85 anos • Loja Estrela de Santos

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COPYRIGHT © Loja Estrela de Santos • 2022

Coordenação:

Bruno Galoti Orlandi

Texto e Pesquisa:

Jelcy Maria Baltazar

Editoração e Design:

Christian Jauch

Fotos:

Arquivo Loja Estrela de Santos

Foto Capa:

Christian Jauch

www.LojaEstrelaDeSantos.com.br Loja Maçônica Estrela de Santos R. Almeida de Moraes, 13 - Vila Matias, Santos - SP, 11015-450 +55 (13) 3222-6506

Catalogação na Publicação (CIP) Baltazar, Jelcy Maria B197 Estrela de Santos / Jelcy Maria Baltazar. - 1. ed. - Belo Horizonte, São Paulo : D’Plácido, 2022. 111 p. : il. fot. color. p&b

ISBN 978-65-00-46258-6

1. Maçonaria. 2. Maçons. Loja Maçônica Estrela de Santos (Santos, SP). 3. Maçonaria - Rituais. I. Título. CDD: 366.1 Bibliotecária responsável: Fernanda Gomes de Souza CRB-6/2472


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ESTRELA Os Grandes Mistérios. Por eles, homens de todas as raças, credos e posição social buscaram e ainda buscam uma chave que possa abri-los. Na verdade, a chave, de tamanho minúsculo, mas de honrado material, poucos tiveram a nobreza de encontrá-la no lugar previamente marcado: dentro de si mesmo. Perdeu-se na memória coletiva quando e como o homem olhou para o céu e para si mesmo, procurando algum sentido em sua vida. Porém, alguns sentiram e seguiram o chamado. A voz interior que, mesmo sem vê-la, ressoava informações. Com o avanço de civilizações, como a egípcia e a grega, os Grandes Mistérios adquiram condição primordial para explicar e entender a história do homem comum. O resultado de experiências e de ações, tidas em grande valor, era transmitido para poucos. Em especial, nas cavernas ou grutas, cercadas de forte presença da Natureza. Ali, no túnel que simbolizava a escuridão do não iniciado e sua tentativa de abrir caminho para sua elevação, eram transmitidas lições e, principalmente, a motivação para que seu desenvolvimento atingisse não apenas o plano visível, mas que ganhasse força no invisível, na origem de todas as coisas. Em 1937, 18 homens buscaram seu caminho para os Grandes Mistérios. Ao invés de gruta, estavam em um porão. Organizado, limpo, na casa do Irmão José Francisco de Carvalho. Daquele grupo, surgia um espaço que também trazia, de forma pioneira na Cidade, uma nova ritualística, o Rito Moderno ou Rito Francês. Seja em uma gruta ou em um porão, o maçom deve olhar para o alto. O céu. O Grande Arquiteto do Universo. Ali, naquele cômodo da Almeida de Moraes nº 88, surgia a Estrela. E quanta responsabilidade! Pois o maior desafio de todos os Irmãos é manter e permitir que o brilho maior não seja eles e, sim, da Estrela!

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APRESENTAÇÃO A Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela de Santos - Grande Benfeitora e Portadora da Estrela da Distinção Maçônica comemora 85 anos de serviços prestados à sociedade. Temos registrada a história de sua fundação mas, faltava destacar o trabalho dos Irmãos que fizeram parte do que ela é hoje. Não apenas de seu início, nem só dos momentos atuais. Precisávamos demonstrar os valores humanos e cívicos de nossa oficina, que continuam a fortalecer a família maçônica. Uma viagem através do tempo e do Templo. Contar passagens desse trabalho, visíveis nas paredes do Templo; em outras, a grande maioria, na verdadeira amizade, respeito e conhecimentos passados de Irmão a Irmão e que, muitas vezes, incluíram a participação de Cunhadas, Sobrinhos, DeMolays e Lowtons. Nossa Loja precisava deixar-se conhecer por seu reflexo em toda sociedade civil. Homens livres e de bons costumes em todas as esferas do mundo profissional. O que aprendemos na Loja também se reflete em nossas famílias, em nosso trabalho e que, dessa forma, irradiam sobre todo o Universo. São inúmeras ações no decorrer de todos esses anos: aproximadamente 1000 jovens cidadãos formados nas fileiras do Capítulo Santos da Ordem DeMolay; benemerência com amor incomparável, realizada por nossas cunhadas da Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul - Unidade Estrela de Santos; acolhimento e instrução a milhares de crianças ao longo dos anos em nosso orgulho de obra social, a Casa de Estar; e, com enorme responsabilidade, o engrandecimento moral e intelectual, em nossas colunas, de verdadeiros construtores sociais que entregam muito trabalho, dedicação e exemplo a todos. Assim, nossa oficina continua sua árdua tarefa, iniciada por seus fundadores e desenvolvida até hoje por todos seus membros, com plena confiança que os obreiros, atuais e futuros, a eternizarão na busca de uma sociedade melhor e mais esclarecida. Por fim, resta-nos a responsabilidade de carregar nosso glorioso estandarte e manter o compromisso de todos que por aqui deixaram suas marcas: fazer brilhar, cada vez mais, a extraordinária Estrela de Santos!!!

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SUMÁRIO 5

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Estrela

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Apresentação

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Homens livres e de bons costumes

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História

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Augusta e Respeitável Loja Simbólica

Estrela de Santos

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A Estrela Se Expande

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“O Trabalho é para a Loja, Da Loja, Pela Loja”

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Obreiros

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Memórias

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Diretoria Executiva - Gestão 2021 • 2023

107 -

Gratidão

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A Palavra

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Referências

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Homens livres e de bons costumes Muito se fala sobre a Maçonaria e, mais ainda, pensa-se sobre o que é este grupo de homens, das mais variadas classes sociais, de todas as raças e formação profissional. Um grupo de homens que têm, no servir, seu maior trunfo. Talvez, a palavra servir seja também incompreendida em sua profundidade pois, a humanidade ainda a compreende como algo menor, subalterno. Pois é o servir, doando algo de si para um todo maior que representa o sentido da Maçonaria. E aí, reside a dificuldade de se entendê-la: não estamos acostumados a servir, mas sim, a exigir. Suas origens se perdem no tempo e na história. Sabe-se da existência de um mosaico, descoberto em 1878, na cidade de Pompeia. Enterrado sob as cinzas do Vesúvio, mostrava o nível de pedreiro com o fio de prumo com chumbo, em cima de um crânio logo abaixo, uma borboleta, equilibrando-se sobre uma roda1. De Pompeia aos dias de hoje, a Maçonaria tem recebido um interesse que vai desde obras documentais à ficção. Há quem veja sua origem nos construtores das pirâmides egípcias, incluindo faraós e, portanto, sob as patas da Esfinge, lá estaria uma parte de sua história. A questão do construir algo na matéria e que, ao mesmo tempo, representasse a finitude da vida humana e sua dependência de uma Inteligência Maior deve ser levada em conta quando falamos sobre a Maçonaria. Portanto, a ligação com os mestres artesãos e construtores do Templo de Salomão, em Jerusalém, tornou-se uma teoria também aceita pelos próprios maçons com o passar do tempo e que vê, no ser humano, o templo ideal a ser construído mediante o refinamento de ideias, pensamentos e, sobretudo, ações. Nesse contexto, a Maçonaria entra na Idade Média através das corporações operárias, dos pedreiros e mestres construtores das catedrais, cujos conhecimentos protegiam sua arte na edificação. Vale lembrar: a palavra arte possui também significado histórico e, à época, se referia aos grupos com identidade profissional e técnica mais especializada, ou seja, corporações, como a dos artesões, a dos tapeceiros, por exemplo, que se distinguiam dos trabalhadores comuns e ocasionais, por habilidades especiais2 e transmitidas de pai para filho. Desse modo, dos canteiros de obras, onde existiam a troca de conhecimentos, no mais alto nível, surgem a palavra lodge, em inglês, e loge, em francês. Ou seja, as lojas, como local de abrigo físico e intelectual, uma vez que quanto mais especializado em sua função, o mestre construtor, o pedreiro, o entalhador e o artesão poderiam contar com a proteção do rei e da Igreja, dependendo, ainda, do momento em que um ou outra detinham o poder. Assim, é fácil entender o cuidado com que tais homens protegiam sua classe e seus conhecimentos. 1 DOUGLAS, Roberto; CERINOTTI, Angela. Maçonaria. São Paulo: Globo, 2004. 2 Ibid. 11


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Na França de 1517, sob o reinado de Francisco I, existiu um agrupamento especial, conhecido como Colégio Francês, cujos membros figuravam artistas como Leonardo da Vinci, Andrea del Sarto, Benevenuto Cellini e Juan Lescot (pintores e escultores) e Robert Etienne e Michel Servet (cientistas). Assim, temos a primeira Grande Loja da Franco Maçonaria, com sua Constituição aprovada em assembleia magna, no ano de 15233. Com a morte de Francisco I, começa a perseguição dos maçons pela Igreja. A solução encontrada foi a mudança da Franco Maçonaria para a Inglaterra. Em 1723, os maçons ingleses promulgam sua Constituição. As diferenças entre a Maçonaria inglesa e a francesa são bem evidentes. Na maçonaria francesa temos a luta pela liberdade do pensamento, seu ponto principal, separado da influência da nobreza ou da Igreja. Trata-se de um movimento filosófico, universalista e humanitário. Aceita todas as orientações religiosas que busquem o aperfeiçoamento moral e intelectual do homem, cuja base é o respeito ao ser humano. Já a maçonaria inglesa tem, na existência de Deus, seu sistema de ordem moral e de conduta, estimulando seus membros a uma vida regrada de acordo com os princípios de sua própria religião (desde que seja monoteísta). Contudo, para grande parte dos historiadores, a Maçonaria, como é entendida atualmente, surge em 1717, quando as quatro “lojas” de Londres se reuniram para decretar, na noite de 24 de junho, a criação de uma Grande Loja, para servir como referência estatutária e simbólica. Nesse momento, passa-se da Maçonaria Operativa (vinda essencialmente das corporações envolvidas na arte da construção) para a Maçonaria Especulativa, na qual se integram outras categorias profissionais e diferentes classes sociais4. Na verdade, todas as origens, documentadas ou não, se misturam porque não há como descrever o alcance e a firmeza de um grupo de homens dispostos a deixar em sua história pessoal, algo de bom, algo de valor, além do laço familiar e de amizade. E, por termos milhares de obras sobre a Maçonaria e suas características principais, optamos por resumir as que podem ajudar na compreensão do que é a Loja Estrela, para os irmãos e para quem já ouviu ou leu que, esse grupo de servidores é composto por homens de bem e de bons costumes que guardam, da Arquitetura e da Geometria, a exatidão e o regramento para alcançar a base sólida de pirâmides, templos, catedrais e, por fim, de sua própria vida, cuja Loja perfeita é a união dos irmãos.

3 LIMA, Adelino de Figueiredo. Nos bastidores do Mistério. Rio: Spiker, 1958. 4 DOUGLAS, Roberto; CERINOTTI, Angela. Maçonaria. São Paulo: Globo, 2004.

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Principais ritos e graus De maneira bem simples, o rito pode ser definido como um sistema de comunicação que pode utilizar a palavra escrita e falada, além de gestuais específicos5. Também podemos citar a definição de Martine Segalen6, para qual o rito [...] é um conjunto de atos formalizados, expressivos, portadores de uma dimensão simbólica. O rito é caracterizado por uma configuração espaço-temporal específica, pelo recurso a uma série de objetos, por sistemas de linguagens e comportamentos específicos e por signos emblemáticos cujo sentido codificado constitui um dos bens comuns do grupo6. De certa forma, o ritual torna-se uma forma de expressão, que envolve nosso comportamento. Assim, é preciso que o ritual seja aceito e conhecido pelo grupo no qual se inclui. Para que exista, o ritual possui uma lógica interna de funcionamento, cuja estruturação se dá pelo uso dos símbolos envolvidos em sua manifestação7. Na Maçonaria, “é através do ritual que os integrantes da Loja devem se portar [...] primordialmente perante a própria instituição e, essencialmente, diante da sociedade”8. Assim, o que se conhece por ritos maçônicos são, na verdade, o conjunto de regramento de informações, que vão conduzir as sessões de trabalho na Loja. Cada rito possui um sistema de graus para transmitir essas informações. Os Graus Simbólicos de Aprendiz, Companheiro e Mestre são encontrados em quase todos os ritos. Contudo, existem outros, de aperfeiçoamento, chamados de Graus Filosóficos. Cada grau representa, dentro de seu rito específico, um conjunto de conhecimentos que fazem parte do progresso ético e moral do maçom9. No Brasil, os principais ritos e seus respectivos graus são: Rito Escocês Antigo e Aceito; Rito Brasileiro; Rito de York; Rito de Schröder; Rito Moderno; Rito Adonhiramita e Rito Escocês Retificado. O Rito Escocês Antigo e Aceito é o mais praticado no mundo e, no Brasil, faz parte de cerca de 90% das Lojas Maçônicas10.

5 PEIRANO, Mariza. Rituais – ontem e hoje. Rio de Janeiro: Zahar Editora, 2003. 6 SEGALEN, Martine. Ritos e rituais contemporâneos. RJ: Editora FGV, p. 31, 2002. 7 PEIRANO, Mariza. Op.cit. 8 JHONATAN, Rosa Lucas. A Ordem Discreta em Canguçu-RS: Maçonaria, Ritual, Segredo e Poder. 2018. 105f. Trabalho de Conclusão de Curso. Instituto de Ciências Humanas, Curso de Antropologia, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas: UFP, 2018. 9 Ibid. 10 PANTANO FILHO, Rubens. Breve histórico da Maçonaria no Brasil. Revista Intellectus, a.VII, n.17, p.01-31, 2011.

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Símbolos Uma das formas de aprendizagem é a ligação visual entre objeto e seu significado. Nesse sentido, o objeto passa a ser o símbolo de determinado conceito. “Tudo aquilo que os olhos alcançam, mais rapidamente despertam a atenção e gravam na memória aquelas circunstâncias que vêm acompanhadas de sérias verdades”11. Neste entendimento, o símbolo “se impõe, mesmo se ele for escolhido de forma arbitrária, pois evoca um complexo de pensamentos que se projetam nele, e é essa projeção que se impõe a nós”12. É através dos símbolos que constrói a linguagem maçônica13. Dentro do ritual maçônico os símbolos adquirem significados, de acordo com os respectivos graus, isto é, o símbolo vai se revelando conforme o progresso do irmão dentro dos ensinamentos. R. de Becker14 tem uma definição para o símbolo que se encaixa nesse contexto maçônico: O símbolo pode ser comparado a um cristal que reflete de maneiras diversas uma luz, conforme a faceta que a recebe. Pode-se ainda dizer que ele é um ser vivo, uma parcela de nosso ser em movimento e em transformação. De modo que, ao contemplá-lo e apreendê-lo [...] contempla-se também a própria trajetória que se pretende seguir, apreende-se a direção do movimento em que é levado o ser15.

O quê compõe uma Loja? Esta é uma pergunta que diz muito ao maçom. Porque, o que faz a Loja, longe de ser o edifício, a estrutura física em si, a Loja são os próprios irmãos. Uma Loja só existe, quando os irmãos estão reunidos16. Por outro lado, uma verdadeira Loja Maçônica tem uma característica muito especial dos “materiais” que lhe erguem e sustentam suas colunas: “ [...] a Loja é exatamente um grupo de Maçons, uma entidade coletiva definida que tem sua vida própria, seu espírito particular”17. Isto é, o local que ocupa não importa. O que a define, o que a compõe e que, sem dúvida, vem garantindo, através dos séculos, a presença da Maçonaria, é o trabalho em si mesmo e para a sociedade feito pelos maçons. 11 DYER, Colin. O Simbolismo na Maçonaria. São Paulo: Madras, p.28, 2003. 12 CHEVALIER, Jean; GHEERBRANT, Alain. Dicionário de Símbolos. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1989. 13 CAMPANHA, L.R. A Filosofia e a Análise dos Símbolos. Cadernos de Pesquisa 20. Londrina: A Trolha, 2003. 14 BECKER, R. de. Les machinations de la nuit. Paris, 1965. 15 Ibid., p. 289. 16 BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento,1979. 17 Ibid.


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Grande Oriente do Brasil Neste ano de 2022, o Grande Oriente do Brasil completa exatos 200 anos. Aliás, não existiria a Independência do Brasil sem a participação efetiva dos maçons. No entanto, sabe-se que muito antes de 1822, já existiam grupos que funcionavam de maneira similar à Maçonaria, nas províncias de Pernambuco e da Paraíba. Porém, a primeira Loja brasileira foi a Cavaleiros da Luz, criada em 14 de julho de 179718 e com uma peculiaridade: a Loja funcionava à bordo da fragata francesa “La Preneuse”, no povoado da Barra (Bahia)19. Já a primeira Loja maçônica, em solo brasileiro, chamava-se Reunião, fundada em 1801, no Rio de Janeiro. O ideal libertário da Maçonaria chocava-se, evidentemente, com os interesses da metrópole portuguesa. Em 1817, a Revolução Pernambucana tentou implantar a República no Brasil. Em vão. Assim, em março de 1818, ficaram proibidas todas as sociedades que pudessem representar algum tipo de perigo à Coroa Portuguesa20. Lojas atuantes, como a Comércio e Artes21, fecharam suas portas. Porém, como sabemos, o que faz uma Loja, não é o templo material, os maçons continuaram suas atividades na direção da independência do Brasil. Mesmo “clandestinos”, os irmãos reuniam cada vez mais simpatizantes para o rompimento definitivo com Portugal. Na verdade, a interação mais forte entre o processo de Independência do Brasil e a Maçonaria teve início com a exigência da volta imediata de D. Pedro, Príncipe Regente, para Portugal. Em 24 dezembro de 1821, o santista José Bonifácio, na ocasião, Ministro das Pastas do Reino e de Estrangeiros, escreve uma dura carta para D.Pedro: É impossível que os habitantes do Brasil, que forem honrados e se prezarem de ser homens – e mormente os paulistas – possam consentir em tais absurdos e despotismos [...] V.Alteza Real deve ficar no Brasil, quaisquer que sejam os projetos das Cortes Constituintes, não só para o nosso bem geral, mas até para a independência e prosperidade futura. Se V.A. Real estiver (que não é crível) deslumbrado pelo indecoroso decreto de 29 de setembro, além de perder para o mundo a dignidade de homem e de príncipe, tornando-se escravo de um pequeno grupo de desorganizadores, terá de responder, perante o céu, pelo rio de sangue que, decerto, vai correr pelo Brasil com sua ausência [...]22. 18 CASTELLANI, José; CARVALHO, William Almeida de. História do Grande Oriente do Brasil. São Paulo: 19 Ibid. 20 Ibid. 21 Ibid. 22 Ibid, p. 34

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Madras, 2009.


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Em 09 de janeiro de 1822, D.Pedro desobedece as ordens da Coroa Portuguesa, no episódio conhecido como Fico. Daí em diante, o papel de aglutinar simpatizantes para a causa da independência avolumou-se. De forma corajosa, a Maçonaria brasileira retomou suas atividades e a Comércio e Artes foi reinstalada sob nova identificação, Loja Comércio e Artes na Idade do Ouro. As adesões numerosas fizeram com que fosse criada uma Obediência23 nacional em 17 de junho de 1822, o Grande Oriente do Brasil. A expressão Grande Oriente define uma corporação maçônica, circunscrita a um país ou ritos, embora também possa abranger vários países ou ritos24. A definição de Jules Boucher é mais sucinta: “uma federação que agrupa diversos ritos”25. Na ata de 02 de agosto de 1822, o primeiro Grão-Mestre, o Conselheiro José Bonifácio de Andrada e Silva, propõe para ingresso na Ordem, o Príncipe D. Pedro de Alcântara. Em 07 de setembro, o Brasil rompe com a Coroa Portuguesa. Em 200 anos, o Grande Oriente do Brasil teve participação direta na Abolição da Escravidão e, em especial, na Proclamação da República, momentos cruciais da história de nosso país. No entanto, cabe a pergunta: quem de fato esteve presente nesses cenários? A Maçonaria? Quem responde é Evandro Burity26: Ela nada fez além de cumprir os seus objetivos, congregar, unir e instruir Homens Livres e de Bons Costumes, que através de suas ações puderam alterar a sociedade, mudar o mundo. Os feitos [...] foram realizações de Maçons, que movidos pelos princípios da Liberdade, da Fraternidade e da Igualdade [...] envidaram todos os seus esforços nas transformações sociais, que se faziam necessárias [...]27. O Soberano Irmão Múcio Bonifácio Guimarães é o atual Grão-Mestre Geral do Grande Oriente do Brasil 28.

23 Uma Obediência, ou Potência Maçônica, é uma federação de Lojas (ver FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1974.). 24 FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1974. 25 BOUCHER, Jules. A Simbólica Maçônica. São Paulo: Pensamento, p. 205,1979. 26 BURITY, Evandro. Maçons do Passado. Disponível em: www.gob.org.br Acesso em 12/03/2022. 27 Ibid., p.11 28 GOB. Disponível em: http://www.gob.org.br/grao-mestrado-e-equipe-/ .Acesso em 28/05/2022.


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Grande Oriente do Brasil – São Paulo O GOB – SP tem como objetivo principal o aprimoramento dos homens livres e de bons costumes de nosso Estado e isso só é possível pelo rigoroso cumprimento das leis maçônicas e pela eficácia dos serviços prestados29. Outra característica importante do GOB –SP é o constante incentivo para o crescimento intelectual, que se mostra por ações sociais e cívicas de seus associados30. No Estado de São Paulo temos, aproximadamente, 60 mil maçons31. Outra característica importante do GOB –SP é o constante incentivo para o crescimento intelectual, que se mostra por ações sociais e cívicas de seus associados 32: “Tem muita gente que tem interesse em ser maçom, nem todo mundo tem perfil. O perfil está baseado na forma de você agir com o ser humano, com o próximo.”33(Gerson Magdaleno – Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil São Paulo 2019-2023) De acordo com Gerson Magdaleno34, atual Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil -São Paulo, “Na Maçonaria, ninguém é melhor que ninguém, independentemente do que você faz na sua vida, independentemente de cor, de raça, de credo, de religião. Somos todos criaturas iguais. Existe perfeição dentro da Maçonaria? Claro que não. A Maçonaria é composta por homens, por pessoas e todos nós somos seres falhos e por isso, ela nos ensina a entender que, através do conhecimento, do autoconhecimento, quando nós sabemos que somos seres falhos, a gente pode se corrigir [...]35.” (Gerson Magdaleno – Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil São Paulo 2019-2023) “Somos uma família, tanto que nos tratamos por Irmãos [...], nosso relacionamento, sim, é um relacionamento de fraternidade36.” (Gerson Magdaleno – Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil São Paulo 2019-2023)

29 Disponível em: https://gobsp.org/ . Acesso em 29/04/2022. 30 Ibid. 31 MAGDALENO, Gerson. Disponível em: https://gobsp.org/entrevista-do-grao-mestre-gerson-magdaleno-sobre-a-maconaria-no-brasil-para-o-canal-achismo/ .Acesso em 25/05/2022. 32 GOB- SP. Disponível em: https://gobsp.org/ . Acesso em 29/04/2022. 33 MAGDALENO, Gerson. Op.cit. 34 GOB – SP. Disponível em: https://gobsp.org/ . Acesso em 29/04/2022. 35 MAGDALENO, Gerson. Disponível em: https://gobsp.org/entrevista-do-grao-mestre-gerson-magdaleno-sobre-a-maconaria-no-brasil-para-o-canal-a-deriva-podcast/ . Acesso em 25/05/2022. 36 Ibid. 19


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História Naquela quadra, a Rua Almeida de Moraes é tranquila, cercada de casas residenciais. Há 85 anos, deveria ser ainda mais especial. Era a noite de 22 de junho de 1937, quando no porão da residência de José Francisco de Carvalho, número 88, ele e outros 14 Irmãos deram início aos trabalhos de uma nova Loja Maçônica1. O grupo adotou uma ritualística ainda não praticada na região, o Rito Moderno ou Francês. O Rito Moderno surgiu em 1761 e reconhecido pelo Grande Oriente da França em 1773. Duas importantes características marcam esse Rito. A primeira, ele se compõe, atualmente, de nove graus, diferente do Escocês, com maior número (33). A segunda, a liberdade de expressão e religiosa são regras fundamentais2.

No Rito Moderno são considerados nove graus O Rito rapidamente ganhou aceitação na França e em suas colônias, além de outros países europeus. Também conquistou a Maçonaria latino-americana, incluindo o Brasil. Em 1822, com a criação do Grande Oriente do Brasil, o Rito Moderno foi adotado3. Mas, em Santos, era a primeira vez que ele seria a base de uma Loja. Na verdade, a história dessa Loja tão especial envolve outras duas instituições tradicionais na Maçonaria de Santos, a D. Pedro I e a Hiram Abif. Fundada em 19 de abril de 1924, a D.Pedro I era subordinada às Grandes Lojas do Estado de São Paulo4. Em 1932, o Venerável da Loja era José Ferreira Júnior, que veio a falecer no mesmo ano. Nesse momento, os Irmãos não chegaram a um acordo para a escolha do Venerável e para a permanência da D.Pedro I nas Grandes Lojas de São Paulo. Pela primeira vez, a Loja ficou sem liderança5. Muitos Irmãos optaram por sair da D.Pedro I, entre eles, Evaristo Gonçalves Lage e José Barbosa Leite, que se voltaram para a Hiram Abif, jurisdicionada ao Grande Oriente do Estado de São Paulo6. 1 CAMARGO, Irmão Edison Leite. A História da Loja. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 70 Anos, p.09-10, 2007. 2 FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. São Paulo: Pensamento, 1974. 3 Ibid. 4 PRESTES, Renato Soares. Tudo começou assim. A Estrela de Santos – Órgão Informativo da Aug.Resp.Benf. e Gr. Benf.Loj.Maç. “Estrela de Santos”, a.I, n.00, p.04-06, novembro de 1996. 5 D´AMICO, Mário. Tudo começou assim. A Estrela de Santos – Órgão Informativo da Aug.Resp.Benf. e Gr. Benf.Loj.Maç. “Estrela de Santos”, a.I, n.00, p.04-06, novembro de 1996. 6 Ibid.

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Da Hiram Abif, também faziam parte José D´Áurea, João Salgado Ochogovias, Manuel Feliz, Adriano Fachada, Arthur Rodrigues Novaes, Domingues Sierra, José Francisco Carvalho, Valentim José Pereira, Manoel Diegues, Casemiro Monteiro e Antônio Marques Coelho. Igualmente, Irmãos de outras Lojas frequentavam a Hiram Abif: Guido Fracaroli de Lamberti (Roma II Belo Horizonte); Paulo Fernandes de Gasgon (União Paulista – São Paulo); Egberto da Rocha Araújo (Estrela D’Oeste – Ribeirão Preto) e José Pelicano (União e Trabalho – Viradouro)7. Este grupo de Irmãos e os dois que vieram da D.Pedro I decidiram fundar outra Loja Maçônica na Cidade. Uma primeira reunião aconteceu no começo de junho, no dia 08 de 1937.

7 D´AMICO, Mário. Tudo começou assim. A Estrela de Santos – Órgão Informativo da Aug.Resp.Benf. e Gr. Benf.Loj.Maç. “Estrela de Santos”, a.I, n.00, p.04-06, novembro de 1996.


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Do encontro, realizado no escritório de Manoel Diegues, participaram 15 Irmãos: José Barbosa Leite; José D´Aurea; Valentim José Pereira; Casemiro Monteiro; Evaristo Gonçalves Lage; Guido Fracaroli Lambert; José Pelicano; Antônio Marques Coelho; José Galante; José Francisco de Carvalho; Domingos Sierra; João Salgado Ochogavias; Adriano Fachada; Manoel Diegue e Arthur Rodrigues Novaes8.

“Quando se pretende fundar uma Loja Maçônica, alguma Instituição Maçônica, isso não é feito em um templo. As pessoas se reúnem em um determinado local para começar os trâmites, as primeiras tratativas. No caso da Estrela, o primeiro encontro dos irmãos para estabelecer a Loja, aconteceu no escritório de um irmão”9. Novo encontro, no mesmo escritório do Irmão Diegues, à Rua Brás Cubas, 389, em 22 de junho. O Irmão Egberto da Rocha Araújo participava pela primeira vez e sugeriu o nome para a Loja: Estrela de Santos. Sendo aprovado por todos, à noite dessa data, a Estrela começa a brilhar, em sua reunião oficial de trabalho, sob a direção do Irmão Guido Fracaroli Lambert.10. 8 PRESTES, Irmão Renato. História da Fundação da Loja Estrela de Santos. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 75º Aniversário, p.9, 2012. 9 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 10 Ibid.

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Nessa sessão inicial, foi eleita a Diretoria Provisória: Paulo Fernando Gasgon Venerável Mestre

José D´Aurea 1º Vigilante

Casemiro Monteiro 2º Vigilante

Antônio Marques Coelho Orador

José Barbosa Leite Secretário

Arthur Rodrigues Novaes Tesoureiro

Guido Fracaroli Lambert Chanceler

Evaristo Gonçalves Lage Hospitaleiro

Adriano Fachada Mestre de Cerimônias

Manoel Felix 1º Experto

Valentim José Pereira 2º Experto

Domingos Sierra 3º Experto

José Galante 1º Diácono

Egberto da Rocha Araújo 2º Diácono

José Francisco de Carvalho Porta Espada

João Salgado Ochogavias Porta Estandarte

José Pelicano Cobridor

Manoel Diegues Arquiteto

Embora não tenham participado da primeira reunião, os Irmãos Egberto da Rocha Araújo e Manoel Felix são considerados fundadores da Loja Maçônica Estrela de Santos. 25


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Atualmente com 95 anos, o Irmão Carlos Frigério comentou o nome da Loja:

“Estrela. Só podia ser esse o nome escolhido para uma outra estrela, nossa Cidade de Santos”11. A segunda sessão de trabalho acontece no porão da casa do Irmão José Francisco de Carvalho, à Rua Almeida de Moraes, 88. A Loja Estrela começa a ser, literalmente, estruturada. O altar e seus pertences foram doados pelo dono da casa; as mesas dos Vigilantes, por José Pelicano; bancos e cinco mesas vieram através das doações de Manoel Diegues e Egberto da Rocha de Araújo; as duas colunas, ofertadas por Antônio Marques Coelho e Adriano Fachada; José D´Áurea contribuiu com os fitões e joias simbólicas; 24 cadeiras vieram da parte de Domingos Sierra e João Salgado Ochogovias; outras 24 cadeiras foram doadas por Casemiro Monteiro e Valentim José Pereira; as espadas, por Arthur Rodrigues Novaes12. O prumo, o nível, a régua; uma estante e um armário para a secretaria foram doados por José Galante; Egberto da Rocha Araújo, Antônio Marques e Valentim José Pereira doaram vários livros. Evaristo Gonçalves Lage doou uma quantia em dinheiro para demais despesas. A redação do Regimento Interno ficou por conta dos Irmãos Antônio Marques Coelho, José Pelicano, Valentim José Pereira e Paulo Fernandes de Gasgon. Muito bem. A Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela de Santos passa a existir. Até 13 de outubro daquele ano, as reuniões aconteceram, todas as semanas, na residência de José Francisco de Carvalho. Só que era abusar demais da paciência da Cunhada . Assim, os irmãos, já em setembro, começaram a procurar um local para sede e uma comissão foi criada com essa finalidade. A Carta Constitutiva é expedida quatro meses depois, em 09 de outubro de 1937. Começa, assim, a busca por um local definitivo para a Estrela. Um lugar especial, onde os Irmãos realmente pudessem ser acolhidos. Porém, o ano de 1937 prepara outra surpresa para os Irmãos. No dia 10 de novembro, Getúlio Vargas implantava o Estado Novo. Entre as instituições sociais que se tornaram “non gratas” ao governo, a Maçonaria era uma das principais. Com isso, “as reuniões maçônicas estavam proibidas em todo o Brasil”13. 11 FRIGÉRIO, Carlos. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 12 D’AMICO, Mario. Tudo começou assim. A Estrela de Santos – Órgão Informativo da Aug.Resp.Benf. e Gr. Benf.Loj.Maç. “Estrela de Santos”, a.I, n.00, p.04-06, novembro de 1996. 13 RAGO, Cesar Augusto Pascali. Ruas de Pedras Polidas. Santos: Bortolamasi, p.50, 2016.


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Os Irmãos, em comum acordo, decidiram suspender as reuniões, em especial, para não prejudicar o Irmão Carvalho. Agora, ter uma sede era vital. Um terreno chegou a ser comprado, à Rua Luiz de Camões14, porém, a construção em si nem sequer começou, tendo em vista a situação política do País. Em 6 de julho de 1942, com a liberação de funcionamento das Lojas Maçônicas por parte do governo, a Estrela volta com suas sessões de trabalho. Desta vez, em uma sede provisória, nas dependências cedidas pela Loja D. Pedro I, um sobrado à Rua Martim Afonso, 3815. Assim, a regularização efetiva da Estrela só aconteceria em 17 de agosto de 194216. Com a sagração do templo realizada, as reuniões no sobrado da D. Pedro I, continuariam até 1955.

A pedra A construção do templo da Estrela seguiu o caminho do esforço dos Irmãos e de suas famílias. O terreno ideal apareceu. Era na mesma Almeida de Moraes da primeira sessão, porém, no número 13. As obras começaram. Na verdade, o espaço ocupava os números 11 e 13, já prevendo as instalações imponentes que surgiriam e que fariam, do templo da Estrela, um dos mais belos do país.

Falar da Estrela... ...é mergulhar em símbolos vivos e, aqui, não se fala em termos maçônicos, mas sim, seus Obreiros. Os Irmãos que por ela passaram e os que ainda atuam, deixam uma grande parte de sua vida aqui. Talvez, seja a explicação para aquilo que alguns deles, em seus relatos, deixaram passar, em cada palavra e recordação de momentos, o que de melhor traduz o verdadeiro maçom: o respeito e amor pela Casa que o acolheu como filho. Assim, o que se segue é um pouco do que, desde 1937, diversos Irmãos e suas famílias deixaram em cada parte, em cada parede, em cada recordação da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela de Santos.

14 SOARES, Renato. Você sabia... A Estrela de Santos – Órgão Informativo da Aug.Resp.Benf. e Gr. Benf.Loj.Maç. “Estrela de Santos”. 15 Ibid. 16 CAMARGO, Edison Leite. A História da Loja. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 70 Anos, p.09-10, 2007.

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Generosidade e compaixão: o primeiro Venerável Paulo Fernandes de Gasgon. Um homem que trazia na alma a generosidade e a compaixão em servir ao próximo, tão importantes na Maçonaria. A ele foi dada a missão de dirigir os primeiros caminhos da Estrela e seus Irmãos, de 1937 a 1941. O veneralato de Gasgon ocorre, justamente, no período do Estado Novo (1937-1945). Aparentemente, as lojas maçônicas brasileiras permaneceriam “adormecidas”, termo que indica o afastamento dos trabalhos normais de uma Loja. O Estado Novo se caracterizou por intensa vigilância da sociedade, em uma divisão que polarizava conservadores, intelectuais católicos, integralistas e anticomunistas, de um lado, e progressistas e liberais, de outro. Contudo, não seria um decreto a calar a Maçonaria e muitas lojas continuaram suas atividades, entre elas, a Estrela de Santos. “Em nenhum momento a Estrela se calou. Naquele período, os irmãos se revezavam em suas casas ou escritórios para as sessões. Saíam de suas casas, deixavam as famílias, sabendo o perigo que estavam correndo. A Estrela jamais parou suas atividades”17.

A coragem e o profundo senso do dever orientaram o período em que Paulo Fernandes de Gasgon esteve com o malhete de Venerável. Sua função no cargo também coincidiu com o período da ratificação do franquismo18 na Espanha. Uma das histórias traz o Venerável da Estrela às voltas com um preso político espanhol, a ser repatriado. Gasgon era escrivão forense e mantinha, por força da profissão, contato frequente com advogados, delegados e carcereiros. Certo dia, na Cadeia de Santos, foi abordado pelo carcereiro: em uma das celas, se encontrava um espanhol que, a cada pessoa que se aproximava, fazia uns sinais estranhos. Paulo Gasgon foi ver o prisioneiro19. 17 FRIGÉRIO, Carlos. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 18 O regime ditatorial de Francisco Franco começa com o golpe de Estado, em 18 de julho de 1936, e prossegue com uma Guerra Civil até 1939, da qual sai vencedor. O franquismo permanece no controle da Espanha até 1975. SARANGA, Sergi. Cuáles eran las características del franquismo? La Vanguardia. 24/11/2020. Disponível em: https://www.lavanguardia.com/vida/junior-report/202011/23/49555718362/ . Acesso em 30/03/2022. 19 RAGO, Cesar Augusto Pascali. Ruas de Pedras Polidas. Santos: Bortolamasi, 2016.

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Tratava-se de um Irmão, que fazia o sinal internacional maçônico de socorro. Gasgon pediu para falar com Rivera, o prisioneiro. Comunista e contra o governo de Francisco Franco, foi condenado à morte. A maçonaria espanhola o ajudara a fugir para o Brasil. Porém, como o governo de Vargas mantinha acordo de repatriar todo espanhol julgado e condenado, Rivera chegaria à Espanha para ser fuzilado20. O Venerável pediu auxílio a outros irmãos da Estrela: Luiz Frigério, Joaquim Ribeiro Moura e o advogado José Gomes da Silva. Naquela mesma noite, o espanhol conseguiu sair da prisão e, seu destino, não poderia ser mais favorável: ficaria na casa de um parente da mulher de Frigério, também espanhol, comunista e inimigo do franquismo21. A situação do espanhol contou com a ajuda do discreto, porém competente, José Gomes da Silva22: em três meses, com tudo regularizado, Rivera era um homem livre. Em uma das cartas que escreveu à Frigério, agradecia aos irmãos da Loja Estrela por terem salvo sua vida23, naquele dia onde só lhe restava fazer os sinais de socorro para Paulo Fernandes de Gasgon.

Um bode e dois pinguins 17 de junho de 1950. Neste dia, seria lançada a pedra fundamental do templo. A construção já havia começado, mas seria importante marcar a data. Antônio Ferreira era um dos Irmãos da Loja. Extrovertido e dono da distribuidora de bebidas Antarctica, resolveu, efetivamente, dar um jeito de avisar a todos o dia de lançamento da pedra fundamental. E o fez em grande estilo! No seu estilo peculiar. No dia 16 de junho, a primeira página do Jornal A TRIBUNA estampava o curioso anúncio da cerveja Tip-Top.

20 FRIGÉRIO, Carlos. O Maçom condenado à Morte. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 75º Aniversário, p. 28-29, 2012. 21 Ibid. 22 O irmão José Gomes da Silva foi, por muitos anos, provedor da Santa Casa de Misericórdia de Santos. No período de 1971/1972 tornou-se presidente da Subseção Santos da Ordem dos Advogados do Brasil. Foi ele a indicar a primeira mulher para ocupar um cargo executivo na Diretoria da OAB Santos, Maria Letícia Borges de Souza, na função de Tesoureira. BALTAZAR, Jelcy. OAB Santos: 80 Anos de Tradição e Democracia. Santos: Printmais, 2014. 23 FRIGÉRIO, Carlos. Op.cit.


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Ferreira foi de uma criatividade e tanto: os pinguins, símbolos da cervejaria Antarctica desde 1885, já possuíam uma Estrela brilhando sobre eles. O Irmão acrescentou a gravura de um bode, em tamanho que não deixava passar desapercebida a intenção da publicidade, pois aparecia a palavra “Amanhã”. A notícia estava ali. No dia seguinte, Antônio Ferreira caprichou: lá estava a mesma publicidade, estrategicamente diagramada abaixo da data: “Sábado, 17-6-1950”. Vale observar que anúncios como esse, na primeira página, ainda hoje, são feitos com a orientação do cliente, nesse caso, o Irmão Ferreira solicitou a exata colocação do anúncio. Na tarde de 17 de junho de 1950, é lançada a pedra fundamental da Estrela de Santos. Compareceram, além dos Irmãos e suas famílias, representantes de outras Lojas: Plácido José Afonso (da Libertas, Capital); Laurindo Chaves (D. Pedro I); Luiz La Scala (Fraternidade), Nacarato Brancato (Hiram Abif ). Já a José Bonifácio enviou um grupo de irmãos para representá-la. O simpático bode apareceu durante o mês de junho, uma vez por semana, na página de Esportes. Antônio Ferreira deixou para a história da Estrela não apenas seus dois inusitados anúncios de primeira página: com bom-humor, pediu que em seu velório fosse servida a cerveja da Antarctica. Foi atendido.

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Ergue-se uma Loja Maçônica Luiz Frigério trabalhou intensamente com Dilhermando Cécere Vidal. “Eles organizavam até rifas de carros da A.D. Moreira24 para angariar recursos e construir a Loja. Eles e os demais irmãos também ajudavam, nos finais de semana, na construção. Era por a mão na massa mesmo: quem lixava portas, pintava, carregava cimento, tijolos e blocos. Tudo para adiantar o trabalho.”25 (Rui Fonseca – Venerável 1997-2001)

Um templo como nenhum outro Entre diversas pastas, zelosamente guardadas em sua atual biblioteca, encontram-se registradas passagens do cuidado e capricho com que a Loja foi montada. Por exemplo, a concepção dos móveis do Templo, onde vemos o esboço de como seriam as cadeiras. Projetos concebidos com detalhes precisos. O custo, todo ele pago pelos Irmãos. No dia 20 de dezembro de 1955, finalmente os Irmãos se mudam para sua Loja. Como o térreo do templo já estava construído, as sessões de trabalho da Estrela passam a ser realizadas no Salão dos Passos Perdidos26, de forma provisória, até a sagração do templo27.

A vocação de servir à comunidade também se inicia No início de março de 1956, fortes chuvas caíram sobre a Cidade. Entre os pontos mais atingidos, os Morros do Marapé e Santa Terezinha tiveram parte de suas estruturas vindo abaixo, desabrigados e vítimas fatais. Como de costume, a sociedade civil uniu-se em solidariedade.

24 A loja A.D.Moreira foi um dos destaques do comércio varejista da região, em especial, nas décadas de 50, 60 e 70. Seu proprietário era Luiz Frigério. (N.A.). 25 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 26 ORLANDI, Bruno. Estrela. Entrevista concedida à autora em abril de 2022. 27 CAMARGO, Edison Leite. A História da Loja. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 70 Anos, p.09-10, 2007. 35


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Listas de donativos em dinheiro, de empresas e seus funcionários, bem como pessoas de diferentes idades e poder aquisitivo, enchiam as colunas de A TRIBUNA. Clubes e instituições religiosas abriram suas portas para acolher os desabrigados. Entre elas, a Loja Estrela. Por duas semanas, a Estrela acolheu 20 adultos e 15 crianças. O atendimento não envolveu apenas os irmãos, mas também suas mulheres, irmãs e filhas que se revezaram na assistência social e psicológica. “A Fraternidade sempre foi um dos pilares da Maçonaria e, claro da Estrela. Os desabrigados daquela chuva não foram os únicos a ocuparem o espaço da Loja. A Estrela abrigou, inúmeras vezes, irmãos e suas famílias em dificuldade financeira”28. “Nesses casos, a Loja se tornava uma espécie de pensão. Conforme o irmão obtinha emprego, tinha sua subsistência garantida, deixava a Loja, mas voltava para ajudar, da mesma forma com que tinha sido ajudado. Era um dever moral. Naquela época, a Loja também era uma potência.”29 (Rui Fonseca – Venerável 1997 -2001)

28 FRIGÉRIO, Carlos. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 29 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 37


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Em junho de 1956, surgia a Coligação dos Veneráveis de Santos e São Vicente. Esta Coligação terá influência sobre os rumos de todas as Lojas afiliadas30. Fechando o ano de 1956, a Loja organizou uma de suas expertises: o almoço de confraternização para os irmãos e seus familiares . Um dos irmãos mais atuantes e que deixou verdadeiro legado, material e moral para os que lhe sucederam, foi Luiz Frigério. Onipresente em todas as situações que exigiam o firme propósito do maçom, Frigério tornou-se o sétimo Venerável da Estrela (1957-1958), no período em que a Loja, finalmente, vê seu templo construído. 30 SOARES, Renato. Você sabia... A Estrela de Santos – Órgão Informativo da Aug.Resp.Benf. e Gr. Benf.Loj.Maç. “Estrela de Santos”.


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No dia 22 de junho de 1957, a Loja Estrela inaugurava e sagrava seu templo definitivo. Com as colunas brancas e douradas, o edifício imponente logo ficou conhecido como um dos mais belos templos maçônicos do mundo e um dos maiores da América Latina.

“Nenhum templo que visitei, no Brasil e exterior, tem aquela beleza especial que a Estrela tem. Ela é única.” (Rui Fonseca – Venerável 1997/2001) 39


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Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela de Santos Grande Benfeitora e Portadora da Estrela da Distinção Maçônica O edifício se impõe por si só. À luz do dia. Iluminado pela lua ou pelas lâmpadas. Quando se entra pelas pesadas portas, o encantamento aumenta. Beleza, dignidade, respeito. Esta é a Estrela. Agora, o leitor vai conhecer um pouco de uma das Lojas Maçônicas mais importantes do país. Em 85 anos, o trabalho dos Irmãos e de suas famílias deu frutos.

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Biblioteca O espaço convida ao estudo. Pequeno e rico de materiais sobre a Maçonaria. Seu bem mais valioso: o livro de assinatura da Consagração do Templo, em 1957.

Museu Álbuns de fotos, de todas as épocas. Objetos ritualísticos, o primeiro estandarte da Loja. Comendas, medalhas de ex-Veneráveis. A maior parte dos objetos foram doadas pelas famílias de alguns Irmãos, como Luiz Frigério. Entrar no Museu da Estrela é participar, de alguma forma, da história da própria Maçonaria, através desses Irmãos.

Salão dos Passos Perdidos Foi a primeira dependência do edifício a servir como Templo provisório, na década de 1950. O teto reúne estrelas espelhadas, que refletem quem fica sob elas. Salas ou Salões dos Passos Perdidos existem em diversos prédios públicos em todo mundo, como os palácios da Justiça de Roma, Lisboa, Bruxelas, o Congresso Nacional da Hungria e, claro, em templos maçônicos1. O nome surgiu de uma situação: os passos ansiosos de quem espera entrar ou aguarda a saída de alguém da sala do júri. Os passos refletiriam a angústia do destino a ser aguardado2. 1 Disponível em: https://tj-sp.jusbrasil.com.br/noticias/178704018/salao-dos-passos-perdidos-patrimonio-do-judiciario-paulista . Acesso em: 10/05/2022. 2 Disponível em: https://tj-sp.jusbrasil.com.br/noticias/178704018/salao-dos-passos-perdidos-patrimonio-do-judiciario-paulista . Acesso em: 10/05/2022.


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No caso da Estrela, o Salão é o local onde são recebidos os visitantes, Irmãos ou não, onde a conversa flui, não apenas sobre a Maçonaria, ao sabor de coquetéis. Ou, ainda, onde os Irmãos se reúnem para jantar, após a sessão de trabalhos.

Aqui, o tempo deixa de existir Esta é a sensação quando se abrem as portas do Templo da Estrela. Dispostos segundo a ritualística, objetos comuns como assentos, ganham uma dimensão de respeitosa beleza. Suas colunas, os pisos quadriculados e altar recebem, toda semana, os Irmãos, no caso de sessões de trabalho interno. E também suas famílias e convidados em palestras e cerimônias abertas. Em uma de tantas reformas de conservação, a descoberta em duas paredes: os painéis do artista italiano Franco Gavioli, da época do Venerável Luiz Frigério3. Sob camadas de inúmeras pinturas posteriores, surgiram duas obras retratando figuras que hoje ornamentam o templo.

3 FRIGÉRIO, Carlos. A visita ao Templo. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 75º Aniversário, p. 30, 2012.

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Reconhecimento da Estrela A Loja possui três títulos honoríficos com que reconhece Irmãos, Profanos e Instituições pelos trabalhos, serviços ou atos em favor da Estrela, da Maçonaria, da Pátria e da Comunidade: a Comenda e Medalha de Honra ao Mérito da Ordem Pelicano são ofertadas apenas aos Irmãos, membros da Loja; a Medalha de Honra ao Mérito da Ordem Dilhermando Cécere Vidal é ofertada também aos Irmãos do Quadro. Já o Certificado de Honra ao Mérito da Ordem Cinzel é direcionado aos membros da Loja, Profanos e Instituições. A Comenda e Medalha de Honra ao Mérito da Ordem Pelicano é a mais alta condecoração conferida pela Loja aos Irmãos que tiverem prestado relevantes serviços a Estrela ou a Ordem Maçônica em Geral. Tamanha sua importância que sua outorga é feita em Sessão Magna, preferencialmente no aniversário da Estrela e só pode ser concedida uma única vez durante cada presidência.

Irmãos que receberam a Comenda e Medalha de Honra ao Mérito da Ordem Pelicano: IRMÃO M\I\ Dilhermando Cecere Vidal M\I\ Mario Venâncio Pula M\I\ João Bittar M\M\ José Barbosa Leite M\I\ Antonio Alves Peres M\M\ Pedro Pinto M\I\ Orlando Morgado M\M\ Carlos Frigério M\M\ José Monteiro M\M\ Mario D´Amico M\I\ Itiberê Rocha Machado M\I\ Renato Soares Prestes M\M\ Eugenio Henriques M\M\ Cícero de Araújo Filho M\M\ Aldo José dos Santos M\I\ Rui Fonseca dos Santos

ANO 1987 1987 1987 1987 1989 1991 1993 1993 1994 1995 1997 1997 1998 2000 2001 2003


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M\I\ Antonio Roberto Pimentel José M\I\ Helder Cyrillo Guimarães da Silva M\I\ Carlos Alves Queiroz M\M\ Aldo do Rosário M\I\ Antonio Carlos Daud M\I\ Eugenio Carlos Pierotti M\I\ Francisco Alexandre de Paula Ferreira M\M\ Wanderley Neustaedter

2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019

A Medalha de Honra ao Mérito da Ordem Dilhermando Cécere Vidal é ofertada aos Irmãos da Loja, pelos serviços prestados à Loja, ao Irmão do Quadro e aos seus familiares, às Instituições, ao Município e à Ordem Maçônica. Apenas duas Medalhas podem ser oferecidas durante o período da Diretoria Executiva.

Irmãos que receberam a Medalha de Honra ao Mérito da Ordem Dilhermando Cecere Vidal: IRMÃO Edison Leite de Camargo Antonio Estevam Giffoni José Ferreira de Andrade Júnior Marcelo Vallejo Marsaioli José Lascane Aldo José dos Santos Júnior

Já o Certificado de Honra ao Mérito da Ordem Cinzel destina-se aos membros da Loja, Profanos e Instituições por serviços, doações, representações, palestras ou conferências, prestadas para e na Loja. Podem ser ofertado até quatro Certificados, sendo dois a cada ano do período de gestão.

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Irmãos, Instituições e Profanos que receberam o Certificado de Honra ao Mérito da Ordem Cinzel: IRMÃO Aldo do Rosário Alberto Carneiro Espósito Italo Salvadori Jeannette Briccola Ferraz Amaral Terezinha Maria Calçada José Eduardo Ribeiro FRAFEM – Unidade Estrela de Santos Capítulo Santos Ordem DeMolay Augusto Cesar Pinto Maria Regina M. Chaves Agostinho Wanderley Neustaedter Ademilda Batista de Jesus

Recompensas do Grande Oriente do Brasil à Estrela e seus Irmãos O Grande Oriente do Brasil concedeu à Loja Estrela também importantes distinções: Grande Benfeitora e Portadora da Estrela da Distinção Maçônica. O GOB também costuma conceder cinco títulos significativos aos maçons: Benemérito; Grande Benemérito; Estrela da Distinção Maçônica, para aqueles que tenham, no mínimo, 35 anos de efetiva atividade maçônica; Cruz da Perfeição Maçônica, para o que tenha, no mínimo, 40 anos de participação maçônica comprovada e, a principal, a Comenda da Ordem do Mérito de D. Pedro I, ao maçom que tenha, no mínimo, 50 anos dentro da atividade maçônica.


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Benemérito IRMÃO Alfredo Fernando Vecchiatti Pommella André Almeida Pires Antonio Augusto Caporali De Camargo Antonio Carlos Daud Antonio Roberto Pimentel José Edy Wilian Tedros Gil Ribeiro De Mendonça Júnior Helcio Da Silva Hideo Iwai João Carlos Meirelles Ortiz Leopoldo Cardoso Almeida Cunha Mauro Castro Maccori Nilton Da Piedade Barreiro Wanderley Neustaedter Antonio Carlos Donato Edison Da Silva Monteiro Helder Cyrillo Guimarães Da Silva Miguel Angelo De Souza Nelson Lopes Dos Santos Oséias Santos Cabral Ramon Mateo Júnior Waldemar Ribeiro Xisto Filho

Grande Benemérito IRMÃO Arlindo Lopes Durão Arnaldo Joaquim Maria Constantino Barbosa Cavalheiro Dilmar De Castro Flavio Roberto Alvarez Quinto Hugo Barbosa Filho João Lascane José Antonio Elias Vieira José Gonçalves José Rodrigues Da Silva Filho José Soares Da Silva 47


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Nataniel Picado Alvarez Olegario Pereira Monteiro Filho Paulo Dos Santos Ricardo Paulo Dos Santos Serafim De Almeida Tavares Walter Felcio Filho André Almeida Pires Antonio Roberto Pimentel José Helcio Da Silva

Estrela da Distinção Maçônica IRMÃO Angelo Alessio Neto Aristides Manoel De Arruda Flavio Tirlone José Eduardo Ribeiro Leonardo Sorbello Netto Marcelo Miguel Alvarez Quinto Rui Fonseca Dos Santos

Cruz da Perfeição Maçônica IRMÃO Celso Porto De Oliveira Eugenio Carlos Pierotti Gabriel David Hushi Hernani Pinto De Lemos Júnior Horácio Perdiz Pinheiro Júnior Noberto Estevam De Araujo Vladimir Marques Raccioppi

Comenda D. Pedro I IRMÃO Alberto José Dos Santos Carlos Frigério Eduardo Lima Júnior Enio Armando Nadais Moita João Ivair Disaró


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Hino da Loja Maçônica Estrela de Santos Na garantia de um mundo Justo e perfeito Abrindo caminhos num trabalho constante Somos luz e saber, somos renovação Veneranda Senhora Augusta e Benfeitora Glória imorredoura da Ordem, no Brasil! És “ESTRELA DA DISTINÇÃO MAÇÔNCA” E honra-nos cumprir O dever de filhos teus Prometendo assumir novos desafios E engradecendo o nome Do Grande Arquiteto Continuar o ideal De junho de 37! Estribilho: Honrando a “ESTRELA DE SANTOS” Sustentamos, com altivez, A garantia do lema LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE

(Letra e música: Glorinha Veloso, 17/07/1998) “Viva a Família Maçônica. Viva a Loja Estrela.”1 (Francisco Alexandre de Paula Ferreira – Venerável 2009 – 2011) 1 FERREIRA, Francisco Alexandre de Paula. Estrela. Entrevista concedida à autora, em maio de 2022.

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A Estrela se Expande Ordem DeMolay: os jovens da Estrela “Estes moleques aqui dentro vão quebrar a Loja toda”. Foi isso que se ouviu quando o Irmão Renato Soares Prestes anunciou que iria formar os DeMolays da Estrela1. Não só não quebraram como trouxeram a tradição da Maçonaria para as novas gerações e ainda formaram um Venerável, Bruno Orlandi. Em 1999, a Estrela viu “os moleques” começarem seus passos na senda maçônica, sob a orientação firme de Rui Fonseca: todos os sábados, do meio dia às 21 horas. Os DeMolays aprendem não apenas o significado da Maçonaria. Aprendem o Patriotismo, o valor da Educação e da Família, a Filantropia. Aprendem a serem homens íntegros e jovens cidadãos. O nome da Ordem remete à Jacques DeMolay, o cavaleiro que entrou para a Ordem monásticomilitar dos Pobres Soldados de Cristo e do Templo de Salomão, orientados para defender os cristãos, em peregrinação na Terra Santa, e as terras em posse da Igreja Em 1298, Jacques DeMolay chegou à Grande Mestre (ou Grão-Mestre) da Ordem do Templo2. Contudo, a Igreja perdeu a Terra Santa. E a Ordem, por concentrar um contingente considerável 1 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 2 Disponível em: www.demolaybrasil.org.br/pages?type=infos&id=29-Nosso-Patrono. Acesso em 13/05/2022.

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de nobres e imensas riquezas, desperta a cobiça do clero e dos reis europeus, em especial, do soberano francês, Felipe IV3. “Em 13 de outubro, uma sexta-feira, ordens até então secretas [...] determinavam a prisão de Jacques DeMolay e todos os Templários que fossem encontrados sob a acusação de heresia e traição. Os Cavaleiros não resistiram e foram levados, inclusive o Grande Mestre, para os calabouços onde os que aguentaram, foram torturados por sete anos vivendo à mingua”4. Duramente torturado, DeMolay jamais entregou o paradeiros dos cavaleiros que conseguiram escapar. Corajosamente, denunciou as violências sofridas por ele mesmo e por seus irmãos de Ordem5. Foi punido com a fogueira, na pequena ilha du Vert Galant, em frente à Catedral de Notre Dame, no dia 18 de março de 1314. A Ordem DeMolay é a maior organização juvenil do mundo, considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como Organização Não-governamental de fundamental importância na formação do jovem6. Em 2016, a Lei Municipal Nº 3.251, do vereador Bruno Orlandi, declara de utilidade pública o Capítulo Santos da Ordem DeMolay. 3 Disponível em: www.demolaybrasil.org.br/pages?type=infos&id=29-Nosso-Patrono. Acesso em 13/05/2022. 4 Ibid. 5 Ibid. 6 Disponível em: www.bodegadahistoria.wordpress.com/2012/07/06/ordem-demolay/ Acesso em 13/05/2022.


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A sete virtudes cardeais de um DeMolay: • Amor Filial • Reverência pelas Coisas Sagradas • • Cortesia • Companherismo • Fidelidade • • Pureza • Patriotismo • “Fui presidente, durante 12 anos, do Conselho dos DeMolays. Eu orientava aqueles meninos, até nos modos. Quando iam se apresentar em uma outra Loja, após a apresentação, sempre há algo para comer. E eu recomendava ‘Vocês não encostam na mesa enquanto as mulheres não se servirem.’7 (Rui Fonseca – Venerável 1997-2001)

Quem assiste a uma cerimônia DeMolay jamais esquece: “Na primeira apresentação, eu fiquei encantada de ver aqueles moleques fazendo uma ritualística sem erro. Eu vi esses meninos se tornarem homens. Eu fui a casamentos, a batizados. Foi algo que eu acompanhei, em certa medida, muito mais que os daqui de casa. Porque minha casa era lá, na Estrela.”8 “O Rui criou esses meninos. Eu também.” (Tia Janice)9 7 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 8 FONSECA, Janice. Estrela. Entrevista concedida à autora em abril de 2022. 9 Ibid.

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A Mulher na Maçonaria: a atuação da FraFem Na FraFem, da mulher é esperada uma atuação voltada, principalmente, à benemerência, com participação nos eventos organizados pela Loja, com forte elo com a filantropia. É um caminho lado a lado com os Irmãos, com sua carga de responsabilidade, cujos resultados práticos são reconhecidos pela Loja. A Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul foi criada pelo Grande Oriente do Brasil, em outubro de 1996, e é vinculada a uma Loja Maçônica da Federação10. “É composta de esposas, viúvas, irmãs e filhas de maçons e tem como principal finalidade integrar as mulheres à família maçônica. Da mesma forma, incentiva a amizade entre as cunhadas.”11 A Fraternidade Feminina segue seis princípios bem marcados: 1) o amor à família; 2) fidelidade e devotamento à Pátria; 3) obediência às Leis e dedicação à comunidade; 4) a livre manifestação do pensamento; 5) a tolerância; 6) o respeito às convicções e à dignidade de cada pessoa12. Desde sua criação, a Estrela contou com o apoio das Cunhadas na organização de eventos beneficentes para arrecadação de fundos, ou ainda, levando o nome da Estrela para seus círculos familiares, profissionais e de amizade. 10 DAUD, Rosa Maria de Oliveira. Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul “Unidade ESTRELA DE SANTOS”. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 70 Anos, p.21-22, 2007. 11 Ibid. 12 Ibid.


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“As mulheres sempre estiveram ligadas à Loja. Sempre foram muito atuantes, fazendo um trabalho de apoio aos Irmãos. Isso é muito marcante na Loja. Cada uma faz o seu melhor, o seu possível. A parte dourada, das colunas do Templo, foram pintadas pela mulher de um Irmão, por exemplo.”13 Esse apoio feminino era prático, porém, não oficial. Somente em 1999, surge a Unidade Estrela de Santos da Fraternidade Feminina. Já existiam outras, em São Paulo, em Brasília14. “Temos um Regimento Interno, subordinado ao GOB SP e a FraFem do GOB SP nos incentiva a fazer Campanhas. Tornou-se praxe a mulher do Venerável ser a presidente da FraFem. É ele quem passa a presidência”15. “Dois anos como Venerável é suficiente para qualquer mulher! Se a festa é às 20h, ela deve chegar com ele às 17h. Verificar cada ambiente em que as pessoas vão circular, verificar todos os detalhes, do toilette à cozinha, as mesas do Salão. Você também passa a ser convidada para todas as festas da família dos Irmãos. Em muitas situações, você deixa de ter família para ser a mulher do Venerável. Nem sempre sua própria família entende” ( Janice Fonseca)16. No caso da Estrela, é a FraFem que mobiliza os eventos de arrecadação de fundos para diversas campanhas benemerentes, desde jantares, almoços ou inciativas filantrópicas como as dos DeMolays e, ainda, organizar e supervisionar o Bazar da Casa de Estar17. Na década de 1990, quando começou o Festival do Inverno Quente, da Prefeitura, as mulheres dos Irmãos se desdobraram entre ajudar o cozinheiro (na maior parte das vezes, os próprios Irmãos cozinham nesses eventos), servir às mesas, lavar as louças. Os Irmãos também faziam sua parte, descascando batatas, cebolas, trocando botijão de gás18;19. “Na Festa Junina da Praia, quando chovia, a maré invadia o espaço das barracas. Lá íamos nós, com os Irmãos, tirando caixas, isopores. Servíamos pasteis, caldo verde. Quando a Festa se mudou para o Emissário, foi quando o Rui pegou emprestada a Barraca da Casa de Estar. Aí ficamos por 30 noites. A Loja toda ajudou.”20 “Sempre fomos tratadas como rainhas, não importa a ocasião.” ( Janice Fonseca)21 A Cunhada Joselene Edmeire da Silva Galoti Orlandi é a atual Presidente da FraFem.

13 FONSECA, Janice. Estrela. Entrevista concedida à autora em abril de 2022. 14 CYRILLO, Flávia. Estrela. Entrevista concedida à autora em março de 2022. 15 Ibid. 16 FONSECA, Janice. Estrela. Entrevista concedida à autora em abril de 2022. Ibid. 17 DAUD, Rosa Maria de Oliveira. Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul “Unidade ESTRELA DE SANTOS”. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 70 Anos, p.21-22, 2007. 18 CYRILLO, Flávia. Op.cit. 19 FONSECA, Janice. Op.cit. 20 Ibid. 21 Ibid. 55


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Lowtons: “que vossa vista se abra à Luz da Verdade” Lowtons é o(a) filho(a) ou tutelado(a) de um Irmão, com idade entre sete e 17 anos, “adotado” pela Loja. Na verdade, a Loja assume o compromisso de amparar e preparar esses(as) meninos(as) dentro dos princípios da Maçonaria, na eventual falta do pai. Ou seja, uma reponsabilidade imensa aceita por todos os Irmãos, que se tornam exemplos vivos para os lowtons.


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A Casa de Estar Elas são cerca de 130 crianças, entre quatro meses e três anos e onze meses, matriculadas na Associação Casa de Estar de Santos, sob responsabilidade da Loja Estrela22. A Casa de Estar funciona como creche e escola infantil, de 7h às 18h e oferece quatro refeições diárias. Fundada em 1960, seu atual Presidente é o Irmão Norberto do Carmo Filho. Todos os Irmãos da Loja são sócios contribuintes da Casa de Estar e sua Diretoria também é composta por eles. Situada à Av. Conselheiro Nébias, n.737/739, a Casa possui uma estrutura com 30 funcionários e instalações de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação23. Também possui convênio com a Prefeitura de Santos24. Tanto a própria Estrela, como a FraFem e os DeMolays organizam eventos e Bazares para oferecer, aos alunos matriculados, as festas de Páscoa, Dia das Crianças e Natal, além de tudo que garanta conforto no período em que passam ali.

22 Disponível em: www./lojaestreladesantos.com.br/ 23 BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm . 24 SANTOS. Lei Municipal n.1379/1995. Autoriza o Poder Executivo a celebrar convênio com entidades Assistenciais do Município, para subsidiar o atendimento sócio - educativo a crianças e adolescentes, ou de educação especial a pessoas Portadoras de Deficiência.. Disponível em: www.leismunicipais.com.br/a/sp/s/santos/lei-ordinaria/1995/138/1379/lei-ordinaria-n-1379-1995-autoriza-o-poder-executivo-a-celebrar-convenio-com-entidades-assistenciais-do-municipio-para-subsidiar-o-atendimento-socio-educativo-a-criancas-e-adolescentes-ou-de-educacao-especial-a-pessoas-portadoras-de-deficiencia-1996-02-26-versao-consolidada 57


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Filosofia, estudo e reflexão A Maçonaria envolve prática, porém, necessita de estudo, pesquisa e reflexão. Nas dependências da Loja Estrela funiconam o Sublime Capítulo Regional Luiz La Scala Junior e a Ordem dos Cavaleiros Kadosh Filosófico Dilhermando Cecere Vidal.

Sublime Capítulo Regional Luiz La Scala Junior A instalação, em 1975, do Sublime Capítulo contou com a ajuda dos seguintes Irmãos: Antônio Alves Peres Luiz Frigério João Miguel Kodja Dilhermando Cecere Vidal, Joaquim Ribeiro Moura Seu objetivo é o estudo profundo do Rito Moderno e sua divulgação entre as Lojas desse rito na Baixada Santista25. 25 PELEGRINI, Orenides. Sublime Capítulo Regional Luiz La Scala Junior. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 75º Aniversário, p. 16-17, 2012.


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Ordem dos Cavaleiros Kadosh Filosófico Dilhermando Cecere Vidal A Ordem, criada em 2009, tem como objetivo funcionar como Oficina Filosófica do Grau 8 do Rito Moderno – Cavaleiros da Águia Branca e Preta. Seus membros fundadores foram26: Alberto Carneiro Esposito

Itiberê Rocha Machado

Aldo dos Santos

José Ferreira de Andrade Junior

Carlos Frigério

Orenides Pelegrini

Alberto Mafuz

José Gonçalves

Augusto Cezar Pinto

Orlando Morgado

Cicero de Araújo Filho

Miguel Angelo de Souza

Edison Leite de Camargo

Renato Soares Prestes

Clovis Ferraz do Amaral Sobrinho

Luiz Paulo Silva

Erico Manoel de Almeida

Sérgio Luiz Pereira Soares

Gilberto Moraes Pereira

Wanderley Neustaedter

Helder Cyrillo Guimarães da Silva

26 PRESTES, Renato Soares. Ordem dos Cavaleiros Kadosh – A realização de um sonho. A.R.L.S “Estrela de Santos” – Edição Comemorativa de 75º Aniversário, p. 26-27, 2012.

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“O trabalho é para a Loja, 1 da Loja, pela Loja” (Rui Fonseca – Venerável 1997 – 2001) “A Estrela, por ser uma Loja-mãe, é muito cobrada, porque todo mundo se espelha na Loja Estrela. Temos que mostrar porque a Estrela é a Estrela e nem sempre é fácil. Nunca é, aliás.” (Helder Cyrillo – Venerável 2011-2013) Sua estrutura gigantesca impõe cuidados e responsabilidades que permanecem nas mãos de cada Venerável que assume conduzir a Loja em dois anos. Que são longos para quem está à frente, diga-se de passagem. Por isso, a ajuda mútua entre os Irmãos é mais que uma regra, é necessária para qualquer Loja Maçônica. “É como um síndico, o Venerável”2 (Eugênio Pierotti – Venerável 2007-2009) 1 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 2 PIEROTTI, Eugênio. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.


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Tudo cai em cima dele”3 (Antônio Roberto Pimentel José – Venerável 2001-2003) “Todo Irmão tem um custo. 50% do que ele paga vai para o Grande Oriente do Brasil e GOB São Paulo. Os outros 50% ficam na Loja, que tem despesas fixas como limpeza, luz, água, manutenção geral, funcionários, além de emblemas, carteiras, diplomas. Tudo tem um custo e o equilíbrio desta conta passa, inevitavelmente, pelo Venerável”4 (Marcelo Marsaioli - Venerável 2013-2015). “O presidente da Loja é presidente 24 horas”5 (Rui Fonseca - Venerável 1997-2001). 3 JOSÉ, Antônio Roberto Pimentel. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 4 MARSAIOLI, Marcelo Vallejo. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 5 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.

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Galeria de Veneráveis

PAULO FERNANDES DE GASGON

ARTUR RODRIGUES NOVAES

EGBERTO DA ROCHA ARAÚJO

JOSÉ D´ÁUREA

JOÃO FELISBERTO ESTEVES

1937-1941 • 1948-1949

1942-1942

1942-1945

1945-1947 • 1948-1948

1947-1948

JOÃO BITTAR

MARIO VENANCIO PULA

JOÃO TORRES

SERGIO LUIZ PEREIRA SOARES

ITIBERÊ ROCHA MACHADO

1977-1980 • 1983-1985

1980-1981

1981-1983

1985-1989

1989-1993

EUGENIO CARLOS PIEROTTI

FRANCISCO ALEXANDRE DE PAULA FERREIRA

HELDER CYRILLO GUIMARÃES DA SILVA

MARCELO VALLEJO MARSAIOLI

DIRCEU AGOSTINHO

2007-2009

2009-2011

2011-2013

2013-2015

DIRCEU AGOSTINHO


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“Renato Soares Prestes”

JOAQUIM RIBEIRO MOURA

LUIZ FRIGÉRIO

ANTONIO ALVES PERES

DILHERMANDO CECERE VIDAL

RUBENS CONCEIÇÃO DA SILVA PINA

1949-1953

1953-1961 • 1965-1967 • 1975-1977

1961-1965 • 1967-1971

1971-1974

1974-1975

RENATO SOARES PRESTES

RUI FONSECA DOS SANTOS

ANTONIO ROBERTO PIMENTEL JOSÉ

CARLOS ALVES QUEIROZ

ANTONIO CARLOS DAUD

1993-1997

1997-2001

2001-2003

2003-2005

2005-2007

FERNANDO JOSÉ DA COSTA BURGOS

RAMON MATEO JÚNIOR

2017-2019

2019-2021

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Profissionais de diversas áreas, idades, tempo de Maçonaria e de Loja, os Veneráveis têm suas histórias, com as quais mesclam sua passagem à frente da Estrela com a dos demais Irmãos. Artur Rodrigues Novaes foi o Venerável, no retorno dos trabalhos das Lojas Maçônicas, após a proibição do governo Vargas. Seu veneralato provisório começou dia 22 de junho de 1942 até ser definido, em 24 de agosto, Egberto da Rocha Araújo, para o período de 1942 a 19451. Alguns Veneráveis não seguiram até o final de seu mandato. Foi o caso de José D´Áurea, que assumiu e renunciou no mesmo ano, 1948. Nesse momento, assume provisoriamente Domingos Peres Domingues, até a eleição suplementar que concedeu, novamente, o posto de Venerável à Paulo Fernandes de Gasgon até o ano seguinte2. Os Irmãos também destacavam, com o Veneralato de Honra, aqueles que contribuíam com seu trabalho e dedicação, para o desenvolvimento da Loja e de seus inscritos3. “Chegar a ser Venerável é, de certo modo, a sequência do caminho seguido pelo maçom. Dentro da Loja, se aprende muitas coisas. A hora de falar, de escutar. Significa muito mais que obedecer a uma hierarquia. É o testemunho de seu aprendizado maçônico que envolve muitos fatores, sua frequência às sessões de trabalho, a disponibilidade no servir, a habilidade no trato com os outros Irmãos”4. (Helder Cyrillo – Venerável 2011-2013) “O Venerável tem que ter muita flexibilidade, muito tato. Tanto dentro do próprio templo, como ao representá-lo perante às outras Lojas”5. (Eugenio Pierotti – Venerável 2007-2009) “Acontece uma coisa curiosa. Você está ali, na Loja, há anos, convivendo com os Irmãos, conversando, trocando impressões, falando até de problemas particulares. Um dia, você assume um cargo como o de Venerável. Aí começam as dificuldades. Porque, às vezes, aparece um pedido, um pedido normal, se você não estivesse no cargo. Quando você assume uma posição dessas, você não pode levar certas coisas, certos assuntos adiante. Nem sempre aquele Irmão, que acompanha você desde que entrou na Maçonaria, entende a circunstância. Acho que esta é a principal dificuldade que todos os que estão Veneráveis devem passar durante o período”6. (Eugenio Pierotti – Venerável 2007-2009) “Também existem as reuniões fora da Loja, como a Coligação das Lojas Maçônicas da Baixada Santista, em que se deve ir em todas as reuniões. Você tem que estar disponível”7. (Rui Fonseca – Venerável 1997 – 2001) 1 SOARES, Renato. Você sabia... A Estrela de Santos – Órgão Informativo da Aug.Resp.Benf. e Gr. Benf.Loj.Maç. “Estrela de Santos”. 2 Ibid. 3 Ibid. 4 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 5 PIEROTTI, Eugênio Carlos. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 6 PIEROTTI, Eugênio Carlos. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 7 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.


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Mas não é fácil atingir o veneralato, sem ser apto para a função e sem o apoio de todos os Irmãos. “Quem assume o cargo, assume os encargos”8 (Rui Fonseca – Venerável 1997 – 2001) Porém, cada Venerável deve sempre lembrar de um princípio que norteia tal posição: “O trabalho é para a Loja, da Loja, pela Loja”9 (Rui Fonseca – Venerável 1997 – 2001) E, seguindo esse princípio, a Estrela foi mostrando aos Irmãos do passado e do presente, o que era preciso fazer, construir, modificar, avançar. A Associação Casa de Estar toma forma com Luiz Frigério em seu primeiro veneralato (1953 – 1961). Sob o comando de Rubens Conceição da Silva Pina (1974 – 1975) passou a funcionar, nas dependências da Loja, o Sublime Capítulo Regional “Luiz La Scala Junior” (1975, para o estudo da alta filosofia que implica o Rito Moderno. No Veneralato de Renato Soares Prestes (1993 – 1997) surgem a Ordem DeMolay (1995) e a Revista Estrela de Santos (1996), cujo editor e revisor, Antonio Roberto Pimentel José, seria o Venerável em 2001. Também foi com Renato que a Loja começou sua informatização. Até aquele momento, toda parte administrativa, cadastros dos Irmãos, de fornecedores, enfim, tudo era meticulosamente datilografado por um Irmão, Cícero de Araújo Filho. Na presidência de Renato, a Maçonaria ganhou homenagem da Cidade de Santos, o Monumento ao Maçom. A peça repousa nos jardins de Santos, em frente à Pinacoteca Benedicto Calixto. Esse belo reconhecimento veio através de um Irmão da Estrela, o Vereador José Lascane. Inaugurado em 06 de março de 1996, o monumento foi esculpido em uma única peça. Ele só pode passar uma única mensagem: a lapidação da pedra bruta até transformá-la em obra de arte para que todos, Irmãos e Profanos possam seguir em seu caminho de aprimoramento. A Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul – Unidade Estrela de Santos foi criada em 1999, durante o período de Rui Fonseca dos Santos (1997 – 2001). “Eu quero uma Estrela para o século XXI, mas não posso pensar como a Estrela dos anos de 1930 do século XX.”10 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013) 8 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 9 Ibid. 10 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022.

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Com Antonio Roberto Pimentel José (2001 - 2003), a Estrela começa, efetivamente, o novo século. Com seus desafios aos Veneráveis e demais Irmãos. Em seu período, começa a reforma do Templo, onde são realizadas as sessões de trabalho. Esse militar de carreira, que se torna maçom depois da aposentadoria, fala da Estrela com emoção e agradecimento. “Sempre vivi na caserna. Trinta anos como militar. Não estava acostumado com tanta gente, como vi aqui na Loja. De maçom, só conhecia meu padrinho. Via aquela multidão...pensei ‘tenho que fazer algo, tenho que vencer esse meu isolamento do quartel’. Aí, eu comecei a ajudar no que aparecia. No Inverno Quente11, servi mesas, troquei botijão de gás, preparava refeições. Isso me colocou num mundo em que eu não estava acostumado. Para a Loja Estrela, eu faria tudo de novo: aqui, eu saí da caserna para um grupo de pessoas, para a sociedade civil”.12(Antonio Roberto Pimentel – Venerável 2001 – 2003) A Estrela possibilita, em certos casos, a continuidade de um mesmo trabalho. Foi o caso de Antonio Carlos Daud (2005 – 2007) e Eugênio Carlos Pierotti (2007 – 2009). Antonio Carlos Daud foi o Venerável que trouxe nova proximidade entre a Estrela e as demais Lojas da Região: em seu período à frente da Estrela, duas reuniões aconteceram na Almeida de Moraes. Existem duas reuniões as quais todo Venerável deve comparecer: a da Coligação de Veneráveis da Baixada Santista e a da 3ª Macro-Região Maçônica. Não é obrigatório, mas sim, uma gentileza, que uma dessas reuniões aconteça em uma das Lojas da região13. Assim, Daud tanto levou a Estrela aos encontros tanto do Conselho de Veneráveis como as da 8ª Região, como trouxe as outras Lojas para a Estrela, em reuniões onde se discutiam, entre outros temas, os novos rumos que a economia ditava como realidade. Essa proximidade veio em momento especial: Antonio Carlos Daud estava à frente da Loja em seus 70 anos. Quando Eugênio Pierotti assume como Venerável, em 2007, também continuou a proximidade da Estrela junto às Lojas da Região, com duas reuniões nas dependências da Loja. Também manteve a equipe anterior: segundo ele, eram Irmãos que vinham de experiência de auxiliar outros Veneráveis e tinham verdadeiro apreço pela Estrela14. No veneralato de Pierotti é fundada a Ordem dos Cavaleiros Kadosh Filosófico para o Rito Moderno (2009), para aprofundamento dos estudos filosóficos desse rito. Os Cavaleiros levam, como homenagem, o nome de um dos grandes da Estrela, Dilhermando Cecere Vidal. 11 O Inverno Quente é um evento da Prefeitura Municipal de Santos, no mês de julho, no qual instituições benemerentes organizam barracas, onde servem comidas típicas, com o intuito de arrecadar fundos. (N.A.) 12 PIMENTEL, Antonio Roberto. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 13 PIEROTTI, Eugênio Carlos. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 14 Ibid.


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Após tantos anos, sai o Habite-se definitivo da Loja. “Foi muito trabalhoso. Todo mundo tentou. Nunca saia. O Irmão José Eduardo Ribeiro, na época Mestre de Banquete, era muito participativo. Ele chegou para mim e disse: ‘eu vou tentar conseguir isso para a Loja’. Eu mesmo já tinha ido à Prefeitura, falado com um, com outro. Esse Irmão foi lá, tinha algo no prédio que não podia ter. Ele procurou o arquiteto, discutiram a planta e as exigências da Prefeitura, com o pessoal da Engenharia de lá. E aí, graças a esse Irmão, a Estrela teve seu Habitese.”15 (Eugenio Pierotti – Venerável 2007 – 2009) Segundo Francisco Alexandre de Paula Ferreira, seu veneralato, de 2009 a 2011, foi marcado pela união da família maçônica em torno da Loja, levando a Estrela a ser nomeada a maior Loja Maçônica da América Latina, com cerca de 300 Irmãos16. “Tínhamos, no mínimo, 100 Irmãos por reunião; jantares maravilhosos, como o das Luzes, das Velas, sempre com o toque do inesquecível Renatão.”17(Francisco Alexandre de Paula Ferreira – Venerável 2009 – 2011) “O que mais me deixou marcado foi a união das famílias, com a aproximação da Fraternidade Feminina. Tenho que parabenizar a Aninha, que foi esse elo. Pois o maçon só pode se entregar a seus afazeres de corpo e alma com o apoio da família.”18 (Francisco Alexandre de Paula Ferreira – Venerável 2009 – 2011)

Uma década movimentada De 2011 a 2022, a Loja se agitou. Novas reformas em seu belo Salão, a oficialização da FraFrem, os 75 anos da fundação do templo, entre outros fatos marcantes, como uma palestra que mexeu com a Cidade. Onze anos que também trouxeram perdas e uma lacuna imensa no coração da Estrela, de muitas estrelas. Helder Cyrillo torna-se Venerável nos 75 anos da Loja. Teve festa, sim, com direito à Revista Comemorativa dos 75 anos. E teve também uma biblioteca organizada. “A Biblioteca da Loja. Pedi para os Irmãos Hélcio da Silva e Norberto do Carmo Filho para estruturar a Biblioteca, organizá-la. Recebíamos muitos materiais. O Hélcio e o Norberto fizeram todo o trabalho de selecionar livros, tudo que era realmente para ficar como consulta. Os que não foram aproveitados,doaram para muitas instituições. O trabalho deles é de um mérito tremendo.”19 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013) 15 PIEROTTI, Eugênio Carlos. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 16 FERREIRA, Francisco Alexandre de Paula. Estrela. Entrevista concedida à autora, em maio de 2022. 17 Ibid. 18 Ibid. 19 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022.

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A década de 2010 obrigou um novo olhar dos Irmãos para a Estrela. Era sua Casa, claro, mas com um CNPJ. Quem fez esta observação foi Marcelo Vallejo Marsaioli, quando assumiu a presidência da Loja de 2013 a 2015. Existia, sim, uma crise econômica mundial que afetava todos os setores, todas as instituições. Com a Maçonaria não foi diferente. E a Estrela de 2013 tinha um passivo para regrar. A passagem de Marsaioli como Venerável pode ser resumida como um divisor de águas em matéria de processo e de organização20. “A Diretoria se reuniu e eu disse: ‘nós vamos fazer uma gestão pautada numa palavra que é austeridade. Nós vamos ser austeros. A gente não pode gastar. Vai ser uma gestão que não vamos poder fazer grandes projetos. A gente tem que ser uma gestão muito pé no chão e muito focada em sanear despesas.’”21(Marcelo Marsaioli – Venerável 2013-2015) Marcelo foi enfático e deixou claro para todos os Irmãos que: “Apesar da beleza, do rito, da parte cerimonial, o que era muito importante era jamais esquecer que a gente estava gerindo um CNPJ. Como uma empresa.”22 (Marcelo Marsaioli – Venerável 2013-2015) Como advogado, a visão jurídica do Venerável foi definitiva naquele momento. Ele e sua Diretoria tinham que ter em mente as consequências que poderiam acontecer com a “Estrela S.A.”. A prioridade voltou-se para sanear contas e ter caixa. Deu certo. No primeiro semestre, a Diretoria conseguiu o equilíbrio financeiro23. “Mas tivemos que fazer sacrifícios. Tivemos que parar de fazer eventos, festas. Paramos de conceder jantares e coquetéis. O padrão Estrela, naquele momento, era pagar contas, nem que tivesse que servir café com bolacha. E houve total sinergia entre os Irmãos. Todo mundo entendeu. Os Irmãos falaram ‘vamos juntos.’24 (Marcelo Marsaioli – Venerável 2013-2015) Racionalizar despesas nunca é fácil. Identificar gargalos e mostrá-los, muito menos. Porém, um levantamento apontou o Plano de Saúde como um gargalo considerável naquele momento. A Loja costumava pagar o Plano de Saúde e o Irmão reembolsava. Porém, com o passar do tempo, muitos reembolsos deixaram de ser feitos. Segundo Marsaioli, a principal dificuldade era entender que a Estrela chegou a um patamar de empresa também. Foi feita uma forte campanha de conscientização: para que regrassem as despesas do Plano e organizassem suas mensalidades atrasadas. Deu certo. Em menos de três meses, as despesas foram reduzidas de 50% a 70% e, em seis meses, todos os que ainda tinham algum tipo de pendência, regularizaram sua situação. 20 MARSAIOLI, Marcelo Valejo. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 21 Ibid. 22 Ibid. 23 Ibid. 24 Ibid.


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É sabido como a Maçonaria valoriza a família. Em agosto de 2013, a Estrela abriu suas portas para Ari Friedenbach. Advogado e vereador em São Paulo, Ari veio para uma palestra que envolveu não apenas os Irmãos, mas a sociedade santista. No Templo da Loja, lotado, os presentes ouviram a dor imensurável de um pai, cuja filha fora barbaramente torturada e assassinada e a opinião de um profissional, ligado ao Direito, sobre impunidade de menores diante da legislação brasileira. Ao final da palestra, o público saiu cabisbaixo. Porém, o tema e a experiência de Ari exigiam a reflexão que a Maçonaria tanto recomenda. O Templo também lotou com a palestra Exército Brasileiro, proferida pelo General João C.P. de Campos, Comandante do Comando Militar do Sudeste, em agosto de 2017, sob o veneralato de Fernando José da Costa Burgos25. Momento intenso e cívico, com direito à Banda do Exército. A COVID-19 repetiu o que o governo de Vargas já fizera: fechar as portas físicas das Lojas Maçônicas. Ramon Mateo Júnior teve que ressignificar sua condição de Venerável e os planos que pretendia executar em dois de presidência, de 2019 a 2021. No entanto, Ramon soube, com sua experiência vinda do Judiciário (Ramon é Desembargador), “do limão fazer uma limonada”. Com as devidas adaptações, as sessões passaram a ser on line. “É certo que se perde um pouco. O ambiente físico do Templo é propício para a reflexão, para as sessões de trabalho. Com uma máquina intermediando, perde-se um pouco. Mas, é o que era possível. E, mesmo on line, com muitos Irmãos não sabendo lidar com a Internet, tudo muito diferente, mesmo assim, eles sabiam que ali estava mantido o cerne da Estrela.”26 (Ramon Mateo Junior – Venerável 2019-2021) O Palácio Maçônico Luiz Frigério ficou vazio com o lockdowm. 25 BURGOS, Fernando José da Costa. Estrela. Entrevista concedida à autora, em maio de 2022. 26 MATEO JUNIOR, Ramon. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.

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Por seus corredores, Salão, Templo, Ramon tornou-se testemunha de um momento histórico também para a Maçonaria. Nas suas mãos, o malhete teve que adquirir outro contexto. Caíram por terra as festas, as interações entre Lojas e entre Irmãos, os eventos para arrecadação de fundos, as reuniões mensais para as cunhadas. Caíram por terra o que ele havia planejado. Porém, não seria um vírus a lhe parar a presidência. Dele, como todos os que ocupam a função de Venerável, se espera ação. E foi na parte administrativa da Estrela que Ramon Mateo Junior mergulhou27. “No aspecto administrativo se corrigiram muitas coisas. Por exemplo, tínhamos um funcionário que morava aqui com a família há uns 30 anos. Doeu tirá-lo daqui? Com certeza. Mas a Loja não podia ter uma situação dessas aqui, tão irregular, abrigando já a segunda geração da mesma família.” 28 (Ramon Mateo Junior – Venerável 2019-2021) Ramon também tocou em outra parte delicada, os inadimplentes, para os quais foi aplicado o processo de exclusão da Loja. “A Loja tinha que continuar seu caminho, mesmo com um cenário mundial tão problemático. Foram seis meses de presença em reuniões e, depois...foi esta a situação. Entendo também que a cada um é reservado uma tarefa, uma missão a cumprir para a Loja e essa foi a missão da minha equipe.”29 (Ramon Mateo Junior – Venerável 2019-2021) Quando se conta a história de uma instituição, ela, inevitavelmente, “assume” sua própria personalidade, de uma forma ou de outra. Com a Estrela, a sensação é que: 1) ela é independente de seus Veneráveis e 2) nesse sentido, ela mesma parece direcionar seus caminhos. Seja em 1937, com o fechamento da Loja, seja em 2021, quando Bruno Galoti Orlandi assume a presidência até 2023. Primeiro DeMolay a se tornar Venerável e o mais jovem a ocupar essa função, a tarefa de Bruno ainda não terminou: preservar a essência de uma Loja tradicional na Cidade, porém, de fazê-la saltar para uma nova etapa de Irmãos, de maçons da geração tecnológica e que, por isso mesmo, precisam do conhecimento passado, de uma ritualística que acompanha os séculos. O regramento econômico também se faz sentir para a presidência de Orlandi, que se inicia em um período pós-pandemia, com a Loja ainda traumatizada pela perda de Irmãos, seja por morte natural, seja pela COVID-19 e com um quadro considerável de gastos. “A gente pega uma virada de gestão que sofreu muito com a pandemia. Um custo altíssimo, relacionado ao número de Irmãos no quadro da Loja. Nosso regramento financeiro normal mudou totalmente. Por outro lado, a vontade de arrumar a Casa, de organizá-la de novo, com uma Diretoria espetacular, um 27 MATEO JUNIOR, Ramon. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 28 Ibid. 29 Ibid.

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time muito forte e a gente vai conseguindo contornar e começamos a trabalhar.”30 (Bruno Orlandi Venerável 2021 -2023) E começou com a organização de um caldo verde, “do dia para a noite”, para arrecadar fundos. Sem a presença dos Irmãos e suas famílias, mas com retirada por drive-thru, na porta da Loja. Foi a primeira tentativa para trazer os Irmãos de volta, porém, mantendo a segurança. Os Irmãos mais velhos ainda sentem alguma insegurança, mas outros, já começam a vir31. Ainda em seu primeiro semestre de gestão, foram iniciados nove Irmãos, número alto perto de outras Lojas. “A Diretoria vem fazendo um trabalho de instrução, trazendo boas palestras, como o representante do Capítulo Filosófico, que falou sobre a estrutura filosófica da Maçonaria para o Rito Moderno, trouxemos também o Ministro do Transporte, Tarcísio Gomes de Freitas.”32 (Bruno Orlandi - Venerável 2021 -2023) Pela primeira vez, a Loja Estrela recebeu um Ministro de Estado, para a palestra Avanços Estruturais do Brasil33. Evento concorrido, mais de 250 irmãos puderam conhecer o serviço prestado pelo Ministro do Transporte na modernização da área, em especial, de nosso Porto. Em 2022, Bruno Orlandi teve um dever especial: a homenagem de 25 anos da criação dos DeMolay, que deveria ter sido em 2021. Em razão da pandemia, aconteceu em abril de 2022. “Tentamos, em dois anos, pegar o que outros Veneráveis e outros Irmãos deixaram de melhor para a Estrela e trazer para a atual realidade: gestão funciona; viver a Loja funciona; a Maçonaria, de uma maneira completa, está aqui; equilíbrio fiscal é necessidade; capacidade de trazer os Irmãos para as sessões de trabalho. Tentamos colocar em prática tudo aquilo que de melhor foi feito aqui.”34 Bruno Orlandi - Venerável 2021 -2023)

Estrela: abraçar o presente, visar o futuro e manter o potencial que veio desde 1937. 30 ORLANDI, Bruno Galoti. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 31 Ibid. 32 Ibid. 33 Ibid. 34 Ibid


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Obreiros Pela Loja Estrela passaram homens com suas mulheres e famílias. Irmãos, Cunhadas e Sobrinhos. A família maçônica da Almeida de Moraes. Todos eles, todos, sem exceção, têm sua marca nas sessões de trabalhos, nas palestras, nas cerimônias abertas, na representação da Loja.

Uma nova etapa para a Estrela “Depois de uma pandemia, as pessoas mudaram. Todos nós mudamos. A Estrela também.”1 (Rui Fonseca, Venerável 1997 – 2001)

“Voltamos à atividade, devagar, mas voltamos. Para tornar a Estrela protagonista de novo.”2 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013)

“Acredito que começamos um novo ciclo para a Loja. Novos Irmãos chegando. Precisamos de pessoas capazes e capacitadas para trabalhar, para servir. É isso a Maçonaria, a Estrela, a partir de agora.”3 (Ramon Mateo Junior – Venerável 2019- 2021)

Contudo, se as mudanças se impõem, uma coisa é certa: nada acontece sem o empenho dos Irmãos. Falar sobre eles, sobre o tanto de serviço prestado à Estrela e à comunidade santista de modo geral, significaria volumes infindáveis de narrativa. Por esta razão, optou-se por contar um pouco sobre sete Irmãos que surgiram na lembrança daqueles que falaram da trajetória da Estrela. Irmãos que dignificaram seu nome e honraram seu compromisso com a Maçonaria. 1 FONSECA, Rui. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 2 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 3 MATEO JUNIOR, Ramon. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.

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Cícero de Araújo Filho: servir com o coração Cícero viveu para servir. Aos outros e à Estrela. “Não esqueço esta frase do Cícero: ‘quem não vive para servir, não serve para viver.”4 (Bruno Orlandi - Venerável 2021 – 2023) Bancário aposentado, tornou-se um “arquivo vivo” da Loja. Contudo, modernizar o processo de armazenamento de dados era fundamental. Mas Cícero nunca se deu bem com máquinas. Ele era coração. Com a admissão da secretária Ademilde, a Adê, Cícero acompanhou a passagem de seus cadastros datilografados para o sistema informatizado. Pessoa acolhedora por natureza, Cícero era excelente ouvinte. Gostava de ajudar. Queria resolver o problema de todos. Em seu local preferido, a Estrela, os Irmãos recorriam a ele, para um conselho, uma solução. Cícero nunca deixou alguém sem resposta5. A saúde começou a falhar. Seu amor pela Estrela continuou, a ponto de vir, todos os dias, portando sua bengala, dar seu melhor à Loja e a cada um que o procurasse. Chegou a cair, várias vezes, no caminho até a Estrela. Os Irmãos tentaram argumentar a gravidade de uma queda. Mas, qual apaixonado ouve a razão? Serviu à Estrela e aos Irmãos até sua condição física impedi-lo, definitivamente, de passar, de segunda a sexta, das 13h00 às 19h00 (em dias de sessão, até mais tarde) dentro das dependências da Loja.

4 ORLANDI, Bruno Galoti. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 5 JESUS, Ademilde Batista de. Irmão Cícero. Entrevista concedida à autora, em maio de 2022.


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Com a palavra, Aldo José dos Santos O Grande Arquiteto do Universo é pródigo em seus dons. Quando o Irmão Aldo começava a ler seus textos, o Templo silenciava para ouvir aquele que pelas palavras, transmitia tanto conhecimento. Impecável. Por suas palavras, a ética maçônica era transmitida de forma clara, porém, sempre firme. “Ele era uma pessoa que sempre estava junto com você, sempre orientando, sempre levando a bandeira da Loja Estrela para outros lugares. Era um cara que todo mundo queria para a Diretoria.”6 (Eugenio Pierotti – Venerável 2007 – 2009)

Jornalista, narrou a final da Copa de 70. “Antes das sessões, ele me ligava para ver o que eu achava do discurso que ele faria. Aí, lia para mim. O que eu achava? O que mais eu poderia achar? Perfeito. Não tinha outra coisa para se falar dos discursos do Aldo. Os conhecimentos da Maçonaria, as reflexões que os discursos apontavam, tudo ganhava vida.”7 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013).

6 PIEROTI, Eugênio. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 7 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022.

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tiberê Rocha Machado, a “boa tirada” Médico, o Irmão Itiberê era aquele que jamais corrigia alguém: apenas chamava atenção e junto com a pessoa, mostrava onde estava a parte em desarmonia, seja de um fato ou de algo na ritualística. Mesmo com tal percepção, seu humor contagiava a Loja8. E, quando o mote da piada era bom, ele era o primeiro a rir de si mesmo. A leveza natural também não o impedia de agir com justiça, quando a situação exigia: “Houve uma cena singular, presenciada por uma cunhada nossa, quando um motorista na fila da balsa [...] atravessou seu veículo, na frente de outro, que havia furado a fila, descendo do carro e obrigando o ‘furão’ a voltar para o final da fila. Este justiceiro não era ninguém mais do que o nosso Irmão ITIBERÊ, o qual tornou-se, a partir daí, ídolo de nossa cunhada”9. Cabelos brancos, um tanto gordinho, o Irmão era destacado para ser o Papai Noel, o que ele fazia com gosto: já em novembro, deixava a barba crescer para maior fidelidade ao personagem. Com o mesmo senso de responsabilidade com o qual começava as visitas aos seus pacientes da Santa Casa de Misericórdia de Santos (entre 3h30 e 4h), esteve à frente da Estrela de 1989 a 1993.

8 DONATO, Carlos Antônio. Irmão Itiberê Rocha Machado. Revista A.R.L.S. ESTRELA DE SANTOS, a.23, n.4, p. 14-15, 2021. 9 Ibid.


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José Evaristo Puga Junior, uma lição maçônica No dia 30 de novembro, partiu o “Expresso da Solidariedade” em direção do Hospital A.C. Camargo. A caravana, composta de Irmãos, Sobrinhos e amigos de José Evaristo Puga Junior (muitos de outras Lojas) iria doar sangue e seus derivados. Puga estava sob tratamento delicado, que exigia constantes transfusões10. Grupo animado, teve desde Irmão que lanchou antes e depois da doação até aquele que quase desmaiou ao ver o ambiente de um Banco de Sangue. Puga precisava dessa energia vibrante11. “Visitamos o Ir. Puga em seu quarto e encontramos um paciente calmo, equilibrado, valente, cheio de fé [...].”12 Comportamento que Puga sempre manteve junto à Loja, em diversas ocasiões e funções, como a de Tesoureiro, de Vigilante, de Mestre de Harmonia, na Comissão de Admissão Ritualística e Graus, entre outras. Puga reuniu seus Irmãos para uma lição maçônica na prática e que envolveu solidariedade, comunhão de valores, amor e a doação sem esperar recompensa, mesmo se a maior recompensa fosse tê-lo de volta. “Foi um dos maiores obreiros para nossa Loja e para o Capítulo Santos da Ordem DeMolay”13 (Bruno Orlandi – Venerável 2021 – 2023) “Deus levou o Puga cedo demais...”14 (Eugenio Pierotti – Venerável 2007 – 2009) 10 RIBEIRO, José Eduardo. O Expresso da Solidariedade e a chegada na Estação da Paz. Revista A.R.L.S. ESTRELA DE SANTOS, a.18, n.1, p. 04-05, 2014. 11 Ibid. 12 Ibid. 13 ORLANDI, Bruno Galoti. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 14 PIEROTTI, Eugênio. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022.

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Renato Soares Prestes: “ele sempre foi grande para caber seu coração (Bruno Orlandi – Venerável 2021 – 2023) Sim, ele era grande e firme em suas convicções. Conhecia a Maçonaria em profundidade. Fazia, como ninguém, a ponte entre a Loja, o GOB e o GOB São Paulo. “Renatão, quando entrou aqui, como muitos, como a maioria, ele se deslumbrou com a Maçonaria. Só que ele se deslumbrou ao quadrado: ele vivia de segunda a segunda a Maçonaria.”15 (Eugenio Pierotti – Venerável 2007 – 2009) “Ele era aquele cara que fazia, que puxava a Loja. Era um general, só que não ficava nas fileiras de trás, ele ia para a batalha e nisso ele reunia a turma para uma causa, desde nossos estudos filosóficos a um jantar beneficente.”16 (Helder Cyrillo – Venerável 2011 – 2013) Tinha natural interesse em aprender e a compartilhar o que sabia, em especial, com os Aprendizes e com os DeMolays, a Ordem que ele trouxe para a Estrela. Bem-humorado quando perdeu o freio e bateu com o carro na balsa. Alegre até acamado no hospital. Feliz, mesmo na cadeira de rodas, brincando de trenzinho com os Irmãos na Festa de Final de Ano da Loja em dezembro de 201917. A última festa. Renatão partiu no mês seguinte, em 12 de janeiro de 2020.

15 PIEROTTI, Eugênio. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 16 CYRILLO, Helder. Estrela. Entrevista concedida à autora, em março de 2022. 17 ORLANDI, Bruno Galoti. Op.Cit.


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Alberto Carneiro Esposito, o Eterno Mestre de Cerimônias Betão, como era carinhosamente chamado, formou grande parte dos Mestres de Cerimônias da Estrela e dos Corpos Filosóficos. Um professor atento aos detalhes da ritualística. “Era um Irmão muito presente, amigo demais. Conhecia em profundidade a Loja. Conhecia tudo.”18 (Bruno Orlandi – Venerável 2021-2023) Betão, em duas ocasiões, teve oportunidade de estar à frente da Estrela. Com o costumeiro tato, declinou e respondeu: “neste momento, prefiro não ser Venerável”19. Do seu jeito, continuou transmitindo seus conhecimentos e auxiliando os Irmãos. Continuou a elevar o nome da Loja Estrela.

18 ORLANDI, Bruno Galoti. Estrela. Entrevista concedida à autora, em abril de 2022. 19 Ibid.

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Clóvis Ferraz do Amaral Sobrinho: em silêncio, o maçon faz sua obra O Irmão Clóvis viveu intensamente a Loja. Atuou nas Comissões de Finanças e de Sindicância; exerceu as funções de Bibliotecário e Hospitaleiro. Um Hospitaleiro de alma, a julgar seu amor pela Santa Casa de Misericórdia de Santos20. Clóvis gostava de uma boa conversa. Se empolgava e esquecia das horas. Ao ver os Irmãos subirem ao Templo, para as sessões de trabalho, aí ele se dava conta que não estava paramentado. Colocava seu balandrau e paramentos, para ocupar o lugar que lhe pertencia. Com a pressa, era comum esquecer alguma coisa21. Só nunca se esqueceu de colocar o coração em tudo que fazia, até fora da Loja. Em silêncio. Como exemplo de maçom que foi.

Homens exemplos para os pequenos lowtons, para os jovens do DeMolay, para cada Irmão e suas famílias a quem a Estrela abre sua pesada e bela porta.

20 DONATO, Antônio Carlos. Deixou Saudades. Ir. Clóvis Ferraz do Amaral Sobrinho. Revista. A.R.L.S Estrela de Santos, a.XXIII, n.03, p.16, 2021. 21 Ibid.


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E por essa porta, não apenas esses sete Irmãos deixaram marcas. Atualmente são os seguintes Irmãos que têm sua participação na massa e no tijolo com que constroem, a cada dia, a Loja Estrela:

Aguinaldo Gomes De Figueiredo Tavares Alberto José Dos Santos Aldo José Dos Santos Júnior Alexandre Augusto Monteiro Vianna Alexandre De Oliveira Lins Alexandre Del Rosso Pires Alfredo Fernando Vecchiatti Pommella Aluízio Caffé Alves André Almeida Pires André Ardito Angelo Alessio Neto Aniceto Dos Santos Assunção Antonio Augusto Caporali De Camargo Antônio Carlos Daud Antonio Carlos De Abreu Ribeiro Antonio Carlos Donato Antonio Fontes Henriques Antonio Lau Antônio Roberto Pimentel José Antony Gouveia Carraro Aristides Manoel De Arruda Arlindo Lopes Durão Arnaldo Joaquim Maria Arnaldo Martinho Silva Augusto César Cardoso Miglioli

Augusto Ferreira José Benito Vazquez Fernandez Brunno De Moraes Brandi Bruno Galoti Orlandi Bruno Reis Almeida Cunha Carlos Alberto De Abreu Moraes Carlos Alberto De Oliveira Dias Carlos Alberto Ferreira Carlos Eduardo Pires De Campos Carlos Fernando Parreira Júnior Carlos Frigério Celso Porto De Oliveira Claudio Miguel Carpes Da Silva Rodrigues Constantino Barbosa Cavalheiro Daniel Gustavo Costa Martori Denys Dos Santos Fonseca Diego Abad Dos Santos Dilmar De Castro Edison Da Silva Monteiro Eduardo Acquaviva Eduardo Lima Junior Edy Wilian Tedros Enio Armando Nadais Moita Eugenio Carlos Pierotti Fabricio Rodrigues Da Silva

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Felipe Esmanhoto Mateo Felipe Souza Thyrso De Lara Fernando Blanco Filho Fernando Cezar Zacharias Fernando De Matos Barbosa Fernando José Da Costa Burgos Fernando Luiz Gonzalez Flavio De Carvalho Pierotti Flavio Roberto Alvarez Quinto Flavio Tirlone Flávio Yukio Mori Francisco Alexandre De Paula Ferreira Francisco Carlos Sousa Ferreira Gabriel Borges Bessa Abdallah Khachab Gabriel David Hushi Gerson Eli Ávila Gil Ribeiro De Mendonça Júnior Gilberto Antunes Alvarez Giovanni Paixão Berno Haroldo Marciano Da Luz Filho Helcio Da Silva Helder Cyrillo Guimarães Da Silva Hernani Pinto De Lemos Junior Hideo Iwai Horácio Perdiz Pinheiro Júnior Hugo Barbosa Filho Ivan Akaoui Vianna Jair Di Domenico Jair Osvaldo Grassi Mazzetto João Carlos Meirelles Ortiz João Francisco Rodrigues De Abreu Faria João Ivair Disaró João Lascane João Paulo Da Silva Teixeira

José Adriano Pereira José Alexandre Sant’anna Ayres Dos Santos José Antônio Elias Vieira José De Oliveira Guimarães Júnior José De Souza Celestino José Eduardo Ribeiro José Ferreira De Andrade Netto José Gonçalves José Roberto Fonseca José Roberto Serra Jose Rodrigues Da Silva Filho José Sergio Fernandes De Mattos José Soares Da Silva Jota Francisco Cillo Ferreira Julio Paulo Marques Amaral Laercio Volpe Leonardo Sorbello Netto Leone Rapoport Leopoldo Cardoso Almeida Cunha Luiz Carlos Lopes Ferreira Júnior Luiz Esteves Neto Marcelo Fernandes Martins Merouço Marcelo Freixo Ferreira Marcelo Miguel Alvarez Quinto Marcelo Vallejo Marsaioli Marcio Antonio Rodrigues De Lara Marcos Antonio Dos Santos Mauricio Silva Samogin Mauro Castro Maccori Miguel Angelo De Souza Nataniel Picado Alvares Nelson Lopes Dos Santos Nelson Ubinha Nicola Jorge Carneiro Neto


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Nicolas Pellegrini Magaldi Nilton Da Piedade Barreiro Noberto Estevam De Araujo Norberto Do Carmo Filho Odair Fernandes Grilo Olegario Pereira Monteiro Filho Oséias Santos Cabral Paulo Dos Santos Paulo Roberto Pinto Moran Júnior Paulo Rosa Machado Filho Ramon Mateo Júnior Reinaldo Dos Santos Alves Renato Farinas Rodrigues Ricardo Paulo Dos Santos Roberto Dos Santos Júnior Roger Amorim Santos Diniz Ronaldo De Almeida Saraiva Filho Ronaldo Heitor Canas Rui Fonseca Dos Santos Serafim De Almeida Tavares Sidney Ribeiro Dinau Sylvio Guerra Júnior Valério Arini Pereira Victor Emmanuel Passos Barretto Victor Morais Padilha Vladimir Marques Raccioppi Wagner Teixeira De Asevedo Waldemar Ribeiro Xisto Filho Walter Felicio Filho Wanderley Neustaedter Watson Uliana Travassos

Eles prometeram continuar, fora do Templo, a Obra Maçônica.

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Diretoria Executiva Gestão 2021/2023

Bruno Galoti Orlandi Ven\ M\

Fabrício Rodrigues da Silva

Antonio Carlos Donato

Paulo Roberto Pinto Moran Júnior

1º Vig\

2º Vig\

Or\ M.P.M\

Antonio Carlos de Abreu Ribeiro

André Ardito

Júlio Paulo Marques Amaral

Secr\

Tes\

Chanc\


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Oof\ e Aadj\ Adj\ Or\

Adj\Secr\ Adj\ Tes\

Adj\ Chanc\

Felipe Esmanhoto Mateo José Roberto Serra José Roberto Fonseca Giovani Paixão Berno

M\ Ccer\

Alexandre Del Rosso Pires

Hosp\

Haroldo Marciano da Luz Filho

Adj\ M\\Ccer\ Nicola Jorge Carneiro Neto

Adj\Hosp\ 1º Exp\ 2º Exp\ 3º Exp\

Cobr\

G\Templ\ Arq\

Adj\Arq\ P\ Band\

P\ Estand\

P\ Esp\

José de Souza Celestino Luiz Carlos Lopes Ferreira Júnior Carlos Alberto de Oliveira Dias Hélcio da Silva Carlos Fernando Parreira Júnior José Soares da Silva José de Oliveira Guimarães Júnior Alexandre de Oliveira Lins Norberto do Carmo Filho Carlos Alberto Ferreira Fernando Luiz Gonzalez

M\Banq\

Reinaldo dos Santos Alves

M\ Harm\

José Alexandre Sant’anna Ayres dos Santos

Bibl\

José Adriano Pereira

Adj\ M\ Banq\ Ronaldo de Almeida Saraiva Filho Adj\ M\ Harm\ Nataniel Picado Alvares Adj\ Bibl\

Aristides Manoel de Arruda

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COMISSÕES Comissão de Finanças Coordenador

Aloísio Café Alves

Aristides Manoel de Arruda

José de Souza Celestino

Hugo Barbosa Filho

Comissão de Admissão Ritualística e Graus Coordenador

Norberto do Carmo Filho

José Roberto Serra

Aldo José dos Santos Júnior

Paulo dos Santos

Comissão de Benemerência Coordenador

Haroldo Marciano da Luz Filho

Luiz Carlos Lopes Ferreira Júnior

Watson Uliana Travassos Flavio Yuki Mori

Comissão de Comunicação Coordenador

Júlio Paulo Marques Amaral

Antônio Roberto Pimentel José

José de Oliveira Guimarães Júnior

Carlos Alberto Ferreira


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Fraternidade Feminina Cruzeiro do Sul Presidente

Joselene Edmeire da Silva Galoti Orlandi

Vice-Presidente

Débora de Lima Lourenço

Secretária

Carine Andreta Lopes Ferreira

Finanças

Fabiana de Souza Reis

Social

Vera Helena Frascino Donato

Conselho de Vven\ MM\ Presidente:

Membros:

Rui Fonseca dos Santos Antônio Roberto Pimentel José

Antônio Carlos Daud Eugênio Carlos Pierotti

Francisco Alexandre de Paula Ferreira

Hélder Cyrillo Guimarães da Silva

Marcelo Vallejo Marsaioli

Fernando José da Costa Burgos

Ramon Mateo Júnior

Soberana Assembléia Federal Legislativa Deputado:

Eddy Wiliam Tedros

Suplente :

Odair Fernandes Grilo

Poderosa Assembléia Estadual Legislativa Deputado:

Renato Farinas Rodrigues

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Gratidão A Deus, por trazer para mim o Projeto sobre a Loja Estrela no momento certo, como tudo dentro de Sua Criação. Ao atual presidente Bruno Gadoti Orlandi, que me confiou um trabalho tão significativo para os 85 anos da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela de Santos - Grande Benfeitora e Portadora da Estrela da Distinção Maçônica e seus Irmãos. A Christian Jauch, que acreditou que eu daria conta de um Projeto tão especial e por tornar minhas palavras, em todos os trabalhos que fazemos juntos, uma obra de arte. A todos os ex-presidentes da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela de Santos, pelo carinho, respeito e bom-humor com que me contaram um pouco de sua história dentro desta grande família maçônica.

A Verene Baltazar de Jesus e Jorge Baltazar de Jesus, mãe e irmão “do meio”: não fui naquele almoço de domingo porque estava escrevendo este Projeto. Que as bênçãos de Deus estejam sempre com vocês. Muitos almoços virão! A José Baltazar de Jesus, o “irmão mais velho”. Além de tudo, por me apresentar à Maçonaria e seus valores na prática: foram seus Irmãos da Loja Colunas de São Sebastião que me deram a força necessária quando mais precisei. A Renata Van Der Haagen Rodas, Rosana Ventura Menano e Gláucia Boturão, minhas sempre presentes incentivadoras. Mesmo sem saberem do que se tratava, entenderam que era algo importante para mim. Espero que me perdoem a recusa dos cafés e das boas conversas. A Daniela Schuchter, que viu uma estrela no céu encantado das Minas Gerais.

A Ana Lúcia Augusto, que tanto vibrou ao saber que eu, enfim, realizava um sonho: o de escrever sobre uma Loja Maçônica.

A Ademilda Batista de Jesus, secretária da Loja Estrela de Santos, pela acolhida tão carinhosa e prestativa.

A Paulo Morán: com sua paciência infinita me explicou trechos das obras consultadas.

A todos da Augusta e Respeitável Loja Simbólica Estrela de Santos - Grande Benfeitora e Portadora da Estrela da Distinção Maçônica, do presente e do passado, pela inspiração que suas vidas e relatos deixaram para sempre guardados. No pen drive e no meu coração.

À jornalista tão especial e querida, Arminda Augusto: mais uma vez, você abriu os Arquivos de A TRIBUNA para eu pesquisar. Gratidão imensa ao Grupo A TRIBUNA de Comunicação, por sempre me fornecer a base que separa as lendas dos fatos. E a Karen, funcionária do Arquivo, prestativa e curiosa, que torcia para eu achar o que procurava.

Jelcy Maria Baltazar

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A PALAVRA... ...agradecimento, aqui, adquire um significado maior do que ela ocupa nesta página. É o apoio, a conversa sobre um projeto, a atenção ao ouvir uma ideia. Tudo isso que faz a interação entre irmãos e amigos. Entretanto... ... somos falíveis e, provavelmente, muitos nomes e situações vivenciadas não estão aqui. Jamais por ignorar a importância de um trabalho, mas sim, pelo dever de condensar a história de uma grande e querida família em um número reduzido de páginas E, neste Projeto dos 85 anos da nossa oficina, contei para que ele fosse realizado: Com todos os Irmãos da Loja Estrela, que construíram uma obra que nem o tempo apaga; Com os exemplos daqueles que passaram para o Oriente Eterno, mas deixaram suas marcas, em especial, os meus Irmãos que me iluminam e me protegem; Com tudo que aprendi com o Capítulo Santos da Ordem DeMolay; Com o amigo Christian Jauch, que nos agraciou com a arte do design desse trabalho; Com Jelcy Baltazar que, inspirada, nos proporcionou tamanho talento para discorrer sobre nossa história; Com o Grupo A TRIBUNA e com a amiga e jornalista Arminda Augusto; Com Joselene Edmeire da Silva Galoti Orlandi, que assumiu, de forma tão generosa, a FRAFEM. Aos Irmãos de todas as Lojas que formam a verdadeira Maçonaria por todo o Orbe Terrestre.

Ir\ Bruno Galoti Orlandi Venerável Mestre

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