e à capacitação pro ssional para desenvolver seu potencial de produção

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Pertencente à União Europeia e com presença secular em todos os países da CPLP, Portugal se encontra em situação privilegiada se comparado aos demais integrantes da comunidade. O país está comprometido com a missão de nanciar projetos que viabilizem o desenvolvimento da agropecuária em suas antigas colônias, hoje parceiros comerciais e culturais. O Ministro da Agricultura, Florestas e do Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, anuncia que serão abertas seleções de projetos ao longo desse ano para as cooperações internacionais, mas o primeiro passo será identi car as ações prioritárias do setor agrícola de cada país e focar aqueles que podem ser bem sucedidos. Santos também ressaltou que o fato de Portugal pertencer à União Europeia pode abrir as portas do Velho Continente à África e à Ásia.

União Europeia e tem uma situação econômica diferente dos países de língua portuguesa da África e da Ásia.

Qual é o papel de Portugal nessa integração?

InterÁfrica - Portugal faz parte da

InterÁfrica - De que forma o senhor

Luís Capoulas Santos - Cada país tem a sua realidade própria. Mas a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa pretende utilizar todas as sinergias positivas de cada um e do espaço em que se inserem. Portugal está na União Europeia e o Brasil está no Mercosul, enquanto os país da África pertencem a organizações regionais do continente africano e Timor Leste vai entrar agora na Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN). Ou seja, nós somos um conjunto de países despertos para o mundo e temos um papel a desempenhar. Esse papel será mais forte se conseguirmos harmonizar as nossas estratégias políticas e reforçar nossa colaboração, utilizando a experiência positiva de cada um de nós.

imagina essa costura e como esses países podem interagir para alcançar os objetivos propostos pela Conferência CPLP? Luís Capoulas Santos - O Brasil, por exemplo, tem muita experiência e tecnologia na agricultura tropical, o que pode ser útil para ajudar países com estado de desenvolvimento inferior. Já Portugal, dada a sua situação de potencial colonial durante muitos séculos, tem também muita informação técnica para orientar os países africanos e já estamos transferindo. Temos um conjunto de instituições de pesquisa e treinamento que podem ser muito úteis. Além disso, podemos ser uma ponte de entrada na União Europeia para todos os países de língua portuguesa. Tal como acontece com o Brasil no Mercosul, o fato de Portugal estar na UE permite discutir e defender os interesses dos países da CPLP, uma vez que nós participamos do conselho de ministros e demais instituições do bloco europeu.

INTERÁFRICA

É preciso passar para a ação concreta e temos que fazer com ambição, mas com responsabilidade.

Se não tivermos meios para concretizar, principalmente financeiros, as ideias nunca passarão do papel”.

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Portugal

InterÁfrica - A maioria dos países integrantes da CPLP tem de ciência de recursos para nanciar o desenvolvimento e a modernização da agricultura. Portugal pode, de alguma maneira, auxiliar neste sentido?

Luís Capoulas Santos - Sim. Em Portugal, estabelecemos para este ano de 2017 um montante de cinco milhões de euros para a cooperação. Parte dessa verba vem da União Europeia. Vamos agora traduzir isso em projetos concretos com cada um dos países da CPLP, a partir da identificação das prioridades. Serão apresentadas propostas de trabalho e aprovados os projetos que atenderem ao regulamento para utilização dos recursos financeiros.

InterÁfrica - Essa, então, pode ser considerada uma resposta objetiva para os países que reivindicam verba para novos projetos no setor agrícola?

Luís Capoulas Santos - Sem dúvida.

Não basta ter ideias. Se não tivermos meios para concretizar, principalmente financeiros, as ideias nunca passarão do papel. É preciso passar para a ação concreta e temos que fazer com ambição, mas com responsabilidade.

Não é possível resolver todos os problemas ao mesmo tempo, pois não

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há recursos disponíveis para isso. Então, insisto que é necessário definir prioridades, elaborar projetos concretos e executar um de cada vez. Muitas vezes, por buscar acudir tudo de uma vez, não temos sucesso e não conseguimos realizar nada. Precisamos identificar projetos e implementar um por vez, fazendo a avaliação para verificar se os resultados estão correspondendo às expectativas criadas.

InterÁfrica - Falamos muito das di culdades de países da CPLP e não abordamos a questão a partir de Portugal. Como é o cenário produtivo do país?

Luís Capoulas Santos - Comparada à situação dos países africanos, Portugal felizmente tem uma situação mais favorável, até porque é um país com uma dimensão pequena. A população toda de Portugal é inferior à de São Paulo. Apesar disso, temos um país diversificado que continua a ter alguns problemas pontuais. O investimento na área da agricultura tem sido muito forte, sobretudo em infraestruturas.

Praticamente todo o país está interligado, com boa acessibilidade rodoviária e ferroviária. Também renovamos toda a nossa rede de matadouros, de centrais hortifrutículas e estamos avançando em projetos de

irrigação para que a terra seja mais produtiva e gere mais empregos.

InterÁfrica - Em termos de crescimento, como é o estágio atual da produção agropecuária de Portugal?

Luís Capoulas Santos - Hoje a agricultura portuguesa está num bom ritmo e aumenta anualmente as suas exportações, cerca de 10% no segmento de vinhos, frutas e carnes de ave e suínos. Passamos um bom momento e temos políticas que garantem um rendimento mínimo a todos os cidadãos. Mesmo assim, subsistem alguns casos de produtores em situação de pobreza e estamos buscando dar respostas e contamos com apoio financeiro da União Europeia para isso.

InterÁfrica - Existem em Portugal ações efetivas para incentivar a produção, especialmente dos pequenos agricultores?

Luís Capoulas Santos - Conseguimos estabelecer um pagamento mínimo para o pequeno agricultor. Com esse apoio direto, a partir de agora nenhum agricultor recebe menos de 600 euros.

Além disso, recursos estão sendo disponibilizados a fundo perdido para

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investimentos em máquinas e novas tecnologias. Também foi introduzida uma majoração de 50 euros aos 5 primeiros hectares de todas as explorações, dentro do Regime de Pagamento Base médio por hectare. São medidas para fomentar a pequena agricultura e evitar o êxodo rural.

InterÁfrica - Portugal passou por grave crise econômica recentemente em função da dívida pública. Quais as

perspectivas atuais para o país?

Luís Capoulas Santos - Estamos a superar um momento difícil em escala global causado pela crise que eclodiu com o sistema bancário dos Estados Unidos, em 2008. No caso de Portugal, passamos algumas dificuldades no nosso sistema bancário e na nossa economia.

Quando estourou a crise financeira global, tivemos dificuldades para financiar a dívida pública e foi preciso

solicitar ajuda financeira à União Europeia. Cabe ao governo tomar as medidas necessárias para enfrentar os desafios e precisamos reconhecer também o mérito dos cidadãos, dos empresários, que não desistem e continuam mantendo a atividade econômica. De modo geral, a situação foi superada com êxito. Esperamos agora que rapidamente os níveis de crescimento e geração de emprego possam se normalizar.

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São Tomé e Príncipe

Teodorico dos Campos

São Tomé e Príncipe busca tecnologia para otimizar a produção em área reduzida A imensa extensão de terras férteis não aproveitadas depende de estímulos à mecanização e à capacitação pro ssional para desenvolver seu potencial de produção

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A tecnologia permite plantar maior quantidade.

Já estou vendo um programa que disponibiliza linha de crédito para a compra de maquinário e equipamentos agrícolas.”

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São Tomé e Príncipe

São Tomé e Príncipe é um estado insular localizado no Golfo da Guiné, composto por duas ilhas principais (Ilha de São Tomé e Ilha do Príncipe) e várias ilhotas, num total de 1001 km². São Tomé e Príncipe tem apostado no turismo para o seu desenvolvimento, mas a recente descoberta de jazidas de petróleo nas suas águas abriu novas perspectivas para o futuro. A pesca continua a ser uma das principais atividades econômicas do país, que mantém estreitas relações bilaterais com Portugal.

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Timor-Leste

Estanislau Aleixo da Silva

Timor-Leste investirá em tecnologia para multiplicar produção em espaço restrito A imensa extensão de terras férteis não aproveitadas depende de estímulos à mecanização e à capacitação pro ssional para desenvolver seu potencial de produção

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O Governo está disposto a fazer investimentos e tem meios para adquirir equipamentos agrícolas, desde que haja um projeto.”

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Timor-Leste

Timor Leste é um país montanhoso, mas possui 700 mil hectares disponíveis para agricultura e se incluir áreas orestais as terras disponíveis podem chegar a dois milhões de hectares. As áreas montanhosas também podem se integradas combinando plantação de árvores de re orestamento e frutíferas, além de inserir outras culturas como o cravinho e a pimenta. A ideia, diz o ministro, é rentabilizar a unidade produção por hectare e gerar renda adicional para a população, com criação de novos postos de trabalho O país quer rmar uma cooperação com a Embrapa para produzir também sementes de hortículas em Timor Leste, pois a horticultura é uma área considerada carente em Timor. Timor leste tem microclimas e nessas áreas montanhosas também se pode produzir hortículas por todo o ano. O país em a ambição de produzir para atender sua população e produzir excedente para exportação para o 56

mercado asiático.

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Brasil

Blairo Maggi

Brasil vai disponibilizar recursos para exportação de equipamentos

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A Costa Negócios atua como comercial exportadora de bens e serviços e congrega uma série de outras empresas em diversos ramos de atividades econômicas e empresariais, que visam atender projetos públicos e da iniciativa privada.

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Tecnologia no campo

Cleber Lima Guarany

Mecanização agrícola tem que incorporar gestão eficiente Os programas humanitários que se preocupam apenas em repassar recursos já estão superados. O modelo mais e ciente consiste em impregnar cada ação com uma forte orientação empresarial, gestão moderna e visão de mercado. Dessa forma, estabelece-se bem mais do que uma ajuda – cria-se cooperação, com ganhos para todas as partes.

mais rentáveis.

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Tecnologia no campo

Modelo de implantação sustentável Projetos Agroprocessamento

• Com acesso ao mercado local para substituição da importação

Treinamento & Capacitação

2 • Máquinas e equipamentos adequados ao objetivo e ao arranjo produtivo • Sementes, fertilizantes etc.

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• Custo de produção competitivo

• Gestão agroindustrial

• Qualidade

• Capacidade de pagamento do nanciamento

• Produtividade

• Know-how

Estruturação Financeira

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Pacote Tecnológico

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Produção Sustentável

Produção industrial e capacitação

Altamir Rôso

Indústria está preparada para atender demanda de máquinas

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Política agrária

Neivaldo de Lima Virgílio

Minas Gerais avança na regularização de terras O Governo de Minas vem se tornando uma referência nacional quando se fala em enfrentamento dos graves problemas agrários ainda existentes no Brasil.

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Estrutura sindical

Estrutura sindical brasileira desperta curiosidade de delegações da CPLP Ministros, embaixadores e integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, que participaram da I Conferência Internacional de Desenvolvimento Econômico e Erradicação da Pobreza por meio da Agricultura, estiveram reunidos com a diretoria do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba.

No encontro com o presidente Romeu Borges Júnior e a diretoria da entidade, foram questionados diversos assuntos, como a forma de trabalho e ações do Sistema Sindical Patronal Rural do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba. Despertou curiosidade das delegações africanas a forma de funcionamento do SRU e quais os benefícios que os produtores recebem como associados, como é desenvolvido o trabalho das mulheres rurais e qual o posicionamento dos jovens com o setor agropecuário.

“Conseguimos tirar varias dúvidas que acabam sendo empecilho para o desenvolvimento do agronegócio naqueles países e que podem ser 76

implantadas para o desenvolvimento da cadeia produtiva. Recebemos uma carga histórica muito grande dessas pessoas e, como entidade, é nossa função auxiliá-los no que for preciso para melhorar a produção agropecuária, especialmente, dos países africanos”, explica Romeu.

Para o Ministro de Cabo Verde Gilberto Silva é importante a troca de informações para que o país capte as experiências positivas do Brasil.

“As questões agronômicas são mais fáceis de serem resolvidas, mas a organização da produção é que precisam ser melhoradas e é onde deve ser atacada, além disso, a função do estado é outro assunto a ser discutido e

precisamos das informações para melhorar a cadeia produtiva de Cabo Verde.”

Uberaba, destaque na produção agrícola e pecuária de Minas Gerais e do Brasil Primeira cidade do PIB do agronegócio do estado mineiro e a 19º do Brasil, segundo levantamento do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de 2014, as atividades agropecuárias no município de Uberaba ganharam, com o passar dos anos, espaço nos mercados nacional e internacional.

A diversificação agrícola, a logística

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privilegiada, cidade berço das raças zebuínas e de universidades de renome – que oferecem ensino de qualidade –, a intensificação da produção com práticas tecnológicas, que elevam a produtividade das culturas ao mesmo tempo em que promovem a preservação ambiental, fizeram do município referência no agronegócio.

Intercâmbio de experiências e conhecimento Delegações dos países participantes da Conferência Internacional CPLP se reúnem na sede do SRU

Contando com empresas que apóiam e defendem o setor, como é o caso do Sindicato dos Produtores Rurais de Uberaba, cerca de 4 mil produtores fazem o desenvolvimento rural com profissionalismo.

O presidente do SRU, Romeu Borges Júnior, esteve na Angola em 2010 e acredita que o caminho é a formação e

capacitação de profissionais das Ciências Agrárias, para que eles assessorem o desenvolvimento do agronegócio nos países africanos e de língua portuguesa. “O meu sentimento como profissional, que estive em Angola por quase um mês, é que o intercâmbio para o desenvolvimento da agricultura e pecuária da África tem que

passar pela vinda de africanos ao Brasil, para estudar e também trabalhar em propriedades do agronegócio. Desta forma, eles poderão retornar aos países de origem com mais conhecimento e vivência das atividades, virtudes e dos desafios do setor primário brasileiro, que tem clima e solo semelhantes aos africanos”, conclui Romeu.

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