Jornal ME ES Gaia Nascente

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ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE

25 de abril

50 anos nas asas da Liberdade. pág. 4-5

Concurso de Poesia

Interescolas de Gaia

25 anos nas asas da Poesia. pág. 14 Música, maestro ! Nas asas da música, com Rui Massena. pág. 6-7

Vem e veste !

Um projeto de solidariedade social. pág. 8-9

2019/20

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Esta edição do jornal ‘Melhor Escola’ faz parte integrante da edição nº 1147, de 13 de abril de 2024, do jornal O Gaiense O conteúdo deste suplemento é de total responsabilidade da escola PUB farmaciagaiajardim.com
Vencedor do Prémio Gazeta de Imprensa Regional www.gertal.pt Consigo, com muito gosto. Ilustração de: Simone Gonçalves

FORA DA CAIXA

Fora da caixa é que nós ganhamos asas.

Asas que não são de cera como as que Dédalo construiu para Ícaro, mas asas que agarram sonhos. Asas que nos dão ânsias de ir mais além, sem, no entanto, perdermos o norte. Como quem aprende a voar com os pés no chão.

O tempo que vivemos parece-nos mais rápido e mais ritmado em transformações. Será verdade, ou afinal, foi sempre assim? Como terão vivido os nossos avós as mudanças do seu tempo? Hoje, Inteligência Artificial, Internet, Robótica, entre outros, contribuem de forma indelével para alterar não só as conexões sociais, mas também as vivências culturais. Alteram relações laborais; são constantemente postos em causa o mundo do trabalho e a verdadeira importância da existência das coisas e das pessoas.

A função do jornalismo e a profissão daqueles que o exercem tornou-se complicada. Trazer de forma rigorosa informação a quem dela tanto precisa é de uma enorme responsabilidade. Mas é um facto que recebemos hoje notícias falsas ou enviesadas muito frequentemente, para descobrirmos passadas algumas horas que não foi assim; porque a verdade tem asas, como diz o povo,

e vem ao de cima, isto é, logo tudo se sabe. Porém a ideia deturpada permanece, muitas vezes na boca de movimentos populistas pouco informados, ganhando veios de real, por vontade expressa de quem não dá duas para a caixa.

Voar fora da caixa significa ir muito além do que está estabelecido e parece “normal”: é preciso ser capaz de uma análise crítica profunda, ter interesse em criar, investir, inovar. Para se conseguir desenvolver um belo trabalho “fora da caixa”, há que conhecer bem a “caixa” e tudo o que a rodeia.

Nem todos os que querem voar têm asas para isso. Há que começar por algum lado. Para se ser capaz de pensar fora da caixa, é preciso aprender a gostar de investigar muito e a sentir satisfação pelos resultados do nosso trabalho. É este o papel inicial da Escola, nomeadamente da Escola Pública, mas também de um jornal como o “Melhor Escola”, em todas os estabelecimentos do ensino secundário de Gaia, numa louvável iniciativa do jornal “O Gaiense”.

Vamos continuar a construir e a renovar caixas. Por fora e por dentro.

Voz à Ousadia

O 25 de abril de 1974 constitui um facto histórico muitíssimo relevante na história de Portugal. Permitiu ao país sair de um regime autoritário para um regime democrático, permitindo a todos ter uma voz. Resultou da uma decisão ousada de um punhado de militares para derrubar o regime opressivo que governava o país.

Este é o mote para podermos falar de dar Voz à Ousadia.

A ousadia é o que nos leva a sair da nossa zona de conforto e a assumir riscos e desafios. É a coragem de seguir em frente, mesmo quando tudo parece muito difícil. É a energia e a determinação que nos leva a concretizar os sonhos.

Através da voz podemos expressar as nossas ideias, sentimentos e emoções. Através da voz temos a possibilidade de nos expressarmos, tal como somos e, portanto, de podermos assumir a nossa diferença.

Dar voz à ousadia é acreditarmos em nós próprios, é confiarmos nas nossas capacidades e habilidades. É não termos medo de arriscar, de cometer erros e aprender com eles. É não ter medo de fazer e ser diferente.

Por isso é importante darmos voz à nossa opinião, experiências e sonhos, tornando-nos, assim, seres ativos na sociedade, contribuindo para a sua mudança e transformação.

No AEGN pretendemos que todos possam ter voz, ter opinião, que todos possam contribuir para as mudanças que são necessárias e que permitam que o Agrupamento seja um local livre, em que cada um possa assumir a sua individualidade, contribuindo para o alargamento de um universo formativo que nos torne a todos seres mais completos, tolerantes e solidários, aproveitando assim a oportunidade que um conjunto de militares nos deu com a revolução de abril de 1974.

Coordenação: Rafael Tormenta; Design gráfico/edição/fotografia: professoras Célia Costa e Telma Rodrigues, com os alunos de Multimédia (11ºano), Afonso Almeida, Davi Rocha, Gonçalo Flôr, Gonçalo Pascoal, Iara Silva, Isis Ramalho, João Costa, Júlio Lira, Kauã Navarro, Paulo Leonor, Pedro Leal, Sophia Portela, Telmo Pascoal e Tomé Santos, e de Artes (12ºano), Betariz Silva, Bruna Silva, Gonçalo Linhas, Hugo Moura, Inês Pereira e Nádia Pereira; Ilustração: professora Helena Veloso, com os alunos de Artes (11º ano), Érica Paula, Gonçalo Oliveira, Humberto Filho, Joana Navega Teixeira e Simone Gonçalves; Conteúdos: Diretor Rui VanZeller Campos, professores Celeste Fraga, Emanuel Silva, Isabel Teixeira, Nuno Monteiro, Teresa Cardoso e Rafael Tormenta, com os alunos de Humanidades, do 10ºano, Camilly Linhares, Beatriz Monteiro, Filipa Dias, Gonçalo Silva, Leonor Carvalho, Nuno Gomes, Rodrigo Silva, Wendy Troso, do 12ºano, Aida Pinto, Aline Varela, Ana Almeida, Ana Ribeiro, Beatriz Gonçalves, Carla Gaspar, Cláudia Rodrigues, Diana Lopes, Diana Ferreira, Diogo Pereira, Inês Barbosa, João Santos, Kelson Jacinto, Luana Rebelo, Luana Faria, Mariana Santana, Marta Monteiro, Oriana Gomes, Ricardo Pinto, Sofia Gonçalves, Vitória Cavadas, Vitória Peixoto, e de Ciências e Tecnologias, do 10ºano, Ana Neves, Cristiana Silva, Daniel Silva, Elísio Cassul, Fabiana Silva, Francisco Pereira, Gonçalo Santos, Lucas Silva, Mafalda Sousa, Martim Soares, Rafael Gonçalves, Renato Pinto, Rúben Silva, Susana Costa, Tomás Peixoto, Valério Cassul, do 11ºano, Alexandre Araújo, André Silva, Ariana Silva, Francisca Gomes, Gonçalo Cardoso, Luana Mateus, Luís Queiroz, Madalena Santos, Margarida Kucharski, Mariana Moreira, Mariana Guedes, Martim Fonseca, Rodrigo Santos, Tiago Santos e Tomás Araújo.

2 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE
ASAS DA OUSADIA
NAS
FICHA TÉCNICA Ilustração de: Humberto Filho Rui VanZeller Campos

Cristiano Pereira, o atleta de ouro

Cristiano Pereira, 21 anos, natural de Oliveira do Douro, sagrou-se no passado dia 24 de fevereiro campeão mundial nos 3000 metros e nas estafetas 4x400 metros indoor no campeonato do mundo VIRTUS, em Reims, França.

Este evento desportivo, vocacionado para a prática de atletismo de pista coberta, é promovido pela Federação Internacional para atletas com deficiência intelectual. E este não é um feito isolado do Cristiano, pois já em 2023 o atleta gaiense tinha conquistado dois títulos de campeão do mundo: os de corta-mato curto com a distância de 4 Km e de corta-mato longo, de 8Km, em Ciechanów, na Polónia. Pelos pés deste atleta, Portugal sagrou-se vice-campeão nas duas distâncias.

O interesse por esta modalidade começou cedo na vida de Cristiano Pereira. Na verdade, foi um professor de Educação Física que sugeriu a prática da modalidade, o que foi bem aceite numa família onde todos os membros estão ligados a uma prática desportiva. Uma vez começada esta «corrida», nunca mais parou.

Em 2016 fica federado através da Academia de Atletismo do Futebol Clube de Oliveira do Douro onde se mantém até hoje, que considera como uma segunda casa, e onde estão inscritos atletas dos 3 aos 82 anos.

Através da ANDDI (Associação Nacional de Desporto para a Deficiência Intelectual) já participou em cinco provas internacionais.

Mas o Cristiano não é atleta em exclusividade: neste momento está a tirar o curso de Engenharia Informática no Ispgaya. Assim, e continuando a ser um atleta de alto rendimento desportivo, o Cristiano

conjuga o ensino superior com treinos seis dias por semana, das 18h às 21h, quase que fazendo jus à demanda bíblica de descansar ao 7º dia.

«É uma vida de dedicação», confidencia a mãe que o acompanha neste seu percurso desportivo. Na verdade, para um jovem diagnosticado aos 19 meses com o espetro do autismo, o papel da família foi basilar para capacitar o atleta no nível em que se encontra atualmente. De resto, Delfina Silva teve que deixar de lado o seu emprego para atender às necessidades específicas que o Cristiano apresentava em determinada fase do seu crescimento, sendo os 18 anos o culminar de toda uma dinâmica de terapias que potenciaram o perfil de funcionalidade do atleta.

Como a maior parte dos atletas, o fogo olímpico é um sonho. Para isso, Cristiano Pereira encontra-se neste momento em Itália na fase de apuramento para os Jogos Olímpicos de 2024 em Paris.

Deixamos os nossos votos sinceros que os seus pés o continuem a levar ao ouro!
3 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DO DESPORTO

25 DE ABRIL: PODEMOS VIVER SEM ISTO?

- A Liberdade: O direito a ter opinião, contra ou a favor dos governos, sem se ser preso e perseguido pela PIDE, se não se gostar de determinado governo. Passa a haver vários partidos em vez de um só. A Liberdade de expressão, na rádio, na TV e nos jornais. Antes, o chamado “lápis azul” cortava tudo o que fosse considerado negativo em relação ao governo ou em relação à moral que ele defendia.

- A Democracia: o direito de eleger para todos os homens e todas as mulheres com 18 anos ou mais.

- Homens e mulheres têm os mesmos direitos. Passa a ser possível o Divórcio.

- O direito à greve, a férias, à autonomia das mulheres (que só podiam viajar com autorização do marido). O salário mínimo nacional. As pensões para pessoas que nunca tinham feito descontos. O subsídio de desemprego. O subsídio de Natal. O subsídio de férias. O acesso aos empregos sem discriminação de idade, género, raça, crença religiosa, orientação sexual, opinião política.

- Um Serviço Nacional de Saúde dos melhores do mundo que, apesar de lhe apontarem muitos defeitos, não tem assim tantos: tornou a assistência médica acessível a todos, como um direito, baixou radicalmente a morte infantil em Portugal e permitiu que as grávidas pudessem finalmente ter toda a assistência.

- O fim da guerra colonial, na Guiné-Bissau, em Angola e em Moçambique, onde morreram milhares de homens jovens portugueses europeus e de África.

O direito à independência dos povos irmãos de todas as ex-colónias: Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste.

- O direito à Educação. Era um país com uma das taxas de analfabetismo mais altas da Europa. As mulheres, praticamente, não iam à escola. Só os rapazes de famílias mais abastadas podiam continuar estudos. O abandono escolar tem vindo a diminuir nos últimos anos. Poucos homens frequentavam as Universidades; mas agora também as mulheres concluem licenciaturas, mestrados e doutoramentos.

4 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DA LIBERDADE

Amélia Carvalho, 60 anos

“Quando me lembro do 25 de Abril, até me arrepio. oi uma mudança, uma liberdade!

Nós vivíamos numa ditadura e ficámos a saber o que era a liberdade, coisa que não tínhamos antigamente. Os meus pais, ainda me lembro que eles só ouviam a rádio às escondidas!...

Ninguém imagina o que é viver em ditadura, ver as pessoas a não conseguir usufruir de nada, a não aproveitarem.”

Ana Jesus Guedes, 70 anos

“O 25 de abril teve um impacto grande no povo porque antes não podíamos dizer nada, quase! Vivíamos debaixo de olho, por assim dizer, e as coisas que fazíamos e dizíamos eram limitadas. Lembro-me de muito pouco, mas lembro-me de ter de ficar em casa a limpar e quase não poder aproveitar o dia, por causa do que nos era proibido fazer…

E a liberdade permitiu-nos fazermos agora o que quisermos, praticamente “

Rosa Maria, 80 anos

“No 25 de abril, já trabalhava e tinha dois filhos para cuidar. O dia da independência não me fez grande diferença.

A gente não podia falar da República, nem criticar as autoridades... eu nunca fui muito republicana, porque o trabalho em casa era muito... eu até adormecia em cima da mesa, de tão cansada. Trabalhava numa fábrica de bolsas de senhora. Apesar das dificuldades, os meus filhos nunca passaram fome; eu dava tudo... para eles! E com os restos que eles deixavam nos pratos eu fazia o meu comer.

O 25 de abril foi bom para uns e mau para outros; ajudou os ricos e deixou os pobres. Eu não recebi nada com o 25 de abril.”

ESTA GENTE

Esta gente cujo rosto

Às vezes luminoso

E outras vezes tosco

Ora me lembra escravos

Ora me lembra reis

Faz renascer meu gosto

De luta e de combate

Contra o abutre e a cobra

O porco e o milhafre

Pois a gente que tem

O rosto desenhado

Por paciência e fome

É a gente em quem

Um país ocupado

Escreve o seu nome

E em frente desta gente

Ignorada e pisada

Como a pedra do chão

E mais do que a pedra

Humilhada e calcada

Meu canto se renova

E recomeço a busca

De um país liberto

De uma vida limpa

E de um tempo justo

Sophia de Mello Breyner Andresen

5 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DA LIBERDADE

Música, Maestro! Rui Massena, do norte para o mundo!

aBEM

Reconhecemos um traço de genialidade quando imediatamente, e logo após os primeiros acordes, sentimos uma identificação imediata com uma música. Vamos ouvi-la.

«Eu sempre a soube, como é que só a ouvi agora?» - Pensamos! É como se já existisse há muito, no universo e em nós, composta não se sabe bem onde nem por quem, e estivesse à espera de alguém que a decifrasse no silêncio dinâmico das nuvens, nos cheiros da cidade, na fúria do mar do norte, na aspereza das manhãs frias ou no calor das tardes de estio que doiram a pele e, depois de beber desta poção, chegasse à pauta!

Há que reconhecer quem chegou às cifras e as ordenou na melodia que nos oferece, como fruto do seu ventre. Quisemos conhecer um pouco mais do maestro Rui Massena, o homem de penteado livre, que nos aparece em várias frentes, com desempenhos todos eles inspiradores, e que nos dá a música que sabíamos existir, mas que até então nunca tínhamos ouvido.

Eis o artista:

A música apareceu-lhe cedo chegando a criar a primeira peça com oito anos. Licenciado em Direção de Orquestra, trabalha profissionalmente como Maestro desde os 27 anos, altura em que assumiu a Direção Artística e a função de Maestro titular da Orquestra Clássica da Madeira, cargo que manteve durante 12 anos. Durante o seu percurso estreou dezenas de obras e dirigiu mais de 30 orquestras nacionais e internacionais, em salas de concerto de renome mundial, com destaque para o Carnegie Hall em Nova Iorque, e o Tonhalle em Zurique. Em 2010, é convidado para liderar o projeto da área da Música na Capital

Europeia da Cultura – Guimarães 2012, de onde nasceu a orquestra sinfónica Fundação Orquestra Estúdio, constituída com músicos de 22 nacionalidades europeias. Ao longo deste tempo, Rui Massena escreveu, dirigiu e arranjou em linguagem sinfónica composições de inúmeros artistas.

Desde 2015 iniciou uma carreira a solo com as suas próprias composições, contando com cerca de meio milhão de ouvintes mensais nas plataformas de streaming e foi escolhido como talento global contemporâneo pela prestigiada editora Deutsche Grammophon

6 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE
NAS ASAS DA MÚSICA

NAS ASAS DA MÚSICA

De há uns tempos para cá, é também comum entrar no nosso dia a dia pela caixinha mágica: no programa Música Maestro na RTP1, como autor de um programa no Porto Canal, Nota Alta e, neste momento, faz parte do painel de júris do programa da RTP Got Talent. Mas, e seguindo a traça multifacetada que tão bem o caracteriza, em 2019, do pequeno ecrã passa para as telas de cinema, ao compor para a curta-metragem Carnaval Sujo, e para dois telefilmes: Esperança e Medo.

Entre outros reconhecimentos, foi-lhe atribuída, em 2021, a Medalha de Mérito Cultural e Científico, Grau Ouro, da Cidade do Porto, como reconhecimento do seu contributo continuado para com a cidade.

Em 2021, a convite da editora, ao lado de Maria João Pires e de outros 15 intérpretes e compositores de renome internacional, participou no festival World Piano Day 21, difundido mundialmente.

1 – Rui, quando é que percebeu o papel que a música iria ter na sua vida?

Todos os dias o papel que a música tem na minha vida muda. O momento-chave é quando vou estudar Direção de Orquestra. Nesse momento, o papel da música na minha vida muda. A música passa a ser o centro, em lugar de assumir o papel de denominador comum de um grupo de pessoas.

2 – O que é que a música lhe dá?

A música regula a minha vida. Dimensiona os momentos e a construção dos dias. É uma atividade existencial que me liga a mim próprio, e me higieniza a alma.

3 - Ao longo da formação musical percorreu vários instrumentos. De onde nasceu essa necessidade?

O estudo do piano foi central desde os cinco anos. A curiosidade levou-me a aprender a tocar outros instrumentos, e necessidades de conhecimento da família das cordas friccionadas, para uma melhor compreensão da linguagem orquestral, fez com que estudasse 5 anos de violino.

4 - Como vive interiormente os momentos que antecedem a entrada num palco ou o início de um concerto?

São momentos em que precisamos de grande entusiasmo e lucidez. Ir para palco é um privilégio e um momento maravilhoso a maior parte das vezes! Não costumo ficar nervoso, pelo menos muito. Com o tempo aprendemos a gerir melhor esse momento.

5 – Qual é que considera o momento alto da sua carreira?

Não gosto muito de cristalizar esses momentos porque cada momento tem a sua especificidade e contexto. No entanto, posso dizer-lhe que quando em 2007 dirigi,

Em 2022 compôs a canção Why? que Aurea levou ao Festival da Canção e onde alcançou o 5º lugar na grande final.

Hoje, Rui Massena continua a trabalhar como maestro, compositor, produtor e performer no seu estúdio junto à praia da Granja, em Vila Nova de Gaia. Coincidência, ou talvez não, é também nesta praia onde a Menina do Mar de Sophia de Mello Breyner continua a morar. A magia existe para quem tem fé nela. E vemos que os seus pés delicados deixam uma marca indelével na areia para alimentar a crença, num compasso agora não só embalado pelas ondas, mas também pela música que dali nasce das mãos de Rui Massena.

no Carnegie Hall, em Nova Iorque, foi um momento de sonho.

6 - O que é que o sucesso lhe trouxe? E o que é que lhe tirou?

O sucesso trouxe-me uma sensação de reconhecimento. Não sei exatamente o que me tirou, mas talvez me tenha aprisionado em algumas ideias. Mas não sei ao certo.

7 – Fugindo do conhecido «o que dizem os seus olhos», o que diz a sua música?

As minhas músicas são fotografias dos momentos e contextos em que as componho. São um pouco melancólicas, mas positivas.

8 – Partindo do princípio de que todos nós deixamos a nossa pegada neste caminho, como é que gostava de ser lembrado daqui a uns anos?

Boa pergunta... Nunca penso nisso... Gostava de ser lembrado pelos meus filhos e mulher como um bom Pai e Marido, como tendo sido um bom Filho, e pelos meus amigos como um bom Amigo. Chega?

9 – Onde é que se sente «em casa» em termos artísticos?

Fazer música com pessoas que gosto e, se possível, as minhas composições.

10 – O que é que o Rui Massena nos vai dar em breve?

Concertos a 20 de junho, na Casa da Música, e 25 de junho, no CCB. Nova música. Apareçam!

11 – Ajude-nos a completar com uma palavra:

O sonho é: estar entusiasmado;

O fracasso é: não ter vontade;

O ninho é: prioridade;

A vida é: desejo.

Eis o homem:

Pai, Marido, é um homem do Norte e não há como não acrescentar ao seu currículo a sua generosidade e proximidade, pois arranja sempre tempo para a partilha com quem o circunda ou quer chegar a ele.

Continuação de sucesso, Maestro! Que os palcos sempre o acolham com expetativa, e que tudo lhe corra a-Bem!

7 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE
WHY? Ouve aqui!

VEM E VESTE!

Toda a dificuldade

traz consigo

uma oportunidade. A iniciativa “Vem e veste!” mostra como é verdadeira esta lição.

Estamos no segundo andar do pavilhão B da Escola Secundária Gaia Nascente. À nossa frente está aberta a porta da antiga sala 242, atualmente é a sala “Vem e veste!”. Dentro da sala, as cadeiras deram lugar aos cabides; as mesas deram lugar às estantes e, pouco a pouco, onde antes se ensinava Filosofia,Matemática e Português os alunos aprendem agora a comunicar com o sorriso e descobrem aonde podem chegar quando somam as vontades.

A ideia é simples: quem tem em casa peças de roupa, calçado ou adereços que estão em bom estado mas já não utiliza traz para a escola e entrega a algum dos alunos da turma A do 12º ano; estas peças são verificadas (se necessário, lavadas e preparadas) e, por fim, catalogadas ficando disponíveis para serem reutilizadas por qualquer membro da comunidade escolar. Todo o trabalho necessário ao funcionamento da sala “Vem e veste!” é reali -

zado, em regime de voluntariado, pelos alunos do 12º A, que são hoje o rosto deste projeto que abriu portas este ano, mas que percorreu já um longo caminho para chegar até aqui. Tivemos de recuar até 2022 para encontrar a semente dos frutos que estão a ser colhidos agora e foi Filipa Martins, atualmente a frequentar o segundo ano da licenciatura em Medicina, quem nos guiou nesta viagem: “A motivação para criar este projeto surgiu da forte imigração que Portugal estava a receber, o que aumentou o número de alunos refugiados na nossa escola. Nesse ano eu frequentava o 12º ano e houve um caso que me impressionou muito: três irmãs, oriundas do Afeganistão, chegavam a Portugal à procura de um futuro melhor e vinham acompanhadas apenas pelo seu irmão mais velho. A certa altura, conseguimos recolher e oferecer-lhes alguns sacos com roupa doada. Nos dias que se seguiram, vi as meninas a usarem a roupa e fiquei feliz, mas também reparei que tinham distribuído entre si as roupas de forma a permitir que cada uma escolhesse as peças que usava e pensei para mim: nós apenas pedimos roupa para menina. Por acaso, havia roupa que satisfazia as medidas de cada uma, mas se não fossem irmãs e a roupa fosse entregue individualmente, não teriam qualquer possibilidade de escolha.

“era preciso não só ajudar, mas também cuidar da forma como se iria prestar a ajuda”

Pesou-me no coração. A roupa é a primeira impressão que damos de nós a alguém, só depois falamos e nos damos a conhecer. A forma como nos vestimos faz parte da nossa personalidade.”

Foi perante esta dificuldade muito concreta e perante a consciência de que era preciso não só ajudar, mas também cuidar da forma como se iria prestar a ajuda que surgiu a inspiração: “A inspiração para este projeto” — continua Filipa Martins — “foi uma minissérie, que na altura vi na Netflix, chamada A Criada. Nesta série, é relatada a história de uma jovem mãe, vítima de violência doméstica, que recorre a um abrigo para viver com a sua filha bebé. É aí que a diretora do abrigo a leva a uma loja solidária. Em que consistia? Uma sala, com roupas organizadas em cruzetas, por cores, idades e géneros, tal e qual uma loja normal; o que mudava? Na etiqueta não existia um preço. Neste lugar, as vítimas podiam escolher e levar o que tinha sido oferecido pela solidariedade das pessoas, sem nunca perder o direito a escolher o que melhor as representava e mais lhes apelava.”

O desafio era muito claro: dar resposta às necessidades dos alunos, mas garantindo que quem

8 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DA SOLIDARIEDADE

é ajudado se sente pessoa, acolhido e acarinhado. Estávamos em 2022 e as medida de prevenção da COVID-19, com todas as suas limitações, dificultavam a concretização de uma “sala solidária”. Foi preciso saber esperar.

da forma como tudo vai funcionar sem nunca esquecer de que na semente está um propósito muito especial: ajudar de forma a que quem beneficia da solidariedade se sinta pessoa, acolhida e acarinhada.

VEM E VESTE !

HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO

O ano letivo seguinte trouxe o alívio das restrições impostas pela prevenção da pandemia e os agora alunos do 11ºA não deixam fugir a oportunidade: agarraram o testemunho que lhes havia sido deixado pelos colegas mais velhos e convertem a ideia da criação de uma “sala solidária” num projeto que batizam como

“Vem e veste!” e, de seguida, submetem-no ao Orçamento Participativo das Escolas. O projeto é eleito, pelos alunos da escola secundária, como o melhor projeto desse ano, conquistando o apoio financeiro necessário para a sua concretização. Falamos de cerca de 500 euros, que à frente constituirá uma ajuda com um valor muito maior. Em setembro de 2023, os novos alunos do 12ºA iniciam as aulas e o projeto entra na fase de instalação. Uma nova vida toma conta da sala 242: saem as cadeiras e as mesas; muitos intervalos e tardes livres são passados a montar expositores, estantes e a desembalar cabides. Ao mesmo tempo, outros tratam da organização e divulgação

Na sala começam a entrar as primeiras peças de roupa, lavadas, cuidadas, dobradas devagar, com mãos e sorrisos ansiosos. A sala está pronta: “Vem e veste!”.

A inauguração oficial ocorreu no passado dia 21 de fevereiro e reuniu na sala todas as mãos que se foram dando para que este projeto exista. Foi um momento que marcou o culminar de um caminho de resiliência, feito com criatividade e entrega.

“é uma boa ideia: ajuda quem recebe e quem dá”

Nesta sala solidária é feito o registo das peças que entram e saem, mas nunca de quem as leva, pois pretende-se sempre salvaguardar a privacidade de quem procura. No entanto, dois alunos que já escolheram peças “Vem e veste!” disponibilizaram-se para partilhar a sua experiência: “Chegamos a Portugal já depois das aulas terem começado e é difícil porque é uma mudança muito grande: um país diferente, uma escola muito diferente. Não conhecíamos nada parecido e é uma boa ideia: ajuda quem recebe e quem dá, porque está a ajudar e porque dá outra vida às coisas que já não usa”. Visivelmente entusiasmados, os alunos responsáveis por este espaço de solidariedade dizem-nos que o projeto continua a crescer: “Atualmente temos cerca de 600 artigos em catálogo que, para além de vestuário e calçado, inclui já brinquedos e roupa de cama e os produtos doados não param de chegar!”

Um projeto transformador

Para fazer o balanço do caminho percorrido até aqui fomos à procura da professora Celeste Fraga, diretora de turma do 12ºA, que tem acompanhado estes alunos nos últimos três anos e, por isso, tem participado no desenvolvimento des-

segunda-feira (15h00 - 17h00)

quarta-feira (14h30 - 16h30)

quinta-feira (12h00 - 14h15)

te projeto. “Verifico um empenho por parte dos envolvidos que, certamente, enriquecerá a sua experiência formativa. Na verdade, muitos têm pela primeira vez a oportunidade de contactar de perto com a realidade que algumas famílias atravessam na carência de recursos essenciais e, assim, abre-se-lhes uma janela que lhes permite a chegada à solução. Esta tessitura a várias mãos (de quem concebe e de quem beneficia) vai ao encontro do principal objetivo de qualquer instituição que contribua para a formação dos jovens: ver e agir. Este projeto tem sido um contributo para cimentar a identidade da escola, que se pretende que promova uma cidadania ativa, capaz de estreitar laços entre a comunidade escolar e a comunidade local, tornando os jovens interventivos na realidade que os rodeia.

“Vem e veste!”: um projeto piloto para algo maior.”

Questionados sobre o futuro deste espaço de solidariedade, os alunos do 12º A respondem, entre sorrisos, que passarão o testemunho a colegas mais novos que vão assegurar a sua continuidade. Filipa Martins não tem dúvidas: “No futuro vejo a sala “Vem e veste!” como um projeto piloto para algo maior que inspire a génese de mais projetos assim.

Existe melhor inspiração do que sentir que fizemos mudar a vida de alguém da nossa comunidade?”

Na Escola Secundária Gaia Nascente a vida continua, com aulas e intervalos, mas agora com uma sala diferente: “Vem e veste!”, uma sala onde se aprendem muitas lições: o inconformismo, a solidariedade e a determinação.

9 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024
SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DA SOLIDARIEDADE
ESCOLA
projeto “Vem e
palavra Amadurecimento (Paloma, 12ºA) Reflexão (Ana Catarina Silva, 12ºA) Consciência (Inês Almeida, 12ºA) Sentido (Inês Pinto, 12ºA)
O
veste!” numa

A revolução portuguesa nas ruas de Paris

Jogos olímpicos e Parolímpicos 2024

A Fábrica da Toyota Caetano Portugal, em Ovar, está a produzir 250 unidades de uma das mais recentes inovações da marca Toyota, um veículo destinado ao transporte de pessoas com necessidades especiais de acessibilidade que será utilizado durante a realização dos Jogos Olímpicos em Paris.

O Accessible People Movers (APM) é um veículo elétrico a bateria concebido na Bélgica, pela Toyota Motor Europe e produzido em Portugal na Fábrica da Toyota Caetano Portugal, em Ovar. Trata-se de um veículo com autonomia para 100 Km e que atinge até 20 Km/h concebido especificamente para transporte de atletas, organizadores, voluntários e espectadores com dificuldades de motricidade, incluindo utentes de cadeiras de rodas. Em Paris, durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, a Toyota terá em circulação cerca de 250 APM, para apoiar o transporte de atletas, visitantes e funcionários em diversas instalações, incluindo locais onde são realizados eventos ou competições e outros locais oficiais, como a aldeia olímpica.

Complementado com a utilização do e-puller (puxador elétrico de cadeira de rodas) o APM constitui mais um passo em frente na mobilidade elétrica inclusiva que se integra no conjunto de soluções avançadas de mobilidade, criadas pela Toyota especificamente para o

evento que decorrerá entre julho e setembro em Paris, em linha com a sua visão de “Mobilidade sustentável e para Todos”.

“Na Toyota, estamos muito satisfeitos por embarcar nesta viagem com Paris 2024, exemplificando o nosso compromisso de sermos pioneiros em soluções de mobilidade sustentável. A nossa abordagem multicaminhos para reduzir as emissões de carbono, está no centro da frota Toyota que será disponibilizada à família Olímpica e Paralímpica em Paris 2024. A Toyota vai trazer para Paris uma frota de veículos de passageiros 100% eletrificados, em linha com o nosso compromisso de reduzir as emissões de carbono”, pode ler-se no comunicado oficial que acompanhou a apresentação das soluções que a marca japonesa colocou à disposição dos organizadores do referido evento.

2024:

Com a produção do veículo APM, a Toyota Caetano Portugal contribui para alargar o leque de soluções inovadoras com que a Toyota continua a surpreender o mercado automóvel, desta vez com a produção de um veículo que não deixa ninguém para trás, participando assim na revolução que circulará nas ruas de Paris, pelo menos enquanto durar a celebração do desporto inclusivo, com a realização dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, de 26 de julho a 8 de setembro. No palco da revolução, desta vez é Portugal quem transporta a igualdade nas ruas de Paris.

Fábrica da Toyota Caetano Portugal, em Ovar

As unidades APM juntam-se aos autocarros Caetano Bus, com pilha de combustível a hidrogénio, também produzidos pelo Grupo Salvador Caetano em Portugal, como parte da política de desenvolvimento de soluções inovadoras, levadas a cabo pela marca, visando a promoção da mobilidade sustentável. Em 1971, com objetivo de dar resposta ao crescimento do Mercado, foi inaugurada a Fábrica de Ovar, primeira fábrica Toyota na Europa. A principal atividade desta unidade fabril estava assente na montagem de miniautocarros (Caetano), montagem de comerciais ligeiros Toyota (Dyna e Hiace) e incorporação de componentes em veículos comerciais. Desde então em atividade, desta unidade de produção saíram os modelos Dyna e Optimo, para além de ter produzido o modelo comercial Hiace. Hoje produz, para exportação, o icónico modelo Land Cruiser 70.

Mobilidade para todos e sustentável

10 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DA INOVAÇÃO
Paris
uma participação muito especial

NAS ASAS DA INVESTIGAÇÃO

Doenças Bissextas

Há pessoas raras, doenças raras e dias raros também. O último dia de fevereiro, que varia de quatro em quatro anos, celebra o Dia Mundial das Doenças Raras. A escolha deste mês não foi ao acaso, pois houve a intenção de relacionar a singularidade deste mês com a destas doenças.

Ilustração de: Érica Paula

O Agrupamento de Escolas Gaia Nascente, atento a tudo o que é singular, promoveu uma palestra com o médico internista

Arlindo Guimas, membro interdisciplinar no Centro de Referência Nacional de Doenças Hereditárias do Metabolismo, do Centro Hospitalar e Universitário do Porto, na qual os alunos do 11°F de Ciências e Tecnologias participaram.

Houve a preocupação inicial de partir de uma definição que contextualizasse o mote de partida: afinal, o que é uma doença rara?

Segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS), considera-se que uma doença é rara se atingir um número inferior a cinco por dez mil habitantes.

Em Portugal, estima-se que existam entre 600 a 800 mil doentes raros, tendo sido diagnosticados em 2023 mais 150 casos: 54 casos de doenças hereditárias do metabolismo; 50 casos de hipotiroidismo congénito, 6 casos de fibrose quística, 34 casos de drepanocitose e 6 casos de atrofia muscular espinal.

As doenças metabólicas hereditárias são desordens genéticas desencadeadas por deficiências enzimáticas em rotas metabólicas específicas. No nosso país, faz-se atualmente o rastreio a 24 doenças metabólicas raras e todos os anos o número de casos

diagnosticados aumenta. Desde 1979, o «teste do pezinho» tem sido uma prática rotineira e essencial, realizada em bebés em Portugal, desempenhando um papel fundamental na deteção precoce de doenças congénitas e garantindo intervenções médicas oportunas para melhorar os resultados de saúde infantil no país. Apesar da complexidade e especificidade das doenças metabólicas raras detetadas pelo «teste do pezinho», o Governo português mantém investimentos significativos na realização desses testes. Esta abordagem, embora envolva custos consideráveis, é justificada pelo reconhecimento de que financiar os tratamentos para essas condições em estágios avançados seria substancialmente mais oneroso, não apenas financeiramente, mas também em termos de impacto na qualidade de vida dos pacientes e suas famílias.

Como em grande parte da nomenclatura ligada ao campo da medicina, e tratando-se de doenças raras, também os nomes não poderiam ser comuns!

Começou-se pela fenilcetonúria , a primeira doença rara do metabolismo a ser rastreada em Portugal em 1979. Esta doença é hereditária e é identificada à nascença pelo «teste do pezinho». A maioria das crianças com fenilcetonúria, no nascimento, não apresentam sintomas. Mas, ao longo do tempo, desenvolvem sinais à medida que a fenilalanina se acumula podendo causar lesões cerebrais e atraso mental. Nos primeiros dias de vida, após serem detetados com esta doença, os doentes iniciam uma dieta pobre em fenilalanina, que é altamente restritiva uma vez que este aminoácido está presente na maioria dos alimentos de origem animal e vegetal. Devido a essa limitação, os doentes têm uma suplementação de aminoácidos, gratuita. Chegou a vez de falar da doença de Fabry , uma doença rara que, no nosso país, teve origem em Guimarães e que decorre de mutações e é transmitida de pais para filhos através do cromossoma X. Ao longo dos anos, afeta gradualmente a função de órgãos vitais e pode causar morte prematura.

Em resumo:

As doenças metabólicas raras em Portugal representam uma preocupação significativa de saúde pública devido à sua complexidade e impacto na vida dos pacientes e suas famílias. Embora afetem uma pequena parcela da população, essas condições podem ter consequências graves se não forem identificadas e tratadas precocemente. Portanto, é fundamental um compromisso contínuo com a conscientização, diagnóstico precoce, acesso ao tratamento adequado e suporte abrangente para pacientes e famílias afetadas. Investimentos em pesquisa, políticas de saúde pública e apoio social são essenciais para melhorar os resultados de saúde e a qualidade de vida das pessoas que vivem com doenças metabólicas raras em Portugal.

11 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024
SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE
ESCOLA

A IMPORTÂNCIA DAS ARTES E DA CULTURA NA FORMAÇÃO DOS CIDADÃOS

Há ainda quem acredite que as ARTES em nada se coadunam com o desenvolvimento do conhecimento e que se situam somente a nível sensorial, de forma intuitiva. Este antigo conceito contribuiu para o afastamento da maior parte das expressões artísticas das escolas e para o distanciamento de tudo o que se enquadra nas atividades artísticas como a criatividade, a liberdade de expressão, a inovação, ou a experimentação.

Há mais de 50 anos que cientistas e investigadores concluíram que o ato artístico inclui como condição os atos de conhecimento racional, a compreensão, o reconhecimento, a associação e outros. Por outro lado, o crescente interesse dos jovens pelas várias formas de arte, na maior parte das vezes de forma interdisciplinar e integrada exige que o sistema educativo português proporcione aos jovens esta dimensão das expressões artísticas, que deve integrar a formação básica de qualquer cidadão.

Plano Nacional das Artes e Projeto Cultural de Escola

Iniciativa conjunta dos ministérios da Cultura e da Educação, o Plano Nacional das Artes, criado muito recentemente, pretende torná-las mais acessíveis aos cidadãos, em particular às crianças e aos jovens em formação. Assim, no âmbito de toda a comunidade educativa, pretende dinamizar e incrementar o lazer, a participação, e a criação artística e cultural, enquanto aprendizagem ao longo da vida, estabelecendo parcerias com entidades com os planos, programas e redes já existentes. Assim, cada escola cria e desenvolve o seu Projeto Cultural.

Projeto Cultural de Escola

Os Projetos Culturais das escolas reforçam a sua identidade cultural, tendo em conta o seu contexto territorial social, artístico e patrimonial, expressando-se num Plano de Atividades de manifestações artísticas, que abrangem várias vertentes. À semelhança de outras escolas ou agrupamentos, em Gaia Nascente há vários programas: entre outros, Parlamento dos jovens, em articulação com a Assembleia da República; Escola Embaixadora do Parlamento Europeu, relacionado com a questão da democracia parlamentar europeia; Rede de Bibliotecas Escolares; Plano Nacional de Leitura; Eco Escolas; ReciBosk, promovido pela Common Home of Humanity e dedicado a questões ambientais, como a reflorestação e a intervenção junto de espécies autóctones; CASA (Ciência e Ativismo para a Sustentabilidade Ambiental); Clube Ciência Viva na Escola; eTwinning; Desporto Escolar; UAARE - Unidade de Apoio ao Alto Rendimento na Escola; Restaurante Pedagógico; Clube de Teatro. Os Projetos Culturais das escolas relacionam-se com estes programas, promovendo atividades dos mesmos que contribuam para a sua concretização (do PCE).

Clube de Teatro Pórtico e projeto Visitações do Teatro Nacional São João

O Teatro na Escola é um espaço de aprendizagem com o poder de ampliar o interesse pelas artes e pela cultura e de formação integral de crianças e jovens, alinhado com a concretização de qualquer tipo de Projeto Cultural de Escola.

O Grupo de Teatro Pórtico nasceu este ano letivo no AE Gaia Nascente, tendo-se inscrito cerca de 30 alunos. Para além de abranger a freguesia de Avintes, a capital do teatro amador, há também uma tradição de clubes de Teatro.

O Pórtico integra no momento o projeto “Visitações”, do Centro Educativo do Teatro Nacional de São João, que vai reunir várias escolas secundárias da área do Grande Porto numa performance de celebração dos 50 anos de abril, com textos de Cátia Pinheiro e José Nunes e colaboração dramatúrgica de Capicua, nos dias 4 e 5 de maio, no Mosteiro São Bento da Vitória.

12 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE VOAR COM AS ARTES

Comer, orar e...chorar por mais!

Entre as freguesias de Oliveira do Douro, Avintes e Vilar de Andorinho fomos à procura de sugestões gastronómicas que farão as delícias do palato. Venham daí!

Arcada by Quinta da Harmonia

Ciprianu’s

Mesa com Tradição

O Pátio do Luís

Restaurante acolhedor, com um espaço e serviço bastante requintado. Local de excelência para momentos especiais. Atendimento cuidado, vinhos de garrafeira e carnes de excelente qualidade.

Preço médio: 30 €

RECEITA

Carpacio de Lombo de Boi

carpacio

Foi criado em 1963 por Giuseppe Cipriani do Harry’s Bar em Veneza , Itália e popularizou-se durante a segunda metade do século XX.

Local acolhedor com um ambiente descontraído e moderno. Cozinha descomplicada, com sabores reais e produtos de excelente qualidade.

Preço médio: 20 €

RECEITA

Cabrito Assado à Moda do Porto

Restaurante com um misto de modernidade e tradição, onde podemos encontrar uma excelente garrafeira, um serviço cuidado e uma degustação que nos remete à infância, orquestradas pelo Chefe Manuel Vieira.

Preço médio: 22 €

RECEITA

Lulas recheadas à Castro Laboreiro

Preço médio: 15 €

RECEITA

Jesuítas

jesuítas cabrito lulas

Molusco cefalópode de corpo oval e muito apreciado na alimentação.

Restaurante de gastronomia portuguesa. Sabores com raízes vincadas do norte do País, pautado por um ambiente tradicional e familiar.

Bolo triangular feito de massa folhada recheada com doce de ovos, chila e canela, com cobertura de glace ou amêndoa triturada e clara de ovo. Carne de cria de cabra, usada na alimentação.

** Receitas dos alunos/estagiários do Curso Profissional de Cozinha e Pastelaria (11º ano), inspiradas nos respetivos restaurantes.

13 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DOS SABORES
Roteiro Gastronómico (Vídeo)

anos de poesia

1º PRÉMIO DO CONCURSO DE POESIA 1999/2000

UM AMIGO

Abro a porta

Olhas para mim

“Queres entrar?”

Respondes-me “Sim”

Olho-te nos olhos

Vejo algo de “diferente”

Vejo em ti,

Uma pessoa carente.

Pergunto-me:

“Quem é ele? Será um amigo?”

Talvez sim.

Não o conheço de qualquer lugar

Mas senti nele

Um doce olhar.

Fala-me da sua vida.

É sozinho,

Precisa de amor,

Precisa de carinho.

Olhou em redor

Depois para mim.

Dá-me a mão

Sinto-me diferente.

Olho para o céu, há poucas estrelas.

Pergunto quem é ele a uma delas.

E logo responde “Um Amigo!”

Um Amigo é assim:

Fala de si, diz como é E pronto.

Vanessa Joana Gonçalves Madureira – 11 anos Escola EB /3 de Vilar de Andorinho – 6º ANO

In ” Poesia na Escola”, edição com o apoio da Biblioteca e da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia

O concurso de Poesia interescolas teve o seu início no ano letivo de 1999/2000, por iniciativa da equipa da Biblioteca da Escola Secundária de Oliveira do Douro, hoje Gaia Nascente, no Agrupamento de Escolas com o mesmo nome. O interesse pela Poesia, pela sua escrita, leitura, “recitação” e divulgação era já um eixo de ação na escola em aulas, clubes e outros eventos.

Nos primeiros anos, o concurso ocorreu nas escolas da área do Centro de Formação Gaia Nascente, que contribuiu também com o seu apoio. Mais tarde acabou por se estender a todas as escolas do concelho de Vila Nova de Gaia. Houve sempre o apoio da Rede de Bibliotecas escolares, da Biblioteca Municipal e da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.

Com um regulamento concebido pelo professor Rafael Tormenta, o concurso foi integrando diversos escalões, incluindo o pré-escolar; 1º ciclo, 2º ciclo, 3º ciclo, secundário; e, para além dos estudantes, também professores, assistentes operacionais, técnicos superiores, pais e encarregados de educação. Trabalhos individuais e a pares, ou de turma. Em 25 anos, garantiu-se a participação de milhares de poetas gaienses. Destaque especial para a persistência da professora Isabel Seca, anterior bibliotecária da Secundária Gaia Nascente. E também para a professora Maria Carlos, que desempenha o cargo atualmente e assume inteiramente esta iniciativa. 25 anos de Poesia. Todos estamos de parabéns. Todos somos poetas!

Concurso de Poesia Interescolas de Gaia

Em 1999, pela mão do professor Rafael Tormenta, nasceu este Concurso de Poesia, na Biblioteca da antiga Escola Secundária de Oliveira do Douro, hoje Escola Secundária Gaia Nascente, dando seguimento a uma antiga tradição de Jogos Florais. Deu-se início à dinamização do Concurso entre os alunos das escolas EB 2/3 de Avintes, Gervide, Olival, Vilar de Andorinho e Secundárias/3 de Almeida Garrett e Diogo de Macedo que então integravam o Centro de Formação Gaia Nascente, promotor do intercâmbio.

Desde essa data, o projeto foi crescendo, com a integração dos novos agrupamentos que foram surgindo. O concurso passou então a destinar-se a todas as comunidades educativas das respetivas escolas: alunos de todos os níveis de ensino não superior, docentes, funcionários, encarregados de educação.

Mantendo o mesmo regulamento da primeira hora - da autoria e sempre adaptado pelo professor José Rafael Tormenta -, foi possível alargar o Concurso, em 2011, a todas as escolas e agrupamentos do concelho de Vila Nova de Gaia.

Este projeto, desenvolvido em parceria com a Biblioteca Municipal de Vila Nova de Gaia e poetas residentes - Anthero Monteiro (1946-2022), Fernando Morais (1935-2020), Virgínia Monteiro (1931-2022), Eduardo Roseira e Odete Boaventura -, tem contado com a colaboração dos professores bibliotecários e professores de Português dos Agrupamentos/ Escolas não agrupadas concorrentes, na motivação e sensibilização, de toda a Comunidade Educativa do Concelho de VNG, para a leitura, a escrita e a Criação Poética. Igualmente se reconhece a relevância do incentivo à participação de todas as escolas, dado pela coordenadora interconcelhia das BE de VNG, Mª João Castro.

O Júri dois tem sido constituído pela poetisa Odete Boaventura e Alberto Moreira (anterior diretor da Biblioteca Municipal de VNG). A todos o nosso agradecimento.

Isabel Seca, professora bibliotecária até 2022. Ler mais +

14 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DA POESIA
25

“Semear para colher” Sopa de Letras

Dar cor à Flôr

Abril, sempre !

15 O GAIENSE 13 DE ABRIL DE 2024 ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE NAS ASAS DO LAZER Ilustração de: Gonçalo Oliveira
Simetria

HÁ 25 ANOS A CRESCER POR TI

A Águas de Gaia celebra duas décadas e meia de compromisso em promover um futuro sustentável para a tua geração, protegendo o recurso vital que é a água.

Junta-te a nós nesta missão pela preservação e sustentabilidade hídrica.

ESCOLA SECUNDÁRIA GAIA NASCENTE Vencedor do Prémio Gazeta de Imprensa Regional 2019/20 16 Última 13 DE ABRIL DE 2024 O Gaiense®
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