URBANA ARTE
VHILS

A DIFERENÇA DA ARTE PARA O VANDALISMO GRAFFITI
DOS COMBOIOS PORTUGUESES PARA O MUNDO
A DIFERENÇA DA ARTE PARA O VANDALISMO GRAFFITI
DOS COMBOIOS PORTUGUESES PARA O MUNDO
Arte Urbana, o que é o que representa Artigos
A relação entre a arte urbana e a arquitetura das cidades
A estética do vandalismo: conflitos e diálogos na arte urbana
Arte urbana e a preservação do patrimônio
cultural
Arte urbana e inclusão social: projetos de arte
A relação entre a arte urbana e a arquitetura
das cidades
Vhils
Galeria de Arte Urbana
Apresentação de obras selecionadas de artis-
tas urbanos de renome
À conversa com um artista:
Bordalo II
Arte ou Vandalismo? Como a arte urbana impacta a vida nas cidades? Quais são os principais temas abordados na arte urbana? Como a arte urbana pode promover a conscientização social e política? Quais são os desafios enfrentados pelos artistas urbanos em relação à exposição e comercialização de seu trabalho?
Nesta revista, procuramos apresentar as tendências mais recentes da arte urbana, bem como destacar os artistas mais influentes e talentosos do cenário atual. Descubra as técnicas e os estilos únicos que definem a arte urbana contemporânea, desde o grafite tradicional até as intervenções e as instalações.
Além disso, a Ponto D é um espaço para conhecer as histórias por trás das obras, explorar os contextos sociais e políticos que inspiram os artistas e refletir sobre o impacto da arte urbana na transformação das
cidades e na sociedade como um todo. Entrevistas exclusivas com artistas de renome, valiosos sobre o movimento da arte urbana e sua evolução ao longo dos anos.
Acreditamos que a arte urbana é muito mais do que uma forma de decoração urbana; é uma voz poderosa que desafia as normas, estimula o pensamento crítico e promove a inclusão cultural. Na Ponto D, queremos celebrar essa arte inclusiva, democratizando o acesso às criações dos artistas e inspirando a todos a olhar para a cidade com olhos renovados.
Junta-te a nós nesta jornada pela paisagem urbana transformada em uma galeria infinita, onde a criatividade flui pelas ruas e a arte ganha vida em cada esquina. Aventura-te connosco na revista Ponto D e deixa-te envolver pela expressão artística que molda o mundo ao nosso redor.
Estudante de Design de Comunicação
Ficha Técnica
Editor chefe:
Margarida Costa
Editor executivo:
Francisco Fernandes
Equipe Editorial:
Editor de Arte: Ana Oliveira
Editor de Texto: Maria Santos
Designer Gráfico: Catarina
Baracinha
Fotógrafo: Pedro Ferreira
Departamento de Marketing e Publicidade:
Gerente de Marketing: Sofia
Martins
Coordenador de Publicidade: Manuel Rodrigues
Departamento de Produção:
Gerente de Produção: João Silva
Revisor de Texto: Inês Santos
Pereira
Impressão: ImprimArt Gráfica
Contacto para subscrições: E-mail: subcricaopontod@gmail. com
Telefone: 265 582 663
Catarina A. Nascimento BaracinhaArte urbana ou Street Art é a expressão que se refere a manifestações artísticas desenvolvidas no espaço público.
Surgiu nos EUA na década de 70, possuindo um caracter dinâmico e efêmero, os quais podem ser imortalizados através da fotografia.
A princípio, um movimento un derground, a street art foi gradativamente se constituindo como forma do fazer artístico, abrangendo várias modalidades.
A arte urbana não precisa de tempo, espaço, movimento cultural nem tão pouco de reconhecimento para acontecer, ela só precisa da rua.
A principal proposição da arte urbana é justamente sair dos lugares ditos “consagrados” à exposição e apresentação artística (teatro, museus, cinemas, bibliotecas), de forma a dar visibilidade à arte quotidiana, espalhada pelas ruas.
A arte urbana cumpriu o propósito das vanguardas
No entanto, estudiosos afirmam que essa arte remonta períodos muito antigos, uma vez que os gregos e romanos já transmitiam mensagens pelas ruas da cidade bem como possuíam muitos ar-
tistas nos centros urbanos (música, teatro, dança).
Os temas utilizados pelos artistas de rua são bem diversos, no entanto, muitos trabalhos estão pautados em críticas sociais, políticas e econômicas.
Importante analisar o crescimento da arte urbana nos últimos tempos, de forma que passa a ser vista como um “valor cultural” muito importante das minorias que vivem nos centros urbanos, e anseiam em mostrar sua arte.
Assim, essas manifestações populares permitem o encontro com a arte independente, apesar de muitos artistas de ruas, terem se consagrado mundialmente, reconhecidos pela mídia, indústria e diversos meios de comunicação em massa. Alem do graffiti, a Arte Urbana também inclui estátuas vivas, músicos, malabaristas, palhaços, teatro de ruas, pintura mural e intervenção urbana.
A arte urbana continua a encher, o país do Vinho do Porto, de cor e de paixão. De Aveiro à Covilhã, os nomes maiores da arte urbana deixam as suas marcas fenomenais pelas ruas das cidades.
Portugal conta com artistas de renome mundial, como Bordalo II, Odeith, MrDheo, Vhils, Add Fuel, Miguel Januário, AkaCorleone, Hazul, Costah, entre outros, que dividem as paredes de diversas cidades com artistas internacionais.
A arte urbana é já estandarte das principais cidades do país, sobretudo durante os meses de Verão, em que se realizam os festivais. É uma boa altura para conhecer os espaços de forma descontraída e deixar-se surpreender; Há um mundo artístico alternativo por descobrir em Portugal, basta olhar em redor.
lexandre Farto nasceu em Lisboa em 1987 e cresceu no Seixal Vhils fez seu primeiro graffiti aos 12 anos na superfície de vários comboios da sua cidade, com a única pretensão de pintar o seu tag. A verdade é que a arte de rua sem ser encomenda corre o risco de ser sancionada e de se tornar vandalismo e Vhils, sem saber, fazia parte do que se chama de tagging.
Passou assim a graffitar em outras cidades de Portugal e depois um pouco por toda a Europa. Viajava para pintar comboios.
Começou a trabalhar com técnicas como o stencil e já farto de pintar paredes ilegais, passou para os posters de publicidade, onde os pintava de branco e escava camadas de anúncios acumulados. Experimentou voltar às paredes e esculpi-las também, juntando-se aí a um grande impulsionador na sua vida artística, a galerista Vera Cortés, que o apoiou e promoveu em várias exposições.
Aventurou-se no exterior
para estudar em Londres. Ali, em território anglo-saxão, conseguiu que a sua street art de retratos anónimos em paredes danificadas ou fachadas de casas abandonadas lhe valessem o conhecimento mundial.
Enquanto as áreas abandonadas do South Bronx continuavam a testemunhar uma intensa atividade de graffiti, as paredes da cidade de Lisboa foram preenchidas com esculturas em baixo-relevo de Vhils durante
os primeiros anos do milénio.
Vhils revolucionou a abordagem tradicional a esta técnica clássica com o seu trabalho sobre a superfície dos edifícios, um ato que foi profundamente influenciado pelas transformações que o crescimento urbano português experimentou durante os anos 80 e 90. Vhils, ciente da reorganização dos espaços da cidade e da fragilidade de algumas fachadas, percorre não só o lado mais “superficial” delas, mas também os seus aspetos estruturais. Por isso gosta de modificar e “destruir” o ambiente.
Os seus retratos contrastam o novo com o antigo, de uma forma complexa e ambiciosa, mas poética.
Considerado um arqueólogo social e um artista com maior influência global, Vhils afirma que as portas (trazidas para Portugal de todos os cantos do mundo) absorvem histórias e que têm nelas camadas de momentos, de tinta que atravessaram muitos tempos e muitas histórias; de alguma forma procura encontrar o caminho certo para essas mesmas histórias. Momentos que ele, tenta eternizar nestes elementos que a cidade já não quer e que deita fora.
O olhar é sempre aquilo que mais facilmente identificamos como algo próximo a nós, o outro; essa relação do outro e aquilo que queria entre nós. O poder do rosto e do olhar é o poder de humanizar o espaço e os objetos que trabalha. Isso, é o poder da arte.
Nasce no final dos anos 80, numa família que tinha vivido intensamente a revolução, em que o seu pai tinha discussões políticas em casa, tendo feito jornais de parede, assim como teve envolvido no DP, como a sua mãe. Alexandre Farto cresceu assim com um olhar consciente da situação do país e das frustrações do após 25 de Abril.
Apesar disso, não eram as suas preocupações quando começou; era apenas um rapaz na sua fase de rebeldia que queria explorar o mun-
do e sair da margem sul. “O próprio graffiti ensinou-me muita coisa de disciplina, de como poupar dinheiro para comprar latas (…), foi uma ferramenta de expressão”.
As paredes eram como um reflexo das transformações que aconteceram em Portugal e em que as camadas que cravava em Lisboa ou em Londres seriam diferentes das camadas que tinha encontrado em Moscovo, Xangai ou Kiev. Visto que cada sítio tem a sua história e os materiais são diferentes em cada cidade;
Um homem recatado e que acredita na importância do foco permanecer no trabalho e na mewnsagem que está no trabalho. Querendo estar fora do espaço mediático, mas ao mesmo tempo querer interagir nele.
Uma das intervenções de Vhils é a utilização de explosivos e tal como a fotografia mudou a arte, todos os meios tecnológicos que temos mudam o que é a perceção da arte (pirotecnia e explosivos).
Com a utilização de explosivos há uma grande rebentação, com fumo e a obra aparece. A única maneira de a vez é através de uma camara de slow motion que consegue transformar um segundo de explosão, num minuto que nos permite ver a obra nascer e desaparecer.
A arte para Vhils, é aquilo que é captado e não aquilo que fica.
Confrontado com a afirmação “O prédio é que vai agarrado à obra e não a obra que vai agarrada ao edifício” afirma, que o sistema arranjou uma maneira de se aproveitar dos artistas e dos movimentos que eram anti-sistema. Aborda isso como sendo natural e que não está nas mãos dos artistas.
“Aceitar que quando fazemos uma obra no espaço público, ela não é nossa; é da cidade. A cidade é que dita o final dela, como ditou o inicio também”.
“Escavo emoções”
O trabalho nasce mesmo como uma critica à desumanização da “urb” e é nesse confronto de ir às profundezas da cidade que Vhils procura a humanidade que se perdeu.
“Ver todo esse percurso e todo esse acumular de camadas, dos morais do 25 de Abril, esquecidos e queimados do sol, serem tomados por publicidade, por graffiti; serem pintados de branco; quase como se as camadas dessas paredes das próprias cidades tivessem se sobrepondo cada vez mais rápido com a evolução e com o acelerar do tempo. Todo esse caos é aquilo que me interessa perceber. É nessa exploração que eu tento encontrar uma ordem, que ainda não encontrei”.
Quem é Bordalo II e como ele começou a se envolver com a arte de rua?
Olá! Obrigado pela oportunidade de estar aqui. Sou conhecido pelas minhas esculturas de animais feitas com materiais reciclados e objetos encontrados nas ruas. Nasci em Lisboa, Portugal, em 1987, e comecei a minha jornada artística desde muito jovem. Venho de uma família de artistas, o que provavelmente influenciou o meu interesse pela arte. Quando criança, observava o trabalho do meu avô, o pintor Real Bordalo, e foi através dessa exposição inicial à arte que desenvolvi a minha paixão pela criação. Começou a pintar murais em paredes abandonadas e a experimentar diferentes estilos e técnicas artísticas. No entanto, foi a partir de 2012 que eu comecei a me destacar com uma abordagem única de arte de rua, criando esculturas tridimensionais a partir de resíduos e objetos descartados.
A transformar o lixo em beleza, Bordalo II redefine a arte de rua.
O trabalho de Bordalo II é frequentemente descrito como uma forma de arte ativista, destacando questões ambientais e a crise do lixo. Pode nos falar mais sobre o tema central de seu trabalho e como ele aborda essas questões em suas obras?
Certamente! O meu trabalho é profundamente
enraizado na preocupação com o meio ambiente e a crise do lixo que enfrentamos globalmente. Utilizo materiais descartados, como peças de carros, pneus, plásticos e eletrodomésticos, para criar as minhas esculturas, transformando o lixo em arte. As obras de arte são um lembrete visual impactante do desperdício que produzimos e do impacto negativo que temos sobre a natureza.
Escolho animais como tema principal em suas obras para simbolizar a natureza que está ser afetada
pelas nossas ações. Crio esculturas realistas e detalhadas que representam animais ameaçados de extinção ou em risco devido à destruição de seu habitat natural. Ao fazê-lo pretendo conscientizar o público sobre a importância da sustentabilidade e da preservação do meio ambiente.
O trabalho de Bordalo II foi exibido em várias partes do mundo, com murais e esculturas sendo apreciados em diferentes cidades. Como você acredita que seu trabalho tenha impactado a arte de rua e a forma como as pessoas encaram a arte no espaço público?
Tem tido um impacto significativo na arte de rua e na perceção que as pessoas têm dela. Penso que poderei ter elevado a arte de rua a um novo nível, combinando habilidades artísticas excecionais com uma mensagem poderosa.