Especial: GESTÃO DE PESSOAS

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O MOLDE N122 | 07.2019

NEGÓCIOS BUSINESS

- Que expectativas têm em relação a esta visita a Portugal? O ano passado, estabelecemos um acordo de colaboração com a POOL-NET. Mas falta-nos um ecossistema da área de moldes como o que têm aqui. Por exemplo, para além das empresas, aqui têm instituições, quer educativas, quer incubadoras, centros de investigação especializados nesta área das ferramentas. Nós temos um parque de inovação, centros de engenharia, mas servem uma indústria tão diversa que não temos especialização nesta área das ferramentas.

cluster”. Por outro lado, o objetivo é que as empresas mexicanas “possam contar com os nossos parceiros, seja a nível de formação, seja a nível de outras atividades”, destacou. “O México tem de ser visto como um país de grandes oportunidades. Nós temos de ter algumas âncoras em zonas estratégicas pois o país é muito grande. Os clusters podem funcionar como essas âncoras”, considera. Para além de Monterrey, sublinhou que há outras zonas do México, como San Luis Potosi, onde estão já a decorrer interações interessantes entre empresas portuguesas e locais. “A indústria de moldes no México não está assim tão desenvolvida e eles próprios precisam de reforçar parcerias internacionais”, afirma.

ENTREVISTA

Alfonso Peña Morales Diretor do Cluster de Herramentales, Monterrey, México “Este é o início do estreitar da confiança para criar uma maior colaboração” - Qual é o papel deste Cluster de Ferramentas no contexto da indústria, em Monterrey? O cluster foi criado há cerca de um ano e surgiu como uma necessidade das empresas, principalmente do sector automóvel. Iniciámos com 15 membros fundadores, entre a parte académica, Governo e empresas. Desses, dez eram empresas. Mas hoje em dia, já somos 35 membros, dos quais 27 são empresas e os restantes oito são instituições de ensino e investigação e governamentais. Entre as empresas, temos diversos sectores, onde se destacam quatro: moldes para plástico, moldes de fundição, toda a parte de ferramentas para estampagem e um último de assemblagem e controlo. - Qual a importância do sector automóvel em Monterrey? Monterrey é uma cidade industrial, no México. Contextualizando: somos 5,4 milhões de habitantes. O sector automóvel ali instalado é dez por cento do total do que se produz no México. No que toca a montadoras de veículos temos a Kia, na parte dos ligeiros. E temos a maior do mundo, de camiões, mas também de autocarros, da Mercedes Daimler. Temos alguns dos principais ‘tier one’ do ramo automóvel mexicanos na área dos metais, que estão no nosso cluster, responsáveis pela parte de chassis para automóveis e camiões. Por tradição, temos as principais empresas automóveis mexicanas.

- Esta é, portanto, uma visita de conhecimento das potencialidades que existem em Portugal nesta área…? Exatamente. Um dos motivos é conhecer Portugal e a Marinha Grande em particular. Assim como nós temos tradição industrial, a Marinha Grande é reconhecida pela sua tradição específica nos moldes, a nível internacional. Creio que este é o início do estreitar da confiança para criar uma maior colaboração e definir algumas iniciativas em que possamos trabalhar em conjunto. - Tiveram oportunidade de conhecer algumas empresas do sector. Com que opinião ficaram? São bastante interessantes. Impressionou-nos, sobretudo, o seu sistema de trabalho, o controlo da produção, tudo o que diz respeito ao planeamento, e também as infraestruturas. Esse conhecimento, essa especialização… é muito interessante. - Que oportunidades considera que podem existir para as empresas portuguesas em Monterrey? Penso que, na parte comercial, no mercado mexicano, em 2017, importaram-se cerca de 1.700 milhões de dólares de moldes para plástico. Definitivamente, creio que há um bom potencial. Não apenas em Monterrey mas em todo o país. Para mim, o que seria interessante e oxalá as empresas portuguesas também o vejam dessa forma, é poder vir a estabelecer alianças estratégicas entre empresas mexicanas e empresas portuguesas. As empresas mexicanas têm a infraestrutura, a maquinaria, mas falta-lhes o ‘knowhow’ de como atacar o molde. E destaco que há vantagens para as empresas portuguesas se fizerem alianças com as mexicanas. Não têm necessidade de investir tanto. Há todo um conhecimento que a empresa local tem, seja da forma de funcionamento das instituições, seja da parte legal. - Que conselho daria às empresas portuguesas que tenham curiosidade ou pretendam trabalhar em Monterrey? Creio que um bom primeiro passo seria contactar a POOL-NET. Temos já firmada uma relação institucional e penso que esta é a melhor forma de avançar.


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