Carta Aberta dos Movimentos e Organizações Feministas de Caruaru Caruaru, 08 de março de 2016. A atual situação política do Brasil e do Mundo reflete a crise econômica mundial do modo capitalista de produção cujo impacto é devastador para a vida de toda população especialmente das mulheres que no Brasil e na maior parte da América Latina ainda recebem salários 30% menores que os homens. A instabilidade política do nosso país aponta a fragilidade de um modelo de democracia representativa falido. Os poderes executivos, legislativos e judiciários não têm tido a capacidade de apresentar respostas eficazes para o povo. Nós mulheres, dos mais diversos movimentos e organizações feministas, reafirmamos a democracia e a necessidade de avançarmos com um modelo político participativo condizente com os anseios de um país livre e soberano. Compreendemos como fundamental, uma reforma do sistema político que garanta participação igualitária de mulheres e homens no Congresso Nacional e nos demais espaços de poder. Nos últimos anos avançamos na conquista de marcos legais a exemplo da Lei Maria da Penha e Organismos específicos de Políticas Públicas. Entretanto, especialmente em 2015, vivemos retrocessos que estão sendo propostos pelo presidente da Câmara Federal, Eduardo Cunha e pela bancada da bala, religiosa e ruralista. Há constante ameaça de retiradas de direitos já conquistados pelas mulheres, redução do orçamento da mulher e precarização dos serviços especializados, medidas que afetam diretamente a capacidade do Estado de dar respostas eficazes para violência contra mulher cujos índices em Caruaru e em todo país são cada vez mais assustadores. Nossas vidas estão ameaçadas. Não podemos nos calar e pagar por uma crise política e econômica que não é nossa. Não podemos admitir a minimização da violência contra mulher. Precisamos pressionar o Judiciário, o Governo Federal, o Congresso Nacional, a Assembléia Legislativa e o Governo do Estado de Pernambuco, a Câmara Municipal e a Prefeitura de Caruaru para que nossas reivindicações sejam urgentemente atendidas e possamos avançar na conquista dos Direitos Humanos das Mulheres e para que os Direitos já conquistados saiam do papel e tornem-se reais em nossas vidas. Reivindicações: 1. Reforma Política com paridade de gênero; 2. Derrubada da Lei que nos proíbe de amamentarmos nossos/as filhos/as em locais públicos; 3. Fim da Violência, dos Feminicídios e celeridade nas investigações e responsabilização dos assassinatos das mulheres; 4. Pela discriminalização do Aborto; 5. Contra a Reforma da Previdência; 6. Retorno em Caruaru do Plantão nos Finais de Semana da Delegacia da Mulher; 7. Fortalecimento no âmbito municipal de uma política de agricultura familiar que fortaleça a mulher agricultora e promova uma agricultura de base ecológica; 8. Pelo banimento dos Agrotóxicos banidos no exterior; 9. Sistema de Transporte Público Seguro, de qualidade e com preços justos. Que após as 22h os ônibus parem onde for solicitado pelas mulheres e não apenas nas paradas oficiais e Planos de Iluminação Pública que escute as mulheres; 10. Orçamento Público para Política para as Mulheres para além das previsões orçamentárias; 11. Sistema de Saúde que respeite o direito de escolha das mulheres; 12. Modelo de Educação que debate as questões de gênero no currículo escolar e mais creches de qualidade, em horário noturno e finais de semana; 13. Fim da utilização de recursos públicos para pagar shows que reproduzem e legitimam a desigualdade entre homens e mulheres; 14. Execução do poder público das propostas aprovadas na I e II Conferência Municipal da Mulher de Caruaru. Organizações que integram ato unitário no Caruaru: Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste – MMTR-NE; Marcha Mundial das Mulheres – MMM; - Movimento Olga Benário; Movimento Lutas e Cores; Movimentos de lutas nos Bairros, Vilas e Favelas – MLB; Movimento de Mulheres de Terreiros; Associação de Moradores do lajedo do Capim 4º Distrito (AMOLC); União dos Estudantes – UESC; Coletivo Afro Ilê Dandara; Coletivo Feminino do PCdoB; Afoxé Filhos do Lufã; Centro Sabiá; Ativista do Parto Humanizado; Diversa Centro de Pesquisa em Direitos Humanos, Gênero e Democracia; APODEC; ACACE; Núcleo de Estudos de Gênero e Enfrentamento da violência contra a mulher Elma Novaes (Nugen) da Faculdade Asces; Agroflor; Coletivo Feminista Entrelaçadas; Levante Popular da Juventude; Mulheres ativistas; Mulheres feministas.