intolerância e racismo
contra religiões de s a n a ic r f a s e iz r t ma O Brasil vem estruturando as relações sociais a partir dos interesses da acumulação de bens, ancorando-se no patriarcado e no escravismo, para reproduzir/ expandir privilégios de grupos que detêm o poder. Para impor o domínio, esses grupos disseminaram a ideia de uma suposta unidade pacífica e de relações raciais democráticas. Contudo, mesmo após a abolição (formal) da escravidão, as condições aviltantes de descendentes de africanos/as escravizados/as de diferentes etnias pouco se alteraram. Sob o cimento ideológico de preconceitos que serviram para inferiorizá-los, até hoje esses segmentos constituem a base da pirâmide social: “a carne mais barata do mercado”. Na verdade, o preconceito e a discriminação se perpetuaram, reafirmando imagens/lugares menos qualificados, que “justificam”, naturalizam e banalizam não só processos de subalternização de classe, como estereótipos negativos sem base plausível, fomentando a intolerância, o ódio, a negação/ exclusão de desses segmentos. Tais esquemas de inferiorização dogmáticos e acríticos consistem em expressões do racismo, do
conservadorismo moral, do fascismo e fundamentalismo religioso. Nisso residem alguns elementos da criminosa intolerância religiosa contra as Religiões de Matrizes Africanas: umbanda, candomblé e outras. Caracterizo como intolerância (criminosa) todas as situações de constrangimento/coação/agressão - seja moral, psicológica, cultural ou física, contra indivíduos/grupos e/ ou seu patrimônio. E aqui refiro-me tanto ao patrimônio físico, como ao patrimônio imaterial/intangível, como o legado cultural/religioso. Mas torna-se importante a distinção entre a intolerância religiosa (geral) e a intolerância dirigida às Religiões de Matrizes Africanas (específica), determinada, nos termos de Fanon, em “Pele negra, máscaras brancas”, pelo “racismo cultural com motivação religiosa”. No caso dos ataques contra as Religiões de Matrizes Africanas, trata-se de uma expressão do Racismo Estrutural; mas não é uma questão apenas fenotípica: é cultural. Quando se trata de violência com evidentes contornos de racismo cultural, o alvo é toda a coletividade de adeptos/as e seu patrimônio, configurando-se o que estou denominando um “etno-epistemicídio”. Nesse caso,