SP INFORMAÇÃO DEZEMBRO 2010

v. 8, n° 3, ano 2010 | Outubro - Novembro- Dezembro

É com grande satisfação que convidamos todos os sócios e participantes de Comitês para participar da festa de fim de ano de nossa Sociedade.

Agende-se, a data está marcada para o dia 07 de dezembro na sede da SPRGS. Momento em que poderemos somar todas as nossas alegrias e compartilhar o nosso entusiasmo no desenvolvimento de uma Sociedade cada vez mais atuante e representativa na área da Psicologia.

Venha confraternizar conosco! Contamos com sua participação!

Informativo da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul | 1

Editorial

Palavra da Presidente

A

É

com grande satisfação que apresentamos o último SP Informativo de 2010, ano de trabalho conjunto, realizações, projetos. Na coluna palavra da Presidente, Iara Camaratta Anton, faz um balancete geral das atividades realizadas este ano. Inúbia Duarte apresenta as idéias e atividades em torno da próxima Jornada, em 26, 27 e 28 de maio de 2011, “O ato como linguagem”. Convidando a todos para participar deste espaço de troca e reflexões.

Em clima de balancete, o núcleo de Caxias do Sul, coordenado pela psicóloga Cátia Deon Dall’Agno, apresenta as atividades desenvolvidas pelo núcleo ao longo deste ano. O comitê de Psicologia e Educação relata as discussões a cerca do tema da violência e bulliyng na escola, realizando, em setembro, o I escola em foco.

Luciane Xavier Branco apresenta o projeto do Nesp “Em terapia”, atividade basiada na reflexão e debate de episódios do seriado In Treatment. Norma Beck mostra a importância das relações entre a Sociedade e a comunidade, relatando o trabalho desenvolvido em parceria com o Instituto Educacional Santa Anita.

Este ano duas premiações importantes ocorreram na nossa Sociedade, XV prêmio estudante e I prêmio recém-formado, os quais serão comentados por Patricia Viviani da Silva, diretora do exercício profissional.

Na coluna interdisciplinar, a nutricionista Ana Carolina Trerrazzan, apresenta suas reflexões sobre o aleitamento materno.

O processo de passagem da adolescência para o mundo adulto é abordado por Daniela Weber Bratz em Alice e o tornar-se mulher.

Nas colunas cultura e leitura, Luciana Menezes de Azevedo apresenta suas reflexões sobre o filme “Um sonho possível”. O comitê de psicanálise, tendo como pano de fundo a obra literária “o Túnel”, apresenta os trabalhos desenvolvidos a partir do tema das estruturas psíquicas em Freud.

Estamos no final do ano e temos muito o que brindar. Venham comemorar conosco!

proxima-se mais um final de ano, época na qual passado, presente e futuro chamam nossa especial atenção, estimulando um balancete geral e reforçando nossas melhores intenções. A SPRGS, ao longo de 2010, acolheu novos associados e procurou reforçar o elo com os antigos. Realizações foram apresentadas em Assembléia Geral e constam, resumidamente, no site; neste, criamos novos espaços, a serem ocupados por sócios jubilados, dispostos a escreverem sobre seus laços com a instituição, e por patrocinadores (pessoas físicas) que têm apoiado realizações da SPRGS, através de verbas e/ou de prêmios. O site deverá abrigar também os banners de empresas patrocinadoras.

As “meninas dos olhos” de 2010 foram o I Fórum sobre Sexualidade Humana e os Prêmios Estudante (15ª edição) e Recém-Formado (1ª edição) e, em 2011, deverá ser a Jornada Bi-Anual, cujo tema central contempla os mais diversos vértices da psicologia: “O Ato como Linguagem”. Estamos cheios de expectativas em relação a este evento, para o qual estão convidadas diversas outras instituições.

O Psicologia e Cultura tem abordado, em 2010, diferentes temas entrelaçados ao redor de um eixo central: mitos. Casa cheia, abordagens ricas e variadas têm sido a tônica. Em 2011, os encontros focarão a Comunicação Humana – imperdíveis.

Alguns Núcleos do Interior têm se destacado na realização de eventos que fazem a diferença. Parabéns!

Dentre as mudanças realizadas, está a antecipação das eleições, para que a diretoria eleita possa, se assim o desejar, participar das reuniões da diretoria atual, favorecendo o processo de transição; a posse há de ocorrer no dia 01/07/2011, seguindo normas estatutárias.

Agradeço a esta imensa e dedicada equipe de trabalho, que faz da SPRGS uma respeitável e fecunda organização, incluindo às colegas licenciadas, Sílvia Dian e Vanéli Ribas. Apresento nossas boas-vindas à Rosa Squeff, que passou de suplente para efetiva, já bem integrada à Diretoria e realizando um belo trabalho.

Desejo que todos possam festejar a passagem de um ano plenamente satisfatório para outro melhor ainda. Contamos com sua participação e contem conosco também! Grande abraço a cada um de nossos associados e leitores!

Cordialmente,

Iara L. Camaratta Anton

Notícias Novos Sócios

O Ato como Linguagem

Gisele Cristina Engelman Kunst Martina Dillenburg Scur Patricia de Macedo Cardoso

Júnia de Castro Flores Luísa Puricelli Pires Lunara Soares Pilecco

Aline H. Padilla Jimena Anollés Pereira Marcelo Viana Galli

Expediente Diretora Científica: Inúbia do Prado Duarte Diretora Financeira: Laura Suzana Sacchet Jaskulski Diretora Sócio-Cultural: Luciana Menezes de Azevedo DIRETORIA

Diretora do Interior: Vanéli Karine Closs Ribas

Presidente: Iara de Lourdes Camaratta Anton

Diretora do Exercício Profissional: Patrícia Viviani da Silva

Diretora Administrativa: Lisandre Dreyer da Silva Matte

2 | SP Informação | Julho - Agosto - Setembro 2010

Diretor Suplente 1: Leonardo Della Pasqua Diretora Suplente 2: Rosa Beatriz Santoro Squeff SP Informação Comissão Editorial: Luciana Menezes de Azevedo Leonardo Della Pasqua Gabriela Ribeiro Filipouski Mônica Echeverria de Oliveira Revisão: Maria Luci Prestes

Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul Rua Felipe Néri, 414/2ºandar Porto Alegre/RS CEP 90440-150 Fone/Fax: (51) 3331-8586 E-mail: secretaria@sprgs.org.br Site: www.sprgs.org.br Tiragem: 500 exemplares Gráfica Calábria - 3245-7222 Projeto Gráfico: Grau Soluções Gráficas www.grausolucoes.com.br Os artigos e opiniões são de inteira responsabilidade dos autores.

V

ivemos isolados? Sobrevivemos sem comunicação? Transmitir o que sentimos, pensamos e desejamos faz parte intrínseca da natureza humana. Sorrisos, lágrimas, apertos de mãos, olhares, gestos... Quantas palavras são necessárias para descrever somente um desses atos? E quanto esforço é preciso para transmitir os afetos que podem conter e expressar?

Está chegando o momento de nos encontrarmos em uma próxima JORNADA. Etapas preparatórias vêm sendo cumpridas, objetivando estimular e motivar colegas, sócios, não sócios, profissionais e estudantes universitários de todos os segmentos das demais ciências que têm por finalidade o estudo aprofundado

do ser humano, na relação consigo mesmo e com o meio no qual está inserido.

Durante o planejamento das atividades, procuramos enfatizar e ter coerência com os objetivos da gestão 2009-2011: a inserção dos sócios nos eventos científicos, culturais e sociais. Para isso, acatamos a sugestão de temas e criamos o concurso para a escolha da imagem-símbolo da Jornada.

Intenção semelhante teve a substituição dos tradicionais Temas Livres em Mostras Criativas, cujos conteúdos relacionam-se ao tema central, valorizando a participação interativa interdisciplinar nas mesas que comporão o programa em processo de elaboração pela Comissão Científica. Também para compor essa Co-

missão, diversificar e abrir espaços para novas idéias, vem sendo convidados colegas de diferentes grupos das ciências humanas.

Tivemos o cuidado de escolher um lugar agradável para a realização do evento, a SOGIPA, para que os dias 26, 27 e 28 de maio de 2011, possam ficar marcados em nossas memórias e na história da SPRGS, com a riqueza e a intensidade que sejamos capazes de vivenciá-los.

Por isso, esperamos que os atos da Comissão Organizadora se traduzam em linguagem, contendo a mensagem: “venham participar que valerá a pena!” É nosso convite carinhoso a todos vocês!

Inúbia do Prado Duarte.

Informativo da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul | 3

Interiorizando

O

ano de 2010 tem sido bastante produtivo para o Núcleo Caxias do Sul da SPRGS. A equipe coordenadora se reúne semanalmente, para a discussão de eventos, palestras e atividades, para confraternização e troca de idéias.

Existem, atualmente, dois Comitês em andamento: Transtornos Alimentares e Estudos sobre a obra de Antonino Ferro. Um terceiro, de Técnica Infantil, está com as inscrições abertas e em breve iniciará suas atividades.

Ao longo deste ano, o Núcleo Caxias do Sul da SPRGS realizou alguns eventos:

• palestras para pais, professores e alunos, realizadas no espaço escolar: no mês de junho, as colegas Marina Gazolla e Patrícia Bisol palestraram na escola infantil Estação Criança; em agosto, as colegas Celoni Vieira Pontalti (coordenadora do Comitê) e Marina Gazolla, do Comitê de Freud, conversaram, com alunos e professores da escola municipal Angelina Sas-

Espaço Científico

si Comandulli, sobre Sexualidade na Adolescência. Nos dias 4 e 5 de novembro, foram realizadas palestras em duas escolas infantis, voltadas para pais e professores, com boa participação do público. Os temas escolhidos foram, respectivamente, o Brincar, desenvolvido pelas colegas Patrícia Bisol e Marina Gazolla, e o Encurtamento da Infância, desenvolvido por Cátia Deon Dall’ Agno e Débora Signorini.

• debates abertos à comunidade especializada: em agosto, no Dia do Psicólogo, o Comitê de Freud promoveu a palestra “ As controvérsias do sujeito psiquico: recusa ou recalcamento”, com a presença da colega Bárbara de Souza Conte. Após a palestra, todos confraternizaram com um jantar.

• debates envolvendo a comunidade ampliada: em novembro, o Comitê de Transtornos Alimentares, nas dependências da Universidade de Caxias do Sul, promoveu a exibição do filme O Preço da Perfeição (Jan Egleson, 1997), com posterior comentário das colegas Analiz Zoppas e Marina Gazolla e a colaboração de profissionais das áreas da medicina e nutrição.

As atividades que realizamos têm estreitado a relação da SPRGScom a comunidade científica e cultural caxiense, além de divulgar a psicologia em seus mais diversos âmbitos e contribuir para o bem estar da população em geral. Nossa

4 | SP Informação | Julho - Agosto - Setembro 2010

idéia é ampliar cada vez mais a atuação do núcleo, procurando organizar atividades que envolvam outras áreas da pasicologia, tais como a escolar, a comunitária e a hospitalar.

Também temos assegurado espaço para divertimento e confraternização!

Nossas reuniões semanais são de muito trabalho, porém não deixamos de “ jogar um pouco de conversa fora”, enquanto tomamos o chazinho da Débora, com os biscoitos da Pati ou da Marina. Eventualmente, nos reunirmos para um jantar, com um um bom papo e um vinho pra acompanhar...

Como coordenadora do Núcleo, tenho muito orgulho de toda a equipe, que trabalha em conjunto, recebe contribuições importantes de todas , mostrando engajamento, seriedade e responsabilidade em relação às atividades a que nos propusemos realizar. Fundamentalmente, o prazer e o amor envolvidos neste trabalho se tornam o verdadeiro motor de nossa ação e praticamente garantem seu sucesso. Há um item, porém, que precisa ser ressaltado: temos profundo respeito por todos os colegas da psicologia, que trabalham nas mais diversas áreas e linhas de ação,e que, todos os dias, realizam atividades nas quais acreditam encarregando-se profissionalmente de amenizar o sofrimento humano. É para eles que dedicamos nosso trabalho.

Um grande abraço a todos.

Cátia Deon Dall’ Agno Coordenadora do Núcleo Caxias

I ESCOLA EM FOCO Violência e bullying na escola: o que está por trás disso?

O

Comitê de Psicologia e Educação da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul, atento às questões que perpassam o cotidiano escolar, proporcionou, no dia 25 de setembro, a realização do I Escola em Foco. O evento, destinado a psicólogos, professores e ao público escolar em geral, objetivou abordar o tema da violência e bullying na es-

cola, procurando contextualizar estes fenômenos dentro de uma perspectiva mais abrangente.

As palestrantes convidadas contribuíram para o êxito do evento, trazendo inúmeros aportes para reflexão a respeito do trabalho que é desenvolvido por todos os segmentos que compõem a comunidade escolar.

As temáticas sobre limites e poder foram abordadas por Marisa Faermann Eizirick (Psicóloga) e Cláudia Freitas (Pedagoga) que, em conjunto, apresentaram idéias de Rubem Alves, Foucault, entre outros autores. Valéria de Leonço (Pedagoga) e Maria Regina Fay de Azambuja (Promotora da Justiça) discorreram sobre o que está por trás do fenômeno bullying,

Informativo da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul | 5

Espaço Científico

ampliando conhecimentos sobre o contexto em que está inserido e enfocando a legislação vigente.

Entre os enfoques destacados estiveram a falta de um olhar sensível e sintônico, a falta de disponibilidade para mudança e o excesso de indiferença observado em nossa sociedade que, por sua vez, é reproduzido na escola. Se pensarmos que nascemos dependentes e somos constituídos pelo olhar do outro, a escola torna-se fundamental neste processo de espelhamento, onde tudo é aprendido e está permeado por relações de poder.

Este poder não é da ordem da posse; surge nos relacionamentos, como por exemplo, entre alunos e professores. Estamos implicados em jogos de poder o tempo todo; onde há possibilidade de resistência, há relações de poder.

A escola, diante da atual conjuntura social, encontra-se perdida e os professores sem poder, sem valorização. Muitos são meros empregados de grandes empresas-escolas. Os alunos, por outro lado, vivenciam um mundo altamente tecnológico, com acesso a muita informação e valorização de outros processos culturais, que contribuem para um maior distanciamento dos professores. Estes, muitas vezes, encontram-se desamparados, pois não sabem ou não aprenderam em suas formações, formas de lidar com esse novo mundo. Percebe-se, portanto, a crescente desvalorização do papel de professor.

Muitas vezes, ele próprio se desvaloriza, ao delegar seu papel para “além dos muros da escola”, num excesso de encaminhamentos para médicos e psicólogos dos “alunos problemas”. Em vista disso, há necessidade de pensar práticas inovadoras que rompam com a lógica presente e promovam empatia e novas leituras, pois, como refere Rubens Alves, “sem a educação das sensibilidades, as habilidades tornam-se tolas”.

Na contemporaneidade há pouco espaço para se pensar na solidariedade, na preocupação com a dor do outro, o que provoca o fenômeno bullying.

Núcleos

A escola passa a ser cenário de repetição de comportamentos violentos e isolados que também existem fora dela e vai constituindo uma prática não solidária e desrespeitosa com o outro. Desta forma, também recai sobre o aprender uma sombra, onde encantamento e a descoberta, promotores da curiosidade para a aprendizagem, inexistem. Os professores perderam a paixão por ensinar e os alunos a paixão pelo aprender.

As questões sociais foram abordadas polemizando uma expressão que enfatiza a banalização do bullying e da violência na escola, qual seja: estamos vivendo um “momento bullying”?

Entre os enfoques destacados estiveram a falta de um olhar sensível e sintônico, a falta de disponibilidade para mudança e o excesso de indiferença observado em nossa sociedade que, por sua vez, é reproduzido na escola.

Tal questionamento levantou polêmica no debate, por evidenciar uma banalização sobre temática que necessita reflexões significativas, assim como outros fenômenos que ocorrem nas escolas e na sociedade. Neste sentido, hoje, a escola é a grande depositária da formação do sujeito, preenche a falta da família. Os professores, assoberbados em sua jornada de trabalho, têm limitações para lidar com isso. Novamente, é imprescindível uma preocupação com o outro – empatia – atitude decisivamente importante para o trabalho na escola. Quando nos

6 | SP Informação | Julho - Agosto - Setembro 2010

importamos, nomeamos situações significativas, fornecemos aos alunos registros de humanidade, valorizamos a condição de sermos-uns-com-os-outros. Por isso, ampliar e fortalecer a rede de apoio à escola é uma possibilidade de parceria necessária para conter situações que envolvam violência.

Sendo assim, é necessário maior conhecimento das leis, como o Estatuto da Criança e do Adolescente. O desconhecimento da importância da infância no ciclo da vida se junta ao desconhecimento desse estatuto, podendo provocar um sentimento de desamparo, tanto das crianças, que se vêem sem deveres - só com direitos - quanto dos adultos, que se sentem fragilizados e sem autoridade, uma vez que não se dão o direito de ter voz. No entanto, a legislação prevê direitos e deveres tanto para as crianças quanto para os adultos. À medida que a infância passar a ser vista como um período importante do desenvolvimento humano, que precisa ser cuidado e investido, será possível construir uma sociedade menos violenta e mais sadia. Se esse cuidado for internalizado nas relações cuidadores-crianças, a lesgislação será uma medida externa de controle, em que a lei serviria para regulamentar um cuidado natural.

Enquanto isso não acontece, um passo importante é pensarmos na capacitação de cuidadores (pais e professores), informando, produzindo formas de pensar que se reflitam em ações mais efetivas na construção de redes de apoio. A escola ainda é um dos espaços capazes de viabilizar esses encontros.

O Comitê de Psicologia e Educação sentiu-se revitalizado com este encontro e encorajado a dar seguimento a maiores discussões sobre novas temáticas que envolvam o universo escolar, pois é compromisso social do comitê a promoção da saúde e a preservação da dignidade humana.

NESP - Núcleo de Estudantes Desde o segundo semestre deste ano, o NESP começou a apresentar e problematizar com os estudantes o seriado In treatment. São diferentes episódios que mostram a relação entre terapeuta e paciente.

A atividade tem sido muito enriquecedora, amplia conhecimentos e possibilita que, através do debate, seja possível sentir um setting terapêutico. No último encontro, debatemos a respeito de um episódio que apresentou dois casos, o de um adulto maior e o de um casal. O caso do adulto maior mostrava a dificuldade de mudar velhos conceitos envolvendo um paciente com perfil dominador. Já o casal vivia uma crise conjugal. O modo como o psicanalis-

ta Paul, o protagonista, faz sua intervenção, acolhe e também dá rapport aos pacientes é sempre motivo de reflexão para os estudantes, que são orientados por psicólogos mais experientes coordenadores do NESP. Um aspecto que torna a discussão com os alunos interessante e produtiva é a preocupação com o contexto em que se inserem os pacientes.Cada episódio apresenta problemas e sintomas diversos.

O NESP está oferecendo às Universidades a possibilidade de realizarem, em forma de atividade de extensão, a discussão de vários temas abordados no seriado Em Terapia, com a orientação dos Psicólogos Gabriela Ribeiro Filipouski e Leonardo Della

Pasqua com objetivo de contribuir com os acadêmicos de psicologia.

Logo, se você for estudante, junte-se a nós, compareça à SPRGS, no primeiro sábado de cada mês e tenha a oportunidade de conhecer colegas de outras Universidades e de discutir com eles questões pertinentes ao seu futuro profissional. Esta atividades e outras que SPRGS proporciona, possibilitam a obtenção de certificado, reconhecida como atividade complementar.

Luciane Xavier Branco Acadêmica de Psicologia IPA Vice-Coordenadora do NESP

NIC - Núcleo de Intercâmbio com a Comunidade O NIC, no intuito de estender sua ação para a sociedade ampla, possui parceria com o Instituto Educacional Santa Anita, criado pela associação de moradores e que conta com convênio da SMED. Presta atendimento em turno integral a bebês e crianças de 1 a 5 anos e 11 meses.

No contexto em que vivem, as crianças e suas famílias encontram-se expostas a vários fatores de riscos psicossociais que as tornam vulneráveis. Por outro lado, a Creche também corre o risco de reproduzir estas condições ambientais.

Nossa principal ação tem sido colaborar na qualificação da equipe, realizada junto aos educadores e coordenação, procurando sensibilizar para o desenvolvimento da empatia, do olhar, da fala e do acolhimento e de que compete à creche, como ambiente organizado, possibilitar a estas crianças experiências positivas.

Com a mesma intenção, realizamos encontros com os pais/avós, dando atenção as suas preocupações, tanto individualmente como com encontros em grupo.

Em relação aos bebês e crianças, aconte-

cem observações em classe, que possibilitem olhar sua capacidade lúdica, tipo de apego e relações estabelecidas, subsídios para tentar melhorar a qualidade do atendimento.

De modo geral, buscamos colaborar para a manutenção de um lugar facilitador do desenvolvimento, experiência rica e desafiadora. Por esse motivo, se você quiser contribuir com esta iniciativa da SPRGS, junte-se à equipe do NIC e colabore para o estreitamento das relações entre a Sociedade e a Comunidade.

Norma Beck

NRF - Núcleo de Recém-Formados No dia 28 de agosto de 2010, na sede da Sociedade de Psicologia, ocorreu a cerimônia de premiação dos trabalhos vencedores do XV Prêmio Estudante e do I Prêmio Recém Formado. Em clima de festa e com a “casa” cheia, o público presente teve a oportunidade de escutar um breve relato de cada trabalho vencedor e brindar as produções científicas.

Os trabalhos premiados serão publicados na próxima edição da Revista da SPRGS.

Na mesma ocasião, aproveitamos a oportunidade para confraternizar pelo dia do psicólogo com os sócios e os futuros colegas.

A Diretoria da SPRGS agradece aos estudantes e recém formados que participaram destes concursos, enviando seus trabalhos e divulgando suas produções científicas.

Todos os trabalhos foram de excelente qualidade, e foi difícil a tarefa dos avaliado-

res até escolher os melhores. Os critérios de avaliação foram rigorosos e amplos, avaliando desde o tema escolhido até a atualidade das referências bibliográficas.

Parabéns aos Vencedores!

Patrícia Viviani da Silva Diretora do Exercício Profissional Gestão 2009-2011

Comitê de Educação

Informativo da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul | 7

Interdisciplinar

Opinião

Uma reflexão sobre aleitamento materno

O

aleitamento materno é um ato social. Presente na história há milhares de anos, evoluiu junto com a humanidade. Dentre os registros históricos, podemos citar as mães indígenas, que carregavam seus filhos junto ao corpo não apenas para protegê-los de ameaças, mas também para alimentá-los com leite materno. Na segunda metade do século XIX, nas famílias burguesas, destacavam-se as amas de leite: as escravas negras amamentavam primeiro os filhos dos patrões, pois eram tidas como produtoras de leites mais fortes.

A partir da década de 60, ocorreu, em âmbito global, uma supervalorização dos alimentos industrializados, tornando o aleitamento um ato secundário e, por conseqüência, houve desvalorização da mulher que amamenta, diminuição da cultura e transmissão dos conhecimentos sobre amamentação, afrouxamento do vínculo mãe-bebê e aumento da mortalidade infantil.

No Brasil, ao final da década de 70, surgem as primeiras iniciativas em prol do aleitamento materno e, durante as décadas de 80 e 90, programas mundiais de incentivo, retomam a antiga cultura, resultando, em 2001, na 54º Conferência de Saúde, em Genebra, que determinou a recomendação da Organização Mundial da Saúde, mantida, até hoje, como padrão ouro: “Aleitamento materno exclusivo até os 6 meses e complementar até os 2 anos de idade”. Tomando-a como base, é possível definir algumas das indiscutíveis vantagens do aleitamento materno.

Embora o conhecimento destas vantagens seja bastante disseminado, e hoje

• O leite materno é o alimento mais completo, contendo todos nutrientes apropriados para o organismo do bebê; • Possui fatores imunológicos específicos para o bebê, que não se encontram no leite de vaca e em nenhum outro leite ou fórmula láctea; • Protege contra doenças, como diarréia, otites, pneumonias e alergias, dentre outras; • É um alimento livre de contaminação, pois não necessita de manipulação; • Está pronto a qualquer hora, na temperatura certa para o bebê; • Favorece a criação do vínculo afetivo a partir do contato pelea-pele e olhos nos olhos; • Enquanto o bebê se alimenta, a participação e apoio do pai, irmãos e familiares favorece a continuação e prolongação da amamentação; • Amamentar pode contribuir para a diminuição do sangramento materno e volta do útero ao tamanho normal; • O ato de amamentar diminui o risco de câncer de mama e ovários.

existirem diversas políticas e programas que tratam da promoção, proteção, manejo e incentivo ao aleitamento materno, segundo a II Pesquisa de Prevalência de

8 | SP Informação | Julho - Agosto - Setembro 2010

Aleitamento Materno nas Capitais Brasileiras e Distrito Federal, publicada em 2009, pelo Ministério da Saúde, a prevalência de mães que amamentam seus filhos exclusivamente é baixa, sendo a estimativa de duração mediana do AME de 54,11 dias (1,8 meses) no conjunto das capitais brasileiras.

O que realmente influencia na baixa adesão e manutenção da amamentação?

Que importância os profissionais da saúde dão de fato aos benefícios do aleitamento materno? Nossas informações dão atenção às dúvidas, incertezas e inseguranças das nutrizes? Oferecemos orientação e apoio de qualidade às mulheres que têm dificuldades relativas ao aleitamento?

O leite materno é comprovadamente o melhor, mais nutritivo e mais completo alimento para bebês, sejam estes nascidos a termo ou prematuros. Contudo, embora seja natural, vantajosa e instintiva, em muitas vezes, a amamentação, para ser bem estabelecida, precisa ser aprendida e orientada. Assim, apoio e orientação para a mulher que amamenta é indispensável, pois o ato de amamentar vai muito além de nutrir o recém-nascido. Amamentar é, em linhas gerais, alimentar e criar vínculo. O momento da amamentação é único para o binômio mãe-bebê, é o momento do contato pele a pele, da interação visual, da construção do amor. Por isso, o aleitamento materno é a base dos fundamentos e ligado a essência da nossa constituição como seres humanos.

Ana Carolina Terrazzan Nutricionista - CRN 8330

Alice e o tornar-se mulher

A

lice no País das Maravilhas, conhecido também como Tim Burton’s Alice in Wonderland (2010), é um filme drigido por Tim Burton e baseado no clássico Alice no País das Maravilhas, escrito por Lewis Carroll. O roteiro do filme, diferentemente da história original, apresenta a personagem Alice já com 19 anos. A história é conhecida por crianças, adolescentes e adultos e costuma ser rememorada quando alguns necessitam, em algum momento, recorrer ao interno, seja num sonho ou na fantasia, para buscar respostas às indagações impostas pela vida. Bom seria se este interno fosse realmente um “país de maravilhas”, com dificuldades e resistências, mas também com a possibilidade de ser visitado com livre trânsito...

Conta a narrativa que Alice, ainda menina, percebendo-se encarregada de assumir responsabilidades do mundo adulto, se vê amedrontada com o desconhecido e temido desafio. Tanto a festa de noivado quanto o pedido de casamento foram grandes surpresas para Alice, que tinha ainda questões da passagem menina/mulher para resolver. A necessidade de dar um retorno ao pedido do pretendente diante de tantas pessoas fez com que a personagem buscasse respostas quanto ao seu verdadeiro desejo. Naquele momento, Alice estava capturada pelo desejo do outro, engarrafada no ideal parental que lhe sufocava e não permitia que a sua vontade pessoal aparecesse.

Casar-se com um homem escolhido por outros não lhe parecia a melhor alternativa, mas então o que fazer?

Prisioneira do gozo do outro, viu-se em algum momento incapaz de lutar sozinha por seus objetivos, o que é perce-

bido pelo sábio, que diz haver observado que ela não era totalmente Alice. A protagonista realmente não estava podendo ser ela mesma, sentia-se capturada pelo anseio do outro, precisava resgatar sua identidade, o si mesmo, ou aceitar a trajetória que lhe era intitulada. Desesperada, foge seguindo um coelho branco, e vai parar no País das Maravilhas, local que ela visitou quando era mais nova, mas não lembrava mais. O buraco pelo qual ela acaba por “cair” ao ir atrás do coelho mostra o quanto tudo o que se passava com ela parecia assustador, obscuro e incerto. É como se Alice não soubesse que a passagem da adolescência para o mundo adulto exige um bocado de trabalho, mas ainda assim ela resolveu enfrentar o desafio.

Na infância, protegida pelo olhar dos pais, a certeza de que nada de ruim poderia lhe acontecer agora está sendo colocada em questão, já que via a necessidade de enfrentar suas questões sozinha.

O beliscão já não fazia mais efeito, outras saídas deveriam ser buscadas para enfrentar as adversidades. Não podia mais fugir do que estava sendo colocado em cena.

Por outro lado, a personagem podia contar com tudo o que tinha vivenciado e internalizado, representado pelo sábio, o cão-guia, o gato mágico. Alice tinha recursos para lidar com as questões da vida e do crescer. No entanto, vencer o “dragão”, que pulsava dentro de si, ainda lhe parecia uma batalha inglória. Ela precisava acreditar em si mesma, resgatar a sua grandeza para poder superar o desafio de tornar-se mulher e dona de si, o que só conseguiu quando pode confiar em quem era, apropriando-se de si mes-

ma e assim podendo fazer suas escolhas.

Esticar, encolher, não foi simples achar o tamanho ideal. Qual era o tamanho necessário para Alice enfrentar sua passagem? O dilema da personagem era representado pelo desejo de permanecer pequena e cuidada e também pela vontade de ser grande e independente.

No filme, que amplia a idade de Alice e supõe um espectador contemporâneo, uma sociedade e cultura que têm como valor a velocidade e a rapidez, a questão do tempo, representada pelo coelho com o relógio, se torna mais angustiante. Dessa forma, o conflito se torna mais ameaçador, pois não leva em conta o tempo individual necessário para a abertura ao mundo adulto, crucial na vida de todo ser humano.

Por isso, o filme pode favorecer que muitas “Alices”, identificadas com a protagonista, consigam fazer essa passagem, tenham condições de se pensar, se descolar e, principalmente, de se apropriar de si mesmas, em vez de ficarem capturadas pelos ideais e desejos alheios.

Daniela Weber Bratz

Informativo da Sociedade de Psicologia do Rio Grande do Sul | 9

Cultura

Um sonho possível

O

filme Um sonho possível (The blind side, 2009) retrata a história do adolescente Michael Oher (Quinton Aaron), filho de mãe drogada que vive geralmente de favores no subúrbio onde mora. Seu pai adotivo, ao perceber que o rapaz tem alta habilidade para esportes que envolvam o uso da bola, o matricula em uma escola particular cristã, que o aceita para reforçar o time de futebol americano. Sua presença provoca certo incômodo no grupo de professores, é rotulado como um fracassado, pois já passou por várias instituições de ensino e sempre foi visto como um aluno fraco...

Um belo dia, ele é encontrado na rua

por Leigh Anne Tuohy (Sandra Bullock) que, ao saber que o rapaz é colega de turma de sua filha, insiste em agasalhá-lo, já que ele vestia apenas bermuda e camiseta, apesar de estarem em pleno inverno.

Leight é uma mulher de decisões rápidas, decidida, batalhadora, e não hesita em convidá-lo para passar a noite em sua casa. Nessa casa, além de agasalho e alimento, Michael encontra uma família estruturada que o acolhe.

A partir daí, Michael Oher começa a mostrar a que veio, surpreende com a capacidade de analisar o que acontece ao seu redor, e, aos poucos, vai conquistando a confiança dos professores, e de alguns colegas. O jovem encontra estímulo para enfrentar suas dificuldades, recebe apoio, investimento financeiro e afetivo.

Supera dificuldades e consegue, por fim, traçar projetos de futuro, tanto no âmbito familiar quanto escolar. É um filme tocante que desperta emoções. A trama desacomoda, faz olhar para o outro de um modo mais humano, e estimula a apostar no que o outro tem de melhor para oferecer, o que muitas vezes é negado. Pelo caráter altruísta, representado pela intenção se de dedicar ao outro sem esperar nada em troca, é também uma bela lição de autodescoberta e pode valorizar a possibilidade de crescimento, aprendizagem e autonomia, mesmo que a origem social faça prever, a princípio, um futuro sem perspectivas.

nais, desenvolvemos alguns trabalhos que visam aprofundar nossos conhecimentos.

Utilizamos como pano de fundo, para entender o psiquismo, uma obra literária, uma vez que as consideramos (as obras literárias) importantes instrumentos de investigação. Assim, percorremos a trajetória da doença mental do personagem principal: Juan Pablo Castel, da obra “O túnel” do escritor argentino Ernesto Sábato. À luz da teoria freudiana investigamos as vicissitudes da doença mental do protagonista em uma travessia que parte de uma importante falha no narcisismo primário até a ruptura com a realidade, culminando em um crime passional.

Na sequencia,inicialmente,apresentam os nossa produção para a Sociedade de Psicologia sob o título: “Há luz no fim de o túnel?”e escrevemos um trabalho para uma revista de Porto Alegre. Atualmente, e em virtude da Jornada no próximo ano, estamos escrevendo um trabalho sobre o tema do Crime passional, com o intuito de concorrer para a Mostra Criativa da

Jornada em maio próximo, aproveitando o tema do “Ato como Linguagem”. Posteriormente, esta última produção será publicada na revista da Sociedade.

Gostaríamos ainda de compartilhar com os Colegas que nosso comitê participou dos Temas Livres da última Jornada de Psiquiatria Dinâmica do CELG, em Gramado. Momento em que a Sociedade se fez representar. Fomos ainda, convidados a publicar o trabalho em sua revista.

Pensamos, para o futuro do Comitê, contemplar outros temas como o das neuroses e perversões até o final da atual gestão, utilizando contos machadianos como estímulo para percorrer as estruturas psíquicas.

O comitê é coordenado por Magda Mello e hoje tem como participantes: Aurinez Rospide Schmitz; Cristina Herbstrith; Eliana Firpo; Fabiana Pereira; Luciane Xavier Branco; Maria Izabel Machado; Martina Dillenburg Scur; Mônica Echeverria de Oliveira; Nalu Macedo; Roberta Breda; Rosângela Martins; Thaís Chies; Viviane Pickering.

Luciana Menezes de Azevedo Diretora Sociocultural Gestão 2009-2011

Leitura

O

Comitê de Psicanálise vem se propondo a estudar, desde agosto de 2009, o tema das estruturas psíquicas em Freud, a saber: neurose; psicose e perversão, bem como patologias atuais em autores pós-freudianos. Com base neste propósito, baseados em leituras e discussões nos nossos encontros sema-

10 | SP Informação