

LUÍS EDUARDO
20 ANOS DEPOIS
LUÍS EDUARDO
20 ANOS DEPOIS
LUÍS EDUARDO
20 ANOS DEPOIS
PREFÁCIO
Brasília, 21 de abril de 1998; falecia prematuramente Luís Eduardo Maron de Magalhães. Nascido em Salvador, Bahia, em 16 de março de 1955, o Brasil lamentava naquela fatídica data e, no auge da juventude, aos 43 anos de idade, a desafortunada e abrupta partida de uma das maiores expressões políticas de sua geração.
Formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia, Luís Eduardo, egresso de tradicional família de políticos da Bahia, iniciou cedo sua carreira como militante ativo da causa pública. Deputado Estadual da Bahia por dois mandatos (1979-1987), elegeu-se Deputado Federal logo a seguir (três mandatos), tendo permanecido na Câmara Federal até seu precoce falecimento. Membro destacado da Assembleia Constituinte e notável Presidente da Câmara dos Deputados no biênio 1995-1997; protagonista inequívoco da aprovação de reformas fundamentais para a modernização do Estado brasileiro.
Cheguei à Câmara dos Deputados, em meu primeiro mandato, em 1999. Não tive, pois, o prazer de poder conviver com Luís Eduardo. Porém, nele procurei mirar-me como exemplo e modelo de parlamentar. E não foram poucas as lições que ele nos deixou. Inteligente, perspicaz, de discurso firme e harmonioso, habilidoso negociador, respeitado por seus pares de diferentes matizes.
No curso de sua tão breve, porém imensamente profícua, trajetória, Luís Eduardo desembainhava contínuas demonstrações de sua maestria na arte da política, na sua forma maiúscula e engrandecedora, voltada para as grandes causas e o bem comum. Com um discurso eloquente e sem hesitações arrancava a admiração até de seus opositores. Com paixão e emoção, sua retórica explanatória e envolvente não negava sua inteligência, que revelava uma conjunção
congruente entre atitude e realidade. Um cidadão edulcorado da tão aclamada equação de fortuna e virtú.
Outro aspecto ressaltante de seu mecanismo retórico, e que o caracterizava com distinção, sobretudo ao destacar o respeito que lhe emprestava a oposição plenária da época, era sua ironia sagaz e sofisticada. E não foram poucas as vezes em que, no auge de um efervescente destempero no meio de um debate mais acalorado, sua perspicácia conseguia, numa boutade, arrefecer o momento e assim reconduzir os querelantes à serenidade necessária para a concertação.
Na construção de seu discurso foi talvez onde, Luís Eduardo, melhor determinou a sua aptidão para dialogar e liderar. De fato, no debater das premissas e no conhecimento da matéria é que o interlocutor descaracteriza a arrogância do radicalismo e descredencia a superficialidade do despreparo. E que privilégio ouvir tantas estórias sobre como ele não permitia descarrilhar o embate e reconduzia com concisão, porém sem perder a profundidade, o caminho à conversação. E sem jamais se apresentar com qualquer pretensão orgulhosa ou bravatas.
Enfim, o homem é um animal político; filosofava Aristóteles. Luís Eduardo era a essência dessa máxima. O Brasil sofreu um enorme infortúnio com a extemporânea partida desse jovem insigne político. Hoje podemos apenas imaginar o que poderia ter sido. Que então nos assentem seu exemplo e lições como um norte para a edificação de um país melhor, moderno e mais justo.
Brasília, em 21 de abril de 2018
Rodrigo


Início de atuação como deputado da Assembleia Legislativa da Bahia.
Foto Jornal A Tarde – 1980


BIOGRAFIA
Há 20 anos, no dia 21 de abril de 1998, morreu de infarto na capital federal, aos 43 anos de idade, Luís Eduardo Maron de Magalhães. Nascido em Salvador, BA, em 16 de março de 1955, no seio de uma família de prestígio na política baiana e nacional, era o terceiro dos quatro filhos de Antônio Carlos Peixoto de Magalhães (1927—2007) e Arlete Maron de Magalhães (1930—2017).
Iniciou seu primeiro mandato como deputado estadual em 1979, aos 23 anos, pela Arena. Já formado em Direito pela Universidade Federal da Bahia, reelegeu-se em 1982, desta vez pelo PDS, e presidiu a Assembleia Legislativa da Bahia de 1983 a 1985. Nas eleições de 1986, como integrante do PFL — partido que ajudara a fundar —, Luís Eduardo Magalhães foi eleito deputado federal constituinte. Aquele seria o primeiro de seus três mandatos na Câmara federal.
Na Constituinte, foi um dos fundadores do Centrão, bloco de vários partidos formado por parlamentares de orientação conservadora. Considerado um nome expressivo da “nova direita”, por seu grande poder de articulação política, Luís Eduardo Magalhães (LEM) defendeu a livre iniciativa e a abertura econômica ao capital estrangeiro. Em 1992, tornou-se líder do PFL na Câmara e, em 1994, empenhou-se numa aliança do PFL com o PSDB em favor da candidatura de Fernando Henrique Cardoso à Presidência da República.
Após ter sido eleito pela segunda vez consecutiva como deputado federal mais votado da Bahia, Luís Eduardo chegou à Presidência da Câmara dos Deputados em fevereiro de 1995, posto que assumiu até fevereiro de 1997. Como presidente, comandou a quebra do monopólio do petróleo e o fim das restrições ao capital estrangeiro, sempre aliado ao Governo FHC. Conduziu a aprovação de mais de 50 leis e 14 emendas constitucionais propostas pelo governo. Nesse período, teve atuação decisiva em projetos do Executivo, como a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) e a Reforma da Previdência. Também participou ativamente da articulação que acelerou a votação no Parlamento da emenda da reeleição, de autoria do deputado Mendonça Filho, possibilitando o segundo mandato de FHC.
Quando faleceu, dois dias depois da morte do então ministro das Comunicações, Sérgio Mota, LEM já era apontado pela imprensa e por várias lideranças políticas como futuro governador da Bahia. A Câmara dos Deputados decidiu imortalizar sua memória, denominando o Anexo II da Casa como Edifício Deputado Luís Eduardo Magalhães, onde foi instalado um busto do parlamentar, esculpido pelo artista plástico piauiense Clauberto.
Deixou viúva Michelle Marie Pimentel Magalhães, com quem teve três filhos.



Luís Eduardo Magalhães com a esposa Michelle Marie.
Foto Jornal A Tarde – 1981-82
O então deputado estadual Luís Eduardo Magalhães na Assembleia Legislativa da Bahia à esquerda.
Foto Sônia Carmo, Arquivo Correio da Bahia – 1979

Acompanhado pelo filho, Luís Eduardo vota no primeiro turno das eleições de 1994.
Foto Luiz Hermano/Correio da Bahia – 1994.
UM DEMOCRATA A FAVOR DO BRASIL
Luís Eduardo Magalhães era um político a frente de seu tempo, tinha visão do futuro, era sempre capaz de inovar e de se antecipar aos acontecimentos. A sua luta foi a favor de um estado moderno, era um defensor intransigente da livre iniciativa e se dedicava a pautas liberais, como a abertura do mercado brasileiro ao comércio internacional, numa época em que a globalização não estava ainda em discussão. Ele tinha plena consciência de que era preciso se libertar das amarras do atraso e do excesso de intervencionismo.
O Deputado lutou também pela estabilização da moeda e com sua visão de estadista, falava da necessidade de um ajuste fiscal e de uma reforma política, como passos necessários e essenciais para o país avançar, temas debatidos no Brasil de hoje.
Luís Eduardo tinha luz própria, muitas vezes defendeu pautas diferentes do meu avô, o senador Antonio Carlos Magalhães, que gostava de dizer que o deputado tinha todas as suas qualidades e nenhum dos seus defeitos. Elogiado pela oposição e respeitado por toda classe política, Luís Eduardo era um grande articulador, tinha paciência para negociar e todos os deputados, independente de partido,
sabiam de sua seriedade, quando ele fechava um acordo, cumpria, tendo consciência que o amplo debate era o melhor caminho para resolver questões importantes. Ele era um construtor de pontes, a porta de seu gabinete estava sempre aberta para todos, conhecia cada deputado pelo nome e para ele o Brasil sempre esteve acima de qualquer interesse partidário. O importante era os grandes objetivos a serem cumpridos.
Eduardo era um político culto, refinado, conhecia música, literatura, cinema, tinha senso de humor e aonde chegava descontraia as pessoas e a conversa soava sempre interessante. A carreira de Luís Eduardo, apesar de curta, foi brilhante e se o destino não lhe tirasse a vida prematuramente, poderia chegar a presidente do Brasil, e nesse momento turbulento em que vivemos, sua ausência faz muita falta, seria um nome capaz de unir o país. O Brasil perdeu um grande homem, seu exemplo está vivo nos corações das pessoas, ele deixou lembranças boas e uma saudade que só gente que faz deixa.
Luís Eduardo Magalhães Filho
SOBRE LUÍS EDUARDO
Impressionante como esses vinte anos passaram rapidamente. E mais impressionante é que hoje, mais do que nunca, o Brasil precisa de políticos como Luís Eduardo. Um político que era conciliador, que conversava, dialogava, que construía caminhos. Um político que não gostava dos extremos, muito pelo contrário. Um político que exercia a capacidade de dialogar sabendo que a construção do futuro passava pela construção de consensos. Eu tanto me lembro, sobretudo quando cheguei na Câmara dos Deputados, muito novo, no começo de 2003, o quanto as pessoas se recordavam da sua passagem inesquecível como parlamentar. Líder do nosso partido, presidente da Casa, um homem público completo. Um homem que tinha espírito publico. Um homem que era defensor da agenda das reformas, de um Brasil mais moderno, de um Brasil que se preparasse para ser competitivo com o mundo inteiro.
Então esses exemplos de Luís Eduardo estão muito vivos na nossa memória. E, é claro, especialmente para sua família, estão vivos no coração. Eu tantas recordações tenho do tio carinhoso, participativo, dos nossos encontros e reuniões de família. Era muito mais do que um irmão. Eles eram sempre unidos, estavam sempre juntos.
Enfim, vinte anos se passaram, mas Luís Eduardo está vivo no nosso coração, no coração dos baianos. E eu, em especial, procuro seguir os seus exemplos para ter um desempenho cada vez melhor na vida pública.
Antonio Carlos Magalhães Neto
Prefeito de Salvador

Fernando Henrique Cardoso entre Luís Eduardo Magalhães e José Sarney, no Palácio do Planalto para falar sobre a aprovação das emendas constitucionais no Congresso Nacional.
Foto Ana Araújo, Abril Imagens - 1995
henrique Fernando
Eu sempre gostei de Luís Eduardo, nos demos muito bem, e depois ele foi meu líder, foi presidente da Câmara, e foi homem de coragem. Luís Eduardo era agradável como pessoa, mas tinha decisão. Quando eu fui candidato a presidente da República, eu queria que ele fosse o vice-presidente e as pessoas estavam assustadas, por causa do pai dele, Antônio Carlos, diziam “ele vai fazer isso, fazer aquilo”. Luís Eduardo foi tão correto comigo que um dia ele foi à minha casa e me disse: “olha aqui, senhor presidente, eu sei o que o senhor quer, mas eu não posso ser vicepresidente, eu não quero”. Eu disse “tudo bem”, ele deu os argumentos dele. Foi gentileza dele para evitar um problema político maior, mas ele sabia que eu queria. “Nesse caso, é o seguinte, você vai ser o que quiser”. Ele tinha méritos próprios, não precisava de mim. Ele foi presidente da Câmara, me ajudou muito, as reformas que nós fizemos em grande parte se deviam à persistência dele, e o fato de que ele se relacionava com todo mundo, era uma pessoa muito agradável.
Ele era um bom articulador, e não era que escondesse o que pensava. Nunca. Ele dizia o que achava, mas ele articulava bem, foi uma figura excepcional. A certa altura, o Antonio Carlos queria que ele fosse candidato
ao governo da Bahia, eu percebi que ele não queria, conversei com ele e tal, o pai queria, mas ele não queria, ele era um homem do Parlamento. Eu prometi falar com seu pai. “Antonio Carlos, por que fazer Luís Eduardo ser governador? Ele não quer.” E o Antonio Carlos disse uma coisa patética: “olha, o senhor sabe... eu posso morrer”. Respondi: “eu estou vivo, e enquanto eu estiver vivo, o Luís Eduardo vai estar apoiado”. Finalmente Luís Eduardo mudou de ponto de vista, resolveu ser candidato a governador da Bahia. Eu comuniquei isso a Antonio Carlos, que não sabia. Para você ver a relação que eu tinha com Luís Eduardo, que era muito próxima. Não pessoalmente, mas politicamente muito próxima.
Luís Eduardo foi muito grande, ele viabilizava a aprovação das leis, pela autoridade que ele tinha na Câmara. Eu não queria ser candidato a presidente, ninguém acredita, mas eu não queria, é que não havia outro, o Brito (Antônio Brito, político do RS) que era nosso candidato de preferência, do Itamar também, foi ser candidato no Rio Grande do Sul porque não confiava que o PMDB desse a candidatura a ele. Então eu disse “não tem solução, vou ser candidato”. E a primeira vez que eu senti que eu podia realmente ganhar a eleição foi na Bahia, acho que foi em Vitória da Conquista, estava com meus assessores
"As reformas que nós fizemos em grande parte se deviam à persistência dele"
Ana Tavares, da imprensa, e Chico Graziano, que trabalhava comigo. Pegamos um aviãozinho vagabundo, chegamos muito tarde, quando eu fui andando de carro com Antonio Carlos, fui vendo as pessoas que estavam com a nota do real nas mãos, e quando eu estava no palanque, queriam que eu assinasse - não o Antonio Carlos, mas eu que assinasse. Pensei “o negócio tá bom”. E o Luís Eduardo estava comigo. Disse “quando a gente ganhar, vamos comemorar em Nova Iorque”. E quando eu fui falar (no palanque) “estou aqui com o líder do PFL, valoroso Luís Eduardo, que me fez comprometer, se eu ganhar (as eleições) volto a esta cidade para comemorar e venho com ele”. E fiz isso, ganhei, voltei, fui dar uma aula.
Luís Eduardo tinha opiniões próprias. O pai era outro estilo. O pai me deu muito trabalho, porque era muito poderoso, era uma pessoa que sabia definir o inimigo. Ele fazia a briga, era o homem do grande espetáculo; o Luís não era isso, era um articulador. Eram estilos bem diferentes. Eu até brincava: saiu à sua mãe, ela era árabe de origem. Luís tinha um jeito mais terceiro-mundista nesse sentido, não era tanto espetáculo. Antônio Carlos era uma pessoa muito forte que provocava inimigos. O Luís não provocava inimizades, ele atraía pessoas.
Luís Eduardo foi importante para consolidar a transição democrática, e entender que era preciso tomar decisões que afetavam interesses. Reforma é isso, ao se lançar para fazer uma reforma, você sabe que vai agradar uns e desagradar outros. Era um homem de convicção, quando ele acreditava, ele ajudava. Mas como eu disse do caráter dele, ele era agradável, não afugentava as pessoas, eu nunca vi o comando da Câmara tão forte e ao mesmo tempo tão suave. Antônio Carlos era forte no comando do Senado, mas não era suave. Podia saber ser agradável quando queria. O Luís, não é que sabia ser agradável, ele era agradável o tempo todo. É uma personalidade que faz falta à democracia. A democracia precisa de gente que tenha convicção e que seja tolerante, que aceite o outro também. Que não queira liquidar o outro.
Fernando Henrique Cardoso Ex-presidente da RepúblicaNELSON
JOBIM
Conheci o Luís Eduardo Magalhães em janeiro de 1987, quando foi instalada a Assembleia Nacional Constituinte: ele era líder do PFL e eu um deputado iniciante.
A grande qualidade de Luís Eduardo era a de ser absolutamente confiável: todos os entendimentos que se fizessem com ele, todos os acordos, eram mantidos.
Além disso — hoje é diferente — naquele tempo não se tinha ódio, mesmo em posições contrárias. Discutiam-se temas e procurava-se construir uma saída. O compromisso que Luís Eduardo tinha era com resultados. Os resultados possíveis, construídos exatamente sobre esse diálogo entre as posições contrárias. Havia sempre a busca de um entendimento de conteúdo, de mérito. Quando não se conseguia, quando havia problemas insanáveis, que tinham que ser decididos no voto, fazia-se um acordo de procedimentos, acertava-se de que maneira o debate político ia ser resolvido no Plenário, combinava-se tudo.
Tanto o Luís como eu não decidíamos mérito, que era resolvido pelos senadores e deputados que tivessem maior conhecimento do tema em pauta. O que fazíamos era o entendimento entre as
divergências que surgissem entre as estruturas do PFL e do PMDB da época. Construíamos a solução, por várias vezes fizemos isso.
Luís Eduardo era um veículo de entendimento. Durante o período em que fui ministro da Justiça do presidente Fernando Henrique, de 1995 a 1997, quando fui para o Supremo Tribunal Federal, construí grandes entendimentos com Luís Eduardo, que era presidente da Câmara. Depois, continuei muito amigo dele, e do pai, Antonio Carlos Magalhães. Quando Antônio Carlos perdeu o governo da Bahia, Luís operava como um apaziguador das radicalidades ou radicalizações do próprio ACM. Ele tinha uma habilidade muito grande e o pai o adorava.
Ele também foi muito importante na votação do Fundo Social de Emergência, que era uma âncora do Plano Real.
Luís Eduardo tinha uma posição política que nós podemos chamar, hoje, de direita. Mas é importante frisar que, comparando a situação política de ontem e de hoje, temos agora um ingrediente novo, que é o ódio. Você hoje tem dificuldade de diálogo. Há uma patrulha muito forte, inclusive da mídia, sobre os diálogos que
os políticos podem fazer entre si. Os políticos estão patrulhados por essa situação, e se destila ódio na relação. Naquela época havia entendimento, acordo, solução, porque a concepção fundamental do Parlamento é a construção da vontade da maioria, e não se constrói a vontade da maioria com as vontades individuais. Hoje é muito difícil você conseguir não ter vontades individuais porque a vontade individual dá visibilidade ao personagem. E principalmente a vontade individual contra, então você tem estímulo para ter uma posição radical contra qualquer tipo de solução, porque isso dá visibilidade na mídia.
A importância de Luís estava ligada à sua capacidade de agregação. Ele não conhecia a intolerância que hoje é a regra, um falando mal do outro. Antes não tinha isso, quando se falava mal, se falava longe. Hoje se fala na frente e na imprensa. Principalmente na mídia.
Ele tinha capacidade de entendimento e agregação. Tanto é que o relacionamento com líderes do PT na época era muito próximo. Nós tínhamos um grupo que se reunia todas as quintas-feiras em uma churrascaria: Miro, Sigmaringa, Paulo Delgado, Luís e eu. Às vezes aparecia o Mário Covas e o Fernando Henrique, e o José Genoíno. Eram conversas preparatórias de alguns acordos. É importante observar que você não consegue fazer entendimentos políticos se você não tem relações pessoais. Tem de haver um nível de confiabilidade de forma tal que o sujeito tenha a certeza de que o que está sendo proposto, está sendo visado é sério e correto, ou seja, que o sujeito é honesto. Aí você cria um ambiente de solidariedade, e esse ambiente o Luís sabia fazer com o PT e o PCdoB, Partido comunista.
O pessoal à direita e à esquerda mantinha um compromisso de construção de alguma solução, então eles faziam essa costura.
O Luís sabia que, nas posições que ele poderia ter sobre alguns temas, tinha que haver certo tipo de renúncia para construir uma solução. O compromisso era esse e a habilidade dele era construir soluções com os demais. É claro que isoladamente não se constrói solução, mas naquela época, não havia a necessidade de radicalizar tudo para ser visível no meio político, o que hoje é comum: a radicalização para ter visibilidade.
Houve um fato que não esqueci: começou-se a discutir na Câmara a questão da propriedade industrial. O Alberto Goldman era presidente da comissão e conseguiu que fizéssemos viagens para Itália e Estados Unidos para aprofundar o tema. O convívio com Luís foi extraordinário, era dureza mesmo. Trabalhávamos pela manhã e à tarde nos dedicávamos a debates.
Se tivesse sobrevivido, não tenho dúvida de que teria sido eleito governador da Bahia e dali estaria caminhando para ser um futuro candidato a presidente da República. Ele tinha um arco de entendimento muito amplo, inclusive com a possibilidade de ser vice-presidente do FHC.
Nelson Jobim Ex-deputado federal, ex-ministro da Justiça e ex-ministro do Supremo Tribunal Federal
genoíno josé
Para falar de Luís Eduardo, 20 anos depois, começaria com a frase do Dr. Ulysses que mencionei em meu discurso no Plenário da Câmara por ocasião do seu falecimento, porque essa frase retrata a relação humana de homens políticos que faziam política com causas. Homens que, mesmo tendo diferentes opções partidárias e políticas, souberam estabelecer e construir um respeito mútuo que não tinha interesses e nem constrangimentos de qualquer natureza. Em muitas ocasiões nós nos encontramos e conversávamos, inclusive com outros amigos, conjuntamente, sem agenda, sem pauta, e sem criar fofoca na mídia. Portanto, mesmo transcorridos tantos anos, eu guardo do Luís Eduardo uma lembrança viva de um político que se relacionava com a política no sentido da ação do ser humano, no sentido do afeto às ideias, do afeto às suas causas e aos seus compromissos. Uma relação que não tinha lugar para vingança, nem muito menos para autodestruição. Somava-se em torno do fazer política, respeitando as diferenças sem um querer constranger ou dominar o outro.
José Genoíno Ex-deputado federal
"Eu guardo do Luís Eduardo uma lembrança viva de um político que se relacionava com a política no sentido da ação do ser humano, no sentido do afeto às ideias, do afeto às suas causas e aos seus compromissos"












cruvinel tereza
"Baleada desde o final da ditadura, a direita tinha novamente um representante de primeira linha, um ator político refinado, que não se escondia em jogos demagógicos e era também um negociador nato"
A DIFERENÇA QUE ELE FARIA, SE MAIS VIVESSE
Quando chegou a Brasília, como deputado constituinte, em 1987, Luís Eduardo Magalhães já era um político provado na seara baiana, tendo sido duas vezes deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Mas aqui, ele desembarcou como o filho querido do poderoso e temido ACM. Em pouco tempo, porém, demonstrou que tinha personalidade própria, na vida e na política, sem prejuízo da fina sintonia com o pai. Mais que isso: muito rapidamente todos se deram conta de que ele representava o novo rosto e o novo estilo político do bloco conservador. Ele era a nova direita, com quem a social-democracia do PSDB buscaria uma aliança para eleger Fernando Henrique, estabilizar a moeda e empreender um programa de reformas liberais.
Mas isso só foi se consolidar depois da Constituinte e depois do impeachment de Collor, quando já governava Itamar Franco e o senador tucano ocupava o Ministério da Fazenda. Para aprovar medidas que abririam o caminho para o futuro Plano Real, FHC buscou o apoio do PFL, tendo Luís Eduardo como principal interlocutor. Lembro-me de tucanos escandalizados e de eleitores do senador jurando que não votariam nele por isso. Votaram.
Dois traços, a meu ver, proporcionaram a Luís Eduardo uma passagem tão fulgurante, embora tão breve, pela Câmara dos Deputados. Primeiro, o perfil sedutor. De modos suaves, que contrastavam com a contundência do pai, ele conseguia ouvir e ser ouvido por aliados e adversários, despertando uma confiança que vinha do segundo traço:
era homem de palavra. Cumpria o que acordava, fosse com o PT e seus satélites da esquerda, fosse com o PSDB, que naquele tempo eram de fato os partidos hegemônicos, além do PFL.
Aos jornalistas, seduzia também com a disponibilidade, com as respostas educadas, mesmo quando não dizia nada, apenas enunciava frases polidas em lugar de informação. E encantava também porque suas conversas ultrapassavam a política, chegando sempre às artes, à literatura, ao cinema, à música ou a uma boa intriga. Era elegante e culto mas não era pernóstico. Depois, era sempre possível encontrá-lo na noite de Brasília, no Piantela ou no Florentino, na casa do Jorge Moreno ou em outras festas, e incomodá-lo com conversas políticas, embora ele estivesse mais interessado em relaxar, comer e beber bem, coisa de que gostava.
Na Constituinte, todos sabem, ele cresceu e se afirmou quando ajudou a articular o Centrão, bloco conservador que virou o jogo contra a força que a centro-esquerda acumulara com Mário Covas na liderança do PSDB. Ali, disse a que veio. Baleada desde o final da ditadura, a direita tinha novamente um representante de primeira linha, um ator político refinado, que não se escondia em jogos demagógicos e era também um negociador nato. No PT, tinha uma interlocução qualificada com o deputado José Genoíno, o ás da esquerda no plenário.
Depois veio a eleição de 1989, o apoio a Collor e o impeachment. Discordou mas entendeu que era inexorável. A aproximação com os tucanos foi lenta e
progressiva, culminando com a aliança para a eleição de 1994. Ele poderia ter sido o vice no lugar de Marco Maciel, como o pai gostaria. Preferiu se reeleger e tornar-se presidente da Câmara, no primeiro biênio de FHC. Comandou a casa com pulso férreo, aprovando reformas constitucionais e alterações legislativas do interesse do governo, inclusive a emenda da reeleição. FHC lhe deve boa parte de seus êxitos. Em 1998, disputaria o governo da Bahia, para alegria do pai. Mas em abril, depois de uma caminhada, o infarto interrompeu bruscamente sua trajetória, que poderia ter feito diferença para o futuro. Sem dúvida, teria sido melhor, inclusive para a esquerda, para o PT, enfrentar uma direita forte e programática do que a constelação de partidos fisiológicos e oportunistas, dispostos a servir a qualquer governo em troca de cargos e vantagens.
Tereza Cruvinel Jornalistateixeira miro
Ele chegou aqui cercado dessa reputação do filho do Antonio Carlos Magalhães, o chefe político. E, no dia a dia, ele se revelava outra coisa, se revelava um boa praça, bom conversador, contador de histórias, contemporizador. Ele administrava bem as ideias contrárias, procurava convencer as pessoas.
E, com isso, foi se aprofundando uma relação com Luís Eduardo Magalhães que não era, exclusivamente, uma relação partidária ou política. Era uma relação quase que social, exclusivamente. Com o tempo, eu acho que ele ganhou uma outra dimensão. Ele ficou reconhecido como uma força política própria, a ponto de o Antonio Carlos Magalhães dizer:
— Pois é, agora eu sou o pai do Luís Eduardo. Inverteram-se as coisas.
O Luís Eduardo tinha muita sofisticação. Ele ia mais no diálogo. A presidência dele teve um momento muito marcante. A emenda da reeleição do Fernando Henrique era cercada de muitos boatos e havia uma compra de votos dentro do Parlamento. Isso saiu na primeira página de todos os jornais, por interesse tanto do governo Fernando Henrique quanto de governos estaduais, porque era reeleição também de governadores.
O Luís Eduardo Magalhães teve a informação que, do PFL daquela época, dois deputados do norte do Brasil haviam recebido dinheiro de governador. Ele expulsou os dois, antes de tudo, do PFL. Ele buscou elementos jurídicos, mesmo que rudimentares, mas que davam para perceber que aquilo tinha um fundo de verdade. E ele expulsou os dois.
Ele marcou muito essa posição de ser uma figura austera. Ele comandava com austeridade. Teve um momento curioso nessa história da emenda da reeleição. Eu era contra e apresentei uma emenda para ser submetida a um referendo. No caso de ser aprovada aqui a reeleição, o povo teria que dizer se poderia entrar em vigor ou não. Apresentei e no dia ele passou por mim, perto daquele salão verde onde fica o acesso ao Plenário e o acesso à Presidência da Câmara também, e disse:
— Aquela sua emenda com referendo está me evitando muitas chateações. Para muita gente que quer compromissos para votar a favor, eu digo que não é possível porque ninguém tem garantia de nada, uma vez que tem de ir a referendo.
A morte dele foi um impacto enorme. Eu estava no restaurante com a minha mulher e um casal de amigos quando me ligaram dizendo:
— O Luís Eduardo morreu.
E eu comecei a chorar. E as pessoas ficaram olhando o que estava se passando. Eu não parava de chorar. Foi um choque porque eu não imaginava nunca.
Eu sou descuidado com saúde e nunca tinha feito um check-up. O Luís Eduardo Magalhães é que providenciou para eu fazer. Primeiro, me trouxe aqui para o Serviço Médico e depois organizou um checkup para mim lá no InCor, no Instituto do Coração. Enfim, para mim era inconcebível que aquela pessoa que teve aquela preocupação comigo e que fazia ele mesmo um check-up por ano, pelo menos, tivesse sido apanhada de surpresa e morrido dessa maneira inesperada. Foi um choque muito forte.
Eu acho que a ausência dele impediu que se continuasse num ambiente de negociação limpa. Eu acho que é uma ausência que mudou e desestimulou o bom entendimento da política.
Miro TeixeiraDeputado federal
"Eu acho que a ausência dele impediu que se continuasse num ambiente de negociação limpa. Eu acho que é uma ausência que mudou e desestimulou o bom entendimento da política"
rothenburg denise
Luís Eduardo foi um líder respeitado à direita e à esquerda.
Promotor de diálogos e consensos. Diante do sectarismo dos dias atuais, seu exemplo precisa ser lembrado para inspirar as novas gerações.
Denise Rothenburg
Jornalista
filho expedito
Luís Eduardo Magalhães pertenceu a uma galeria de políticos que tinham uma vocação genuína. Era um liberal na economia e um articulador sofisticado no Parlamento. Estava sempre atento às ideias distintas das suas, embora nem sempre concordasse. Gostava da vida, de um bom espumante e, principalmente, da arte da política. Quando começou a levantar voo, seu coração não resistiu. Revelação de sua geração, morreu precocemente e deixou um vazio em um cenário político que tem se deteriorado ao longo do tempo.
Expedito Filho
Jornalista
franco moreira
Luís Eduardo Magalhães foi uma oportunidade que nós perdemos de fazer a transição do Brasil do século XX para o século XXI. Isso por uma questão etária, e também por uma questão política. Ele viveu uma experiência que uma geração – a minha geração – viveu: uma radicalização muito maior do que a dele, e a geração que veio para organizar o Brasil depois da morte dele foi uma geração que viveu nesse ambiente de radicalização. Ele não.
Então, eu creio que se nós tivemos no MDB, um partido político que lutou durante 24 anos contra o regime autoritário e derrubou o regime autoritário sem matar ninguém, nós que tivemos uma experiência de tirar o país de uma crise econômica brutal, nós perdemos com Luís Eduardo a possibilidade, naquele momento, de fazer com que esses ganhos institucionais e econômicos pudessem trazer o Brasil para um ambiente totalmente diferente daquele que nós vivemos hoje. Lamentavelmente a morte dele significou que aqueles que a ocuparam, a responsabilidade de liderar o país na Presidência da República, não pertencessem à geração que viveu a experiência que ele viveu e isso foi muito ruim para o país, e agora nós temos que correr atrás desse prejuízo, de trazer o Brasil para o século XXI. Foi uma pena, uma lástima para todos nós, e para mim, particularmente, que fui muito amigo dele, que não tenhamos visto, juntos, fazer essa transição.
Wellington Moreira Franco Ministro das Minas e Energia
"Nós perdemos com Luís Eduardo a possibilidade de fazer com que os ganhos institucionais e econômicos daquele momento pudessem trazer o Brasil para um ambiente totalmente diferente daquele que nós vivemos hoje"
Arlindo
chinaglia
Naquela época, nós, do PT, fazíamos uma oposição ferrenha. Em que pese eu estar no início do meu primeiro mandato, travei contato com o presidente da Câmara, na época o Luís Eduardo Magalhães, quando fiz a denúncia do Sivam e denunciei o xerife dos presos.
Luís Eduardo tinha algumas características notáveis, e a principal delas era a de que ele cumpria e fazia cumprir o regimento. Isso é fundamental, porque independentemente da origem política ou ideológica, a única maneira de você garantir a democracia nos trabalhos é você cumprir com o seu dever, que é com o regimento. E ele cumpria, na minha opinião ele cumpria.
Não significa que ele não tivesse lado, eu estava à esquerda e ele à direita, mas ele fazia cumprir o regimento, ele cumpria e fazia cumprir.
É claro que chega um determinado momento em que a interpretação cabe ao presidente, mas eu vou dar um exemplo de como ele atuava: todo mundo sabe que a composição das comissões permanentes se dá pelo critério da proporcionalidade partidária, mas escolha dos presidentes é feita por acordo; não se tem uma garantia absoluta de que o presidente será deste ou daquele partido.
Na eleição da Mesa é diferente, porque as vagas são distribuídas aos partidos que lhes cabem, e, no máximo, pode haver uma disputa dentro de um partido pela vaga. Nas comissões, não existe garantia regimental das presidências, então o presidente da Casa é o fiador de um acordo que é feito no colégio de líderes. Houve uma tentativa de tirarem a presidência da Comissão de Agricultura que, por acordo, caberia ao PT. Luís Eduardo foi até a Comissão e, com a autoridade de presidente, exigiu que o acordo fosse cumprido e que a presidência fosse para o PT. Quer dizer, não é nada demais, não é um favor, mas é um exemplo de que ele cumpria e fazia cumprir o regimento. E se você comparar com alguns momentos que vivemos aqui, isso não é pouco.
O que não significa que eu gostasse de todas as decisões dele, óbvio. Por exemplo, ele avocou a Reforma da Previdência para o Plenário — que era um tema no qual nós, da oposição, estávamos batendo duro. Houve um relatório em plenário e o governo foi derrotado por um voto. Ele substituiu o relator no meio do processo, o que não é comum (eu não fiz isso como presidente), colocou o presidente atual, Michel Temer como relator, fez uma emenda aglutinativa, para evitar que ficasse caracterizada uma derrota do governo. Então ele era um operador político, tinha
lado, mas no trato e no exercício da presidência, na minha opinião, ele tinha palavra, fazia respeitar acordo, tinha uma visão de Parlamento que eu prezo muito, que é você garantir a igualdade de todos via o cumprimento do regimento.
No período da presidência dele nós disputávamos projetos, duramente, mas jamais de forma desrespeitosa, então a crítica era política, não era crítica pessoal. Eu creio que havia um respeito superior ao que existe hoje. Então, o parlamentar, hoje, ainda mais com as mídias sociais, para atender aquilo que entende ser uma posição da sociedade, radicaliza para agradar determinadas parcelas da população, radicaliza nos adjetivos, no grito, mas não necessariamente no conteúdo. Eu penso que isso vai passar, porque a população observa. E ela tem mais sabedoria do que muitos políticos imaginam que ela tenha. O que acho que falta no Parlamento hoje, e que o mundo da política precisa entender, é que se nós agirmos muitíssimo bem, nós podemos dizer que somos representantes do povo, agora é preciso esclarecer que nós não substituímos o povo. Me perdoe o termo, mas existe no Parlamento uma certa covardia de fazer o enfrentamento de temas difíceis, frente aquilo que é publicado, na minha opinião isso explica parte do desrespeito de que hoje o Parlamento é vítima.
Arlindo Chinaglia
Deputado federal
"Luís Eduardo tinha algumas características notáveis, e a principal delas era a de que ele cumpria e fazia cumprir o regimento"
hauly luiz carlos
Tive a honra de conviver com Luís Eduardo Magalhães aqui na Câmara dos Deputados. Eu era vice-líder do governo, e ele presidia a Câmara dos Deputados. O Luís coordenava os trabalhos com os olhos. A gente combinava uma ação política e eu imediatamente entendia. Um democrata convicto, um homem de muita competência, um líder incontestado. Eu nunca tive dúvida de que Luís Eduardo Magalhães seria presidente da República do Brasil. Ele honrou este Parlamento, honrou o Estado da Bahia, e sem dúvida alguma foi um dos grandes parlamentares, um dos grandes homens públicos deste país.
Luiz Carlos Hauly
Deputado federal
chagas helena
Luís Eduardo Magalhães tinha uma enorme capacidade de dialogar. Sabia ouvir, sabia falar, sabia, sobretudo, conciliar. Por suas mãos passaram decisões fundamentais da história recente do país, momentos em que colocou forças políticas antagônicas para conversar até chegarem a um entendimento mínimo. Sem abrir mão de suas convicções, Luís Eduardo soube ouvir os contrários e respeitar os adversários. Cumpria os acordos e sua palavra tinha credibilidade à direita, à esquerda e ao centro. Não sei como ele se sentiria no atual Congresso.
Helena Chagas
Jornalista
delgado paulo
LUÍS, O BREVE
Havia um tom no estilo de Luís Eduardo que atraía amigos, aliados políticos ou não, para desafios que caracterizaram uma geração no Congresso. Nenhum de nós estava preocupado em preservar nossos mandatos. Nós o exercíamos com toda a intensidade de nossa vida.
Como sei que ele não se importaria em receber de mim, com o humor da elevada convivência que tivemos, um título concedido por nossa nobre amizade — digo que, Luís, o Breve, enfrentou, pelo nosso país, todas as tempestades políticas que aguentou, contornou e venceu com maestria. Mas, descuidado de si, sucumbiu tão prematuramente, deixando este vazio que nunca se foi.
Paulo Delgado Professor, ex-deputado federal constituinte
Com ele aprendi o jogo político que nenhuma escola pode oferecer. Luís Eduardo prezava e incentivava o amplo diálogo, nunca quebrava a palavra empenhada, nunca rasgava um acordo fechado. Perdia o amigo, mas não perdia a piada. Amava a vida, os amigos, a música, a dança. A música preferida era I Will Survive. Foi um sobrevivente e continua vivo no coração de todos que tiveram o privilégio de conhecê-lo.
Gisele Arthur Jornalista
gama Benito
Luís Eduardo Magalhães foi um dos mais brilhantes políticos da nossa geração. Ele teve um aprendizado muito forte em casa com o pai, Antonio Carlos Magalhães, governador da Bahia, uma grande liderança no estado, e começou uma carreira muito brilhante, muito participativa. Ele era um político vinte e quatro horas por dia. Ele realmente não transigia quando falava em política, em articulação política, e aí está a razão do seu sucesso, sucesso que até pode-se imaginar que foi do pai, mas em verdade o sucesso dele foi a própria profissão, a própria função que ele exercia na política e na liderança sobretudo na coordenação de políticos, não somente na Bahia, mas no Brasil.
Eu tive a honra e o orgulho de chegar aqui em Brasília, no Congresso Nacional, na mesma eleição na qual ele foi eleito, na eleição de 86, que começou em 87 com a Constituinte. Logo que ele chegou, ele assumiu uma liderança forte dentro do PFL e dentro também do Congresso Nacional. Na Câmara e na Constituinte ele evidentemente era o articulador e o interlocutor com Dr. Ulysses Guimarães, Mário Covas, Pedro Simon, com todos os líderes daquela época. A partir daí começamos a construir a Constituição, que foi realmente muito difícil pois não tinha um modelo: começamos com várias emendas e deu muito trabalho. Esse trabalho era suprido por lideranças, inclusive a
de Luís Eduardo. Então eu tenho muito orgulho de ter chegado a esta Casa na mesma eleição, no mesmo mandato, e ficado com ele até o dia em que ele faleceu.
Luís Eduardo era um homem de diálogo. Um conciliador. Ele tinha posições muito duras, muito firmes, mas ele era um homem de palavra. Eu hoje penso que todo o capital político do Luís Eduardo se concentra no compromisso. Ele era um homem de compromisso. Tudo o que você combinava com ele acontecia, para o bem ou para o mal. Essa foi a principal característica, além de ser uma pessoa dócil, um político articulado, ele também tinha esse compromisso de honrar o acordado. E foi uma marca muito forte, foi até uma escola aqui no Congresso, a que as pessoas faziam muita referência. Isso é muito bom para a classe política, que precisa cada vez mais de estar voltada para essa ação.
Colocou a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional no cenário internacional. Fizemos algumas operações políticas nos Estados Unidos, sobretudo na Constituinte. Nos Estados Unidos, na União Europeia, no Japão, quando estávamos passando por um processo de modernização de gestão e de cultura no Brasil, saindo do regime militar. Então ele foi também um protagonista na questão de internacionalizar o
Brasil nessas questões positivas, que hoje vemos aí, na tecnologia, na quebra da reserva de mercado da informática, telefone celular, enfim, em toda essa modernização tecnológica foi muito importante a ação dele, que tinha no deputado Roberto Campos o seu grande exemplo.
Luís Eduardo teve várias ações como presidente da Câmara, mas é bom lembrar que o Plano Real nasceu aqui com a liderança dele também. Vários deputados participaram, mas o presidente Fernando Henrique confiava muito nele. Ele foi presidente quando Fernando Henrique Cardoso assumiu a Presidência da República e foi muito importante esse acesso e essa condução política dele, então ele esteve presente nos grandes projetos do Brasil, sobretudo do Plano Real.
A relação de Luís Eduardo com Fernando Henrique foi uma relação muito confiável, muito séria, mas também tinha seus problemas políticos. Não era um alinhamento automático. Era um alinhamento de respeito.
Mas chegou a ter momentos difíceis, inclusive de tentativa de rompimento entre os dois, mas tudo isso contornado dentro do grau maior, de se fazer política, do objetivo maior que é o Brasil.
Na Bahia, ele foi também um líder da geração. Ele foi deputado estadual e construiu um grupo de parlamentares, evidentemente liderado pelo pai, mas ele ajudava o pai a escolher os líderes e os liderados, as pessoas que trabalhavam no projeto da Bahia, e no projeto do Brasil e do Nordeste. O Nordeste sempre foi uma grande bandeira que ele teve aqui nesta Casa.
E quando veio, ele trouxe para Brasília um grupo de parlamentares muito técnico. Quando você associa a parte técnica com a parte de gestão e com a parte política, você faz um bom mix para tocar as coisas.
Benito Gama
Deputado federal
"Ele era um homem de compromisso. E foi uma marca muito forte, foi até uma escola aqui no Congresso, a que as pessoas faziam muita referência"

Foto: arquivo da família Magalhães
BRANT ROBERTO
A história do Governo FHC e da modernização econômica do Brasil tem sido contada com uma lacuna essencial. Falta nela o registro de um personagem, cuja ação foi determinante. O personagem foi Luís Eduardo Magalhães que, primeiro como Presidente da Câmara e depois, como Lider do Governo, foi o principal articulador das diversas emendas constitucionais, que constituem a principal realização do Governo. Fui testemunha daqueles momentos e não tenho receio de afirmar que, sem a liderança de Luís Eduardo, pouca coisa teria sido aprovada.
O PSDB sozinho não tinha os votos, nem a capacidade de aglutinar as grandes bancadas do PFL e do PMDB. Luís Eduardo, sem recorrer ao baixo comércio dos apoios parlamentares, demonstrou uma autoridade e uma convicção política tão grande, que transformou a Câmara numa instituição reformista e modernizante, que ela não era e nunca mais seria.
Depois de sua morte, o Governo cumpriu seu mandato sem nenhuma nova mudança legislativa de importância e o pensamento verdadeiramente liberal perdeu a voz no Parlamento.
Ao contrário do pensamento convencional, penso que muitas pessoas não se substituem. Quando elas desaparecem, levam consigo para sempre o que poderia ser. Nem na Câmara, nem na política brasileira apareceu depois alguém que reunisse a convicção, a autoridade e o espírito público do Luís. Com ele morreu um sonho liberal que poderia ter vencido o populismo e a intolerância que ameaçam dominar o país por muito tempo.
Roberto Brant Ex-deputado federalO deputado Luís Eduardo Magalhães era um político firme e afável. Ele não abria mão de suas crenças e dos compromissos políticos assumidos. Mas tratava com respeito e cordialidade seus adversários políticos. A condução da Câmara dos Deputados na votação das reformas, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, é um exemplo da personalidade de Luís Eduardo. Ele garantiu a aprovação das mudanças constitucionais que mudaram o Brasil para melhor. Mas fez isso mantendo as relações com os partidos e líderes da oposição. Ninguém é perfeito na política, mas todos têm uma postura predominante. Este foi o Luís
Eduardo que conheci e com quem convivi na condição de jornalista que diariamente acompanhava a política nacional no Congresso brasileiro.
Ilimar Franco Jornalista
alencar otto
Tive a oportunidade de conviver e trabalhar politicamente com Luís Eduardo Magalhães, um grande líder político que tinha uma grande capacidade de articulação, além de trabalhar sempre voltado para os interesses do povo da Bahia e do Brasil.
Em 1988, eu seria seu candidato a vice-governador da Bahia; infelizmente ele faleceu, deixando uma lacuna imensa, porque era um político que tinha um grande futuro, não só para ser um grande governador, mas, quem sabe, presidente do Brasil. Nosso país estaria hoje em uma situação bem melhor se ele tivesse alcançado o direito de ser presidente. Ele teria deixado ao Brasil um legado de competência, trabalho, compromisso, honra e dignidade. Mas permanece, em todos que o conhecemos, a marca de um espírito público comprometido com a maneira correta de fazer política, sempre acessível, sempre disponível ao diálogo com todas as correntes políticas com que convivia, tanto na Câmara Federal como na Assembleia Legislativa da Bahia. Luís Eduardo é um exemplo de política para todos nós baianos e brasileiros.
Otto Alencar Senadorda República


Luís Eduardo participa de inauguração em agosto de 1979.
Foto Jornal A Tarde -1979
lôbo cristiana
Luís Eduardo Magalhães chegou aqui na Câmara dos Deputados na eleição de 1987, que foi o Parlamento da Constituinte. Foi a primeira eleição depois da ditadura militar. Era o governo Sarney, e ele chegou como representante da situação. Mas ele era um parlamentar que transitava bastante entre todos os lados. Na época, tinha um grupo que se reunia depois das sessões. Daqui mesmo eles saíam para jantar. Era um grupo muito diversificado: Luís Eduardo, Nelson Jobim, Miro Teixeira, José Genoíno... tinha representantes de vários partidos. E nesses jantares eles discutiam os problemas do Brasil. Cada um tinha uma visão diferente, mas eles conversavam muito. Então, essa característica que era própria do Luís Eduardo, de diálogo, se expandiu aqui na Câmara dos Deputados. A gente via Delfim conversando com Genoíno, uma coisa que era impensável em tempos anteriores. Essa facilidade do Luís Eduardo de respeitar o pensamento do outro mantendo o próprio, e de estar sempre aberto a dialogar, não se pode dizer que fosse uma coisa nova, mas era muito exercitada por aqui naquela época.
Quando o Luís Eduardo chegou aqui, em seu primeiro mandato de deputado, o pai, senador Antonio Carlos Magalhães, era ministro do governo Sarney. Ele não tinha como fugir do estigma de ser
filho de um político, só que ele era mais liberal que o pai. Eu não diria que ele tinha uma independência, mas ele era mais liberal que o pai. Os mestres dele eram Mário Henrique Simonsen e Roberto Campos. Ele tinha hábito de ler biografias dos grandes estadistas. Mas toda a conversa econômica dele era baseada no pensamento liberal e citando Mário Henrique Simonsen e Roberto Campos.
O senador Antônio Carlos veio para cá em 1995 e foi eleito presidente do Senado em 1998. Como as eleições da Mesa da Câmara foram à tarde e as do Senado tinham sido pela manhã, por algumas horas pai e filho foram presidentes das duas Casas do Legislativo simultaneamente.
Luís Eduardo era um aliado forte do governo. Ele concordava muito com a agenda do governo Fernando Henrique porque era uma agenda de abertura. Como presidente, ele organizava o funcionamento da Câmara muito em função dessa agenda do governo Fernando Henrique. Só para contextualizar, a Lei Geral das Teles foi relatada pelo Geddel Vieira Lima, a Reforma Administrativa pelo Moreira Franco, e a Reforma da Previdência pelo Michel Temer. Luís Eduardo acreditava nessas reformas e queria muito mais do que o governo
propunha. Por essa razão, o Fernando Henrique diz que ele era um liberal clássico.
Ele acreditava nessa agenda e acompanhava de perto o pensamento do relator, para que direção estava indo, porque ele queria mesmo abrir o mercado. O Brasil vinha de um mercado mais fechado.
A Constituinte deu a ele essa capacidade de ser ouvido. Me lembro do Mário Covas, que era o líder do MDB, na época, dizer: “este menino é bom porque ele honra a palavra empenhada”.
Na Constituinte era um ambiente conflagrado: você tinha esquerda, você tinha os liberais, você tinha o DER, você tinha guetos e setores muito fortemente preparados para um embate aqui dentro, e ele dialogava com todos esses setores, sempre deixando muito clara a sua posição. Ele nunca tentou aprovar uma coisa dizendo que estava indo no outro caminho. Ele dizia exatamente o que queria, o que defendia. Ele nunca tentou dissuadir ninguém, era claro no que ele defendia, construía o seu discurso naquela direção. Ele dizia: "Eu defendo isso. Vamos para o voto. Quem ganhar, ganhou". É claro que havia negociação, havia uma mediação, mas ele não tentava dar a volta em ninguém. Ele sempre era claro no que estava defendendo. E na política, duas coisas a gente aprende que são importantes: uma é honrar os acordos políticos, porque naquele tempo eles faziam acordos de procedimento, que hoje já não tem mais, a guerra é no plenário.
organizava a agenda, mas Luís Eduardo era alguém que se relacionava com todo mundo e arbitrava a agenda, mas tinha um grupo de líderes com os quais conversava. Naquela época não havia 30 partidos como hoje.
No episódio do Collor ele foi contra a abertura do processo de impeachment. Mas assim, me corrija se eu estiver errada, não foi muito a posição dele, foi mais do partido dele, da linha do PFL, que apoiava o governo. O presidente da comissão, que era o Benito Gama, havia sido indicado pelo PFL, pelo partido dele, inclusive da Bahia. E aí no final Benito votou pelo afastamento do presidente. Isso estremeceu as relações na Bahia. Mas Luís Eduardo ficou firme em defesa do Collor. Ele não era alguém que ia para a tribuna toda hora defender o governo. Mas defendeu o presidente da República, sem mudar de lado.
Ele tinha uma boa relação com o presidente
Fernando Henrique. E isso facilitava. E me parece que conversavam abertamente sobre a agenda legislativa, o que que era preciso. Ele queria mais em termos de abertura dos mercados. E a gente estava ali nesse desafio da globalização, que era uma coisa que estava acontecendo e ninguém sabia exatamente como é que era isso. Mas ele seguia a cartilha liberal do Roberto Campos e do Mário Henrique Simonsen.
Ele tinha um cuidado muito grande com a pauta. Eu não cobria plenário, então não saberia dizer como ele
Acho que Luís Eduardo se identificou no Parlamento. E ele era apontado como alguém que poderia ser o sucessor do Fernando Henrique. Quando veio a emenda da reeleição, aí esse projeto foi postergado. Então ele tinha que ter um mandato — imagina, nem viveu para isso — em 98. E aí veio a
"A Constituinte deu a ele essa capacidade de ser ouvido. Me lembro do Mário
Covas, que era o líder do MDB, na época, dizer: “este menino é bom porque ele honra a palavra empenhada"
história de ser o governador da Bahia, que era o projeto político baiano, do pai dele e do partido deles na Bahia. E essas coisas a gente sabe como são. Os políticos têm que estar afinados com sua base para chegar aqui, senão não chegam. Ele preferiria ficar aqui, mas o projeto do grupo dele na Bahia passava pela ida dele para ser governador. Então ele aquiesceu e ele iria, mas com gosto muito grande pelo Parlamento. Eu acho que talvez porque ele nunca tinha sido Executivo né? Ele sempre foi Legislativo. Então eu não sei dizer. Ele falava muito que não queria, não para nós jornalistas, ele falava para os políticos que preferia ficar aqui.
Luís Eduardo era muito acessível. Ele conversava muito com jornalistas, mas, muito inteligente, só falava o que queria. Era simpático, gentil, cortês, mas ele não errava a mão, era muito contido nas declarações. Não era alguém abundante nas entrevistas. Ele falava, dava os recados que queria dar, mas não era um alguém que falasse mais do que devia.
Ele era um nome apontado para ser o sucessor do presidente Fernando Henrique. Isso teria sido em 2002, quando o país entendeu que era a vez do Lula. Eu acho muito arriscado projetar o que vai acontecer na política. Nunca concordei muito com essas especulações, porque a política não é linear. A vida tem uma dinâmica que raramente é a que você desenhou. A dele foi, lamentavelmente, a de que ele partiu.
Mas ele sem dúvida seria alguém importante na política brasileira por essas características: clareza de pensamento, clareza para expor o que pensava, para negociar e, sobretudo, por honrar os acordos. Ele era alguém que tinha preparo para a presidência: lia muito, estudava, tinha opinião sobre os problemas do Brasil... Ele já tinha larga experiência no Legislativo. Já tinha três mandatos de deputado federal, então, iria para o Executivo para se preparar para uma candidatura presidencial.
Cristiana Lôbo Jornalistafortes heráclito
É impressionante como o tempo passa rápido. Nós estamos aqui, 20 anos depois, falando de um cidadão cujas digitais ainda perambulam nos corredores desta Casa, tão marcante foi a sua passagem.
Eu conheci o Luís Eduardo na Constituinte. Eu era do bloco do Ulysses e ele formatou o Centrão. O Centrão daquela época não tem nada a ver com o Centrão de hoje, era um Centrão com outro objetivo, era um Centrão de defender o Brasil abrindo o mercado.
O mais interessante é que o Centrão tinha ideias mais abertas e mais avançadas do que nós, daí porque o Ulysses Guimarães, alertado pelas ações do Centrão, teve a sabedoria, na reta final da Constituinte, de programar para cinco anos depois uma revisão constitucional. Por quê? Porque enquanto se trabalhava aqui noite e dia por uma Constituinte, o mundo se abria lá fora. As ideologias começaram a fracassar. Cuba entrou numa crise irreversível, o muro de Berlim, que veio a ser derrubado oficialmente só um ano depois, já mostrava rachaduras e tornou-se necessário rever alguns trabalhos da Constituinte que haviam se tornado obsoletos: reserva de mercado e por aí afora. Esse pessoal era composto por Delfim Neto, Roberto Campos, Ricardo Fiuza, Luís Eduardo e muitos outros. Então, ali, ele teve a sua primeira
atuação marcante e deixou de ser a sombra do pai, que é outro momento importante.
Antonio Carlos era ministro das Comunicações, mas tinha uma influência muito grande aqui no Congresso. No decorrer da Constituinte, antes da sua promulgação, já não se precisava recorrer ao Antonio Carlos porque o Luís Eduardo já ocupava esse espaço. Terminada a Constituinte, eu me elegi prefeito e fui morar em Teresina. Quando meu mandato se encerrou, eu fiquei dois anos esperando eleição. Vim aqui para Brasília, a convite do governo Itamar Franco, e passei a conviver diariamente com Luís Eduardo. Eu não vinha à Câmara porque eu acho que ex-deputado tem que virar a página, só voltando se ganhar outro mandato. Mas nesse período nós nos encontrávamos quase que diariamente no Piantella. Era muito interessante, uma característica muito parecida com a do Doutor Ulysses: Luís Eduardo usava o Piantella ou qualquer outro restaurante para estender as conversas que ele não conseguia ter na Casa, ou por não haver tempo ou porque a tensão do Congresso não permitia. E aí eram momentos fantásticos. Então acompanhei o período da criação e da construção da candidatura do Fernando Henrique. Eu quero lembrar a vocês que, se não fosse Luís Eduardo, talvez Fernando Henrique não fosse o presidente da República. Luís Eduardo foi quem bancou. O PSDB,
nessa sua velha mania de não tomar posição, ficar no muro, retardou muito uma decisão. E foi Luís Eduardo, junto com Marco Maciel, Jorge Bornhausen e Guilherme Palmeira, quem bancou.
Tanto é que vocês se lembram que o primeiro candidato a vice-presidente foi Guilherme Palmeira. Mas, por questões que ocorreram, foi substituído pelo Marco Maciel. Luís Eduardo não aceitou em momento nenhum nem discutir o nome dele.
Ele dizia:
— Quem coordena não é candidato a nada. Se eu estou coordenando este processo, prefiro primeiro amadurecer politicamente, principalmente, no que diz respeito à política baiana, para tentar voos no futuro.
Ele achava que era imortal, ele achava que ia ter uma vida muito longa.
Pois bem. Eu volto, antes, no período em que eu fiquei sem mandato. Ele começou a insistir para que eu fosse para o PFL. Ele conseguiu pegar uma estrutura cansada do PFL e renová-la. E o PFL passou a ser o maior partido da Casa. Era um partido dinâmico de discussões, de debates. Criou-se a figura do PFL 2000, em que se projetava de 1996 a 2000 o partido para o futuro. Luís Eduardo era um líder 24 horas por dia. Em qualquer lugar que estivesse, só falava política.
Eu me lembro muito bem. Nós fizemos diversas viagens — viagens para a Europa, viagens para os Estados Unidos. E, onde ele estivesse, ele só falava no país. Outra coisa que me impressionava muito: Fernando Henrique, com toda a vaidade, com toda a sabedoria e toda a experiência, tinha um respeito muito grande pelo
Luís Eduardo. Quando Luís Eduardo falava, o Fernando Henrique respeitava porque sabia que era para o bem do Brasil. E naquela época havia um choque, duas estrelas: era o Luís Eduardo pelo PFL e o Sérgio Motta pelo PSDB. Dois temperamentos difíceis, mas que, mesmo com uma rusguinha aqui, uma rusguinha acolá, conseguiram trabalhar muito pelo país.
O papel dele como presidente da Câmara foi fundamental. Ele era um homem com os olhos sempre voltados para a melhoria da imagem do Parlamento, e ele conseguiu. E tem uma coisa fantástica: ele recebeu um documento com quase 350 assinaturas pedindo para que ele se candidatasse à reeleição. O regimento não permitia, mas com aquele número de assinaturas, não havia dúvida de que ele poderia ser candidato. Não aceitou de maneira nenhuma. De maneira nenhuma. Me ajudou, eu fui eleito primeiro vice-presidente da Câmara. Michel Temer era o presidente. O gabinete da Primeira Vice-Presidência fica aqui, atrás do Plenário. Ainda hoje é o mesmo gabinete. Luís Eduardo foi ser líder do governo. A liderança era longe, ficava lá no fim do corredor das comissões. Ele então praticamente usava um pedaço do meu gabinete, uma gaveta da minha sala, onde ele guardava os documentos. Também ia para lá fumar. Ele fumava muito. Eu já sabia: quando ele estava muito aborrecido, muito preocupado, ele pegava um maço de cigarros e fumava dois, três, cigarros e não dava uma palavra. Eu aprendi o macete. Também não ligava para ele e ficava na minha, até que ele dizia:
— Você não vai dizer nada, não?
E o assunto vinha. Era interessante.
Nós tivemos alguns momentos fantásticos. Em uma crise ministerial, nós estávamos em Nova Iorque — isso foi muito engraçado —, eu, piauiense, como sempre querendo puxar brasa para a minha sardinha, pedi a ele que colocasse o então senador Freitas Neto como ministro.
Aí ele jogou uma sacola com uma caixa de sapatos que ele estava carregando e disse:
— Isso aí também é demais!
E foi embora. Pensou que eu ia apanhar e não apanhei. Ele deu uns dez passos, voltou, pegou a sacola e deu uma gargalhada. Três dias depois, nós voltamos para Brasília e ele fez o Freitas Neto ministro da Reforma Administrativa.
Ninguém duvidasse da palavra de Luís Eduardo. A palavra dele era uma palavra que não voltava atrás. Ele era um homem de muito carinho, muito afetuoso. Ele tinha uma relação com a minha filha mais nova que era uma coisa impressionante. Quando ele desapareceu, minha menina ficou arrasada. Eu nunca me esqueço. Ela era pequenininha, fez um bilhetinho, veio aqui no Salão Negro, onde ele estava sendo velado, e jogou lá dentro. Nunca consegui saber, nem ela nunca me disse, o que estava ali dentro. Mas é uma coisa que marca muito.
Aliás, eu vivi o momento mais dramático de Luís Eduardo. Foi a decisão de ser candidato a governador da Bahia. Ele não queria. Ele queria continuar aqui. Mas houve muita pressão, inclusive do pai.
Até que um dia, o pai, que sabia da minha relação com ele, me disse:
— Heráclito, vou fazer um almoço hoje lá na minha casa e eu queria que você fosse.
Éramos só nós três. Foi o almoço mais chato de que eu já participei. Ninguém dava uma palavra, um olhando para a cara do outro, e eu ficando incomodado com aquilo. E ninguém tinha coragem de falar. Antonio Carlos esperava que eu puxasse o assunto, mas eu não era louco de falar naquilo.
Quando terminou, eu disse:
"Ele era um homem com os olhos sempre voltados para a melhoria da imagem do Parlamento, e ele conseguiu"
— Olha, vou ter que ir embora porque vou ter que abrir a sessão da Câmara.
E me levantei. Antonio Carlos me dizendo “espere aí”, etc., mas fui embora, vim para o meu gabinete. Meia hora depois, chega Luís Eduardo. Me diz:
— É, rapaz, você me levou para um alçapão. Meu pai quer que eu seja candidato e eu pedi a ele um tempo. Ele disse que eu conversasse com cinco amigos. E eu estou começando por aqui. Qual é sua sugestão?
Respondi:
— Luís, você tem que pensar numa coisa: seu pai tem um temperamento muito duro e você também. Você já se lembrou de que você vai ter que sentar com ele lado a lado durante oito anos? O risco que você vai ter?
Então ele disse:
— Lá me vem você com mais essa...
Três ou quatro dias depois, ele decidiu a candidatura. Mas ele mudou muito. Não era mais aquela figura das risadas largas, aquilo pesou muito nele. Não era que ele não quisesse governar a Bahia. É que ele era louco pelo Congresso. Ele tinha uma paixão pela convivência, pelos amigos. E ele separava os momentos, viu? Ele tinha amigos da noite e amigos do dia. E tinha amigos das duas pontas. Então a Mesa com Luís Eduardo era uma coisa agradável. Porque o assunto era bom, ele era inteligente. Você discutia o Brasil alternando com uma boa piada, então era uma coisa fantástica.
Vinte anos depois, lembrando do Luís Eduardo aqui, parece que foi ontem. Parece que ele ainda está aqui. Tem pessoas que têm esse destino, de
partir e deixar marcas. Como é o caso do Ulysses Guimarães, por exemplo, aqui na Casa. Mas Ulysses reinou durante o período da Constituinte, um período muito marcante, e teve coragem de tomar atitudes e de fazer a Casa andar. Luís Eduardo foi a continuidade. Porque, afinal, no período do Luís Eduardo, tivemos o início das reformas que o Fernando Henrique trouxe para cá, da reforma do regimento, das privatizações. Foi um debate duríssimo, mas ele enfrentava. Não deixava para o dia seguinte. Ele enfrentava. E outra coisa boa que hoje a gente não vê mais: a gente tinha certeza de que entre oito, nove horas no mais tardar, a Câmara encerrava as sessões. Você passava em casa, tomava um banho rápido, trocava de roupa e ia ao Piantella encontrar com ele, que já estava lá. Então ele era uma figura marcante. Viajar com ele era uma coisa fabulosa. Eu viajei com ele para o Japão, fiz viagens com ele para os Estados Unidos. Cada encontro com um chefe de Estado era uma coisa magnífica.
Tivemos uma passagem com ele muito
interessante: nós fizemos uma viagem que começou no Japão. Quando entramos no prédio da Dieta Japonesa, que é o Congresso de lá, e tinha muitas faixas com aqueles caracteres, o nosso guia, que era intérprete, nos explicou que eram umas faixas chamando os deputados japoneses de ladrão.
Aí eu dei uma risada e disse:
Está vendo, Luís Eduardo, não é só no Brasil que o Parlamento é atacado, não.
De lá nós fomos para a Itália. Chegamos na Itália, passamos em frente à Assembleia Nacional.
Perguntamos ao motorista de táxi:
— Que prédio é esse?
E o motorista respondeu:
— Tutti ladri! Tutti ladri!
— Está vendo?
Bom, fomos a Paris, último ponto da viagem. Eram os 150 anos, ou uma festividade do Parlamento francês, não me lembro. A gente vai chegando no prédio, o motorista do táxi diz:
— Voleurs! voleurs!! — assaltantes!
Aí eu digo:
— Você está vendo? Se console, porque a intolerância e impaciência com o Parlamento é mundial, não é só no Brasil, é o momento.
Então ele disse:
— Ô rapaz, vou sair dessa viagem aliviado.
Mas ele tinha essas coisas. Ele tinha essa preocupação.
O legado que Luís Eduardo deixou foi o de lutar e o de ser otimista. Nada melhor na vida pública, em qualquer atividade que você exerça, do que a crença e o otimismo. Ele era um otimista. Ele acreditava, tinha uma crença muito grande no processo exitoso do governo Fernando Henrique. E até a hora da morte ele esteve nesse processo.
Aliás, a morte de Luís Eduardo para mim foi um choque muito grande. Eu estava na minha casa em Teresina e meia-noite toca o telefone. Era Luís Eduardo. Me disse:
— Olha, Heráclito, morreu Sergio Mota. Venha para cá, para São Paulo.
Eu estava como presidente da Câmara. Eu era o vice de Michel Temer e Michel estava em uma viagem à Europa. Aí ele disse:
— Você requisite um avião e venha para cá.
Naquele tempo, os aviões da FAB não eram os aviões bons e confortáveis de agora, não. Eram aviões em que você entrava como passageiro e chegava como sobrevivente. Eu preferi não pegar um. Como tinha um avião que saía às seis e meia da manhã para Brasília, eu disse:
— Luís, vou sair às seis e meia e chego oito e pouco em Brasília.
"Vinte anos depois, lembrando do Luís Eduardo aqui, parece que foi ontem. Parece que ele ainda está aqui. Tem pessoas que têm esse destino, de partir e deixar marcas"
Ele me disse:
— Então você vai fazer o seguinte: procure uma pessoa, de cujo nome não me lembro agora, dentro do palácio, porque você vai com Fernando Henrique.
Fernando Henrique ia fazer a visita de corpo presente ao Sergio Mota na Assembleia e, em seguida, pegaria um avião para ir para a Espanha em uma viagem oficial. E assim foi feito. Ficamos lá o tempo todo, conversando, e fomos assistir ao sepultamento no cemitério. E houve uma coisa interessante: o Mário Covas levou uma vaia muito grande de professores que se instalaram lá na frente do cemitério. E Antonio Carlos foi aplaudido. Quando nós estávamos saindo, eu fui deixá-los no carro porque eu ia ficar em São Paulo. Então ficamos andando eu, Luís Eduardo, Antonio Carlos e o professor Di Genio, grande amigo dos dois. Ele me pega pelo braço e me diz:
— Meu amigo, difícil vai ser aguentar meu pai nas próximas semanas.
Eu pergunto por quê.
— Esses aplausos dele aqui vão deixá-lo numa vaidade... ele não vai ter outro assunto. Vai só comentar isso.
À noite, me fez três ligações. Eu acho que ele pensava que eu estivesse em São Paulo, fazendo alguma farra. Eu estava em um restaurante com João Dória, atualmente prefeito, e Eron Alves de Oliveira, um empresário na época. Ele me ligou até se convencer de que eu realmente estava... até porque não era meu departamento. De manhã, fui para Brasília. Quando estava na altura do balão da dona
Sarah, saindo do aeroporto, por volta de nove horas, ele me liga e pergunta:
— Fez boa viagem? Eu agora vou perder quatro quilos.
Era o termo que ele usava para a caminhada. Ele não usava o termo “caminhada”. Ele dizia “eu vou perder”. E aí eu acho que ele exagerava. Ele tomava uns remédios diuréticos, um muito famoso, e colocava uma roupa bem mais quente do que o momento exigia para forçar uma perda de peso. Eu perguntei:
— E depois?
Ele me disse:
— Meu pai está na Casa do Senado com Di Gênio e Moreno. Eu vou almoçar e depois nos encontramos para ir para lá.
Fui para o Piantella com minha mulher e minha filha mais nova, a que era amiga dele, íamos comprar um cachorrinho para ela. Nisso, eu vejo uma pessoa passar. Era uma assessora do Antonio Carlos que estava lá muito nervosa. Ela me chama, mas, no momento em que ela chama, Carlinhos, que era o motorista dele, me chama ao telefone e diz:
— Olha, o Doutor passou mal e estou levando ele para o serviço médico da Câmara.
Eu perguntei:
— Por que que não levam ele para o Santa Lúcia? — que era bem mais perto.
Mas ele era teimoso. Então, aqui aplicaram nele uma injeção chamada Dolantina. E depois ele foi para o Santa Lúcia. Ficou um bom período esperando um médico que vinha de São Paulo, Dr. Bernardino
Tranchesi, que eu acho que foi um erro. De repente, ele passa numa maca, sendo levado para o centro cirúrgico do hospital. As últimas pessoas com quem ele falou, com quem brincou, foi comigo e com Fred Arruda, hoje embaixador, que é da assessoria do Presidente da República. Fred Arruda trabalhava no gabinete do senador Antonio Carlos. O resto, o Brasil todo sabe. Eu nunca vi um homem em um desespero tão grande como Antonio Carlos. Aquele grito que ele deu: “Meu Deus! Por que não eu?”, ecoou naquele hospital todo.
Infelizmente, as histórias das pessoas têm começo, meio e fim. Mas a do Luís Eduardo não deveria ter sido tão curta.
Heráclito Fortes
Deputado federal

Kramer borges dora césar
UMA PROMESSA PERDIDA
Há 20 anos, familiares e amigos perderam um ente querido e o Brasil perdeu uma das maiores — na época a maior — promessas da política brasileira. Luís Eduardo Magalhães queria e poderia ter sido presidente do Brasil, caso a morte não tivesse pregado mais uma das suas malfadadas peças no país, levando cedo aquele que chegou ao cenário político nacional pelas mãos do pai, Antônio Carlos, e em pouco tempo firmou seu próprio nome.
Não como herdeiro de ACM, mas como um desbravador de novos caminhos, com uma nova maneira de pensar, com espírito agudo de conciliação, com indisfarçável ojeriza ao fisiologismo reinante, com uma visão moderna do Brasil, soube conquistar o respeito de aliados e adversários e era, nas palavras que ouvi certa vez do então presidente Fernando Henrique Cardoso, um valioso representante de uma nova e promissora geração.
Dora Kramer JornalistaInesquecível amigo, ser humano cordial e digno, homem público exemplar e de visão moderna, político de princípios éticos e morais, representava muito para a Bahia e o Brasil.
Uma esperança que se foi muito cedo!
Luís Eduardo Magalhães era, antes de tudo, um sedutor. Fosse exercício da liderança do partido, na presidência da Câmara ou com os jornalistas, sua receita de autoridade e sucesso em negociações políticas aparentemente impossíveis incluía doses muito mais elevadas de charme pessoal e elegância no trato do que da truculência que tremer velhos aliados do pai, ACM. Sendo ele fonte obrigatória os repórteres que se dedicavam à cobertura do Congresso, poderia puxar da memória dezenas de histórias que falam da inteligência perspicácia, sensibilidade, bom humor e irreverência do deputado, presente em todas as decisões importantes do Parlamento de tempo. Mas duas décadas depois, o que fica mais forte é a lembrança qualidade daquela relação profissional e ao mesmo tempo afetiva a fonte. O segredo da sedução de Luís Eduardo ia além da seriedade confiabilidade das informações que trazia. Combinava, como ninguém, proximidade e uma certa cerimônia. Éramos talvez uma dezena frequentavam sua casa e privavam de sua confiança. Mas ele nos sentir únicos, reservando-nos um apelido carinhoso e sui generis qual ninguém nos chamaria. Saudades daquela saudação monossilábica extraída do meu sobrenome: “Como vai, Sá?”. Christiane
César Borges
Presidente da Associação Brasileira das
Concessionárias de Rodovias, ex-senador, ex-governador da Bahia

Fosse no na relação negociações elevadas que fez obrigatória de todos poderia inteligência política, deputado, seu lembrança da afetiva com seriedade e ninguém, dezena os que nos fazia generis pelo monossilábica Christiane Samarco Jornalista
christiane
samarco
"Sua receita de autoridade e sucesso em negociações políticas aparentemente impossíveis incluía doses muito mais elevadas de charme pessoal e elegância no trato do que da truculência que fez tremer velhos aliados do pai ACM"
rocha josé
"Ele irradiava alegria, esperança, e conquistava a amizade de todos os que conviviam com ele"
Eu tive uma grata satisfação e até mesmo uma grande honra de ter convivido com o saudoso deputado Luís Eduardo Magalhães por duas oportunidades. A primeira, na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, quando fomos eleitos juntos pela primeira vez em 1978, e Luís Eduardo teve seu primeiro mandato como deputado estadual, um mandato brilhante. No segundo mandato, ele se elegeu presidente da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, e realizou um grande trabalho, conquistando amizades, com todos os funcionários da Casa, com todos os parlamentares, tanto de situação como de oposição, e impôs um ritmo de trabalho que granjeou o respeito e a confiança de todos os parlamentares, ele que teve uma brilhante passagem à frente do legislativo baiano. Eu tive a honra de, à época, participar da Mesa Diretora da Casa, como secretário, e ele como presidente.
Depois, ele se elegeu deputado federal e foi para Brasília. Em 1994, eu fui eleito deputado federal e ao chegar em Brasília já o encontrei com um destaque muito grande dentro da Câmara dos Deputados, quando ele foi eleito Presidente da Câmara. Então eu convivi com ele primeiro como Presidente, e depois como Líder do partido, o PFL, e finalmente como Líder do Governo.
Tem duas passagens de que eu me recordo bem. Primeiro, quando o Presidente Fernando Henrique Cardoso o convidou para ser líder do governo na Câmara; eu estava com ele no momento em que ele recebeu o telefonema, e ele disse ao Presidente Fernando Henrique que só aceitaria ser líder do governo se ele pudesse ter autonomia para marcar audiências com todos os parlamentares, independentemente se fossem da base
ou da oposição, com os Ministros do Governo. O Presidente concordou, deu a ele toda a autonomia, e Luís Eduardo então aceitou, tornando-se realmente um grande líder do governo Fernando Henrique, na época das reformas, quando ele comandou muito bem esse processo todo dentro da Câmara dos Deputados.
Outro fato de que recordo, foi quando o Presidente Fernando Henrique o convidou para ser seu companheiro de chapa na reeleição, para ser candidato a vice-presidente, e Luís Eduardo foi se aconselhar com o pai, o Senador Antonio Carlos Magalhães. O Senador disse que ele deveria primeiro ter uma experiência administrativa como governador do estado, para depois poder pleitear um cargo a nível da presidência ou da vice-presidência da República. Assim, ele o atendeu e se preparou para ser governador da Bahia.
Se candidatou e estava em uma campanha muito bem colocada para se eleger governador do estado, quando o destino interrompeu essa carreira brilhante que ele ainda iria percorrer. Morreu prematuramente, vítima de um infarto, e com certeza, se o destino assim não tivesse determinado, ele teria sido Governador da Bahia, e com certeza Presidente da República, e a história de nosso país seria muito diferente da que está sendo hoje. Ele teria sido um grande presidente, com um governo moderno, transformador, que orgulharia a todos os brasileiros, porque ele tinha uma visão de país e de mundo muito além de todos aqueles de nossa época. Era realmente um político fantástico. Quando ele reunia a todos ele transformava o ambiente que se tornava o mais alegre possível. Ele
irradiava alegria, esperança, e conquistava a amizade de todos os que conviviam com ele. Independentemente de ser correligionário ou adversário, ele conquistava a amizade, o respeito e tinha a credibilidade como grande patrimônio político da sua vida. Isso nos gratifica muito: de não só ter sido seu colega, companheiro e amigo, como de ter em Luís Eduardo um exemplo de vida a ser seguido. Eu procuro, na minha vida pública, me espelhar muito no que foi Luís Eduardo Magalhães, e tem sido muito bom, justamente porque Luís Eduardo foi um exemplo, e quem conviveu com ele teve a oportunidade de conhecer um grande homem. Muito obrigado.

parente pedro
O deputado Luís Eduardo Magalhães foi um dos mais respeitados líderes do governo no Congresso Nacional durante os anos do presidente Fernando Henrique Cardoso. Convivi com ele quando estava na equipe econômica e pude ver como tinha uma visão alinhada e como trabalhava pela aprovação das pautas importantes para o governo e o país. Sempre me admirou o seu grande trânsito entre os partidos que apoiavam o governo, mas também na oposição, numa atuação sempre baseada no cumprimento do que era negociado.
Pedro Parente Presidente da Petrobras
gabeira fernando
Luís Eduardo foi um dos maiores presidentes da Câmara. Tive a oportunidade de trabalhar com ele com uma bancada de um único deputado, e ele sempre respeitou a condição de minoria. Pessoalmente gostava dele. Num dos seus episódios de variação de pressão, a saúde já dando indícios de que falharia, cheguei a pedir que se importasse mais com ele do que com os pequenos conflitos da Câmara. Foi um dos grandes líderes de seu campo político na redemocratização. Se estivesse vivo, seria não apenas uma alegria para os amigos e familiares, mas uma esperança para o Brasil de hoje.
Fernando Gabeira
Jornalista e ex-deputado federal
madueño Queiroz denise Cristina
Das várias histórias do deputado Luís Eduardo Magalhães durante a convivência profissional que tive com ele, cito duas passagens que revelam, para mim, sua personalidade e caráter. O seu compromisso com o exercício da política, no que é considerado sua essência, sem espertezas. Nestes tempos em que nem o que é decidido no voto é respeitado, é de saudosa memória o episódio em que ele garantiu a manutenção da palavra empenhada em favor de uma bancada que tradicionalmente lhe fazia oposição, o PT. O caso se deu na disputa pela presidência da Comissão de Agricultura, quando Luís Eduardo, então presidente da Casa, impediu, com um discurso firme, que os ruralistas, majoritários, dessem o golpe nos ideologicamente adversários e minoritários petistas, que tinham o direito de comandar a comissão naquele ano.
Permanece muito viva na minha memória a alegria de Luís Eduardo. Mesmo nos momentos mais tensos, ele imprimia uma leveza no ambiente e nunca perdia o bom humor e a elegância no trato com as pessoas, independentemente de quem fosse. Era comum ele compartilhar risadas com o deputado Fernando Gabeira, então único representante do PV, no momento de encaminhamento de votação no plenário. “Líder Gabeira, oriente sua bancada, que espera ansiosa pela posição do partido.” Ele gostava do que fazia, e isso era transparente e contagiante.
Denise Madueño Jornalista
Luís Eduardo, grande líder, excelente chefe e amigo.
Destacou-se pela especial habilidade na articulação política. Transitava com maestria e suavidade entre a direita e a esquerda. Merece toda a nossa admiração e respeito.
Cristina Queiroz
Ex-chefe de gabinete na Presidência da Câmara dos Deputados
vianna mozart
Luís Eduardo Magalhães representou em essência aquilo que a Casa espera de um parlamentar.
Já em seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, ele de imediato participou ativamente dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, em termos de ideias, em termos de propostas. Foi titular da Comissão de Sistematização, que é a comissão mais importante da Constituinte, e depois disso continuou participando ativamente das discussões, ou seja, ele contribuiu enormemente, como legislador, para a Câmara e para o país.
Como já dito, ele chegou aqui e representou aquilo que se espera de um político: uma participação ativa nos debates, que não tinha receio de expor suas ideias, ainda que houvesse muita oposição. Por exemplo, no projeto da Constituinte, quando o projeto da Constituição foi votado, ele votou a favor de muitas coisas, mas também fez uma série de considerações nas quais aconselhava a correção de muitas imperfeições que ele viu no texto. Ele teve essa coragem, em um momento de extrema euforia, as pessoas comemorando, ele quis deixar consignadas suas opiniões.
Ele era sincero e franco. Leal acima de tudo, uma lealdade que me impressionava. Leal às suas
ideias, aos seus conceitos e às suas propostas, mas era uma lealdade que não colidia nas suas relações pessoais com os parlamentares. Ele respeitava as ideias do adversário, redarguia, discordava, ou então concordava, mas sempre em bom tom, e por essa razão manteve sempre uma excelente relação com todos os parlamentares.
Além disso, tinha noção exata dos direitos e dos mecanismos regimentais de que dispomos para os partidos de oposição utilizarem. Como presidente da Câmara, ele resguardou e fez questão de resguardar esse direito. Não tinha aquela coisa de: é oposição fica distante de mim, não vou falar. Então, durante o mandato dele, a Câmara produziu muito.
Ele esteve presente em momentos importantes para vida do país. Saímos de um regime de força, recobrando as liberdades democráticas, e vimos o primeiro presidente eleito por voto direto mergulhar em uma crise política sem precedentes, que foi o mandato do presidente Collor. Nas eleições diretas que se seguiram, Fernando Henrique foi eleito.
Acredito que o Governo FHC ganhou muito quando Luís Eduardo Magalhães assumiu a Presidência da Câmara, no biênio 95—96. Ele foi um presidente aliado, sem ser subordinado nem
subalterno. Aliado em termos de boas propostas, bom entendimento e boas ideias com o próprio Executivo. Do governo, eu diria que teve sorte de ter aqui, naquele início, quando foram enviadas as principais reformas, o presidente Luís Eduardo. Para as reformas administrativa e previdenciária, matérias importantíssimas que precisavam de tempo e habilidade para tramitar, tiveram em Luís Eduardo um fiel aliado na condução dos trabalhos, na correção da condução dos trabalhos, na questão de conduzir as negociações e as conversas para o entendimento, sem jamais passar por cima e sempre respeitando os adversários, levando apenas aquilo que a maioria quisesse. Então foi um período de intenso processo democrático.
O presidente Fernando Henrique Cardoso se dava muito bem com Luís Eduardo. Tanto é que, após ele ser presidente da Câmara dos Deputados, pediu que assumisse a Liderança do Governo na Câmara.
No período em que fui o seu secretário-geral da Mesa, tivemos uma excelente relação. Eu sou muito preocupado em fazer a coisa certa, com todos os presidentes. E ainda que o acordo político permita muitas coisas, ainda que eventualmente determinada decisão possa ter uma vírgula ou algo que permitisse uma outra interpretação, assim mesmo eu procurava colocar para o presidente aquilo que eu achava que era o caminho correto. Com o Luís Eduardo eu tinha muita facilidade de expor meu ponto de vista. Ele me ouvia muito e me chamava muito. Tomava muitas decisões com base no que a gente colocava, e confiava muito no nosso trabalho. É bom mencionar que quando eu digo isso, de que ele confiava muito no meu trabalho, o trabalho não era só meu. Eu não trabalhava só. Eu tinha comigo uma grande equipe de funcionários da Câmara, consultores e assessores da Secretaria-Geral da Mesa. Então naquilo que a Presidência da Câmara demandava, havia um relacionamento conjunto, não só meu, como secretário, mas no acionamento do Departamento de Comissões, da Diretoria-Geral, em tudo trocávamos ideias e sempre procurávamos as melhores soluções. Luís Eduardo sabia disso e sempre nos ouvia, quando tinha alguma dúvida perguntava, questionava e na maior parte das vezes seguia o que orientávamos.
"Luís Eduardo era
leal às suas ideias,
aos
seus conceitos e às suas propostas, mas era uma lealdade que não colidia nas suas relações pessoais com os parlamentares"
Acho que o legado que ele deixou foi o da política feita com correção, com lealdade, a política feita com o bom entendimento, a política feita com a conversa, com o saber valorizar o adversário político, saber valorizar as ideias contrárias. Isto para mim é ação política. E fez com que a Casa trabalhasse bem, a Casa produziu muito. Mas o principal, na trajetória dele na Câmara, o maior legado é o da correção, da lealdade da política, da palavra dita, da palavra cumprida.
E para mim, o que permanece de Luís Eduardo é minha admiração, até mesmo a inspiração para eu continuar trabalhando bem, desempenhando o meu trabalho com correção e honestidade, com um bom entendimento, e o trabalho de todos os colegas.
Por fim, gostaria também de mencionar que eu fico muito agradecido pela oportunidade de fazer esse depoimento. Fico até emocionado, e muito feliz de poder dar esse depoimento em relação ao deputado e expresidente da Câmara Luís Eduardo Magalhães, que foi uma figura ímpar na sociedade brasileira e na política brasileira.
Mozart Vianna de Paiva
Ex-secretário-geral da Mesa da Câmara dos Deputados e assessor da Presidência da República
pereira cantanhêde heraldo eliane
Luís Eduardo Magalhães foi dos grandes brasileiros que nós tivemos. Ainda hoje eu me refiro ao Luís
Eduardo como uma figura no presente. No presente da minha vida, no presente no país, um homem que tanta contribuição deu ao país. Eu fui testemunha do trabalho de Luís Eduardo Magalhães, especialmente aqui em Brasília: cobria a Câmara dos Deputados quando ele era líder, cobria a Câmara dos Deputados quando ele era Presidente, estive com Luís Eduardo na vida particular, em jantares, encontros festivos, com grandes amigos. Tenho muitas saudades de Luís
Eduardo Magalhães. Acho que o Brasil tem muita saudade de Luís Eduardo Magalhães.
Heraldo Pereira Jornalista
O céu era o limite para Luís Eduardo Magalhães, que era jovem, respirava política desde o berço e foi marcante líder e presidente da Câmara num momento inesquecível da política brasileira. Hábil, apesar das posições firmes, ele integrava a elite pensante do Congresso junto com José Genoíno, do PT, José Serra, do PSDB, Miro Teixeira, à época do PDT, Nelson Jobim, do então PMDB, entre tantos outros, que debatiam apaixonadamente no Congresso e confraternizavam amigavelmente fora dele.
Foi um momento enriquecedor, em que as discussões eram sobre ideias, programas e votações fundamentais. E as negociações eram debates em cima de concordâncias e discordâncias, não trocatroca de cargos e favores. Ou, pelo menos, não sempre, não para tudo. O destino levou Luís Eduardo prematuramente. E, por uma coincidência cruel, levou com ele grandes momentos e as melhores expectativas do Congresso Nacional.
João pimenta
da veiga
Mantive com Luís Eduardo, em seus últimos anos de vida, uma convivência política e pessoal muito próxima. Nosso último encontro se deu na véspera de sua morte, no velório de Sergio Motta, em São Paulo. Estava bem-disposto, lúcido como sempre, sem demonstrar qualquer problema de saúde; nada a indicar seu fim tão imediato.
Aprendi a admirar em Luís Eduardo Magalhães qualidades que possuía e que são indispensáveis ao bom homem público: determinação, coerência, fidelidade à palavra empenhada e coragem pessoal. Era cativante no trato e cuidava das questões políticas com o indispensável espírito público. Luís Eduardo Magalhães foi um expoente de sua geração. Se sua trajetória não fosse interrompida tão prematuramente, chegaria ao governo da Bahia e muito provavelmente à Presidência da República.
João Pimenta da Veiga
Advogado, ex-deputado federal e ex-ministro das Comunicações

Luís Eduardo Magalhães e Pimenta da Veiga
Foto Jornal A Tarde
"Aprendi a admirar em Luís Eduardo Magalhães qualidades que possuía e que são indispensáveis ao bom homem público"
souto PAULO
SOBRE LUÍS EDUARDO
Não sei o que, em poucas linhas, devo destacar mais na figura de Luís Eduardo. Se a sua extraordinária capacidade de articulação política e de convívio com adversários, ainda que os mais radicais, em nome da civilidade indispensável na política, ou se a sua abertura para as novas tendências, quer no campo econômico ou dos programas sociais, na vanguarda de ideias de modernização do país.
Embora não fosse propriamente do seu círculo de amizades mais íntimas, tive com ele sempre uma convivência muito saudável e proveitosa. No episódio de minha sucessão em 1998 sempre demonstrou convicção da lealdade de minha posição favorável a sua candidatura ao Governo, não se deixando levar pelas intrigas tão comuns nessas ocasiões.
Não posso deixar de registrar que com todo o poder que tinha, era dos políticos que menos se preocupava em exercer a sua influência para atender aquelas demandas tão comuns entre os políticos, com as quais às vezes demonstrava até alguma impaciência. Ao contrário percebia com enorme clareza os assuntos importantes para a Bahia e o Brasil e a elas se alinhava por claras convicções.
Enfim, foi um político que, se estivesse entre nós, certamente seria muito útil no momento que atravessamos.
Paulo SoutoSecretário da Fazenda da Prefeitura de Salvador, ex-governador da Bahia
"Percebia com enorme clareza os assuntos importantes para a Bahia e o Brasil"

Magalhães Júnior Antonio carlos
Luís Eduardo era muito brincalhão, era uma pessoa que se dava bem com todo mundo, era um ponto de união dos irmãos, uma pessoa alegre, comunicativa e muito ligada a todos os irmãos.
As três coisas de que ele gostava muito eram futebol, cinema e música.
Nós éramos muito próximos, conversávamos muito de assuntos pessoais e tínhamos uma proximidade e uma confiança mútua muito grandes, uma amizade muito forte. Além de sermos irmãos, éramos muito amigos e compadres simultâneos: ele batizou Neto e eu batizei Paula.
Desde criança, ele demonstrava dons para a política. Meu pai tinha vontade de que um dos filhos o seguisse na política e, obviamente, as características de personalidade e pessoais de Luís Eduardo eram muito mais favoráveis do que as minhas. Nós escolhemos caminhos diferentes muito cedo.
Por essa razão, a entrada dele na política foi muito natural: tanto pelas características próprias dele, como
pela vontade que meu pai tinha de que um de nós seguisse a carreira dele.
Eu tinha outras características, outro perfil, então foi muito natural, mesmo sendo o mais velho.
Luís Eduardo sempre foi líder dos colegas de escola, sempre influenciou, e, no momento em que ficou definido que ele entraria na política, ele foi ser oficial de gabinete de meu pai, no primeiro governo. Passou a trabalhar no gabinete, onde pôde criar uma rede de relações e de amizades muito grande, que lhe deu uma condição, um conhecimento, não só político como de relações pessoais, o que foi importantíssimo para o início da carreira.
Depois, ele foi chefiar o gabinete de um deputado na Assembleia do Estado da Bahia, até que chegou o momento da primeira eleição dele, em 1978, quando ele se elegeu deputado estadual. Em 1982 não pôde se candidatar a deputado federal, porque meu pai era governador. Por essa razão, ele só poderia se candidatar ao mesmo cargo que já ocupava. Então ele

repetiu o mandato dele na Assembleia e se tornou Presidente da Assembleia, acredito que em 1983, ou 1985, não me lembro bem.
Em 1986, ele foi eleito deputado federal constituinte. Teve um destaque muito grande, foi uma liderança importantíssima, tendo muita influência nos debates e na formatação da Constituição. Ele tinha posições muito claras, muito fortes e exerceu bastante influência nesse período.
Luís Eduardo era muito mais flexível e liberal do que meu pai, em termos de política e em termos de economia também. Luís Eduardo tinha uma habilidade muito grande para conversar, um negociador excelente. Ele conseguia se entender melhor com as pessoas.
Meu pai, obviamente, sonhava uma carreira para Luís Eduardo, ocupando cargos executivos. Primeiro, como governador do estado e depois como presidente da República. E ele tinha todas as condições de ser presidente em 2002, se não tivesse morrido em 1998. Acredito que ele teria sido um candidato fortíssimo.
Luís Eduardo tinha uma relação com os adversários muito bem construída.
Tinha posições muito claras, mas era uma pessoa muito leal, muito honesta e muito cumpridora dos compromissos.
Luís Eduardo, depois da Constituinte, foi, em um curto espaço de tempo, líder do partido, presidente da Câmara e líder do governo. Então, meu filho, Neto, tentou extrair do legado, tanto de meu pai como de Luís Eduardo, qualidades importantes para construir a própria carreira. Em especial a questão da costura nas negociações, da palavra dada, dos compromissos assumidos, ele sofreu muita influência
de Luís Eduardo. Um pouco antes da morte de Luís
Eduardo, Neto já desenhava a entrada dele na política. Mas o início de fato se deu logo após a morte de Luís Eduardo, em um evento em Salvador, quando ele foi escolhido pela ala jovem do partido para fazer um discurso saudando o presidente Fernando Henrique Cardoso, então candidato à reeleição. Esse foi o ponto de partida de sua carreira.
Então meu pai tinha planos, inclusive, para ele de até de presidente da República, o que eu acho que ele chegaria. Em 2002, o caminho estava absolutamente aberto, caso não acontecesse o que aconteceu.
Luís Eduardo era liberal. Ele não gostava da estatização excessiva. Ele era contra isso. Ele era a favor de o setor privado tocar a economia, embora regulada pelo estado.
Ele tinha uma visão muito clara nesse sentido, ele era antiestatizante e com plena razão. Ele defendia bastante essas posições. Ele, inclusive, teve um desempenho muito importante, quando presidente da Câmara e líder do governo, nos momentos em que o Brasil caminhou para a privatização de telefonia e quebra do monopólio estatal do petróleo.
Ele foi muito importante na presidência da Câmara e depois na liderança, ajudando o governo de Fernando Henrique a liberalizar e a fazer o Brasil avançar. Acho que essas características ficaram e ele é lembrado até hoje pela forma com que ele agia e a forma de pensar também dele. Ele conversava com muita gente. Ele gostava de conversar com pessoas preparadas e inteligentes. Ele tinha acesso a pessoas de alto nível e ele conversava muito com essas pessoas.
Luís Eduardo tinha uma facilidade muito grande de pegar as coisas, era uma pessoa muito inteligente,
pegava muito fácil as coisas. Então ele tinha um diálogo com pessoas que tinham pensamentos econômicos avançados, ele tinha uma cabeça muito boa, e eu acho que seria um grande presidente, se não tivesse morrido.
Ele era uma pessoa liberal, ele era antiestatizante de forma muito clara, declarada. Ele não escondia isso, ele não procurava ser meio termo e, justamente por esses pensamentos, ele foi influente na Constituinte, no governo de Fernando Henrique, na Presidência da Câmara e na liderança do governo. Ele ajudou muito a fazer o Brasil avançar em muitas coisas que até então eram difíceis de se tratar no país.
Eu tenho certeza que ele tinha uma aspiração política grande e tinha tudo para atingi-la. Infelizmente, o destino tirou essa chance dele, mas eu acredito que ele tinha planos e, com certeza, com a maneira de ele pensar e de agir, ele teria sido um grande presidente.
Na morte dele, eu estava em Salvador e pessoas conhecidas minhas ouviram numa emissora de canal fechado. Eu tentei me comunicar com o meu pai e ele acabou confirmando a situação, então eu embarquei para Brasília apressadamente. Mas a informação que nós tínhamos quando saímos de Salvador é que as coisas estavam sob controle. Mas, na verdade, quando chegamos em Brasília as coisas estavam críticas e ele acabou falecendo. Pouco depois da minha chegada, ele acabou falecendo.
O Dr. Bernardino Tranchesi apareceu para comunicar que fez de tudo, mas não conseguiu salvá-lo. Foi uma situação que eu não sei como toda a família conseguiu entender. Foi um choque muito violento.
Michele foi conosco para Brasília, mas minha mãe e os filhos estavam em Salvador. Até terem uma informação precisa, em função da situação grave que eu encontrei, eu procurei não me comunicar para não ficar iludindo ninguém. Mas na hora de comunicar não teve jeito, tivemos de comunicar.
Fez-se um velório na Câmara e, no dia seguinte, pela manhã, nós embarcamos num avião presidencial e viemos para Salvador com o corpo. Ele foi velado na Assembleia. O Presidente Fernando Henrique tinha ido para a Espanha e cancelou todos os compromissos e voltou. Nós esperamos o Presidente chegar para podermos fazer o sepultamento, no dia seguinte.
Foi uma comoção muito grande na cidade. Lidar com essa situação foi muito complicado. Luís Eduardo Filho tinha 16 anos, então realmente é uma situação muito difícil, muito complicada para a família. Um choque de proporções imensas, que chocou a todos nós. A gente ficou realmente sem chão.
Nós temos lembranças de irmão, de amigos e de político. Eu tenho uma boa memória, eu lembro de lances de infância, de adolescência, de companheirismo, desde essa época. E nossas divergências maiores eram no futebol. No resto, nós não tínhamos divergência. Eu sou Bahia, ele era Vitória. Era a maior divergência que nós tínhamos, fora isso nós não tínhamos divergência.
E ele não era radical. Eu era muito mais radical, sendo Bahia.
Nós sempre fomos amigos desde cedo, andávamos muito juntos. Eu fiz a minha carreira empresarial paralelamente, mas sempre amigos, sempre juntos e sempre solidários em todos os momentos. E depois a
brilhante carreira política que ele vinha fazendo e não pôde continuar, infelizmente.
Ele participou da Constituinte, depois liderou o partido e depois presidiu a Câmara, onde ele foi importantíssimo em reformas de modernização do país.
Foi muito importante na Constituinte, na Presidência da Câmara e na liderança do governo. Ele foi de extrema importância para o Brasil avançar porque nós tínhamos monopólio de petróleo, nós tínhamos o setor de telecomunicações estatal. Imagine se nós tivéssemos hoje os celulares como se fosse uma empresa de governo. Como é que você iria lidar com telefonia móvel e com empresa governamental? É absolutamente impossível o volume de investimento necessário, a modernização tecnológica e um negócio típico de uma empresa privada. Isso estava na mão do governo. Ele ajudou muito a mudar esse padrão.
O petróleo também. A empresa estrangeira não podia operar no Brasil, não podia explorar petróleo no Brasil. Era monopólio da Petrobrás. Ele ajudou a quebrar o monopólio, além de alguns avanços na Constituinte, que foram muito importantes. Não fossem esses avanços, nós teríamos problema também porque a Constituinte teve que acomodar certas situações de várias diferenças ideológicas. Foi uma negociação, então, se ali não tivesse alguém que cuidasse dos avanços na parte econômica e na parte política, nós teríamos problemas. Luís Eduardo teve uma participação muito importante, em nível federal, tanto na Constituinte, quanto na Presidência da Câmara e na liderança do Governo.
Eu acho que ele tinha uma carreira brilhante. Na forma como nós prevíamos, ele poderia ter chegado
à presidência da República em 2002, não fosse a sua prematura morte.
Além de colocar para votação projetos da maior importância para o país, houve também um processo de moralização, de fazer com que os deputados trabalhassem e de fazer com que não se gastasse dinheiro de forma não fiscalizada. Não havia gestão na Câmara, ele também foi importante nesse ponto. Ele foi muito importante ao colocar em votação projetos que o país precisava e ao comandar essas votações numa liderança bastante forte na Câmara dos Deputados. A gente sente muita saudade do político, do irmão e do amigo.
Teve um detalhe importante: eu acabei entrando na política por causa dele. Um belo dia, meu pai, candidato ao Senado, com o prazo para a escolha dos suplentes se esgotando, respondeu para o Luís Eduardo, que estava cobrando dele que escolhesse logo: “Eu não posso escolher alguém que torça para eu morrer”. Meu pai era realmente muito supersticioso. Luís Eduardo olhou para o lado e disse: “Olhe ali” e apontou para mim. Aí, pronto, fui escolhido suplente. Acabei assumindo.
Gostei muito da experiência no Legislativo. Eu não tinha o dom de Luís Eduardo, nem de meu pai ou do próprio Neto, mas eu consegui cumprir bem minha missão, principalmente na parte legislativa, e foi uma experiência que, realmente, não tem preço.
Antonio Carlos Magalhães Júnior Ex-senador da República
A gente sente muita saudade do político, do irmão e do amigo.Antonio Carlos Magalhães
Júnior


Luís Eduardo Magalhães discursando na Assembleia Legislativa da Bahia.
Foto Carlos Catela, Arquivo Correio da Bahia – 1979



PENSAMENTO POLÍTICO
Maio de 1987
“O Brasil precisa de um programa econômico que assegure o crescimento, a melhoria da distribuição de renda e o controle da inflação, esta é urna questão fora de dúvida. Não podemos continuar sem um programa econômico. É necessário que se adotem medidas, sobretudo no campo da austeridade, para que se coloque a economia no rumo certo”.
“Sabemos Sr. Presidente, que para consolidação da democracia, é necessário que o governo não possua o controle político e econômico, porque isso, inevitavelmente, nos leva a um poder autoritário”.
“Defendemos a liberdade econômica, Sr. Presidente, defendemos princípios que são pré-requisitos para uma verdadeira democracia no país, e esperamos que o governo adote urgentemente medidas de elaboração de um programa econômico coerente com a nossa realidade, coerente com os desejos da sociedade, que não consegue conviver com taxas de inflação acima de 15% ao mês”.
Agosto de 1987
“Trago uma advertência àqueles que mascaram interesses particulares ou de grupos com suspeitos idealismos políticos. O povo, inocente em suas esperanças, não foi suficientemente esclarecido do que, em verdade, se pode fazer por ele numa Assembleia Nacional Constituinte. Enganam-se os que pretendem ser ídolos de quem não quer mais construir pedestais. Sem um ouvido apurado, atento aos passos inevitáveis da história, às novas imagens de vida coletiva e procurando reduzir as diferenças dos estatutos pessoais, esta Assembleia jamais deixará nitidamente estampada a sua impressão na crônica do direito constitucional brasileiro”.
“Enganam-se os que pretendem ser ídolos de quem não quer mais construir pedestais. Sem um ouvido apurado, atento aos passos inevitáveis da história, às novas imagens de vida coletiva e procurando reduzir as diferenças dos estatutos pessoais, esta Assembleia jamais deixará nitidamente estampada a sua impressão na crônica do direito constitucional brasileiro”
“É preciso que se dê maior rapidez ao processo de privatizações, a fim de que possamos obter moeda forte, investimentos internacionais no País e retomemos o caminho do
desenvolvimento e da geração de novos empregos; que a sociedade brasileira espera”
“Precisamos modelar a Constituição, atendendo aos interesses da sociedade em que vivemos, repelir de um lado, os que se apresentam como sentinelas da ordem e não defendem mais do que proveitosos hábitos arraigados e, do outro, os donos das certezas perenes a serviço de ódios vagos, sonhos ocos, ambições frustradas, apetites insaciáveis e complexos sedimentados”.
“Na cruel e poética mitologia grega, conta-se que Níobe teve seus sete filhos e filhas mortos por Apolo e chorou tanto que os deuses, apiedados, a transformaram em pedra. Mesmo assim, transformada em pedra, Níobe continuou a chorar a sua dor. O nosso povo já sofreu demais. Evitemos que ele continue a ser uma Níobe sem lágrimas”.
Maio de 1991
“Não adianta o movimento sindical insistir em tentar paralisar o Brasil na raça. Sabemos que estamos diante de um grave arrocho salarial. Estamos assistindo à queda do PIB. Entretanto, Sr. Presidente, todos esses fatores juntos servem para que nós, dentro desta Casa, que é a casa do povo, possamos discutir e votar as questões fundamentais para tirar o país de onde ele se encontra – e não tentar fazer, na raça, uma greve”.
“Para encerrar as minhas palavras, que esta Casa - e acho que o movimento sindical já reconheceu isto - é o foro ideal para o grande debate das questões nacionais”.
“O que não podemos admitir é a agressão que partiu não dos trabalhadores, mas daqueles que tentam manipulá-los; daqueles que jogam bombas de coquetel molotov no cidadão comum, inocente; daqueles que jogam “miguelitos” na rua para tentar forçar uma greve que a sociedade repudia. Sr. Presidente, o que na Bahia não se admite é pretender, na raça, contra a vontade dos cidadãos, tentar parar o Estado”.
“Não queremos a violência; ao contrário, queremos, sim, respeito à Constituição, respeito aos direitos humanos”.
Novembro de 1991
“É preciso que se dê maior rapidez ao processo de privatizações, a fim de que possamos obter moeda forte, investimentos internacionais
no País e retomemos o caminho do desenvolvimento e da geração de novos empregos; que a sociedade brasileira espera”.
Dezembro de 1991
“Todos os partidos desejam colaborar porque estão vivendo e convivendo com as dificuldades por que atravessa a nação. E a classe política precisa - e tem tentado, neste Parlamento -corrigir seus próprios defeitos, como prova de que quer um Legislativo cada dia mais transparente. Tenho certeza, Sr. Presidente, de que este Poder não faltará à Nação”.
Abril de 1992
“Não pode haver liberdade política sem liberdade econômica, e vice-versa”.
“Espero que nossa política externa continue voltada para os interesses nacionais, como tem ocorrido até agora; e mais, Sr. Presidente, que possamos, sem dúvidas alguma, ter cooperação entre o Poder Legislativo e o Poder Executivo na questão da política externa”.
Janeiro de 1993
“Entendo que estamos avançando na direção certa. Precisamos acabar com esses privilégios. Precisamos, sem dúvida alguma, dar mais transparência e maior responsabilidade à gestão dos interesses públicos. Certamente sentiremos os benefícios quando as empresas estatais puderem concorrer livremente, correndo os riscos de mercado e sem Tesouro tendo sempre que desviar recursos de programas sérios para cobrir ineficiências, privilégios, empreguismos e, às vezes, corrupção”.
Junho de 1993
“Numa casa política, necessariamente, tudo não precisa ter consenso. Ao contrário, defendo que em algumas matérias é preciso que fiquem claras as diferenças ideológicas mesmo quanto ao mérito de alguns projetos. Não sou dono da verdade, mas estou aqui, Sr. Presidente, para perder e para ganhar”.
“Esta Casa é uma Casa onde, em primeiro lugar, devemos votar, e não devemos ter receio de esconder posições, às vezes, dentro de um consenso maior. Ao contrário, é preciso que em alguns pontos a nação e a sociedade conheçam o que pensam seus representantes, o que pensam seus deputados, para que possam julgá-los nas eleições”.
“É preciso, realmente, acabar com o Inamps, até para que não se tenha mais esse bode expiatório da ineficiência do Sistema Único de Saúde brasileiro. A partir daí, poderemos buscar uma maior eficiência desse sistema, que não vem funcionando bem no Brasil”.
“Iniciamos o processo de discussão da introdução de mais um imposto no Brasil. Sabemos que, numa economia com uma inflação de mais de 1 % ao dia e com tamanho déficit público, o Governo está optando pelo caminho mais fácil. E qual é o caminho mais fácil? E o de justamente buscar o aumento da receita, repassando para a sociedade o ônus, criando um imposto que não incide sobre o ganho de nada - simplesmente incide sobre a movimentação financeira - para tentar buscar o equilíbrio das suas contas. Entretanto, o Governo se esquece do processo de privatização, que poderia evitar gastos desnecessários, como também trazer uma receita adicional para o equilíbrio das contas públicas”.
“Hoje esta Casa tomará uma decisão das mais importantes: se consideramos ou não o requerimento de urgência urgentíssima para a tramitação do projeto que cria o IPMF. Sabemos que esse imposto incidirá sobre a movimentação financeira, e não sobre ganhos, o que o toma extremamente injusto. Esse tributo, segundo alguns, deverá engordar os cofres públicos em mais de 10 bilhões de dólares ao ano. Isso significa dizer que não vamos querer o ajuste que toda a sociedade brasileira deseja: um processo de privatização rápido, a diminuição do Estado e o fim dos privilégios. Estamos optando pela criação de um imposto na expectativa de que, a partir de agora, o governo tente ordenar as finanças públicas. Não é correto”.
“Sabemos, Sr. Presidente, que temos como ajustar as finanças públicas. Basta que o governo trate com rigor os bancos estaduais; basta que o governo cobre as dívidas dos Estados e Municípios, bem como acelere o processo de privatização. Entendemos que o caminho mais fácil para aumentar a receita e gerar expectativa para a sociedade do corte de despesa não funciona mais para a opinião pública”.
“Já perdi a conta do número de projetos sobre política salarial que tenho votado aqui. Na verdade, acho que o tributo mais alto pago pelo trabalhador é a inflação. Vamos votar agora o reajuste mensal. Dentro de pouco tempo, talvez estejamos votando um reajuste quinzenal, para sermos otimistas”.
Não podemos admitir que em nosso País, hoje com crescimento real de 33% na arrecadação, as despesas tenham um crescimento de custeio maior do que o aumento real da arrecadação. Logo, todo o
esforço da sociedade, que cumpre suas obrigações pagando seus impostos, será em vão. O Nordeste está completamente devastado pela seca, a periferia das grandes cidades está completamente desassistida e ficamos criando órgãos públicos”.
“Dos projetos do governo, considero este o mais importante. Em primeiro lugar, porque dá um passo decisivo em direção ao nosso anseio, que é justamente diminuir o tamanho do Estado. Na verdade, este projeto do governo permite a participação de até 100% de capital estrangeiro no processo de privatização. Não há dúvida de que esta é uma posição lúcida e contemporânea da área econômica do governo. Com isso, demonstramos que não queremos simplesmente fazer oposição pela oposição. Este projeto vem ao encontro do programa do nosso partido, que é acelerar o processo de privatização e conseguir atrair capital”.
Agosto de 1993
“Estamos votando um projeto com cuja aprovação pensa-se que estaremos ajudando o trabalhador. O que devemos fazer, Sr. Presidente, é justamente o contrário: devemos acabar com o vale-transporte, o vale-refeição, vale gás etc., porque tudo isso contribui para o aumento do preço do produto que será pago pelo consumidor final. E é um engodo. O trabalhador precisa é de salário”.
Setembro de 1993
“Há desvio nas campanhas eleitorais, os quais muitas vezes fogem ao controle dos candidatos. A campanha eleitoral no Brasil virou uma guerra de empresas de publicidade que procuram competir

“Devemos acabar com o vale-transporte, o vale-refeição, vale gás, etc., porque tudo isso contribui para o aumento do preço do produto que será pago pelo consumidor final. E é um engodo. O trabalhador precisa é de salário”
Luís Eduardo Magalhães vota nas eleições de 1989.
Foto Arquivo Correio da Bahia – 1998
“Entendemos que a única maneira de o governo buscar um ajuste é via processo de privatização. Esta, sim, é uma receita que não aumentaria a inflação, pois os custos não seriam repassados para os aumentos dos
impostos. Aí, sim, teríamos um Estado maior, menos corrupto e mais eficiente”
a cada dia, aperfeiçoando suas técnicas, apresentando problemas mais bonitos. Entretanto, Sr. Presidente, para apresentar esse tipo de programa não seria necessário horário gratuito de rádio e televisão.
Novembro de 1993
“Não podemos assistir a tudo isso calados; não podemos ficar parados pacificamente, sabendo que temos uma Constituição que dificulta as soluções estruturais do País, que dificulta não o Governo de Itamar Franco, ao qual sou oposição, mas que certamente trará enormes dificuldades ao futuro Presidente da República, seja ele quem for”.
“O Brasil é recordista mundial de inflação de mais de 36% ao mês, o que aumenta a corrupção e cria dificuldades para resolver estruturalmente o problema da corrupção, que está justamente no tamanho do Estado e na sua centralização”.
“A diminuição do Estado, a descentralização, a criação de mecanismos que facilitem o trabalho do Poder Judiciário, tudo isso, Sr. Presidente, poderá ser feito num prazo curto, com a colaboração de todos aqueles que desejam um país melhor no futuro próximo, com uma economia estabilizada, buscando a retomada do tão sonhado crescimento econômico, que gerará os empregos tão ansiosamente aguardados pelo nosso povo”.
Setembro de 1993
“Não queremos a revisão constitucional de toda a carta, até porque compreendemos e entendemos que ela possui dispositivos que são muito utéis ao nossa País. Entendo, Sr. Presidente, que o grande problema reside na ordem econômica, com a inibição de investimentos, com monopólios da União, com o subsolo sem gerar as riquezas de que o povo brasileiro tanto precisa. São esses dispositivos e mais a Previdência Social, a estrutura do Estado brasileiro e o capítulo tributário, que precisam ser revistos.
Dezembro de 1993
“Entendemos que a única maneira de o governo buscar um ajuste é
via processo de privatização. Esta, sim, é uma receita que não aumentaria a inflação, pois os custos não seriam repassados para os aumentos dos impostos. Aí, sim, teríamos um Estado maior, menos corrupto e mais eficiente”.
Fevereiro de 1995
“Entendo, Sr. Presidente, que, para presidir esta instituição, não se pode ter cor partidária. Serei Presidente da reconstrução da credibilidade do Parlamento brasileiro, com o apoio de todo o Plenário”.
“Este é um momento decisivo na vida da democracia. Hoje, Sr. Presidente, infelizmente, sofremos todo tipo de humilhações, acusações por todos os motivos e por muitos segmentos da imprensa, acusações algumas vezes justas e muitas vezes injustas.
Fique certo, Sr. Presidente, de que agirei sempre com presteza, defendendo esta Casa para que possamos ter o respeito da opinião pública brasileira”.
Junho de 1996
“Advirto à Casa que não podemos ficar sem deliberar. Isso está ficando extremamente desgastante para o Congresso. Não podemos trabalhar apenas dois dias e meio, por semana, em plenário. Temos de trabalhar três dias”.
Novembro de 1997
“A estabilização da economia é inegociável. Temos propostas novas? Temos, sim. Essas, vamos discutir, vamos disputar”.
“Desde o começo da implantação do Plano Real, em várias oportunidades, afirmamos ser preciso encontrar um equilíbrio fiscal, implantar reformas, até
para não segurar o Plano no câmbio e na taxa de juros. Sempre afirmamos ser necessário o ajuste do Estado e estamos aqui tentando viabilizar as reformas. Vamos aprovar as reformas, sim, porque existem aqueles deputados, os patriotas de sempre, que irão votá-las e aprová-las. E o Congresso, mais urna vez, demonstrará que está de acordo com o pensamento majoritário da sociedade brasileira”.
“O que a sociedade brasileira não pode perder é a estabilização da sua economia, que foi muito difícil de conseguir. O governo irá fazer a sua parte. E, mais una vez, tenho certeza de que contará com o Congresso, como contou para a votação das reformas econômicas”.
“Reafirmo minha crença, minha certeza de que esta Casa continuará votando as reformas. Queremos a estabilização da economia, queremos um estado mais ágil, um estado sem privilégios e com orçamento equilibrado”.
“Queremos acabar com o déficit público, queremos criar bases sólidas para que definitivamente possamos constar como um país com uma economia completamente equilibrada, independentemente de controles eventuais de taxas de juros ou mesmo de câmbio”.
Junho de 1997
“É com muita honra que assumo, hoje, no plenário, a Liderança do Governo, neste momento tão difícil. Estamos no meio de processo de votação de uma das emendas mais importantes para a reforma do Estado brasileiro, ou seja, a reforma administrativa”.
“Uma Casa como a Câmara dos Deputados, que tem demonstrado espírito público nos momentos mais difíceis, tendo cortado a própria carne, não
haverá de permitir - tendo certeza, de acordo com o encaminhamento dos partidos que dão sustentação ao Governo - que isso venha a acontecer na Administração Pública brasileira”.
“Portanto, conhecendo o espírito reformista da maioria desta Casa, os bravos companheiros do PSDB, do PTB, do PMDB, do PPB e do PFL e mais os partidos que formam os blocos darão uma demonstração de que vamos reformar o Estado brasileiro dentro da disciplina e da democracia”.
“Analisando as medidas adotadas nos últimos anos, desde a elaboração do Estatuto da Terra, em que se priorizava a reforma agrária em três aspectos muito importantes - colonização, desapropriação e tributação progressiva-, constatamos que esses três instrumentos importantíssimos para a aplicação da reforma agrária, infelizmente, o nosso país pouco aplicou”.
“É muito fácil, Sr. Presidente, é até bonito, se analisarmos a extensão do país, defender o direito de cada pessoa a um pedaço de terra. Mas num país com tantas diferenças como o nosso, com regiões pobres e carentes, sabemos bem que apenas uma parcela produtiva da terra, a de boa qualidade, interessa à exploração”.
“O que queremos é uma revolução nesse setor, e o Brasil está demonstrando neste instante que se está antecipando a vários países do mundo ao buscar abrir o setor de telecomunicações”.
Julho de 1997
“Hoje já estamos completando três anos de vigência do real, com uma inflação que caiu de 5.000% para menos de 10% ao ano e um crescimento positivo todos os anos, numa demonstração clara de que o
povo brasileiro deseja a sua economia estável”.
“Nós congressistas, temos, neste instante, a grande responsabilidade de aprovar as reformas para garantir a estabilização da economia. Seria muito bom, e até fantástico, se conseguíssemos reduzir a inflação de 5.000% para menos de 10% ao ano sem custo algum: sem recessão, sem precisar votar nenhuma reforma profunda no Estado. Seria muito fácil. Nesse caso, entretanto, não ganharíamos o Prêmio Nobel da Economia, mas, sim, o da Química, porque teríamos criado a fórmula mágica do combate à inflação”.
“Vamos ter um déficit, este ano, de um bilhão de dólares na Previdência Social, Sr. Presidente, e – o que é mais grave - se já tivéssemos aprovado a reforma da previdência, teríamos agora um superávit de um bilhão e meio de dólares”.
“Não se pode simplesmente garantir paridade e desconhecer a realidade dos Estados e dos Municípios brasileiros, esquecendo que seus administradores precisam de instrumentos para ordenar as finanças públicas. Sem o ordenamento será difícil garantir a estabilização de nossa economia no futuro”.
“Neste dia em que completamos três anos de Plano Real, não é desnecessário lembrar a possibilidade de o Estado reordenar suas receitas e despesas e equilibrar melhor as contas. Não seria também desnecessário lembrar o papel histórico do Congresso Nacional da Câmara dos Deputados e do Senado da República, que certamente não vão falhar. Vamos apoiar. Vamos voltar a votar. Vamos vencer, porque que está em jogo não é o nosso, mas o destino de todo o povo brasileiro”.
“É claro que seria impossível obter-se a estabilização sem um ajuste fiscal profundo.
O que a sociedade brasileira não pode perder é a estabilização da sua economia, que foi muito difícil de conseguir
Não se pode simplesmente garantir paridade e desconhecer a realidade dos Estados e dos Municípios brasileiros, esquecendo que seus administradores precisam de instrumentos para ordenar as finanças públicas. Sem o ordenamento será difícil garantir a estabilização de nossa economia no futuro
Luís Eduardo, 1997
Será que estaria a sociedade brasileira preparada para o tamanho do ajuste? Creio até que não, Sr. Presidente. Mas o Sr. Presidente da República teve a coragem, e esta Casa não faltou quando aprovou - com celeridade, é verdade - as reformas da ordem econômica. As reformas do estado, Sr. Presidente, são difíceis em qualquer lugar do mundo. Estamos assistindo a prova disso agora, na Europa: a reforma da previdência derrubou o governo italiano há um ano e meio; a necessidade de reforma da França fez com que o Presidente da República errasse e trocasse 82 por 37% de apoio parlamentar; talvez se excetuasse a Inglaterra, pela continuidade de dezoito anos de um só governo, que agora que foi modificado o novo governo, pretende manter a mesma política econômica”.
“As reformas são difíceis, Sr. Presidente, e esta Casa vem batendo, desde 1995, a reforma administrativa. V. Exª, em determinado momento, foi extremamente importante para tentar salvar o que restava da reforma previdenciária, sobretudo no setor público, onde, infelizmente, no Brasil se remunera melhor o inativo do que o ativo”.
“Esta Casa hoje decidirá o destino da reforma administrativa, como testemunha de um tempo, de uma Câmara renovadora, de um Poder Legislativo consciente, que agora mesmo responderá aos anseios da sociedade brasileira, que clama por mudanças”.
“Em boa hora, V. Exª, Sr. Presidente, com um grupo preocupado em retomar a iniciativa para o Poder Legislativo, elabora uma agenda que certamente dará ênfase, espero eu, à reforma política, necessária sobretudo para que os partidos políticos tenham mais identidade e para que se possa estabelecer - essa é
a minha opinião - a fidelidade partidária, discutir a questão da representação. Enfim, essa é uma reforma da maior importância, porque, no sistema atual, infelizmente se possibilitam os desencontros a que pudemos assistir nas últimas horas”.
“É preciso a manutenção da ordem, pois sem a ordem não há democracia que resista. E, para isso, é importante a atuação da oposição, da base de sustentação do governo, mas, sobretudo, é importante um Poder Legislativo ativo e que atenda aos anseios da Nação”.
Setembro de 1997
“Estamos sempre abertos ao diálogo. Esta é uma Casa de tendências diferentes e democrática. É perfeitamente aceitável o entendimento. Estamos abertos ao diálogo, mas, se não quiserem o entendimento, quero que o Plenário, democraticamente, delibere sobre esta matéria”.
Janeiro 1998
“Lutarei para isso, mas não quero assumir um compromisso pois quando o faço costumo cumprir”.
“É evidente que soberano é o Plenário da Câmara dos Deputados, e as decisões maiores são tomadas justamente por ele”.

“É preciso a manutenção da ordem, pois sem a ordem não há democracia que resista. E, para isso, é importante a atuação da oposição, da base de sustentação do governo, mas, sobretudo, é importante um Poder Legislativo ativo e que atenda aos anseios da Nação”

DISCURSO DE CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA | 1995
Candidato à Presidência da Câmara dos Deputados
Discurso proferido na sessão de eleição do Presidente, em 2 de fevereiro de 1995
O SR. LUÍS EDUARDO (Bloco Parlamentar (PFL) - BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, que sejam de saudação as minhas primeiras palavras aos Deputados reeleitos, nossos companheiros que enfrentaram as umas e, com as dificuldades sobejamente conhecidas, conseguiram retornar ao Parlamento.
Desejo igualmente manifestar a minha alegria pelo rejuvenescimento que representa a chegada dos novos companheiros, rejuvenescimento que, com vontade, com a garra necessária, por certo esta Casa saberá unir à experiência dos mais antigos para resgatar a credibilidade da classe política.
Entendo, Sr. Presidente, que, para presidir esta instituição, não se pode ter cor partidária. Serei Presidente da reconstrução da credibilidade do Parlamento brasileiro, com o apoio de todo o Plenário. (Palmas.)
Este é um momento decisivo na vida da democracia.
Hoje, Sr. Presidente, infelizmente, sofremos todo tipo de humilhações, acusações por todos os motivos e por muitos segmentos da imprensa, acusações algumas vezes justas e muitas vezes injustas.
Fique certo, Sr. Presidente, de que agirei sempre com presteza, defendendo esta Casa para que possamos ter o respeito da opinião pública brasileira. (Palmas.)
"Serei Presidente da reconstrução da credibilidade do Parlamento brasileiro, com o apoio de todo o Plenário"
Ser Deputado, Sr. Presidente, não é ser ninguém, porque o povo não é ninguém. Ser Deputado é ser representante do povo, e aqui cumpriremos o nosso papel.
Ouvi atentamente o discurso do ilustre Deputado José Genoíno, por quem tenho admiração e respeito. Pode S. Exª. ficar tranquilo - e até descansado -, porque a Mesa da Câmara, se eleito eu for por este Plenário, agirá de forma transparente, e qualquer desvio, apontado por qualquer Deputado, acarretará punição imediata, Sr. Presidente; não será necessária a presença do PT, pois nós representamos a maioria da Casa.
Sr. Presidente, ao longo de toda a minha vida pública, venho exercendo mandatos eletivos; como Deputado Estadual, tive a honra de presidir a Assembleia Legislativa do Estado da Bahia; iniciando agora o meu terceiro mandato, disputo a Presidência desta Casa já com a experiência adquirida ao longo de oito anos de atividade parlamentar... Entendo que o primeiro passo da Presidência, para recuperar a credibilidade do Parlamento, é elaborar a Ordem do Dia para levá-la à deliberação do Plenário, e não do Colégio de Líderes - do qual, aliás, participamos, na última Legislatura, o Deputado José Genoíno e eu.
Mas entendo que a Mesa Diretora não deve decidir até a obtenção do consenso que, se possível, será das Lideranças ou do Plenário, que é soberano e falará mais alto, sempre, caso eu esteja na Presidência desta Casa. (Palmas.)
Muitos pregam que é preciso modernizar este Poder, e não temos dúvida quanto a isso. Sr. Presidente, V. Exª. promoveu avanços para dotar a Casa de estruturas - ainda insuficientes, reconhecemos. Vamos continuar a promover a informatização de toda a Casa para que se conheça melhor o processo legislativo. Vamos fixar com antecedência a Ordem do Dia; tentaremos modificar o nosso Regimento Interno, em alguns tópicos.
Somos contra o uso indiscriminado de medidas provisórias, porque esse instrumento faz o Poder Executivo parecer eficiente e o Legislativo ineficiente. (Palmas.) Vamos também ter que responder, porém, às expectativas do povo, cumprindo a Constituição e
mostrando que esta Casa sabe deliberar, respeita os prazos e vota tudo o que é importante. Não interessa de que forma, mas votaremos e deliberaremos nos prazos adequados.
Sr. Presidente, vamos criar a Comissão Especial do Mercosul, para que os Deputados possam acompanhar mais de perto os tratados firmados por nosso País e suas consequências econômicas, sociais e sindicais. Vamos disciplinar a Ordem do Dia. Tenho certeza de que esta Câmara, renovada, oxigenada, com seus Parlamentares unidos, recuperará seu poder. Não temos dúvidas, Sr. Presidente, de que vamos conseguir, não com demagogia, mas com trabalho; não falando só para a imprensa, mas produzindo internamente; não querendo vencer politicamente, à custa de um Poder tão desgastado. Não. Vamos crescer, mas cresceremos todos juntos, politicamente, porque quem vai crescer realmente é o Poder Legislativo. (Palmas.)
Não poderia, neste instante, Sr. Presidente, deixar de fazer referência a um amigo que presidiu esta instituição. Num momento de felicidade, tive a oportunidade de sugerir que se desse o seu nome a este plenário:
Ulysses Guimarães (Palmas.), que presidiu a Casa e a Constituinte, que defendeu o Poder e o político; que, sobretudo, dignificou o 'homem público brasileiro.
Sr. Presidente, poderia alongar-me detalhando propostas, muitas delas sugestões de Deputados que participaram de Comissão designada por V. Exª. para promover as reformas estruturais e regimentais da Casa. Mas tenha certeza de que, se eleito for, juntamente com os Deputados, promoverei tais mudanças.
A iniciativa política voltará a ser do Poder Legislativo, pois tenho certeza de que este será o grande centro de discussão dos problemas nacionais, independentemente do Poder Executivo. Na minha idade, Sr. Presidente, a submissão seria grave e comprometeria minha geração.
Sou livre, sou independente, e seremos livres no Poder Legislativo.
(Palmas.)
"Vamos crescer, mas cresceremos todos juntos, politicamente, porque quem vai crescer realmente é o Poder Legislativo"

DISCURSO DE DESPEDIDA DA PRESIDÊNCIA DA CÂMARA | 1997
Quarta-feira, 5 de fevereiro de 1997
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Antes de conceder a palavra ao Deputado Agnelo Queiroz, agradeço a todos os Srs. Deputados, a todos os Srs. Funcionários da Casa, à imprensa, aos Líderes, a todos os segmentos da sociedade o apoio que obtive nesses dois anos no exercício da Presidência da Câmara dos Deputados.
Foram anos, sem dúvida alguma, de grande movimentação e produção legislativa. Isso não se deve ao Presidente ou à Mesa Diretora, mas exclusivamente aos Srs. Deputados, que tiveram um comparecimento recorde em todo esse período, inclusive nas convocações extraordinárias.
Emendamos a Constituição do Brasil. Aprovamos uma série de emendas constitucionais e projetos de lei complementar, bem como legislação ordinária. Nunca tivemos realmente um comparecimento tão maciço e tantas votações nominais. Isso demonstra que o Plenário colaborou de forma decisiva com a Mesa Diretora e, de forma particular, com o seu Presidente.
Saio satisfeito, pois durante o meu período na Presidência modificamos a ordem econômica da Constituição, mas, ao mesmo tempo, nunca se votaram tantas matérias em defesa dos direitos do cidadão. Em relação à reforma agrária, que era um tabu, votamos o
rito sumário e outras matérias de relevante importância para o setor. Enfim, não me cabe agora enumerar nossos trabalhos, porque todos os Srs. Deputados sabem — e bem o sabem — o quanto produzimos durante o período em que tive a honra de exercer a Presidência da Câmara dos Deputados.
Esta é a última sessão ordinária que presido. Amanhã, a partir das 10h, estaremos reunidos para escolher o novo Presidente, bem como a Mesa
Diretora da Câmara dos Deputados. Não poderia deixar, neste instante, mesmo de forma singela, de agradecer aos funcionários da Casa a compreensão que tiveram para com o Presidente, certamente não o mais generoso na questão dos reajustes salariais. Certamente não o mais generoso, mas mesmo assim obtive a compreensão e sobretudo a competência de todo o funcionalismo da Câmara dos Deputados, aos quais quero agradecer na pessoa do Diretor-Geral, Sr. Adelmar Sabino, e na deste exemplo de cidadão que é o Dr. Mozart Paiva, Secretário-Geral da Mesa. (Palmas.)
Quero agradecer a toda a imprensa brasileira a compreensão, inclusive porque também não fui o mais pródigo em conceder entrevistas — certamente não fui —, e os jornalistas, que tanto prezo, têm queixas justas a respeito do silêncio excessivo da Presidência.
Quero agradecer aos Srs. Deputados, aos Srs. Líderes, ao Deputado Benito Gama, Líder do Governo,
aos Srs. Líderes dos partidos da base de sustentação do Governo e aos Líderes da Oposição a forma respeitosa, séria e correta com que todos cumpriram seus deveres nesses últimos dois anos. Situação e Oposição contribuíram para que o Parlamento saísse engrandecido. Tenho certeza de que nós a cada dia marcharemos mais para buscar o reconhecimento da sociedade ao duro trabalho dos Parlamentares.
Certamente, falo neste instante também como um Presidente que não foi o mais generoso na questão dos salários dos Deputados. Tenho certeza e compreensão disso. Deixo a Presidência talvez não tão querido, por não ter conseguido melhorar salários e verbas de gabinete, mas com a consciência do dever cumprido, porque saio respeitado por V. Exª. (Palmas). Isso, para mim, é o mais importante, ou seja, merecer o respeito dos meus colegas. E quero, a partir de amanhã, continuar esta agradável convivência que é a vida no Parlamento, esperando que o meu sucessor para ter êxitos ainda maiores do que aqueles que pude obter. Muito obrigado, Srs. Deputados. (Palmas.)
O SR. BENITO GAMA - Sr. Presidente, peço a palavra como Líder do Governo, para uma Comunicação de Liderança.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. BENITO GAMA (PFL - BA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, neste momento, uso da palavra como Líder do Governo para registrar que V. Exª, como Presidente desta Casa, tratou realmente das coisas do País acima dos interesses partidários e individuais. Tenho certeza, e posso dar o meu testemunho como Líder do Governo, de que todos os projetos de interesse do País foram tratados por V. Exª, pela
Casa, pelos Líderes aliados e até pela oposição com o maior respeito, em busca do melhor texto e dos melhores argumentos para que pudéssemos fazer leis boas para o País.
Sr. Presidente, registro momentos a maneira competente, leal e isenta com que V. Exª presidiu esta Casa. Tenho certeza de que como Parlamentar, não somente em âmbito federal, mas também em âmbito estadual, V. Exª, sempre honrou não só as posições e os cargos de chefia, como também os de Presidente da Câmara e da Assembleia Legislativa da Bahia. Como Deputado, como companheiro e até como oposição, V. Exª soube tratar os interesses políticos e democráticos do País acima dos interesses pessoais e individuais.
Por isso, neste momento, quero dar o testemunho, pelo Governo, de que V. Exª. tratou, ao longo dos últimos dois anos, as propostas de emenda à Constituição e os projetos de leis ordinárias e complementares de interesse da sociedade com a maior isenção, o maior brilhantismo e a maior competência.
Sr. Presidente, desejo a V. Exª felicidades ao longo de sua vida pessoal e que continue exercendo sua vida pública com competência; brilho e êxito, como vem fazendo até hoje.
SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço as suas palavras, nobre Deputado Benito Gama.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª. a palavra.
O SR. ARNALDO FARIA DE SÁ (Bloco/PPBSP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no encerramento dos trabalhos conduzidos por V. Exª, faço questão de fazer este registro, até porque por
muitas vezes, tive posições contrárias e sempre fui respeitado por V. Exª.
Sei que V. Exª, no momento da alteração do Regimento, especificamente na alteração relativa ao DVS, buscava efetivamente dar uma resposta a este Parlamentar, que, seguindo do Regimento, deu-lhe algumas dores de cabeça. Na verdade, todas as vezes em que pleiteei algo, a Presidência sempre deu um despacho imediato, quase sempre atendendo aos pleitos. E ainda que tenhamos divergências políticas de encaminhamento de várias matérias, queria registrar que, desde a época da Constituinte, tive o prazer e a oportunidade de conviver neste plenário com V. Exª. Quero, neste momento, cumprimentálo pelo trabalho ao longo desses dois anos e efetivamente agradecer a atenção que sempre me deu, embora, evidentemente, não fosse toda aquela que eu queria — eu entendo. Quero, portanto, registrar e cumprimentar o trabalho de V. Exª. À frente desta Casa.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado Arnaldo Faria de Sá.
O SR. FERNANDO FERRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo} -Tem V. Exª. a palavra.
O SR. FERNANDO FERRO (PT-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, no encerramento do comando de V. Exª. Nesta Casa, gostaria de registrar, em primeiro lugar, o respeito pessoal por V. Exª, mas também não posso perder a oportunidade para reconhecer que esta Casa vive um dos momentos de mais baixo crédito perante a sociedade brasileira.
É evidente que não seria irresponsável de creditar isso tão-somente à Mesa da Casa. Acho que há uma
série de fatores que nos autorizam a entender que o Parlamento brasileiro precisa de transformações, de mudanças, para recuperar a credibilidade e a confiança do povo deste País. Nesse sentido, não posso compartilhar uma avaliação ufanista da gestão que V. Exª. Encerra neste momento. Mas quero desejar-lhe boa sorte e expressar minha sincera opinião de que poderíamos, seguramente, se tivéssemos estabelecido aqui uma relação de maior autonomia e independência, deixar esta Casa hoje com muito mais credibilidade pública. Entretanto, Sr. Presidente, é preciso que compreendamos a necessidade e a importância de convivermos com as diferenças nesta Casa, e para tanto o respeito mútuo é fundamental.
Minha avaliação é política, crítica, porque reconheço que nós temos muito a andar, principalmente na relação de maioria e minoria, no respeito ao Regimento — eu, um Parlamentar de primeiro mandato, em vários momentos, senti-me pisado, para não dizer outra palavra — frente a uma série de iniciativas que foram tomadas nesta Casa.
Mas a História haverá de nos julgar, e espero que continuemos mantendo uma relação política fraterna, respeitosa, com cada qual no seu canto para cumprir o seu papel dentro de um país democrático.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - É o que desejo, Deputado Fernando Ferro, pois, sem dúvida alguma, o respeito mútuo existe e a História haverá de julgar o papel de cada um de nós.
O SR. ROBSON TUMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª. A palavra, Deputado Robson Tuma.
O SR. ROBSON TUMA (Bloco/PSL-SP. Pela ordem.
"Acho que V. Exª, Sr. Presidente, é um homem de coragem, e a coragem é fundamental na atividade política"Michel Temer
Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nestas últimas horas em que V. Exª. Preside esta Casa, que nesses dois anos soube conduzir com respeito e dignidade, às palavras de V. Exª, de que saí respeitado pelos colegas, eu acrescentaria: sai respeitado pelos colegas, que passaram a ser mais respeitados pela sociedade brasileira, graças à administração de V. Exª e à forma como conduziu nossa Casa, a Câmara dos Deputados, deixandonos mais orgulhosos de dizer que somos Deputados.
Mais do que isso, Sr. Presidente, deu a mim, pessoalmente, o prazer de ver constar no meu currículo político o privilégio de ter feito parte da Mesa que V. Exª, tão bem presidiu.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Eu lhe agradeço, Deputado Robson Tuma, e, como já registrei uma vez, mas agora o faço na presença de dois ilustres companheiros da Mesa, Deputado Arnaldo Perim e Deputado João Henrique, agradeço também à Mesa Diretora por todo o suporte, todo o apoio incondicional que recebi dela durante esse período.
SR. NELSON MARQUEZELLI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem v. Exª, a palavra.
O SR. NELSON MARQUEZELLI (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -Sr. Presidente, sabemos que não é fácil presidir uma Câmara Federal como a existente hoje em nosso País.
Portanto, em nome do PTB e em nome dos Deputados que militam nesta Casa na área da agricultura, parabenizam V. Exª. Pelo magnífico trabalho que fez na Presidência desta Casa.
O SR. MICHEL TEMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª, a palavra.
O SR. MICHEL TEMER (BLOCO/PMDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero também fazer uma homenagem a V. Exª. e aos membros da Mesa, em nome do Bloco PMDB/PDS/PSUPSC.
Acho que V. Exª, Sr. Presidente, é um homem de coragem, e a coragem é fundamental na atividade política. É também um homem determinado, um homem de posições e, reconhecidamente, um homem de palavra, que cumpre compromissos. Todos nós sabemos como é fundamental para a atividade pública o cumprimento de compromissos.
V. Exª., deixa esta Casa com o aplauso popular, e até pode, se me
permite dizer, em face de uma ou outra informação que corre pela Casa, ter-se equivocado num ou outro momento, o que revela que V. Exª., é humano, porque os humanos são falíveis, e não infalíveis. Mas a infalibilidade de V. Exª., está exatamente na circunstância de que cumpriu, ao lado dos companheiros da Mesa. O papel que O povo atribui a esta Casa, ou seja, o papel da dignidade. V. Exª., sai com ª cabeça erguida porque é um homem digno.
Esta é, portanto, a homenagem do nosso PMDB.
O SR. OSWALDO REIS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª., a palavra.
O SR. OSVALDO REIS (Bloco/PPB-TO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em nome da bancada do PPB do Tocantins, reconhecemos o nível da administração pelo tempo em que V. Exª., dirigiu esta Casa, com probidade, moralidade e, acima de tudo, levando-a à altura de cada um de nós, que representamos as nossas regiões. Já estamos com saudade da sua pessoa, ao mesmo tempo em que declaramos que sua administração foi das melhores que já passaram por esta Gamara dos Deputados.
A banca da União de Tocantins, em nome de S. E x ª, o S r. Govenador do Estado, e dos cinco Deputados do partido, deseja a V. Exª., muita felicidade e afirma que a Câmara dos Deputados sentiu-se orgulhosa pelo trabalho profícuo que imprimiu durante estes dois anos.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado Oswaldo Reis.
O SR. HUGO RODRIGUES DA CUNHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª., a palavra.
O SR. HUGO RODRIGUES DA CUNHA (PFL- MG.
Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, em nome da Vice-Liderança do PFL e do meu próprio, quero deixar consignada a demonstração do meu apreço a V. Exª. Registro também minha confiança em V. Exª., e o enalteço pela lhaneza de trato e pela forma firme e segura, às vezes até mal-humorada, frente aos confrontos havidos quando dirigiu esta Casa. Realmente, para todos nós, V. Exª., foi modelo, um exemplo de conduta cavalheiresca, acima de tudo, cumprido o Regimento dentro de alto padrão.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Obrigado Hugo Rodrigues da Cunha.
O SR. FERNANDO RIVAS CARLI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª., a palavra.
O SR. FERNANDO RIBAS CARLI (PDT-PR. Pela ordem. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, em nome do PDT, no momento em que V. Exª., encerra seu trabalho como Presidente da Casa, quero felicitálo pelo trabalho desenvolvido nos últimos dois anos. Divergimos em muitos assuntos, mas a divergência é salutar para a democracia. Por diversas vezes divergimos também na condução dos trabalhos, mas nem por isso poderia o PDT deixar de parabenizá-lo e dizer que somos sabedores da missão árdua que é presidir esta Casa.
Desejamos a V. Exª., toda a sorte e felicidade.
A Srª. SIMARA ELLERY - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª., a palavra.
A Srª. SIMARA ELLERY (Bloco/PMDB-BA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) -Sr. Presidente, foi uma grande satisfação, em meu primeiro mandato, tê-lo como Presidente desta Casa.
Na Bahia somos oposição. Confesso que, num primeiro momento, fiquei um tanto preocupada com o fato de ser o Presidente da Casa da Oposição, mas depois senti-me profundamente tranquila. Conversei com V. Exª., todas as vezes em que isso se fez necessário.
Gostaria de dizer que V. Exª., sempre demonstrou que vivemos numa democracia. Quantos aqui elogiaram a passagem de V. Exª., pela Presidência desta Casa. É lógico que um partido teria algumas críticas a fazer a V. Exª., mas quero dizer que, no papel de Presidente da Casa, sabe perfeitamente que é justo que o PT seja esse: o de obstrução. Mesmo assim, V. Exª., soube orientar esta Casa de modo conveniente para o desenvolvimento da nossa Pátria.
V. Exª., está de parabéns. Nós, como baianos, sentimo-nos honrados de vê-lo brilhando nesta Casa. V. Exª. É um baiano que brilhou, não alguém que faz oposição a mim.
Era o que tinha a dizer.
O SR. CARLOS APOLINÁRIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª., a palavra.
O SR. CARLOS APOLINÁRIO (Bloco/PMDBSP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não creio que a avaliação do trabalho desenvolvido pelo da Câmara deva ser feita levando se em conta apenas o que ganha os Deputados ou os funcionários. No meu entender, essa avaliação deve ser feita levando-se em conta dois aspectos que considero positivos em V. Exª. Um deles foi a grande produtividade que tivemos durante dois anos, nos quais votamos importantes projetos que mudarão a vida do povo brasileiro a médio e a longo prazos, e que foram conduzidos por V. Exª., com segurança.
Mas uma coisa que me faz admirar V. Exª., Sr. Presidente, é que, durante esses dois anos não tivemos sequer um trem da alegria, nada que viesse a denegrir a imagem de V. Exª., ou desta Casa, o que faria com que eu, como Parlamentar, andando pelo meu Estado, São Paulo, tivesse de dar explicações sobre má administração ou sobre trens da alegria aqui criados.
Dirigiu V. Exª., esta Casa com brilhantismo. Confesso ainda — não encontro unanimidade nesta Casa — que admiro V. Exª., e parabenizo-o pelo Presidente que foi, pela sua honradez e pela sua capacidade.
Desejo, Deputado Luís Eduardo — V. Exª., sabe que sou eu evangélico — que Deus o abençoe e que em sua nova caminhada continue tendo o mesmo sucesso que teve até o dia de hoje. Lembro que o Deputado Michel Temer fez questão de realçar um aspecto que fez com que V. Exª., conquistasse esta Casa: V. Exª., tem palavra e cumpre o que combina com seus companheiros.
Parabéns e, mais uma vez Deus o abençoe. Era o que eu tinha a dizer.
O SR. PEDRO HENRY - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. PEDRO HENRY (PSDB -MT. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, como um dos representantes do chamado baixo clero, gostaria de cumprimentá-lo pela direção dos trabalhos nesses últimos dois anos. Tenho certeza de que V. Exª deixa hoje a Presidência com orgulho e sentimento de dever cumprido. E orgulho maior porque tenho a impressão de que é a primeira vez na História da República que o pai dirige o Senado Federal e o filho, a Câmara dos Deputados. Esse fato também vai para o Guiness.



"Nós, como baianos, sentimo-nos honrados de vê-lo brilhando nesta Casa. V. Exª. É um baiano que brilhou, não alguém que faz oposição a mim"
Simara Ellery
O deputado Luís Eduardo no Plenário da Câmara conversando com Roberto Jeferson (PTB RJ), quando ainda era permitido fumar no local.
Fotos Orlando Brito - Abril Imagens
Deixo meus cumprimentos a V. Exª tendo a certeza de que de ser convocado para novas missões, pois provou, na Presidência da Câmara, que é capaz de executá-las a contento.
Parabéns e felicidades, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado Pedro Hanry. Agradeço de coração.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PFL - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, um dos mais experientes homens públicos deste País, de tradicional escola de Minas Gerais de fazer política, Vice-Líder de nosso partido, o ilustre Deputado Hugo Rodrigues da Cunha, já manifestou a posição de nosso partido. Mas, como eu amigo particular, seu admirador — acompanho seus passos desde quando tive o privilégio de substituí-lo na liderança do Partido da Frente Liberal e, ao mesmo tempo, tive a honra de ser substituído na Presidência desta Casa por V. Exª., não poderia faltar nesta hora. É a palavra de um amigo, mas sobretudo, de um homem que amou e ama esta instituição, um homem que nunca ocupou outro cargo senão o de Deputado Federal, em Brasília, no sexto mandato consecutivo.
Poderia dizer algumas palavras a V. Exª que colocou o interesse maior da Instituição e do País acima de qualquer outro. O Parlamentar hoje pode orgulhar-se de ir a qualquer setor público do País que não ocorre o risco de ouvir dizer que o Poder Legislativo nacional não cumpre o seu dever para com o País, deixando de realizar as grandes reformas de que necessitamos.
Segundo, V. Exª foi o grande condutor da reforma do País.
Muitas vezes, Sr. Presidente, no calor dos debates, atuou de maneira até um pouco forte, força essa necessária para que apressasse e agilizasse as votações das matérias, não porque V. Exª gostaria de ser o elemento ôntico que fez as reformas, mas para que a Casa pudesse orgulhar-se por ter adaptado o Brasil a essa nova realidade.
Em terceiro lugar, Sr. Presidente, gostaria de dizer que o Partido da Frente Liberal orgulha-se de V. Exª Aproveito a oportunidade para desdenhar-lhe, em sua nova missão que vem pela frente e em outras em futuro bem próximo, que possa realmente continuar com esse entusiasmo, com essa força de trabalho, competência e coragem cívica em defesa dos sagrados interesses do seu Estado e do nosso País.
Meu caro amigo Luís Eduardo Magalhães, neste instante de despedida, já é a última sessão que V. Exª preside, visto que amanhã será a eleição para o novo Presidente da Câmara, permita-me que o trate assim. De todo o coração, receba V. Exª o meu abraço fraterno. E tenho a certeza de que juntos ainda prestaremos muito serviços ao glorioso Estado da Bahia, ao Nordeste e ao nosso País.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu Líder Inocêncio Oliveira, a quem tive realmente o prazer de suceder e que, sem dúvida, pertence aos melhores quadros desta Casa e da política nacional.
O SR. ALBERTO GOLDMAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
SR. ALBERTO GOLDMAN (Bloco/PMDB - SP.
Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nesses dois anos, um momento extremamente difícil, quando as reformas necessárias passaram a ser, de fato, uma exigência para o futuro deste País, V. Exª, na Presidência da Casa, soube levá-las com equilíbrio, muitas delas não se concretizaram porque ainda necessitam de um amadurecimento perante a própria sociedade brasileira. Em outras reformas, avançamos decisivamente, abrindo caminho para um futuro promissor para este País.
Passou v. Exª a ter o nome inscrito na História brasileira como o homem que soube conduzir, em um momento difícil, este Congresso Nacional, que representa todas as correntes da sociedade, com toda a sua complexidade e com todas as suas contradições.
Sr. Presidente, v. Exª me surpreendeu. Quando o vi eleito, não o conhecia. É um homem novo, apesar de estar há um bom tempo na vida política, V. Exª me surpreendeu pela sua firmeza, lealdade e, principalmente, disposição, o que é importante para o Congresso Nacional, de levar as reformas adiante, considerando os interesses do País e ouvindo o povo brasileiro.
Espero que o próximo Presidente possa fazê-lo da mesma forma como V. Exª fez até agora. Meus parabéns, Presidente.
SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado Alberto Goldman. Minha admiração por v. Exª é de muito tempo. Suas palavras generosas muito me sensibilizam. Certamente acredito no Plenário e nas reformas, e irei ajudar a implantá-las.
O SR. ARNALDO MADEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. ARNALDO MADEIRA (PSDB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a pedido de nosso Líder, falarei em nome da bancada do PSDB, que está reunida neste momento.
Aproveito a oportunidade para também falar em meu nome, prestando um depoimento a V. Exª há alguns anos - e ainda não era Deputado, mas Vereador em São Paulo — perguntei ao então Senador Mário Covas, hoje Governador, numa conversa a respeito de Brasília, como era o Luís Eduardo. Eu já ouvira falar de V. Exª Não o conhecia pessoalmente, só por intermédio de notícias de jornal. S. Exª respondeu-me: "Olha, o Luís Eduardo é um quadro da política, uma pessoa da maior integridade, da maior correção no trato político e com muito futuro pela frente.
Vim para Brasília e tive a felicidade de conviver com V. Exª nesse período intenso de transformações por que o País está passando. Sem dúvida, nesse processo, as palavras do então Senador foram confirmadas pelo desempenho de V. Exª Não posso deixar de dar meu testemunho no sentido de que V. Exª foi uma figura decisiva nesses dois anos para o processo de transformações que o Congresso Nacional e o Governo estão promovendo no País. Se isso é resultado de um conjunto de líderes, de um conjunto de Deputados que tem consciência dos desafios apresentados para o País, sem dúvida. V. Exª foi o condutor desse processo na Presidência da Câmara.
O País deve muito a V. Exª pela forma como conduziu o diálogo para a votação das reformas. Em cada episódio delicado, difícil, apesar da pouca idade, V. Exª sempre teve uma palavra de prudência e muito cuidado na condução do processo de votação, na definição dos momentos mais adequados para
"V. Exª foi uma figura decisiva nesses dois anos para o processo de transformações que o Congresso Nacional e o Governo estão promovendo no País"
a deliberação das diferentes matérias. Nós, Deputados, e o País lhe devemos isso.
Tenho certeza de seu futuro; de posições de maior relevo a ocupar neste País. V. Exª é, se me permite a repetição, um quadro da política brasileira. O País muito terá a esperar.
Eram as palavras que gostaria de deixar em nome do PSDB, manifestando nosso respeito e admiração pelo seu trabalho.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao meu amigo, Deputado Arnaldo Madeira.
O SR. LUIZ CARLOS HAULY -Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
Arnaldo Madeira
O SR. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, neste momento em que V. Exª se despede da Presidência desta Casa, não poderia deixar de usar da palavra para relembrar os últimos quatro anos — V. Exª era Líder do PFL, e eu, ViceLíder do Governo nesta Casa —, quadro foi iniciado o processo do Plano Real, da estabilização da economia e de todos os projetos de quebra de monopólios. Foram mudanças que vieram para melhorar este País. Agora, nos últimos dois anos, como Presidente desta Casa, com mão firme e serena, conduziu os destinos desta Casa e os interesses maiores do País.
O povo brasileiro, com a expectativa de dias melhores, consegue hoje, com a ação benéfica do Plano Real, ter melhores condições de vida. Isso se deve à sustentação que é dada por esta Casa, em consonância com os mais legítimos interesses do povo brasileiro, que são as mudanças e as transformações de que este País precisa e forma adotadas ao longo dos últimos dois anos.
Alguns senões ocorrem, mas há 99% de acertos na condução dos destinos desta Casa. V. Exª sabe que sou um crítico e tenho uma ponderação muito exata do momento pelo qual o Brasil passa. Sei da importância fundamental da Presidência assumida e exercida em plenitude por V. Exª
Parabéns! Que Deus o abençoe na continuidade de seus trabalhos como Parlamentar, representando o glorioso Estado da Bahia.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado Luiz Carlos Hauly, meu amigo e companheiro de longa data.
O SR. ELISEU PADILHA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. ELISEU PADILHA (Bloco/PMDB - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Líder do meu partido, Deputado Michel Temer, expressou o sentimento da nossa bancada em relação à sua pessoa e ao trabalho desempenhado de forma magnífica por V. Exª na Presidência desta Casa.
Cabe a mim o dever de neste momento, registrar apenas dois fatos. Primeiro, em que pese ser jovem, V. Exª mostrou que a sabedoria nem sempre se encontra apenas nas pessoas maduras. Vi-o, no exercício da Presidência, tomando providências que, a cada momento, comprovavam essa sabedoria.
Esta Casa possui 513 Líderes. Ninguém vem para cá sem ter atrás de si um contingente muito grande de pessoas que o admiram e o admitem como líder.
Portanto, para presidir os trabalhos desta Casa é preciso haver determinação, firmeza e compromisso com o objetivo maior do Legislativo, o que detectei em V. Exª
Na minha visão, V. Exª tem uma qualidade fundamental em um homem público: fidelidade à sua palavra. Durante o tempo em que estou aqui, em todos os momentos e em todas as circunstâncias vi presente seu compromisso como sua palavra. Não há bem maior para um homem público. Seu sucesso é decorrência natural dos dois princípios que anunciei. Quero rogar a Deus que lhe guarde para sempre com essas qualidades, que são, pensando nos gregos antigos, o começo da virtude.
O SR. MOISES LIPNIK - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. MOISES LIPNIK (PTB - RR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não poderia deixar de registrar uma pequena história de quando o conheci, no início do mandato, quando lhe fui apresentado pelo saudoso Deputado Roberto Cardoso Alves. Eu perguntava: "Mas quem é esse Luís Eduardo?" S. Exª falava: "É um rapaz de futuro, um homem de palavra e eu gosto muito dele; gostaria que você votasse nele". Não me decepcionei, porque durante esses dois anos aprendi a gostar de V. Exª. e soube que é uma pessoa firme. O que pode fazer, V. Exª faz mesmo, sustenta aquilo que diz. Essa é a qualidade mais importante em um homem.
Em nome do PTB, como Vice-Líder, e também no da bancada do meu Estado, Roraima, desejo cumprimentar V. Exª., que sempre conduziu esta Casa com tranquilidade e equilíbrio.
Aproveito, ainda, para felicitar V. Exª pela vitória esmagadora do nosso querido Antonio Carlos Magalhães, seu pai.
Parabéns! Quero continuar acompanhando suas trilhas.
O SR. GENÉSIO BERNARDINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. GENÉSIO BERNARDINO (Bloco/PMDBMG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Ilustre Presidente Luís Eduardo Magalhães, em nossa carreira vivemos grandes momentos. Em minha modesta vida pública, considero um grande momento o tempo não muito distante em que tive a ventura de conhecer um jovem político da Bahia. V. Exª presidia a Assembleia
Legislativa da Bahia, enquanto eu presidia a do Estado de Minas Gerais.
Nessa época, percorremos alguns Estados da Federação brasileira. Na maioria das vezes em partidos diferentes, tivemos grandes divergências políticas e ideológicas. Entretanto, o mais importante é que essas divergências faziam parte das peças colaterais. O fundamental é que tínhamos grandes convergências naquilo que era fundamental, ou seja, em nossas ideias na procura apaixonada para a construção de um novo tempo, no qual descortinávamos o futuro de um grande país com o qual sonhávamos.
Fomos nos encontrar aqui, na Câmara dos Deputados. Continuamos vozes e ideologias divergentes, mas não posso deixar de reconhecer em V. Exª uma revelação política dos tempos modernos. Não posso deixar de reconhecer em V. Exª o homem de coragem cívica, de fé, de esperança e de altos sentimentos democráticas.
Como Líder do seu partido e como Presidente que hoje termina o mandato na Câmara dos Deputados, V. Exª foi uma revelação, uma coragem sem temor de contrariar as vozes divergentes.
Demonstrou V. Exª realmente uma potencialidade de estadista a presidir a Câmara dos Deputados, que abriga 513 Líderes. Com cultura, inteligência e a paciência, V. Exª soube contornar as situações mais difíceis ocorridas neste Plenário, não demonstrado, acima de tudo, qualquer ressentimento pelas contundentes propostas apresentadas e divergências havidas nos contraditórios. Revelou V. Exª, de fato, a vocação pública para servir ao nosso povo e a esta Nação.
Neste momento em que termina o exercício do seu mandato, reafirmou que este País precisa de homens
como V. Exª, homens públicos que, na divergência das ideias e nos contraditórios, possam, juntos, na hora fundamental, promover a construção do templo de que precisamos.
Quem não tem memória esquece o passado e deixa de construir o futuro. Mas esta Casa tem memórias e, no decorrer dos tempos, não haveremos de esquecer que um dia nesta Casa esteve um o jovem Presidente, de nome Luís Eduardo Magalhães, que marcou indelevelmente esta instituição com a consciência de poder, não com a consciência de autoritarismo. E, se houver algum julgamento contraditório, tenho certeza de que no tribunal da História V. Exª será glorificado.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Agradeço ao meu querido amigo e companheiro, Deputado Genésio Bernardino, as generosas palavras para com este Presidente.
O SR. CELSO RUSSOMANNO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. CELSO RUSSOMANNO (PSDB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quer aqui dar um testemunho sobre algumas qualidades de V. Exª. costumo dizer que o homem deve- ria ter quarenta anos de experiência e vinte de idade cronológica, pois assim teria a experiência de um homem bem vivido e a garra e a força de um jovem. Isso é muito difícil de conseguir, mas V. Exª consegue reunir as duas virtudes: a garra de um jovem e a experiência de um homem bem vivido.
Tem V. Exª., mais uma qualidade extremamente importante: saber ouvir. E presto aqui meu testemunho, a propósito do que ocorreu neste
Durante o tempo em que estou aqui, em todos os momentos e em todas as circunstâncias vi presente seu compromisso como sua palavra. Não há bem maior para um homem público.
Eliseu Padilha bem maior para um homem público.
plenário quando se apreciava uma lei que reduzia de 10 para 2% a multa para o consumidor que estivesse inadimplente. Naquela ocasião, teve V. Exª a sensibilidade de ouvir que, por um lado, aquela multa era importante numa economia estável, mas que, por outro, era injusto obrigar o consumidor inadimplente a pagar 10%, um percentual absurdo.
Foram essas qualidades, Sr. Presidente, somadas à lealdade de V. Exª para com os Deputados, como companheiro, o que me fizeram estimá-lo e admirálo. Parabéns!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado Celso Russomanno.
O SR. FRANCISCO RODRIGUES - Sr. Presidente, peço a palavra ela ordem pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem v. Exª a palavra.
O SR. FRANCISCO RODRIGUES (Bloco/PPBRR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente Luís Eduardo Magalhães, com v. Exª, que sempre considerei uma esfinge, enigmático, por vezes misterioso, quanta coisa aprendi! Muitas vezes, na dureza das decisões, muitas vezes incompreendido pelos companheiros, V. Exª estava querendo elevar o nome desta Casa. Nesses seis anos de mandato, pude conviver com quatro Presidentes, e sem querer desmerecer os outros, quero registrar que V. Exª foi o que melhor se houve nesse cargo, o que mais elevou o nome desta Casa e terá, com certeza, a gratidão e a lembrança desta Câmara e o respeito do País.
Esperamos vê-lo Governador da Bahia e, posteriormente, quem sabe? Alcançando cargos bem maiores na República, porque o País precisa de homens determinados e, acima de tudo, corajosos, homens que possam elevar a política brasileira.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo, Deputado Francisco Rodrigues.
SR. JOSÉ BORBA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. JOSÉ BORBA (PTB - PR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente, Deputado Luís Eduardo, quando aqui cheguei, tive a oportunidade de conhecê-lo como um dos pares desta Casa que assumia a condução deste Parlamento. Devo afirmar que, como um dos representantes do meu Estado, muito pude aprender com V. Exª, tornandome seu sempre admirador, pela sua determinação, pulso firme e pela sua lealdade.
Com essas qualidades que lhe são peculiares, tenho certeza de que V. Exª será o nosso sempre Presidente e ainda terá pela frente muitas outras atribuições que este País há de lhe confiar.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo, Deputado José Borba.
O SR. ALBERTO SILVA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. ALBERTO SILVA (Bloco/PMDB - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente, acho que nos conhecemos há muito tempo. Creio ser o mais antigo nesta Casa - pelo que sei, não há aqui quem seja mais idoso do que eu -, mas minha mente anda aí pelos 35, quarenta anos. E é exatamente por esta razão que, de lá do fundo deste plenário, acompanhei essa administração de quinhentos companheiros, com a presença de V. Exª aí, nesta cadeira: sério, educado, capaz de conduzir uma Casa de tanta gente e de tantas tendências.
Creio que meu partido já lhe prestou homenagens. Agora, presto as minhas, pessoalmente. Trago uma longa vida pública. Como seu eminente pai, fui Governador. Estive no Palácio Ondina quantas vezes! E lá via o jovem que é hoje o Presidente, quem sabe? Amanhã ocupará um cargo maior neste País que tanto precisa de gente seria como V. Exª!
Meus cumprimentos, Luís Eduardo, e um grande abraço.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo, ex-Governador Alberto Silva.
SR. ISrªEL PINHEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. ISrªEL PINHEIRO (PTB - MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, meu depoimento será singular. Falarei em nome do povo de Minas, já que estive ausente desta Casa nessas duas sessões legislativas da atual Legislatura. Mas tenho de registrar que V. Exª fortaleceu a imagem do Legislativo. Podemos hoje ver este Poder como um instrumento de mudança, sem dúvida, graças ao mérito, à atuação enérgica, segura, sobre- tudo sincera e correta de V. Exª, como estamos tendo oportunidade de ouvir nestes diversos depoimentos.
E digo mais: também como filho de político, sintome gratificado nesta honrosa companhia, porque teve V. Exª responsabilidade ainda maior: não apenas a de honrar o nome da família, mas também e sobretudo de honrar o nome da Bahia.
Além da seriedade, da energia e dos pecados veniais que cometeu e confessou com muita modéstia nesta despedida final, V. Exª tem a virtude da visão futura, a visão de um Brasil novo, o Brasil que temos
de mudar, por onde vamos caminhar nas longas alamedas abertas pelo Presidente Fernando Henrique. Tem V. Exª essa visão, e eu, que estive tora desta Casa, posso dizer, com tranquilidade, que sua semente foi lançada em solo fértil.
O futuro Presidente, juntamente com os Deputados desta Legislatura, vai pegar a bandeira, a semente que V. Exª lançou. Vamos irrigá-la e transformá-la numa frondosa árvore que há de dar os frutos que toda a sociedade brasileira espera e tem certeza de que alcançará com a força e o altruísmo do Poder Legislativo desta nossa gloriosa Nação.
Parabéns! Muitas felicidades! Que V. Exª. continue ajudando nosso Brasil e nossa querida Bahia.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo, Deputado ISrªel Pinheiro Filho.
A Srª. LÍDIA QUINAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª. a palavra.
A Srª. LÍDIA QUINAN (Bloco/PMDB - GO. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, não sei se posso falar em nome de toda a bancada feminina desta Casa, mas certamente estou falando em nome da bancada do PMDB, que tem recebido de V. Exª, durante esses dois anos, todo o carinho, todo o respeito e toda atenção.
Quando ouvimos sua voz forte, determinada, convocando-nos a comparecer ao plenário para votar, temos a certeza de que, além de cumprir nosso dever, vamos ajudar este País a caminhar. E para que o Brasil cresça e prossiga no seu processo de desenvolvimento, precisamos de líderes realmente determinados, sobretudo atentos aos interesses do País, como V. Exª.
Então, em nome da bancada feminina do PMDB, desejo deixar registrado nosso reconheci- mento pelo seu trabalho. Aprendemos muito com V. Exª nesses dois anos. Além de todos os predicados que já foram ditos sobre V. Exª, queremos ressaltar o seu carinho, o seu amor, a sua atenção para com a bancada feminina desta Casa.
Que Deus o abençoe no seu caminho e que haja sempre uma luz por onde quer que ande.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, minha querida amiga, Deputada Lídia Quinan.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª. a palavra.
O SR. ALOYSIO NUNES FERREIRA (Bloco/ PMDB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.)Sr. Presidente, o Líder já falou em nome de minha bancada. Outros ilustres Parlamentares peemedebistas também já o fizeram. Peço permissão a V. Exª para um registro pessoal.
Quero, nesta última tarde que V. Exª., dirige os trabalhos da Câmara, expressar-lhe minha gratidão pelo estímulo, pelos bons conselhos, pela amizade. Gostaria também de dizer-lhe que esta gratidão não é só do cidadão Aloysio Nunes Ferreira, mas do Deputado que sempre sonhou em chegar a esta Casa, que é o grande palco das decisões e dos debates nacionais. Ao aqui chegar, tive o privilégio de trabalhar sob a condução de V. Exª..
Hoje, estas paredes ainda guardam o eco dos embates que aqui tivemos sob sua Presidência. Em todos os momentos, V. Exª soube compreender que a majestade deste Poder se faz no entrechoque das opiniões que aqui se manifestam. Em todos os momentos decisivos, V. Exª deu curso a essa manifestação do pluralismo, do qual esta Casa é feita.
V. Exª soube ser o condutor, o impulsionador do processo legislativo. Eu tive a felicidade de participar dos trabalhos de uma Casa em movimento, andando para frente, conduzida por V. Exª e sintonizada com os mais altos interesses do povo brasileiro.
Meus parabéns pelo trabalho, pelas provas que V. Exª enfrentou com sucesso. Tenho certeza de que V. Exª sai da Presidência da Câmara dos Deputados consagrado como um dos grandes nomes da política nacional.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo Deputado Aloysio Ferreira, que com muito brilho também presidiu a Comissão de Constituição e Justiça e de Redação durante esta Sessão Legislativa.
O SR. HENRIQUE EDUARDO ALVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. HENRIQUE EDUARDO ALVES (Bloco/ PMDB - RN. Pela ordem. Sem revisão do orador) -Sr. Presidente, Srªs e Srs. Deputados, o nosso Líder, Deputado Michel Temer, já falou muito bem, em nome da bancada do PMDB, com muita fidelidade, a respeito do nosso sentimento e do nosso respeito por V. Exª. No entanto, gostaria de particularizar essa homenagem a V. Exª, em nome da bancada federal do PMDB do meu Estado, felicitando-o pela maneira altiva, leal, honesta e competente como conduziu a Presidência da Câmara dos Deputados.
Sou um Parlamentar com sete mandatos nesta Casa. Vivi aqui muitas frustrações, muitos dissabores e algumas alegrias. Posso testemunhar que estes dois anos talvez tenham sido o tempo mais vivo, mais vibrante, mais atuante deste Poder Legislativo, desta nossa Casa, certamente de mais vitórias que
frustrações, de mais alegrias que dissabores. Esse tempo mais recente que vivemos, Sr. Presidente, essa travessia que faz com que cheguemos aqui com uma autoestima parlamentar resgatada, com o orgulho do trabalho e do dever cumprido, tem muito da marca do seu talento e da sua competência.
Esta é a homenagem sincera do Rio Grande do Norte, que aqui represento.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Meu querido amigo, Deputado Henrique Eduardo Alves, meus sinceros agradecimentos. Tenho certeza de que V. Exª, como Deputado experiente, sempre contribuiu, de forma profunda para o engrandecimento desta Casa. Muito obrigado, de coração, pelas suas generosas palavras.
O SR. JOSÉ ALDEMIR- Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Concedo a palavra pela ordem ao Deputado José Aldemir.
SR. JOSÉ ALDEMIR (Bloco/PMDB - PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não poderia deixar de manifestar o reconhecimento pela forma como V. Exª, durante esses dois anos, conduziu esta Casa e os seus pares, com grandeza, com espírito público, com determinação, com decisão. Parece-me até peculiar do caráter do homem nordestino.
Além de todas essas qualificações, de todas essas características proclamadas por todos os Parlamentares, por todos os colegas, quero aqui fazer um registro de uma manifestação pessoal que encentrei em V. Exª Pessoalmente, descobri em V. Exª o sentimento de solidariedade para com seus pares. E digo isso porque a recebi de V. Exª no instante em que dela necessitava.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao querido amigo, Deputado José Aldemir.
O SR. DAVI ALVES SILVA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. DAVI ALVES SILVA (Bloco/PPB-MA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, não poderia deixar de registrar aqui o sentimento daqueles que me mandaram para esta Casa. No momento
"Em todos os momentos, V. Exª soube compreender que a majestade deste Poder se faz no entrechoque das opiniões que aqui se manifestam. Em todos os momentos decisivos, V. Exª deu curso a essa manifestação do pluralismo, do qual esta Casa é feita" Aloysio Nunes Ferreira

Reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto com lideranças da Câmara e do Senado, entre os presentes o senador Antonio Carlos Magalhães, PFL BA, pai de Luís Eduardo.
Foto Orlando Brito – 1996
difícil em que o Maranhão precisou de V. Exª, pudemos contar com sua ajuda, que foi decisiva em alguns assuntos, principalmente quando o Maranhão necessitava de um poder forte.
Sr. Presidente, sua simplicidade e determinação fizeram com que os Parlamentares desta Casa pudessem reconhecer em V. Exª a grandeza de um homem. Se Deus quiser, V. Exª prosseguirá na vida pública e continuará, ao lado dos seus amigos, sendo o homem forte, simples e decidido que tem sido.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao prezado amigo, Deputado Davi Alves Silva.
O SR. FELIX MENDONÇA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. FELIX MENDONÇA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. FELIX MENDONÇA (PTB-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é com alegria no coração que assisto a meus nobres pares, de forma quase unânime, aplaudirem V. Exª pelo que realizou no exercício do seu mandato.
Acompanho-o desde criança, como fraternal amigo do Senador Antonio Carlos Magalhães. Vi como moldou seu caráter, no exercício permanente do destemor, como pessoa humana, quando firmava suas posições, como Presidente da Assembleia Legislativa e Deputado Estadual, quando de lá saiu consagrado por seus pares.
Como Deputado pela Bahia, V. Exª orgulha a terra de Rui. Aquela terra querida tem em V. Exª o exemplo de como as coisas boas deste País devem ser feitas. E mais: o destemor de V. Exª no exercício permanente
da coragem. Destacou-se V. Exª na Assembleia Legislativa, quando sempre se opunha àquelas ideias que não favoreciam ao Brasil, mas que todos eram unânimes em afirmar que naquele instante deveriam ser adotadas. Na Constituinte, V. Exª tomou uma posição inigualável.
A alegria que temos no coração ao vê-lo aqui hoje é como se disséssemos que V. Exª é a própria Bahia, que quer um Brasil moderno, avançado, que se coloca na posição do Primeiro Mundo, um Brasil da coragem e, sobretudo, daqueles que querem — permita-me a emoção — um Brasil dos nossos sonhos e dos sonhos dos nossos filhos. V. Exª expressa a juventude, mas também o futuro deste País e é o presente nesta hora.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo Felix Mendonça, pela sua generosidade para com esse seu velho amigo.
O SR. ROBÉRIO ARAÚJO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. ROBÉRIO ARAÚJO (Bloco/PPB -RR. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, neste momento, gostaria de me congratular com V. Exª e destacar um ponto fundamental: nós, Parlamentares brasileiros, não nos podemos esquecer de que o nosso Brasil mudou. Felizmente, mudou para melhor. O exemplo disto é a alta credibilidade do Presidente Fernando Henrique Cardoso que hoje desponta.
É preciso também ressaltar que o Presidente Fernando Henrique Cardoso deve muito a esta Casa pelo destaque obtido. Temos de frisar que foi graças à Casa, ao Plenário do Congresso Nacional que tivemos as medidas necessárias ao sucesso, fazendo com que o Presidente Fernando Henrique Cardoso surgisse como a maior liderança no Brasil.
"Como Deputado pela Bahia, V. Exª orgulha a terra de Rui. Aquela terra querida tem em V. Exª o exemplo de como as coisas boas deste País devem ser feitas"
Sr. Presidente, neste momento não podíamos esquecer da sua determinação e firmeza na condução desta Casa e só temos a agradecerlhe por tudo que V. Exª fez nesta Casa, mais ainda por ter elevado o nome do Congresso Nacional e do Plenário da Câmara dos Deputados.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado Robério Araújo.
O SR. RUBEM MEDINA - Sr. Presidente, peço a palavra da ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
SR. RUBEM MEDINA (PFL - RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.)Sr. Presidente, na verdade, sua emoção é a nossa.
Estamos nesta Casa há oito mandatos, e, muitas vezes, isso é motivo de brincadeira entre nós. Emociona-me profundamente este momento.
Já fomos conduzidos por muitos Presidentes, mas V. Exª orgulha esta Casa como poucos, no passado. É uma grande honra sermos presididos pelo amigo, parceiro e companheiro Deputado Luís Eduardo, que sempre honrou esta Casa. Hoje podemos. Voltar a dizer com orgulho que somos
Felix Mendonça
Deputados Federais. Pelo seu trabalho, determinação e amizade aos seus companheiros, por tudo que V. Exª fez por esta Casa e pelo País, o nosso muito obrigado. Estaremos juntos, se Deus quiser, em novas caminhadas.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao meu querido e fraterno amigo, Deputado Rubem Medina.
O SR. EDINHO BEZ - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB -se. Pela ordem. Sem revisão do orador.)
- Sr. Presidente, nosso Líder Michel Temer já fez o registro em nome da nossa bancada, mas também quero fazer o meu registro pessoal.
Aprendi com V. Exª, pois é o meu primeiro mandato. Quero parabenizá-lo pela influência de V. Exª nesta Casa junto aos colegas.
O que mais me chamou a atenção — porque gosto das pessoas determinadas — é que V. Exª, em nenhum momento, deixou a desejar. Todos sabíamos, antecipadamente, gostando ou não, sendo a favor ou contra, a posição de V. Exª sua firmeza, sua coerência. Sempre sentimos o carinho que V. Exª sempre dispensou a nós, Parlamentares.
Quero fazer o meu registro e dizer que já estamos começando a sentir
saudades — não muitas, porque V. Exª continuará conosco, em Brasília — e haveremos de reconhecêlo só agora, como no futuro. Sempre nos sentimos envaidecidos em tê-lo como Presidente desta Casa. Parabéns e continue assim, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Obrigado, meu grande amigo, querido Deputado Edinho Bez.
A Srª. MARIA ELVIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
A Srª. MARIA ELVIRA (Bloco/PMDB - MG. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Deputado Luís Eduardo Magalhães, nosso Presidente, como companheira do PMDB, do Líder Michel Temer, gostaria de, neste momento, como voz feminina e mineira, trazer nossa palavra de apreço e de respeito ao seu trabalho e ao seu desempenho nestes dois anos.
Quando aqui cheguei, também como Deputada de primeiro mandato, muito pouco conhecia da sua pessoa. Sabia que vinha do lindo Estado da Bahia, era filho de uma grande liderança nacional, era um homem jovem, inteligente, que já havia estado nesta Casa anteriormente, mas não podia imaginar os seus traços de personalidade, a sua força de caráter, o seu domínio sobre este Plenário. Todos sabemos que exercer a Presidência desta Casa é tarefa nada fácil. Aqui não é o pátio de uma escola e muito menos o de um quartel do Exército. Há homens e mulheres, eleitos com milhares de votos, que vêm de seus Estados para representar o seu povo, a sua gente, os seus partidos e as suas ideias. Na democracia, é necessário harmonizar o convívio, mas é necessária também a liderança, é necessário pulso forte e saber
conduzir os trabalhos, a fim de que sejam produtivos e eficientes. E V. Exª. nos dois anos à frente da direção da Câmara Federal, exerceu esse trabalho de forma muita digna, séria e apoiada por todos nós.
No momento em que deixa a Presidência da Mesa da Câmara — mas não esta Casa, porque continuará exercendo sua liderança neste plenário, no seu partido e também entre nós —, desejamos a V. Exª. muito sucesso.
Sabemos que grandes desafios ainda o esperam e, como liderança emergente, jovem e forte deste País, terá muito o que fazer por todos os brasileiros.
Muito obrigada.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço à minha querida amiga, Deputada Maria Elvira, as generosas palavras.
O SR. NELSON MARCHEZAN - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª. a palavra.
O SR. NELSON MARCHEZAN (PSDB - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, quando dei meu voto ao atual Presidente para que liderasse esta Casa, não tinha a menor dúvida de que haveria de conduzila com o brilho que lhe é peculiar, com firmeza, honestidade, sinceridade e com os mais altos propósitos de engrandecê-la. Hoje estou aqui para proclamar isso.
Quero agradecer pessoalmente a V. Exª., Sr. Presidente, a deferência com que sempre me tratou. Além disso, registro o importante trabalhado realizado por V. Exª. na direção dos trabalhos desta Casa.
A Câmara dos Deputados é constituída por mais de quinhentos Parlamentares, de muitos partidos, até em
demasia, dizem alguns, entre os quais me incluo. Apesar disso, V. Exª. soube conduzir esta Casa, permitindo que o debate necessário e esclarecedor se realizasse, de uma forma que não paralisasse a Casa nem a tomasse improdutiva perante a sociedade. V. Exª. soube vencer essa tarefa com muita galhardia e empenho, respeitando as minorias, o diálogo e divergências, respeitando a exposição das ideias. V. Exª soube fazer o barco avançar, rasgando os horizontes, construindo novos institutos jurídicos para que o País possa adaptar-se à nova realidade.
Por isso, quero felicitá-lo. V. Exª certamente sabe que nem sempre conseguiu ver as árvores, mas tenho a certeza de que nunca lhe faltou a visão da floresta. A floresta, no meu modo de entender, é o futuro do Brasil. A Câmara, sob a lúcida Presidência de V. Exª e com o apoio da maioria, em quase todos os momentos soube trilhar o caminho do desenvolvimento, da modernização, da reforma, para abrir novas clareiras, novos horizontes na construção de uma Pátria mais justa e moderna.
Creio que neste período o Congresso, apesar de todas as dificuldades, não faltou ao País, e V. Exª. tem uma grande parte neste trabalho realizado.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao meu grande amigo, Deputado Nelson Marchezan, sempre querido também Presidente da Casa.
O SR. ARMANDO ABÍLIO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. ARMANDO ABÍLIO (Bloco/PMDB -PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ouvi com atenção a fala de todos os nossos companheiros, quando teceram palavras elogiosas a sua séria, transparente e determinada administração.
Neste momento quero falar não só em meu nome, mas também em nome do Governador de meu Estado, Sr. José Maranhão. S. Exª me pediu para dizerlhe que o Governo da Paraíba não só o admira, mas também o respeita e aplaude a administração de V. Exª. à frente do Poder Legislativo.
Deixo registradas minhas congratulações e meus parabéns.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao querido amigo Armando Abílio.
O SR. JOSÉ MÚCIO MONTEIRO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. JOSÉ MÚCIO MONTEIRO (PFL - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, há seis anos cheguei à Câmara dos Deputados e hoje, diferentemente dos companheiros que me antecederam, despeço-me desta Casa. Hoje é meu último dia neste Parlamento, de onde levo uma extraordinária lição de igualdade. Esta é Casa de iguais, onde uns brilham mais, outros menos, mas todos têm pesos iguais. É aqui que exercitamos a democracia em seu princípio básico, já que todos somos iguais. Saiba que sou seu admirador. As horas que V. Exª se privou do convívio com sua família, com seus amigos são amainadas pela consciência tranquila de que ajudou a construir um Brasil diferente. Nós, hoje, enxergamos onde queremos chegar, mas foi dolorosa essa construção. Essa avenida foi estreita no princípio, há seis anos, e V. Exª. ajudou a construí-la e a pavimentá-la.
Todos que me antecederam na tribuna falaram da sua firmeza, dos seus pontos de vista, que todos conheciam. E quero me associar a todos na admiração pela forma como conduziu esta Casa. Para muitos, no
início, V. Exª era apenas o filho de um político famoso. Com competência, construiu e constrói sua própria biografia com personalidade, sabendo o que quer e aonde quer chegar. Hoje sou um grande admirador de V. Exª. e tenho certeza de que sabe onde quer chegar. Em qualquer lugar que esteja, serei sempre seu eleitor efetivo, seu eleitor afetivo, o seu amigo permanente.
Trago do Prefeito de Recife — sabedor de que hoje diria algumas palavras a V. Exª — um abraço. Os votos da Bahia e de Pernambuco estão à disposição de V. Exª para quaisquer que sejam os seus projetos.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Obrigado, meu amigo, Deputado José Múcio Monteiro, que muito me honra com sua amizade pessoal.
O SR. ROBERTO BRANT - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. ROBERTO BRANT (PSDB -MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente sem dúvida alguma, da vasta obra já realizada nesses dois anos pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, uma grande parte deve-se a iniciativas legislativas aprovadas por esta Câmara dos Deputados.
Se retirássemos do Governo a soma de mudanças constitucionais que realizamos ou leis regulamentadoras de modernização do Estado, certamente o balanço, até o momento, do Governo seria muito mais pobre do que se ostenta hoje. Isso, sem dúvida, deve-se à consciência política renovada desta Casa, mas deve-se também à enérgica ação de V. Exª. que, respeitando os trâmites regimentais, permitindo que a Oposição se exprimisse na mais ampla liberdade, garantiu que as maiorias expressassem sua vontade. Quantas vezes vi a Câmara dos Deputados
paralisada pela ambiguidade, pela vacilação e pela indecisão da Mesa Diretora. Foi assim, por exemplo, durante os trabalhos da revisão constitucional, em que a vontade popular clamava pela reforma do Estado, pela revisão das instituições econômicas do País, mas a falta de uma Mesa que pudesse canalizar a vontade da maioria e permitir que ela se expressasse fez com que esse velho sonho de modernização fosse adiado por alguns anos.
Quero fazer outro registro. Refiro-me à austeridade, à contenção, à severidade com que V. Exª. se portou durante todo esse tempo. Agora que estamos no limiar de uma eleição é que vemos a largueza com que os candidatos se abrem aos favores pretendidos pela Casa, por Parlamentares, por funcionários, por vários segmentos corporativos que gravitam em tomo do Legislativo. Sei avaliar o quanto foi penoso, o quanto foi duro para V. Exª fechar-se a todas essas pressões que iam na contramão do que desejava a sociedade e do caminho que o Estado devia seguir. Por isso, esteja certo de que sua Presidência será por muito tempo lembrada por tudo que fez, mas será lembrada por muito mais tempo por tudo que V. Exª não deixou que se fizesse.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo Roberto Brant, pelas generosas palavras.
O SR. JOSÉ ANÍBAL - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. JOSÉ ANÍBAL (PSDB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Deputados, os iluministas franceses desenvolveram uma teoria sobre o regard, o olhar, o modo como se olha. Podemos
olhar a administração de Luís Eduardo Magalhães, como Presidente da Câmara, de diversos modos. Podemos olhar sob a ótica de um Presidente presente, ativo, decidido e ao mesmo tempo aberto, receptivo. Nunca vi sua porta fechada: sempre aberta. Até o critiquei uma vez por isso, pois era difícil uma conversa privativa, como às vezes é necessário entre um Líder e o Presidente da Casa. É exatamente o contrário do que dizem alguns adversários desta Presidência.
Acho que o momento não é o daquela solenidade de quem se despede de um companheiro que estimamos muito. É um momento de satisfação por um Presidente que tem todas as condições, diante do País, diante da sociedade, de dizer que cumpriu o seu papel, olhando a Presidência da Câmara como a Presidência da instituição fundamental da democracia, desse processo de reformas e mudanças pelo qual o Brasil vem passando.
E, nessa perspectiva, Luís Eduardo foi um Presidente impecável na decisão, na postura, na capacidade de entender que o Congresso — especificamente a Câmara — pode tudo, só não pode deixar de decidir, porque é isso que a sociedade quer. Pode votar contra, a favor, abster-se, mas tem de votar, tem de decidir. Tudo isso fez com que produzisse, na Presidência da Câmara, os dois anos mais férteis do Parlamento da República, os dois anos mais profícuos, sob todos os pontos de vista: direitos humanos, relações de trabalho, inserção competitiva do Brasil na economia internacional, reforma da administração pública, redução do Custo Brasil. Longe, longe e sem nenhum demérito, estão os outros dois anos com os quais se possam comparar os dois em que o Presidente Luís Eduardo presidiu esta Câmara.
Há pouco tempo, numa reunião em sua homenagem, em São Paulo, o Governador Mário Covas teve oportunidade de dizer que, no início de suas atividades neste Parlamento, V. Exª era conhecido como o filho do Senador, ou Governador, Antonio Carlos Magalhães. Logo se tomou conhecido como o Deputado Luís Eduardo Magalhães. E o Governador Covas dizia ainda ter certeza de que em pouco tempo o Senador será conhecido como o pai do Luís Eduardo Magalhães, ou melhor, Luís Eduardo é figura que vai adquirindo, dentro da família, uma centralidade política que não se restringe ao Parlamento, mas amplia-se para os horizontes do nosso País. Um parceiro contemporâneo. Não é do meu partido, mas compartilhei com ele amplamente, ao longo destes dois anos, a contemporaneidade do seu pensamento político, da sua postura, da sua lealdade e da profunda parceria que entendeu que tinha de fazer com o Executivo, e fez, com o nosso consentimento majoritário. Não há nada de insubmissão nisso. Nada que comprometa a autonomia desta Casa. Pelo contrário. Há um sentido profundo de que o Brasil finalmente rompe suas amarras e, nesse rompimento de amarras, Presidente Luís Eduardo, V. Exª ajudou muito e puxou muitas cordas.
Parabéns. Vamos festejar e desejar que nosso próximo Presidente, Deputado Michel Temer, tenha, na linha iniciada por V. Exª, esse descortino e essa capacidade de servir ao Brasil. Um grande abraço.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido Líder Deputado José Aníbal. Sem o seu apoio não teria sido possível efetivar as diversas votações que tivemos oportunidade de fazer na Presidência da Câmara dos Deputados.
Na democracia, é necessário harmonizar o convívio, mas é necessária também a liderança, é necessário pulso forte e saber conduzir os trabalhos, a fim de que sejam produtivos e eficientes
Maria ElviraSe retirássemos do Governo a soma de mudanças constitucionais que realizamos ou leis regulamentadoras de modernização do Estado, certamente o balanço, até o momento, do Governo seria muito mais pobre do que se ostenta hoje
Roberto BrantSinceramente, muito obrigado pelas generosas palavras e pelo seu apoio.
O SR. JOSÉ CHAVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra, nobre Deputado José Chaves.
O SR. JOSÉ CHAVES (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Luís Eduardo, dizem que o homem público tem uma estrada que é a da própria vida e que ao longo dela deixamos algumas marcas. Certamente, V. Exª deixou marcas como Deputado Estadual e Presidente da Assembleia do Estado da Bahia, mas, posso dizer, que talvez seu maior marco seja como Presidente da Câmara dos Deputados.
Chegou aqui Parlamentar de primeiro mandato, tímido, olhando, observando, acostumado a materializar. E é com base nesta palavra que quero fazer a minha pequena saudação.
A classe política e o homem público vivem momentos de extrema dificuldade, mas posso dizer que esta Casa, sob sua gestão, diminuiu o descrédito, porque, antes de tudo, materializou, quebrou monopólios, normas de condutas, foi fértil, teve resultado material. O cidadão nas ruas cansou da retórica, da oratória. Ele espera algo que transforme a sua vida, o seu cotidiano tão simples.
Nesta hora, fico extremamente orgulhoso como homem do Nordeste, em saber que V. Exª contribuiu para isso. O seu marco, no meu entendimento, foi a materialização dentro do conceito da democracia.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo, Deputado José Chaves.
O SR. MOREIRA FRANCO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. MOREIRA FRANCO (Bloco/PMDB
- RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, os colegas que me antecederam na tribuna já falaram da dignidade com que V. Exª conduziu os trabalhos desta Casa, já falaram da firmeza de suas posições, da lucidez da gestão administrativa que imprimiu a sua ação na Presidência da Câmara dos Deputados. Enfim, falaram de tudo aquilo que todos nós sabemos, vimos e reconhecemos.
Quero, porém, acentuar um aspecto que ele parece extremamente importante, na medida em que traz um traço inovador na história do Parlamento brasileiro nos tempos modernos. V. Exª, na Presidência desta Casa, iniciou experiência absolutamente nova: a de conduzir um processo de mudança e de reforma nos limites da democracia. E essa é uma tarefa extremamente difícil.
Vivemos no passado mudanças feitas com a força das armas, com os atos institucionais; agora estamos começando a construir uma experiência que talvez seja extremamente longa, ou seja, a de podermos acreditar que é possível ver produzidas, na democracia, no pleno funcionamento da Câmara e do Senado, as reformas; e as mudanças de que o País necessita.
V. Exª, ao conduzir esse processo, deixou uma marca que me parece deverá ser referência para os próximos Presidentes, ou seja, a de que esse processo é possível na medida e que haja coragem, determinação e o compromisso de assumir os riscos de conduzir com firmeza as mudanças, porque elas não interessam a todos. É necessário que se queira, a cada passo que se dê conduzindo uma Casa que
representa todos os interesses e, por isso, interesses divergentes, buscar o caminho da firmeza, com serenidade, pulso e ternura.
Creio ser essa a lembrança que haverá de ficar, não só no seio de seus colegas da Câmara dos Deputados, mas principalmente haverá de estar gravado na história do Parlamento brasileiro - o início desse processo que V. Exª com tanto brilho conduziu.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo, Governador e Deputado Moreira Franco, pelas generosas palavras para com este Presidente.
O SR. EDUARDO MASCARENHAS - Sr. Presidente peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. EXª. a palavra.
O SR. EDUARDO MASCARENHAS (PSDBRJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Exª. Sr. Deputado Luís Eduardo Magalhães, meu querido amigo, inesquecível Presidente da Câmara dos Deputados, Srs.ª e Srs. Deputados, a minha primeira aproximação mais efetiva com o Deputado Luís Eduardo deu-se em data anterior, quando S. Exª exercia a Liderança do PFL e eu recém-ingressar nas fileiras do PSDB.
Quero ressaltar para os que aqui não se encontravam e relembrar àqueles que aqui se encontravam a participação decisiva do então
Líder Luís Eduardo Magalhães na costura da aliança que possibilitou o Fundo Social de Emergência, a construção do Plano Real, da estabilidade da nossa moeda, que foi a precondição para que tivéssemos, em clima de democracia, uma revolução de dimensões equivalentes a enumeráveis outras sangrentas.
A participação do Presidente Luís Eduardo
Magalhães iniciou-se naquele período. Revelou desambição quando, insistentemente convidado a ocupar, na chapa de Fernando Henrique, a VicePresidente da República, preferiu correr os riscos de uma eleição na Câmara dos Deputados e prestigiar o Parlamento outorgando a esta Casa a visão da importância que S. Exª. contemplava. Ou seja, entre a Presidência da Câmara dos Deputados e a VicePresidência, que eram favas contadas àquela altura dos acontecimentos, o Deputado Luís Eduardo Magalhães optou por exercer a Presidência desta Casa. E creio, Sr. Presidente, que V. Exª o fez com grande sabedoria.
Nunca esta Casa teve produção tão efetiva, tão fecunda, tão audaciosa, tão transformadora, tão revolucionária quanto essa a que assistimos nos dois últimos anos — e todos aqueles que me antecederam manifestaram essa opinião.
Ora, poder-se-á dizer ainda, Sr. Presidente, que algumas das reformas não foram concluídas e que outras o foram não da maneira que a presidência e a parte progressista desta casa gostariam que tivesse sido, como, por exemplo, a reforma da presidência. Todavia, aqui foi iniciada, com fecundidade transformadora e revolucionária, discussão dos dois vespeiros máximos de resistência, do atraso frente à modernidade do País; as reformas administrativa e previdenciária, cujos frutos haveremos rapidamente de colher na gestão de seu sucessor, o Deputado Michel Temer, graças às sementes que V. Exª soube semear nesta Casa, no Congresso Nacional e na sociedade brasileira.
Como amigo, quero dizer que cresce a cada dia a minha admiração. V Exª é alguém em quem se pode
depositar confiança, alguém que inspira a certeza de que realmente a palavra empenhada, a palavra dada é a que será honrada, cumprida. Em todos os pronunciamentos, temos a lembrança de ser filho de grandes personalidades, principalmente quando muito fortes, presentes e carismáticas.
Na ampla maioria dos casos, a própria história da humanidade revela que filhos de personalidades, com esse vigor e esse nível de liderança, acabamse apagando e raramente sobrevivem a um pai de tamanho brilho e eloquência.
O Deputado Luís Eduardo Magalhães representa a possibilidade de conviver com uma personalidade forte, eloquente carismática e poderosa, sem se deixar anular, sem se rebaixar e sabendo preservar a sua singularidade, a sua diferença e a sua soberania, que lhe é peculiar.
Por tudo isso, penso que eu e todos os Parlamentares nos orgulhamos de ter o Deputado Luís Eduardo Magalhães como o nosso querido e inesquecível Presidente das reformas durante esses dois anos.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo, Deputado Eduardo Mascarenhas. V. Exª foi demasiadamente generoso para com este Presidente.
O SR. ÁLVARO GAUDÊNCIO NETO - Sr. Presidente peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. ÁLVARO GAUDÊNCIO NETO (PFL - PB. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente inicialmente desejo associar-me a todas as manifestações de Parlamentares dirigidas a V. Exª.
Em rápidas palavras, quero dizer da minha alegria. Desde muito jovem, a política passou a despertar todo o interesse em mim, e acompanhava a vida dos homens públicos.
Ouvia depoimentos extraordinários acerca do seu pai, ditos principalmente pelo meu, o médico José Gaudêncio contemporâneos na universidade, em Salvador. Também meu tio Álvaro Gaudêncio
Filho é admirador de seu pai. Meu tio foi Deputado Federal por dezesseis anos nesta Casa e desfrutava também da amizade do seu tio, Deputado Ângelo Magalhães.
Iniciei minha vida pública como Vereador em Campina Grande. Posteriormente, como Deputado Estadual, depois Federal. Quando cheguei a esta Casa, ouvi os melhores depoimentos a respeito da pessoa de V. Exª, do seu pulso forte no exercício da Liderança do PFL, respeitado até pelos partidos mais radicais, contrário aos interesses do nosso liberalismo.
Depois que aqui cheguei, convivendo com V. Exª como Presidente, passei a admirá-lo ainda mais.
Todos sabemos da grande capacidade do Presidente Fernando Henrique Cardoso, do seu espírito reformista, mas S. Exª não poderia fazer tudo isoladamente, sem contar com as Lideranças que lhe dão apoio e o pulso firme de V. Exª no exercício da Presidência de uma das Casas deste Poder.
Portanto, apresento as minhas congratulações a V. Exª. Associo-me às manifestações de todos os companheiros que se pronunciaram e que o consideram um alvorecer para a classe política que orgulha este País.
Que V. Exª seja muito feliz em suas futuras caminhadas.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Agradeço ao prezado amigo Álvaro Gaudêncio Neto as palavras dirigidas a minha pessoa.
O SR. JOSÉ JORGE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª. a palavra.
O SR. JOSÉ JORGE (PFL - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.)Sr. Presidente Luís Eduardo, em nome do PFL, nosso partido, digo que estamos muito orgulhosos da sua gestão. Hoje tivemos a grande alegria de ter conquistado a Presidência do Senado com a vitória expressiva do Senador Antonio Carlos Magalhães. Mas, para o nosso partido, alegria maior do que conquistar uma posição ou ganhar a Presidência do Senado, ou a da Câmara, ou um Governo Estadual ou uma Prefeitura Municipal, é o dever cumprido, é concluir uma gestão como a de V. Exª., respeitada por todos, eficiente, competente e dedicada.
V. Exª. esteve presente, lado a lado com todos nós, em todas as votações, tomando decisões baseadas no bom senso, naquilo de que o Brasil precisava.
V. Exª. prestou uma grande contribuição ao País e a esta Casa.
Todos nós do PFL estamos orgulhosos de tê-lo em nosso partido, orgulhosos da nossa vitória, quando V. Exª. foi eleito há dois anos. Agora, depois dessa gestão, isso serve como exemplo para o futuro e como marca para sua vida pública.
Em nome do nosso partido, registro os nossos agradecimentos a V. Exª..
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Deputado José Jorge.
O SR. JOSÉ PINOTTI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª. a palavra.
O SR. JOSÉ PINOTTI (Bloco/PMDB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente Luís Eduardo, V. Exª. sabe o quanto divergimos no mérito da maioria dos projetos que passaram por esta Casa. Mas devo dizer-lhe, agora e de público, que, em momento algum, divergi da sua maneira de conduzir esta Casa. V. Exª. exerceu sua autoridade, o que é absolutamente necessário e muito difícil. E exercendo a austeridade, protegeu a todos nós e a esta Casa e soube compatibilizar ambas as qualidades, num exercício perfeito do processo democrático.
"Nunca esta Casa teve produção tão efetiva, tão fecunda, tão audaciosa, tão transformadora, tão revolucionária quanto essa a que assistimos nos dois últimos anos"
Eduardo Mascarenhas
Sr. Presidente, parabenizo V. Exª., por isso e desejolhe um futuro político brilhante. Sinto-me orgulhoso disso, porque eu me considero seu amigo.
Tenho certeza de que V. Exª. contribuirá para o futuro do nosso País, do povo brasileiro, que muito precisa de jovens políticos idealistas, brilhantes e, acima de tudo, corajoso como V. Exª.
Parabéns, Presidente Luís Eduardo! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao meu querido amigo, Deputado José Pinotti a sua generosidade para com o Presidente, em função da nossa longa amizade. Realmente suas palavras muito me sensibilizam. De coração, os meus agradecimentos a V. Exª..
O SR. LUIZ MOREIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª. a palavra.
O SR. LUIZ MOREIRA (PFL -BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, vivia eu em Salvador, mas fora do mundo político. Entretanto, por algumas vezes, tive oportunidade de vê-lo, com seus amigos da Assembleia Legislativa, principalmente o seu saudoso amigo, e também nosso, Luís Cabral, em reuniões no Baby Beef. Eu era um desconhecido à época, mas desde então já sabia do prestígio e do valor que V. Exª., gozava no meio dos seus companheiros.
Sou de uma geração diferente, mas seus amigos são meus amigos. Meu filho, seu afilhado, é mais velho do que você - permita-me a intimidade. Hoje tenho na sua pessoa aquele amigo para todas as horas. Tenho certeza de encontrar exatamente aquela rocha da qual posso me aproximar, porque sei que ela é dura, verdadeira, mas é receptiva e amiga, e sempre tem um conselho para as nossas aflições.
Hoje, se valor traz essa certeza, já demonstrada aqui. Muitos pensavam que V. Exª., em chegando aqui, viveria de uma auréola que não lhe era própria.
Mas hoje estamos tendo a certeza de sua iluminação própria, do seu valor, do seu prestígio, mostrando àqueles que imaginavam que estava sendo refletido que não era reflexo, mas luz própria, que tem brilho poderoso e profundo.
V. Exª. foi o baluarte principal para as reformas realizadas nesta Casa!
Tenho certeza absoluta de que, se porventura, V. Exª. não estivesse nesta Casa, essas emendas não fluiriam com a rapidez com que elas se processaram.
Por tudo isso, deixo o agradecimento do segmento que eu represento. No Estado da Bahia sempre recebemos carinho, fraternidade e o conselho amigo em busca de soluções.
Para terminar, quero relembrar a sabedoria hindu que diz que mais vale um grama de exemplo do que uma tonelada de palavras. Estamos dizendo palavras, mas estamos enaltecendo a grandeza de sua personalidade.
Uma trajetória brilhante para sua vida, meu querido Presidente e amigo particular, Luís Eduardo! Felicidades! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, querido amigo, Deputado Luís Moreira.
O SR. EDINHO ARAÚJO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. EDINHO ARAÚJO (Bloco/PMDB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, caros funcionários desta Casa, já se disse que calar às vezes é mentir. Então, se
eu permanecesse calado, estaria mentindo. Minha palavra neste instante é de agradecimento a v. Exª.
Recordo-me perfeitamente há dois anos quando tive oportunidade de conhecê-lo, e o meu partido, o PMDB, fechou questão, apoiando V. Exª para presidir esta Casa.
Lembro do compromisso de V. Exª e de seu partido, o PFL, para com o PMDB.
Há tempo para tudo. Houve um tempo de acreditar, de votar e de ouvir o compromisso de V. E em nome do PFL. Agora é tempo de agradecer a V. Exª pelo trabalho realizado, por tudo o que foi dito aqui e pela alta produtividade desta Casa nesses dois anos.
Quando cheguei aqui, ouvi dizer que o Congresso não votava e não produzia. V. Exª esteve sempre sintonizado com o barulho das ruas. Por isso, Presidente Luís Eduardo Magalhães, avalio a alegria de seu coração neste dia, nesta tarde e nesta noite, após assistir à estrondosa e espetacular vitória de seu pai, Antonio Carlos Magalhães, no Senado. V. Exª pode olhar nos olhos de cada um de seus colegas desta Casa e sentir algo muito especial, a sensação do dever cumprido, ou seja, V. Exª ao longo desses dois anos, cumpriu um mandato que fica para a História.
Parabéns, Presidente Luís Eduardo Magalhães! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Obrigado, meu querido amigo, Deputado Edinho Araújo.
O SR. HAROLDO UMA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. HAROLDO LIMA (PCdoB - BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, vejo que esta sessão vai tomando ares de despedida. E eu não poderia me furtar a participar dessa despedida.
Faço essa saudação afastando de logo a ideia de que vou fazer encômios a V. Exª.
V. Exª sabe que sou comunista. Nós, os comunistas, temos a opinião clara de que nosso País está caminhando por uma rota difícil, complexa e perigosa. Em nossa opinião, o Brasil está procurando incorporarse, sob a égide do Governo atual, à economia globalizada, porém de forma subalterna e passiva. Estamos fazendo, em certa medida, o jogo das grandes potências, que nos querem situar não em pé de igualdade, mas como país subalterno.
Efetivamente, V. Exª tem sido a pessoa chave nesta Casa para a implantação desse modelo, e, se temos profundas divergências com este modelo, seguramente teríamos com V. Exª temos. Entretanto, não me inscrevi para ressaltar nossas divergências, sabidas de todos. Apenas vim dizer que V. Exª é um político novo e que ainda terá, seguramente, longa esteira a percorrer.
Nesse sentido, não se esqueça de algumas qualidades que V. Exª possui, as quais quero testemunhar. Conheci-o quando V. Exª era Presidente da Assembleia Legislativa da Bahia. Naquela época, estávamos ainda no fim do regime militar. Chegava ao Brasil, do exílio, o Presidente do meu partido, João Amazonas. Eu próprio tinha saído da clandestinidade há pouco tempo; não conhecíamos, portanto, nada da esfera política do País, propriamente legal, naquele instante.
Fomos recebidos, pela primeira vez na esfera oficial, no caso do Brasil, e, mais especificamente, da Bahia, por V. Exª na condição de Presidente da Assembleia Legislativa.
João Amazonas e eu fomos recebidos naquela época - hoje, isso seria uma coisa simples. Mas V. Exª foi a primeira autoridade desse nível que nos
recebeu, a nós comunistas, recém-saídos do exílio e da cadeia. Lembro-me de que, quando a Polícia Federal, naquela oportunidade, invadiu a sede do PCdoB em Salvador, também contamos, sem conhecêlo, com a participação de V. Exª, que saiu do Centro Administrativo em direção ao Largo de Nazaré — não sei se V. Exª se lembra — para se solidarizar conosco e nos proteger.
Por conseguinte, o testemunho que gostaria de aqui fazer é o de um comunista justamente desejando que V. Exª nunca se esqueça dessas manifestações do passado que até hoje se repetem.
Gostaria ainda de dizer que, no meio de tanta discriminação, há as correntes minoritárias, os partidos pequenos e os ideológicos, em particular os comunistas, que nunca sentiram qualquer discriminação por parte de V. Exª. Pelo contrário. Quero testemunhar que V. Exª tem nos apoiado nos nossos pleitos, que não são grandes. Nunca fizemos pedidos pessoais por cargos, por empregos ou coisa que o valha. Mas os pleitos políticos que fizemos sempre foram recebidos por V. Exª, numa atitude solícita, correta, justa e pronta. E o último exemplo disso deu-se ontem, quando solicitei a V. Exª que, antes de deixar o cargo de Presidente, marcasse a data do requerimento, já aprovado aqui, para comemorarmos o 75º aniversário do Partido Comunista do Brasil, dia 20 de março deste ano. E V. Exª, de imediato, pegou o telefone, ligou para o Secretário-Geral e disse que queria, antes de sair, deixar isso marcado.
Tomamos conhecimento desse fato. V. Exª fez isso apenas na minha presença. No meu partido, essas coisas, democraticamente, são divulgadas; e hoje todo
nosso partido sabe que no dia 20 de março teremos uma grande comemoração do 75º aniversário do PCdoB, marcado ontem por V. Exª.
Faço esta saudação, de certa maneira um testemunho, ressaltando esses aspectos que a mim ·parecem positivos de V. Exª e desejamos que na sua vida política, que espero longa, nunca se esqueça de prestigiar as correntes minoritárias, honestas e combativas.
Muito obrigado!(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao Deputado Haroldo Lima as suas generosas palavras. Sempre tivemos, embora em campos opostos, um tratamento respeitoso, sério e que, sem dúvida alguma, contribuiu para o debate democrático. O ·Deputado Haroldo Lima é um exemplo de que realmente a democracia é necessária, e sem dúvida alguma os comunistas são necessários. Sempre defendi essa tese. (Palmas.)
O SR. PEDRO CORRÊA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. PEDRO CORRÊA (Bloco/PPB - PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria de associar-me aos companheiros, não com o brilhantismo daqueles que me antecederam, mas ressaltar a amizade e o carinho durante tantos anos nesta Casa. V. Exª foi meu Líder no PFL, e, ao lado de um grande companheiro que era o Deputado Ricardo Fiúza, quantas vezes, quantas noites discutimos o futuro do nosso País!
Repito aqui, meu caro Presidente, o depoimento do Presidente de honra do PPB, o ex-Prefeito Paulo Maluf: Luís Eduardo Magalhães é o político de futuro



"Agora é tempo de agradecer a V. Exª pelo trabalho realizado, por tudo o que foi dito aqui e pela alta produtividade desta Casa nesses dois anos."
Edinho Araújo
Como presidente da Câmara, Luís Eduardo liderou as votações das reformas do governo FHC. Na foto, o líder do PMDB e relator da reforma da Previdência, Michel Temer.
Foto Arquivo da Câmara dos Deputados – 1996
mais promissor deste País, pela sua competência e, sobretudo, por sua lealdade e mocidade.
Quero também, Sr. Presidente, associar-me a tantos companheiros, destacar a lealdade de V. Exª àqueles que realmente privam da sua amizade e desejar a V. Exª. o futuro mais promissor, seja como Governador da Bahia, seja como Presidente da República.
SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Obrigado, Deputado Pedro Corrêa (Palmas.)
O SR. AÉCIO NEVES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. AÉCIO NEVES (PSDB -MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Ilustre Presidente e caro amigo Deputado Luís Eduardo, não percebo nesta Casa, neste momento, nenhum sentimento nostálgico, tão comum em despedidas como esta. Muito diferente disso, percebo mesmo o regozijo de Parlamentares dos mais diversos partidos, das mais diversas regiões do País, que de alguma forma compartilham com V. Exª neste momento, o sucesso da administração que ora termina.
V. Exª sem dúvida, Deputado Luís Eduardo, é merecedor de cada uma das homenagens, de cada uma das palavras de admiração e de respeito aqui proferidas, porque V. Exª diuturnamente, ao longo dos últimos dois anos, soube respeitar essa instituição, soube valorizá-la e, a partir daí, valorizar cada um daqueles que a compõem.
Portanto, Deputado Luís Eduardo, a ação de V. Exª no resgate da credibilidade e da importância dessa instituição, ao lado das inovações, das reformas e transformações que a direção de V. Exª proporcionou ao País a partir desta Casa, certamente inscreveu
o nome de V. Exª na história não apenas desta instituição, mas deste País.
Como Presidente do PSDB do meu Estado e pertencente à geração de V. Exª quero dizer que ainda há um crédito a ser feito. V. Exª com a administração que impôs à frente desta Casa, resgatou a credibilidade de uma geração comprometida pela ação pouco ortodoxa de alguém que, por algum tempo, comandou este País.
Presidente Luís Eduardo, tenho absoluta certeza de que onde V. Exª estiver, pelos caminhos que vier a trilhar, haverá uma geração de pessoas que irão aplaudi-lo e torcer pelo êxito de V. Exª porque, dessa forma, estarão torcendo pela ética, pela decência e pela correção na vida pública.
Fica, portanto, meu caro amigo Luís Eduardo, a palavra do amigo que tem muito orgulho em dizer que pôde compartilhar e acompanhar de perto uma das gestões mais corretas, mais sérias que alguém já teve à frente da nossa Casa, da sua Casa, da Casa do Povo.
Parabéns, em nome daqueles que aqui me trouxeram, Presidente Luís Eduardo!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Querido amigo, Deputado Aécio Neves, somente a amizade que me une a V. Exª poderia gerar palavras tão generosas.
Muito obrigado, de coração!
O SR. SALVADOR ZIMBALDI - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. SALVADOR ZIMBALDI (PSDB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, neste momento, em rápidas palavras, quero dizer da alegria de testemunharmos a atuação de V. Exª na Presidência desta Casa.
A nossa história de mudanças no País começou exatamente no momento em que fizemos a Aliança Democrática que elegeu Fernando Henrique Cardoso Presidente da República e que compôs a Maioria nesta Casa para dar sustentação ao Governo.
Quero repetir uma frase que mencionei na minha bancada há poucos instantes: o homem, quando se elege, recebe uma coisa que é real: o poder. Cada um de nós aqui está embasado neste poder. V. Exª foi duplamente referendado no momento em que foi eleito Presidente desta Casa e recebeu o poder.
A segunda coisa que a pessoa recebe, que é simbólica, é uma caneta. Com esta caneta, e imbuído do poder, ela poderá tomar decisões. A partir daí, não adiantam programas escritos, não adianta coisíssima alguma; o que lhe resta realmente é a consciência. E foi com esta consciência que vimos V. Exª atuar brilhantemente na Presidência desta Casa, impulsionando as propostas do Governo Federal, tão necessárias para a transformação do Brasil.
Então, Sr. Presidente, neste momento gostaria de parabenizar V. Exª e dizer que, diante de tantas obras que esta Casa fez e da forma séria, brilhante e ética com que foi conduzida por V. Exª não poderíamos deixar de citar como maior exemplo das suas obras o resgate da dignidade desta Casa.
Parabéns, Presidente Luís Eduardo!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo Deputado Salvador Zimbaldi, por suas generosas palavras.
O SR. MUSSA DEMES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
SR. MUSSA DEMES (PFL -PI. Pela ordem. Sem
revisão do orador.) - Sr. Presidente, como os demais companheiros, desejo parabenizá-lo pelo excelente desempenho na condução da Casa nos últimos dois anos, embora seja até suspeito para fazê-lo.
Aqui chegamos juntos em 1987, por ocasião da instalação dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. A partir daí, entre nós surgiu uma amizade muito forte, sólida, baseada no respeito mútuo e, acima de tudo, na identidade ideológica.
Juntos estivemos em alguns dos mais importantes momentos aqui vividos ao longo desses dez anos. Refiro-me especialmente ao episódio da cassação do Presidente Fernando Collor, quando poucos, como V. Exª e eu, tivemos a coragem de manter a coerência e votar contra o encaminhamento do processo para o Senado, por evidente cerceamento de defesa do então Presidente.
Acompanhei passo a passo seu contínuo crescimento no conceito de seus Pares, como ocorreu quando assumiu a Liderança do PFL com a maior competência e sempre com a maior solidariedade em relação aos seus colegas e amigos.
Portanto, Presidente Luís Eduardo, não me surpreendeu, absolutamente, o seu desempenho ao longo desses dois anos. Eu já esperava realmente por isso.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, meu querido amigo Deputado Mussa Demes.
O SR. VICENTE CASCIONE - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. VICENTE CASCIONE (PTB-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, tenho certeza de que se V. Exª, neste instante, estivesse no ato de sua
posse, poderia estar a duvidar das manifestações que estão aqui sendo feitas no momento da sua despedida.
V. Exª, que está descendo à planície dos homens comuns, não há de duvidar da manifestação de apreço que vem recebendo neste instante daqueles que, inclusive, divergiram muitas vezes de V. Exª, mas na divergência é que se semeia a verdadeira admiração entre os que divergem!
Não há nada mais autêntico, embora tenha certeza de que todos aqui falaram com o coração, do que ouvir um Haroldo Lima, divergente quase que absoluto, dizer o que disse.
Sr. Presidente, os homens não ficam marcados por aquilo que fazem de pouco ou de rotineiro. As pessoas que marcam presença na realização das tarefas são polêmicas, provocam reações fortes, provocam, em determinados momentos, até mesmo inconformismo e indignação. Mas essas pessoas não deixam na alma daqueles de quem divergiram o rancor; convivem com todos, como V. Exª, na relação humana, de uma forma especial.
V. Exª, Presidente Luís Eduardo, não é um homem fechado, hermético. V. Exª convive com todos, na relação individual e humana, de forma especial. Divergi muitas vezes de V. Exª, mas o fiz admirando e reconhecendo o valor de V. Exª. E quando V. Exª foi mais duro e forte nas decisões e posições tomadas, fez isso por força de suas convicções. Humanamente, não se pode separar o homem que exerce um cargo das suas convicções, da crença que tem. Não estaria aqui neste instante se não tivesse um impulso positivo de trazer uma palavra excorde de respeito e de admiração por V. Exª, apesar de todas as nossas divergências.
Não daria a V. Exª um conselho, porque não me atreveria a tanto, mas transformo o conselho em esperança: que V. Exª não cometa desperdícios, que reúna todos os valores positivos que já demonstrou ter, diante até mesmo dos mais acirrados adversários conduza sua vida pautando os atos e os gestos, a partir das intenções, que são absolutamente autênticas, com esses valores que são superiores aos defeitos, que todos têm. Na verdade, sua presença não será marcada por esses defeitos, mas sim pelos valores positivos que todos nós aprendemos a reconhecer em V. Exª.
Felicidades, Presidente!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, querido Líder Vicente Cascione, pelo seu depoimento.
O SR. AROLDE DE OLIVEIRA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. AROLDE DE OLIVEIRA (PFL - RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Meu caro Presidente Luís Eduardo, meus caros colegas, também quero somar a tudo o que já foi dito aqui a respeito do desempenho de V. Exª à frente desta Casa, restaurando o prestígio da mesma, algo que talvez não tenha sido dito.
Gostaria de falar da profunda competência que tem V. Exª ao desempenhar simultaneamente as funções de magistrado, Presidente desta Casa, político que integra os quadros de um grande partido e com ele tem compromissos, e de executivo, pois o Presidente desta Casa tem de exercer com firmeza sua liderança para obter resultados internos. Pois V. Exª tem a capacidade de equilibrar essas funções, às vezes até antagônicas. Eu gostaria de realçá-las e
dizer que, talvez pelo exercício delas, tenha havido uma facilidade maior para chegarmos ao sucesso a que chegamos hoje, para orgulho e alegria nossa, seus amigos e companheiros de partido.
Lembrando o final dos discursos dos Deputados
Eduardo Mascarenhas e Luiz Moreira, e talvez outros tenham falado também sobre o mesmo assunto, relembro o nosso saudoso companheiro Amaral Netto, que logo nos primeiros meses da Constituinte apercebeu-se de que V. Exª era um político que, aos tolos, poderia parecer estar trilhando o caminho iluminado pelo esplendor político do Senador Antonio Carlos Magalhães, hoje Presidente do Congresso. O Deputado Amaral Netto dizia que estavam enganados e eram tolos os que assim pensavam, pois, V. Exª tinha luz própria e trilharia caminho próprio.
Inúmeras vezes, desta tribuna, em artigos próprios e através da mídia, de modo geral, ele teve o privilégio de ver que realmente V. Exª tinha esta luz própria. Para nós, que somos mais velhos e estamos numa fase de saída da vida pública, é uma esperança muito grandes termos mãos firmes nas quais deixar nossos anseios de construção de um país melhor, como V. Exª tem feito.
A história vai registrar, evidentemente de forma bastante transparente e imparcial, o período da sua gestão à frente desta Casa, nesta curva que a história faz das reformas tão necessárias para que possamos alcançar dias melhores para nosso País e, principalmente, manter a esperança de que teremos dias melhores.
Sinto-me orgulhoso de ser seu amigo, seu companheiro e desejo que Deus abençoe a sua carreira, que será muito longa, para o bem da nossa Nação, se assim Deus o quiser.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, querido amigo, Deputado Arolde de Oliveira.
O SR. LUIZ PIAUHYLINO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Tem V. Exª a palavra.
O SR. LUIZ PIAUHYLINO (PSDB -PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna para dar um testemunho do que foi e tem sido o nosso convívio nesta Casa.
Aqui cheguei em 1991, integrando um partido e, na época, estávamos em campos opostos, e o País vivia, prevista pela Constituição, uma revisão constitucional que não estava amadurecida na cabeça da população. Eu integrava o PSB e lutávamos pela obstrução, para que o País pudesse marchar para as reformas no momento em que a população estivesse amadurecida.
Sempre tive a melhor compreensão e o melhor estímulo de V. Exª, para continuarmos o debate.
Depois, voltei a esta Casa e, movido pelo grito das umas, pelo que tínhamos discutido com a população em campanha, vi que a população amadurecia para as reformas. Na hora difícil de uma mudança partidária, tive de V. Exª apoio, não por interesses pequenos de partido, mas pelo interesse maior do País. Tive a sorte de, ao adotar a postura de acompanhar o que a população desejava, encontrar esta Casa presidida por V. Exª, com a vontade firme de fazer o que a população desejava. E tive também a honra de participar da Mesa, como suplente, e V. Exª, democraticamente, concedeu-me todo o espaço que o Regimento Interno permitia.
Por falar em Regimento Interno, queria dizerlhe ainda que, na Presidência, V. Exª sempre se
comportou com todo o zelo e respeito à Constituição e ao Regimento Interno desta Casa. Acima de tudo, V. Exª. entendeu que esta é uma Casa política, plural, e exercitou a Presidência sempre com visão política, respeitando o Regimento Interno e a Constituição e avançando na dimensão política que o País exige.
Quero também trazer a V. Exª a palavra do companheiro Rommel Feijó, da bancada do PSDB do Ceará, que teve de sair para participar de uma reunião com o Governador do Estado. Ele me pediu que lhe dissesse que V. Exª fez uma parceria com a sociedade, com a população e com o Poder Executivo, para cumprir o que a população deseja.
V. Exª, como jovem, entrou nesta Casa amadurecido, mas sai daqui rejuvenescido, porque tem ainda uma grande missão a cumprir.
Parabéns, Sr. Presidente! Continue firme!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, querido amigo, Deputado Luiz Piauhylino.
O SR. ODELMO LEÃO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. ODELMO LEÃO (Bloco/PPB - MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, creio que hoje é um grande dia para V. Exª, porque V. Exª pode retomar ao convívio de seus familiares, logicamente permanecendo conosco, na continuidade de seu mandato, mas com o sentimento do dever cumprido. É bom, Sr. Presidente, podermos ter esse sentimento.
Sr. Presidente, também quero dizer que com a companhia de v. Exª e de outros nobres pares aprendo a cada dia. O Parlamentar que aqui trabalha e age conforme sua consciência, cumprindo o seu dever
com lealdade, é sempre um homem reconhecido pela Casa e, sobretudo, pela sociedade brasileira.
Tivemos, Sr. Presidente, algumas divergências políticas, é verdade; V. Exª, posicionando-se com a sua firmeza, e eu, na minha modéstia, tentando representar também um grande partido, e, mineiro que sou, sempre discutindo com V. Exª, aconselhandome e sempre dizendo: meu caro Presidente, vamos comer o angu pela beirada.
Então v. Exª certamente aprendeu alguma coisa comigo, assim como aprendi muito com v. Exª
Portanto, em nome da minha bancada, pela maneira como V. Exª conduziu esta Casa, pelo princípio de lealdade, sinceridade e correção, quero cumprimentá-lo em nome do Bloco PPB/PL, desejando que V. Exª tenha muitas felicidades na sua vida política e particular.
Meus parabéns, e que Deus acompanhe V. Exª!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, Líder Odelmo Leão, pelas suas generosas palavras
O SR. MILTON TEMER - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Ouço V. Exª com muita atenção e muito gosto.
O SR. MILTON TEMER (PT - RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Luís Eduardo Magalhães, passamos dois anos em confronto doutrinário e político-ideológico nesta Casa; defrontamo-nos diante de questões regimentais e, evidentemente, na quase totalidade das vezes, V. Exª impôs o poder da Mesa, porque esse, na realidade, é para ser exercido.
Independentemente disso, fiz questão de ocupar esta tribuna para dizer que as divergências
doutrinárias, ideológicas e políticas não me podem impedir de fazer uma declaração sobre a competência de V. Exª dentro da corrente política que representa.
Não é de hoje que digo, inclusive, publicamente, não concordar com a ideia de que o Presidente da Casa, Deputado Luís Eduardo Magalhães, foi um agente da opressão do Executivo sobre a Câmara. Longe disso!
No meu modo de ver, trata-se exatamente do contrário: o Deputado Luís Eduardo Magalhães, Presidente desta Casa, representante de setores expressivos da sociedade brasileira- principalmente dos hegemônicos sempre soube utilizar a Presidência da República para esmagar a oposição com tranquilidade, transformando o Presidente da República num instrumento do poder que S. Exª, com competência, exerce.
E eu respeito isso, porque tenho respeito pelo brilho e, fundamentalmente, pela forma como v. Exª conseguiu passar a imagem de que esta Casa era oprimida pelo Executivo. É verdade que ela é oprimida pela classe dominante, pelo Executivo, mas porque esse se submeteu à competência política de V. Exª na condição de um processo político que posicionou o PSDB na dependência do PFL.
Meus parabéns, Presidente!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) –Apesar de não concordar com V. Exª, agradeço as considerações pessoais. (Risos).
O SR. HÉLIO BICUDO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. HÉLIO BICUDO (PT -SP. Pela ordem. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, ao término do mandato de V. Exª, na Presidência da Câmara dos Deputados, não poderia me furtar de algumas considerações relativas à atuação do ilustre Parlamentar, à frente da Mesa Diretora desta Casa. Quero aqui, Sr. Presidente, deixando de lado naturais divergências ideológicas, ressaltar a importância da gestão de V. Exª, no que respeita à consolidação de uma política de direitos humanos que, então, na gestão de V. Exª, ganhou novos e significativos espaços.
Criada ao final da Presidência Inocêncio Oliveira, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados foi instalada por V. Exª, ocasião em que, em discurso que proferiu, se adiantou nas expectativas
"A história vai registrar, evidentemente de forma bastante transparente e imparcial, o período da sua gestão à frente desta Casa, nesta curva que a história faz das reformas tão necessárias para que possamos alcançar dias melhores para nosso País e, principalmente, manter a esperança de que teremos dias melhores" Arolde de Oliveira
de consolidação daquela política, quando representantes do povo eram convidados a participar da luta pela igualdade de direitos, fator importante na aquisição da cidadania. Lembro-me do compromisso assumido e depois cumprido da subcomissão de todos policiais à Justiça comum, à qual todos estamos submetidos. Na verdade, não sei se foi além na conscientização desse objetivo, diante de problemas, do conhecimento da Casa, que não permitiram, no Senado, maior abrangência na iniciativa.
Com estrutura administrativa adequada, conseguida com o apoio dessa Presidência, todas as demandas da Comissão de Direitos Humanos foram prontamente atendidas por V. Exª, marcadamente nos episódios de Corumbiara e Eldorado do Carajás.
Projetos de lei que dizem respeito à problemática dos Direitos Humanos vêm tramitando de maneira satisfatória, como é o caso daqueles que preveem a intervenção do Ministério
Público a propósito de pedidos de liminares para a desocupação das terras consideradas improdutivas e ocupadas por trabalhadores rurais; impõem o rito sumário nas desapropriações para reforma agrária; tipificam o crime de tortura. Isto sem mencionarmos o projeto que transfere a competência para o julgamento de crimes praticados por policiais militares nas atividades de policiamento, cujo alcance, embora não tenha sido obtido por inteiro, representa um passo importante na democratização das instituições policiais.
"Somos também testemunhas do empenho de V. Exª na defesa das prerrogativas da Casa, buscando esclarecer denúncias de violação do decoro parlamentar acaso praticada.
É nesse sentido que acreditamos que o Estado brasileiro vai trabalhando, na forma do Plano Nacional de Direitos Humanos, para que se constituam os Direitos Humanos em política de Estado, a fundamentar, como já salientou o Exª., Sr. Presidente da República, no histórico discurso de 7 de setembro de 1995, o Estado de Direito Democrático.
Essa meta -da plena democratização do País será, sem dúvida, atingida, desde que homens públicos, da densidade de V. Exª, se disponham a essa luta, que não é deste ou daquele Poder do Estado, mas que é a resultante do esforço comum, de todos nós, para a redenção do povo, restituindo-lhe de maneira própria a sua cidadania.
Sabemos, e o sabemos diante de fatos que mostram a disposição de V. Exª no apoio a essa luta, que, ao longo de sua brilhante carreira política, o povo brasileiro irá contar com sua decidida atuação em prol dos Direitos Humanos, como aconteceu nesses dois anos em que V. Exª presidiu esta Casa.
Faço, Sr. Presidente, estas considerações, para que todos conheçam fatos que podem ter passado despercebidos ao grande público, mas que precisam ser revelados, porque ornamentam, sem dúvida, a sua personalidade e se constituem em garantia de que V. Exª estará sempre à frente da causa do povo e da promoção de seus direitos. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Agradeço ao prezado Deputado Hélio Bicudo, Presidente da Comissão de Direitos Humanos, que com muito brilho colaborou com esta Presidência. Espero, a partir de agora, juntamente com V. Exª, no plenário, ter a oportunidade de trabalharmos pela viabilização de projetos importantes como os apresentados por V.

Exª, os quais, certamente, no início dos trabalhos da futura administração desta Casa, teremos oportunidade de debater e votar.
Muito obrigado, Deputado Hélio Bicudo!
O SR. FEU ROSA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. FEU ROSA (PSDB - ES. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Luís Eduardo, há aproximadamente doze anos, quando nos conhecemos em um palanque de Teixeira de Freitas, jamais poderia supor que, ao assumir tanto tempo depois o mandato de Deputado Federal, logo de início teria V. Exª como nosso primus Inter pares.
Gostaria de dizer ao Parlamentar que agora deixa a Presidência da Casa para assumir outras funções do orgulho que senti hoje, pela manhã, ao ler reportagem da revista Veja. A matéria faz uma análise de uma Presidência, destacando que V. Exª colocou este Parlamento em uma posição de relevo, de importância e de respeito diante da nacionalidade. Eu já havia expressado a minha admiração por V. Exª no exercício da Presidência da Câmara, quando imprimiu o ritmo das reformas, como parceiro perfeito para o nosso Presidente Fernando Henrique Cardoso.
O Brasil, com V. Exª na Presidência da Câmara, certamente saltou a outro patamar de entendimento da realidade nacional, pois V. Exª coloca a racionalidade acima de todas as retóricas possíveis e imaginárias que sempre imperaram no País.
Quero parabenizar V. Exª e agradecer-lhe por esta oportunidade de estar aqui, encerrando o meu curto depoimento com estas palavras.
O término deste mandato de V. Exª como Presidente da Câmara certamente é o início de vários outros grandes mandatos e várias outras responsabilidades que assumirá. O sucesso de V. Exª vai estar intimamente aliado ao sucesso de que o povo brasileiro precisa. Ousaria até dizer que V. Exª certamente vai ser uma grande liderança do Brasil no início do Terceiro Milênio — e o Brasil conta com isso, Deputado Luís Eduardo.
V. Exª é um deputado jovem, uma pessoa jovem, mas nem por isso me furtaria em dizer que, pela sua seriedade, sua competência, o respeito que V. Exª incute aos seus companheiros, às instituições por que passa, o toma como um verdadeiro coroado de todas as aspirações de sucesso de que o povo brasileiro precisa e que a História vai consagrar como um verdadeiro varão de Plutarco.
Parabéns a V. Exª!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Agradeço ao prezado amigo Deputado Feu Rosa.
O SR. CLÁUDIO CAJADO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. CLÁUDIO CAJADO (PFL -BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Deputados, hoje é um dia de duas grandes e fortes emoções. Se não para todos Parlamentares, pelo menos com certeza para os que integram o Partido da Frente Liberal. Primeiro, com a eleição do grande Senador Antonio Carlos Magalhães para a Presidência daquela Casa.
Nós podemos perceber que a liderança do Senador Antônio Carlos e a admiração que nós nutrimos por ele pôde ser comprovada, juntamente com seus
pares. Ganha o País que terá um grande líder, além de um competente político e homem público para ajudar o nosso País.
Segundo, porque vemos, coroado de êxito, o trabalho que V. Exª exerceu à frente da Presidência desta Casa. Deputado Luís Eduardo, V. Exª sai da Presidência, mas, tenha a certeza, ingressa na História, escrevendo uma página desse grande livro, que é a República do Brasil. Outras páginas virão, eu não tenho dúvida, porque a sua missão não cessará aqui.
Junto-me aos baianos para, com orgulho, dizer que nós o parabenizamos e continuaremos a admirá-lo.
Eu, um Deputado jovem, mas de primeiro mandato, confesso que o terei como comparativo, como um parâmetro a seguir, pela sua lealdade, pela defesa dos seus princípios e, principalmente, pela correção de homem público que V. Exª representa.
Nesta Casa, V. Exª cumpriu, do início ao fim, com o seu dever: colocou em pauta, para deliberação do Plenário, todas as matérias que já estavam aptas para serem votadas.
Nós esperamos que, a partir de amanhã, o novo Presidente a ser eleito continue o trabalho de V. Exª e possa fazer com que a credibilidade que foi resgatada, não apenas de cada Parlamentar individualmente, mas, acima de tudo, da Instituição, possa continuar como uma forma determinante de postura de trabalho.
De V. Exª, Deputado Luís Eduardo, vários e grandes méritos, eu ressalto esse: a credibilidade que a Instituição voltou a ter com v. Exª na Presidência. Isso deverá e precisa ser continuado para que a sociedade brasileira reconheça O nosso trabalho, reconheça o nosso esforço e tenha, como está tendo, o respeito e a admiração de um Parlamento brasileiro como a Câmara dos Deputados.
Era o que gostaria de dizer a V. Exª Parabéns e muito sucesso!
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço ao meu querido amigo Deputado Cláudio Cajado.
O SR. DUILIO PISANESCHI - Sr. Presidente, peço q. palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. DUILIO PISANESCHI (PTB - SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs e Srs. Deputados, é com muita satisfação que venho a esta tribuna, como Deputado de primeiro mandato, cumprimentar V. Exª e dizer da minha felicidade de ter presenciado a atuação, nos dois primeiros anos do meu mandato, de um dos mais jovens Presidentes que esta Casa teve, mas que, pela sua determinação, obteve grande volume de trabalho nas Comissões Temáticas, nas Comissões Especiais e neste Plenário, aprovando as grandes reformas de que nosso país precisava para adentrar o futuro como um país moderno. Teve V. Exª essa grande participação dando esse apoio ao nosso Presidente da República que conseguiu chegar ao índice de popularidade a que chegou, tão grande, graças ao trabalho desta Casa sob o seu comando.
Meus parabéns! Felicidades pelo seu grande brilho e pelo seu caminho político de futuro!
Um abraço.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Agradeço ao nobre Deputado Duilio Pisaneschi.
O SR. ANTONIO DOS SANTOS - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. ANTONIO DOS SANTOS (PFL - CE. Pela ordem. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, conheci V. Exª quando era Presidente da Assembleia
Legislativa da Bahia e eu Presidente da Assembleia do meu Estado do Ceará, quando comecei a admirálo e respeitá-lo, naquele tempo da nossa UPI - União Parlamentar Interestadual. Depois vim para esta Casa e tive a oportunidade de ser Vice-líder de V. Exª ia passando pelos corredores, saindo da reunião do PFL, e ouvi os depoimentos que estavam acontecendo neste plenário. Não me perdoaria, Sr. Presidente, se aqui não viesse também depor.
Vou aproveitar dois motes, um do Deputado Aécio Neves e outro do Deputado Vicente Cascione. O ambiente que sentimos, neste instante, não é de despedida, tristeza, até pelo contrário. Digo como o Deputado Vicente Cascione: é difícil, numa festa, quem sai, quem está tomando conta da cadeira, assistir e ouvir a tantos depoimentos como aos que estamos assistindo hoje.
V. Exª tem defeitos - quem não os teria? Tem virtudes, muito mais do que defeitos. Eu destacaria uma virtude de V. Exª: honra compromisso, e isso, para mim, é fundamental! Na vida política de uma pessoa. É V. Exª um homem que honra compromisso.
Sr. Presidente, não teria mais o que se acrescentar, já que tudo foi dito. Como se não bastasse, ainda sucederão outros depoimentos, outros oradores. Eu me atreveria a dizer, e me atrevo, que V. Exª, nesse instante, deve sentir um orgulho, não aquele condenado pelas bem-aventuranças. Tenho a impressão de que V. Exª, neste instante, está mais feliz do que quando assumiu, porque, naquele instante, V. Exª tinha uma plataforma a cumprir, um mandato a desempenhar e uma missão a qual teria de fazer chegar ao fim.
Hoje, V. Exª ouviu o depoimento de companheiros, de amigos, de colegas de vários partidos, de várias
idades, de vários matizes, num só caminho, o de elevar a sua personalidade. Votei em V. Exª e votarei novamente, estou orgulhoso por ter sido seu eleitor, pois V. Exª marcou uma posição muito forte nesta Casa e o seu nome deve ficar por muito tempo ligado ao seu destino.
Queira Deus, nobre Deputado e Presidente Luís Eduardo, que a sua carreira seja uma sucessão do que fez até este instante e que Deus cuide de V. Exª! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito obrigado, querido amigo Antônio dos Santos.
O SR. GERMANO RIGOTTO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. GERMANO RIGOTTO (Bloco/PMDB - RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) -Sr. Presidente, Deputado Luís Eduardo, acredito que uma sessão, num início de noite, num final de mandato, com a presença em plenário de colegas seus e colegas dos mais diferentes partidos, da oposição ou na situação, todos convergindo no posicionamento de registro nos Anais, não poderia deixar de falar, pois não tenho falado, Deputado Luís Eduardo. Tenho, inclusive, participado das articulações, ajudando, mas numa posição de resguardo e nem tanto de linha de frente, mas não poderia deixar de, neste momento, vir aqui para deixar registrada nos Anais a minha opinião que, tenho certeza, é a mesma da ampla maioria desta Casa. A Casa cresceu com V. Exª na Presidência. O Congresso Nacional, e quando digo Congresso Nacional estou falando em Congresso Nacional, não apenas na Câmara dos Deputados, porque como Líder do Governo no Congresso, sou testemunha da preocupação de V. Exª não apenas com os assuntos da Câmara, mas também com os do Senado e do Congresso Nacional.
Sei que V. Exª sempre se preocupou com que houvesse harmonia no funcionamento entre Câmara e Senado, que não existissem choques entre as duas Casas e muito menos problemas com o Judiciário e o Executivo. Não vejo em V. Exª um Presidente que em algum momento tenha-se subordinado ao desejo do Executivo. Vejo V. Exª como uma pessoa de posição, uma pessoa que acredita que este País tem de ter transformações, mudanças estruturais, mudanças estruturais que passam, obrigatoriamente, por deliberação na Câmara e no Senado.
Teve V. Exª papel fundamental para que tivéssemos avanços consideráveis nessas reformas estruturais. Não sei, Presidente Luís Eduardo, se outro no seu lugar teria tido condições de, em determinados momentos, passar por cima de posições corporativas e diferenças gritantes neste Plenário entre os partidos, entre os Parlamentares, e de fazer com que houvesse ordem e deliberação. V. Exª fez com que esta Casa deliberasse, decidisse, se posicionasse.
Sou do PMDB, mas posso dizer que me orgulho por ter tido Luís Eduardo Magalhães como Presidente da Câmara, homem jovem, determinado, corajoso, com certeza engrandecendo a Câmara dos Deputados e orgulhando o País inteiro do que estava sendo feito aqui.
Lembro outro fato aos colegas que aqui estão: não me recordo de ter assistido a uma sessão deliberativa em que, iniciada a Ordem do Dia, V. Exª não estivesse em plenário, não estivesse dirigindo a sessão. É um exemplo que deve ficar para todos os Presidentes que o sucederão, ou seja, sua presença em todos os momentos de deliberação. Não é que V. Exª não confiasse nos seus companheiros de mesa Diretora, mas mostrava que à frente dela estava um Presidente que se preocupava com as grandes e pequenas decisões e queria que esta Casa deliberasse.
Meus cumprimentos a V. Exª! Tenho certeza de que está deixando a partir de amanhã esta Presidência com a consciência do dever cumprido, de alguém que cumpriu uma missão - e que missão! A história fará justiça a tudo aquilo que o Deputado Luís Eduardo Magalhães fez como Presidente da Câmara Federal.
Meus cumprimentos e um abraço!
"De V. Exª, Deputado Luís Eduardo, vários e grandes méritos, eu ressalto esse: a credibilidade que a Instituição voltou a ter com V. Exª na Presidência" Cláudio Cajado
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Muito
obrigado, querido amigo e Líder Deputado Germano Rigotto. Sua generosidade com o Presidente realmente me comove. V. Exª é um dileto amigo e, sem dúvida alguma, um exemplo e um padrão de homem público.
O SR. HERÁCLITO FORTES - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Ouço o Deputado Heráclito Fortes, lembrando que terei de encerrar a sessão às 20h, infelizmente, senão dirão que não só não cumpri o Regimento como prorroguei a sessão apenas para receber elogios.
O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, V. Exª pode não ter errado na entrada, mas a Casa toda concordará com que V. Exª erre na saída.
Sr. Presidente, prezados colegas, a revista Veja foi muito feliz quando disse que Luís Eduardo sairá da Presidência da Câmara maior do que entrou. Acompanho, desde o início da Constituinte, a vida pública desse jovem Parlamentar. Chegou jovem e já com sucesso em sua carreira de político na Bahia. Passava pelos corredores e os que não o conheciam diziam: "Lá vai o filho de Antonio Carlos Magalhães". Passado o tempo, o processo inverteu-se. Passava Antonio Carlos Magalhães e ouvia-se: "Lá vai o pai de Luís Eduardo".
Hoje, a história fez justiça e mostra que há espaço para os dois, até porque, neste momento, são exatamente o pai e o filho que presidem a democracia do Brasil: um, presidindo a Câmara dos Deputados, terminando seu mandato, e o outro, presidindo o Senado da República, iniciando seu mandato.
Quero congratular-me com o nobre Deputado Luís
Eduardo Magalhães. Tive o privilégio de acompanhálo de perto no dia-a-dia desta Casa e, em nenhuma circunstância, vi V. Exª defender algo que não fosse do interesse público. Acompanhei - e o momento não poderia ser mais oportuno -a bravura com que defendia o Parlamento nesta Casa e através da imprensa, como também o sucesso com que defendia o Brasil nas missões no exterior.
Sr. Presidente, encerando aqui minhas palavras, como piauiense, como nordestino, só me resta dizer que V. Exª merece o que o poeta pernambucano disse para outro ilustre conterrâneo: “Tão jovem, e tão Presidente! ”
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Muito obrigado, querido amigo Deputado Heráclito Fortes.
O SR. MARCELO DÉDA - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Ex.ª a palavra.
O SR. MARCELO DÉDA (PT -SE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. ª e Srs. Deputados, não votei em V. Exª
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Infelizmente para mim.
O SR. MARCELO DÉDA - Nesses dois anos, passei por este plenário e por esta tribuna em situações de conflito político com V. Exª, de disputa política com suas ideias. Talvez eu seja um dos mais cáusticos críticos do estilo que V. Exª tem de conduzir esta Casa.
Tenho muito orgulho de ser sergipano e de ter aprendido com minha gente que a política, muito embora seja uma questão extremamente importante e prioritária, não é tudo e que as diferenças, por mais agudas e radicais como são aquelas que alimentamos, os dois, não justificam as injustiças nem
podem abençoar os silêncios injustificáveis. É por isso que vim aqui.
Quero também registrar brevemente três questões. A primeira delas: sou seu adversário político, mas testemunho que V. Exª sai dessa cadeira como um dos mais eminentes e qualificados quadros da política nacional. (Palmas.) É óbvio que trará trabalho ao meu partido e às minhas ideias, mas fico feliz que V. Exª, de uma família política, pertencente a uma força política regional que o País inteiro conhece, deixe a Presidência desta Casa para reingressar nas lides políticas como respeitado membro do Parlamento brasileiro.
V. Exª foi por dois mandatos Deputado Estadual e presidiu esta Casa. É, pois, um produto do Parlamento brasileiro. V. Exª não é uma liderança forjada nos laboratórios nos quais costumeiramente se inventam políticos no Brasil e, sim, fruto da luta política, enfrentando adversários como eu.
Em segundo lugar, recordo-me e guardo como um dos bons momentos da minha vida parlamentar determinada votação. Quando eu encaminhava favoravelmente ao projeto do Deputado Hélio Bicudo, sobre julgamento dos policiais militares pela Justiça Comum, V. Exª me fez um aceno, fui até a Mesa e ouvi seu pedido: “Deputado Marcelo Déda, registre, por favor, que o Deputado Luís Eduardo Magalhães, se tivesse direito de voto, votaria a favor do projeto do Deputado Hélio Bicudo". Voltei para a tribuna da Oposição e registrei sua posição. É um gesto que faço questão de lembrar, porque o Presidente da Câmara dos Deputados soube identificar-se num momento crucial da vida política nacional com a importância
estratégica para um Brasil moderno de uma política consequente de direitos humanos.
Finalmente, gostaria de dizer que, afora os entreveras travados, V. Exª na Mesa e eu neste plenário, encontrei um colega mais experiente e extremamente generoso em suas relações pessoais, no trato afável e na forma como discutia questões complexas e polêmicas, sempre com uma frase inteligente, com uma piada para arrefecer os ânimos e poder viabilizar aquela que é a essência do Parlamento: a conversa, a troca de ideias e a divergência democrática.
Meus cumprimentos a V. Exª Que Deus o abençoe. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Agradeço a V. Exª, prezado amigo e Deputado Marcelo Déda, as palavras.
Tenho em V. Exª um adversário, mas um adversário leal, correto e sobretudo inteligente. V. Exª deu muito trabalho ao Presidente!
(Encerra-se a sessão às 20 horas.)
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Senhores, devo encerrar a sessão, porque já a prorroguei, automaticamente, por uma hora. Preciso cumprir o Regimento.
O SR. JOSÉ LOURENÇO - Sr. Presidente, peço a palavra pela ordem. Quero encaminhar a V. Exª um requerimento.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) -Tem V. Exª a palavra.
O SR. JOSÉ LOURENÇO (Bloco/PPB - BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, queremos prestar-lhe uma homenagem como político brasileiro de dimensão nacional, e o fazemos interpretando o sentimento do povo. Não estamos
"Afora os entreveras travados, V. Exª na Mesa e eu neste plenário, encontrei um colega mais experiente e extremamente generoso em suas relações pessoais, no trato afável e na forma como discutia questões complexas e polêmicas, sempre com uma frase inteligente, com uma piada para arrefecer os ânimos e poder viabilizar aquela que é a essência do Parlamento: a conversa, a troca de ideias e a divergência democrática"
homenageando um amigo, mas exaltando as qualidades de um homem público. Estou certo de que a Nação toda o exalta neste momento.
Sr. Presidente, o requerimento não é meu. Aceite-o de todos quantos aqui estão, porque, neste momento, fazer justiça a V. Exª é fazer justiça ao que de melhor existe na vida pública de nosso País. Aceite, portanto, Sr. Presidente - e não citei seu nome - a prorrogação desta sessão, em homenagem a um homem público de nosso País.
O SR. PRESIDENTE (Luís Eduardo) - Vou aproveitar o minuto restante para agradecer aos Deputados José Lourenço, Simão Sessim, Carlos Magno, Leur Lomanto, Jairo Azi, Saulo Queiroz, Corauci Sobrinho, José Carlos Aleluia, Efraim Morais, José Rocha, Jairo Carneiro, José Carlos Vieira, Roberto Valadão, Bonifácio de Andrada, João Faustino, Ney Lopes e Paulo Lima, que normalmente me dão cobertura.
Agradecendo essas manifestações generosas, encerro nossos trabalhos.
Marcelo Déda

Luís Eduardo presidindo uma sessão da Câmara. Ao lado, Mozart Vianna de Paiva Arquivo da Câmara dos Deputados – 1996

50 ANOS DE LUÍS EDUARDO | 2005
Trechos de discursos da sessão solene em homenagem ao cinqüentenário de nascimento do Deputado Luís
Eduardo Magalhães, em 16 de março de 2005, requerida pelos deputados Rodrigo Maia e José Carlos Araújo.
Dep. SEVERINO CAVALCANTI Presidente da Câmara dos Deputados
“Meu desejo é reverenciar, com orgulho de colega e admirador, a extraordinária trilha política de Luís Eduardo Magalhães. Na condição de atual ocupante do cargo que ele tanto dignificou, quero também ressaltar seu legado como eficiente condutor, no Poder Legislativo, do processo de reforma do Estado brasileiro. Ao fazê-Io, entretanto, não tenho como evitar um sentimento de profunda tristeza por perceber, mais uma vez, o quanto sua morte foi prematura, o quanto ele ainda poderia contribuir com a Nação”.
“Chamo a atenção para o fato de que raramente, na vida brasileira, um Parlamentar reuniu tantas qualidades. Foi amigo de correligionários e adversários, tratou dos assuntos públicos com determinação e honestidade. Seus propósitos sempre foram orientados para o bem. Polemizou quando era preciso, conciliou sempre que possível e em todos os momentos foi um firme defensor do Congresso Nacional.
Por tudo isso, o Parlamento e o Brasil muito lhe devem”.
Dep. JOSÉ CARLOS ARAÚJO PFL-BA
“Estou convicto de que, com o dinamismo que impôs a sua carreira, Luís Eduardo se afirmou como uma das mais expoentes lideranças políticas do nosso Estado e do Brasil, que ele tanto queria ver grande, moderno e justo”.
“O Brasil, a exemplo de outras nações, conquistou o feito de registrar, na história dos seus pouco mais de 500 anos, importantes celebridades que marcaram o curso dos acontecimentos, pela contribuição que deram à humanidade”.
Dep. FÁBIO SOUTO (PFL-BA)
“Com o exemplo em casa, Luís Eduardo logo deixou evidente sua vocação para a atividade política. Começou aos 18 anos, como Oficial de Gabinete. Já nessa função começou a mostrar o que viriam a ser suas principais virtudes de político: ouvir todos com atenção; relacionar-se bem, mesmo com os adversários; cumprir a palavra empenhada; ser firme em suas posições, sem perder o bom humor e a presença de espírito. Essas características acompanharam Luís
Eduardo Magalhães ao longo da vida política, a par de constituírem também marcas da sua personalidade e da sua trajetória pessoal”.
“Não é difícil hoje, ao olhar o panorama que nos cerca, constatar a falta que faz ao País um político da qualidade de Luís Eduardo Magalhães, com sua lucidez e capacidade de articulação, liderança e firmeza de posições. Ele se definia como um liberal radical. Com a devida licença, vou recorrer a uma definição do ilustre ex-Senador Artur da Távola, uma das melhores cabeças deste País: “Luís Eduardo era um liberal moderno, um homem que, pela via da compreensão das regras do mercado, assumiu uma atitude social compatível com as circunstâncias brasileiras. O liberal moderno é um homem capaz de compreender na profundidade do fenômeno político, a importância das alianças como base indispensável ao avanço”.
Dep.
JOSÉ CARLOS ALELUIA (PFL-BA)
“Luís Eduardo lutou pela quebra dos empecilhos que impediam o capital estrangeiro de ajudar no desenvolvimento brasileiro. Percebeu que as telecomunicações, da forma como estavam, eram um obstáculo ao desenvolvimento nacional. E foi um baluarte para que a situação se transformasse. Percebeu que a navegação brasileira estava emperrada, que os portos brasileiros eram obstáculos para que a corrente do comércio brasileiro chegasse ao ponto que chegou, o que ainda é pouco.
Alguém poderia imaginar que o Brasil tivesse o desempenho exportador do ano passado, se
continuássemos sem investir na abertura dos nossos portos? Recordo-me muito bem de quando Luís
Eduardo me disse: “Vamos trabalhar na lei dos portos. Não abra mão dela. Estamos juntos nessa luta”. E a luta não foi fácil”.
Dep. INOCÊNCIO OLIVEIRA (PMDB-PE)
“A política constrói-se com utopias concretas e generosas. E sei que o projeto político de Luís
Eduardo incluía a utopia de um Brasil mais humano, socialmente mais justo, mais equilibrado em termos de desenvolvimento regional, que não concentrasse tanto a riqueza em determinadas regiões do País, antes a redistribuísse de acordo com as vocações econômicas das diversas sub-regiões; e a universalização da educação, uma das metas prioritárias de governo que ele haveria de introduzir na Bahia e que serviria de trampolim, sem sombra de dúvidas, para sua eleição à Presidência da República.
Ao lado da ética, o político verdadeiro não pode esquecer a utopia concreta de melhorar a humanidade, de contribuir para o bem comum, de buscar incessantemente o mito de Prometeu, de mudar e salvar a condição humana”.
“Ele compreendia que o conflito é um mecanismo inerente à democracia, faz parte do trato político, e traduz a diferenciação de grupos, das identidades, das opiniões. Sem o conflito não há processo democrático, mas é preciso saber dirimi-lo pela expressão da vontade de resolver, quando se trata do interesse nacional soberano e suprapartidário”.
“O Presidente Fernando Henrique Cardoso, do nosso partido, certamente tem muito a agradecer a Luís Eduardo por tudo o que fez não só pelo Governo, mas pelo Brasil. Quando um político é investido na magistratura máxima desta Casa, não mais pertence ao seu partido. Ele deve corresponder às expectativas de seu povo. E Luís Eduardo foi um aliado de todas as expectativas do Brasil, no sentido de que tivéssemos um Estado eficiente, que praticasse justiça social, não distribuindo tributos para a população, a fim de sustentar a sua ineficiência, mas possibilitando que se fizesse a economia necessária para proporcionar vida melhor a sua gente”.

DISCURSOS DE DEPUTADOS EM HOMENAGEM PÓSTUMA | 1998
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Esta é uma sessão solene dedicada à homenagem póstuma ao nosso querido Deputado Luís Eduardo.
Inauguro esta sessão convidando para integrarem a Mesa o Presidente do Senado e do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães, como representante da família, e o Vice-Presidente da República, Marco Maciel.
Estão presentes também, compondo a Mesa, o 1º Vice-Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Heráclito Fortes, o 1º Secretário, Deputado Ubiratan Aguiar, e o 2º Secretário, Deputado Nelson Trad.
Srs. Deputados, Srs. Senadores, familiares do Deputado Luís Eduardo e demais convidados, como acabei de registrar, esta é uma sessão requerida pela Mesa Diretora da Câmara para homenagear o Deputado Luís Eduardo. Não há um autor individualizado, como costuma acontecer em todas as sessões de homenagem. A Mesa Diretora, traduzindo o natural sentimento de toda a Casa e de toda a Nação brasileira, deliberou realizar esta sessão.
Tenho absoluta certeza de que nesta sessão, em suas manifestações, os Líderes partidários e os Deputados expressarão um sentimento pessoal. Não creio que os oradores pretendam trazer aqui simplesmente um sentimento cívico ou político. Seguramente aqui se expressará aquilo que Luís
Eduardo produzia em todos nós: um sentimento de solidariedade, de amizade, de interação pessoal; seguramente essa será a tônica das palavras daqueles que aqui se pronunciarão.
Por isso, eu, representando a Mesa Diretora desta Casa, também não poderia deixar de anotar as virtudes extraordinárias do nosso querido Deputado Luís Eduardo. A retidão de caráter, a extraordinária atividade política e a resplandecente atividade cívica eram consequência da sua conduta pessoal e da sua formação familiar. Luís Eduardo era um homem extremamente cortês, delicado, atencioso. Era respeitado pelos colegas porque, embora jovem e moderno, tinha a capacidade extraordinária de manter a palavra dada, o que revelava, a luzes claras, sua dignidade pessoal.
Tive oportunidade de conviver com o Deputado Luís Eduardo desde 1986, e, confesso, mais proximamente nesta Legislatura. Dele sempre recolhi a mesma impressão que ele deixava em todos os companheiros da Mesa e da Casa, a impressão de alguém que, com sua conduta, consegue fornecer o exemplo em vida, e agora, ausente fisicamente, permanece o exemplo que em vida forneceu.
O Deputado Luís Eduardo, cuja presença era agradável, simpática, leve, suave, nesta Casa e neste plenário, em toda ocasião, quando aqui ingressava,
dirigia a mim um aceno ou uma piscadela de olho de maneira extremamente cordial, generosa, corno se nessa piscadela ou nesse aceno ele, que presidiu esta Casa com tanta sabedoria e tanto entusiasmo, estivesse a incentivar o atual Presidente a enfrentar as naturais dificuldades consistentes da condução dos trabalhos neste plenário, onde estão presentes os Deputados, os representantes do povo, das mais variadas correntes de opinião, dos mais variados partidos políticos.
Quantas e quantas vezes, Senador Antonio Carlos Magalhães, D. Arlete, D. Michelle, seus filhos, fui orientar-me com Luís Eduardo — aliás, confesso que muitas e muitas vezes nem foi preciso buscar essa orientação. Ele percebia, experiente como era, tendo sido Presidente da Câmara dos Deputados, quais eram meus momentos de dificuldades e de angústia, e vinha à minha sala para aconselhar-me. Quantas vezes, se aqui acertei, foi graças à orientação e aos conselhos de Luís Eduardo!
Como, então, eu poderia dar início a esta sessão sem dizer que Luís Eduardo foi um exemplo? Pois ele foi, sim, um exemplo em vida, e muita falta nos fará agora, privados que estaremos de seu aconselhamento, de suas ponderações, de seu equilíbrio.
Portanto, nesta fala inaugural, antes de passar a palavra aos oradores inscritos pelos partidos políticos, quero registrar, em nome da Mesa Diretora, que todos os integrantes da Mesa eram fraternais amigos de Luís Eduardo. Sentimos profundamente sua ausência e sabemos quantos prejuízos ela causará à boa condução dos trabalhos nesta Casa.
Mas, seguramente — e estas não são apenas palavras lançadas ao acaso; são palavras nascidas
do meu sentimento mais profundo —, quando as dificuldades surgirem para o lado dos integrantes da Mesa Diretora, estarei sempre me recordando, nos momentos difíceis que se repetem nesta Casa, dos conselhos que ele nos deu e que certamente pautarão a nossa conduta no futuro.
Aos familiares, que, por sua dignidade, fizeram nascer um homem digno como foi o ex-companheiro Luís Eduardo Magalhães, os membros da Mesa Diretora apresentam seus sentimentos de afeição, suas palavras de incentivo e, em suas convicções religiosas, os cumprimentos daqueles que sabem que a morte é apenas a passagem para a vida eterna, para urna vida — quem sabe? — até mais produtiva.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concederei a palavra aos Srs. representantes partidários. Vejo que, na sua grande maioria, e talvez pela primeira vez nesta Casa, falam pelos partidos os seus Líderes. Portanto, ao se manifestarem os Srs. Líderes, solicito aos colegas Parlamentares que não façam apartes. Vamos ouvi-los, homenageando cada qual pelo partido que lidera, e teremos uma lista de inscritos para aqueles que queiram manifestar-se depois.
Devo registrar também que sabemos o quanto a família tem acompanhado as homenagens — que são inúmeras — à memória do nosso Luís Eduardo. Sabemos o quanto a família tem acompanhado com emoção esses momentos, e por isso eu considero apropriado fixarmos um prazo para esta sessão, que deverá encerrar-se às 17h30min, horário em que está marcado o descerramento de uma placa e de uma foto do nosso ex-Presidente Luís Eduardo na Galeria dos ex-Presidentes.
Quero, mais uma vez, registrar que há mais de três meses falei com o Deputado Luís Eduardo Magalhães sobre a inauguração dessa sua foto na Galeria dos ex-Presidentes, mas ele, na sua modéstia, foi deixando para depois. Não podemos deixar para mais tarde. Haveremos de inaugurá-la hoje, às 17h30min.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao nobre Deputado Inocêncio Oliveira, que falará pelo PFL.
O SR. INOCÊNClO OLIVEIRA (PFL-PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente da Câmara dos Deputados
Deputado Michel Temer; Exmo. Sr. Vice-Presidente da República Marco Maciel, que neste ato também representa o Presidente da República Fernando Henrique Cardoso; Exmo. Sr. Presidente do Senado
Federal e do Congresso Nacional Senador Antonio Carlos Magalhães, figura que honra toda a classe política; D. Arlette, mui digna genitora do nosso saudoso Luís Eduardo Magalhães; D. Michelle, sua esposa, e seus dois filhos, que estão presentes nesta homenagem póstuma ao grande amigo; prezados familiares do Deputado Luís Eduardo Magalhães; Srs. Embaixadores; Srs. Senadores; Srs. Deputados; senhoras e senhores, a Câmara dos Deputados e a política ficaram mais pobres. Não mais teremos em nossa Casa, em seus amplos espaços, a figura firme, elegante e educada do Deputado Luís Eduardo Magalhães. Não mais poderemos trocar ideias e discutir estratégias com ele, ou simplesmente ouvir suas observações, cheias de perspicácia e inteligência.
O País inteiro reconheceu a perda, mas nós, que privávamos do seu companheirismo, sentimo-la
"Tenho absoluta certeza de que nesta sessão, em suas manifestações, os Líderes partidários e os Deputados expressarão um sentimento pessoal. Não creio que os oradores pretendam trazer aqui simplesmente um sentimento cívico ou político. Seguramente aqui se expressará aquilo que Luís Eduardo produzia em todos nós: um sentimento de solidariedade, de amizade, de interação pessoal; seguramente essa será a tônica das palavras daqueles que aqui se pronunciarão."
Michel Temer
ainda mais profundamente na carne. A Câmara dos Deputados é formada por pedaços de cada um de nós. Perdemos um pedaço raro.
Recompor emoções e tocar adiante o trabalho que nos cabe por delegação popular parece-me fundamental neste momento ainda de luto. Afinal, o Deputado Luís Eduardo deixou-nos como exemplo a vocação incansável para o trabalho e o gosto pela política. Deixou-nos também a memória da sua garra na condução dos atos voltados para a causa pública. Creio firmemente que seria esta sua palavra de ordem, se as circunstâncias fossem diferentes.
O perfil de Luís Eduardo Magalhães exclui o traço, considerado brasileiro - a meu ver equivocadamente, posto que generalizado -, do deixar para depois. Ao contrário: tocava tudo o que lhe cabia de forma célere. Célere, convém frisar, para um Parlamento, pois sabemos muito bem que a negociação política em torno de uma proposta leva muito mais tempo do que simplesmente votá-la. No encalço desse exemplo, vamos trabalhar. O Brasil aguarda nossas definições.
Muito moço, Luís Eduardo Magalhães iniciou sua vida pública na Bahia, trabalhando com o Governador Antonio Carlos Magalhães, recebendo dele não só a sua experiência, mas sobretudo o exemplo de competência e honestidade. Aos 23 anos elegeu-se Deputado Estadual; no segundo mandato, presidiu a Assembleia Legislativa do seu Estado.
Desde aquela época não trocou de convicções; apenas amadureceu as ideias que fizeram dele um liberal convicto. E elaborou suas ideias, que costumam roubar as mentes jovens, e orgulhava-se delas, indiferente à pecha de direitista ou de conservador. Jamais se desviou da trilha que percorreu desde que
voltou suas atenções para o País: sempre defendeu as privatizações, o Estado necessário, a pujança da iniciativa privada; sempre se opôs ao corporativismo, à vaga fácil no serviço público, à histeria nacional. Nasceu e morreu moderno.
As convicções do liberal que hoje homenageamos foram aplaudidas e referendadas por todos os grandes liberais do nosso tempo. A marca da autenticidade tão forte em Luís Eduardo constituiu um dos vetores do seu sucesso político. Jamais tentou enganar ninguém, jamais escondeu seu ideário.
Na geografia do poder, o importante para Luís Eduardo foi quebrar resistências ao projeto de modernização econômica, social, política e cultural do Brasil, o qual o Presidente Fenando Henrique Cardoso vem conduzindo com a visão ao mesmo tempo nacional e internacional dos processos globais que ocorrem neste fim de século, mas sem perder de vista a manutenção da identidade nacional.
Outro aspecto a salientar na personalidade de Luís Eduardo foi a lealdade gestada nas ideias, estendida ao seu procedimento pessoal e político. Lembra o homem leal aos seus pais, independentemente de partidos, que honrava a sua palavra. Recordo e sublinho o trato apenas apalavrado que se tomava realidade em virtude da obstinação em não tergiversar. Resultado: foi o interlocutor confiável, o negociador ideal, o líder seriíssimo e responsável, o político cuja perda o País chorou, do Presidente da República à gente simples do povo.
Não podemos ignorar o fato de estarmos diante de uma biografia inédita, pois; além de muito jovem, jamais ocupou um cargo executivo no cenário nacional. O Brasil conhece os seus filhos. A essa faceta
contrapunha-se uma outra, amena. Difícil conversar com Luís Eduardo sem que mostrasse ele fino senso de humor, tão típico das grandes inteligências. Foi mestre em mesclar brincadeira com trabalho árduo, provavelmente no afã de atenuar o lado estressante da atividade política, em especial para os que assumem as grandes tarefas. Era o companheiro divertido e alegre que conseguia pinçar, sem esforço, o lado que nós políticos tentamos esconder na tentativa de projetar uma imagem sem muitas arestas. Percebia e brincava com os nossos escorregões, sem nenhum vestígio de ofensa.
Do ponto de vista ético, Luís Eduardo assemelhavase a um velho severo e metódico. Aliás, incorporou essa verdadeira fixação nas suas atitudes. Antes mesmo de assumir seu primeiro grande posto na Câmara dos Deputados, a Liderança do Partido da Frente Liberal, manifestava-se nessa direção. Quando presidiu a Câmara dos Deputados, fez da lisura sua acompanhante número um. E, como Líder do Governo, deixou claro que negociação destoava de barganha. Venceu e mereceu nosso respeito e o de toda a Nação.
A capacidade afetiva é geradora dos vínculos do amor e da amizade, reveladora também da possibilidade de dar, desvelando a personalidade generosa. Enfoco as noções caras à psicologia ao lembrar de Luís Eduardo e seu pai, personagens muito diferentes, estilos muito diferentes, que não se confundiam, mas tão visceralmente unidos.
A dor pela perda de Luís Eduardo Magalhães, meus senhores e minhas senhoras, foi dramaticamente ampliada pela dor do pai, Antonio Carlos Magalhães, que chorou pelo filho escancaradamente, como a
televisão mostrou, em um sentimento incontido e incontrolável. Nunca se viu na História uma figura do porte daquele pai exibir prova de amor tão densa, incontestável. O poderosíssimo Senador baiano transfigurou-se, doído de inconformismo, de saudade e de amor diante da dolorosa realidade.
Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, Srs. Embaixadores, Sr. Governador da Bahia, a quem saúdo neste instante, César Borges e sua digníssima esposa, o mais precioso dom da vida é o dom de amar; amar os seus, amar o próximo e amar a Pátria. Como políticos, nossa missão maior é amar o nosso País e o nosso povo como um exemplo ainda vivo. Vamos amar na forma de um trabalho coerente e honesto para modificar este Brasil, que precisa de gente e do exemplo de Luís Eduardo Magalhães, que precisa também de todos nós, nesta hora tão difícil.
É o que tenho a dizer. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para falar pelo Bloco Parlamentar PMDB/PRONA, concedo a palavra ao Líder Geddel Vieira Lima.
O SR. GEDDEL VIEIRA LIMA (Bloco PMDB - BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, fácil não é, sem dúvida, a um Parlamentar habituado aos meneios do improviso, deixar-se envolver pela rígida couraça dos pronunciamentos escritos. Difícil, bastante difícil, bem sei, é proferir, como exigem os companheiros, uma fala imortal, digna da imortalidade desta sessão.
Embora talvez contrariando velha praxe parlamentar, mas obediente ao código de ética política, e sobretudo considerando o momento que
"Na geografia do poder, o importante para Luís
Eduardo foi quebrar resistências ao projeto de modernização econômica, social, política e cultural do Brasil, o qual o Presidente Fenando Henrique Cardoso vem conduzindo com a visão ao mesmo tempo nacional e internacional dos processos globais que ocorrem neste fim de século, mas sem perder de vista a manutenção da identidade nacional."
vivemos, vejo-me compelido a abandonar o improviso para pronunciar uma oração que melhor traduza toda a gama de sentimentos que nos inspira.
Busquei forma, garimpei palavras, pesquisei maneiras. Constatei-me impotente para pronunciar um discurso. Resolvi expor-me, mostrar a cada companheiro o meu sentimento. Pedindo perdão por revelar sem prévia licença a minha intimidade, leio desta tribuna sagrada carta que escrevi a Luís Eduardo, quando, entre incrédulo e desesperado, deime conta da realidade de sua perda. Ei-la:
Caro Luís, em meio a tantas confidências que partilhamos, sou surpreendido, ironicamente, no Dia da Inconfidência, por uma brutal e pungente inconfidência tua: partir sem o meu mais verdadeiro abraço, sem me permitir exteriorizar incisivamente a mais pura das amizades por mim cultivada. Temia, por ser político, pelo histórico da relação dos nossos pais, assim como pela destacada posição por ti ocupada nos cenários estadual e nacional, que minhas palavras de amizade desmedida fossem pelos outros assimiladas como interesseiras e oportunistas. Hoje, estou a sofrer por essa minha omissão e ignorância. Por isso, senti necessidade de, agora com liberdade, "liberdade ainda que tardia", te dizer da tua importância para mim, e, certamente, para todos.
Inocêncio Oliveira
Pensando melhor, durante a noite que perdi com a tua perda, encontrei uma forte razão para justificar tua inconfidência: querias poupar o teu mais novo velho amigo de sentir a lancinante dor de vê-lo num esquife, lívido e de olhos cerrados, tão distante daquela alegria de viver. Sabias que não iria suportar esse quadro. Obrigado, amigo! Já me custou infinita dor, a mim, a Michel, a Déda, a Wemer,
a Henriquinho e a João Henrique saber, de meia em meia hora, notícias tuas, pelo celular de Afrisinho, que passou aquela triste madrugada na companhia do teu corpo. Queríamos saber de tudo, se o teu semblante estava tranquilo, se tua roupa estava impecável, do teu gosto. E a cada resposta, as lágrimas rolavam impiedosas nos nossos rostos. Julgávamo-nos destemidos e intrépidos. Contudo, naquela noite, sentimo-nos como crianças pedindo colo; tivemos nossa pequenez desnudada.
Lá se vai, Luís, uma semana da tua viagem sem volta. A saudade continua implacável, rasgando e corroendo os nossos corações; a ferida aberta sangra e dói. Como analgésico, recorro às agradáveis lembranças da nossa convivência. Desfrutava da tua companhia de maneira intensa, com a leve impressão de estar recuperando um tempo perdido. Tempo em que herdamos e cultivamos desentendimentos paternos sem saber por quê. Parece até que, inconscientemente, pressentíamos a exiguidade da nossa convivência.
Ah, quanta saudade sentirei das nossas terças e quartas à noite no Piantella, da nossa mesa, nosso grupo de amigos! Dividíamos nossas preocupações com a saúde de nossos pais; alertavas-me sempre da necessidade de ir a São Paulo para realizar checkups nos nossos queridos velhos. Eras não só um amigo generoso e sem igual, mas também um filho dedicado e diligente, que despertaria inveja no mais realizado dos pais. Por isso, entendo muito bem as intermináveis lágrimas do senador Antonio Carlos, e o sofrimento incontido de D. Arlette. É razão de muito orgulho gozar do privilégio de ter no seio da família um ente com teu perfil.
Definitivamente, foste um fidalgo. Conciliador, homem de palavra. Enérgico e atuante, meigo e cortês, de qualidades abundantes e aparentemente impossíveis de serem encontradas em uma mesma pessoa. Dotado de um forte senso de justiça, contrariando quem preciso fosse para persegui-Ia. Acima de tudo, um amigo primoroso, incomparável. Devo confessar que via em ti a figura do meu irmão mais velho, que Deus não me permitiu ter, sendo eu o primogênito; mas deu-me um outro talvez melhor, por ter sido por mim eleito. Algumas vezes divergíamos, até brigávamos, mas sempre nos reconciliávamos, como os irmãos, que não escondem o que sentem, que dizem o que pensam, quer agradem, quer desagradem.
Amigo, tua habilidade na negociação política lembrava o beija-flor que consegue o néctar de que precisa sem machucar a flor, sem tirar a sua cor, sem furtar o seu perfume. Eu e tantos dos nossos acreditávamos nos teus ideais, no teu senso de justiça e na tua generosidade. Tínhamos fé em ti. E o motivo que fazia da sinfonia da nossa fé uma unidade de esperança era o amor. O amor pela nossa causa comum. O amor dedicado pela nossa geração ao povo brasileiro, o amor à nossa Bahia. E se para amar nascemos, para ser amado vivemos. E quanto eras amado, amigo!
Irmã Verônica disse certa vez que "a morte é o único meio que o espírito possui para realizar a perfeição da presença, pela perfeição da ausência". E a missionária tinha razão, pois somente após a tua morte material, até nós, os teus mais íntimos amigos, tivemos condições de avaliar as dimensões da tua grandeza e universalidade. Tinhas nas tuas investidas o espírito conquistador de Alexandre, o Grande. No
exercício do diálogo franco e leal, exibias uma doçura só encontrada nos versos lendários de Píndaro. Desde a tua infância, detiveste um grande poder; ao invés de arrogância, exibias a humildade pregada por Cristo.
Por fim, amigo, nas horas difíceis, nos momentos de decisão, possuías a firmeza e o descortino de Antonio Carlos, teu tão querido pai.
Teu espírito conciliador e de conquistas eram tamanhos que há alguns anos não se poderia imaginar Luís Eduardo Magalhães e Geddel Vieira Lima juntos e amigos inseparáveis. Entretanto, teu encanto pessoal, fidelidade e poder de persuasão tornaram essa união uma realidade. Realidade das mais verdadeiras, sem incorrer em pleonasmo. Toda a minha família chorou e sofreu com a tua morte como um ente extremamente querido. Conseguiste converter desafetos de ontem em amigos de fé de hoje. Não tinhas a dimensão da tua grandeza: eras um mago.
Apesar de político, confesso que não consegui entender a política do Criador, ao tirar a tua vida. Forjei duas razões: ou Ele precisou de alguém para arrumar as coisas por lá, ou o Pai Eterno, assim como nós, é egoísta, e quer junto Dele os puros de alma.
Ao Criador, devo no entanto dizer, lembrando Santo Agostinho: “Vós no-lo haveis emprestado para construir nossa felicidade... nós no-lo restituímos sem recriminações, mas com o coração despedaçado de dor".
Luís, teu pai, o Senador Antonio Carlos, tem chorado e sofrido. Permita-me dizer-lhe que a tua vida foi um canto triunfal a cada instante. Foi mesmo a obra-prima da sua criação, fecundada na docilidade de D. Arlette, com a têmpera do seu espírito público indomável e destemido.
Por fim, quero fazer-te uma jura. Juro, pelo que há de mais sagrado, que eu e todos os amigos que nos fins de tarde se recolhiam na tua sala para discutir o Brasil, e que em tomo de ti encontraram alegria e compartilharam sonhos, se manterão unidos na preservação da Casa que amaste, fazendo com que este Plenário nunca abrigue a mudez de um templo solitário ou o silêncio noturno de uma casa abandonada.
Luís, da minha cabeça não sai o teu sorriso alegre, teu bom humor permanente e as lições que me legaste. Na nossa última conversa, antes de viajar para a Alemanha, voltamos a pensar e sonhar com uma Bahia ainda melhor. Nosso genial conterrâneo, o também eterno Raul Seixas, afirmou em seu "Prelúdio" que "sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade". Busco e encontrarei parceiros para os sonhos que sonhamos e transformaremos em realidade o sonho de uma Bahia moderna e cada vez mãe mais generosa para seus filhos.
Por enquanto, resta-me a dor, a melancolia, a saudade e o sonho que sonhamos juntos. É incomensurável a tristeza em tomar consciência de que não o terei mais na vizinhança do 401 para planejarmos o dia de labor que se anunciava. Procuro resignar-me com uma distância diversa para a nossa amizade, uma distância que aproxima, assim como o vento para o Fogo: apaga os mais fracos, acende os mais fortes.
Ide, Luís.
Ide para a Eternidade que só os heróis alcançam.
No brejo da vida, foste o Lírio.
Adeus, meu amigo, nosso amigo, Luís Eduardo Magalhães.(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para
falar em nome do PSDB, convido o Líder do partido, Deputado Aécio Neves.
O SR. AÉCIO NEVES (PSDB
- MG. Sem revisão do orador.) - Exmo. Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, Exmo. Sr. VicePresidente da República, Dr. Marco Maciel, Exmo. Sr. Presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães, senhores membros da Mesa do Congresso Nacional, senhoras e senhores familiares daquele saudoso companheiro que hoje homenageamos, Srªs. e Srs. Parlamentares, senhoras e senhores convidados desta cerimônia, certamente falo hoje ainda sob o impacto, que se abateu sobre cada um de nós, de duas inestimáveis perdas para o País num espaço de tempo extremamente curto: a do Ministro Sérgio Motta e a do companheiro, amigo, líder e Deputado
Luís Eduardo.
Sr. Presidente, havia preparado um pronunciamento protocolar sobre o Deputado Luís Eduardo, que certamente resumiria o agudo sentimento de perda que tomou conta de cada Parlamentar, particularmente daqueles em nome de quem tenho a responsabilidade de falar: os companheiros do PSDB. Mas peço licença a V. Exª. para, quebrando um pouco o formalismo, deixar de lado o referido pronunciamento e permitir que fale o meu coração. E fala um coração cheio de saudade, o coração de quem, ao longo dos últimos doze anos, aprendeu a compreender com extrema clareza a dimensão desta Casa, em grande parte pela figura cuja memória hoje homenageamos.
Talvez três características pudessem resumir, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Parlamentares, a personalidade de Luís Eduardo. A primeira era a serenidade ao tratar dos mais complexos problemas dentro e fora deste plenário, sempre buscando a solução que melhor atendesse aos interesses do País.
Aliava-se à serenidade outra importante característica que todos conhecemos e admiramos: a firmeza, que em nenhum momento se confundia com qualquer tipo de arrogância; firmeza na defesa de seus pontos de vista, sem jamais perder o que talvez também tenha sido uma de suas mais marcantes virtudes: a maneira afável e cordial com que tratava seus companheiros de projeto político e, particularmente, aqueles que dele divergiam. Jamais faltou firmeza ao Deputado Luís Eduardo.
Por último, ressalto a terceira característica: sua lealdade, que certamente permanecerá indelével na memória desta Casa. Quem com ele participou de intensas negociações, ou mesmo quem com ele teve pouco contato pessoal, soube compreender que a sua palavra empenhada tinha a garantia de ser cumprida. Lealdade em todos os instantes foi marca definitiva de sua personalidade.
Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, o País avançou muito nos últimos anos. Inúmeros avanços, seja no novo modelo de Estado que estamos tentando construir, seja na nova relação ética que também estamos buscando introduzir na vida pública brasileira, certamente se devem à personalidade, à firmeza e à dedicação do Deputado Luís Eduardo a esta Casa.
Lembro-me de que meu avô, o ex-Presidente Tancredo Neves, também membro por muitos anos
desta Casa, dizia que para que alguém seja na sua plenitude feliz tinha de fazer o que gostava. E Luís gostava do que fazia.
Esta era a sua Casa, esta era a sua vida. Aqui ele se revigorava, aqui ele buscava inspiração para viver sua vida pessoal, e para cá, certamente, também trazia inspirações. Portanto, o homem público Luís Eduardo todos conhecemos. Os Líderes Inocêncio Oliveira e Geddel Vieira Lima, que com ele tiveram longo convívio durante toda a sua vida, historiaram um pouco da sua curta, mas certamente vitoriosa trajetória política.
Quero ater-me, Sr. Presidente, a outra dimensão de Luís Eduardo, a que, confesso, intimamente mais me cativava: sua dimensão humana. Luís era companheiro, nunca distinguia aqueles que eram do seu partido dos que o deixavam de ser. Ele sabia até onde deveria ir na defesa das suas convicções e na construção do projeto, já em curso, de um Brasil novo. Também sabia que a relação pessoal que conseguia manter com cada um dos companheiros desta Casa era o mais efetivo instrumento para viabilizar esse projeto, pelo qual lutou até o momento em que nos deixou.
Sr. Presidente, meus caros companheiros da Câmara dos Deputados, a lacuna que fica é irreparável. Creio que a homenagem maior que podemos prestar a esse amigo que nos deixa, além de estarmos aqui lembrando os seus exemplos, as suas ações, os seus êxitos, é prosseguir no seu caminho, é continuar acreditando que é possível transformar este País dentro de conceitos novos de reformulação do Estado, sem perder de vista aquilo que ele não permitia que nenhum de nós perdêssemos: os princípios éticos inabaláveis com os quais ele conduzia a sua ação política.
Pois bem, Sr. Presidente, Srªs e Srs. Parlamentares, minha palavra final é a de alguém da geração de Luís Eduardo. Tenho absoluta convicção de que durante muitos e muitos anos os novos Parlamentares que chegarem a esta Casa, que não tiveram como nós o privilégio de com ele conviver, saberão da sua história, nela se inspirarão e honrarão sua vida.
Sr. Presidente, falo com a emoção de quem perde um amigo, de quem perde um exemplo, mas de quem não perde o rumo. Precisamos ainda continuar avançando em homenagem a ele e a cada um daqueles que lhe deram apoio, sustentação e força para conduzir a sua liderança, que independia de cargo, ou seja, de estar assentado na cadeira hoje ocupada por Michel Temer e que já foi ocupada por Inocêncio Oliveira, ou mesmo na Liderança do Governo. A liderança que Luís Eduardo exercia era natural, vinha da força das suas convicções e da capacidade inigualável de articular, de conviver bem e de somar as adversidades em busca de um País melhor.
Portanto, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Parlamentares, deixo registrada esta singela homenagem do PSDB em respeito à memória do homem público que será exemplo para minha geração, para gerações futuras e sobretudo para esta Casa. Ele sabia, como sabemos - e devemos reiteradamente dizer - que esta Casa é o mais sagrado altar da democracia. Valorizá-la e valorizar aqueles que lutaram por ela é valorizar a própria democracia.
Homenagear hoje a memória de Luís Eduardo é, por um lado, obrigação de cada um de nós que com ele conviveu e, por outro, dever de quem continua acreditando que com democracia é possível transformar um país, é possível fazer com que o
Brasil seja a Nação com que sonhou Luís Eduardo e cada um de nós.
Relembro-me das cenas, que jamais se apagarão da minha memória, a que assisti há sete dias na Bahia. A Bahia ficou pequena para receber tanto sentimento, tanta devoção e tanto respeito do País inteiro. Eu estava lá e vi corno se forja um homem público.
Senador Antonio Carlos Magalhães, V. Exª. certamente foi o maior exemplo que Luís Eduardo teve durante toda a vida. Que esse exemplo continue sendo seguido por nós.
Orgulho-me, e muito, de poder dizer que fui, e continuarei sendo, amigo de um dos mais excepcionais Parlamentares que já pisaram o sagrado chão da democracia brasileira, a Câmara dos Deputados.
Saudades, Luís Eduardo Magalhães.(Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer)Representando o PPB, concedo a palavra ao líder Odelmo Leão.
O SR. ODELMO LEÃO (PPB - MG. Sem revisão do orador.) - Exmo. Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer, Exmo. Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães, Exmo. Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel, dignas Srªs. Arlette Maron de Magalhães e Michelle Marie Pimentel Magalhães, estimados Paula, Carolina, Luís Eduardo Júnior, Antonio Carlos Magalhães Júnior e Teresa Helena Mata Pires, Srªs. e Srs. Deputados e Senadores, Srs. Ministros de Estado e de Tribunais, Srs. Governadores, Srs. Embaixadores, senhores membros dos corpos diplomáticos sediados em Brasília, autoridades
civis, militares e eclesiásticas, senhoras e senhores funcionários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, senhoras e senhores convidados, o mês de abril, importante para a Nação brasileira, acrescenta mais um marcante fato aos seus registros históricos.
Neste mês, além de nos lembrarmos da descoberta do Brasil, da grandeza de Tiradentes, do grito de liberdade da Inconfidência Mineira, da inauguração de Brasília pelo iluminado Presidente Juscelino Kubitschek, marco fecundo da interiorização do nosso desenvolvimento econômico e social, bem como do inesquecível arquiteto da democracia, Presidente Tancredo Neves, passaremos, doravante, a homenagear o mais promissor líder político brasileiro no Iimiar do século XXI, Deputado Luís Eduardo MagaIhães. E este marco histórico originou-se mais uma vez na abençoada Bahia, berço do Deputado.
Dessa forma é como penso que nós deveríamos lembrar do Deputado Luís Eduardo Magalhães: como um grande líder que, por seus reconhecidos méritos, suas atitudes, comportamento e conduta social, assim como por sua coerência no exercício da política, sua arte e ciência, mereceu a confiança e o respeito até mesmo de seus adversários partidários.
O Deputado Luís Eduardo Magalhães, pela experiência e valor da escola política de seu pai, pelas virtudes da sua educação e do carinho compartilhado em família, observados em inúmeras oportunidades, tinha tudo para herdar o formidável lastro político de seu genitor e alcançar absoluto sucesso como uma nova e natural liderança política no País. Isto, porém, era simples e limitado para o seu brilho e competência. Assim, o Deputado Luís Eduardo Magalhães, depois de graduar-se em Direito em sua terra, iniciou longo
processo de desenvolvimento e aperfeiçoamento de suas qualidades pessoais e profissionais e de sua vocação política inata, ocupando funções públicas e cargos eletivos que lhe proporcionaram o exercício diário do diálogo, da tolerância política, da celeridade na tomada de decisões, na convivência com as incertezas e contradições da política, da firmeza de posições naquilo em que acreditava, do saber perder, do saber ganhar e, principalmente, do saber ouvir.
Não é de surpreender que tenha ocupado com alto desempenho os cargos de Oficial de Gabinete do Governo da Bahia, de Deputado Estadual, de Presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, de Deputado Federal, de Líder da Bancada do PFL na Câmara dos Deputados, de Presidente da Câmara dos Deputados e de Líder do Governo na Câmara dos Deputados; tudo isso com apenas 43 anos.
Por não dispor de mais tempo, gostaria de relembrar apenas duas outras de suas inúmeras virtudes: a de ser verdadeiro amigo dos seus amigos e a de ser leal e respeitoso na interlocução com seus adversários, aos quais dedicava igual atenção. Jamais abdicando de um compromisso assumido ou de uma palavra empenhada, fossem quais fossem as consequências do acordo pactuado, o Deputado Luís Eduardo Magalhães aproximava-se velozmente daquele conjunto de atributos de caráter, personalidade e conduta que distinguem o estadista. Brevemente chegaria lá, talvez muito antes de que seus amigos disso dessem conta.
Portanto, nós, do Partido Progressista Brasileiro, agremiação partidária do Deputado Luís Eduardo Magalhães, mantínhamos uma relação de proveitosos entendimentos e realizações e dedicávamos-lhe
profunda admiração e enorme apreço. Juntamente com ele fomos derrotados na elaboração de alguns dispositivos da Constituição de 1988 e vitoriosos em diversos avanços estruturais de interesse do País, votados todos pela Liderança, como Presidente da Câmara dos Deputados e como Líder do Governo, nos últimos três anos e dois meses.
Dentre eles, podemos relacionar a queda do monopólio do petróleo, a redefinição e a ampliação do conceito de empresa nacional, a desregulamentação das telecomunicações, a exploração do gás natural, a modernização dos portos e da navegação de cabotagem, a reforma da Previdência Social, em fase final de votação na Câmara, a reforma administrativa, em etapa final de promulgação pelo Congresso Nacional, a importante Lei Geral das Telecomunicações Brasileiras, o novo Código de Trânsito Brasileiro e as leis de criação das agências regulamentadoras e fiscalizadoras das concessões e permissões de exploração do serviço de energia elétrica e telecomunicações, bem assim os projetos de simplificação dos tributos e contribuições sociais, dentre os quais se destaca a aprovação da medida provisória, transformada em lei, que criou o SIMPLES - Sistema Simplificado de Pagamento de Imposto e Contribuições para as Micro e Pequenas Empresas -, e a Lei de Patentes.
Por essas razões, nós, do PPB, seus amigos, teremos sempre o Deputado Luís Eduardo Magalhães como exemplo e referência de conduta parlamentar. Sua lembrança nos será sempre grata, e seu talento e desempenho serão permanentemente evocados nesta Casa política.
Da minha parte, como Líder da bancada do PPB na Câmara dos Deputados, guardarei saudosas recordações das nossas alianças e do respeito e amizade que nos uniam, bem assim a certeza de jamais ter comunicado suas funções de Presidente da Câmara dos Deputados ou de Líder do Governo com qualquer posição política de votação que não representasse a vontade da maioria de nossa bancada parlamentar.
Poderia relatar inúmeras passagens de nossa convivência e relacionamento parlamentar e pessoal, todas vividas intensamente; porém, prefiro guardá-las em minhas recordações.
Finalmente desejo recordar, Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Parlamentares, dignos familiares e amigos do nosso Deputado Luís Eduardo Magalhães, que pouquíssimos brasileiros na história do nosso País puderam apresentar, aos 43 anos, o registro de uma performance pública tão intensa e tão vitoriosa.
Portanto, com enorme carinho e certeza, ressalto que nossos filhos, netos e bisnetos terão relatos de sua brilhante trajetória nos livros da história do nosso País.
Para encerrar, quero dizer com toda minha emoção que, da mesma forma como o convocou, Deus nos saberá confortar e encaminhar nos rumos esperados pelo Brasil e que eram o grande ideal de Luís Eduardo.
Era o que tinha a dizer. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra, para falar pelo Partido dos Trabalhadores, ao nobre Deputado José Genoíno.
O SR. JOSÉ GENOÍNO (PT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer; Sr. Presidente do Senado
Federal e do Congresso Nacional, senador Antonio Carlos Magalhães; Dr. Marco Maciel, Vice-Presidente da República; demais integrantes da Mesa; familiares de Luís Eduardo Magalhães; Srªs. e Srs. Deputados, Srªs. e Srs. Senadores; demais autoridades presentes e amigos de Luís Eduardo Magalhães, em primeiro lugar, quero transmitir a mensagem do Líder da minha bancada, Deputado Marcelo Déda. Impossibilitado de aqui estar, porque convocado para reunião de emergência com o Presidente do partido neste exato momento, faz S. E. questão de marcar sua presença. Por isso neste instante, por delegação do meu Líder, estou falando também em seu nome.
Em segundo lugar, registro a mensagem do Deputado Hélio Bicudo, que tinha grande amizade e apreço pelo Deputado Luís Eduardo Magalhães, com o seguinte teor:
Na impossibilidade de participar pessoalmente das solenidades em homenagem à memória do eminente Deputado Luís Eduardo Magalhães, solicito ao ilustre Líder do PT que transmita à Casa as condolências do amigo que fui, expressando os meus sentimentos de frustração pela perda de um político jovem e que se constituía na esperança, pelo vigor de sua atuação, de encontrarmos espaços maiores para a implantação da democracia brasileira dentro de um novo conceito de solidariedade partidária.
Deputado Hélio Bicudo.
Estive pensando em como falar nesta tarde naturalmente, como aprendi com Luís Eduardo. Era daquele microfone, por meio de questões de ordem, quase sempre em posições políticas diferentes das suas que eu o enfrentava. Nunca esqueço a frase, para mim
fundamental, dita pelo Deputado Ulysses Guimarães em um momento em que eu disputava com o Deputado Luís Eduardo: “A amizade não pode impedir a disputa, e a disputa não pode interferir na amizade".
O Deputado Luís Eduardo foi para nós, na condição de adversário político, exemplo de competência, transparência e seriedade no enfrentamento, na negociação e, principalmente, na relação autônoma entre a condição humana e a política. Talvez seja essa a dimensão universal da política: para qualquer matiz deve prevalecer a autonomia dos indivíduos em relação às opções programáticas. O Deputado Luís Eduardo deixou essa marca profunda no Parlamento brasileiro. Por isso não misturava a mesa do Piantella com as questões de ordem nesta tribuna. Por isso não misturava os apartes duros, os discursos de disputa, com a alegria das piadas, da conversa.
A política na vida do Deputado Luís Eduardo era aquilo a que Hannah Arendt várias vezes referiu, ou seja: a expressão da liberdade humana, em que a felicidade do ser humano se manifesta na ação política enquanto autonomia do sujeito, em não fazer da política uma espécie de maniqueísmo ideológico ou programático, que transforme as pessoas em inimigos, no máximo em adversários políticos.
Convivi com o Deputado Luís Eduardo por três Legislaturas. A exemplo do que ocorreu quando da morte do Deputado Ulysses Guimarães, estive imaginando como será quando tivermos uma votação pesada ou uma crise nesta instituição. Refletia sobre a falta que nos fará o Deputado Luís Eduardo neste plenário, no corredor das Comissões e nas salas de reuniões dos Líderes. Por quê? Porque o Deputado Luís Eduardo nos ensinou que gostava do
Parlamento, gostava desta Casa. Sentia-se feliz nesta Casa. Por isso que era comum estar aqui, porque aqui vivia intensamente.
Em dois momentos, conversando com ele, senti forte emoção ao perceber sua tristeza com fatos que mexiam com a integridade desta instituição. Dizia que o que mais lhe doía era saber de certos feitos. Em um desses momentos estávamos no Piantella comemorando seu aniversário. No outro, nesta Casa. Dizia ele que sentia muito. E sentia por quê? Porque o Parlamento, com suas virtudes e seus defeitos, na polêmica, na negociação, no agir político, se realizava na condição de sujeito político em um clima de liberdade. Por isso a disputa e a negociação eram atraentes. Por isso não existiam só negociação e a disputa. Era o sentido da política que combinava a um só tempo disputa e negociação. E, líder político, ele estabelecia na disputa e na negociação sempre a busca de mediações políticas.
Muitas vezes nós, da bancada do Partido dos Trabalhadores, o enfrentávamos duramente. Isso, porém, nunca impediu que nos olhássemos no olho, que nos abraçássemos com verdadeira emoção, porque algo superior pode unir os homens no sentido político: a liberdade do fazer, do construir, do agir. Aprendendo isso, aprendemos a negociar, disputar, perder e ganhar com lealdade e transparência.
Para Luís Eduardo - e essa marca temos de fincar no Parlamento brasileiro -, a política tinha e tem uma categoria valorativa no sentido de que ela é encanto, é paixão, é surpresa, é acaso, é criação. A política não é aquela coisa fria da determinação inevitável dos interesses das relações meramente econômicas.


"Nunca esqueço a frase, para mim fundamental, dita pelo Deputado Ulysses Guimarães em um momento em que eu disputava com o Deputado Luís Eduardo:
“A amizade não pode impedir a disputa, e a disputa não pode interferir na amizade"
José Genoíno"Luís Eduardo encantava quem fazia política. Luís Eduardo encantava quem convivia com ele na política, exatamente porque a política não era para aquele jovem líder algo pesado, feio, uma obrigação, mas intrinsecamente a condição libertadora do sujeito político, que é a condição suprema."
A política não é a determinação apenas de lados. A política tem de tudo, até a surpresa.
Na última vez que conversamos, durante uma decisão dramática desta Casa, ele estava emocionado. Ofereceu-me o cigarro que muitas vezes fumamos juntos, Charm. Comentei que não fumava há alguns meses, e ele disse que sua mulher solicitava-lhe sempre que deixasse de fumar. Ele estava emocionado ao afirmar que esta é uma Casa de surpresas e, por isso, gostava dela. A surpresa é o acaso. O ser humano gosta do acaso e da surpresa. Quem vive intensamente gosta disso.
Quem faz política no sentido da poesia, da paixão, do encantamento, tem na surpresa e no acaso algo que não amedronta, não apavora, porque enriquece a dimensão humana do fazer política. Essa é uma marca importante que deixou nos que conviveram com a figura forte, marcante, de líder, na dura disputa política, mas extremamente leve e amiga na relação pessoal.
José Genoíno
Isso é muito importante, porque estamos vivendo, em todo o mundo, momento de duras disputas políticas, muitas vezes de sectarismo político, muitas vezes de paixões políticas duras.
Ao longo do nosso convívio, desde que aqui chegamos, na Assembleia Nacional Constituinte, ele vindo da Bahia, várias vezes fui questionado por dizer publicamente da amizade e do respeito que tinha por Luís Eduardo. Vi, naquele político jovem, a dimensão intuitiva do valor do fazer política. E isso é muito importante para nós, porque esta Casa vive a um só tempo o dilema da disputa e o da negociação, o dilema das relações humanas e das relações políticas, o dilema muitas vezes do pessimismo e o do encantamento político.
Luís Eduardo encantava quem fazia política. Luís
Eduardo encantava quem convivia com ele na política, exatamente porque a política não era para aquele jovem líder algo pesado, feio, uma obrigação, mas intrinsecamente a condição libertadora do sujeito político, que é a condição suprema.
Segundo Hannah Arendt, o que dá imortalidade aos humanos não é apenas a procriação. O feito, o discurso, o fato político imortaliza aqueles que fazem a história.
O Deputado Luís Eduardo fez a história de forma específica com a marca da sua personalidade política. A personalidade de qualquer líder político da força de Luís Eduardo - como diz Hannah Arendt – é insubstituível, porque é uma marca, um espaço.
Senador Antonio Carlos Magalhães, quero publicamente dizer a V. Exª. que senti muito o desaparecimento do nobre Deputado Luís Eduardo. Disse para alguns amigos que imaginava como V. Ex., um Senador tão forte, estava se sentindo diante da perda do filho.
Vossa Excelência, nobre Senador, que vê a política com a sensibilidade do Deputado Luís Eduardo, sempre teve a grandeza do sentimento humano na relação com ele e grandeza política neste momento trágico. E é exatamente nesses momentos que vamos eternizando tais valores.
Era amigo do Deputado Luís Eduardo. Na condição de seu adversário político, guardo referências, lembranças e marcas. Tenho orgulho de dizer que gosto do Parlamento. Tenho prazer em ser Deputado. Aprendi muito com Luís Eduardo. Essa
era a sua síntese. Não apenas uma síntese teórica ou acadêmica, a síntese do tratado, mas a de uma vida intensamente vivida nos corredores, nas Comissões e neste plenário.
O Deputado Luís Eduardo conhecia a psicologia, os segredos e as entranhas do Parlamento. A política corria nas suas veias. E quando a política corre em nossas veias, podemos dizer, com toda energia e força: Luís Eduardo, você está presente! (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para falar pelo PDT, concedo a palavra ao Líder Miro Teixeira.
O SR. MIRO TEIXEIRA (PDT - RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srªs. e Srs. Deputados, vivemos neste plenário momentos indescritíveis, de grande emoção, euforia e tristeza, sempre no calor do debate, das vitórias e das derrotas. Sempre desejamos ocupar a tribuna, e dela sempre lutamos pelo direito de falar por mais um minuto. Entretanto, este é o discurso que jamais imaginei fazer.
Nós todos temos as mesmas preocupações e compromissos públicos. Pretendemos sempre e permanentemente defender os interesses do Brasil e do povo brasileiro. Cada qual segundo o seu próprio matiz ideológico, as suas próprias convicções e pensamentos. Não raras foram as vezes em que nós, do PDT, estivemos em campo oposto ao do pensamento representado por Luís Eduardo. Não raras foram as vezes em que, depois dos debates parlamentares, debates acalorados se seguiam em outros ambientes sobre matéria aqui tratada. Cada qual tentando convencer o outro de que sua posição era a certa. E aí está o apreço pelo contraditório que
só é perceptível em sentimentos democráticos.
Luís Eduardo era este político definido, nítido, aparente, transparente, que sabia exatamente o que pensava e dizia. Todos aqueles que ouviam suas palavras sabiam que eram sinceras e que aquela era a sua posição.
De repente, a mais cruel de todas as dores que pode se abater especialmente sobre uma família abateu-se com igual intensidade sobre todos nós. Não estávamos apenas diante do mistério da morte, mas também do inacreditável, de algo que não se podia compreender. Que Deus me perdoe, mas estávamos diante do injusto.
Fui a Salvador. Lá presenciei a dor de D. Arlette e, logo em seguida, vi descer do avião, acompanhando o corpo do filho, o Senador Antonio Carlos Magalhães. Nada havia a dizer em um momento desses, exceto comunicar pelo abraço sentido aquilo que se passava conosco - no meu caso, amigo pessoal de Luís Eduardo. Imaginar que tamanha injustiça se esgote por si mesma seria incorrer no terreno da blasfêmia. Luís Eduardo deixa uma cultura de atuação parlamentar, um procedimento de convívio solidário entre os seus companheiros e seus filhos. Vi naquele menino chorando ao lado das irmãs e da mãe o Luís Eduardo mais novo. Aí começamos a entender que essa dor, que jamais desaparecerá, deixará lições profundas em cada um de nós.
Espero que um dia, por um de seus filhos - quem sabe pelo Júnior, tão parecido com ele - já de longe desta Casa possamos olhar para cá e ver de novo a figura do nosso Luís Eduardo.
Este é um momento em que cessam os desentendimentos, é um momento em que afloram
as emoções, e que bom que as emoções persistam entre nós!
Que não nos permitamos ser vitimados pela brutalização da atividade, que entendamos que a política e cada um dos seus atores busca o bem comum do povo brasileiro.
À família de Luís Eduardo e aos seus amigos não deixo exclusivamente palavras de solidariedade, mas lágrimas persistentes e sentidas pelo amigo que perdi.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Líder do PTB, Paulo Heslander.
O SR. PAULO HESLANDER (PTB - MG. Sem revisão do orador.) – Ex. Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer; Ex. Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel; ilustres membros da Mesa; Srªs. e Srs. Deputados; demais presentes a esta cerimônia; meu caro Senador e pai Antonio Carlos Magalhães; D. Arlette; D. Michelle e filhos, sei que nestes momentos difíceis as palavras não ajudam muito, mas é também de direito e de dever pagar a todos o que lhes é devido. A quem tributo, tributo; a quem respeito, respeito; a quem honro, honro. Este é um momento de honra, meu caro Senador.
Na terça-feira passada, causou perplexidade a todos os lares brasileiros a notícia doída, surpreendente e fulminante da morte do nosso companheiro Luís Eduardo.
O País ainda não havia se refeito da perda do Ministro Sérgio Motta, mas essa segunda perda teve muito mais impacto, porque não teve prenúncio. Não tivemos a oportunidade de sentir o fato. E como diria o escritor Manuel Bandeira, essa indesejada
das gentes tem essa faceta, causa surpresa e nos surpreende exatamente por nós não acharmos que possa acontecer tão próximo da gente.
Perdeu o País um de seus mais jovens e promissores políticos da atualidade. Político que unia a honradez e a dignidade com a visão modernista e conciliadora que requer a democracia atual.
Perdemos, todos nós, o exemplo de Luís Eduardo.
Em recente entrevista a televisões e rádios, eu consegui apenas definir duas características que, para mim, sobressaíram de sua personalidade: uma junto à Câmara dos Deputados e outra junto ao Governo. Junto à Câmara dos Deputados a credibilidade e junto ao Governo a autoridade.
A credibilidade junto aos companheiros desta Casa era expressa quando nos assegurava a correção das medidas que tomava e a necessidade de viabilização dos projetos e emendas. E a autoridade junto ao Governo, quando, de forma intransigente, assegurava as prerrogativas dos representantes do povo brasileiro e mantinha sua palavra nos acordos aqui acertados.
Quantas vezes assisti ao Líder Luís Eduardo sacar no vermelho, usar a conta corrente do seu prestígio e ver todos os acordos cumpridos. Quantas vezes vi Luís Eduardo tenso e preocupado até concretizar as medidas que havia acertado, sem saber que aquilo poderia contribuir para prejudicar sua saúde.
Senhor Senador, nós, do Partido Trabalhista Brasileiro, tínhamos plena confiança na palavra de Luís Eduardo e sabíamos da sua importância no contexto político nacional.
Perdeu subitamente o País um jovem político com um futuro promissor. Mas se V. Exas. me
permitirem, eu não gostaria de falar do Luís Eduardo político. Não gostaria. Prefiro falar do amigo Luís Eduardo, do amigo de todos os Deputados desta Casa, independentemente de sigla partidária, independentemente da região, independentemente de qualquer diferença.
Acima das questões ideológicas, todos nós, D. Arlette, gostávamos dele - usando uma expressão hoje mais forte e que não nos diminui em nada, nós todos o amávamos.
Quero falar do homem Luís Eduardo, filho de importante político, que teve de lutar mais do que todos nós para provar que tinha luz própria. Quero falar do homem Luís Eduardo, cuja morte repentina e súbita frustrou a esperança de inúmeros brasileiros, especialmente a dos baianos.
Caro Senador, estudos psicológicos falam que um dos grandes golpes que a pessoa pode sofrer na vida é a morte de um filho. Esse é o maior deles. Rubem Braga já dizia que a perda de um filho é como um braço que não temos, mas que dói. Quando este filho representa toda a esperança de nossos sonhos, este golpe é ainda maior e a dor quase insuportável.
Senador Antonio Carlos Magalhães, meu amigo, o destino lhe impôs essa provação, mas tenho absoluta certeza de que Deus lhe dará forças para que V. Ex. sirva de apoio e esteio aos seus familiares: à sua esposa, à sua nora, aos seus filhos e aos seus netostenho certeza disso.
O que eu poderia dizer a D. Arlette, aos seus irmãos, a D. Michelle e aos seus filhos? A única palavra que lhes digo é que tenham orgulho de Luís Eduardo, orgulho pelo que fez, orgulho pelo

que foi e orgulho pelo que representou para milhões de brasileiros.
Que Deus dê consolo à família do meu amigo Luís Eduardo e o acolha.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao nobre Deputado Fernando Lyra, que falará em nome do PSB.
O SR. FERNANDO LYRA (PSB - PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer; Sr. Presidente do Senado Federal, Antonio Carlos Magalhães; Ex. Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel; Exs. Srs. Vice-Presidentes da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti e Heráclito Fortes; Exs. Srs. Secretários Nelson Trad e Efraim Morais; D. Arlette; Srª. Michelle; Paula; Carolina; Luís Eduardo Júnior; Srªs. e Srs. Deputados; Srs. Líderes, senhoras e senhores, a vida, com seu inesgotável arsenal de surpresas, desfechou mais um golpe sobre todos nós. A morte inesperada do Deputado
Luís Eduardo Magalhães nos deixa perplexos, comovidos e inconformados.
O Deputado Luís Eduardo Magalhães era um verdadeiro símbolo da sociedade democrática, que nos esforçamos para consolidar em nosso País. Não era preciso concordar com suas opiniões para gostar dele, para compartilhar do seu convívio. Ocupávamos posições distintas no arco das ideias políticas, mas sempre tivemos uma convivência respeitosa, que se transformou em admiração, afeto, amizade e solidariedade. O Deputado Luís Eduardo atestou, com sua vida brilhante, que o contraditório é necessário
"O Deputado Luís
Eduardo Magalhães era um verdadeiro símbolo da sociedade democrática, que nos esforçamos para consolidar em nosso País."
Fernando Lyra
e saudável e que, acima de todas as divergências, impera o respeito humano.
Faço questão, Sr. Presidente, de homenagear Luís Eduardo como o ser humano extraordinário que foi. Golpes como o da sua morte parecem existir para testar até aonde vai a capacidade humana de dor, de encontrar forças para ir adiante. Se é possível algum consolo para o pai, a mãe, a esposa, os filhos, os familiares e amigos, tenho certeza de que a sua memória vai ajudar o povo brasileiro a manter viva a esperança de encontrar o seu caminho.
A Câmara dos Deputados continua sendo a grande escola política deste País. Aqui, com Luís Eduardo, o Brasil reaprendeu a lição de que o verdadeiro político é, antes e acima de tudo, um ser apaixonado, capaz de viver intensamente e de se consumir pelos seus sonhos.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra, para falar pelo PCdoB, ao Deputado Aldo Arantes.
O SR. ALDO ARANTES (PCdoB - GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer; Senador Antonio Carlos Magalhães; Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel; demais componentes da Mesa; Deputados, Senadores; Embaixadores; autoridades; familiares de Luís Eduardo, trago, em nome da bancada do Partido Comunista do Brasil, o nosso abraço, a nossa solidariedade, o nosso carinho.
O Deputado Haroldo Lima, um baiano, deveria estar falando neste momento, mas foi chamado pelo Presidente do nosso partido para tratativas, o que o impossibilitou de estar presente. O Deputado Haroldo Lima testemunhou a relação de
amizade que Luís Eduardo construiu na Bahia e em Brasília e, se aqui estivesse, poderia dar exemplos. Luís Eduardo, quando ainda era Presidente da Assembleia Legislativa do Estado da Bahia, mostrou-se solidário ao Partido Comunista do Brasil quando a sede do partido foi invadida pela Polícia Federal. Quem esteve no local para prestar solidariedade ao PCdoB? O próprio Luís Eduardo, que reivindicou que a Polícia Federal deixasse a sede do nosso partido.
Esta é uma característica que nós, da Oposição, passamos a identificar na personalidade de Luís Eduardo. Como todos disseram, era um homem com ideias claras, que definiu o projeto pelo qual lutava, definiu o Governo. Defendíamos posições contrárias nesta Casa, mas ele era um homem que sabia, dentro dos limites da sua posição política, ser amigo e fraterno.
Tive oportunidade de conviver com Luís Eduardo na Assembleia Nacional Constituinte, quando estabeleci uma relação muito fraterna com ele. O interessante é que, como testemunhado por vários Parlamentares, era um homem firme nas opiniões, mas que sabia negociar, e com lealdade. A negociação com Luís Eduardo era a garantia de que o acordo seria mantido.
Todos sabemos que nesta Casa existem contradições, conflitos e opiniões diferenciadas. Em determinados momentos, nem um lado nem o outro consegue impor sua opinião. É o horário, então, das conversações, das tratativas, do entendimento. Aliás, este é um componente fundamental da democracia. Nesta Casa há conflitos, e nós, da Oposição, da Minoria, sempre falamos da necessidade do respeito democrático às opiniões da Minoria. Não há como ter democracia sem esse respeito. Na verdade,
conseguimos cultivar uma relação de amizade, uma relação fraterna com Luís Eduardo.
Nesse curto período de tempo, duas pessoas amigas faleceram. O Serjão era meu amigo de muitos anos, atuou comigo na clandestinidade, fomos juntos dirigentes da Ação Popular. Logo depois de eu ser anistiado, pois estava preso, Serjão me convidou para trabalhar na sua firma, a Hidrobrasileira. Mais recentemente, ele na posição dele e eu na minha, soubemos manter a relação fraterna.
Fui a São Paulo, no enterro do Serjão, e lá me encontrei com Luís Eduardo. Achei que ele estava com aparência de doente, o que me preocupou. Cheguei a falar isso com outras pessoas. Infelizmente, a vida veio comprovar que aquele momento de emoção, com a morte do Serjão, certamente contribuiu para agravar a situação já complicada em que Luís Eduardo se encontrava.
Desta forma, em nome do PCdoB, guardadas as opiniões diferentes, guardadas as contradições, digo à família de Luís Eduardo, ao seu pai, Senador Antonio Carlos Magalhães, que estamos aqui para abraçar fraternamente o pai, a mãe, a esposa, os filhos. Luís Eduardo foi uma pessoa que, pela sua competência, pela segurança em suas posições, com tranquilidade, com naturalidade, sempre que possível, soube entrar em entendimento, facilitando a convivência nesta Casa.
O meu abraço fraterno ao Senador Antonio Carlos Magalhães e a toda a família.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer)Representando o PL, concedo a palavra ao seu Líder, Deputado Valdemar Costa Neto.
"Defendíamos posições contrárias nesta Casa, mas ele era um homem que sabia, dentro dos limites da sua posição política, ser amigo e fraterno." Aldo Arantes
"Luís Eduardo Magalhães ficará marcado na história deste País como modelo e exemplo. Deus o quis fazer paradigma."
Valdemar Costa Neto
O SR. VALDEMAR COSTA NETO (PL - SP. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Deputado
Michel Temer, Sr. Vice-Presidente da República, Sr. Marco Maciel, Presidente do Senado Federal, Senador Antonio Carlos Magalhães, autoridades, Embaixadores, Governadores, Srs. Ministros, Srªs. e Srs. Deputados e Senadores, momentos de dor, como o que vivemos, conduzem-nos à reflexão. Luís Eduardo Magalhães ficará marcado na história deste País como modelo e exemplo. Deus o quis fazer paradigma.
Filho de um dos mais ilustres homens públicos da República, Luís Eduardo poderia ter-se acomodado. A herança do prestígio e o convívio com os bons exemplos já lhe assegurariam um lugar no cenário político brasileiro. Mas não contente, Luís Eduardo criou seu próprio modelo, seu próprio estilo e alçou voo com suas próprias asas. Sedimentou-se na Bahia, ocupando cargos no Legislativo e no Executivo, deitando as raízes de que sempre precisam as árvores para crescerem fortes.
Homens como Luís Eduardo Magalhães constroem a sua biografia e o seu viver. A difícil conciliação da aceitação do livre arbítrio com a onisciência e a onipotência divinas, em certos momentos, aturde. Sobretudo nos momentos de dor, quando não queremos aceitar o inevitável. E nada mais inevitável e definitivo do que a morte.
Com dor, mas tentando superá-la com muita saudade, façamos da vida de Luís Eduardo mais um exemplo e um estímulo. Um exemplo de homem público por ser seguido; um estímulo ao ardor com que devemos defender as nossas próprias ideias, como ele fazia.
A morte convida à unanimidade, quando aquele que nos deixa tem a admiração geral. Mas ela não
modifica as contingências da vida nem supera disputas e divergências no plano político e das ideias. Talvez Luís Eduardo tenha dado sua vida pelo interesse público, porque seu trabalho incessante deve ter-lhe prejudicado a saúde. Esse terá sido o seu martírio.
Não queiramos usar a memória para sepultar divergências legítimas que ele sempre respeitou. Se se quer estabelecer algum paralelo entre sua vida e as divergências nesta Casa, o respeito a ele deve nos conduzir ao estímulo da divergência legítima que é, afinal, o próprio substrato da democracia. Usá-lo para tentar com a sua imagem alicerçar unanimidades sempre inoportunas, seria desrespeitar o seu exemplo e desaprender as suas lições.
O Brasil, Sr. Presidente, chora a morte de um líder. O Partido Liberal associa-se ao sofrimento de todos os brasileiros, sobretudo à dor dos baianos que tiveram o privilégio de um convívio mais próximo com Luís Eduardo. Da tribuna desta Casa, transmitimos ao senador Antonio Carlos Magalhães e à sua família a expressão da nossa maior solidariedade. O modelo do pai e o seu exemplo forjaram a têmpera do filho. Agora, seu sofrimento revela que as suas emoções têm a grandeza das grandes dores, que só os homens sensíveis podem sofrer.
Senhor Presidente, Luís Eduardo Magalhães está entregue a Deus e à história. Lá, ele tem a segurança, por sua vida, da boa acolhida.
Era o que tinha a dizer. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) -
Representando o PPS, concedo a palavra ao Sr. Deputado Pimentel Gomes.
O SR. PIMENTEL GOMES (PPS - CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer; demais membros da Mesa Diretora; Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Antonio Carlos Magalhães, a quem abraço neste momento de maneira muito fraterna e sentida pela perda que sofremos; Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel; familiares do Deputado Luís Eduardo - sua mãe, Srª. Arlette, sua esposa, Srª. Michelle, e seus filhos, convidado pelo meu partido, o PPS, para manifestar nosso pesar pela morte prematura de uma pessoa a quem aprendemos a admirar, fiquei até tornado de surpresa. Na verdade, nem consegui entender o porquê da escolha, já que nem Vice-Líder sou. Mas, devido à ausência do nosso Líder, meu partido entendeu que eu tinha uma certa relação com o Deputado Luís Eduardo Magalhães. Aceitei o convite do meu partido, e aqui falo de maneira emocionada de pessoa que, em três anos e quatro meses, aprendi a admirar pelas qualidades morais dignas e justas com que sempre tratou seus companheiros e sobretudo pela defesa intransigente dos valores e princípios do Congresso Nacional.
Senador Antonio Carlos Magalhães, neste momento, gostaria de ter o dom da retórica, para poder exprimir com riqueza de palavras o quanto afetou, não apenas a mim, mas a todo o povo brasileiro, esse episódio tão trágico, marcante e significativo para a vida nacional. Esteja certo de que, durante muitos anos ainda estaremos falando dessa pessoa que conquistou todo o Brasil, por seus princípios, coerência e conduta ímpar.
Aos seus familiares, creio que o Deputado Luís
Eduardo deixa urna referência de dignidade moral, um exemplo. Talvez poucas pessoas tenham o privilégio de ter referência tão significativa para uma família.
Para nós, Parlamentares, fica a sensação de perda e, ao mesmo tempo, a obrigação de mostrar à sociedade brasileira a convivência que tivemos com ele. Aquela troca de ideias e propostas não foi perdida, em vão. Este Congresso continuará a trabalhar, desta feita tendo por trás de nós, lá em cima, no céu, não apenas os grandes homens que fizeram este Congresso, como Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e outros, mas agora também um jovem político, que infelizmente nos deixou fisicamente. O Deputado Luís Eduardo estará, com suas ideias e com seu espírito, convivendo com este Congresso e com o povo brasileiro.
Senador, aceite do meu partido o abraço fraterno e a manifestação de pesar profundo pela perda que tivemos.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Para falar pelo PV, concedo a palavra ao Deputado Fernando Gabeira.
O SR. FERNANDO GABEIRA (PV - RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel, Sr. Presidente do Senado Federal, Senador Antonio Carlos Magalhães, Sr. Presidente da Câmara do Deputados, Deputado Michel Temer, familiares do Deputado Luís Eduardo, Srªs. e Srs. Deputados, como escritor, devia ter escrito alguma coisa, mas não consegui ainda sentar e traduzir esse episódio de maneira adequada.
Na Bahia, ainda perto do túmulo, dizíamos à imprensa aquilo que os companheiros da Oposição
registraram: o Deputado Luís Eduardo era um homem com o qual todos gostávamos de negociar, porque era um homem de palavra. Aliás, este é um traço de família, pela minha experiência pessoal com V. Exa, Senador.
Dissemos também naquele momento que, mais do que um homem capaz de cumprir os seus compromissos, ele admirava a consciência. Muitas vezes nós nos encontramos naquele microfone onde está o Deputado Inocêncio Oliveira, e eu disse ao Deputado Luís Eduardo: "Vou votar contra o Governo". Ele dizia: "Vai em frente". Parecia que a alegria dele de ver alguém votar com consciência era maior do que a tristeza de estar perdendo um voto para o Governo naquele ponto. E isso é um traço extraordinário.
Perdi muito, como político que representa uma área do Sudeste brasileiro, com a morte do Deputado Luís Eduardo. Ele representava o setor mais moderno do grupo que expressava.
Representava um liberal, não apenas do ponto de vista econômico, mas um liberal também no que diz respeito aos temas da sociedade.
Perdemos um interlocutor do século XXI; perdemos um dos arquitetos do século XXI neste Brasil. É uma grande perda, porque esses arquitetos de um novo século não se constroem de uma hora para outra.
Este, porém, é o discurso da política. O Luís Eduardo de que me lembro realmente, sentado onde está agora o Deputado Michel Temer, era o Presidente que me dizia: "Deputado Fernando Gabeira,"sabendo que eu era o único Deputado do Partido Verde, "venha orientar sua bancada, porque ela está esperando ansiosa".
Eu sabia que nesse momento estabelecia entre
nós a verdadeira cumplicidade, a cumplicidade que, às vezes, vemos nos filmes italianos de pessoas mais velhas que brincam, que sabem brincar e vivem brincando entre si, porque sabem também que, diante da morte, apesar dos cargos, apesar do prestígio, apesar da importância que nos damos, todos somos mais impotentes e mais solitários que um Deputado do Partido Verde num microfone na hora da votação. S. Exª. sabia disso. Isso era comum entre nós, era um traço que nos unia e creio que nos unirá para sempre.
Apenas completo dizendo: Presidente Luís Eduardo, como Líder, oriento a bancada, para que continue lutando, desenvolvendo nossas lutas, construindo o século XXI.
Como pessoa, confesso que recebi um grande golpe, que será difícil superar. A morte, essa inimiga, não respeita cronologia. Seria melhor que ela me levasse, eu que tenho 14, 15, 16 anos mais do que ele. Seria melhor se ela me levasse na frente, que nos levasse todos na frente. Mas ela é inconsolável, como diz um poeta da minha terra, ela é absolutamente indefensável, e diante dela não temos mais nada que dizer, a não ser aquilo que fazíamos ali, porque o nosso segredo estava marcado ali, no riso e na ironia. O Líder do Partido Verde orienta sua bancada a dar este voto.
Espero que em outros Parlamentos, se houver outros Parlamentos, nos encontremos e riamos de novo como ríamos aqui.
Muito obrigado. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Tendo falado os Srs. Líderes partidários, passo agora a
"Perdemos um dos arquitetos do século XXI neste Brasil. É uma grande perda, porque esses arquitetos de um novo século não se constroem de uma hora para outra. Este, porém, é o discurso da política. O Luís Eduardo de que me lembro realmente, sentado onde está agora o Deputado Michel Temer, era o Presidente que me dizia: "Deputado Fernando Gabeira," - sabendo que eu era o único Deputado do Partido Verde, "venha orientar sua bancada, porque tela está esperando ansiosa".Fernando Gabeira
palavra aos Srs. Deputados inscritos. Antes, porém, concedo a palavra ao Deputado Heráclito Fortes, 10 Vice-Presidente da Mesa e extraordinário amigo do Deputado Luís Eduardo.
O SR. HERÁCLITO FORTES (PFL - PI. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel, colegas de Mesa, meu caro Senador Antonio Carlos Magalhães, seria covardia não me manifestar nesta tarde, eu que tive, ao longo desses três anos, o privilégio de conviver intensamente com o Deputado Luís Eduardo. Nossa amizade iniciou-se quando politicamente éramos contrários na Constituinte e se amiudou intensamente no meu retomo à Câmara dos Deputados.
O Luís Eduardo de que me lembro não é aquela do corpo inerte do Salão Negro da Câmara dos Deputados e do hall de entrada da Assembleia Legislativa da Bahia, acariciado pelo pai, ferido pela surpresa e pela dor. O Luís Eduardo de que me lembro é aquele do sorriso que enchia este plenário. Quando via esta Casa vazia, sentia a tristeza e a inquietação daquele Líder. Como deve estar feliz ao ver este plenário lotado de amigos e até de adversários, mas nunca de inimigos.
O Luís Eduardo de que me lembro, Sr. Presidente, é o que enchia este plenário ora de sorriso, ora de determinação, é o que tinha com o Líder do PFL, Inocêncio Oliveira, uma comunicação telepática, é o que sabia o que o pai pensava pelo olhar.
O Luís Eduardo de que me lembro, Michelle, é aquele das nossas caminhadas pelo mundo afora, da preocupação com os filhos, demonstrada no gesto mais simples da camiseta esportiva que comprava
para o filho ou dos lançamentos de moda que trazia para as filhas. O Luís Eduardo que quero guardar é aquele espírito gozador, brincalhão, que levava para a Bahia às sextas-feiras o lado alegre, a troça, as brincadeiras que aconteciam na semana, e que lá encontrava uma legião de amigos que ele idolatrava. Vejo ali o Imbassahy, o Governador César Borges, o Honorato, o Paulinho Magalhães, o Carlinhos Luiz. Vejo lá no fundo o Governador Paulo Souto, por quem ele tinha uma verdadeira adoração.
Mas vejo deste lado do plenário também o João Leão, seu adversário de muito tempo, e eu brincava com os dois pelo abraço trocado há poucos dias num microfone de aparte da tribuna. Vejo ao fundo do plenário o Carlinhos, seu motorista e fiel escudeiro até a hora da morte; vejo todos os companheiros que guardarão, tenho certeza, uma lembrança desse jovem Líder, porque esta Casa teve na sua história muitos Líderes que se credenciaram pela experiência, pela vivência de décadas, mas não havia um que de maneira tão determinada, tão rápida, consagrou-se, marcou posição e tão jovem tomou-se líder para todos nós. O seu exemplo vai varar o século. A sua digital, D. Arlette, e o seu exemplo estarão em cada canto desta Casa. O vazio que os corredores, as Comissões e os gabinetes apresentam neste momento serão preenchidos pela saudade e pelo exemplo.
Toda vez que este Plenário, vitorioso nas reformas, que eram a sua motivação, vencedor nos ideais de Luís Eduardo, aplaudir mais uma conquista, ouviremos distante aquela sua voz alegre de ganhador, sim, de vitorioso, sim, mas que dividia com os amigos e com os adversários, minimizando suas derrotas, que dividia com todos as conquistas pelo Brasil que ele tanto amava. (Palmas.)

O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Srs. Parlamentares, como esta sessão deverá encerrarse às 17h30min, para que tenhamos oportunidade de prestar mais uma homenagem ao Deputado Luís Eduardo, inaugurando o seu retrato na Galeria dos Ex-Presidentes, tomo a liberdade de solicitar aos Srs. Parlamentares que agora se manifestarão que sejam breves, a fim de que todos os inscritos possam manifestar-se na tribuna.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Com a palavra o Sr. Deputado Jairo Azi.
O SR. JAIRO AZI (PFL - BA. Sem revisão do orador) – Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães, Sr. VicePresidente da República, Dr. Marco Maciel, demais componentes da Mesa; Srª. Arlette, em seu nome saúdo os demais membros da família do Luís Eduardo: sua esposa, seus filhos, seus tios; Srs. Senadores, Srs. Governadores, Srs. Embaixadores, Srs. Deputados, incumbiu-me a bancada da Bahia da vinda. Nesta tarde, a esta tribuna para proferir algumas palavras ao saudoso companheiro, ao grande amigo.
Luís Eduardo Magalhães sempre me chamava, no começo das votações, e perguntava onde estariam os companheiros, e eu lhe respondia, como respondo agora, que estávamos aqui. Estamos de volta ao Parlamento a que tanto serviu, seu campo de luta na defesa das suas ideias e das suas convicções. Aqui também estão os contrários, com os quais tanto dialogava e os quais respeitava, o que lhe valeu a recíproca de tantos quantos dele discordavam,
mas com ele se sentavam, pela confiabilidade e credibilidade das suas ações.
Aqui estamos. E gravada na nossa retina está a sua imagem querida, andando no espaço em frente à mesa e a esta tribuna, ora com riso aberto, esfregando com felicidade as mãos por vitórias conseguidas, ora com semblante brejeiro, fazendo gozações com seus colegas, ora com o semblante sério e preocupado, quando um fato qualquer maculava a imagem desta Casa a que tanto serviu, lutando intransigentemente para enaltecê-la diante da opinião pública, na convicção absoluta de que não existe democracia confiável e duradoura sem Parlamento respeitado e forte.
Sabia você, Luís Eduardo, das nossas virtudes e defeitos, mas sempre o acalentava a constatação de que todos aqui, sem exceção, carregavam dentro de si a vontade enorme de servir de algum modo a este País. Compreendia que o Parlamento é a síntese e o retrato da própria sociedade e que o seu aprimoramento seguia caminhos paralelos desta mesma sociedade em que vivemos, que nos elege e que nos mantém.
Morte sem sentido e sem razão! Abateu-se uma jovem águia em pleno voo de sucessos e glórias, em busca do ideal que motivava a sua ação política. A Bahia e o País o homenageiam e reverenciam. Não tenho notícia de que a morte de um homem público da sua idade tenha abalado tanto a Nação com tanta comoção e com tantas lágrimas, no adeus saudoso ao seu querido filho. A esperança se vai, mas não se finda. Sentiremos, Luís Eduardo, o vazio da sua presença física, mas sentiremos também a sua presença constante em nossa alma, animando-nos a
lutar por tudo quanto você lutou, acalentando os seus mesmos sonhos, ou seja, de propiciar, com o trabalho de todos nós, dias mais felizes para o povo brasileiro.
Luís Eduardo, você viverá num pedaço de cada um de nós e inteiramente na vida do seu querido pai, nosso líder, nosso amigo, nosso velho companheiro, Antonio Carlos Magalhães, que não perecerá com a angústia e com a dor que dilacera seu peito. Com certeza, S.Exª. continuará vivendo e lutando pelos ideais do seu querido filho, seu ídolo e maior orgulho, através do grande serviço que vem prestando à Bahia e ao Brasil. Em seu pai você também viverá.
Antonio Carlos Magalhães, participamos da sua imensa dor, algo só superado pelo imenso amor que a Bahia lhe devota. Parece que Deus fê-lo de aço, forjado pelo calor intenso do povo baiano, e entregou-lhe aos cuidados do Senhor do Bonfim, o qual o levanta do turbilhão do sofrimento e entre os sofridos lamentos da sua dor fará erguer sua voz de comando, empunhando a bandeira desfraldada por Luís Eduardo Magalhães. A seu lado, nobre senador Antonio Carlos Magalhães, não deixaremos essa bandeira ficar no meio do caminho. Prosseguiremos lutando para tornar este País e seu povo mais feliz. Esta é a maior homenagem que podemos prestar a Luís Eduardo Magalhães.
Luís Eduardo Magalhães, nós que aqui ficamos nos sentimos orgulhosos de você. Muito obrigado. Era o que tinha a dizer. (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Nilson Gibson.
O SR. NILSON GIBSON (PSB - PE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ilustre Deputado Michel Temer; honrado Sr. Vice-Presidente da República, Marco Maciel; Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães; demais membros da Mesa; Sr.as e Srs. Deputados; autoridades presentes, familiares de Luís Eduardo, no dia 22 de novembro de 1995, o então Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Luís Eduardo, às 18h45min, durante a Ordem do Dia, disse — Que falta faz o Deputado Nilson Gibson! Eu me encontrava no exterior e pediu que a Taquigrafia fizesse constar nos Anais esse registro.
Sr. Presidente do Congresso Nacional, o Presidente Michel Temer, há pouco, quando os trabalhos se iniciavam, falava sobre a ausência sentida. Ora, Sr. Presidente, ausência sentida é a que o povo da Bahia e o brasileiro têm hoje de Luís Eduardo, isso sim.
Vou relembrar que há três anos, no dia 16 de março de 1995, quando o Deputado Luís Eduardo comemorava seus 40 anos, na Assembleia Legislativa da Bahia, na homenagem que se fazia em decorrência de sua eleição para Presidente desta Casa, o Governador Paulo Souto disse que há exatos 124 anos e 34 dias Castro Alves fizera naquela Casa a última declaração pública de sua efêmera e vulcânica vida. Recitara então o poema No Meeting du Comité du Pain, escrito em 9 de fevereiro de 1871, cujos últimos versos dizem:
Sabe que esse menino - é o símbolo do futuro!
E aquela frágil mão... oculta a mão de Deus!
O Governador Paulo Souto disse ainda, naqueIe encontro dos baianos com Luís Eduardo, que sua ascensão à Presidência da Câmara era um prêmio
que as correntes ideológicas do Brasil conferiram a si próprias, uma das frases mais corretas e mais dignas.
Nesta tribuna, Sr. Presidente, Deputado Michel Temer, estiveram vários partidos, com suas ideologias diversas. Ulysses Guimarães, certa vez, disse que Luís Eduardo era o homem do consenso.
Mas, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, ainda vou fazer minhas as palavras do Governador da Bahia, Sr. Paulo Souto, naquela homenagem a Luís Eduardo a que já me referi:
Com V. Exa na Presidência da Câmara, tenho certeza, o Poder Legislativo instaura a era da moralidade a que seu pai se dedicou de corpo e alma, quando Governador da Bahia, e certamente agora se dedicará com o mesmo afinco no Senado Federal.
O Governador da Bahia ainda disse, dirigindo-se à D. Arlette:
Obrigado, Dona Arlette, por trazer à luz aquele menino que seria um dia o símbolo do futuro. Foi a mão de Deus.
Luís Eduardo aniversariou no dia 16 de março deste ano. Não estava aqui, estava na Bahia, mas, como sempre eu trazia gravatas para ele, dessa vez eu as trouxe da Namíbia, e ele disse: “Eu não gosto de animal”. O Deputado Inocêncio Oliveira estava junto conosco e o ouviu dizer: “O Nilson Gibson quer me dar um guarda-roupa de gravatas”. Não se tratava disso, era apenas um gesto de agradecimento a uma pessoa a quem devia dois grandes favores, como também devo a V. Exa, Senador Antonio Carlos Magalhães, por quem tenho um grande apreço e admiração. Se eu pudesse dizer por que retornei a esta Casa em 1982, eu diria que a culpa foi do Ministro das Comunicações. Voltei por causa dele.
Mas volto ao que disse o Governador Paulo Souto no discurso que fez nos 40 anos de Luís Eduardo, em 16 de março de 1995:
Esta é a hora do Congresso. Esta é a vez do Brasil. A Bahia confia na juventude dos seus quarenta anos, na sua perseverança, no seu espírito de conciliar sem se comprometer; mas, antes de mais nada, confia na vocação que V. Exa herdou de seu pai para defender, com energia e intransigente patriotismo, um Brasil economicamente mais forte, socialmente mais justo.
Sr. Presidente, Deputado Michel Temer, fizemos esse encontro de situação. Aqui no plenário, de onde V. Exª. está sentado, ele disse que eu estava fazendo muita falta ao Congresso Nacional porque estava fora. Hoje, roubo de V. Exa a palavra: a ausência sentida é dele, é do Deputado Luís Eduardo.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, no dia 21 de abril uma angústia mortal baixou sobre nossos corações. Perdia-se um companheiro irreparável.
O Deputado Luís Eduardo, na realidade, era uma esperança nova, era uma réstia de luz num país traumatizado pelo sofrimento, pelo desemprego, pela falta de reforma agrária, pela seca no Nordeste, pelas incertezas da hora crucial que estamos vivendo. Para obter vitórias, o Executivo sempre precisou do excelente trabalho do Presidente Luís Eduardo impondo-se como condutor na Casa Legislativa.
Numa sexta-feira, eu e o Deputado Gilney Viana estávamos presentes neste plenário. Usava da palavra quando chegou o Deputado Luís Eduardo, Líder do Governo, para defender a reforma agrária e poder divulgá-la no programa A Voz do Brasil.
Exemplo de devotamento à causa pública, de probidade inatacável, seguro, estadista emérito,
líder político singular e raro, o Deputado Luís
Eduardo passará a ser, e será sempre, uma bandeira, um marco para todos nós, para seus amigos, companheiros e liderados.
Quando falo nos amigos, falo em V. Exa Deputado Henrique Eduardo Alves, um dos grandes companheiros do Deputado Luís Eduardo. Tínhamos, inclusive, longas conversas sobre determinadas situações, conversas essas que eram do interesse de um grupo de Parlamentares desta Casa. Aliás, represento não o sindicato, mas o baixo clero, Sr. Presidente.
É justamente a esse homem excepcional que caberia, com perfeita adequação, um conceito à Balzac: aquele que baixou o túmulo é aquele a quem a dor pública acompanha.
O seu segredo estava em não temer os problemas, mas enfrentá-los e resolvê-los por mais difíceis que fossem, com o entusiasmo que não lhe era meramente retórico, mas empreendedor. Ele mesmo dizia que tinha um espírito combativo afeito à luta.
Termino, Sr. Presidente, dizendo que Luís Eduardo teve uma grinalda de juízos que coroou sua posteridade. Para esta homenagem, presidida por V. Exa, Deputado Michel Temer, em boa ocasião, e determinada pela Mesa, de maneira modesta e humilde, já tínhamos formulado requerimento desde o dia 22.
Acolhei-o Deus junto a vós, na luz da vossa face.
Viver nos corações que deixamos atrás de nós não é morrer, D. Arlette.
Deus o trouxe, Deus o levou, ficaram conosco seus ensinamentos, Presidente Antonio Carlos Magalhães.
Ninguém morre enquanto permanece vivo no coração de alguém.
A ausência não é um adeus, e, sim, um até logo.
Deus tenha Luís Eduardo bem perto de si.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Moisés Bennesby.
O SR. MOISÉS BENNESBY (PSDB - RO. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, assomo à tribuna desta Casa na tarde de hoje para falar sobre os dolorosos passamentos dos nossos amigos Ministro Sérgio Motta, das Comunicações, e Deputado Luís Eduardo Magalhães, que foi Presidente desta Casa e era até então Líder do Governo na Câmara dos Deputados.
Falar de Sérgio Motta e Luís Eduardo Magalhães é falar da vida e do sentimento postos a serviço da sua terra e da nossa gente. Assim foram as suas ações convivendo com todos e sempre procurando projetar a imagem moderna do nosso País pela concretude dos seus inúmeros feitos.
Este é um depoimento que faço questão de dar. Conheci o Serjão, como carinhosamente o chamam todos os seus admiradores - impetuoso e lutador - e com ele aprendi muitas lições de vida.
Conheci Luís Eduardo quando aqui estive na Constituinte. Ainda muito jovem, o Deputado baiano já demonstrava as suas virtuosas qualidades de espírito vivo e aberto a todas as mudanças e inovações que contribuíssem para a modernidade do nosso País.
Vejo-o sonhando, do alto da sua jovialidade com a mesma revolução desejada por Jorge Amado, em seu livro “O Menino Grapiúna".
Sonho com urna revolução sem ideologia, onde o destino do ser humano sem direito a comer, a

trabalhar, a amar, a viver a vida plenamente não esteja condicionado ao conceito expresso e exposto por ideologia, seja ela qual for. Um sonho absurdo? Não possuímos direito maior e mais inalienável do que o direito ao sonho. O único que nenhum ditador pode reduzir ou exterminar.
Esta citação, Sr. Presidente. Srªs e Srs. Deputados, cabe, por inteiro, no precioso itinerário da vida pública de Luís Eduardo Magalhães, que foi, sem nenhum favor, urna admirável liderança e figura humana.
Eles se foram, nos deixando muitas saudades. Entram, agora, no destino ao qual ninguém poderá fugir. Mas com a morte deles não se apagarão os luminosos clarões que representaram as suas vidas, cheias de virtudes cívicas. Pelo contrário, as suas memórias permanecerão cultuadas e reverenciadas por todos os que os conheceram.
Que se faça, agora, silêncio. E que este só se interrompa para o louvor aos perfis generosos dos grandes mortos que aqui estamos chorando.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Sérgio Carneiro.
O SR. SÉRGIO CARNEIRO (PDT - BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, não poderia furtar-me a deixar registrados nos Anais da Casa sentidos pêsames pelo falecimento do nosso colega, amigo e conterrâneo, Luís Eduardo Magalhães.
Em meu nome e da minha família, em nome do meu partido, o PDT, já manifestei pessoalmente à
família de Luís Eduardo as condolências sinceras e o sentimento de solidariedade perante a tragédia irreparável vivida por seus familiares. Em especial, os pais, Senador Antonio Carlos Magalhães e D. Arlette, a esposa Michelle, os filhos, Carolina, Paula e Luís Eduardo, e os irmãos, Teresa e Antonio Carlos Júnior.
Convivi longos anos com Luís Eduardo e construímos uma relação de amizade respeitosa e fraterna, ainda que divergíssemos em pontos de vista referentes à política e à visão de mundo, de conceitos e caminhos para o futuro da sociedade brasileira.
O súbito desaparecimento do Líder do Governo deixa uma sensação de vazio no plenário da Câmara dos Deputados, especialmente nas negociações de matérias polêmicas, nas quais pontificava com habilidade, diplomacia e qualidade nos debates, assumindo e honrando os acordos que pactuava com a Oposição.
Pelas qualidades que acumulou em toda sua
vida pública, Luís Eduardo construía com dedicação e perseverança um projeto pessoal de poder, aliás reconhecido por todos os partidos e personalidades da política brasileira. A imprensa, nos dias seguintes a sua morte, reconheceu a importância do Deputado no momento político atual. Relembraram-no sob todos os aspectos: como pai, como filho, como marido, como homem público e como político perseverante. Diplomata, Luís Eduardo era afável no trato, sobretudo com os adversários.
A morte inesperada de Luís Eduardo ainda gera consequências. Hoje em todo o Brasil pessoas de todas as idades duvidam do seu próprio estado de saúde. Afinal de contas, aparentemente saudável, aos 43 anos de idade, ninguém poderia supor que, apesar
do estresse da sua atividade, um jovem praticante de cooper como o Deputado sofresse um ataque cardíaco. Creio que as pessoas assim agem pela dificuldade de acreditar nessa fatalidade.
É justo que a Casa homenageie todos os Deputados que morrem no exercício do mandato. Afinal de contas, a nobreza dessa atividade, nem sempre reconhecida, reflete a homenagem do País a quem busca lhe servir. No caso de Luís Eduardo esta homenagem é mais do que justa, pelos caminhos que percorreu nesta Casa, chegando inclusive a presidi-la.
A fatalidade da sua morte atinge não somente a família enlutada como também seu partido - o PFL - e o Governo FHC, que Luís Eduardo defendia com denodo e convicção.
Faço, com tristeza, o registro da sua ausência, que deixa mais pobre a vida parlamentar brasileira.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Arlindo Vargas.
O SR. ARLINDO VARGAS (PTB - RS. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães; Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, Sr.as e Srs. Deputados, familiares do Deputado Luís Eduardo Magalhães, nesta homenagem ao eterno Luís Eduardo Magalhães, cumpre-me solicitar dos presentes e daqueles que nos assistem ou nos ouvem a profunda meditação sobre a condição comum de todos nós mortais.
Nas discussões filosóficas discute-se o que é mais desejável para o homem: viver até a velhice e
morrer deformado pelo envelhecimento fisiológico natural ou morrer jovem, prematuramente liberto das deformações e misérias da vida.
Temos em mente que a vida longa e a vida curta, em seu término, são igualadas pela morte, que as apaga exatamente do mesmo modo.
A vida terrena deve ser um fecundo campo onde devemos semear, depositando nele a semente para a imortalidade. Em virtude disso, fomos ensinados que a vida não pode ser dimensionada pela duração da mesma, mas pelo que dela se fizer, o que nos leva a afirmar que nada há de mais nefasto do que uma vida longa cheia apenas de empreendimentos vãos, do mesmo modo que nada é mais precioso do que a vida mesmo curta, mas orientada para a eternidade.
Luís Eduardo é o mais significativo exemplo de vida curta, mas orientada para a eternidade.
Partiu desta vida terrena muito cedo, como cedo partiram Jesus Cristo, com 33 anos; Alexandre, “O Grande”, com 33 anos; Espinosa, o filósofo do século XVII, com 35 anos; e tantos outros.
Todos provaram a nós que o tempo nada significa em si mesmo, e está perdido todo tempo ao qual não se tenha ligado algo mais sublime e transcendente do que ele próprio, algo que possa passar à eternidade.
Luís Eduardo não podia ter partido. Sua luminosidade, seu brilho individual, transcendia esta Casa, e assim vos afirmo, em todas as manhãs, quando os primeiros raios solares beijarem as paredes deste Congresso, estes raios somar-se-ão à luminosidade de Luís Eduardo e em reflexos retornarão ao céu, afirmando solenemente aos deuses que nesta Casa Luís Eduardo continuará sempre conosco a iluminar-nos por igual, nos conscientizando de justiça e de bondade
e, principalmente, presidindo as altas palpitações desta Casa, que é o próprio pensamento nacional, materializando assim a enérgica vocação de sua alma, que será sempre a luta em favor dos mais humildes.
Ungido a este Parlamento pelo voto livre e democrático do povo baiano, sua destacada atuação parlamentar como Deputado, como líder do Governo e como Presidente desta Casa fez indissolúveis vínculos com seu povo e implantou raízes em todos os Estados da Federação brasileira.
Jovem em cujos olhos brilhavam como em um espelho todas as nossas glórias, peito em cujas vísceras repercutiam como em uma síntese os acordes de nosso Hino Nacional.
Luís Eduardo, tu subiste, ascendeste, transfiguraste em luz, magnificaste em astro. Seja para nós, os que ficamos, a tua luz própria que nos guie nas horas supremas de articulações e indecisões.
Senhoras e senhores, Luís Eduardo entrou para a eternidade. Eternidade que é a antítese da ausência. Não morreu, permanecerá conosco a nos inspirar e a nos iluminar para que possamos continuar lutando em favor do povo brasileiro.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Jairo Carneiro.
O SR. JAIRO CARNEIRO (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Luís Eduardo Magalhães, por sua condição humana, exemplo dignificante, obra e ideário vive para a posteridade como referencial inimitável de homem público e líder político maior da nossa geração e das novas gerações do nosso País, estadista da República do novo milênio e pacificador insubstituível no tratamento das dissensões interpessoais e das
graves e inquietantes questões políticas de interesse da Bahia e do Brasil.
Seu exemplo de vida e sua obra constituem patrimônio e repositório perpétuo e indestrutível de lições e ensinamentos de conduta irretocável, modelo e padrão de cidadão inatacável, lume, luz e paradigma imorredouro, honra e orgulho para a unanimidade da comunidade nacional que sempre respeitou, admira e enaltece, até o final dos séculos, a sua marcante e indelével presença e imortalidade.
Do alto do firmamento brilhará sempre o seu olhar cintilante, pleno de amor, carinho e afeição, por tudo o que fez e por todos a quem serviu, e recolherá da profundidade dos sentimentos do coração dos baianos, do povo brasileiro e de toda a humanidade que o conheceu e aplaudiu e em especial da sua extremada família, neste momento de dor, sofrimento e indizível saudade, a veneração eterna da lembrança e da amizade perene.
Rogamos a Deus, nosso Senhor supremo, com o poder da fé, das bênçãos e orações, o necessário conforto, a paz interior e a força e inspiração divina ao querido e extremoso pai, Antonio Carlos Magalhães, maior dos brasileiros da era contemporânea, a sustentar e empreender a nobre missão e a obra majestosa confiada ao seu ilustre e imperecível filho, Luís Eduardo Magalhães.
Com carinho e eterna admiração.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Simão Sessim.
O SR. SIMÃO SESSIM (PPB - RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, é sob um luto pesado que nos reunimos hoje os representantes do povo brasileiro. Ainda sob
"Com trânsito garantido entre Deputados de todas as legendas, merecedor de unânime respeito mesmo entre adversários ideológicos, soube combinar com absoluta autenticidade as maiores qualidades do político: a habilidade para negociar e a credibilidade pessoal."
o efeito de máxima perplexidade, repassamos os acontecimentos dramáticos da última semana, marcada pela maior tragédia da recente história nacional. Poucas vezes, de fato, a fatalidade se abateu de forma tão contundente sobre nós. A perda quase simultânea de dois dos mais importantes homens públicos do País, com participação indispensável nos momentos cruciais do cenário político nacional, foi sentida por todos os brasileiros como um terrível revés. Sérgio Motta, Ministro das Comunicações, e Luís Eduardo Magalhães, líder do Governo nesta Casa, saem de cena e deixam, como bem definiu um jornalista, sem qualquer exagero, um imenso vazio na Esplanada.
Simão Sessim
Primeiro foi-se o Ministro, que já padecia há longos dias em Unidade de Terapia Intensiva, vítima de um quadro agudo de infecção pulmonar. Em tom que já anunciava a despedida, escreveu ao Presidente Fernando Henrique um último bilhete, do leito do hospital, enaltecendo seu desempenho à frente do que se vem caracterizando, sem sombra de dúvida, como tão bem-sucedida tarefa de modernização nacional. Por justa que seja, a saudação ressente-se de extraordinária modéstia. Afinal, Sérgio Motta compareceu à realização de todo esse percurso como agente de um papel único e simplesmente fundamental.
Conhecido como o "trator" do PSDB, o Ministro, de fato, representava com estilo particular a própria base tucana do Governo FHC. Afinado com o ideal partidário da social-democracia, agudamente consciente da necessidade de inserção do Brasil na cena mundial contemporânea, soube conduzir com firmeza necessária a progressiva emancipação do sistema de comunicações brasileiro, impondo o ritmo
da desestatização e da competitividade empresarial.
Amigo íntimo do Presidente, tomou a si o duríssimo papel de crítico do Governo para o próprio Governo, mas exatamente por isso, por privilegiar o interesse público ainda que com risco para as relações pessoais, terminou por fortalecer os laços de confiança recíproca, nascidos de uma amizade de décadas.
Sua atuação não se restringia, portanto, ao Ministério. Sérgio Motta era em si uma máquina poderosa em termos de articulação política, cuja engrenagem levava força a todos os setores do Governo. No que se refere às reformas constitucionais, que defendia todo o tempo com ardor e convicção, trabalhou como um dínamo para obter o apoio dos Parlamentares. Era titular dos principais gestos do Executivo em relação ao Congresso, e do outro lado, na ponta do Legislativo, preparando a recepção, brilhava a figura carismática de Luís Eduardo Magalhães.
Representante da base pefelista do Governo Fernando Henrique, Luís Eduardo conferia a seu partido uma feição evidentemente mais ágil e cosmopolita. Com trânsito garantido entre Deputados de todas as legendas, merecedor de unânime respeito mesmo entre adversários ideológicos, soube combinar com absoluta autenticidade as maiores qualidades do político: a habilidade para negociar e a credibilidade pessoal. Além da notória simpatia e cordialidade no trato com os colegas, das quais fomos todos testemunhas, Luís Eduardo impunhase tanto pela lealdade com que servia ao Governo quanto pela sinceridade com que agia em relação a seus pares. Articulador de mão cheia, amante do jogo político no palco de Brasília, foi ao mesmo tempo
um idealista, empenhando-se de corpo e alma no projeto das reformas, lutou até o último minuto pelo aperfeiçoamento do Estado brasileiro, nos moldes exigidos pelo mundo contemporâneo.
Colhido na flor da idade por um infarto fulminante, no auge de uma carreira de tanto prestígio, Luís Eduardo emocionou com sua morte prematura todo o País. A Bahia, sua terra natal, a cujo Governo deveria em breve se candidatar, chorou consternada a perda de sua maior estrela política. E sofremos todos, absolutamente solidários com o indescritível sofrimento do Senador Antonio Carlos Magalhães, que assistiu impotente ao passamento de seu herdeiro dileto, após algumas horas de penosa luta pela vida. Foi assim, Sr. Presidente, que, em meio a profundo pesar, a sociedade brasileira viu desfalcar-se de seus grandes nomes a equipe do Governo, estando ainda inconcluso o processo de reformas requeridas pelo País. Como todos sabemos, a equipe de um governo democrático é uma estrutura delicada, cujo equilíbrio depende do profundo compromisso de seus componentes com o programa político adotado. Sobretudo quando se trata de um Governo de coalizão, que busca compor interesses legítimos presentes na sociedade, impõe-se a realização de um trabalho extremamente afinado, coordenado, à altura da tarefa que se pretende executar. Sérgio Motta e Luís Eduardo eram homens dessa envergadura, trabalhavam em conjunto, no mais consciencioso espírito democrático, com a mais absoluta clareza de propósitos, pelo futuro do Brasil. O peso de tamanha fatalidade não deve, porém, nos fazer esmorecer. Mais do que nunca, somos todos responsáveis pelos próximos passos, pela manutenção dos rumos definidos, para que se atenda, no tempo
devido, aos profundos anseios da sociedade brasileira.
É certo, Sr. Presidente, que a ausência de Sérgio Motta e Luís Eduardo Magalhães se fará sentir a cada momento, em especial no que diz respeito à atividade desta Casa, tributária da excelente administração de Luís Eduardo. É certo, ainda, que as respectivas condutas como homens públicos permanecerão como paradigmas para todos os que os conheceram e sobretudo para aqueles que vierem a lhes suceder. Mas também é certa nossa disposição de recomeçar, de dar continuidade, de manter acesa a chama de tanta dedicação e lealdade, cuja contribuição se fez inestimável para o País.
Apresentamos, assim, nossas mais sinceras condolências às famílias Motta e Magalhães, cujo sofrimento é compartilhado por todos os brasileiros. A elas sentimo-nos unidos em todo momento de dor e de oração. Não nos esquecemos, ainda, que a mão que verdadeiramente enxuga as lágrimas é aquela que se volta para o trabalho, que prossegue na semeadura e que colherá o fruto do labor de sucessivas gerações.
Descansem em paz esses exemplares companheiros de luta, sob as bênçãos eternas de nosso Pai Celestial. Saibamos, nós, honrar-lhes a conduta, permanecendo inabaláveis na luta patriótica por um grande Brasil.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao nobre Deputado Marcus Vicente.
O SR. MARCUS VICENTE (PSDB - ES. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente da Câmara dos Deputados, Deputado Michel Temer, Sr. Vice-
Presidente da República, Marco Maciel, Sr.as e Srs. Deputados, senhoras e senhores convidados, falar do prestígio e da importância de Luís Eduardo Magalhães e de seu pai, Antonio Carlos Magalhães, é chover no molhado. O Brasil é testemunha da habilidade e do talento desses dois políticos. Mas um detalhe me chamou particularmente a atenção naquele momento triste quando Luís Eduardo deixou este mundo. A ternura entre pai e filho, que a televisão mostrou para o País, é algo extraordinário, que merece registro. No corre-corre da vida pública, a ternura costuma ser esquecida. Os corações vão-se embrutecendo, e as emoções se perdendo.
Antonio Carlos Magalhães e seu filho são dois vencedores não apenas por causa da liderança política que exercem, mas sobretudo porque cresceram, tornaram-se gigantes e não deixaram morrer a ternura. Costumavam beijar-se nos encontros políticos; não tinham vergonha de externar esse amor extraordinário que os uniu a vida inteira. Antonio Carlos Magalhães é um homem de coração, um homem que chora, um homem de verdade. Quero neste momento, Senador, externar o meu pesar e a minha admiração. A vida já me ensinou uma coisa, Senador: quando descobrimos que ninguém morre e sim renasce para uma nova vida, a dor de hoje se transforma numa suave espera. É assim que espero que seja a sua vida daqui para frente, porque o reencontro é certo. Prepare-se para ele da melhor forma possível, com generosidade no coração, valentia no peito e a sina de um guerreiro. Foi assim que Luís Eduardo aprendeu a amar o seu pai, e é assim que gostará de vê-lo de novo, um dia.
Coragem, Senador!
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Lael Varella.
O SR. LAEL VARELLA (PFL- MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, hoje dirijo-me ao plenário para falar, inicialmente, de derrota. Não da derrota sofrida por cada um de nós. Não da derrota sofrida por esta Casa, quando nos é arrancado um de seus membros. Não da derrota sofrida pela família Magalhães. Não da derrota sofrida pelo Estado da Bahia. Não da derrota sofrida pelo nosso País.
Hoje falo da derrota sofrida pela morte, que, sentindo-se ilusoriamente vitoriosa, escolheu para afastar de nós um homem na expressão maior da palavra, meu amigo Luís Eduardo Magalhães.
Esqueceu-se ela de que jamais conseguirá tirar do peito de cada um de nós a lembrança de seus atos, a consciência de suas atitudes, nem mesmo conseguirá apagar o brilhantismo de sua carreira política.
Diversos colegas já falaram de sua vida pública, e outros, com certeza, estarão usando da palavra para o reconhecimento de seus atos, que são absolutamente incontestáveis.
É de vitória que falo agora.
Vitória do Senador Antonio Carlos Magalhães, que teve em seu filho a prática de uma educação construída no respeito e na dignidade, e que o vê ser buscado como espelho dos homens que representam a nossa sociedade. Vitória de quem o teve como filho, esposo, genro, irmão e pai.
Vitória desta Casa legislativa, por tê-lo tido presente em todos os momentos de mudanças sociais.
Vitória por sua Liderança.
Vitória por ter podido ouvir seus pronunciamentos e extrair deles a certeza de que estava diante de uma cultura invejável e totalmente voltada para o bem de um povo que aprendeu a admirá-lo e respeitá-lo.
Se não lhe permitiu o futuro, nem mesmo assim a morte não saiu vitoriosa, porque seu futuro já havia chegado, como comprova o exemplo que deixou para todos nós, apontando qual o melhor caminho a seguir em busca da verdadeira democracia e do engrandecimento de nossa Nação.
Luís Eduardo Magalhães deixou-nos o significado mais amplo da amizade, da sinceridade e da honradez, princípios morais hoje tão escassos entre os povos. Mostrou, durante o nosso convívio, a retidão de suas palavras, a responsabilidade em cumprir os compromissos assumidos, mesmo de forma verbal, com seus pares.
Sua notória credibilidade levou-o à liderança nesta Casa e fez dele uma das personalidades mais respeitadas no meio político e social, respeito que obteve junto aos Poderes constituídos da República.
Levado não apenas pela amizade, que era recíproca, mas também pela sua idoneidade, fez-me recordar, por inúmeras vezes, de quando, há muito tempo, a palavra de um homem representava muito mais que várias e várias laudas de um contrato.
Sr. Senador Antonio Carlos Magalhães e família, somente quem traz na alma dor igual pode aquilatar o que vai no coração de cada um de vocês, mas estamos falando de um vitorioso, de um homem que, como tal, após traçar o caminho que deveremos seguir, será lembrado por todos nós.
Assim, somente me resta agradecer-lhes o amigo que me concederam, e acreditando estar, neste
"Nós, que éramos seus adversários políticos, nem por isso deixávamos de respeitar a sua palavra, que não era dada em vão."
momento, falando em nome de todos, agradecer a Deus todos os momentos que juntos e unidos ficamos.
Foi para mim uma honra ter Luís Eduardo como amigo e como companheiro, durante toda essa jornada.
Tenho dito.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra à Sr.a Deputada Regina Lino.
Regina Uno
A Srª. REGINA UNO (Bloco/PMDB - AC. Pronuncia o seguinte discurso.) Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a morte é um assunto difícil de ser abordado. Se o saudoso Deputado Luís Eduardo Magalhães não tivesse tido a importância que teve e se não fosse merecedor do carinho de multidões, mesmo assim não seria fácil falar de sua viagem sem volta.
O seu nome certamente continuará frequentando a memória nacional. Nenhuma memória, porém, é forte o suficiente para substituí-lo, suprindo a necessidade desta Casa e do País de um líder como o que perdemos. Isso sem citar a dor da família, que, por conhecê-lo e admirá-lo mais intimamente, certamente mais lamenta sua perda. Lá não se chora a morte de um líder nacional com grandes perspectivas futuras, mas a morte de um filho querido, de um pai de três filhos, de um irmão, de um marido.
O Brasil perde parte de seu presente e parte de seu futuro, pois Luís Eduardo tinha chances extraordinárias de ser o próximo Governador da Bahia, como etapa inicial do projeto que pretendia torná-lo, em seguida, o primeiro Presidente da República do Partido da Frente Liberal.
Nós, que éramos seus adversários políticos, nem por isso deixávamos de respeitar a sua palavra, que
não era dada em vão. Longe de qualquer ranço fisiologista, o ex-Presidente da Câmara dos Deputados e Líder do Governo era neoliberal por convicção. Definia-se como de centro-direita e sua admiração pelas ideias de Roberto Campos era temperada por leituras dos textos sociológicos de Max Weber, gosto que veio a partir das frequentes citações desse pensador alemão feitas pelo Presidente da República.
Não poderíamos ignorar a amizade e admiração mútua surgida entre Fernando Henrique Cardoso e Luís Eduardo Magalhães, nem menosprezar a importância dessa amizade na troca de alianças entre o PSDB e o PFL.
Vale lembrar que, longe de ser apenas o filho do maior cacique político brasileiro, Luís Eduardo tinha luz própria, demonstrada em sua recusa à Vice-Presidência da República e em várias outras oportunidades. Tinha, por exemplo, relações cordiais com membros do Partido dos Trabalhadores e com Waldir Pires, coisa que Antonio Carlos Magalhães certamente não o aconselharia. O pai admitia que seu dileto filho herdara-lhe todas as suas virtudes, mas não os defeitos.
Sendo assim, senhoras e senhores, quem morreu não foi apenas o projeto político e pessoal do Senador mais influente que este País já teve. A morte de Luís Eduardo, irreparável para os familiares, causará certamente deslocamentos de poder dentro do Partido da Frente Liberal, com reflexos na vida partidária de todo o País. Afinal, tratava-se do Deputado pefelista mais respeitado, e não à toa, mas por atos memoráveis, como quando foi a uma delegacia, na década de 1980, protestar contra a prisão arbitrária de membros do PCdoB.
"Com a sua pertinácia, inteligência e competência, Luís
Eduardo deu brilho e devolveu a dignidade a esta Casa."
Rubens Medina
Foi esse homem público que o Brasil perdeu.
Daqui para a frente, muita coisa continuará mudando no jogo político, mas tenho certeza de que os líderes que conjugam fortaleza ideológica com capacidade conciliatória, como era o caso de Luís Eduardo Magalhães, serão cada vez mais valorizados. É por isso que sua ausência sempre será lembrada e relembrada. Também por isso esta sessão não porá fim ao nosso pesar.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Rubem Medina.
O SR. RUBEM MEDINA (PFL - RJ. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, depois de conviver por mais de uma década e poder desfrutar do privilégio da amizade do ex-Deputado Luís Eduardo Magalhães, para mim é uma tarefa quase desumana ter de me habituar à sentida ausência desse quase irmão, companheiro inseparável e leal. Com a sua pertinácia, inteligência e competência, Luís Eduardo deu brilho e devolveu a dignidade a esta Casa, particularmente nos dois anos em que a presidiu com empenho, dedicação e compromisso com as causas mais nobres da nacionalidade.
Mesmo herdeiro de um dos mais importantes líderes políticos que o Brasil conheceu — o Senador Antonio Carlos Magalhães —, o Deputado Luís Eduardo desde cedo provou que tinha luz própria. Ainda como Deputado Estadual na Bahia e posteriormente como companheiro nosso nesta Casa, a partir de 1986, trazia no sangue a fibra e a abnegação dos bandeirantes, dos desbravadores do Brasil do futuro.
Mostrou que era um homem do seu tempo, mas com os olhos voltados para o futuro. Mesmo fazendo
parte da geração pós-arbítrio, soube entender o momento histórico que o País vivia, a partir da redemocratização, para cujo sucesso muito contribuiu o desprendimento de seu pai ao romper com a velha ordem política e se aliar a democratas do porte de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães na construção da Nova República e da plenitude do Estado de direito.
Luís Eduardo ingressou na vida pública nesse momento singular da nossa história republicana e logo percebeu que só a redemocratização não bastava. Para ele, o restabelecimento do Estado de direito e a plenitude democrática eram apenas os aspectos basilares para a construção de um Estado moderno, justo e equânime. Mas tinha consciência de que a modernização do Estado passava pelo Congresso Nacional e exigia uma longa caminhada.
E foi imbuído desse propósito que ele chegou a esta Casa em 1987, no ano em que iniciávamos os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte. Foi nesse cenário que Luís Eduardo se firmou corno um líder inconteste, comprometido com a luta em favor da modernização do Estado, da abertura econômica e da necessidade de se construir os pilares para a integração do Brasil no contexto das nações desenvolvidas, diante da realidade que se impunha com os princípios que emergiam com a globalização econômica.
Embora o resultado da Constituinte não fosse o de seus sonhos, é evidente que houve significativos avanços no combate às amarras que impediam o País de se modernizar e de construir o seu futuro. E muitos desses avanços foram fruto da pertinácia e da luta perseverante de Luís Eduardo na defesa das teses modernizantes em que sempre acreditou.
Hoje, quando se discute mais uma vez nesta Casa novas propostas de reformas constitucionais,

particularmente as reformas administrativa, da
Previdência e a reforma tributária, chega-se à conclusão do quanto o Deputado estava certo da premência e da necessidade das mudanças que não pudemos viabilizar durante a Constituinte e que tardiamente e a duras penas tenta se aprovar nesta Legislatura.
Os embates durante a Assembleia Constituinte representaram o batismo de fogo de Luís Eduardo na política nacional e contribuíram para forjar sua Iiderança entre seus pares no Congresso Nacional, pela sua competência, carisma, seriedade, companheirismo e lealdade. Desde então essa imagem positiva se consolidou ainda mais — mesmo entre os Líderes dos partidos de oposição —, tornando-o uma referência não apenas nesta Casa, mas em todo o País. Foi com esses predicados que ele conseguiu se impor como o líder maior do nosso partido, o PFL, pois simbolizava nossos sonhos e aspirações e sintetizava o que de melhor o partido dispunha para levar adiante seu projeto político. Era uma liderança moldada a ferro e fogo para ser o timoneiro das lutas futuras que abraçamos, liderança esta que seria ainda mais lapidada pela passagem pelo comando do Executivo baiano, deixando-o pronto para desfraldar a bandeira do projeto PFL 2002, numa eventual sucessão do Presidente Fernando Henrique Cardoso.
Lamentavelmente, os planos dos seres humanos nem sempre estão em sintonia com o que Deus nos reserva. E no caso do nosso amigo e quase irmão Luís Eduardo, Deus lhe reservara na terra essa curta missão. Como se tivesse consciência disso, ele a cumpriu com modelar empenho, coragem, abnegação e até com sacrifício pessoal. E esse é o legado que ele nos deixa: um exemplo de amor à Pátria que ele tanto
defendeu e de compromisso com um Brasil melhor para todos os brasileiros.
Resta-nos, portanto, aprender a conviver com esse imenso vazio que o Deputado deixou nesta Casa e com a sua sentida ausência. E o vazio deixado por ele não se limita a esta Casa. Perde o Governo um aliado de primeira hora e uma de suas estrelas de maior brilho no palco da articulação política. Perde a Nação alguém verdadeiramente comprometido com os anseios de mudança da sociedade brasileira e expressão maior da luta em favor das reformas no Congresso Nacional.
Mas estamos convictos de que, na dimensão espiritual em que se encontra agora, Luís Eduardo certamente se fará presente em nossos corações e mentes, guiando-nos nessa longa caminhada pela modernização do País e nos orientando a defender e aprovar as teses que ele abraçou e nas quais sempre acreditou e que contribuirão para a construção de uma sociedade justa e igualitária.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Pedro lrujo.
O SR. PEDRO IRUJO (Bloco PMDB - BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Presidente do Congresso Nacional, Senador Antonio Carlos Magalhães; Sr. VicePresidente da República, Senador Marco Maciel; Sr.as e Srs. Deputados, D. Arlette, D. Michelle e demais familiares do Deputado Luís Eduardo Magalhães, neste momento solene de homenagem póstuma ao Deputado Luís Eduardo Magalhães, como seu colega e amigo, quero manifestar ao seu pai, o Senador
Antonio Carlos Magalhães, à sua mãe, D. Arlette, à sua esposa e filhos minha consternação e meu profundo sentimento de pesar pela inesperada morte deste estimado e notável homem público.
Sr. Presidente, torna-se fundamental enfatizar para os familiares do Deputado Luís Eduardo Magalhães que, para nós todos, Parlamentares, sua morte física constitui uma perda irreparável. Porém, seu ideal continuará presente neste Parlamento, onde ele soube orientar e conquistar todos, sem distinção.
A sua capacidade de liderança, o seu descortino e a sua competência demonstrada nos embates mais difíceis deste Congresso marcaram de forma indelével a história política de nosso País e permanecerão como virtudes capazes de iluminar nossos pensamentos a fim de encontrarmos a união e as forças necessárias para defender suas ideias a favor da democracia e do desenvolvimento do povo brasileiro.
A todos os familiares, mais uma vez, quero hipotecar minha completa e irrestrita solidariedade, lembrando que o Deputado Luís Eduardo Magalhães é verdadeiramente um grande exemplo a ser imitado.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Benito Gama.
O SR. BENITO GAMA (PFL - BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras e Srs. Deputados, o meu amigo, o nosso amigo Luís Eduardo Magalhães está sendo reverenciado pelos seus méritos e pranteado pela imensa falta que fará a todos. Dele ficará uma imensa saudade, a lembrança
"A sua capacidade de liderança, o seu descortino e a sua competência demonstrada nos embates mais difíceis deste Congresso marcaram de forma indelével a história política de nosso País."
Pedro Irujo.

eterna e um exemplo edificante para todos nós e para o Brasil.
Luís Eduardo partiu cedo, bastante jovem, quando mais útil se fazia ao País sua conduta política. Não nos cabe discutir os desígnios de Deus ou do destino, mas nos é permitido avaliar seu grau de justiça. Luís Eduardo Magalhães não merecia que o destino lhe encerrasse a carreira, enlutasse seus amigos e admiradores e provocasse tanta dor em seu querido pai, de quem era uma das maiores alegrias na vida.
O orgulho de seu pai, o bravo Senador Antonio Carlos Magalhães, era plenamente justificado. Nós, políticos e amigos que privamos por tantos anos de sua amizade, também sentíamos muito orgulho de termos uma ligação afetiva com Luís Eduardo Magalhães.
Ele foi levado ainda muito jovem de nosso convívio, e com esse desígnio injusto jamais nos acomodaremos. Ainda assim, Luís Eduardo deixou um grande patrimônio de realizações pessoais e políticas e exemplos que devem ser lembrados por nós, políticos, e pelas pessoas interessadas na convivência pacífica e na superação dos problemas que afligem a sociedade e os homens.
Luís Eduardo lega a todos nós características extraordinárias de sua personalidade, que se refletiam com brilho em sua conduta pessoal e política. A primeira delas foi a cordialidade permanente, no trato com amigos ou adversários, no respeito aos que com ele afinavam em pensamento e conduta, como aos que dele discordavam por defender ideias diferentes.
A cordialidade humana, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, está ficando cada dia mais rara. Luís Eduardo era tolerante e permanentemente cordial.
A dor de todos pelo seu desaparecimento precoce mostra o quanto era estimado por seus pares, de todos os matizes pessoais e políticos.
Outra característica que gostaria de ressaltar, tendo sido lembrada mesmo pelos seus adversários, foi sua seriedade e honradez em todas as funções exercidas. Sua palavra era honrada, seus acordos respeitados. Este é mais um exemplo deixado pelo jovem Parlamentar.
Ambas são características essenciais para um político honesto, merecedor da confiança do povo, capacitado a ter condição de liderança em função da correção e da cordialidade na conduta, pessoal e profissional.
Paralelamente, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, ao longo da vida de Luís Eduardo, o Brasil assistiu também a um belo exemplo de amor filial, de uma relação extraordinariamente edificante entre pai e filho. O destino levou para a eternidade uma bela relação de amor e solidariedade entre o pai e o filho. Unidos não apenas pelo amor recíproco, como pela dedicação ao povo da Bahia e do Brasil. A morte sempre surpreende, entristece e revolta, mas no caso de Luís Eduardo, a dor foi ainda maior. Estamos inconformados e arrasados, Sr. Presidente. Vamos lembrar e propagar tudo que aprendemos e admiramos em Luís Eduardo Magalhães, valorizar seus exemplos.
Será pouco para sua grandeza, mas nos ajudará a ter o amigo sempre presente em nossas lembranças. A morte rouba seu corpo, mas não nos leva sua alma, seu espírito, seu amor.
Este é um preito de saudade e dor, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Serafim Venzon.
O SR. SERAFIM VENZON (PDT - SC. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente Michel Temer; Sr. VicePresidente da República Marco Maciel; Sr. Presidente do Senado e do Congresso Nacional Senador Antonio Carlos Magalhães; esposa, filhos, irmãos e familiares de Luís Eduardo Magalhães; Sr.as e Srs. Deputados, do ponto de vista filosófico, nascimento e morte significam a renovação da vida. Nascer e morrer não é mais do que renovar a face da terra.
Quando alguém morre, todos morrem um pouco, e ao mesmo tempo ninguém morre, porque não só os ideais, mas a própria pessoa permanece viva em cada um.
Mesmo sabendo e sentindo isso, mesmo tendo a convicção da ressurreição, é difícil apagar a saudade. Em cada canto deste plenário e pelos corredores sentimos e ressentimos a convicção da luz de Luís Eduardo.
Se em cada um de nós resiste a controvérsia, opiniões divergentes que nos conduzem a uma resultante, o Deputado Luís Eduardo representa um lado definido. Marcou-nos a convicção com a qual defendia não só o seu ponto de vista, mas o de uma importante fração da sociedade.
Cada um de nós representa um conjunto de pessoas ligadas a uma ideologia. O Deputado Luís Eduardo soube, com elegância, fineza e determinação, fazer a sua parte. A forma como a fez certamente queremos imitá-la; por isso cada um de nós sente tanta saudade. Ele, ressuscitado, está no meio de nós, ouvindo, sugerindo e conduzindo com a jocosidade peculiar. Como Presidente desta Casa ou como Líder
do Governo, conseguia fazer elogios ou críticas com simpatia, e angariava a cada dia novos amigos.
Deputado Michel Temer, permita-me neste momento um ato de confissão: quando eu encontrava o Deputado Luís Eduardo aqui, no plenário, ou em qualquer dependência desta Casa, sempre o chamava de meu Presidente - meu Presidente, como cada um de nós o chama agora.
Somente Deus encontrará uma forma de nos compensar, a nós e ao Brasil.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer) - Concedo a palavra ao Sr. Deputado Domingos Leonelli.
O SR. DOMINGOS LEONELLI (PSB - BA. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, o desaparecimento do Deputado Luís Eduardo Magalhães impõe-me o dever de fazer dois registros. Um de ordem pessoal e outro de ordem política.
Pessoalmente nunca imaginei que fosse dirigir ao Senador Antonio Carlos Magalhães outro sentimento que o do reconhecimento da sua força política. E, no entanto, desde o momento em que tomei ciência da morte de Luís Eduardo Magalhães, dirigi-lhe — e expressei-lhe pessoalmente na Assembleia Legislativa da Bahia — a minha mais profunda e comovida solidariedade. Tanta dor e tanta desolação, quebrados que foram a vida e o projeto político sintetizados na pessoa de seu filho.
Junto, neste momento, portanto, esta solidariedade a milhões de gestos e palavras solidárias, recebidas, pessoalmente ou não, pelo Senador Antonio Carlos e sua esposa, D. Arlette.
Mas não estaria fazendo justiça à memória do Deputado Luís Eduardo, com quem mantive durante dezessete anos — dos dezenove que se passaram desde nossa estreia parlamentar na Assembleia da Bahia — relações cordiais e afetuosas, se não incluísse no registro da política as reflexões que me ocorreram com seu desaparecimento.
A primeira dessas reflexões é a constatação de que a elite brasileira perdeu um de seus melhores quadros dirigentes. E diferentemente de outras experiências históricas onde esta elite foi buscar os seus quadros nas Forças Armadas, na diplomacia ou mesmo no aproveitamento de aventureiros, dessa vez estava-se forjando um quadro no Parlamento, na prática democrática da negociação e da disputa política.
Habituado ao poder, conhecedor das entranhas e da formação do Poder Legislativo, Luís Eduardo parecia ter, também, plena consciência do significado e da natureza jurídica, social e cultural do Parlamento. Atendendo, no entanto, à tradição governista da direita brasileira, mesmo possuindo essa consciência colocava acima dela as exigências práticas do exercício do poder, tornando-se, como se tornou algumas vezes, Líder do Governo quando ainda era Presidente da Câmara. Claro que para isso contou com uma maioria alinhada automaticamente ao Governo — alinhamento que podia ter o seu dedo, mas não era, obviamente, sua exclusiva obra. Submeteu esta Casa aos interesses do Executivo, de cujo Chefe tornouse amigo, referência e orientador. Mas não o fez por subserviência pessoal e, sim, para cumprir um programa de ajuste conservador neoliberal com o qual tinha claros e inequívocos compromissos.
"Este excelente quadro da elite brasileira situava-se como homem de centro-direita. E isso obviamente só fez ajudar a democracia brasileira, que se beneficiou da transparência da definição ideológica." Domingos Leonelli
Cadetes conduzindo o caixão do deputado Luís Eduardo Magalhães, na saída do Congresso Nacional.
Foto Ricardo Stuckert, Abril Imagens. - 1998

Este excelente quadro da elite brasileira situavase como homem de centro-direita. E isso obviamente só fez ajudar a democracia brasileira, que se beneficiou da transparência da definição ideológica.
Mas a principal reflexão que registro neste momento, Sr. Presidente e Srs. Deputados, ousa juntar comportamento pessoal e traços psicológicos à componente política.
Toda vez que me perguntavam se Luís Eduardo era mais leve que o pai, eu respondia: É, ele pode ser mais leve, porque o pai já jogou pesado em seu lugar.
Continuo com essa opinião, mas confesso que essa era apenas uma parte da verdade. A visão mais oposicionista dessa verdade. A visão de quem lutou, luta e continuará lutando contra o que na Bahia se chama de ditadura carlista.
Porém, a verdade mais completa e mais justa é que, sendo herdeiro de uma grande força política, Luís Eduardo não se limitou a optar por uma das duas atitudes previsíveis nesses casos: a acomodação ao poder já acumulado pelo seu pai, ou a rejeição da herança autoritária.
Luís Eduardo preferiu o caminho mais difícil: aceitou a herança da força, partiu dela, usou-a, mas procurou transformá-la em benefício de uma prática política mais avançada.
Tentou, e em certa medida, conseguiu, no plano nacional, transformar o peso em leveza, o jogo bruto em suavidade.
Disputaria o Governo da Bahia, e, se viesse ganhar a eleição, na certa tentaria fazer uma transição — controlada, provavelmente — do regime monopólico da política na Bahia para um regime mais aberto. E talvez fosse a melhor pessoa para fazer isso, pois era,
digamos, sócio do empreendimento e não um bom executivo contratado.
E é por isso, Sr. Presidente, que me permito refletir: se Luís Eduardo soube herdar de seu pai e de seu grupo político o poder acumulado, avançando, que agora seus seguidores e correligionários tornem-se herdeiros da leveza, da suavidade e da transparência que aqui em Brasília constituíram-se em seu patrimônio político.
Esta é a homenagem que de forma sincera posso prestar à memória do jovem líder morto.
Era o que tinha a dizer.
O SR. PRESIDENTE (Michel Temer)Cumprimentamos, mais uma vez, o Exmo. Sr. VicePresidente da República, presente a esta sessão; os componentes da Mesa — todos presentes — Deputados Heráclito Fortes, Nelson Trad, Efraim Morais, Severino Cavalcanti, Ubiratan Aguiar e Paulo Paim, e, com todos os nossos sentimentos, o nobre Presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, e toda a família.
Registro que a sessão de hoje serviu para marcar e remarcar que o Legislativo brasileiro reconhece e quer deixar presentes os grandes homens que por aqui passaram.
À família, a Mesa Diretora e os Parlamentares, tal como registrado nas várias manifestações, querem, mais uma vez, prestar uma palavra de conforto.
Convido a todos, portanto, para que nos encaminhemos à Galeria dos ex-Presidentes, a fim de inaugurar o retrato do nosso querido ex-Presidente Luís Eduardo Magalhães.
Somos os que construímos com sacrifício e com risco os vitoriosos fundamentos definitivos do sistema democrático. Somos, às vezes, desprezados, mas somos os legítimos representantes do povo brasileiro, e o nosso poder ninguém conseguirá usurpar, porque emana do povo brasileiro, e ao povo brasileiro vamos dirigi-lo.
Luís Eduardo Magalhães Fevereiro de 1995 e
Câmara dos Deputados
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1º Vice-Presidente Fábio Ramalho (PMDB/MG)
2º Vice-Presidente André Fufuca (PP/MA)
1º Secretário Giacobo (PR/PR)
2º Secretária Mariana Carvalho (PSDB/RO)
3º Secretário JHC (PSB/AL)
4º Secretário Rômulo Gouveia (PSD/PB)
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César Halum (PRB/TO)
Pedro Uczai (PT/SC) Carlos Manato (SD/ES)
Procurador Parlamentar Carlos Marun (PMDB/MS)
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Brasília, abril de 2018.


Agradecimentos
Abril Comunicações S.A.
Alezinha Roldan
Ana Araújo
Ana Passos
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Departamento de Taquigrafia, Revisão e Redação | Câmara dos Deputados
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Fabio Petrosigallo
Fundação Getúlio Vargas
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João Gollo
Jornal A Tarde
Juliana Baldoni Figueiredo
Luís Eduardo Magalhães Filho
Luiz Felipe Matos
Michelle Marie Magalhães
O Globo
Orlando Brito
Rede Bahia
Ricardo Stuckert
Seção de Gestão de Documentos Digitais Consolidados | CEDI | Câmara dos Deputados
Sérgio Knust
Todos os esforços foram feitos no sentido de localizar e contatar os detentores dos direitos autorais das imagens aqui publicadas. Colocamo-nos à disposição para qualquer correção ou complementação de créditos que se façam necessárias.
O Luís coordenava os trabalhos com os olhos
Luis Carlos Hauly
Deputado federal
Secretaria de Comunicação Social Centro Cultural