A Arquitetura do Metaverso

CAROLINA S. M. RODRIGUES

A ARQUITETURA DO METAVERSO UM ESTUDO SOBRE O PAPEL DO ARQUITETO E DO DESIGNER NA IMPLEMENTAÇÃO FÍSICA E VIRTUAL DO METAVERSO

CAROLINA S. M. RODRIGUES

A ARQUITETURA DO METAVERSO

UM ESTUDO SOBRE O PAPEL DO ARQUITETO E DO DESIGNER NA IMPLEMENTAÇÃO FÍSICA E VIRTUAL DO METAVERSO

2022/01

Esse trabalho foi desenvolvido para a disciplina de Estudos Preparatórios do Trabalho de Curso, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais,campus Praça da Liberdade, com o intuito de fomentar as discussões sobre as possíveis áreas de atuação para o designer e arquiteto no desenvolvimento do metaverso, além de apresentar um exemplo de projeto de infraestrutura que pode ser implementado nessa área.

SUMÁRIO FIGURA 01

FONTE: HP BLOGGER

INTRODUÇÃO O QUE É O METAVERSO

01

COMO SE DÁ A INTEGRAÇÃO DO USUÁRIO COM O METAVERSO

03

COMO SERÁ FEITA A IMPLEMENTAÇÃO DO METAVERSO

05

O ARQUITETO E O METAVERSO

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IMPLICAÇÕES DO METAVERSO

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O PROJETO

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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CONVERGÊNCIA DE REALIDADES

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ESTUDO DE CASO HOK E SAP: DESENVOLVIMENTO DE UMA ARENA PARA E-SPORTS

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O ESTUDO DO ENTORNO

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ACESSO AO CENTRO DE REALIDADE VIRTUAL

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LEGISLAÇÃO VIGENTE:

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PROGRAMA DE ATIVIDADES

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FIGURA 02

INTRO DUÇÃO

FONTE: ILUSTRASI METAVERSE (FREEPIK)

O QUE É O METAVERSO? A tecnologia ao longo da história deu ao ser humano o poder de criar novas ferramentas, de nos expressar e experienciar o mundo de uma nova forma nunca antes imaginada. Os smartphones foram um grande marco tecnológico, o homem passou a ser fisicamente integrado à tecnologia, levando consigo o acesso à informação, lazer e comunicação em tempo real, na palma de suas mãos. Com o tempo, esses smartphones e outros equipamentos eletrônicos se tornaram mais desenvolvidos, as câmeras ganharam mais definição, o áudio se tornou mais claro, a conexão da internet mais rápida e barata, democratizando o acesso a essas tecnologias.

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FIGURA 3- TRABALHO NO METAVERSO

FONTE: META PLATFORMS, 2021

Apesar de rápida, essa evolução é gradual e constante, passamos de cartas, e telefonemas, até chegar as vídeo chamadas e assim podemos perceber um padrão: O ser humano sempre está em busca de experiências mais imersivas, que trazem praticidade ao dia a dia. Esta é a proposta do Metaverso, que se propõe a ser a mais nova experiência imersiva para a humanidade, integrando a realidade digital com o mundo físico.

Na década de noventa, tivemos um forte avanço tecnológico, com a democratização ao acesso a internet, nos tornamos mais interconectados e começamos a sonhar com um mundo onde a tecnologia e o homem se tornavam aliados. Isso inspirou a criação de filmes de ficção científica e obras literárias, que nos faziam pensar sobre as futuras possibilidades que a tecnologia iria nos fornecer. Foi assim que no ano de 1992 o autor Neal Stephenson, eu seu livro Snow Crash, narrou sobre um espaço virtual, que convergia com a realidade, uma espécie de espaço coletivo, que abarcava todos os aspectos da vida humana. Essa foi a origem do termo Metaverso.

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A ideia inicial do Metaverso é a criação de um universo unificado, onde os meios digitais e físicos interagem livremente, criando uma nova forma de experienciar a realidade. É previsto que, em um futuro não muito distante, essa nova integração digital poderá nos permitir estar em uma sala de reuniões online com avatares e, através de equipamentos de realidade aumentada, sentir e presenciar as demais pessoas, objetos e o ambiente, como sentimos o espaço físico real.

Poderíamos criar hologramas e projeções de telas digitais e trabalhar em nossos computadores, não mais com uma tela e um teclado, mais sobre superfícies 3d interativas que poderiam ser utilizadas a qualquer momento e em qualquer lugar, ou até mesmo, criar outras realidades paralelas a realidade física, onde as convenções comuns de tempo e espaço tornam-se irrisórias.

As possibilidades para o metaverso são infinitas, uma vez que parte da tecnologia ainda se encontra em fase de desenvolvimento. Para que possamos considerar que o Metaverso foi completamente implementado em nossa sociedade, precisamos de um nível de integração completo, em todos os aspectos da vida cotidiana. Um login único permitirá que o usuário realize transações bancárias em diferentes instituições financeiras, entrar e navegar por mundos virtuais, utilizar suas redes sociais, jogar vídeo games, ter sua identificação pessoal ligada às documentações oficiais emitidas pelo estado, como CPF e RG, tudo isso com sua identidade virtual. Entretanto, as redes sociais ainda funcionam como órgãos independentes, os documentos ainda são emitidos de forma independente para cada governo vigente, vivemos com uma falsa sensação de integração entre os espaços físicos e virtuais, uma vez que essa ligação ainda é intermediária.

COMO SE DÁ A INTEGRAÇÃO DO USUÁRIO COM O METAVERSO Apesar de ainda não funcionarem como uma unidade, muitos elementos do metaverso já foram implementados e testados atualmente, chegando a uso público. Jogos como o VR Chat, permitem que os usuários usem seus computadores para adentrar em um mundo de realidade virtual, onde é possível conversar e interagir com o espaço e com os outros usuários livremente. Essa experiência fica ainda mais vivida com o auxílio de equipamentos de realidade virtual, como os óculos rift e os controles manuais e de leitura corporal completa, que permitem que o usuário, segure, toque objetos virtuais e se mova pelo espaço virtual com os mesmos movimentos que realizamos no ambiente não virtual.

Essa tecnologia de um traje de leitura corporal foi desenvolvida em 1950, pelo animador Lee Harrison III, responsável pelo desenvolvimento do primeiro traje de captura de movimentos, potenciômetros, ligados a um traje, transmitiam os movimentos do ator para um computador e transcreviam esses movimentos como uma animação rudimentar.

Outro equipamento que permitirá a integração do ser humano com o Metaverso são os sensores táteis. Esse tipo de ferramenta permitirá que o usuário interaja com plataformas de realidade aumentada e realize atividades precisas manuais remotamente, sejam elas transcritas para o ambiente virtual, ou até mesmo utilizadas como ferramentas de trabalho. Por exemplo, médicos poderão fazer cirurgias remotas, interagir e com o mundo virtual através de ações físicas.

FIGURA 4- BHAPTICS TACTSUIT 16 FOR VIRTUAL REALITY

FONTE: BHAPTICS

FIGURA 5- LUVAS TÁCTEIS

FONTE: TECHMUNDO

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Quando discutimos sobre a sensibilidade dos usuários às instalações previstas para a interação com o metaverso, é necessário compreender como se dá a interação do corpo físico e da mente humana com o espaço real e o espaço virtual.

No artigo Current Status and Future Possibilities, de John David N. Dionisio, William G. Burns III e Richard Gilbert, publicado no ano de 2013, é estudado como os ambientes virtuais se tornam mais realistas para a percepção humana:

WHAT DOES REMAIN CONSTANT ACROSS ALL PERSPECTIVES ON REALISM IS THE INSTRUMENTATION THROUGH WHICH HUMAN BEINGS INTERACT WITH THE ENVIRONMENT, THAT IS, THEIR SENSES AND THEIR BODIES, PARTICULARLY THROUGH THEIR FACES AND HANDS.

Podemos traduzir esse trecho como “ O que permanece constante em todas as perspectivas do realismo é a instrumentação através da qual os seres humanos interagem com o ambiente, ou seja, seus sentidos e seus corpos, particularmente por meio de seus rostos e mãos.” Dessa forma, é fácil compreender que para que o usuário se sinta imerso no ambiente do metaverso, é necessário estimular seus sentidos.

NOMADIC

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FIGURA 6- LUVAS TÁCTEIS

FONTE: FRREPIK

COMO SERÁ FEITA A IMPLEMENTAÇÃO DO METAVERSO Apesar dessas infinitas possibilidades, o Metaverso já é uma realidade ativa em construção. A empresa Unreal Engine, especializada em softwares de renderização, jogos e modelagem 3d lançou em fevereiro de 2021 o MetaHuman Creator, um gerador de avatares de extremo realismo, que podem ser utilizados no metaverso, marcas como a Nike, Burberry, Gucci e Balenciaga já vendem itens digitais em plataformas de jogo e o Bitcoin, a principal moeda digital da atualidade, apenas no ano de 2021 teve um rendimento de 116%, de acordo com a CNN Brasil.

Sendo assim, é possível perceber uma mobilização do setor comercial e financeiro para a integração com o mundo digital, uma preparação para o Metaverso.

No final de 2021, a empresa Meta Platforms , antes conhecida como Facebook, a maior investidora atual do Metaverso, lançou publicamente seu plano de implementação do Metaverso. A primeira etapa da empresa é quanto a interação social. Com a Implementação de avatares, será possível ver as expressões faciais, linguagem corporal e outras formas de interação com um realismo muito proximo do mundo real. O usuário também pode digitalizar e criar nas plataformas um “home space”, um local onde você pode guardar seus itens, personalizar, convidar pessoas e ter seu espaço privado, sem as amarras das limitações do mundo físico, ou seja, será possível criar edificações flutuando ou até mesmo boiando sob lava.

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A partir desses Home Spaces, o usuário poderá navegar entre outros home spaces e mundos digitais, instantaneamente. O home space apresentado pela empresa é chamado de Horizon Home, que já está disponível para ser experienciado pelos usuários. Logo, a empresa liberará versões que podem ser criadas por qualquer usuário e versões sociais, onde será possível convidar outros usuários para esse espaço.

Além disso, o metaverso se estende ao mundo do entretenimento e jogos. Como uma das experiências mais cativantes e imersivas do mundo digital, os jogos foram um dos primeiros a se adaptarem à realidade virtual. A partir do Metaverso, os jogos poderão chegar a um outro nível de desenvolvimento, o usuário poderá se mover fisicamente pelo espaço, correr e ter sensações físicas de uma forma muito próxima a realidade, um modo de entretenimento completamente diferente da interação oferecida pela tela de um computador.

Atualmente muitos dos equipamentos necessários para o início da implementação do Metaverso já existem ou estão em fase de desenvolvimento. A empresa Meta já possui um protótipo de um smart glass chamado Ária, que projetará a realidade do metaverso sob o mundo digital e ainda no ano de 2022, irá lançar um kit fitness, que permite o usuário realizar atividades físicas com maior conforto, sem perder a conectividade durante as sessões de exercício físico, enquanto empresas como a VART Arcade já oferecem um extenso catálogo de equipamentos com um nível alto de imersão, para jogos e filmes.

Portanto, a implementação do Metaverso será gradual, mas rápida, uma vez que todos os elementos iniciais para a sua implementação já se encontram disponíveis, além de suas funcionalidades, já apresentarem uma aceitação por parte dos usuários.

FIGURA 7

FONTE: ISTOCKPHOTO

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FIGURA 8

O ARQUITETO EO METAVERSO

FONTE: ENGETAX

O Metaverso é um local digital onde podemos interagir com o meio ao nosso redor livremente, o usuário pode criar seu próprio ambiente, sem a necessidade das restrições físicas do espaço real. Ele será um espaço completamente planejado, e seus executores, não estarão mais restritos a necessidade de uma normatização técnica, uma vez que dentro dele será possível criar edifícios das mais diversas formas, como flutuando no espaço, em planetas fictícios ou completamente submersos. No mundo físico, a limitação dos saberes técnicos é o que dá aos arquitetos o domínio sobre o planejamento do espaço, entretanto a falta desse limite traz a falsa sensação da não necessidade de arquitetos para a criação do metaverso.

Entretanto, arquitetos são especializados na transcrição da demanda dos clientes em um produto, solucionam questões relacionadas a acessibilidade, estética, ergonomia visual, integração entre os espaços e desenvolvem habilidades essenciais para a compreensão do uso dos espaços, de acordo com diferentes públicos alvo. Essas habilidades serão de extrema importância para o planejamento do metaverso e não devem ser subestimadas.

Para que o arquiteto possa participar do processo de construção do metaverso, são necessários uma adaptação e um investimento na especialização dos profissionais voltados para o serviço nessa área. Assim como a anos atrás deixamos de projetar em papel para utilizar programas como o Autocad e recentemente novamente tivemos que nos adaptar com a chegada dos softwares BIM, os arquitetos do metaverso terão de se adaptar às novas ferramentas necessárias para a construção do metaverso.

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Dentro dessa realidade, podemos citar os três tipos de atuação possíveis para um arquiteto dentro do metaverso: Projeto para o metaverso: Nesse tipo de atuação, o arquiteto trabalha projetando edificações digitais diretamente para o metaverso, sem nenhuma ligação direta com a realidade física. Ele terá maior liberdade projetual e lidará com outras demandas além das convencionais exigidas pelo espaço físico.

Projeto de Compatibilização: Em seu artigo Heritage and Metaverse: New Approaches and Methods for The Digital Building Enviroment (2020), Andrea Moneta diz que:

Podemos entender esse trecho da seguinte forma: “Os arquitetos são treinados para analisar e compreender o ambiente em que projetam, seus elementos tangíveis e intangíveis herdados do passado; esses elementos incluem a história antrópica, a paisagem e o ambiente natural, o uso passado do lugar e a memória dos habitantes. Bons arquitetos geralmente começam a projetar a partir de elementos préexistentes, que eles reinterpretam através de sua própria bagagem cultural e experiências cognitivas e profissionais.”

FIGURA 9

“ARCHITECTS ARE TRAINED TO ANALYSE AND UNDERSTAND THE ENVIRONMENT IN WHICH THEY DESIGN, ITS TANGIBLE AND INTANGIBLE ELEMENTS INHERITED FROM THE PAST; THESE ELEMENTS INCLUDE THE ANTHROPIC HISTORY, THE LANDSCAPE AND NATURAL ENVIRONMENT, THE PAST USE OF THE PLACE, 8 AND THE MEMORY OF THE INHABITANTS. GOOD ARCHITECTS USUALLY START DESIGNING FROM PRE-EXISTING ELEMENTS, WHICH THEY REINTERPRET THROUGH THEIR OWN CULTURAL BACKGROUND AND COGNITIVE AND PROFESSIONAL EXPERIENCES.

FONTE: UNTITLED, XYZ

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FIGURA 10

FONTE: OLHAR DIGITAL

Esse tipo de abordagem é o tipo de estratégia projetual aplicada no projeto de compatibilização. Nesses projetos, o arquiteto trabalhará para a compatibilização de edificações já existentes no plano físico, para que sejam transcritas no Metaverso. Esses projetos terão uma alta demanda no setor de patrimônio cultural, uma vez que um dos objetivos do metaverso é democratizar o acesso à informação e à cultura. Portanto, um arquiteto poderá trabalhar na criação de uma exposição digital do Louvre, no qual o usuário pode ter acesso ao espaço e circular pela edificação de forma digital. Além disso, muitas marcas e empresas querem ter seus empreendimentos transferidos para o metaverso, uma questão identitária e publicitária, que expande ainda mais as possibilidades de atuação do arquiteto no projeto de compatibilização.

Projeto de Infraestrutura: Diferente das demais atuações, essa área está voltada para o plano físico, de forma a viabilizar condições ideais de uso do espaço, que propiciem ao usuário maior ergonomia e praticidade no momento de integração com o Metaverso, levando em conta as funcionalidades de cada equipamento e os níveis de imersão no Metaverso.

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Quando falamos do projeto de infraestrutura, é de suma importância a compreensão de que a interação com o Metaverso, não se limita apenas a uma via de mão única, na qual o usuário se insere no meio digital, mas o meio digital também será inserido no meio físico.

Para compreender melhor o projeto de infraestrutura e o projeto que será abordado mais a frente, é necessário compreender os níveis de imersão do metaverso: Baixa Imersão: É aquela obtida por meio dos computadores e smarphones, nela o usuário tem um acesso direto e de fácil acesso às informações e funcionalidades do metaverso, sem experienciar um nível de imersão profundo, estando presente sensorialmente no meio físico.

FIGURA 11 - SMART GLASSES

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Imersão intermediária: É quando o usuário possui uma interação interconectada, entre o plano físico e digital, seja por meio dos smart glasses, hologramas ou por meio da realidade aumentada. Nesse tipo de integração pode ser necessárias instalações de sensores, estudo de fluxos, ergonomia, estruturas efêmeras ou superfícies que permitam a projeção das imagens holográficas quando não combinadas com dispositivos móveis como os smartglasses, portanto, designers e arquitetos são profissionais fundamentais nesse tipo de imersão, pois fazem a análise das demandas necessárias para efetivar a conexão entre a informação digital e o espaço no qual ela se projeta.

FONTE: .ALLABOUTVISION

FIGURA 12 - BRAÇO MECÂNICO PARA IMERSÃO NO METAVERSO

Alta Imersão: É quando o usuário se insere no metaverso de forma hiper sensorial, ou seja, utilizando de equipamentos de alta performance que permitem que o usuário se sinta completamente imerso na realidade do metaverso, seja pelo tato, pela visão olfato, pelo fato de poder se locomover na mesma medida que se locomove no meio digital, entre outras experiências sensoriais. Esse tipo de imersão, na maioria das vezes, requer um amplo planejamento, uma vez que os equipamentos utilizados possuem especificações especiais elétricas e de instalação, além de possuírem dimensões muito maiores do que os equipamentos utilizados nos demais tipos de imersão. Sendo assim, esse tipo de imersão é a que mais demanda infraestrutura no espaço físico.

FONTE: .HTTPS://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH? V=X7GRRFV6AP8&AB_CHANNEL=NATHIE ACESSO EM 08/ 03/2022

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IMPLICAÇÕES DO METAVERSO FIGURA 13

O Metaverso, assim como qualquer outra nova tecnologia, trará consigo impactos sobre a sociedade, tanto bons quanto ruins. Como impactos positivos podemos citar a maior integração social, barreiras físicas e fronteiras geográficas não serão mais um empecilho, poderemos visitar parentes, conhecer outras cidades, ver shows e exposições ao redor do mundo sem a necessidade de locomoção e de uma forma muito mais imersiva do que através dos meios convencionais atuais.

Além disso, percebemos durante a pandemia que o trabalho remoto é uma tendência que, mesmo após o fim da pandemia, continuou a ser amplamente utilizada e com o Metaverso, o trabalho remoto será facilitado, uma vez que teremos acesso a ferramentas de trabalho a todo momento, além dos benéficos de fazer reuniões virtuais com a utilização de avatares, uma vez que temos acesso a todas as vantagens de uma reunião presencial, como poder ler expressões faciais e ter uma visão 360°, sem a necessidade do deslocamento.

Todavia, é necessário compreender que o Metaverso, assim como muitas outras tecnologias, PAGINA 11 |

FONTE: ISTOCKPHOTO

não está no âmbito da necessidade humana, mas sim do desejo. É da vontade de viver novas experiências, ter mais conforto e comodidade que surge essa integração digital.

Para algumas atividades relacionadas ao Metaverso, apenas equipamentos portáteis como óculos de realidade virtual podem ser suficientes, entretanto, para experienciar todo o potencial do Metaverso é necessário uma gama de equipamentos e ter acesso a infraestrutura necessária para essa integração.

A proposta do Metaverso é criar uma identidade digital única, unir todos os elementos da vida física, cívica e digital em apenas uma plataforma. Porém um grande risco do Metaverso é a exclusão social a partir da exclusão digital, aqueles que não entendem ou não possuem meios financeiros ou físicos de obterem acesso a alguma das ferramentas necessárias para utilização do Metaverso, passaram por um processo de marginalização, tendo que lidar com empecilhos diários, nos mais variados setores da vida cotidiana.

FIGURA 14

FONTE: ISTOCKPHOTO

O PROJETO

Tendo isso em vista o projeto em questão visa a criação de um Centro de realidade Virtual, localizado em Belo Horizonte, na Rua da Bahia 2200, que tem por objetivo democratizar o acesso à realidade virtual, bem como servir como um elemento de apoio e disseminação de informação nas fases de implementação do Metaverso, além de ser um centro de referência quanto a realidade virtual. Ademais, esse projeto também servirá como uma forma representativa de como o arquiteto pode atuar no metaverso no projeto de infraestrutura, implementando soluções físicas de apoio a esse universo, levando em conta todos os três níveis de Imersão citados anteriormente.

O terreno proposto foi escolhido por sua proximidade com outros centros culturais como a Casa Fiat de cultura o CCBB e a Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, uma vez que o Centro de Realidade Virtual se propõe a ser um centro educativo e de lazer, se integrando a proposta do complexo cultural da Praça da Liberdade.

Além disso, na região do entorno se encontram escolas como o colégio Santo Antônio e faculdades como PUC minas, UNA e Instituto Metodista Izabela Hendrix, o que traz para a área uma dinamicidade de fluxos de um público jovem, dentro da faixa etária dos 15 aos 35 anos, que será a faixa etária do público alvo primário do projeto em questão.

Outro fator relevante é o interesse turístico da área. Devido a presença da Praça da Liberdade, do Palácio do Governador entre outros elementos do entorno, o Centro de Realidade Cultural estará localizado em um ponto estratégico para receber turistas, podendo se tornar não apenas uma referência para os moradores de Belo Horizonte, mas também para moradores da região metropolitana e de outras localidades.

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No terreno citado, atualmente se encontra o antigo prédio da Secretaria da Casa Civil, que foi anunciado em 2021 pela prefeitura para alienação, na categoria de uso comercial no site MG leilões. Ele possui 12 pavimentos de 4679,51m², sendo dois subsolos, um térreo e nove andares, sendo o terreno portanto passível de arremate para utilização em um projeto comercial/ cultural.

No programa do Centro de Realidade Virtual constará:

FIGURA 15

Uma exposição de arte virtual, na qual o usuário poderá andar pelo espaço e interagir com as obras de forma física e virtual por meio da realidade aumentada, hologramas e smart glasses, vr glasses, fones de ouvido entre outros equipamentos que permitam o acesso ao Metaverso nos níveis de imersão intermediária.

Uma cafeteria para atender o público do edifício Um espaço de apoio ao usuário de realidade virtual, onde o usuário poderá alugar equipamentos e encontrar espaços adequados para a utilização de seus próprios equipamentos, para lazer, estudo ou trabalho, em um nível de baixa imersão Uma sala de conferências, para eventos promocionais, festas de inauguração de exposições entre outros eventos Uma ala recreativa, com equipamentos de alta imersão voltada para jogos e a prática de esportes Uma sala de cinema para realidade virtual, também equipada com equipamentos de alta imersão FONTE: MG LEILÕES

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FIGURA 16

FONTE: ISTOCKPHOTO

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Para fundamentar o projeto e dar base aos argumentos que serão apresentados no desenvolvimento da proposta, serão utilizadas algumas bibliografias principais de consulta.

Uma delas é a obra Liquid architecture in cyberspace, escrita por Marcos Novak em 1993. Nessa obra o autor traz questionamentos sobre o cyberspace, que em suas palavras é definido como:

CYBERSPACE IS A COMPLETELY SPATIALIZED VISUALIZATION OF ALL INFORMATION IN GLOBAL INFORMATION PROCESSING SYSTEMS, ALONG PATHWAYS PROVIDED BY PRESENT AND FUTURE COMMUNICATIONS NETWORKS, ENABLING FULL COPRESENCE AND INTERACTION OF MULTIPLE USERS, ALLOWIUG INPUT AND OUTPUT FROM AND TO THE FULL HUMAN SENSORIUM, PERMITING SIMULATIOUS OF REAL AND VIRTUAL REALITIES, REMOTE DATA COLLECTION AND CONTROL THROUGHT TELEPRESENCE, AND TOTAL INTEGRATION AND INTERCOMUNICATION WITH FULL RANGE OF INTELIGENT PRODUCTS AND ENVIROMENTS IN REAL SPACE. ( NOVAK, 1993. P 272)

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Podemos dizer que essa fala, em uma tradução livre, diz que o Cyberspace é uma visualização completamente especializada de todas as informações em sistemas globais de processamento de informações, ao longo de caminhos fornecidos pelas redes de comunicação presentes e futuras, permitindo a plena compreensão e interação de múltiplos usuários e permitindo entrada e saída dos elementos sensoriais humanos, simular realidades reais e virtuais e a coleta e controle remota de dados através de telepresença e total integração e intercomunicação, com uma gama completa de produtos e ambientes inteligentes no espaço real.

Esse pensamento, formulado a anos atrás, é a ideia base do Metaverso.

Além disso, essa bibliografia trata de assuntos pertinentes dentro do campo da arquitetura inserida na realidade virtual, como a criação e definição do que seria a transarquitetura, termo criado pelo autor para se referir a criação da arquitetura 3D dentro do domínio digital, trazendo discussões como a aplicação da lógica, perspectiva e geometria em um campo onde as leis da física não se aplicam e permitem a livre experimentação do arquiteto. Dessa forma, essa bibliografia seria de grande valia para o apoio na pesquisa sobre o papel do arquiteto no metaverso.

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FIGURA 17

Uma segunda bibliografia utilizada será o artigo Architetcure, Heritage and Metaverse: New Approaches and Methods for The Digital Building Enviroment, escrito por Andrea Moneta em 2020.

Esse artigo teve como objetivo fazer uma revisão do trabalho do autor durante sua atuação como arquiteto e cenógrafo no jogo de realidade virtual Second Life, além de investigar como a arquitetura pode melhorar a qualidade física da experiência do usuário nos mundos virtuais. Esse é um artigo relevante para a pesquisa, pois traz um relato em primeira pessoa de um profissional da área de arquitetura e design que já trabalhou no campo da arquitetura e design virtual, o que pode ajudar a compreender as adaptações necessárias para a atuação do profissional nessa área, além de trazer questionamentos não abordados nas demais bibliografias, sobre como a arquitetura pode se alinhar aos meios virtuais e trazer um novo olhar sobre a arquitetura patrimonial.

Também podemos citar como umas dessas bibliografias de apoio o artigo 3D Virtual Worlds and the Metaverse: Current Status and Future Possibilities, de John David N. Dionisio, William G. Burns III e Richard Gilbert, publicado no ano de 2013. Esse artigo se propõe a tratar em que nível de desenvolvimento se encontram os meios tecnológicos para a implementação do metaverso e quais seriam os recursos futuros necessários para a implementação plena desse novo sistema.

Esse artigo mostra-se relevante para a atual pesquisa, pois através dele será possível uma maior compreensão das etapas de implementação do metaverso, bem como fazer uma projeção temporal de quanto tempo irá levar até sua total integração com a sociedade. Dessa forma, os dados coletados a partir dessa obra poderão ser úteis quanto ao planejamento das estratégias arquitetônicas que facilitarão o processo de implementação do metaverso a serem aplicadas no projeto do Centro de realidade virtual.

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CONVERGÊNCIA DE REALIDADES Quando o meio digital é abordado em uma argumentação, tipicamente há uma distinção entre o mundo Virtual e o mundo Tátil. Em sua obra “Architetcure, Heritage and Metaverse: New Approaches and Methods for The Digital Building Enviroment” Andrea moneta cria a separação VW (virtual world) e RW (Real world) para apresentar os projetos elaborados para as plataformas digitais do jogo Second Life. Entretanto, quando falamos da experiência do usuário, ao adentrar em um espaço de realidade simulada não podemos discernir esses dois espaços, a percepção humana não é guiada por nenhum senso de realidade e sim pelas sensações.

O mito da caverna de Platão pode ser facilmente citado para exemplificar como conhecemos o mundo. Em uma caverna, prisioneiros vivem desde a infância acorrentados, apenas experienciando o mundo real através das sombras que viam em uma parede. Essas sombras eram a realidade daquelas pessoas, que compreendiam com os seus sentidos as imagens projetadas como as imagens reais.

Um prisioneiro apenas se liberta dessa condição quando escapa das correntes e pode, pela primeira vez, observar diretamente objetos, pessoas e o ambiente ao redor

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Apesar da alegoria de Platão ter sido escrita para discorrer sobre a alienação e sobre as consequências do conhecimento, também podemos tirar uma conclusão dela: O ser humano toma como real aquilo que ele experiencia, seja com os sentidos ou pela fé.

Dessa forma, quando tratamos da experiência que o usuário terá com o metaverso, é preciso compreender que apesar do mundo real apresentar diferenças concretas do mundo virtual, os dois mundos convergem na experiência do usuário.

Moneta , em uma tradução livre, diz em seu texto que a realidade virtual e o mundo real não são isolados, mas uma extensão de mútua influência. Portanto, ao projetar espaços físicos para a integração com o metaverso, não devemos criar nenhum tipo de hierarquia entre quais elementos, físicos ou digitais devem ser priorizados, mas compreender que devem ser planejados mutuamente, bem como a análise de desempenho da convergência de elementos reais e virtuais.

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FIGURA 18 - ESPORTS ARENA RENDERING WITH AN ELECTRONICALLY ACTIVATED SPATIAL EXPERIENCE

FIGURA 19 - FIGURE 3: ACTIVATION OF ILLUMINATED CONCOURSE ZONES DURING EVENT

FONTE: HOK & SAP

FONTE: HOK & SAP

ESTUDO DE CASO HOK E SAP: DESENVOLVIMENTO DE UMA ARENA PARA E-SPORTS

Esse estudo de caso tem por objetivo levantar questões pertinentes que poderiam auxiliar na construção da ala recreativa do centro de realidade ritual, destinada a experimentação de espaços relacionados aos jogos digitais e atividades físicas, bem como o modo que o centro de convenções ou a sala de cinema poderiam se adaptar para receber eventos relacionados ao campo dos E-sports.

Apesar do Metaverso ser uma realidade em construção, a arquitetura já tem se manifestado e dado suporte a essa nova realidade. A firma de arquitetura HOK e a empresa de softwares SAP desenvolveram uma parceria para compreender melhor as influências que o desenvolvimento tecnológico terá sobre o campo da arquitetura e design, alinhado ao crescimento dos jogos digitais, uma das maiores áreas de expansão e foco de desenvolvimento do Metaverso.

De acordo com o artigo “Developing the Esports Arenas of the Future”, publicado em 2019 pelos funcionários do escritório HOK e da empresa SAP, Carlos de la Barrera, Nuno Guerreiro e Federico Winer, a proposta do projeto consistia no retrofit de um estágio, para o seu uso na transmissão ao vivo de esports, com o conceito de mesclar a o mundo físico e virtual, de forma a proporcionar aos torcedores uma maior interatividade com os jogos realizados dentro do ambiente virtual.

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A partir de traduções autorais, podemos citar como uma metodologia de projeto, questões norteadoras para o desenvolvimento da proposta. A primeira questão seria: “Como podemos abordar tanto os requisitos para a eficiência operacional quanto o desejo de experiências memoráveis, compartilhando essa experiência entre espectadores, jogadores e funcionários?”

FIGURA 20 - FIGURE 6: INTIMATE AREAS LINKED WITH TIERED SEATING CONFIGURED IN UNIQUE WAYS

Dessa forma, a equipe se propôs a investigar todos os tipos de experiência possível dentro de uma arena de jogos virtual, incluindo não apenas os espectadores, mas todos os usuários desse complexo. Esse tipo de análise deve ser implementada para garantir a eficiência do espaço, não apenas para o público alvo, mas também para aqueles que trabalham na edificação e permitem que as atividades previstas no espaço sejam realizadas.

Quando aplicamos essa mesma lógica ao centro de realidade virtual, é necessário fundamentar o planejamento da edificação, não apenas quanto à lista do programa principal, já previamente apresentada, mas também nos espaços técnicos necessários para o funcionamento das atrações principais.

A segunda questão abordada é: "O que faz deste empreendimento diferentes dos demais empreendimentos do setor?”. Essa questão é de suma importância para que o projeto se destaque no meio e não seja apenas mais uma opção redundante disponível no mercado.

A terceira questão “Quais são as características fundamentais que devem fazer parte dos eventos de e-sport" tem como objetivo levantar os elementos fundamentais necessários para o funcionamento e transmissão dos jogos dentro de uma arena de esportes. Nessa etapa, uma pesquisa profunda sobre os tipos de equipamentos e instalações técnicas, bem como elementos de conforto e ergonomia foram amplamente estudados. Essa pesquisa, também abordou uma quarta questão, “Como podemos atender a diferentes tipos de eventos e jogos de esports" e por conseguinte, também foram levantados como diferentes equipamentos podem funcionar para variados tipos de jogos, bem como adaptar a arena aos tipos de transmissão disponíveis atualmente.

FONTE: HOK & SAP

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Por fim, a última questão norteadora: “Como podemos maximizar a flexibilidade? O edifício pode se adaptar para acomodar todos os tipos de usos, incluindo a hospedagem de eventos não relacionados a jogos?”. Compreendendo os demais usos possíveis e implementando-os na edificação, é possível aumentar as chances de sucesso do empreendimento, mesmo frente a possíveis adversidades que possam ocorrer com a indústria dos jogos digitais.

Desse modo, seria interessante aplicar a mesma lógica ao centro de realidade virtual, uma vez que por ser um empreendimento focado em um novo setor do mercado, ainda não consolidado, é pertinente a descentralização dos usos do espaço, para que a edificação ainda mantenha as atividades do centro de realidade virtual ativas, mesmo em frente a uma adversidade relativa a algum dos setores de funcionamento.

Após esse levantamento de questões, a equipe responsável pelo projeto discorre sobre a etapa de levantamento de dados quanto às preferências dos usuários. No caso do projeto em questão, foram utilizados dados retirados da própria experiência dos usuários, coletados pelas empresas do ramo de jogos.

Esses dados apresentam que os usuários das arenas possuem o perfil de alguém que busca por experiências altamente imersivas, ao mesmo tempo que sociais e íntimas, desafiando a lógica atual dos jogos digitais, onde muitas vezes as transmissões das competições são vistas e experienciadas individualmente. Esse perfil de usuário guiou a equipe no planejamento de adaptação de um estádio, para uma arena e-sports.

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Os torcedores muitas vezes torcem por mais de uma equipe em um evento de e-sport, o que gera uma constante mudança de posicionamento dos torcedores para se posicionar em uma nova torcida a cada partida. Além disso, esses espectadores querem ter uma maior proximidade com os jogadores. Assim, a arena proposta é voltada para um centro circular, onde se encontram o palco de jogos, de forma que todos os espectadores possam ter acesso visual aos competidores de forma igualitária, bem como assistir a transmissão do jogo ao vivo, em uma grande tela multidirecional, voltada para todos os lados da arena.

Além disso, é enfatizado pela equipe que espaços com área reduzida, como salas de cinema e auditórios, também se mostram altamente efetivas para a transmissão de logos em menor escala. De acordo com Guilbert (2011, Apud Dionisio, J. D. N., Burns III, W. G., and Gilbert, 2013, P. 4):

(...)THE ENVIRONMENT’S LEVEL OF SPATIAL, ENVIRONMENTAL, AND MULTISENSORY REALISM CREATES A SENSE OF PSYCHOLOGICAL PRESENCE. USERS HAVE A SENSE OF “BEING INSIDE,” “INHABITING,” OR “RESIDING WITHIN” THE DIGITAL ENVIRONMENT RATHER THAN BEING OUTSIDE OF IT, THUS INTENSIFYING THEIR PSYCHOLOGICAL EXPERIENCE(...)

Em uma tradução Livre, podemos dizer que o nível de realismo espacial, ambiental e multissensorial do ambiente cria uma sensação de presença psicológica. Os usuários têm a sensação de “estar dentro”, “habitar” ou “residir dentro” do ambiente digital em vez de estar fora dele, intensificando assim sua experiência psicológica.

Dessa forma para que a experiência de imersão do centro de realidade virtual seja efetiva, mesmo em espaços com metragens reduzidas, é necessário a implementação de elementos visuais e sensoriais que propiciem a sensação de presença psicológica, como a partir da a utilização da realidade aumentada, projetos de iluminação interativos, projeto de som compatível com as demandas do projeto e outros elementos de estimulação sensorial.

FIGURA 21 - SEATING MODULES WITH INTEGRATED LIGHTING TO IDENTIFY GROUPS OF FANS

FIGURA 22 - SPATIAL ORGANIZATION OF PROPOSED ESPORTS VENU

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FONTE: HOK & SAP

FONTE: HOK & SAP

FIGURA 23

O ESTUDO DO ENTORNO FONTE: GOOGLE MAPS

Inicialmente, o bairro se caracterizava por ser um bairro residencial, majoritariamente ocupado por casas unifamiliares, que deram espaço a casas de alto padrão com a canalização do córrego do leitão e com a construção do Palácio da liberdade. A partir desse ponto, o bairro se tornou uma das áreas com o metro quadrado mais valorizado da cidade, o que incentivou o processo de verticalização das construções.

Além disso, essa valorização também atraiu para a área o interesse de grifes de luxo, bares, restaurantes de alta gastronomia, o que fomentou o comércio local, principalmente com a instauração do complexo da praça da liberdade nas proximidades do bairro, o que trouxe um caráter turístico para a área.

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EDIFICAÇÕES E ELEMENTOS NO ENTORNO DO TERRENO

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R. Pr ofes sor A ntôn io Ale ixo

R. d a Ba hia

O projeto está inserido no Bairro Lourdes, um dos mais tradicionais da cidade de Belo Horizonte. O bairro já constava no plano original de Belo Horizonte, tendo sua ocupação iniciada em 1923, com a inauguração da Basílica de Nossa Senhora de Lourdes e sendo oficialmente inaugurado em 1930.

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R. Pr ofes sor F ranc isco Bran te

LEGENDA

Terreno do Projeto 1- Edificação Tombada 2 - Praça José Mendes Júnior 3 - Minas Tenis Clube 4 - Casa Fiat de Cultura

No entorno imediato do lote, encontramos o Minas Tênis Clube, a casa Fiat de cultura e a Praça José Mendes Junior. Esses três espaços abrangem a extensão do complexo da Praça da Liberdade, trazendo um movimento constante para a área de pessoas que buscam opções de cultura e lazer. O Minas Tênis Clube oferece serviços de educação dispondo de acompanhamento escolar, aulas de esporte e formação profissional de atletas e opções de lazer, com o restaurante e o complexo de quadras e piscinas. Além disso, o clube também se compromete com a disseminação cultural, uma vez que dispõe nos seus espaços internos uma biblioteca, cinema, uma sala de exposições e um teatro.

A edificação de entrada do clube, que se encontra na esquina da Rua da Bahia e da Rua Professor Antônio Aleixo, é uma edificação tombada pelo Conselho do Patrimônio Histórico e Cultural da capital.

Dessa forma, o terreno do projeto se encontra entre duas edificações tombadas, pois o terreno também faz divisa com uma edificação tombada de 3 andares, localizada na Rua da Bahia 2186.

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Já a Casa Fiat de Cultura, localizada no Edifício do Palácio dos Despachos, funciona como um centro de exposições físico, recebendo exposições itinerantes de artistas de todo o mundo e uma exposição fixa, a “Civilização Mineira” (1959), de Cândido Portinari. Além disso, o espaço oferece debates criativos, visitas mediadas, atividades em ateliê aberto, ciclo de palestras, cursos, concertos musicais e oficinas. Por fim, a Praça José Mendes Júnior oferece espaços de permanência e equipamentos de ginástica a céu aberto, sendo mais visitada no período da tarde.

Quando comparada a proposta do programa do centro de realidade virtual, com os elementos e fatores do entorno, é fácil compreender que esse projeto se integraria as atividades e demandas locais ao também oferecer opções de apoio a cultura e ao lazer, porém o projeto não se qualifica apenas como mais um centro de cultura, pois não se sobrepõe aos serviços já oferecidos, uma vez que se diferenciaria focar na integração com universo digital, proposta ainda inédita nas redondezas. Desse modo, o projeto se apresenta como um elemento de diversificação dos serviços locais, sem descaracterizar a proposta de usos e serviços da área do entorno.

ACESSO AO CENTRO DE REALIDADE VIRTUAL O centro se encontra no encontro da Rua Professor Antônio Aleixo com a Rua da Bahia, duas vias arteriais de fácil acesso respectivamente a avenida do Contorno e a Avenida Afonso Pena, que servem como vias de distribuição de fluxo e permitem o fácil deslocamento para as demais localidades da cidade. Além disso, dentro de um raio de 180 metros do terreno existem 4 pontos de ônibus. Um desses pontos se encontra na Rua professor Antônio Aleixo, ponto da linha SE02 que faz ligação entre a Savassi e o Buritis. Outro ponto de ônibus está localizado na rua Espírito Santo com as linhas 4032, que faz a ligação da região com as proximidades do shopping Delrey.

Além desses pontos, também temos um ponto na Rua da Bahia, com as linhas 105, uma linha circular que passa por vários pontos turísticos da região como o cine metrópole, o teatro da cidade, a Basílica Nossa Senhora de Lourdes, e o cine belas artes e as linhas 5102, 8108 e 9103, que fazem ligação respectivamente entre o Bairro Santo Antônio e o campus da UFMG, o bairro Cidade Nova com a Savassi e por fim o bairro Nova Floresta com o Santa Lúcia.

Por fim, existem diversas linhas nos arredores da Praça da Savassi. Desse modo o acesso ao centro é diverso, oferecendo aos usuários diferentes possibilidades de rota, tanto pelo transporte privado quanto pelo transporte público.

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LEGISLAÇÃO VIGENTE O terreno da edificação possui 600m². Para essa área, na cidade de Belo Horizonte, a taxa de ocupação mínima é de 20% enquanto a máxima é de 80%. Desse modo, a edificação do centro de realidade virtual poderá ocupar no mínimo uma área de 120m² e no máximo uma área de 480m² em projeção. Além disso, a taxa de permeabilidade prevista é de 20% da área total do lote, ou seja, 120m².

Outros parâmetros a serem observados e quanto os afastamentos laterais e frontais da edificação. Como citado anteriormente, o terreno é circundado por duas vias arteriais. Para esse tipo de via, o afastamento frontal deve ser de 4 metros.

Como o afastamento frontal funciona como um prolongamento do passeio, nessa área não é permitida a construção de nenhum elemento construtivo, porém pode ser ocupada para a ampliação de áreas verdes e à formação de faixas, largos e praças e para implementação de elementos fomentadores do convívio coletivo.

Entretanto, existe a possibilidade de uma flexibilização da metragem do afastamento frontal em vias arteriais.

Para que isso ocorra, a faixa livre de pedestres deve ter pelo menos 3m, permitindo assim que o afastamento frontal da edificação seja de 3m, desde que ele seja vegetado ou destinado às áreas de fruição Pública.

Devido ao fato de o passeio da fachada da Rua da Bahia possuir uma faixa de de 5 metros, e parte da fachada para a rua Professor Antônio Aleixo possuir 6m, será possível a flexibilização nesses trechos, e dessa forma o afastamento frontal nessa fachada será de 3 metros.

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FIGURA 24 - CALÇADA A FRENTE DO TERRENO EM ESTUDO

O terreno está localizado em uma Zona de Ocupação Preferencial (OP-3) e de acordo com o art. 95 da Lei n° 11.181, de Agosto de 2019 “Aprovação do Plano diretor do Município de Belo Horizonte e das outras providências”: São classificadas como zonas de ocupação preferencial as porções do território municipal nas quais a ocupação é estimulada em decorrência de melhores condições de infraestrutura e de acessibilidade e de menores restrições topográficas e paisagísticas.”

Esse zoneamento afeta o afastamento lateral, pois ele segue um mesmo padrão em toda a cidade. Para edificações até 8 metros de altura, o afastamento admitido é de 1,5 metros, para edificações de 8 a 12 metros de altura é de 2,30 metros e para edificações acima de 12 metros, deve-se admitir uma conta: AF = 2,3 + (H - 12,0) / B, sendo que AF = afastamento Frontal, H = altura da edificação e B= a um índice estipulado pela prefeitura. Já que a edificação estaria localizada em uma zona OP-3 (Zona de Ocupação Preferencial 3) o índice admitido é 8.

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FONTE: GOOGLE MAPS

Outro parâmetro urbanístico relevante para a construção do centro de realidade virtual é o coeficiente de aproveitamento. Ele é um parâmetro numérico, fornecido pela prefeitura local, que de acordo com o zoneamento, define quantos metros quadrados são possíveis de se construir em um terreno. Na zona OP-3, o coeficiente de aproveitamento mínimo é 0,5 e o CA máximo 5. Dessa forma, seria possível construir até 5 vezes a área da projeção da edificação, levando em conta os outros parâmetros urbanísticos já citados para esta área.

PROGRAMA DE ATIVIDADES Para que o programa inicial apresentado na introdução seja realizado, é necessário um conhecimento sobre as instalações secundárias necessárias, sobre o uso do espaço e sobre os equipamentos que serão instalados.

No térreo, no espaço externo da edificação, serão implementados elementos fomentadores do uso coletivo público, como bancos e áreas sombreadas vegetadas, com o intuito de proporcionar melhor vivência urbana para os transeuntes e visitantes do Centro de Realidade Virtual.

Para aqueles que adentram a edificação, a recepção da edificação é o primeiro espaço de acolhimento do visitante ao Centro de Realidade Virtual. Nela, será necessário a implementação de elementos visuais informacionais, que guiem e informem o visitante sobre o uso do espaço, bem como possuir um balcão de atendimento ao visitante e um espaço de espera. Os atendentes responsáveis por recepcionar os visitantes, também precisam de um espaço de apoio, como uma sala administrativa, banheiros e uma copa.

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Para a instalação da cafeteria, será necessário uma área de salão que pode ser calculada considerando uma área de 0,8 a 1m² para cada cadeira a ser implementada no espaço. Já para as infraestrutura de serviço e atendimento da cafeteria são necessários um balcão, a cozinha para preparo dos alimentos, uma área de armazenamento e uma área de apoio para os funcionários, com banheiro de serviço, espaço para armazenamento de objetos pessoais e uma área de alimentação para os funcionários. Para a área do salão, é interessante pensar uma interligação, ou pelo menos uma certa proximidade, entre a cafeteria e o espaço de apoio ao usuário de realidade virtual, uma vez que se assume que o usuário terá uma permanência prolongada no espaço.

Além disso, nesse espaço de apoio ao usuário haverá um espaço de aluguel de equipamentos como VR Glasses, fones de ouvido, microfones entre outros aparelhos, além de cabines que permitam a privacidade e segurança do usuário, enquanto se conecta com o meio virtual.

Para que o uso desses equipamentos seja efetivo, é necessário a implementação de estratégias de isolamento acústico.

A ala recreativa será um espaço de maior metragem, podendo ocupar um pavimento inteiro, devido ao dimensionamento dos equipamentos e da área mínima de movimentação exigida por cada equipamento para o seu bom funcionamento. Tomando como base o catálogo atual disponível da empresa Vart, especializada na venda de máquinas de jogos para uso na realidade virtual, podemos chegar em uma média de área exigida para uso de equipamentos individuais, que é de aproximadamente 3m² de área horizontal e 2,4m de altura por máquina , enquanto para as máquinas de uso coletivo essa área é de 7,6m² e 2,3 de altura. Desse modo, é possível planejar as dimensões do espaço, de acordo com o uso proposto de cada tipo de máquina. É válido ressaltar também que na ala de recreação, será necessária a instalação de uma sala de telecom, para controle das máquinas e dos equipamentos.

A sala de exposições também será um espaço que demandará uma maior metragem. Na sua entrada, deve constar elementos de controle do acesso ao espaço, como uma bilheteria, que permita o controle do número de visitantes no espaço. Uma vez que a proposta da exposição é que a arte digital se sobreponha aos elementos físicos no espaço e que o visitante possa percorrer toda a exposição com o uso da realidade aumentada, nesse espaço não devem haver interferências sensoriais externas, como luz e barulho, que possam prejudicar a imersão do usuário na experiência proposta.

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Já a sala de cinema seguirá uma proposta diferente das salas que encontramos atualmente. Devido ao fato da sala ser direcionada ao uso do oculus rift, não há a necessidade de escalonamento das cadeiras, uma vez que cada pessoa terá a sua tela pessoal. Também não haverá a necessidade da sala de projeção, já que cada cadeira é equipada com sistema de som próprio e com um catálogo de filmes, que podem ser escolhidos individualmente por cada usuário. Desse modo, a sala de cinema se torna um serviço autónomo e personalizado, onde cada usuário tem o poder de decidir o que quer assistir no catálogo, sem depender dos filmes que estão em cartaz, uma proposta ainda não implementada na cidade de Belo Horizonte.

FIGURA 25 -VR EGG CINEMA - VART-029

FONTE: VART ARCADE

Por fim a sala de conferências, deve ter um acesso separado dos demais espaços, de forma que seja possível a utilização do espaço para eventos pessoais, mesmo com a permanência da utilização dos demais espaços. Dessa forma, é mais simples realizar o controle de entrada dos visitantes. Nessa sala, também deve constar uma infraestrutura completa de videoconferência, iluminação regulável para os diferentes tipos de evento , isolamento acústico e espaços destinados à projeção e apresentação de conteúdo audiovisual. Como a sala de conferências proposta é destinada aos mais diversos tipos de evento, é necessário que se instale no espaço mobiliários de uso versátil, que possa ser facilmente removido, transferido de lugar ou ter usos secundários.

Desse modo o Centro de Realidade Virtual se propõe a criar um novo espaço de lazer, com uma proposta ainda inédita na cidade de Belo Horizonte, com serviço de infraestrutura integrado com a lógica do crescimento da interconectividade entre o meio virtual e o mundo real.

FIGURA 26

FONTE: ISTOCKPHOTO

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Conheça o Bairro Lourdes.

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