Revista Brasília Maputo 5ª Edição/2014

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Brasília Maputo Ano 2014 N° 05

www.cciabm.com

Distribuição Gratuita - Venda Proibida

Revista da Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique - CCIABM

Gás Natural O mais novo tesouro de Moçambique.

BNDES

A abertura do novo escritório na África e o apoio aos investimentos de empresários Brasileiros.

FACIM 50 ANOS

IPEX analisa os panoramas do crescimento da Feira Internacional de Maputo.

CPLP

Secretário Executivo da CPLP analisa o fomento de negócios entre os países de língua portuguesa.

Exclusivo: Reportagem mostra a história da fundação e evolução da CCIABM ao longo dos seus mais de 06 anos de atuação.


Venha fazer negócios em Moçambique Realize sua Missão Empresarial com a CCIABM

Com uma agenda programada, foco na realização de negócios e conhecimento in loco das oportunidades do país africano, a CCIABM organiza viagens de negócios à Moçambique, elaborando uma agenda condizente com a demanda e os objetivos do cliente.

BENEFÍCIOS INCLUÍDOS: • Auxílio na reserva de passagens aéreas e hospedagens em hotéis de Moçambique. • Aproximação com parceiros institucionais e entidades de apoio ao investimento e comércio. • Visitas a empresas e organizações moçambicanas. • Auxílio na formação de alianças entre empresas brasileiras e moçambicanas. • Assessoria para a emissão de vistos de entrada em Moçambique. • Acompanhamento de um consultor da CCIABM com experiência em Moçambique durante a viagem . • Montagem de agenda personalizada de acordo com os objetivos e expectativa do participante. • Contatos e informações sobre fornecedores, distribuidores e parceiros moçambicanos. • Escritório próprio em Moçambique com estrutura disponível para utilização do participante.


Possuindo uma experiência de mais de 50 Missões realizadas e o acompanhamento de mais de 300 executivos brasileiros em Moçambique, a CCIABM é a melhor opção para organizar sua viagem de negócios.

VANTAGENS: » CONTATOS COMERCIAIS » NETWORKING » INFORMAÇÃO DETALHADA » ACONSELHAMENTO ESTRATÉGICO » AUXÍLIO VIAGEM » IDENTIFICAÇÃO DE OPORTUNIDADES » PARCERIAS COM SETORES PÚBLICO E PRIVADO » CREDIBILIDADE NO MERCADO » SERVIÇO PERSONALIZADO

Brasil: +55 31 3243-3012 | Moçambique: +258 84 146 1019 contato@cciabm.com | www.cciabm.com



Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Palavra da CCIABM É com enorme satisfação que apresento a 5ª Edição da Revista Brasília Maputo, projeto de grande importância e valia no que tange o relacionamento socioeconômico entre Brasil e Moçambique. Este projeto já se encontra consolidado como sendo uma excelente fonte de informação, visto que são mais de 06 anos atentos aos interesses dos nossos associados e parceiros. Moçambique e Brasil são países que compartilham fortes semelhanças históricas, especialmente, devido a ambos terem sido colônias portuguesas. Além da herança linguística, os dois países estão muito próximos em termos culturais, criando assim uma atmosfera extremamente favorável à cooperação e integração. Desde a última década, o intercâmbio socioeconômico entre Brasil e Moçambique tem se intensificado em grandes escalas, de forma que, entre 2005 e 2012, o intercâmbio comercial entre os países aumentou cerca de 418%, registrando um saldo superavitário da balança comercial em todo o período analisado. Moçambique se consolidou também, como um dos mais interessantes países africanos para a realização de investimentos. Devido ao fato de os indicadores macroeconômicos terem se mantido estáveis, a confiança do investidor estrangeiro aumentou e a tendência é que a subida se mantenha, segundo dados do Centro de Promoção de Investimentos (CPI). Para o ano de 2014, acredita-se que a indústria será o setor de Moçambique que mais irá crescer, com especial destaque para a indústria extrativista. Recentes descobertas colocaram Moçambique entre os países com maiores reservas de Gás Natural do mundo, representando um total de 150 trilhões de pés cúbicos de gás ao longo da costa e na bacia do Rovuma, ao norte de Moçambique, na província de Cabo Delgado. Baseio-me em fatos concretos, de pesquisas e projetos que estão sendo desenvolvidos por grandes empresas multinacionais que atuam no setor de extração de Óleo & Gás. É por esta razão que a 5ª Edição da Revista Brasília Maputo terá um caderno especialmente dedicado ao setor, o qual tem apresentado grandes perspectivas de crescimento e desenvolvimento de Moçambique. Desta forma, destaco então a importância da cooperação entre Brasil e Moçambique para o desenvolvimento do setor de Óleo & Gás. O Brasil, com sua notória experiência em pesquisa e técnicas de extração, tem muito a acrescentar para Moçambique e com isso contribuir ainda mais para o crescimento do setor. Aproveito a oportunidade para parabenizar a CCIABM pela publicação de mais uma edição da Revista Brasília Maputo, que em sua 5ª Edição continua a nos surpreender com a qualidade inquestionável de seus artigos, entrevistas e matérias elaborados por ilustres personalidades atuantes no mercado moçambicano e brasileiro. O esforço da CCIABM se traduz através de suas iniciativas para promover e divulgar as diversas oportunidades de negócios e investimentos existentes entre Brasil e Moçambique. O sucesso deste trabalho é complementado, também, pelo escritório próprio em Maputo, o qual oferece suporte à equipe e também aos empresários em visita à Moçambique. Brasileiros e Moçambicanos juntos por um futuro próspero para os nossos países. Desejo a todos uma excelente leitura.

Murade Isaac Murargy – Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa e Presidente Honorário da CCIABM. PALAVRA DA CCIABM | N°05 - 2014

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SUMÁRIO 08

Entrevista - BNDES

FACIM 50 Anos

Projeto Gráfico Carlos Eduardo Miranda Jornalista Diagramador sob registro MG 0016580 www.losdoda.com

Entrevista - SINDMEC Case CCIABM Curiosidades

Presidente Honorário Exmo. Sr. Murade Isaac Murargy

Geografia

Diretoria Rodrigo Coelho de Oliveira Paulo Henrique Rage Flávio Sotelo Pimentel

Cultura Especial Gás Natural Especial Gás Natural - TOGY Regulação do Setor de Óleo & Gás em Moçambique Especial Gás Natural - Entrevista ENH

Especial Gás Natural - Anadarko

Perfil de Negócios Encontro

Redação Alameda da Serra, 119 – Bairro Vila da Serra – Belo Horizonte Minas Gerais – Brasil

Tiragem 1.500 exemplares

Recursos Humanos

Entrevista - CPLP

Coordenação André Ortegal B. Weber

Circulação Brasil e Moçambique

Sr. Nelson Ocuane, Presidente da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos

42 44 48 50

Editor Chefe Carlos Eduardo Miranda

Para anunciar contato@cciabm.com +55-31-3243 3012 +258-84-146-1019

Sr. Paulo Roberto Araújo chefe do escritório de representação do BNDES na África

11 14 16 18 22 26 28 31 36 38 40

Expediente – Revista Brasília Maputo www.cciabm.com

Gerência Geral Fábio Lopes Vale Gerências Regionais Alexandre Cezar Éverson Júnior Joaquim Firmino Luiz Carlos Corrêa Roberto Marinho Samora Machel Talitha Rezzaghi Tiago Alvim de Sá e Benevides

*Os artigos e entrevistas presentes nesta revista foram redigidos de acordo com a gramática utilizada pelo país (Brasil e Moçambique) de origem do articulista ou entrevistado.

Apoiadores Institucionais



O continente africano tem um enorme potencial de desenvolvimento. A situação de estabilidade vivida pela grande maioria dos países da região cria um cenário positivo para o aumento de investimentos

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Equipe do BNDES durante a inauguração do escritório de representação em Johanesburgo.

Entrevista com o chefe do escritório de representação do BNDES na África Sr. Paulo Roberto Araújo 1.O escritório em Johanesburgo é o terceiro escritório internacional do BNDES no mundo e o primeiro em África, na sua opinião qual a principal importância destas representações internacionais? No caso de Johanesburgo, quais serão os desafios a serem superados para o aprofundamento dos conhecimentos sobre o ambiente empresarial africano? O escritório de Johanesburgo – BNDES África – é a mais nova frente de atuação internacional do BNDES. Inaugurada em dezembro de 2013, a representação concentrará esforços para a con-

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cretização de parcerias e investimentos em todo o continente africano. Seu principal objetivo é colaborar na concretização das oportunidades de negócios de interesse mútuo para as empresas brasileiras e o desenvolvimento da região, além de estreitar o relacionamento entre o BNDES e instituições e organismos multilaterais localizados na África para a cooperação técnica. No caso específico da África, nossas energias estão direcionadas para que, em conjunto com outras iniciativas, as relações econômicas com o Brasil reflitam de forma proporcional a importância cultural e histórica do continente africano para


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

2. Em quantos projetos na África o BNDES se encontra envolvido? Em que países os mesmos se encontram? O BNDES possui atualmente financiamentos para exportações de bens e serviços brasileiros em operações em Angola, Moçambique, Gana e África do Sul. Percebemos que há um grande potencial tanto para ampliar nossa atuação nos locais onde já fizemos financiamentos quanto para chegar a outros países. 3. Diversos estudos e relatórios têm apresentado cifras otimistas no que diz respeito ao crescimento da economia dos países africanos para os próximos anos. De que forma o BNDES e os investidores brasileiros podem se envolver e aproveitar essa tendência positiva? O continente africano tem um enorme potencial de desenvolvimento. A situação de estabilidade vivida pela grande maioria dos países da região cria um cenário positivo para o aumento de investimentos. Ao mesmo tempo, a população tende a demandar cada vez mais bens e serviços de maior qualidade, o que abre espaço para o desenvolvimento da indústria local e do setor de infraestrutura. 4. Moçambique tem apresentado um crescimento econômico médio anual de 8% na última década, sustentado principalmente por investimentos na extração de recursos naturais, projetos de infraestrutura e mais recentemente, projetos no setor de óleo & gás. Quais são as oportunidades e perspectivas para a atuação do BNDES no país? O BNDES já apoia, em Moçambique, a construção do aeroporto de Nacala. Temos informações de grandes projetos de infraestrutura que se encontram em desenvolvimento no país, e nós certamente apreciaremos oportunidades de apoio uma vez identificados interesses mútuo brasileiros e moçambicanos.

Entrevista

o nosso país. Mesmo com os grandes avanços ocorridos nos últimos anos, percebemos que ainda há muito para se fazer e que a nossa presença aqui é uma demonstração prática deste empenho para fortalecer nossos laços econômicos. Em relação aos desafios, acredito que o principal talvez seja compreender e trabalhar em função das particularidades de cada região e cada país.

5. Diversas empresas brasileiras já estão presentes em Moçambique, atuando nos mais diferentes setores. Para os investidores que procuram por oportunidades de negócios e investimentos em Moçambique, e, necessitam de apoio do BNDES, quais são os requisitos exigidos e os procedimentos que devem ser tomados?

Para que o nosso apoio possa se realizar, precisamos identificar, dentre outros aspectos, que o investimento contemple exportações de bens e serviços brasileiros ou um processo de internacionalização de empresas brasileira (participação societária; aquisição, implantação, ampliação ou modernização de unidades produtivas, canais de comercialização e/ou centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D) no exterior). Uma vez que o investidor na África tenha identificado estes aspectos, estamos à disposição, seja no nosso escritório em Joanesburgo seja nas instalações no Brasil, para orientá-lo na elaboração do pedido de apoio ao Banco.

6. Uma vez que o BNDES pretende apoiar projetos de médio porte, quais são as garantias exigidas? Quais são os valores dos projetos que o BNDES pretende se envolver e a que fins os mesmos se destinam? Haverá algum setor prioritário, como o social, saúde ou de infraestrutura? Usualmente são demandadas as seguintes garantias às operações de apoio: garantias prestadas por estabelecimentos de crédito ou financeiros sediados no exterior, com limite de crédito aprovado pelo BNDES; seguro de crédito à exportação emitido pela Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação S/A (SBCE) ou por outras seguradoras com limite de crédito aprovado pelo BNDES; cartas de crédito emitidas por estabelecimentos de crédito ou financeiros sediados no exterior, com limite de crédito aprovado pelo BNDES ou confirmadas por instituições financeiras com igual limite junto ao BNDES. Podem também ser usadas outras modalidades de garantias a serem discutidas no curso da análise da operação. Com relação aos valores dos projetos, historicamente o BNDES apoia investimentos conduzidos por empresas de todos os portes. Conforme havia anteriormente mencionado, o nosso objetivo é apoiar a realização de negócios de interesse mútuo para as empresas brasileiras e o desenvolvimento da região.

Entrevista BNDES | N°05 - 2014

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N째05 - 2014 | Entrevista BNDES


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

A importância da Consultoria Organizacional e de Recursos Humanos

para o desenvolvimento da Gestão de Empresas em Moçambique Sra. Aparecida Montijo – INTERATIVA Assessoria de Projetos e Consultoria Empresarial

“Com o evento da globalização as empresas se depararam com um novo momento no mundo dos negócios: ambiente mais hostil, mudanças rápidas, maior produtividade com menor custo, empresas cada vez mais enxutas. Neste sentido, surge então a necessidade de uma Consultoria Organizacional que busque soluções especialmente desenvolvidas para cada tipo de empresa e setor de atuação.” Recursos Humanos | N°05 - 2014

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A

Consultoria Organizacional e de Recursos Humanos é hoje, uma atividade muito importante neste contexto corporativo, pois auxilia as empresas a criar um novo rumo, a promover uma nova forma de gestão, mais contemporânea, cuja necessidade de reinventar o trabalho, extinguir a burocracia e tirar as pessoas da zona de conforto é urgente. Diagnosticar, recomendar, elaborar e implantar projetos customizados é o mix de trabalho que a Interativa desenvolve. São as pessoas que mudam a organização, e para que a empresa possa ser competitiva é necessário, sobretudo, mudar comportamentos, sendo fundamental um exercício de cérebros atuantes em todos os segmentos. Com essa linha de raciocínio, a INTERATIVA está preparada para ser o agente dessa história de mudanças, através de sua vasta experiência no mercado interno brasileiro e internacional. A INTERATIVA é uma empresa especializada em processos organizacionais e Recursos Humanos. Conta com uma equipe composta por profissionais, parceiros e associados, com experiências diversificadas, formando o right mix para o desenvolvimento dos trabalhos propostos. Assistimos ao cliente nas suas necessidades, identificando problemas, decidindo que forma de ajuda se faz necessária, diagnosticando e implementando programas de ação ou mudanças concretas na cultura empresarial, ou seja, apoiando a organização no cumprimento de sua missão. A metodologia utilizada pela INTERATIVA é participativa, socializadora e com traços importantes do Construtivismo, ou seja, não fornecemos o conhecimento totalmente pronto, mas sim conceitos e ferramentas para que o indivíduo esteja, continuamente, se reconstruindo em cima de suas próprias experiências. Com essa forma de trabalho percebemos que a mudança vem da tomada de consciência e do conhecimento edificado a partir da realidade de cada ambiente. Esse é um dos diferenciais do trabalho realizado por nossa empresa. Sabemos que os

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resultados obtidos dessa forma, têm sido bastante positivos, visto que, o que se é construído pelos funcionários tem maior relevância para eles próprios. No Porto de Cornelder de Moçambique, na cidade de Beira, por exemplo, temos uma caminhada de sucesso. Começamos com a Formação Modular de Gestores, Superintendentes, Gerentes e Supervisores, que através de um excelente plano de ação complementar, conseguiu fazer grandes alterações em vários setores do porto. Posteriormente as capacitações estenderam-se aos encarregados, dentro da mesma metodologia de desenvolvimento de lideranças e plano de ação. Hoje o Porto de Cornelder já possui um projeto de desenvolvimento e reestruturação do seu departamento de Recursos Humanos que abrangerá toda a organização. A INTERATIVA faz parte do Grupo IDO Brasil e IDO Moçambique (Instituto para Desenvolvimento das Organizações), apoiando-lhes na preparação de profissionais e no supor-

te estrutural, científico e técnico das organizações. Com atuação em Moçambique desde 2005, o IDO Moçambique presta consultoria a Entidades Representativas e Instituições Governamentais (Associações Comerciais), nas províncias de Sofala, Nampula, Manica, Zambézia, Inhambane e Maputo. Dessa forma, a INTERATIVA está capacitada para ajudar empresas a se organizarem, a reverem seus processos internos, seus cargos, as disparidades salariais e as insatisfações, que normalmente levam a morosidade do trabalho bem como, improdutividade. Lidamos com pessoas a todo tempo e buscar entendê-las, assim como entender suas ansiedades, e ajudá-las a encontrar caminhos mais fáceis, é nossa função. A consultoria pode ser aplicada em todos os tipos de organização, e, não temos dúvida, por mais crítica ou complicada que seja o momento que vive a empresa, sempre há uma solução. Pense nisso e conte conosco.

Sra. Aparecida Montijo – INTERATIVA Assesoria de Projetos e Consultoria Empresarial


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Recursos Humanos | N°05 - 2014

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Entrevista com o Presidente do IPEX e Organizador da Feira Internacional de Maputo - FACIM Sr. João Macaringue, Presidente do Instituto para Promoção das Exportações (IPEX) e responsável pela organização da Feira Internacional de Maputo – FACIM.

A FACIM, no âmbito de maior e mais tradicional feira internacional de Moçambique, foi ao longo destes 50 anos contribuindo na promoção do potencial econômico do país

A FACIM é a maior feira de dimensões internacionais de Moçambique. Neste ano a feira completará 50 anos de sua realização, e neste período a FACIM tem contribuído para a consolidação de marcas, expansão de negócios e estabelecimento de contato direto de empresas com clientes Moçambicanos. 1. A FACIM é atualmente a maior feira internacional multisetorial de Moçambique. Neste sentido, quais são as oportunidades que a feira oferece às empresas expositoras? A nossa maior aposta é de, anualmente, melhorarmos as condições técnicas e logísticas dos nossos expositores, sejam eles nacionais ou estrangeiros. Para este ano, associado às comemorações de 50 anos da própria FACIM, priorizamos a diversificação de produtos e serviços de exposição, e, vamos em parceria com as outras instituições ligadas a facilitação de negócios e de investimentos, trazer ao domínio dos expositores e não só, as oportunidades e potencialidades agrícolas, industriais, minerais e energéticas que Moçambique dispõe ao longo de seu vasto território. 2. Nas edições anteriores da FACIM, qual foi o número aproximado de empresas que par-

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N°05 - 2014 | Entrevista IPEX

ticiparam da feira e de que países as mesmas tinham origem?

ANOS 2011

2012

2013

Nº de países presentes

18

19

22

Empresas estrangeiras

470

526

622

Empresas nacionais

1.070

1.274

1.398

Nº total de empresas

1.540

1.800

2.020

Nº Visitantes

65.116

65.619

82.000


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

3. Neste ano a FACIM completa 50 anos de sua realização. Na sua opinião, quais foram os principais fatores que proporcionaram a evolução e o sucesso da feira? E quais os desafios a serem superados para os próximos anos? A FACIM, no âmbito de maior e mais tradicional feira internacional de Moçambique, foi ao longo destes 50 anos contribuindo na promoção do potencial econômico do país. Podemos apontar como fatores que proporcionaram a evolução e o sucesso, a persistência, a organização e o melhoramento contínuo das condições de acolhimento dos expositores, sejam nacionais ou estrangeiros. O nosso grande desafio para os próximos anos é a construção de infraestruturas convencionais que respondam por um lado, aos padrões exigidos internacionalmente, e por outro, a demanda do mercado, de forma a garantir melhores condições de participação e de exposição das potencialidades de negócios, de investimentos e de parcerias sustentáveis dos empresários nacionais bem como os estrangeiros. 4. Em relação às dimensões de realização da FACIM 2014, qual será o tamanho total do espaço físico destinado a feira e quais as expectativas referentes ao número de visitantes, número e perfil das empresas participantes? A FACIM comporta como área global para exposição cerca de 43 mil metros quadrados, distribuídos em 23 mil m² para área coberta e 20 mil m² para área descoberta. Quanto ao número de visitantes, vale lembrar que esse é um momento especial, pois é a celebração de 50 anos ininterruptos da realização da FACIM. Isto nos enche de muito orgulho e satisfação, o que nos obriga a alargar o nosso nível de prestação de serviços e conforto aos nossos expositores e visitantes em geral. Estão agendadas várias realizações que irão constituir pontos de atração para os visitantes. Deste modo, esperamos receber cerca de 85.000 visitantes. No que se refere ao perfil dos expositores, embora seja difícil tecer algum juízo em volta deste assunto, importa nos dizer que, o expositor presente neste evento e qualquer outro de natureza comercial, deve dotar-se de uma postura e personalidade empresarial, saber traçar objetivos concretos da sua participação na feira, saber respeitar e honrar os compromissos comerciais firmados

com terceiros e outros aspectos que dignifique a classe empresarial nacional e internacional.

Entrevista

Para o ano de 2014 já temos confirmados cerca de 24 países, com destaque para EUA, Mônaco, Finlândia, Islândia e Noruega, que participam pela primeira vez.

5. Quais serão as principais novidades e inovações para a feira deste ano? O que os visitantes e expositores podem esperar da 50ª edição da FACIM?

Para a presente edição e de forma a prestar melhor organização, localização e identificação das empresas, os expositores estarão integrados por regiões ou continentes, dados a seguir: Pavilhão da Europa; Pavilhão da Ásia e América; Pavilhão da África e Pavilhão de Moçambique. Sendo que, o Pavilhão de Moçambique será repartido em dois pavilhões, que serão: Ministérios, Empresas Públicas, Associações e Organizações Privadas Nacionais. Os produtos a serem expostos são: Construção Civil, Consultoria e Engenharia, Telecomunicações, Hidrocarbonetos, Prestação de Serviços, Equipamento Hoteleiro, Energia, Habitação, Artesanato, Veículos motorizados, Agroindústria, Agricultura, Instituições Pública, Agroalimentar, Bebidas, Cosméticos, Indústria Têxteis, Confecções, Pecuária, Recreação Infantil, Comunicação, Turismo, Pesca e outros.

Sr. João Macaringue, Presidente do Instituto para Promoção das Exportações (IPEX) e responsável pela organização da Feira Internacional de Maputo – FACIM. Entrevista IPEX | N°05 - 2014

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Empresários da Indústria Metal Mecânica em visita à Mina de Chirodzi, onde a mineradora indiana Jindal explora carvão mineral.

Entrevista com o Presidente do Projeto Setorial Indústria Mecânica Brasil Sr. Daniel Magalhães Junqueira

O Projeto Setorial Indústria Mecânica Brasil, por meio da Apex-Brasil – Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos é formado por empresas com atuação destacada na inovação e no desenvolvimento de soluções tecnológicas para os setores de mineração, siderurgia, metalurgia, petroquímico, geração de energia, sucroalcooleiro, ferroviário, petróleo e gás, buscando ampliar a participação das empresas exportadoras e com potencial de exportação no mercado internacional, sobretudo através da venda de itens com maior valor agregado.

Hoje já exportamos para Moçambique e a expectativa é de potencializar as vendas e gerar novos negócios

1. Quando o projeto iniciou os seus planos de internacionalização para Moçambique? O que levou o sindicato a apostar neste país? O Projeto iniciou os trabalhos no início de 2013 e hoje é um dos principais mercados trabalhado pelas empresas do projeto. Dentre os fatores que nos levou a esta escolha podemos apontar um crescimento nas exportações do Brasil de mais de 18% entre 2006 e 2012, tendo ano que superou os U$100 milhões, além de muitas empresas brasileiras instaladas no país e a língua oficial portuguesa como um pequeno diferencial competitivo. 2. Quais foram as ações realizadas no passado, e o que o SINDMEC tem feito recentemente para o desenvolvimento de negócios das suas

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N°05 - 2014 | Entrevista SINDMEC

empresas participantes do projeto em Moçambique? Começamos com um contato inicial com a Câmara de Comércio Brasil Moçambique e no início de 2013 fizemos uma prospecção no país focando nosso setor metal mecânico nas áreas de atuação do projeto: Petróleo, gás natural, mineração, energia e infraestrutura. Neste mesmo ano, animados com o mercado, contratamos a Investor para realizar um estudo de mercado sobre o país para quantificar e comprovar nossas expectativas de negócios. Este estudo foi muito focado nas oportunidades do mercado e detalhado a nível de produto específico. Este estudo nos possibilitou estreitar os laços com o mercado moçambicano ao ponto de con-


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Na sequência, realizamos uma visita as instalações das empresas convidadas em Moçambique nas cidades de Maputo e Tete. Em Maputo, a proposta para o evento foi a realização de Rodadas de Negócios, precedidas de apresentações de empresas brasileiras ou não, instaladas local­mente, objetivando a disseminação de informações dos projetos em andamen­to no país, nos diversos setores e em Tete, o foco foi a visita à Mina de Carvão de Moatize, operada pela Vale onde nos foram apresentados grandes possibilidades de negócios para nossas empresas. As possibilidades e os negócios estavam aflorando então, demos um passo bem mais ousado já focando no desenvolvimento de venda de produtos dos associados ao projeto. Contratamos uma empresa para desenvolver negócios locais e como um primeiro passo para entrada das nossas empresas no país. 3. Quais são os principais segmentos de atuação das empresas participantes do Projeto Setorial Indústria Mecânica Brasil, e quais as soluções elas podem oferecer às indústrias de Moçambique? Com atuação destacada na inovação e no desenvolvimento de soluções tecnológicas para os setores de Gás Natural, petróleo, mineração, siderurgia, metalurgia, petroquímico, geração de energia, sucroalcooleiro e ferroviário, as empresas associadas investem em projetos que garantem maior produtividade, redução de custos e um constante aprimoramento na qualidade dos produtos e serviços. As empresas que integram o projeto atendem a segmentos que demandam alta tecnologia, entregas customizadas, qualidade superior e cumprimento fiel de prazos. 4. Para além de Moçambique, em quais outros mercados o Projeto Setorial Indústria Mecânica Brasil possui projetos de internacionalização, prospecção/atuação internacional? Hoje focamos em oito países principais e outros 12 secundários, na África, além de Moçambique também temos ações em Angola e Costa do Marfim como exemplo. Participamos de várias feiras internacionais como expositores e visitantes, fazemos rodadas de negócios, estudo de mercado e exportamos para mais de 15 países incluindo China.

Entrevista

vidarmos e trazermos oito potenciais clientes e formadores de opinião para conhecer o Brasil, nossas empresas, a qualidade e o processo produtivo dos nossos produtos e serviços. Fizemos rodadas de negócios e visitas técnicas as fábricas onde foi possível apresentar a estrutura técnica, pessoal e a capacidade produtiva de cada uma.

5. Quais são as suas expectativas com este projeto de internacionalização? Já existe alguma empresa filiada com negociações avançadas?

A expectativa é uma parceria avançada com possibilidades inclusive de investimentos no país. Hoje já exportamos para Moçambique e a expectativa é de potencializar as vendas e gerar novos negócios. A Esco é uma das empresas do projeto com grande atuação no mercado Moçambicano. 6. Como você avalia a importância da parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Moçambique – CCIABM para o sucesso deste projeto de internacionalização? Você consegue se lembrar de alguma experiência no passado onde a parceria com a CCIABM tenha sido vital para a execução do projeto?

A parceria com a CCIABM é de suma importância, além da proximidade da sede em Belo Horizonte e filial em Maputo ela informa e facilita o intercâmbio entre empresas brasileiras e moçambicanas, colaborando na divulgação das soluções tecnológicas do nosso setor, elaboração de eventos, os quais todos que promovemos no país contamos sempre com o apoio e expertise da Câmara que inclusive auxilia nas relações comerciais. Por se tratar de uma fonte segura de informações, torna-se uma forte aliada no desenvolvimento e crescimento das nossas empresas. Empresas atuando em Moçambique: AÇOFORJA, DELP, ESCO Brasil, GNV COMPRESSORES, METALÚRGICA SOLUÇÃO e TRADO.

Sr. Daniel Magalhães Junqueira, Presidente do Projeto Setorial Indústria Mecânica Brasil

Entrevista SINDMEC | N°05 - 2014

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Criação e Evolução da

O desenvolvimento e o crescimento da Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária BrasilMoçambique através dos mais de 06 anos de história. E as perspectivas para os próximos anos.

O

surgimento da Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique remete ao ano de 2008, a partir do empreendedorismo de um grupo de empresários brasileiros. Após contato com o então Embaixador de Moçambique no Brasil, Exmo. Sr. Murade Murargy, houve um interesse do mesmo para a criação de uma câmara de comércio bilateral entre Brasil e Moçambique. Durante os estudos para a criação da Câmara foi possível a visualização de uma conjuntura de fatores onde seria possível se atuar, tanto no fomento de negócios quanto na prospecção de comercio bilateral entre Brasil e Moçambique. Moçambique já possuía um intenso crescimento de sua economia e com isso diversas oportunidades de mercado que surgiam. Dessa forma foi

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possível perceber também que, mesmo com a ocorrência de uma identificação cultural entre Brasil e Moçambique, o empresariado brasileiro ainda enfrentava grandes dificuldades para aproveitar tais oportunidades que o mercado moçambicano lhes ofereciam. Neste âmbito, foi fundada então, a Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçam­bique (CCIABM), uma entidade sem fins lucrativos com a missão de fomentar o relacionamento socioeconômico entre Brasil e Moçambique, trabalhando de forma a fornecer informações e estreitar contatos com vistas à efetivação de negócios. A CCIABM foi fundada sob os princípios de entregar os melhores resultados e valor para seus associados, a partir de um serviço transparente e profissional. Após os anos, o empenho e a experiência proporcionaram credibilidade. O amadurecimento da CCIABM permitiu a expansão e diversificação das atividades, mantendo como foco principal a efetivação de negócios. Além disso, Brasil e Moçambique são países que possuem características que vão de encontro com os valores e princípios pregados dentro da organização. Um país democrático, que oferece se-

gurança à propriedade privada, garantias ao investimento estrangeiro, altos índices de segurança pública e um crescimento econômico diversificado e sustentável, que traz toda a segurança para a realização de negócios e um horizonte de atuação de longo prazo. Por essas razões, o Projeto CCIABM se tornou atrativo e interessante de se fazer parte. Ao longo de sua existência a CCIABM cresceu significativamente. E junto do seu crescimento, cresceram também os negócios que foram gerados entre empresas brasileiras e moçambicanas. Nos últimos anos, a presença de empresas brasileiras em Moçambique se tornou cada vez maior, com empreendimentos dos mais diversos ramos e um grande envolvimento de fornecedores e prestadores de serviço do Brasil. Atualmente, Moçambique é o país africano em que o Governo Brasileiro possui mais projetos de cooperação, o que o coloca em uma posição estratégica para os negócios internacionais brasileiros. No período contemplado entre os anos de 2009 a 2013, as exportações brasileiras para Moçambique apresentaram um crescimento de 14,6%, totalizando um valor de US$476 milhões.


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Descricao

2009

Exportações brasileiras

Variação em relação ao ano anterior

108,1 233,8%

2010

40,4

-62,7%

2012

2012 (jan-ago)

81,2

122,3

54,7

101,1%

24,2

83,5

-3,1%

52,6%

2,1 (+)

-5,7%

104,5%

489,9%

-77,3%

697,5%

Intercâmbio Comercial

110,2

42,4

85,3

146,5

55,5

90,0

Variação em relação ao ano anterior

240,4%

-61,6%

101,2%

71,7%

-7,5%

62,0%

106

38,4

77,1

98,2

53,9

77,1

Saldo Comercial

4,1

50,7%

2013 (jan-ago)

Importações brasileiras

Variação em relação ao ano anterior

2,0

2011

0,8

6,5

(+) Variação superior a 1.000%

Exportações Brasileiras para Moçambique (2008 - 2013) US$ milhões. 108,118

122,309

123,852

2012

2013

81,184 39,338

32,387 2008

2009

O que representou um crescimento de 34,8% no Intercâmbio Comercial entre os países. Já no período entre os anos de 2008 a 2014, o Governo do Brasil realizou 70 Projetos de Cooperação juntamente com o Governo de Moçambique, sendo que, 11 desses projetos serão concluídos ainda neste ano. Durante toda sua atuação, a CCIABM levou fisicamente à Moçambique mais de 200 empresas brasileiras, por meio de suas Missões Empresariais Específicas, Setoriais ou Multisetoriais. O que representa um total de mais de 50 Missões Empresariais realizadas. Além disso, a CCIABM assumiu a responsabilidade de ser a organizadora oficial do Pavilhão Brasileiro da Feira Internacional de Maputo – FACIM,

2010

2011

maior feira internacional multisetorial de Moçambique, e uma das maiores de toda África. Neste sentido, toda a atuação da CCIABM sempre foi pautada pelos princípios e valores que a organização prega, dentre os quais destacam-se o profissionalismo, a transparência, a inovação, o dinamismo e a dedicação na causa Brasil-Moçambique. Através de sua equipe qualificada e multidisciplinar, inteiramente empenhada a oferecer a realização de negócios em Moçambique, sob respaldo de várias parcerias estratégicas. Traduzindo-se em suas ações sempre guiadas visando a entrega de resultados aos seus clientes.

Todos esses atributos renderam à CCIABM a possibilidade de contar com o apoio de entidades governamentais como a Embaixada do Brasil em Moçambique, a Embaixada de Moçambique no Brasil, o Ministério das Relações Exteriores, o Ministério do Desenvolvimento da Indústria e Comércio Exterior, além da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos - ApexBrasil De acordo com as previsões de organizações internacionais, Moçambique será um dos 5 países de todo mundo, com maior crescimento econômico nos próximos 5 anos. Naturalmente a CCIABM participará desse crescimento e aproveitará todas as oportunidades existentes de forma a promover uma relação mais intensa entre Brasil e Moçambique. case cciabm | N°05 - 2014

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FORTALEZA

DISTRITO FEDERAL GOIÂNIA

BELO HORIZONTE OESTE PAULISTA

RIO DE JANEIRO PORTO ALEGRE

MAPUTO

CURITIBA

250

Mais de 250 empresas associadas, clientes e parceiras levadas fisicamente à Moçambique.

50

Mais de 50 Missões Empresariais realizadas.

30

Mais de 30 empresas brasileiras assessoras pela CCIABM investem diretamente em Moçambique atualmente.

9

8 escritórios nas principais capitais do Brasil e uma estrutura própria em Maputo, capital de Moçambique.

20

N°05 - 2014 | case cciabm


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

“A CCIABM iniciou suas atividades com muita vontade de descobrir e de acertar. Sob o desafio de poder colaborar para o fortalecimento dos laços econômicos entre Brasil e Moçambique”. Sr. Mario Tavernard – Ex-Diretor Executivo e um dos fundadores da CCIABM

“A força de um líder não está somente em suas palavras, e sim nos frutos do seu testemunho de vida. Nos últimos 6 anos a CCIABM tem testemunhado os propósitos de sua existência e contribuído ativamente no desenvolvimento das relações comerciais e parcerias estratégicas destes dois países unidos por um objetivo comum: o desenvolvimento socioeconômico. ” Sr. Salimo Abdula - CEO / Chairman of Board of Directors - Intelec Holdings S.A.

“A CCIABM desde seu início possui um papel relevante para o desenvolvimento socioeconômico de Moçambique. Sempre com ações transparentes e objetivas, promove junto aos empresários brasileiros, o modelo de governança correto para o desenvolvimento de novas oportunidades no mercado africano. A meu ver, as atividades da CCIABM devem ser sempre bem recebidas e suportadas pelas empresas, governos e a sociedade dos dois países. ” Sr. Galib Chaim – Diretor Executivo de Projetos de Capital - Vale S.A

“O trabalho realizado pela CCIABM tem sido expressivo, pois contribui significativamente para os esforços de fazer o relacionamento entre Brasil e Moçambique acontecer de uma forma consistente e confiável, reforçando cada vez mais os laços comerciais existentes entre os países.” Sr. Murade Murargy – Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e Presidente Honorário da CCIABM.

“O escritório em Maputo e a nossa equipe local são a extensão de um trabalho desenvolvido no Brasil há cinco anos e funciona como uma ferramenta de apoio às demandas atuais. Essa presença local em Moçambique possibilita um contato imediato com as oportunidades promovidas e com as entidades." Sr. Flávio Sotelo – Diretor da CCIABM.

“Pretendemos abrir novos escritórios no território brasileiro e ampliar nossa equipe em Moçambique. A expectativa é que daqui a alguns anos Moçambique se torne o principal parceiro comercial do Brasil em África, e, naturalmente, a CCIABM seja a principal referência da relação entre os dois países”. Sr. Fábio Vale – Gerente Geral da CCIABM

“Moçambique é a bola da vez. A conjuntura macroeconômica positiva do país tende a manter seu crescimento nos próximos anos. Com isso, a CCIABM ainda tem muito para crescer e consolidar sua rede de parceiros.” Sr. Rodrigo Oliveira – Diretor Executivo da CCIABM

case cciabm | N°05 - 2014

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Julien Willem

Você sa

Quinn Norton

O Dugongo pertence a mesma ordem dos mamíferos aquáticos da qual o Peixe-Boi faz parte. Os Dugongos são mamíferos herbívoros que se movimentam lentamente. O nome Dugongo vem da palavra malaia duyung, que significa sereia. Podem atingir cerca de três metros de comprimento e quinhentos quilos de peso e ao contrário do Peixe-Boi, o Dugongo possui dentes afiados e são capazes de caçar pequenos animais, como lagostas e outros crustáceos. Habitam as regiões tropicais dos Oceanos Índico e Pacífico. São considerados animais em risco de extinção e Moçambique é o único país da costa oriental da África com registro deste mamífero.

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N°05 - 2014 | CURIOSIDADES

A lenda do futebol português, Eusébio da Silva Ferreira foi um dos maiores jogadores de Portugal e do mundo, jogando a maior parte de sua carreira pelo Benfica. Recebeu a Bola de Ouro no ano de 1965 e ajudou a Seleção Nacional Portuguesa a alcançar o terceiro lugar na Copa do Mundo de 1966, tendo sido o artilheiro da competição no mesmo ano. Poucas pessoas sabiam, mas Eusébio nasceu em Moçambique, na cidade de Maputo, capital moçambicana, onde também começou sua carreira no esporte, aos 15 anos no time “Os Brasileiros Futebol Clube". Desde 1979, Eusébio fazia parte da comissão técnica da Seleção Nacional Portuguesa, até seu falecimento, em janeiro deste ano.

O Baobá é uma árvore com forte tradição africana, sendo um símbolo da África Subsaariana. Em Moçambique é predominante nas províncias de Cabo Delgado, Inhambane e Tete. Há uma lenda africana que conta que o Baobá, por ter inveja das outras árvores, foi castigado pelos Deuses e posta de cabeça para baixo: a copa foi enterrada e as raízes ficaram para cima. O Baobá é considerada a árvore com o tronco mais grosso do mundo, podendo chegar a 20 metros de diâmetro, além de chegar a viver até 6 mil anos e ser capaz de armazenar até 120 mil litros de água em seu interior.


Angela Sevin

abia?

Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Os Bantos são um grupo etnolinguístico localizado principalmente na África Subsaariana e englobando cerca de 400 subgrupos diferentes, possuindo um grupo de línguas bantas como língua materna. Conheciam a metalurgia, fato que deu grande vantagem a este povo na conquista de povos vizinhos. Viviam em aldeias que eram comandadas por um chefe. O rei banto, também conhecido como Manicongo, cobrava impostos em forma de mercadorias e alimentos de todas as tribos. Os habitantes do reino acreditavam que o Manicongo possuía poderes sagrados e que influenciavam nas colheitas, guerras e saúde do povo.

A Copa de 2014 contou com a participação de cinco seleções africanas, sendo elas: Camarões, Gana, Argélia, Nigéria e Costa do Marfim. Também conhecidos como “Leões Indomáveis”, a seleção de Camarões disputou sua sétima copa do mundo. Conhecidos também como “Os Estrelas Pretas”, a seleção de Gana disputou sua terceira copa do mundo. A seleção da Argélia, também chamados de “As Raposas do Deserto”, disputou sua quarta copa do mundo. A atual campeã da Copa das Nações Africanas, a seleção da Nigéria disputou sua quinta copa do mundo. A seleção da Costa do Marfim, também conhecida por “Os Elefantes”, disputou sua terceira copa do mundo. Entre os destaques, estiveram presentes os jogadores Samuel Eto’o, jogando pela seleção de Camarões, e Didier Drogba, jogando pela seleção da Costa do Marfim.

CURIOSIDADES | N°05 - 2014

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POLARIS GROUP

(A sua porta de entrada para Moçambique e para a Africa Austral)

POLARIS GROUP é uma empresa Moçambicana de Consultoria Multidimensional, que é o parceiro indispensável

para as empresas Brasileiras com interesses económicos em Moçambique e na Africa Austral. Com escritórios em Maputo, e representações em Washington, DC e São Paulo, possuimos uma base sólida de conhecimentos, staff próprio e uma rede de consultores qualificados que nos permitem oferecer uma gama de serviços em vários sectores estratégicos tais como Agro-Negócios, Educação, Infrastruturas, Comunicações, Transportes, Saúde, Aguas, Petróleo e Gás, Mineiros e Energia. Serviços de Consultoria Empresarial: - Estratégia Corporativa - Pesquisa e penetração de mercado - Apoio na navegação de políticas e ambiente regulatório - Gestão integrada de projectos - Consultoria estratégica de segurança e due diligence de parceiros locais Serviços de Assessoria a Investidores Brasileiros em Moçambique e na Africa Austral: - Registo e representação de marcas, empresas e entidades estrangeiras em Moçambique - Expansão de mercado e alinhamento de oportunidades de negócios - Integração na cadeia de oportunidades em Moçambique e na Africa Austral - Desenvolvimento e gestão de programas de conteúdo local - Ligações de mercado e organização de missões empresariais, road-shows e encontros de negócios - Ligações com o Governo de Moçambique Midia e relações públicas Serviços de Consultoria Operacional: - Vistos de residência e trabalho em Moçambique para expatriados - Relocação de familias e dependentes - Licenças operacionais - Escritórios mobilados - Casas de hóspedes, acomodação temporária e transporte - Adaptação e enquadramento cultural - Outsourcing

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Mapa de Vegetação do B Venezuela

Guiana Suriname

Colômbia

Guiana Francesa

OCEANO ATLÂNTICO

Peru Bolívia

Paraguai

Chile

Floresta Amazônica Mata Atlântica Cerrado Caatinga

Argentina

Campos

OCEANO PACÍFICO

Pantanal

Uruguai

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N°05 - 2014 | GEOGRAFIA

Restingas e Manguezais Fonte: www.ibge.gov.br


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Brasil e de Moçambique Tanzânia Zâmbia República Democrática do Congo

OCEANO ÍNDICO

Malawi

Zimbabwe

África do Sul Vegetação Ombrófila Savana Mangue e Pântanos de Água Doce.

Suazilândia

Fonte: CIA World Factbook

GEOGRAFIA | N°05 - 2014

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Imagem externa do CCBM e imagens da posse do Sr. Leandro Estrela como novo Diretor.

O Centro Cultural

Brasil - Moçambique (CCBM) Sr.Leandro Estrela, Diretor do Centro Cultural Brasil – Moçambique (CCBM)

O Centro Cultural Brasil Moçambique nasceu no espírito do Acordo Geral de Cooperação entre o Brasil e Moçambique, firmado em 1981. A instituição representa um espaço cultural para a divulgação, promoção e integração da cultura afro-brasileira e inter-africana.

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N°05 - 2014 | Cultura


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

R

ealizou-se em Abril, nas dependências do Centro Cultural Brasil – Moçambique (CCBM) em Maputo, uma recepção de apresentação do novo Diretor do CCBM, Leandro Estrela. O evento contou com a presença de autoridades, empresários, artistas, representantes da imprensa e da comunidade brasileira. A Embaixadora do Brasil, Sra.Ligia Maria Scherer, reforçou o relevante trabalho desenvolvido pelo ex-Diretor do CCBM, professor Calane da Silva, e enfatizou o objetivo do espaço em se posicionar como centro de referência para a difusão e promoção cultural em Maputo, com ênfase nas culturas brasileira e moçambicana. Também esteve presente no evento o Secretário do Audiovisual do Ministério da Cultura do Brasil, Mario Borgneth. Ele sustentou que o CCBM possui potencial de se tornar um pólo de ligação entre os dois países. Em sua intervenção, o novo Diretor – que já reside há quase dez anos no país, disse ser um grande privilégio e uma responsabilidade poder suceder a direção do Professor Calane da Silva, uma personalidade moçambicana de coração brasileiro que tanto estimula o intercâmbio cultural entre os dois países. Segundo ele, o CCBM está inserido na Rede Brasil Cultural que abrange Centros Culturais, Núcleos de Estudos e leitorados em quatro continentes, um sistema de difusão cultivado pelo Ministério das Relações Exteriores do Governo do Brasil. Desde sua fundação em 1989, o CCBM tem acompanhado a intensificação das relações entre Brasil e Moçambique e o crescimento, não apenas da influência da cultura brasileira, como

também da presença de brasileiros no país. Isso impõe o desafio de sustentar o seu papel significativo no cenário cultural em Moçambique, passando por muitos projetos desde a reforma das instalações até a intensificação das atividades. Também enfatizou que o CCBM foi incorporado à rede dos postos aplicadores do CELPE-Bras, um sistema de certificação de proficiência em português como língua estrangeira reconhecido oficialmente pelo Governo do Brasil, desenvolvido e outorgado pelo Ministério da Educação com o apoio do Ministério das Relações Exteriores.

brasileiros que apresentarão a diversidade da música popular brasileira; • Semana Cultural Brasil Moçambique; • Semana do Cinema Brasileiro; • Eventos relacionados ao Dia da Consciência Negra celebrado no Brasil. Em ano de Copa do Mundo no Brasil, o CCBM promoveu um grande evento, em junho, para o jogo de abertura e também sessões de projeção dos jogos do Brasil durante a Copa. Também continuará promovendo as principais festas populares como as festas juninas e o carnaval.

“A diversidade cultural brasileira é imensa e a relação entre Brasil e A diversidade cultural brasileira é imensa e a relação entre Brasil e Moçambique é intensa. ” Moçambique é intensa. As expecDentre as atividades previstas pelo Programa de Difusão Cultural do CCBM, foram destacadas algumas que serão realizadas no decorrer deste ano:

tativas de realização de projetos culturais são grandes e o CCBM manterá suas portas abertas para os brasileiros, moçambicanos, artistas e pessoas que desejam sustentar esta interação cultural tão importante para todos nós.

• A organização de uma mostra de fotojornalismo, exposição e curso de fotografia com crianças de escolas públicas; • Ciclo de palestras sobre a diáspora dos grupos africanos no Brasil; • Continuidade dos Cursos de Literatura Brasileira, com a promoção do VIII Curso de Literatura Brasileira voltado para o grau secundário e universitário. • Desenvolvimento de atividades educativas com estudantes envolvendo debates literários, seminários e sessões de leitura dirigida; • Espetáculo e oficina para músicos moçambicanos com artistas

Sr. Leandro Estrela, Diretor do Centro Cultural Brasil – Moçambique (CBM)

CULTURA | N°04 - 2013

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especial

Gás Natural

ANADARKO

Empresa revela os detalhes do projeto de extração do Gás Natural na Bacia do Rovuma.

em

Moçambique

Tauil&Chequer Advogados associado a Mayer Brown Analisa a Regulação do setor de Óleo & Gás em Moçambique

EMPRESA NACIONAL DE HIDROCARBONETOS

Apresenta os panoramas do setor de óleo & gás em Moçambique e suas perspectivas de crescimento para os próximos anos.

THE OIL & GAS YEAR Avalia o cenário de hidrocarbonetos em Moçambique.


O novo tesouro de Moçambique A última década colocou definitivamente Moçambique no mapa da indústria do gás natural. Durante o período foram descobertos cerca de 150 trilhões de pés cúbicos em solo nacional, o que colocou o país como um dos maiores detentores de reservas de gás natural do mundo.

D

esde a última década, Moçambique vem atraindo grandes investimentos em infraestrutura e nas indústrias extrativas de minério e petróleo & gás, o que vem gerando taxas de crescimento econômico na faixa de 8% ao ano, nos últimos 10 anos.

anos, o investimento direto estrangeiro de mais de US$10 bilhões. De forma que, existem planos de construir uma planta com capacidade de produção de 50 milhões de toneladas de gás natural liquefeito, na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique.

investidos 50 bilhões de dólares nos próximos 10 anos. Para incentivar o desenvolvimento, o Governo estabeleceu politicas favoráveis aos investimentos e incentivos fiscais para empresas internacionais que possuem planos de investimento em Moçambique.

Os investimentos na indústria de petróleo & gás tendem a crescer nos próximos anos. A expectativa é de que o país receba nos próximos três

O Ministério de Recursos Minerais de Moçambique estima que para a construção da planta de GNL e a extração da Bacia do Rovuma, serão

No ano de 2010, a Petrolífera Norte-Americana Anadarko Petroleum e a Italiana ENI S.p.A., anunciaram descobertas de mais de 150 trilhões

Percepção Positiva: Moçambique oferece oportunidades de negócios significativas em vários setores em torno da evolução do setor de óleo & gás, incluindo engenharia, construção e imobiliário, desenvolvimento de infraestruturas, logística e serviços.

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N°05 - 2014 | Especial Gás Natural


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

de pés cúbicos de gás natural ao longo da costa na bacia do Rovuma, ao nordeste de Moçambique, na província de Cabo Delgado. Bacia do Rovuma A Bacia do Rovuma é a região mais rica em hidrocarbonetos de Moçambique, com estimativas de reservas de gás de mais de 150 trilhões de pés cúbicos. É localizada na parte nordeste de Moçambique, se estendendo ao norte até a Tanzânia. Ela abrange tanto as áreas onshore e offshore, com um comprimento de 400km e largura de 160km. Os 70 mil quilômetros quadrados da bacia em Moçambique estão divididos em seis blocos offshore e um bloco onshore. O primeiro poço no lado moçambicano do Rovuma (Mocimboa-1), foi perfurado pela empresa Esso EUA em 1986 na parte onshore da bacia, e foi abandonado como um poço seco. Para entender as perspectivas

na área, Moçambique organizou rodadas de licitação para quatro blocos na Bacia do Rovuma, em 2005, em que a Área 1 foi atribuída à norte-americana Anadarko Petroleum, a Área 4 à italiana ENI S.p.A., e as Áreas 3 e 6 à malaia Petronas. A norueguesa Statoil já havia negociado a operação das Áreas 2 e 5. Desde a realização dessas rodadas de licitações, a atividade de exploração ampliou na região e entre 2009 e 2013 mais de 40 poços foram perfurados na bacia, sendo que em aproximadamente metade dos poços, foi descoberto gás natural. As descobertas estão concentradas nas Áreas 1 e 4, onde os grandes complexos de gás se encontram, como o Complexo Prosperidade da Anadarko, que possui aproximadamente de 50 a 70 trilhões de pés cúbicos de gás natural, e o Complexo Mamba da ENI, que possui aproximadamente 93 trilhões de pés cúbicos.

Bacias de Hidrocarbonetos

Especial Gás Natural | N°05 - 2014

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Bacia de Moçambique A Bacia de Moçambique está localizada na planície costeira e plataforma continental da parte sul de Moçambique, abrangendo tanto as áreas onshore e offshore. Possui uma área de 500 mil quilômetros quadrados, dos quais 275 mil quilômetros quadrados são onshore. A descoberta da bacia e início de exploração precoce ocorreu entre 1904 e 1920. Entre 1948 e 1974, as empresas petrolíferas internacionais, dentre elas a Gulf Oil, Amoco, Sunray, Hunt e Aquitaine foram concedidas concessões na área. O campo de gás natural de Pande foi a primeira descoberta na Bacia de Moçambique e foi feita pela Gulf Oil em 1961. Isto foi seguido pela descoberta dos campos de Buzi (1962) e de Temane (1967). Uma exploração mais tarde conduzida pela sul africana Sasol, levou a

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descobertas dos campos de Temane Leste e Inhassoro, em 2003, ambos com reservas tanto de gás natural e petróleo. Atualmente os campos de Pande e Temane, ambos da Sasol, que contém cerca de 5 trilhões de pés cúbicos de gás natural, são os únicos que produzem em Moçambique, e a capacidade atual de processamento é de 174 bilhões de pés cúbicos, através da Central de Processamento Temane. Enquanto mais de 140 poços foram perfurados na bacia, a maioria tem sido onshore, deixando o segmento offshore pouco explorado. Outras Bacias Outras bacias em Moçambique incluem a do Lago Niassa, Maniamba e Baixo Zambeze Graben. Até o momento todas essas bacias permanecem pouco exploradas, e a desco-

berta de hidrocarbonetos ainda deve ser feita. Moçambique continua atraindo atenção do Ocidente à medida que aumenta sua produção de gás natural. A Ásia representou 71% da demanda global de GNL em 2012, atribuído em grande parte as avançadas economias do Japão, Taiwan e Coreia do Sul, embora os índices de desenvolvimento da Índia, China e Indonésia também estarem impulsionando as importações de GNL da região. A proximidade de Moçambique com a Ásia tem aumentado o investimento por países com alta demanda de GNL como o Japão. A ilha é atualmente o maior comprador de GNL, representando 37,3% da demanda total global devido à escassez de energia que ocorreu após a desativação das usinas nucleares depois da crise de Fukushima em 2011.

Companhias Internacionais se instalam em Moçambique e iniciam exploração.

Gulf Oil descobre o campo de gás natural de Buzi.

A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) é criada.

ENH inicia trabalhos de perfuração nas áreas de Pande e Temane.

1948

1962

1981

1989

1904

1961

1967

1983

Trabalhos de exploração descobrem grossas bacias sedimentares onshore.

Gulf Oil descobre Pande, o primeiro campo de gás natural de Moçambique.

Gulf Oil descobre o campo de gás natural de Temane.

Realizado o licenciamento de 17 áreas offshore.

N°05 - 2014 | Especial Gás Natural

1998 Sasol adquire exploração da Arco e Enron nos campos de Pande e Temane.


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

A Bacia do Rovuma em Moçambique, que se estima ter reservas de gás natural suficientes para abastecer o Japão por 35 anos, tem atraído para a área companhias japonesas de exploração e produção como a Osaka Gas Company, Inpex e Mitsui & Company. A Mitsui planeja exportar pelo menos 5 milhões de toneladas de GNL por ano para o Japão, de sua participação de 20% na Área 1 na Bacia do Rovuma. A aquisição de 20% de participação na Área 4 da Bacia do Rovuma, pela Chinese National Petroleum Corporation em março de 2013 (avaliada em US$4.21 bilhões) demonstra a demanda do país. PetroChina está atualmente competindo com outras companhias regionais de exploração e produção, incluindo a Oil India, para comprar 20% de participação da Área 1. O interesse do sudeste da Ásia também é prolifico, como foi evidenciado pelas atividades da

Petronas nas Áreas 3 e 6, na aquisição pela firma tailandesa PTT Exploration and Production da Cove Energy e da exploração atual na província de Sofala da estatal indonésia Buzi Hydrocarbons. Os países asiáticos também tem investido no desenvolvimento da infraestrutura de Moçambique. Em março de 2013, a chinesa Dingsheng International Investment gastou US$500 milhões em desenvolvimento da Zona Econômica Especial de Beira. Também em março, o governo japonês financiou um empréstimo de US$84 milhões para desenvolver o porto de Nacala, adjacente a Bacia do Rovuma.

Lei do Petróleo 3/2001 é criada.

O Instituto Nacional do Petróleo (INP) é criado.

Contratos de Concessão da Bacia do Rovuma são assinados.

2001

2004

2006

Áreas de Concessão

Primeira exploração em águas profundas na Área 1 da Anadarko, na Bacia do Rovuma.

Inicia-se análise para a introdução de alterações na Lei do Petróleo, buscando incluir o GNL.

2010

2013

2003

2004

2009

2012

O campo de gás natural de Inhassoro é descoberto.

Sasol inicia a produção no campo de Temane.

Sasol inicia a produção no campo de Pande.

Quatro das cinco maiores descobertas do ano são feitas em Moçambique.

Especial Gás Natural | N°05 - 2014

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Desenvolvendo o Gás da Bacia do Rovuma Sr. James Chester - Diretor Regional da The Oil & Gas Year

A

província de Cabo Delgado, localizada no extremo norte de Moçambique, está mais perto de Nairóbi do que de Maputo. Sua capital, Pemba, um recanto de praias equatoriais paradisíacas e um interior quase inexplorado, foi reconstruída após a guerra civil do país como uma cidade de férias. Agora é o lar de geólogos, engenheiros e desenvolvedores de infraestruturas com o objetivo de explorar a enorme riqueza de gás natural que a Bacia do Rovuma promete gerar. A injeção de dinheiro vinda do boom do gás, se gerida corretamente, irá servir muito bem ao povo de Moçambique, e o crescimento baseado em recursos pode proporcionar oportunidades tanto para os empresários nacionais quanto para empresas brasileiras. O Boom do Gás: Uma série de novas descobertas de gás poderia fazer de Moçambique o terceiro maior exportador de Gás Natural Liquefeito (GNL) do mundo. O país já possui experiência limitada no setor de gás natural. Desde 2004, a Sasol tem exportado para a África do Sul sua produção dos campos onshore de Pande e Temane. Até recentemente, as riquezas submarinas do país tem sido ignoradas. A atividade era lenta até que, em 2005,

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a rodada de licitações focada na Bacia do Rovuma levantou interesse significativo. Agora, o Rovuma tornou-se uma das oportunidades mais quentes na indústria global de gás natural. A descoberta de Windjammer, em 2010, na Área 1 operada pela Anadarko Petroleum ao largo da costa de Cabo Delgado, apontou para o potencial do Rovuma. Seguindo-se por uma onda de fusões, aquisições e farm ins, em ambos os setores da bacia localizados em Moçambique e na Tanzânia. A Área 1, operada pela Anadarko Petroleum, e a Área 4, operada pela ENI S.p.A., possuem uma reserva estimada de 150 trilhões de pés cúbicos de gás natural, o suficiente para abastecer até 10 trens de liquefação de gás e fornecer uma renda anual para governo de 5,2 bilhões de dólares até 2026. A Anadarko e a ENI assinaram um memorando de entendimento, em dezembro de 2012, comprometendo-se a coordenar as suas atividades e construir uma instalação onshore de GNL na província de Cabo Delgado, começando com dois trens de liquefação que deverão estar em operação até 2018. Estes trens de liquefação serão os primeiros em todo o Leste da África. Moçambique está bem posicionada para se tornar um grande fornecedor de gás natural para os mercados asiáticos, com a condição de que instala-

N°05 - 2014 | Especial Gás NatuRal - Artigo TOGY

ções de exportação de GNL e infraestruturas de apoio sejam rapidamente construídas e que a legislação e a infraestrutura mantenham-se. Atrasos de Desenvolvimento: Um atraso na finalização da nova legislação de hidrocarbonetos vem retardando o progresso em Moçambique. A lei atual, com data de 2001, não fornece um quadro adequado para o GNL, e uma nova lei deve posicionar o país como um comércio global e local de investimento. O relatório Doing Business 2014 do Banco Mundial sugere que as condições estão melhorando gradualmente, com Moçambique ranqueada em 139ª de 189 economias, a três pontos acima do resultado de 2013. Isso é quase inteiramente devido a um aumento de 46 pontos na categoria que lida com a obtenção de licenças de construção, onde Moçambique agora ocupa o 77º lugar a nível mundial. Desde o fim da guerra civil, em 1992, o governo tem priorizado o desenvolvimento. “A estabilidade trazida pela paz, as primeiras eleições democráticas, a liberalização econômica e as reformas permitiram a economia de Moçambique a crescer a uma média de 7% desde os anos 90.” Afirmou o diretor-geral do Centro de Promoção de Investimentos, Lourenço Sambo, à The Oil & Gas Year.


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

O clima de investimento também está se tornando mais hospitaleiro. Os incentivos fiscais na década de 90 trouxeram a Sasol e a fundição de alumínio Mozal. A mineradora brasileira Vale estabeleceu em 2011, em sua mina de Moatize na província de Tete, a produção de 11 milhões de toneladas de carvão mineral por ano. A estatal brasileira Petrobrás entrou no bloco offshore Zambezi Delta em 2006, com uma participação de 17%. A gigante anglo-australiana de mineração Rio Tinto tem três projetos de exploração e mineração de carvão em Tete, mas os projetos da empresa foram impedidos supostamente por falta de infraestrutura e exagero do potencial das concessões.

setor da construção, que é a espinha dorsal para outros setores produtivos,” disse o Gerente Nacional Marcelo Queiroga. “Estradas, complexos residenciais e toda infraestrutura básica terá de ser construída em Pemba, e os portos de Pemba, Nacala e outras cidades na rota do gás irão apoiar o desenvolvimento da região norte. Depois de 2014, os recursos de gás irão começar a demandar uma quantidade importante de construção,” disse ele. O déficit de infraestrutura em Pemba e a necessidade de se desenvolver unidades de liquefação de gás significa que Cabo Delgado irá continuar

a atrair empresas internacionais em um futuro previsível. Essas empresas devem estar preparadas para lidar com os conhecidos riscos da região e do país. Empresas que entram devem ser capazes de se adaptar aos desafios logísticos e de integrar e capacitar os trabalhadores locais, a fim de construir uma presença sustentável. Moçambique é susceptível a fazer sua estreia como exportador de GNL antes de 2020. As empresas que produzirem e processarem o gás natural e desenvolverem capacidades na remota e rica em recursos região norte, irão moldar o futuro da economia nacional.

Entrada no Mercado: Para muitas empresas, a infraestrutura é uma preocupação fundamental, mas também representa uma oportunidade. Com operadores de gás natural demandando infraestrutura de transporte terrestre e marítimo, e uma população crescente no norte de Moçambique, associados com os grandes projetos, as perspectivas estão melhorando para as empresas brasileiras que estão buscam atender o boom de recursos. A Odebrecht, uma das maiores empresas de engenharia civil do Brasil, entrou em Moçambique em 1994 e espera se capitalizar com a relocação das equipes das companhias de óleo & gás para Pemba e zonas próximas. A empresa emprega 3 mil pessoas em Moçambique e trabalha com a Vale em Tete e no aeroporto internacional de Nacala. “Pemba está vindo de um lugar menos estabelecido em termos de infraestrutura” disse o Diretor-Gerente de Moçambique, Miguel Peres, comparando Cabo Delgado com a região de mineração de Tete, que está lutando para construir infraestrutura adicional. “Prevemos um crescimento contínuo e estável por lá,” disse ele. A construção de trens de liquefação de gás deverá atrair 20 mil trabalhadores para Cabo Delgado. A construtora brasileira Odebrecht também acredita na oportunidade. “As empresas tem sido derramadas em Moçambique, particularmente no

Sr. James Chester, Diretor Regional da The Oil & Gas Year © 2013 Wildcat Internacional FZ-LLC, The Oil & Gas Year, Moçambique 2013. Publicado com permissão.

Especial Gás NatuRal - Artigo TOGY | N°05 - 2014

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Regulação do Setor de

Óleo & Gás

em Moçambique Dr. Paulo Henrique Teixeira Rage – Special Counsel do Tauil & Chequer Advogados associado ao Mayer Brown LLP

M

oçambique apresenta perspectivas bastante positivas em relação ao seu desempenho econômico nos próximos anos. Segundo o FMI, o país deverá apresentar um crescimento médio do seu produto interno bruto (PIB) na

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ordem de 8% em 2014, bem acima da expectativa da média global, que será de aproximadamente 3% para o mesmo ano. Os investimentos no setor dos recursos naturais, o aumento da capacidade logística, os projetos de infraes-

N°05 - 2014 | Especial Gás NatuRal - legislação

trutura em andamento e, principalmente, os investimentos na indústria de óleo & gás impulsionarão significativamente a economia do país. Estima-se a geração de mais de 80 mil postos de trabalho e a duplicação do PIB atual nas próximas duas décadas.


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Nos últimos anos, Moçambique foi introduzido no mapa da indústria do gás natural, após a descoberta de mais de 100 trilhões de pés cúbicos, mais especificamente ao norte do Rio Rovuma, próximo a Cabo Delgado, localizada no extremo nordeste do país. Com o início da produção de gás natural prevista para 2018, é fundamental que todos os envolvidos na operação, da pesquisa à distribuição, estejam atentos à legislação moçambicana e, igualmente, à regulamentação específica do setor.

de obtenção de uma licença específica para operar no setor, bem como de um parecer favorável do Ministério dos Recursos Minerais.

creto n° 63/2011, que regulamenta a contratação de mão-de-obra estrangeira para o setor; dentre outros instrumentos legais.

Ainda em relação aos aspectos societários, destaca-se que o “farm-in”, aquisição dos direitos de concessão detidos por uma empresa petrolífera e o “farm-out”, processo de venda parcial ou total desses direitos, são permitidos, desde que mediante autorização prévia do Ministério correspondente.

Tendo como marco principal a Lei das Operações Petrolíferas, Moçambique desenvolve, gradualmente, um quadro regulamentar para gerir a exploração dos seus recursos naturais. No país, o setor de óleo & gás encontra-se sob a responsabilidade da esfera federal e se dá, principalmente, através da referida Lei das Operações Petrolíferas (Lei nº 3/2001); do Regulamento das Operações Petrolíferas (Decreto nº 24/2004) e do Regulamento do Imposto sobre Produção de Petróleo (Decreto nº 4/2008). Uma nova Lei está neste momento em processo de elaboração e, em breve, será o novo marco, substituindo a atual Lei nº 3/2001.

Nos contratos de pesquisa e produção há um prazo de até oito anos para a pesquisa e exploração, que pode ser prorrogado, e pode chegar até trinta anos, conforme o plano de desenvolvimento adotado pelo Conselho de Ministros. Através desses contratos, são concedidos os direitos exclusivos de pesquisa e produção da área estabelecida, bem como o direito (não exclusivo) de construir e operar os respectivos sistemas de oleoduto e gasoduto, para fins de transporte de petróleo bruto ou gás natural produzido.

O governo de Moçambique tem demonstrado grande empenho na melhoria do ambiente de negócios no setor de óleo & gás. Além da especialização dos órgãos reguladores, como o Instituto Nacional de Petróleo (INP) e a mencionada revisão do marco regulatório. A revisão visa adequá-la à nova realidade, integrando aspectos como liquefação e exportação de gás, transformação do carvão mineral, bem como mudanças regulamentares, como a possível exigência de uma filial ou sucursal registrada em Moçambique para obtenção de uma licença de exploração, dentre outras modificações.

Em linhas gerais, os direitos de reconhecimento, pesquisa e produção, e de oleoduto ou gasoduto são concedido pelo Governo, através de um contrato de concessão com a empresa produtora, sendo que o Estado se reserva no direito de participar de qualquer uma das fases da operação. Embora empresas estrangeiras possam ser titulares do direito de realizar operações petrolíferas (desde que demonstrem a competência técnica e recursos financeiros necessários), as empresas moçambicanas tem um direito de preferência quando da atribuição dos blocos. Ressalta-se que, o consórcio formado entre uma pessoa jurídica estrangeira e uma moçambicana também goza do direito de preferência no processo de atribuição. Independente da nacionalidade da empresa, moçambicana ou estrangeira, deve-se observar a necessidade

Em relação aos aspectos tributários do setor, destaca-se a incidência de imposto específico sobre a produção de óleo & gás (royalty), sujeito a alíquotas que podem variar de 2% a 15%, dependendo da área a ser explorada. Igualmente, em relação à tributação, há incidência do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Coletivas (IRPC) à alíquota de 32% sobre o lucro e ganhos de capital, como regra geral. Quando do pagamento de dividendos para o exterior, as empresas também estão sujeitas a uma retenção de 20% sobre os valores distribuídos. Importa também mencionar que, além das questões já apresentadas, outros aspectos legais devem ser observados pelos envolvidos no setor, como a Lei n° 10/2013, que regula as práticas anticompetitivas relacionados às fusões e aquisições; a Lei n° 6/2004, que dispõe sobre as práticas anticorrupção; o Decreto n° 56/2010, sobre a legislação ambiental; o De-

O constante aperfeiçoamento e observância do arcabouço legal relacionado ao setor, aliado à boa vontade das iniciativas pública e privada para o desenvolvimento de um modelo seguro, eficiente e sustentável de parceria, têm o condão de impulsionar drasticamente a economia de Moçambique e consolidar as expectativas em torno das novas descobertas de recursos naturais no país.

Dr. Paulo Henrique Teixeira Rage – Special Counsel do Tauil & Chequer Advogados associado ao Mayer Brown LLP

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Entrevista com o Presidente da Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) Sr. Nelson Ocuane

As empresas estrangeiras são convidadas a virem investir em Moçambique e a ENH é um parceiro ideal para os negócios na área de hidrocarbonetos

1. Atualmente, qual o papel desempenhado pela ENH em Moçambique e como se dá o envolvimento da empresa no desenvolvimento dos projetos de Gás Natural no país? O papel da ENH está estritamente ligado ao objetivo principal da nossa empresa que é a prospecção, pesquisa, desenvolvimento, produção, transporte, transmissão e comercialização de hidrocarbonetos. Neste momento, a ENH está presente em toda a cadeia de gás e petróleo no país, com destaque para um total de 12 operações de pesquisa e produção, com participações que variam entre 10% a 25%. Estamos envolvidos na produção e exportação de gás através do Projeto de Pande e Temane, na província de Inhambane, e em ações que deverão culminar com o início da produção e exportação de gás que será explorado na Bacia do Rovuma. No entanto, prosseguimos com ações de pesquisa de hidrocarbonetos pois é para nós importante aumentar a capacidade de reservas de nosso país. 2. Na sua opinião, qual a importância do envolvimento e participação da ENH no desenvolvimento de tais projetos? A participação da ENH nesses projetos visa garantir uma maximização dos benefícios do desenvolvimento da indústria de hidrocarbonetos no país. Sendo a ENH parte do negócio, na qualidade de representante do Estado, nos permite estar presente na realização de estudos com vista o aumento das reservas existentes; otimizar a extração de hidrocarbonetos através do desenvolvimento e produção sustentáveis

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bem como de desenvolver a capacidade de processamento, armazenamento, comercialização, marketing e distribuição de hidrocarbonetos, incluindo a cadeia de infraestruturas e serviços de apoio logístico às operações petrolíferas. Tal fato nos tem permitido ainda posicionarmo-nos na melhor na definição de projetos considerados prioritários na maximização do consumo de gás pelos moçambicanos, segundo planificado pelo governo, bem como incentivar a realização de projetos de processamento no país e que trazem consigo rentabilidade na construção de infraestruturas e criação de postos de trabalho. 3. Quais são as expectativas da indústria acerca das alterações que estão sendo feitas na Lei das Operações Petrolíferas (Lei nº 3/2001)? A expectativa é que a lei venha a solucionar grande parte das lacunas atualmente existentes com vista a implementação dos projetos de gás natural liquefeito (GNL) bem como a maximização dos benefícios para os moçambicanos. 4. Atualmente, dois setores da Economia Moçambicana estão passando por grandes transformações, o da mineração e o de hidrocarbonetos. Você acredita que exista uma sinergia no desenvolvimento de ambos? Existe sinergia e essa interligação será muito mais visível nos próximos anos através da partilha de infraestruturas e utilização de recursos. Por exemplo, o Porto de Pemba poderá servir para exportar minérios como o grafite, recentemente descoberto na


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

Sabemos ainda que a agricultura é a base de desenvolvimento de Moçambique e que o gás é uma das matérias primas importantes na produção de fertilizantes, quando associado a alguns minerais sólidos, tal é o caso de fosfatos, por exemplo, há assim a possibilidade de se criarem sinergias. Por outro lado, o Gas Mater Plan prevê a massificação do uso de gás natural na indústria, incluindo a indústria extrativa, e nesse quadro prevê-se o fornecimento de gás para as zonas econômicas especiais, como são os casos das regiões de Tete e Nacala, o que acreditamos poderá permitir o desenvolvimento de sinergias entre o setor de hidrocarbonetos e outras indústrias existentes nessas zonas. 5. Como as empresas de infra-estrutura e prestação de serviços poderão usufruir das oportunidades de negócios geradas a partir da necessidade da construção de Unidades de Liquefação e Gasodutos? Elas já estão usufruindo, mas sabemos que há mais a ser feito, particularmente quando falamos da participação de empresas moçambicanas no negócio. Na época da construção do Gasoduto e de todo o sistema que visavam a exploração do Gás de Pande e Temane várias empresas nacionais estiveram envolvidas na prestação de serviços, e a tendência é crescente. Há projetos de pequena dimensão em que o empresariado moçambicano pode participar ainda nesta fase inicial do Projeto de Desenvolvimento do Gás na Bacia do Rovuma, como por exemplo no fornecimento de serviços de transporte, acomodação e alimentação, participação na fase de construção de infra-estruturas, como vias de acesso e melhoramento de estradas já existentes em Palma e arredores, fornecimento de equipamentos e materiais de construção; bem como nas áreas de limpeza, lavanderia, entre outras. Igualmente, haverá oportunidades para a participação do empresariado nas áreas de construção da própria unidade de liquefacção e de gasodutos. Nesse sentido, há vários esforços no terreno. Por exemplo, a ENHL tem essa missão, promover a participação do empresariado nacional e estrangeiro no desenvolvimento da indústria de hidrocarbonetos, incluindo na prestação de serviços de infra-estruturas de suporte à indústria e está a trabalhar para que tal aconteça. Por exemplo, recentemente assinou um acordo com o BNI que vai permitir desenhar e implementar uma estratégia de partilha de 20% de um total de 51% de comparticipação da ENHL no

Entrevista

mesma província. O Coal Bad Metan (CBM) gás que ocorre em simultâneo com o carvão, irá, em pouco tempo aumentar as reservas de gás existentes na parte onshore. Atualmente, está sendo realizado um estudo conjunto entre a ENH e a EMEM, como representantes do Estado Moçambicano, e a NuEnergy, empresa Australiana, e a serem confirmadas as potenciais reservas de entre 5 e 10 trilhões de pés cúbicos este recurso vai potencializar a capacidade de fornecimento de energia na região Centro/Norte numa primeira fase.

consórcio ENHILS, responsável pela construção da base Logística de Pemba.

6. Na sua opinião, qual a importância e quais os principais desafios a serem superados pelas empresas estrangeiras no desenvolvimento de tais infraestruturas em Moçambique?

A importância da participação de empresas estrangeiras, com domínio do setor, é que elas têm a vantagem de trazer o know-how para as empresas moçambicanas, o que é positivo para o desenvolvimento da capacidade ao nível local. Os desafios principais tem a ver com o conhecimento local, incluindo a legislação nacional e o mercado local, mas isso é superado através da criação de parcerias com empresas moçambicanas, o que facilita o desenvolvimento dos seus negócios. O setor ainda é novo e o mercado está aberto a mais empresas estrangeiras, desde que tenham capacidades técnicas e financeiras para iniciar um negócio. Portanto, as empresas estrangeiras são convidadas a virem investir em Moçambique e a ENH é um parceiro ideal para os negócios na área de hidrocarbonetos. 7. Como você espera que o Gás Moçambicano seja utilizado nos próximos anos?

Nosso projeto âncora é o GNL mas queremos, a curto prazo, ter uma planta de GTL com vista a reduzir a dependência de Moçambique na importação de combustíveis e derivados e incentivar a produção de fertilizantes. Estamos ainda estudando a construção de um pipeline a partir da Província de Cabo Delgado para a zona Sul do país, com cerca de 2.400 km e ramificações para os países vizinhos, transportando o gás da Bacia do Rovuma. O processo de monetização do gás da Bacia do Rovuma irá ainda incluir a construção de indústrias petroquímicas de produção de metanol, tintas, combustível líquido sintético, DME, entre outros derivados que deverão acrescentar valor ao gás nacional e vamos nos posicionar como potenciais contribuintes no suprimento das necessidades energéticas nos países vizinhos.

Estas ações vão complementar as que já estão em curso. Por exemplo em Inhambane temos mais de 600 famílias e algumas indústrias beneficiando o gás natural canalizado e estamos, neste momento, terminando o projeto de construção da rede de distribuição de gás canalizado na cidade de Maputo e distrito de Marracuene. Espero que o gás de Moçambique seja utilizado nas residências, reduzindo as suas despesas com outras fontes de energia. Igualmente. Isso tudo terá impacto na criação de empregos e desenvolvimento social. E estas ações enquadramse nas prioridades do Governo para o gás moçambicano que são de fazer com que este recurso contribua para o desenvolvimento do país, com o aumento da contribuição do setor para a economia nacional, criação de empregos; dinamização de um mercado para as micro, pequenas e médias empresas; aumento das exportações e receitas para o Estado; bem como do desenvolvimento comunitário e social, através das ações de responsabilidade social de partilha de 20% de um total de 51% de comparticipação da ENHL no consórcio ENHILS, responsável pela construção da base Logística de Pemba.

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Extração de Gás na Bacia do Rovuma: Os detalhes do projeto da Anadarko em Moçambique Sr. John Christiansen, Diretor de Relações Públicas da Anadarko Petroleum Corporation.

“Acreditamos que Moçambique possui recursos suficientes para se posicionar como um dos maiores exportadores desta fonte de energia limpa e segura durante décadas.”.

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projeto Mozambique LNG representa uma tremenda oportunidade para o desenvolvimento sócio-economico de Moçambique, é neste sentido, que a Anadarko e os seus parceiros continuam a fazer esforços para potencializar este projecto.

Com recursos de gas natural estimados em 50 a 70 trilhoes de pes cúbicos na Area Offshore do bloco 1 na Bacia do Rovuma onde a Anadarko é operadora, acreditamos que Moçambque possui recursos suficientes para se posicionar como um dos maiores exportadores desta fonte de energia limpa e segura durante décadas.

tâneamente a realizar trabalhos para completar os planos técnicos para os zazigos offshore e da planta de GNL conhecido como “desenho e engenharia da frente” ou front end engineering and design (FEED) e espera-se que a seleção da empresa que irá realizar estas atividades ocorra até ao final do corrente ano (2014).

Continuamos a fazer um bom progresso no sentido de realizar as primeiras exportações de GNL em 2018/2019.

Actualmente a Anadarko e os seus parceiros já têm assegurado a área para a instalação da Planta de Processamento de GNL estando simul-

Adicionalmente a isto, a equipe de marketing do projecto de GNL de Moçambique, continua a fazer grandes progressos em assegurar compra-

N°05 - 2014 | Especial Gás NatuRal - Artigo ANADARKO


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

dores tendo já direcionado cerca de dois terços das cinco milhoes de tonelas (1Train) em acordos não vinculativos com vários compradores asiáticos. A Anadarko possui experiência e competência comprovada em desenvolvimento e gestão de projectos em águas profundas e está confiante que poderá entregar um projecto com esta escala GNL dentro do prazo e orçamento apresentados. Estamos cientes que o sucesso e o prazo do projeto exigem alinhamento contínuo com o Governo, que inclui um enquadramento legal, contratual

e regulatório estável exigido pelos investidores, compradores de GNL, financiadores e prestadores de serviços que são suportados por toda a força da lei. Com o avanço do projeto Mozambique LNG, Anadarko espera continuar a apoiar e investir em programas de capacitação profissional dos moçambicanos privilegiando a formação técnica e ensino superior, como a parceria que a empresa tem com a Universidade Eduardo Mondlane no âmbito do programa de Engenharia de Petróleo.

Investimentos sociais também estão sendo realizados a um nível significativo, que compreendem a expansão do acesso aos serviços de saúde pelas comunidades locais, abordando assuntos como a malária que constitui uma preocupação para estas comunidades e tendo especial atenção para proteger o ambiente natural de Moçambique Acima de tudo, a Anadarko tem como objetivo desenvolver um projeto de GNL de classe mundial que beneficie diretamente o povo de Moçambique, agir como um bom vizinho e contribuir com uma nova fonte de energia limpa para o mundo.

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A CPLP é um projeto que visa reforçar os laços humanos, a solidariedade e a fraternidade entre todos os povos que têm a Língua Portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade específica

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Entrevista com o Secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – CPLP Sr. Murade Isaac Murargy, Secretário Executivo da CPLP e Presidente Honorário da CCIABM.

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização internacional criada em 17 de Julho de 1996, com o objetivo de buscar o aprofun­ damento da amizade mútua e da cooperação entre os países lusófonos membros. 1. Neste ano a CPLP completa dezoito anos desde sua fundação. Como você avalia o trabalho desenvolvido pela organização ao decorrer destes anos, e em especial, desde que sua equipe assumiu a liderança da organização, em Julho de 2012? Nestes dois anos do meu mandato como Secretário Executivo da CPLP, coincidentes com o exercício da Presidência moçambicana, tiveram lugar diversas actividades relevantes. Concentrei-me no tema da Presidência Moçambicana, a Segurança Alimentar e Nutricional, tendo a CPLP procedido ao lançamento da “Campanha juntos contra a Fome”, que teve lugar em Mapu-

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to a 20 de Fevereiro passado. O desafio da mobilidade dos cidadãos dos Estados-membros no espaço Comunitário continua, igualmente, no centro da nossa preocupação, pelo seu contributo potencial para a interiorização do sentimento de pertença a Comunidade, dando substância e conteúdo à CPLP, alternativas económicas e sociais a todos e a cada um. Destaco, também, a atuação estratégica nos domínios da cooperação em Saúde Pública, Igualdade de Género e Empoderamento da Mulher, assim como no Turismo, entre outras àreas. Debruçando-me área da Ação Cultural e Língua Portuguesa, quero destacar a aprovação


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

No campo da promoção e difusão da Língua Portuguesa, não posso deixar de sublinhar a realização da II Conferência Internacional sobre o Futuro da Língua Portuguesa no Sistema Mundial, da qual resultou o Plano de Ação de Lisboa, com enfoque no Português como língua de inovação e conhecimento científico e a importância da Língua Portuguesa nas economias criativas, no seguimento da I Conferência, realizada em Brasília, em 2010. 2. Os países integrantes da CPLP dividem, além da língua portuguesa, diversas heranças históricas, culturais e socioeconômicas. Neste sentido, quais são, na sua opinião, os principais objetivos da CPLP, para além da difusão da língua portuguesa? A CPLP consubstanciou, há dezoito anos, a criação de uma Comunidade reunindo países que partilham um passado histórico comum e afinidade cultural baseada na Língua Portuguesa - uma antiga aspiração dos nossos povos. Os objetivos gerais da CPLP, plasmados na Declaração Constitutiva da Organização de Julho de 1996, postulam o «compromisso de reforçar os laços de solidariedade e de cooperação que os unem, conjugando iniciativas para a promoção do desenvolvimento económico e social dos seus Povos e para a maior e mais ampla afirmação e divulgação da Língua Portuguesa». A CPLP é, deste modo, um projeto que visa «reforçar os laços humanos, a solidariedade e a fraternidade entre todos os povos que têm a Língua Portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade específica». A Solidariedade e Cooperação entre os seus Estados-membros sintetizam, deste modo, os nobres objetivos da CPLP. A CPLP, no decurso deste período, registrou progressos em inúmeros domínios que abrem perspetivas e permitem almejar novos patamares no pro-

Entrevista

recente dos Planos Estratégicos de Cooperação da Cultura, da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior, no âmbito das respetivas reuniões ministeriais que ocorreram recentemente em Maputo. Neste âmbito, tenho reiterado em muitos fóruns a importância do reforço da cooperação multilateral no domínio do ensino superior e da investigação e a criação de um Espaço da CPLP do Ensino Superior, através de algumas iniciativas como a promoção da mobilidade dos estudantes, professores, investigadores e pessoal técnico e administrativo, através da cooperação interinstitucional comunitária e a promoção da cooperação na avaliação da qualidade do ensino superior e na identificação de critérios e metodologias comparáveis.

cesso de construção e permanente consolidação da Organização. Os oito Estados-membros foram capazes de edificar uma obra comum, assente na partilha de valores, princípios e objetivos comuns, reconhecida e respeitada internacionalmente.

Os três pilares que sustentam a CPLP nomeadamente, a Língua Portuguesa, a Concertação Político-Diplomática e a Cooperação viram-se reforçados. A Concertação Político-Diplomática sobre os grandes assuntos de interesse comum e da agenda internacional intensificou-se, a Língua Portuguesa tem sido cada vez mais utilizada como língua de trabalho nas organizações internacionais e a Cooperação intracomunitária estendeu-se aos mais diversos domínios.

A CPLP goza, nesta data, de maior prestígio e projeção internacional e tem suscitado maior interesse junto de instituições da sociedade civil e de países terceiros que pretendem obter o Estatuto de Observador Associado ou Consultivo da CPLP. 3. Quais são os grandes desafios enfrentados pela CPLP atualmente, e, como você gostaria de ver a organização nos próximos anos? Não obstante muitas vitórias alcançadas ao longo destes dezoito anos, não podemos perder de vista que a CPLP tem, ainda, um importante caminho a percorrer para que a sua ação seja reconhecida como tendo impacto significativo na vida dos cidadãos, assumindo um perfil internacional mais relevante.

As disparidades ainda prevalecentes em termos de desenvolvimento económico e social entre os Estados-membros, as limitações que se colocam á livre circulação no espaço da Comunidade, o desconhecimento das realidades dos restantes Estados-membros por parte dos cidadãos para além do seu próprio país e as formas ainda incipientes de participação e intervenção dos cidadãos na vida da Comunidade são constrangimentos que deverão ser superados. A CPLP tem vindo a consolidar-se enquanto Organização que integra oito Estados-membros mas, tem diante de si o desafio coletivo de afirmar-se, também, como uma verdadeira Comunidade que integre os povos destes Estados, posicionando-se mais próxima dos cidadãos com vista á satisfação dos seus anseios e aspirações nomeadamente, «…conjugando iniciativas para a promoção do desenvolvimento económico e social dos seus Povos…» conforme consagrado no seu Ato Constitutivo.

Entrevista CPLP | N°05 - 2014

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Entrevista

A evolução da CPLP, nos próximos anos, será condicionada pela combinação de vários fatores, nomeadamente, o contexto global em que está inserida (fator externo), o incremento das relações de cooperação multilateral entre os seus Estados-membros (fator intracomunitário), o interesse estratégico que a Organização assume na respetiva política externa (um fator interno) e a apropriação de uma nova visão estratégica da CPLP para o Futuro. Falo, assim, de uma CPLP de futuro e com futuro no futuro. Desde o início do meu mandato, tenho promovido debates – para diversos públicos-alvo, desde militares, a professores ou estudantes – sobre o Futuro da CPLP para encontrarmos uma agenda comum em que todos os Estados-membros se envolvam, para que as nossas atividades tenham como garante o desenvolvimento dos beneficiários finais, que são os nossos Povos. No limiar dos 18 anos da nossa organização, impunha-se, do nosso ponto de vista, “Repensar a CPLP” num quadro do reforço dos mecanismos de concertação política entre os Estados membros, em prol da preservação e afirmação dos seus legítimos interesses e da Organização, no cenário internacional. Ao repensar a nossa Organização, não perdemos de vista o objetivo de dotar o Secretariado Executivo de maior dinamismo e capacidade de iniciativa e actuação. O Secretariado Executivo deveria possuir uma maior liberdade de actuação, uma célere capacidade de resposta aos desafios que se colocam à Organização. 4. De que forma o Confederação Empresarial da CPLP pode auxiliar o fomento de negócios entre os países de Língua Portuguesa? Não temos dúvidas que foi redinamizada a Cooperação Económica e Empresarial no nosso Espaço, com vista a criação de um ambiente propício de negócios na Comunidade, o estabelecimento de uma rede global de negócios com a Língua Portuguesa como um meio de afirmação e desenvolvimento da Comunidade. Para esse efeito, contamos com o dinamismo da Confederação Empresarial no desenvolvimento e consolidação deste quarto pilar de atuação da nossa organização. Todos conhecemos o potencial económico do espaço CPLP, com uma população de cerca de 255 milhões de pessoas, dispersas em quatro continentes e distribuídas por oito países – em breve nove, com a esperada entrada da Guiné Equatorial como membro de pleno direito. Os

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nossos Estados-membros são muito heterogéneos, alguns com elevado potencial económico e, todos eles, parte de blocos de integração regional ou sub-regional – podendo, assim, servir de porta de entrada nestes mercados. Com a ambição de nos prepararmos para estas oportunidades, ainda no passado mês, a Confederação Empresarial realizou, com o nosso apoio, o 1º Encontro de Bancos e Instituições Seguradoras, com o objetivo de debater questões candentes para o melhor desempenho das economias dos Estados-membros da CPLP, como a promoção de inovadoras e operativas modalidades de financiamento, capazes de gerar maior desenvolvimento das economias do espaço CPLP, e a livre circulação de pessoas, de bens, de serviços e de capitais na nossa Comunidade. Contamos com a Confederação Empresarial para a procura de soluções e respostas promotoras de mais crescimento na economia, de mais comércio e de mais investimento. Ambicionamos, com certeza, superar obstáculos e constrangimentos para o desenvolvimento económico e financeiros dos nossos países, procurando a promoção de novos sistemas e produtos financeiros e bancários à disposição das empresas e empreendedores, dos cidadãos e dos governos da nossa Comunidade. Devemos criar um quadro favorável. Para tal, ponderamos promover um debate com as grandes empresas nacionais dos nossos países para identificar os constrangimentos que as tornam pouco competitivas face às empresas estrangeiras a atuar nos nossos mercados. Refiro-me a identificar os obstáculos ao investimento e ao comércio que as nossas empresas enfrentam no Espaço da CPLP, tanto ao nível das garantias e proteção de investimento, da tributação, da qualificação de recursos humanos, das leis laborais e da mobilidade, entre outras vertentes. Naturalmente, não nos podemos esquecer da resolução de conflitos, pelo que a eventual criação de um tribunal de arbitragem pode, também, ser fundamental. 5. Antes de se tornar Secretário Executivo da CPLP, o senhor foi Embaixador da República de Moçambique no Brasil. Considerando estas recentes experiências, na sua opinião, quais os motivos que fazem de Moçambique uma atraente opção de investimento para as empresas brasileiras? Moçambique partilha com os países da CPLP um passado histórico e objectivos comuns,


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entre eles a Língua Portuguesa. Moçambique está inserida no mesmo espaço regional de integração económica que Angola, a SADC, e muito empenhada no constante movimento de partilha de conhecimento mútuo entre toda a nossa Comunidade. Moçambique tem revelado uma taxa de crescimento económico significativamente elevada, sustentável, reflectindo uma mão-de-obra nacional capaz e aplicada. As projecções para o futuro não podem deixar de continuarem a ser optimistas, muito por causa dos grandes recursos naturais e da estabilidade governativa, o crescimento será bastante acelerado. As potencialidades territoriais a par da estabilidade governativa beneficiam, ainda, o necessário reforço da aposta no Desenvolvimento Humano – dando-nos uma população capacitada. Neste caminho, Moçambique tem contado com os países irmãos da CPLP, onde incluímos o Brasil. Juntos, podemos vivenciar e contribuir para este grande resultado: o desenvolvimento

económico e social verificado em Moçambique, a par do sucesso nos negócios. 6. Qual a importância da criação de mecanismos de controle e de minimização de riscos não-comerciais na regulação e na promoção dos negócios e investimentos no âmbito da CPLP? Os mecanismos de controlo e de minimização dos riscos não comerciais na regulação e promoção dos negócios e investimentos têm-se demonstrado úteis. Vejamos os exemplos do MIGA no Banco Mundial e o Fagace na Africa Ocidental: têm a missão de promover o investimento directo estrangeiro (IDE) em países em desenvolvimento para ajudar a sustentar o crescimento económico, reduzir a pobreza e melhorar a vida das pessoas. Operacionalmente, poderia representar uma estratégia nos mercados dotada de maior força, atraindo investidores, bancos e seguradoras privadas para ambientes de negócios eventualmente mais difíceis.

Sr. Murade Murargy, ao fundo bandeiras dos países membros da CPLP

Entrevista CPLP | N°05 - 2014

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Perfil

João Figueiredo

Sr. João Figueiredo - CEO do Banco Único.

“A mudança me fascina. E quando a mudança surge no plano de desenvolvimento social, do enriquecimento de um país e no quadro de transformação das condições de vida da sociedade em geral, me sinto um privilegiado em poder participar neste movimento”.

N

ascido e criado em Moçambique, João Figueiredo é licenciado em Organização e Gestão de Empresas. Sua vida no setor bancário iniciou-se há cerca de 30 anos, e já passou por países como Portugal, Macau e Londres, até regressar à Moçambique. Exerceu funções de Administrador delegado no Banco Standard Totta de Moçambique, ingressando mais tarde no Banco Millennium BCP em Portugal e sendo posteriormente transferido para o Banco de Investimento do mesmo grupo,

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N°05 - 2014 | PERFIL DE NEGÓCIOS

em Moçambique. Em 2001 passou a exercer o cargo de Vice-Chairman do Millennium BCP em Moçambique e de CEO do Banco Millennium Bim, cargos que ocupou até o ano de 2010. Nesse período teve então, a oportunidade de conviver com uma “era” de ouro de Moçambique e o privilégio de participar ativamente deste momento. João se diz um fascinado pelas mudanças e evoluções do Sistema Econômico, principalmente quando essa mudança se dá por forma do desen-

volvimento e enriquecimento de um país. Nesse sentido afirma que, Moçambique tem crescido de forma consolidada, registrando taxas de crescimento do seu PIB verdadeiramente invejáveis, podendo mesmo se afirmar que, neste mundo mergulhado em um forte clima de retração, o país vive um contra ciclo no que concerne ao crescimento da economia. Com o conhecimento construído ao longo de sua formação acadêmica e profissional, juntamente com um gru-


Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique

po de parceiros, fundou em 2010 o Banco Único, sob a proposta de criar um banco totalmente inovador e com valor totalmente distintivo. Segundo palavras do mesmo “O Banco Único é o resultado de um sonho. Trabalhei neste mercado cerca de 14 anos gerindo Bancos clássicos. Uma década depois, identifiquei que havia uma oportunidade de mercado para um Banco que trouxesse uma proposta de valor diferente e inovadora”. João acreditava que a maioria dos Bancos operavam com bases nas mesmas regras de vender produtos e serviços e tentar sobreviver. Segundo ele, não existia nenhum banco com uma cultura relacional, orientada para prestar um serviço de excelência ao cliente. O Banco Único então, acreditou nesta oportunidade e construiu um modelo de negócio baseado no conhecimento profundo do cliente e de seu negócio, e, no desenvolvimento de soluções em parceria com o Cliente. “Único é mais que um nome, é uma forma de estar,

pensar e acima de tudo é um compromisso que assumimos com cada cliente. Um compromisso de olhar cada cliente de forma única respeitando sua unicidade e lhe prestar um serviço de excelência baseado no conhecimento profundo das suas necessidades.” - diz João Figueiredo. Em 2013, João Figueiredo foi eleito pelo African Banker Awards como o “Melhor Banqueiro da África”. O African Banker Awards é o maior evento do setor bancário, representando um marco que reconhece e celebra as conquistas dos bancos da África e do setor financeiro. João afirma que o prêmio significou muito para ele, sendo motivo de muito orgulho. Pois, representa o reconhecimento e premiação de toda uma vida e carreira dedicada ao setor bancário, além de representar também a premiação da entrega e dedicação de todos os colaboradores do Banco e de sua equipe de gestão.

Quando perguntado a respeito das oportunidades para empresas brasileiras em Moçambique, João afirmou que as empresas brasileiras tem afinidades muito interessantes com Moçambique e que essas afinidades devem ser exploradas no sentido de um benefício mútuo. O grau de desenvolvimento de tecnologias e técnicas, a experiência e o know how que as empresas brasileiras possuem são fatores de distinção que ajudarão a uma cooperação industrial que muito se deseja. Com uma inflação controlada e uma enorme preocupação por parte das autoridades em criar um clima favorável ao investimento estrangeiro e nacional, as oportunidades emergem em vários setores de atividade. João acredita então, que a dificuldade não é selecionar o setor, pois qualquer investidor que reúna as competências técnicas e tecnológicas em um determinado setor, tenha a vocação de ampliar os seus investimentos em outra geografia e que tenha uma visão de médio longo prazo.

Sr. João Figueiredo, CEO do Banco Único, recebendo o prêmio de Melhor Banqueiro da África.

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Encontro

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9 01 – Gerente Geral da CCIABM, Sr. Fábio Vale, e a Gerente do Centro Internacional de Negócios da FIEP, Sra. Janet Pacheco. 02 – Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em parceria com a FIEP na cidade de Curitiba – PR. 03 – Fábio Vale (CCIABM) palestra durante Seminário realizado em parceria com a FIEP na cidade de Curitiba – PR. 04 – Diretor da CCIABM, Dr. Paulo Rage, durante o Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em parceria com a FIRJAN no Rio de Janeiro. 05 – Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em parceria com a FIRJAN no Rio de Janeiro – RJ. 06 – Diretor do Centro Internacional de Negócios da FIRJAN, Sr. Amaury Temporal, durante o Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado no Rio de Janeiro.

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07 – Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em parceria com a FIRJAN no Rio de Janeiro – RJ. 08 – Fábio Vale (CCIABM), palestra durante o Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em parceria com a FIEMG em Belo Horizonte – MG. 09 – Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em parceria com a FIEMG em Belo Horizonte – MG. 10 – Giovani Girardi, Gerente de Desenvolvimento de Novos Negócios da VLB Engenharia, palestra durante o seminário realizado na FIEMG em Belo Horizonte – MG. 11 – Lucas Barbosa (CCIABM), acompanha empresa moçambicana Intellica, durante a realização do projeto Goal Belo, organizado pela PBH em parceria com a FUMSOFT e demais entidades do setor de TI em Minas Gerais.


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21 23 22 12 – Flávio Sotelo e Fátima Daud (CCIABM) no stand da CCIABM durante a 49ª Edição da Feira Internacional de Maputo – FACIM 2013. 13 – Stand da Embaixada do Brasil em Moçambique, na 49ª Edição da Feira Internacional de Maputo – FACIM 2013. 14 – José Luiz Bellini (EMBRAPA), Henrique Rojas e Flávio Sotelo (CCIABM) durante a 49ª Edição da Feira Internacional de Maputo – FACIM 2013. 15 – Fábio Vale (CCIABM) acompanha Boris Antoniuk, da empresa Dedio Engenharia, durante a realização de Missão Empresarial em Moçambique.

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16 – Trabalhadores em fazenda de soja localizada em Matama Moçambique. 17 –Crianças de Projeto Social apoiado pela CCIABM em Matola Moçambique. 18 e 19 – Comitiva brasileira em visita técnica no aeroporto de Nacala, construído pela empreiteira brasileira Odebrecht. 20 – Comitiva brasileira em visita técnica à mina de carvão da mineradora australiana Rio Tinto.

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21 – Missão Setorial de tecnologia da informação e indústria metal mecânica no Escritório da mineradora brasileira Vale, na província de Tete. 22 – Trabalhador da mineradora indiana Jindal, apresenta a planta de extração de carvão para empresário brasileiro. 23 e 24 – Comitiva brasileira em visita técnica à Mina de Carvão da mineradora indiana Jindal. 25 – Paulo Rage (CCIABM) analisa os investimentos brasileiros na África durante o Brazil-Africa Leadership Forum


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26 – Flávio Sotelo (CCIABM) participa da inauguração do escritório de representação do BNDES na África. 27 – Palestra de abertura da Semana do Brasil em Moçambique.

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28 – Embaixadora do Brasil em Moçambique, Exma. Lígia Maria Scherer, palestra durante a abertura da Semana do Brasil em Moçambique. 29 – Presidente do Banco BCI, Sr. Paulo Sousa, palestra durante a abertura da Semana do Brasil em Moçambique. 30 – Presidente da Confederação das Associações Econômicas de Moçambique (CTA), Sr. Rogério Manuel, palestra durante a abertura da Semana do Brasil em Moçambique. 31 –Sr. Benjamim Chilenge – Diretor de Planificação e Desenvolvimento do MIREM. 32 – Fábio Vale (CCIABM) palestra durante a abertura da Semana do Brasil em Moçambique. 33 – Paulo Rage (CCIABM) palestra durante a abertura da Semana do Brasil em Moçambique. 34 – Plateia participante da abertura da Semana do Brasil em Moçambique.

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35 – Flávio Sotelo (CCIABM) e Paulo Sousa (Banco BCI) durante a realização da abertura da Semana do Brasil em Moçambique. 36 – Flávio Sotelo (CCIABM) concede entrevista durante a realização da abertura da Semana do Brasil em Moçambique. 37 – Paulo Rage (CCIABM) e João Leopoldo, Presidente da empresa Cilix, 38 – Palestra realizada pelo Banco BNI, para participantes da Semana do Brasil em Moçambique.


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47 48 49 39 - Coquetel realizado pelo Banco BCI para os participantes da Semana do Brasil em Moçambique. 40 – Luis Quintela (OAS Engenharia), Leandro Estrela (Centro Cultural Brasil-Moçambique), Fábio Vale (CCIABM). 41 – Paulo Rage (CCIABM), Maria Isabel Aboim (BCG) e Miguel Perez (Odebrecht). 42 –Luís Quintela (OAS Engenharia), Fábio Scala (Banco BNI) e Tomas Matola (Banco BNI) em conversa durante o coquetel oferecido pelo Banco BNI na Semana do Brasil em Moçambique.

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43 – Realização das rodadas de negócios, durante a realização da Semana do Brasil em Moçambique. 44 – Equipe CCIABM juntamente com empresários participantes da Semana do Brasil em Moçambique. 45 – Flávio Sotelo e Fátima Daud (CCIABM), juntamente com participantes da Semana do Brasil em Moçambique. 46 – Fábio Vale (CCIABM), Flávio Sotelo (CCIABM) e Maurício Manfré (Apex Brasil) durante a realização da Semana do Brasil em Moçambique.

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47 – Realização das rodadas de negócios, durante a realização da Semana do Brasil em Moçambique. 48 – Comitiva de empresários participantes da Semana do Brasil em Moçambique. 49 – Flávio Sotelo (CCIABM), Leandro Moll (Conselheiro da Embaixada do Brasil em Moçambique), Exma. Lígia Maria Scherer (Embaixadora do Brasil em Moçambique), Fábio Vale (CCIABM). 50 – Comitiva de empresários participantes da Semana do Brasil em Moçambique. 51 - Fábio Vale (CCIABM) acompanha o Embaixador de Moçambique no Brasil, Exmo. Manuel Tomás Lubisse, em visita à cidade de Belo Horizonte.


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52 – Paulo Rage (CCIABM) durante a realização da 4ª Feira de Minas, Petróleo & Gás e Geração de Energia de Moçambique.

56 – Fábio Vale (CCIABM) palestra durante o Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em Curitiba-PR.

53 – Flávio Sotelo (CCIABM) durante a realização da 4ª Feira de Minas, Petróleo & Gás e Geração de Energia de Moçambique.

57 – Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em parceria com a FIEB na cidade de Salvador – BA.

54 – Leandro Estrela (Centro Cultural Brasil-Moçambique) e Flávio Sotelo (CCIABM), durante sua posse como novo Diretor do Centro Cultural Brasil-Moçambique.

58 - Fábio Vale em palestra durante o Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambqiue, realizado em parceria com a FIEB na cidade de Salvador - BA.

55 – Valdemi Neves Reis (Conselho Étnico Racial), Alexandre Cézar (Instituto da Comunidade Afro-Brasileira), Samir Moussa (Comunidade Árabe no Brasil), Ana Caputo (BNDES), Paulo Rage (CCIABM) e Marcelo Puppi, durante o Seminário de Oportunidades de Negócios em Moçambique, realizado em Curitiba-PR.

59- "Equipe CCIABM no escritório em Maputo: Talitha Rezzaghi, Flávio Sotelo e Paulo Rage. 60 – Equipe CCIABM na matriz operacional em Belo Horizonte – MG; André Weber, Maria Luiza, Samora Machel, Izabela Nogueira e Lucas Barbosa.




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