Vem aí a 12ª edição da campanha Vire Carranca. Saiba tudo! Itaguaçu (BA) é contemplada com viveiro de mudas da Caatinga
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Dois dedos de Prosa com Rita Ferreira, membro da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais
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Vem aí a 12ª edição da campanha Vire Carranca. Saiba tudo! Itaguaçu (BA) é contemplada com viveiro de mudas da Caatinga
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Dois dedos de Prosa com Rita Ferreira, membro da Câmara Técnica de Comunidades Tradicionais
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Maio é o mês em que começamos a ouvir o chamado da campanha “Eu viro carranca para defender o Velho Chico”, e é também quando sentimos, com ainda mais força, a importância da mobilização social em torno da água. Proteger a bacia do São Francisco vai muito além da defesa dos seus corpos hídricos — é também garantir justiça social, sustentabilidade, inclusão e participação cidadã. E esta edição do Travessia nos mostra, com riqueza de histórias e ações concretas, o quanto estamos avançando nesse caminho.
No município de Itaguaçu (BA), o novo viveiro de mudas nativas da Caatinga é um exemplo de como educação ambiental, recuperação de nascentes e envolvimento comunitário podem caminhar juntos. Já no povoado de Passagem, em Pilão Arcado (BA), uma comunidade tradicional de pescadores aprova um diagnóstico que sinaliza novas possibilidades: acesso a saneamento, controle da erosão e manejo sustentável do solo.
Também em Glória (BA), famílias em situação de vulnerabilidade, muitas delas com membros dentro do espectro do autismo, foram beneficiadas com sistemas de energia solar. A iniciativa alia justiça social e inovação, gerando impactos reais na vida das pessoas, além de contribuir para a preservação dos recursos hídricos por meio do uso de energia limpa.
Na instância mais estratégica da gestão das águas, destacamos o seminário realizado em parceria com a ANA e a Agência Peixe Vivo, que deu início à construção de um Plano Integrado de Recursos Hídricos para toda a Bacia do São Francisco. Um passo essencial para garantir o uso racional, eficiente e sustentável das águas em um cenário cada vez mais desafiador.
Neste contexto de mobilização, participação e construção coletiva, o processo eleitoral do CBHSF se torna ainda mais relevante. Escolher os representantes que vão compor o Comitê é, acima de tudo, um exercício de cidadania. É garantir que as decisões sobre o futuro da bacia sejam tomadas de forma democrática, com a escuta ativa dos diversos setores e territórios.
E para fechar esta edição com inspiração, conversamos com Rita Paula dos Santos, presidente da Coopearp, mulher de luta, de sabedoria e de profunda conexão com o território e com os modos de vida tradicionais. Um lembrete de que defender o São Francisco também é defender as pessoas que vivem dele e com ele.
Boa leitura — e que todos e todas virem carranca com orgulho neste maio de mobilização!
José Maciel Nunes de Oliveira Presidente
do CBHSF
As inscrições estão abertas até o dia 20 de maio para representantes da sociedade civil, usuários da água e poder público municipal. Esta é a oportunidade de integrar o maior parlamento das águas do país e contribuir ativamente com a gestão dos recursos hídricos da Bacia do Rio São Francisco.
A eleição será realizada em julho e a inscrição deve ser feita exclusivamente pelo site: eleicaocbhsaofrancisco.com.br
Saiba mais e inscreva-se em: eleicaocbhsaofrancisco.com.br
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), por meio da Câmara Consultiva Regional (CCR) do Médio São Francisco, realizou, em março deste ano, a entrega oficial do viveiro de mudas de espécies nativas da Caatinga à comunidade de Itaguaçu (BA). A iniciativa integra o projeto de requalificação da nascente Olho d’Água, uma das mais importantes fontes hídricas do município.
O evento contou com a presença do coordenador da CCR Médio São Francisco, Ednaldo Campos; do secretário municipal de Meio Ambiente, Valterberg Ferreira dos Santos; da diretora de licenciamento e fiscalização ambiental, Geovana Campos; do representante da W2 Engenharia, empresa responsável pela execução da obra, Weverton Ferreira; e da bióloga e especialista em Educação e Meio Ambiente, Islane Emília Araújo. Técnicos da Secretaria de Meio Ambiente do município também participaram da atividade.
As atividades tiveram início na sede da Secretaria de Meio Ambiente, onde foi realizada uma oficina sobre o sistema de produção de mudas, ministrada pela bióloga alagoana Islane Emília. Destinada aos técnicos da pasta, a capacitação visou garantir o uso adequado do viveiro e fortalecer a capacidade técnica da equipe local.
Durante a abertura, o coordenador Ednaldo Campos destacou a importância do CBHSF, explicou a origem dos recursos aplicados no projeto — provenientes da cobrança pelo uso da água — e enfatizou o compromisso do
Comitê com a revitalização das nascentes e a preservação dos recursos naturais da bacia. A diretora Geovana Campos ressaltou a relevância simbólica da data da entrega, celebrada no Dia Internacional das Florestas.
Após a oficina, os participantes seguiram para o local do viveiro, onde foi formalizada a entrega da estrutura à comunidade. O espaço terá como principal função a produção de mudas para o reflorestamento de áreas degradadas, contribuindo para a recuperação e preservação das margens dos rios da região. Além disso, o viveiro funcionará como um espaço de educação ambiental, permitindo a realização de oficinas e visitas guiadas por escolas e instituições locais.
No entorno da nascente Olho d’Água, foi realizado um cercamento de aproximadamente 1.400 metros, com o objetivo de proteger e delimitar a área. Algumas mudas do bioma Caatinga já foram plantadas, dando início ao processo de recuperação da vegetação nativa.
Em um ato simbólico, Ednaldo Campos entregou as chaves do viveiro ao secretário Valterberg Ferreira, que agradeceu em nome do município e reforçou o compromisso da gestão com a preservação ambiental. “O município reconhece a importância desta obra e se compromete a cuidar e valorizar este espaço, que representa um marco para a conservação dos nossos recursos naturais”, afirmou o secretário. O coordenador da CCR concluiu reforçando o papel da população local na continuidade e na manutenção do
projeto: “Temos certeza de que este viveiro será bem utilizado e preservado, pois representa um investimento no futuro das águas e das florestas do São Francisco”.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), com apoio da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) e da Agência Peixe Vivo (APV), promoveu, no dia 10 de abril, o seminário “Diálogo sobre Planos Integrados de Recursos Hídricos – Um Caminho para Integrar”. O objetivo foi apresentar e discutir a proposta de criação de um Plano Integrado de Recursos Hídricos (PIRH) para a bacia do São Francisco, reunindo representantes dos estados, comitês afluentes e instituições envolvidas na gestão das águas.
O presidente do CBHSF, Maciel Oliveira, destacou que, embora o Comitê já invista mais da metade de seus recursos nas bacias afluentes, é fundamental organizar esses investimentos de forma coordenada. O PIRH surge como instrumento estratégico para nortear as ações, fortalecer a gestão compartilhada com os entes federativos e otimizar os recursos, especialmente considerando a complexidade da bacia do São Francisco, que conta com dezenas de afluentes.
A proposta do PIRH está inserida na atualização da Base de Dados e Informações Geoespaciais sobre Recursos Hídricos (BDIGRH), em andamento pelo CBHSF, com execução do consórcio RHA-ALPHAP São Francisco, contratado via Agência Peixe Vivo. Essa atualização é essencial para a revisão do Plano de Recursos Hídricos do São Francisco (PRH-SF), que valerá entre 2026 e 2035, e deve incluir relatórios analíticos sobre diversos aspectos da bacia, como clima, uso da água, ecologia, hidrogeologia e balanço hídrico.
A professora Yvonilde Medeiros, integrante do grupo de acompanhamento da atualização da base de dados, reforçou a importância da construção de um plano articulado que una as ações dos comitês afluentes com as diretrizes macro do CBHSF. A proposta do PIRH deve ser acompanhada de um Termo de Referência para sua contratação futura.
Durante o seminário, a ANA ressaltou que, com mais de 15 milhões de habitantes na bacia e a previsão de aumento da vulnerabilidade climática até 2050, é urgente pensar em um modelo de gestão integrado. Isso exige a articulação entre CBHSF, comitês estaduais, governos locais e a União. A integração também passa pela construção de um Manual Operativo do Plano (MOP), a criação de sistemas de informação e monitoramento, integração das águas subterrâneas à gestão, fortalecimento das Entidades Reguladoras Infranacionais (ERIs), entre outras estratégias.
O especialista Erik Cavalcanti (ANA) reforçou que o PIRH precisa ser um instrumento comum de planejamento, reconhecido por todos os comitês como parte de seus próprios Planos de Recursos Hídricos (PARHs), assegurando alinhamento entre metas, diretrizes e ações. Para isso, é necessário que todos os atores envolvidos “falem a mesma língua”, usando os mesmos dados e critérios para decisões.
Representantes dos estados da bacia também manifestaram apoio à iniciativa. Gustavo Carneiro, da ADASA, destacou a relevância de um plano coordenado e mencionou que, no Distrito Federal, já há esforços similares na bacia do Paranaíba. Poliana Valgas, presidenta do Comitê da Bacia do Rio das Velhas,
enfatizou os desafios de integrar realidades distintas e a importância de uma abordagem sistêmica e multilateral.
O diretor-interino da ANA, Nazareno Marques, alertou para a necessidade de incorporar os efeitos das mudanças climáticas ao planejamento e destacou a importância da transposição do São Francisco como ponto de atenção. Representantes de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Goiás e do Distrito Federal participaram do evento, além do secretário da Semarh de Alagoas, que enviou mensagem de apoio.
O seminário também contou com a apresentação de experiências de outros comitês que já elaboraram seus planos integrados, como os das bacias do Paraíba do Sul e do Rio Doce. Ambos relataram avanços significativos, como maior articulação entre comitês e órgãos gestores, melhoria na aplicação de recursos e enfrentamento de desafios como eventos críticos e problemas de saneamento. A experiência do Rio Doce, por exemplo, mostrou a importância do plano mesmo diante de eventos extremos como o rompimento da barragem de Mariana.
O seminário marca o início de um processo estratégico para a governança integrada dos recursos hídricos da bacia do São Francisco, com foco na sustentabilidade, na equidade regional e na participação ativa de todos os entes envolvidos.
A campanha Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico chega à sua 12ª edição com uma novidade marcante: pela primeira vez, o evento será realizado exclusivamente em uma única cidade. No dia 3 de junho, todas as atenções estarão voltadas para Brasília (DF), que sediará as atividades deste ano. Antes disso, no dia 6 de maio, uma coletiva de imprensa reunirá jornalistas de toda a bacia para apresentar oficialmente a proposta de 2025.
Criada em 2014 como um grito coletivo em defesa do Rio São Francisco, a campanha deste ano traz o tema: “Vire Carranca. Um grito pelo Velho Chico. Unidos pelo rio da integração”. O objetivo é mobilizar a sociedade, sensibilizar autoridades e ampliar a incidência política em torno da revitalização do Velho Chico, reunindo esforços do governo federal, legislativo, agências reguladoras, organizações da sociedade civil, instituições acadêmicas e setores produtivos.
Segundo Maciel Oliveira, presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), a escolha da capital federal é estratégica. “Brasília também integra a bacia do São Francisco e é o centro das decisões
políticas do país. Este ano, a campanha se concentra em um só território para fazer ecoar, com ainda mais força, a voz de quem defende o rio. Cuidar do Velho Chico é cuidar das mais de 20 milhões de pessoas que dependem diretamente dessas águas”, destacou.
A programação será intensa e diversificada, com exposições interativas, oficinas de educação ambiental, mostras culturais, exibição de vídeos e documentários, além de atividades lúdicas para crianças, apresentações artísticas e mesas-redondas com especialistas e representantes de órgãos públicos.
“Queremos que Brasília ouça o grito do Velho Chico. Teremos a presença de ministros de Estado, falas do Comitê e do governo, e uma programação pensada para pactuar compromissos concretos em defesa do rio. Contamos ainda com o apoio integral da Universidade de Brasília (UnB), que será nossa parceira nessa grande mobilização”, finalizou Maciel Oliveira.
Como em todas as edições, a campanha será oficialmente lançada em uma coletiva de imprensa, no dia 6 de maio, também em Brasília. O CBHSF reunirá profissionais da imprensa de toda a bacia para apresentar os objetivos, a programação e as novidades desta edição especial da campanha Eu Viro Carranca para Defender o Velho Chico.
Texto e fotos: Juciana Cavalcante
A associação de pescadores da Colônia Z49, localizada no povoado de Passagem, município de Pilão Arcado (BA), participou do seminário final do Programa de Proteção, Conservação e Recuperação Ambiental em Microbacias do Rio São Francisco – Submédio SF. A iniciativa é financiada pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) e executada pela empresa Água e Solo, responsável pela elaboração do diagnóstico ambiental e dos projetos específicos para cada propriedade da região. O evento foi realizado no dia 31 de março.
O povoado, situado na margem esquerda do Rio São Francisco e do Lago de Sobradinho, é reconhecido como um dos principais portos pesqueiros da bacia, sendo formado por uma comunidade tradicional que mantém viva a atividade pesqueira como principal meio de subsistência. No entanto, enfrenta sérios problemas ambientais, incluindo a ausência de saneamento básico e processos intensos de erosão do solo.
Durante o seminário, foram apresentados os projetos ambientais individualizados para 74 propriedades da microbacia do riacho Tranqueira, com foco na conservação dos recursos hídricos e do solo. As intervenções propostas abrangem ações como o isolamento e recomposição da vegetação nativa, implantação de sistemas de pastagem rotacionada, cultivo em faixas e o plantio de espécies arbóreas nativas. Também foram planejadas medidas de controle da erosão nas estradas vicinais, incluindo a construção de barraginhas para contenção de sedimentos.
Além das ações físicas, a comunidade será contemplada com capacitações técnicas. Cada propriedade receberá duas visitas, com duração de quatro horas cada, destinadas à formação sobre o uso, manutenção e gestão das práticas sustentáveis propostas.
Desde o início do projeto, o presidente da Colônia de Pescadores Z49, Ademilson Teixeira, destacou a urgência da situação ambiental local, como o esgoto a céu aberto que deságua diretamente no rio. Hoje, ele comemora o avanço do programa e demonstra esperança quanto à sua efetiva implementação. Segundo ele, “a comunidade de pescadores entende que é preciso preservar, temos essa consciência, mas é necessário reforçá-la e colocá-la em prática. Agradecemos o trabalho realizado. Cada família pôde conhecer as propostas específicas para suas propriedades, e isso representa uma oportunidade real de melhorar a qualidade de vida a partir do cuidado com o meio ambiente.”
O coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Cláudio Ademar, explicou os próximos passos do programa: “O estudo realizado nos últimos meses avaliou as principais urgências e necessidades da comunidade. Agora, as famílias devem analisar os projetos e, caso concordem com as propostas, assinar o termo de aceite. Esse aceite é o que permitirá ao Comitê dar continuidade ao programa com a contratação de empresa para execução das intervenções.”
Mais da metade das famílias contempladas já assinaram os termos de aceite, demonstrando grande expectativa com a concretização das ações. Os projetos serão integralmente financiados pelo CBHSF, com recursos provenientes da cobrança pelo uso da água na bacia do São Francisco.
Moradora do povoado, Perolina Ribeiro reforçou a importância do projeto para a comunidade: “Esse projeto é muito importante para todos nós. O nosso solo está muito ruim por causa da pouca chuva, e dependemos dele para plantar. Dependemos do rio para tudo. Por isso, acreditamos na proposta. Se tudo acontecer como foi apresentado, será essencial para conservar o ambiente e para o plantio de árvores. Temos que cuidar do solo e das nossas plantas.”
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) concluiu, nos dias 27 e 28 de março, mais uma importante ação de sustentabilidade socioambiental no Semiárido. O projeto foi implementado no município de Glória (BA), com a realização de uma oficina de capacitação para os beneficiários e, no dia seguinte, o seminário de encerramento das atividades.
A iniciativa contemplou a instalação de 74 sistemas fotovoltaicos residenciais e 10 sistemas voltados ao abastecimento de poços comunitários, beneficiando famílias em situação de vulnerabilidade social — especialmente aquelas que têm entre seus membros pessoas com diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA).
Financiado com recursos da cobrança pelo uso da água na bacia do Rio São Francisco, o projeto promove a adoção de energias renováveis e contribui para a redução da pressão sobre os recursos hídricos. Executado pela empresa Solarterra Engenharia, contratada via Agência
Peixe Vivo, foram implantados sistemas fotovoltaicos on-grid (conectados à rede elétrica) e off-grid (com armazenamento em baterias) para uso doméstico e bombeamento de água.
De acordo com Mário Sérgio Cassoli Dias, engenheiro responsável pela obra, a mão de obra local foi priorizada durante a execução do projeto, o que fomentou o emprego e valorizou os profissionais da região. “Além da instalação, oferecemos assistência técnica até dezembro, garantindo o pleno funcionamento dos sistemas. Essa é uma tecnologia que transforma vidas, e poucas comunidades têm acesso a ela. O CBHSF deixa aqui um verdadeiro legado”, afirmou.
Com investimento de R$ 1,6 milhão apenas em Glória, a iniciativa já foi replicada com sucesso nos municípios de Cedro (PE) e Miravânia (MG). Para a prefeita de Glória, Ena Vilma, o impacto positivo vai além da economia de energia. “É um projeto que alia inclusão social, inovação e preservação ambiental. Um modelo que esperamos ver expandido para outras regiões”, declarou.
O projeto contou ainda com o apoio do Instituto Federal da Bahia (IFBA) – Campus Paulo Afonso. Através da empresa júnior Luminus, estudantes prestaram serviços de assistência elétrica às famílias beneficiadas. O diretor do campus, Otoni Jader Santana Silva, destacou a importância da participação institucional. “Essa é uma ação que reflete o nosso compromisso com o desenvolvimento sustentável e a cidadania crítica. O projeto representa, na prática, os valores que cultivamos”, disse.
COMPROMISSO COM O VELHO CHICO
Cláudio Ademar, coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, reforçou o papel estratégico do CBHSF na revitalização do rio e na promoção de ações descentralizadas. “Além de Glória, temos projetos em andamento em diversas localidades do Submédio, como Jaguarari, Pilão Arcado e Petrolândia. Cada ação local fortalece o esforço coletivo por um futuro sustentável para mais de 20 milhões de pessoas que dependem do São Francisco”, destacou.
Uma das beneficiadas, Paula Francinete Santana, compartilhou os impactos positivos da iniciativa. “Além da economia de R$ 160 na conta de luz, tivemos oficinas de arte, educação ambiental e apoio à saúde mental. Para nós, foi uma verdadeira bênção”, afirmou.
O projeto em Glória é um exemplo concreto de como políticas públicas aliadas à inovação tecnológica podem promover inclusão, proteger o meio ambiente e gerar desenvolvimento regional — criando um modelo sustentável e replicável para o Semiárido brasileiro.
Entrevista: Deisy Nascimento
A história de Rita Ferreira é um exemplo inspirador de como um projeto voltado à preservação ambiental pode transformar vidas. Membro da Câmara Técnica das Comunidades Tradicionais (CTCT) do CBHSF e ex-presidenta da Coopearp, em Piaçabuçu (AL), Rita viu sua trajetória dar um novo rumo a partir de uma iniciativa que uniu reflorestamento e valorização das comunidades ribeirinhas: o Bosque Berçário das Águas. A experiência despertou nela o desejo de aprofundar os conhecimentos sobre o meio ambiente e a agricultura sustentável. O resultado? Recentemente, ela se formou em Agroecologia pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e hoje comemora a conquista como mais um passo na defesa do Velho Chico.
1 – Rita, o que te motivou a buscar uma formação universitária em Agroecologia?
O que me motivou foi o Projeto Bosque Berçário das Águas, financiado pelo CBHSF. Quando comecei a me envolver com a produção de mudas e reflorestamento da mata ciliar, vi a importância de aprofundar meu conhecimento. Eu queria entender melhor o que estava fazendo, aplicar técnicas mais eficientes e contribuir ainda mais com a minha comunidade. O projeto despertou em mim o desejo de estudar e me capacitar para fazer ainda mais pela minha região e pelo Velho Chico.
2 – Como a vivência no projeto influenciou sua trajetória na universidade?
Completamente! Quando eu comecei o curso, já levava comigo uma experiência prática rica, graças ao Bosque. As aulas de sementes, germinação, gestão e associativismo me fizeram aplicar esse conhecimento na Coopearp e também no próprio viveiro. A cada disciplina, eu pensava em como aquilo poderia ser útil para o Bosque Berçário das Águas. O projeto e a graduação se retroalimentaram: o que eu aprendia, aplicava, e o que eu vivia no projeto, levava para a sala de aula.
3 – De que forma o título de agroecóloga muda sua atuação nas comunidades tradicionais?
Me sinto muito mais preparada para atuar. A formação ampliou minha visão sobre políticas públicas, manejo ambiental, economia solidária e o papel das comunidades tradicionais. Agora posso contribuir ainda mais com os projetos do Comitê, propondo ações alinhadas com os eixos do CBHSF e incentivando outras mulheres ribeirinhas, negras, extrativistas a voltarem a estudar. Ser agroecóloga é um símbolo de luta e conquista.
4 – E como essa formação refletiu diretamente na sua gestão na Coopearp?
Durante minha gestão, usei muito do que aprendi no curso. A disciplina de cooperativismo, por exemplo, me ajudou a planejar e organizar melhor as ações da cooperativa. O conhecimento técnico também nos permitiu ampliar a produção de mudas no Bosque –foram mais de 200 mil! Então, tudo o que eu estudei retornou de forma prática para a comunidade e para o fortalecimento da nossa atuação.
5 – Quais são os próximos passos para o Bosque Berçário das Águas?
Agora, como responsável técnica e formada em Agroecologia, quero regulamentar o viveiro para que possamos expandi-lo. O objetivo é fazer com que mais mudas cheguem às áreas degradadas do Velho Chico. Esse projeto é um exemplo de sucesso que precisa ser replicado em outras comunidades. Vamos trabalhar para que o bosque cresça, continue sendo referência e leve adiante esse legado de proteção e desenvolvimento.
6 – E o que essa conquista representa para você, pessoalmente?
Foram seis anos de muita luta, mas também de aprendizado e transformação. Concluir a universidade é uma vitória pessoal, mas também coletiva. Representa um passo a mais na valorização das mulheres da Foz do São Francisco, das extrativistas, das ribeirinhas. E é só o começo. Quero continuar contribuindo com a CTCT, com a Aroeira e com todos os projetos que cuidam do Velho Chico. Estou pronta para retribuir tudo o que aprendi.
Presidente: José Maciel Nunes Oliveira
Vice-presidente: Marcus Vinícius Polignano
Secretário: Almacks Luiz Carneiro Silva
Secretaria do Comitê: Rua Carijós, 166, 5º andar, Centro - Belo Horizonte - MG - CEP: 30120-060 (31) 3207-8500 - secretaria@cbhsaofrancisco.org.br - www.cbhsaofrancisco.org.br Atendimento aos usuários de recursos hídricos na bacia do Rio São Francisco: 0800-031-1607
Notícias do São Francisco
Produzido pela Assessoria de Comunicação do CBHSF – Tanto Expresso comunicacao@cbhsaofrancisco.org.br
Coordenação Geral: Paulo Vilela, Pedro Vilela, Rodrigo de Angelis
Edição e Assessoria de Comunicação: Mariana Martins
Textos: Deisy Nascimento, Juciana Cavalcante e Rangel Menezes
Fotos: Juciana Cavalcante, Léo Boi e Rangel Menezes
Diagramação: Sérgio Freitas
Impressão: ARW Gráfica e Editora
Tiragem: 4.000 exemplares
Direitos Reservados. Permitido o uso das informações desde que citada a fonte.
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
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