Teses da Assembleia Nacional Constituinte

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Causa Galiza

de fundo. Do mesmo modo, a sociedade de consumo moderna que, dum modo imperfeito e contraditório, se impujo na Galiza, opera como fator de espanholizaçom no sentido de desvestir os indivíduos de identidades e laços de pertença e sumi-los na condiçom atomizada e solitária de consumidor, votante, televidente ou cidadám, dado que a atomizaçom social é o cenário onde o Capital se torna mais efetivo e reduz o risco da conflituosidade. 2. 10. 3. tanto a extrema direita governante na Galiza administrativa como a esquerda espanhola reduzem a reivindicaçom nacional galega a umha questom identitária, limitando a sua significaçom e alcanço prático. Para os primeiros, “o importante é saír da crise num pais onde as duas identidades convivem em harmonia”. Os segundos, apesar de se destacarem historicamente por trair os interesses populares galegos, promover políticas de pacto com o Estado e o patronato e desmobilizar a sociedade, convocam-nos agora para que nos ocupemos dos “problemas reais da gente”, que desligam debalde da questom identitária, isto é, da reivindicaçom da soberania política, como se esta nom tiver a ver com os nossos problemas sócio-económicos, laborais, de ordenaçom territorial, etc. e a abordagem resolutiva destes fosse fatível no raquítico quadro autonómico. 2. 10. 4. As evoluiçons contempladas no ámbito político-partidário nacionalista nestes dous últimos anos seriam incompreensíveis 63 sem referirmo-nos à debilidade da consciência nacional de importantes setores sociais e políticos que, paradoxalmente, se proclamam “nacionalistas” ou “independentistas”. Assim, observamos como quem foi historicamente remisso a desenvolver umha explícita aposta independentista mostra agora, de novo, quando as condiçons objetivas e subjetivas para o avanço desta som especialmente favoráveis, sintomas da tradicional indecisom para falar claro pensando no cálculo eleitoral curto-prazista porque “o povo nom entende”. De deixarmo-nos levar por estes prejuízos que delatam os medos da pequena burguesia, a presunta incapacidade da populaçom nacional para interiorizar e assumir o programa e a estratégia independentista se manterá sine die, porquanto é impossível ganhar a hegemonia social dum objetivo político que nunca se formula de modo explícito. Por outra parte, descendendo ainda mais numha degradaçom de tonalidades soberanistas, encontramo-nos com quem, à vista da crise atual do Estado espanhol, anunciam “soluçons excecionais”, que em realidade nada tenhem de novidoso, como a desvalorizaçom da questom nacional galega e o retorno a posiçons pré-nacionalistas materializando a alianças eleitorais e, no futuro, se calhar orgánicas, com a esquerda espanhola. Como pano de fundo, o questionamento da capacidade do povo galego para desenvolver desde as suas forças e potencialidades endógenas o processo de liberaçom nacional, o recurso como aliado a umha esquerda espanhola sempre reácia a ir para além do “respeito” (sic) às nossas reivindicaçons nacionais e o abraço por façons que se reclamam


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