Introdução à geomorfologia

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Introdução à geomorfologia

invólucros (hidrosfera, biosfera e atmosfera). Como toda superfície de contato, a superfície da litosfera é o reflexo de um equilíbrio móvel entre forças de natureza diferente. Essas forças têm sua origem no interior da Terra (processos endógenos), por ação tectônica, e no exterior (processos exógenos), pela ação da atmosfera, hidrosfera e biosfera. Esse campo é dinâmico porque as forças agem e reagem, gerando um sistema de interferências e reciprocidades. A análise e o estudo dos fenômenos gerados dessa complexidade de ações devem ser feitos sob dois enfoques elementares: o estático e o dinâmico, para que possa atender ao duplo objetivo da geomorfologia: 1. Fornecer descrição explicativa e um inventário detalhado das formas. 2. Analisar os processos que operam na superfície terrestre. No primeiro caso, a geomorfologia se preocupa com o aspecto estático da paisagem (anatomia da paisagem). No segundo, com o aspecto dinâmico (fisiologia da paisagem). Ainda de acordo com a autora, esses dois aspectos, descritivo e genético, são interligados e um exige dados do outro. Para o estudo dos fatos geomorfológicos, assim colocados, a moderna geomorfologia deve se ocupar de descrever, classificar e explicar racionalmente, com o auxilio de métodos e técnicas cada vez mais aprimorados, por vezes tomados de empréstimo de outras ciências naturais conexas. A descrição deve fornecer um inventário completo da geometria das formas e da rede de drenagem e as informações devem ser quantificadas a fim de permitir correlações para o estabelecimento de índices e de cálculos para elaboração de teorias e generalizações. Também deve se voltar para o contexto histórico, socioeconômico e cultural e suas interferências nos processos morfodinâmicos, bem como a forma com que os processos físicos afetam o tecido social. De acordo com Saadi (1998), quaisquer que sejam os objetivos perseguidos e os consequentes caminhos escolhidos, nenhum deles poderia, na lógica da realização de um trabalho completo, prescindir do uso das três abordagens fundamentais da geomorfologia: abordagem morfoestrutural, abordagem morfoclimática e abordagem morfotectônica. Muitas vezes consideradas como caminhos específicos dotados de vida própria e objetivos particulares, são, na realidade, abordagens complementares, todas necessárias à elaboração de um estudo completo e conclusivo. A abordagem morfoestrutural para Saadi (1998), já com mais de um século de consagração, focaliza o controle exercido sobre a morfologia pelo arcabouço litoestrutural, entendido como o conjunto de “elementos geológicos passivos”, tais como natureza litológica (rochas sedimentares, ígneas, metamórficas), arranjo de camadas (dobradas, monoclinais, horizontais) e rupturas crustais (falhas, zonas de cisalhamento). Em raros casos adentra-se ainda no detalhe das diferenças na composição mineralógica das rochas, da existência de uma ou mais direções de foliação, da tipologia das rupturas crustais, entre outros (SAADI, 1998).


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