Agenda 2019 - Assistentes Sociais no Combate ao Racismo

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reparações à população quiloombola

no estado brasileir A introdução do latifúndio agroexportador no Brasil foi acompanhada do trabalho compulsório de homens e mulheres arrancados violentamente do seu lugar de origem: a África. A escravidão, como marco histórico, definiu o sistema sociopolítico e econômico do período colonial e influenciou a constituição do capitalismo brasileiro e seus mecanismos de exploração/ dominação. Foram três séculos de escravidão, de violência, opressão/ exploração, humilhações e violação de direitos humanos, impossível para um “mito de democracia” conseguir apagar as marcas impressas no corpo e na alma de gerações e gerações massacradas. Massacre que cotidianamente se repete no extermínio da juventude negra, pobre e moradora de favelas e periferias do país; na pobreza; no desemprego e subemprego de negros/as, cujo racismo impregnado na estrutura do capitalismo sequer lhes possibilita uma igualdade na classe trabalhadora; no analfabetismo que os/as impossibilita de sonhar com uma profissão; na dificuldade de ingressar e permanecer na universidade; na morte precoce por condições de vida e de trabalho

diferenciadas e pelo não acesso a serviço de saúde de qualidade; no racismo que barra e aniquila possibilidades de acesso a direitos de cidadania; na violência sofrida pelas mulheres; no nível de encarceramento da população; na perseguição às religiões de matrizes africanas, entre outros fenômenos. O racismo estrutural, ao mesmo tempo que impede o Estado brasileiro de reconhecer esse massacre, também põe obstáculos para realizar uma verdadeira reparação histórica pelas atrocidades cometidas contra a população negra em território brasileiro, expressas, por exemplo, na interdição do acesso à terra/ territórios quilombolas, como espaços históricos de reprodução material e cultural representada por inúmeras ações movidas contra o direito das Comunidades Remanescentes de Quilombos (CRQs) nos termos previstos pelo Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição de 1988. Atualmente os setores burgueses exercem o seu poder no Legislativo nacional e judicialmente, para barrar a titulação dos territórios quilombolas, responsáveis pela continuidade de um modo de vida e uma cultura singular, construídos na resistência ao escravismo.


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