Edição de Maio - 2011

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Edição Nº 08 Maio/2011

A história de São Benedito, o Rei dos Pretos Velhos

Ops... Falha nossa! Cadê a oração de Anjo de Guarda?


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o período de XVI a XVIII, os portugueses, com a intenção de colonizar e aculturar o território brasileiro que era recém-descoberto, passaram a empregar a mão de obra dos nativos da região, os indígenas, e a de outra região, a África. Os primeiros grupos africanos que chegaram a Salvador, capital brasileira na época, foram os bantos, sudaneses, iorubás, jêjes, minas e malês. No entanto, antes mesmo desses grupos aportarem aqui no Brasil, eles já mostraram resistência física e fé, pois muitos acabavam morrendo durante a viagem. Nas naus havia falta de higiene, de boa alimentação, de água e de espaço para locomoção, além dos perigos de doenças e dos maus tratos. Por este motivo, os navios negreiros também eram conhecidos como tumbeiros. Mas, para aqueles que sobreviviam à viagem, encontravam um novo desafio pela frente: o mercado de escravos. Lá, muitos comerciantes, fazendeiros, intermediários e representantes do poder vinham em busca de uma nova mercadoria, a força humana representada pelo negro africano. No ato da compra, a preferência era obter negros de grupos diversos e que falassem línguas diferentes a fim de evitar qualquer transtorno, como fugas ou revoltas. Entre os negros, encontravam-se não somente os pobres, mas reis, príncipes e feiticeiros. Os portugueses aculturavam tanto os escravos indígenas como os africanos com seus costumes, hábitos e religião. A Igreja Católica era a religião mais atuante na época colonial e por muitos anos ela questionou a existência da alma no negro. Para a Igreja, os indígenas eram ingênuos e, uma vez cristianizados, eles estariam a caminho da civilização; no entanto, os africanos, já conheciam o Cristianismo, mas a opção religiosa deles era diferente e, pela visão católica, pagã. O africano cultuava a divindades conhecidas como

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ão Benedito é um dos santos mais queridos e populares no Brasil por seu exemplo de humildade e pobreza. Devido a sua origem africana e cor de pele, era o Santo que os escravos mais depositavam sua fé. Benedito Manasseri nasceu na aldeia de São Fratelo, em Messina, na ilha da Sicília, Itália, em 1526. Os pais de Benedito eram cristãos fervorosos e chegaram à Italia como escravos, vindos da África e descendiam de negros etíopes ou de mouros do norte da África. É por esse motivo que Benedito foi chamado de Benedito, o Preto ou Mouro. O pai fôra escravo de um rico senhor, Vicente Manasseri e dele recebera o sobrenome. Diana, sua mãe, fora libertada por um cavalheiro da Casa de Lanza. E, como os escravos tomavam o nome de seu senhor, ela passou a se chamar Diana Larcan ou de Lanza. Os seus pais eram muito queridos pelos patrões e foram todos alforriados. Quando Benedito foi batizado, recebeu o sobrenome da familia de seu padrinho, Manasseri. Cresceu e foi pastor de ovelhas e lavrador. Consagrou-se ao serviço de Deus muito jovem e aos 21 anos um monge dos irmãos eremitas de São Francisco de Assis o chamou para viver entre eles. e lavrador. Consagrou-se ao serviço de Deus muito jovem e aos 21 anos um monge dos irmãos eremitas de São Francisco de Assis o chamou para

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Orixás, que são seres responsáveis pela formação do planeta. Os escravos africanos conseguiram resistir à dominação religiosa dos portugueses e permaneceram cultuando seus rituais, batucadas, rezas e danças. Por meio do sincretismo religioso entre os Orixás e os Santos católicos, eles mostraram inteligência, resignação e fé. Em sua maioria, foram maltratados, torturados e seviciados. Esses negros foram envelhecendo e aos poucos se tornaram referência para os mais novos, constituindo assim, o culto aos Orixás e aos antepassados, velhos costumes da Mãe África que deram origem ao Candomblé na Bahia, ao Catimbó, no nordeste, dentre o u t ro s c u l to s . O s P reto s Ve l h o s representam a humildade, a força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. Por meio do perdão, esses espíritos superaram sentimentos de raiva e ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado e se tornaram exemplos dos ensinamentos do Evangelho de Jesus. São grandes conselheiros e são considerados espíritos missionários; nos ensinam a ter fé em Deus e confiança no futuro. Os Pretos Velhos são uma das bases do triângulo da Umbanda. Sua presença nos terreiros enche os corações das pessoas de emoção. No dia 13 de maio comemoramos a libertação dos escravos assinada pela Princesa Isabel, e em nosso terreiro, renderemos homenagens à essa Linha tão querida por nós. Nesta noite, irá comparecer um grande número de Linhas para homenagear aos Pretos e Pretas Velhas e queremos que você também compareça! Venha comemorar conosco a existência dessas pessoas tão iluminadas e que tanto nos ensinam, com lições de amor e resignação, nos ajudando a caminhar em direção ao nosso Pai Maior!

viver entre eles. Fez votos de pobreza, obediência e castidade. Caminhava descalço pelas ruas e dormia no chão sem cobertas e era muito procurado pelo povo, que desejava ouvir seus conselhos e pedir-lhe orações. Sempre preocupado com osmais pobres do que ele, aqueles que não tinham nem o alimento diário, retirava alguns mantimentos do Convento, escondia-os dentro de suas roupas e os levava para os famintos que enchiam as ruelas das cidades. Conta a tradição que, em uma dessas saídas, o novo Superior do Convento o surpreendeu e perguntou: “Que escondes aí, embaixo de teu manto, irmão Benedito?” E o santo humildemente respondeu: “Rosas, meu senhor!” São Benedito morreu aos 65 anos, em Palermo, na Itália. Sua imagem tem o menino Jesus nos braços, representando a doçura com a qual Jesus preencheu seu coração. Para nós, umbandistas, São Benedito é o protetor e o grande representante da nossa religião, com seu exemplo de humildade, fé e devoção. Ele é o mentor espiritual da Linha dos Pretos Velhos, formada por espíritos que, em sua grande 02 maioria, foram escravos em uma de suas encarnações.


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odos nós já ouvimos falar, e inclusive, muitos de nós já usamos ou fizemos um patuá. Se você já usou olho-de-cabra na carteira, um pé de coelho na bolsa, ou colocou uma ferradura atrás da porta, posicionou o traseiro de um elefante branco em direção à porta ou ainda mergulhou um Buda em muitas moedinhas, bem vindos ao clube dos sortudos! Todos esses símbolos são amuletos da sorte e podem ser chamados também de patuá. E não é a toa que usamos ou acreditamos nesses símbolos, pois se espera atrair fertilidade, prosperidade, sucesso, amor e afastar todo e qualquer mal e maus olhados. Enfim, com eles ao nosso redor e em nosso lar julgamos receber boas energias e muita sorte. No dia da festa de Pretos Velhos em nosso terreiro, todos aqueles que comparecerem terão a oportunidade de fazer o próprio patuá. A diferença desse patuá para aqueles comprados em lojas é que cada de um de nós depositaremos, durante sua confecção, tudo aquilo que o coração e a mente vibrar. Portanto, quando você for preparar o seu, concentre bons pensamentos e encha o seu coração de muita fé. Nós receberemos no dia da festa: 1 pedaço de pano branco; 1 galhinho

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de arruda; 1 galhinho de alecrim, 1 folha de guiné; 1 dente de alho; e um papelzinho com a oração do Pai Nosso. Todos esses itens serão entregues pelos próprios Pretos Velhos durante o passe individual, e uma vez entregue, você terá recebido em seu patuá os fluidos da Linha. Aprenda como preparar: Quando estiver em sua casa, reserve linha branca e uma agulha. Acenda uma vela branca pequena e faça sua oração de costume. Você deve costurar o pedacinho de pano branco, formando um saquinho. Usando a linha branca, comece a costurar o saquinho e mentalize a Linha dos Pretos Velhos, e com muita fé, faça sua oração pedindo paz e proteção. Deposite as ervas, o alho e o papelzinho da oração dentro do saquinho e costure, fechando-o. Está pronto! Após terminar de costura-lo, deixe seu patuá em frente a vela, até ela apagar, com cuidado para não deixa-lo muito próximo a vela, correndo o risco de queimar. Depois, pegue seu patuá e guarde sempre com você para que ele seja o seu amuleto, não só da sorte, mas do perdão às ofensas, do amor e da paz!

8 ANOS Linha Africana Povo de Zambi Vem no terreiro Está aqui pra trabalhar

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São Pretos Velhos São bem mais do que amigos Nos ensinam a caridade Sempre a todos ajudar Onde eles chegam o lugar se ilumina Tudo em volta se transforma Brilha a luz de Oxalá Plantam sementes de amor em todos nós Só depende de nós mesmos deixar ela germinar Tenha certeza que se isso acontecer Também dentro de você essa luz irá brilhar

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linha dos Pretos Velhos também é conhecida por Linha Africana. Zambi é como eles se referem à Deus. São espíritos iluminados e fazem parte do triângulo da Umbanda. Estão sempre prontos a atender a todos os que necessitam de ajuda, acolhem às pessoas como nossos verdadeiros avós. Muitos viveram histórias tristes, passaram por muitas dificuldades e provações quando encarnados como escravos, e com essa existência aprenderam a perdoar os maus tratos recebidos, colocando em prática o maior ensinamento de Cristo: o perdão! Quando incorporam nos terreiros é possível sentir as vibrações de amor e emoção que envolvem ao ambiente e a todos nós. Com seus ensinamentos e sábios conselhos de alguém que já viveu muito e aprendeu grandes lições, plantam em nossa vida a semente do exemplo a ser seguido para chegarmos até o Pai. Se conseguirmos colocar em prática alguns de seus grandes ensinamentos, certamente faremos a semente de amor germinar em 02 03 nossos corações e ficaremos mais próximos de nosso Pai Oxalá!


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missão de ser mãe quase sempre começa com alguns meses de muito enjôo, seguido por anseios incontroláveis por comidas estranhas, aumento de peso, dores na coluna, o aprimoramento da arte de arrumar travesseiros preenchendo espaços entre o volume da barriga e o resto da cama. Ser mãe é não esquecer a emoção do primeiro movimento do bebezinho dentro da barriga. O instante maravilhoso em que ele se materializou ante os seus olhos, a boquinha sugando o leite, com vontade, e o primeiro sorriso de reconhecimento. Ser mãe é ficar noites sem dormir, é sofrer com as cólicas do bebê e se angustiar com os choros inexplicáveis: será dor de ouvido, fralda molhada, fome, desejo de colo? Ser mãe é levá-lo para a escola e segurar suas mãos na hora da vacina. Ser mãe é se deslumbrar em ver o filho se revelando em suas características únicas, é observar suas descobertas. Sentir sua mãozinha procurando a proteção da sua, o corpinho se aconchegando debaixo dos cobertores. É assistir aos avanços, sorrir com as vitórias e ampará-lo nas pequenas derrotas. Ser mãe é ler sobre uma tragédia no jornal e se perguntar: E se tivesse sido meu filho? E ante fotos de crianças famintas, se perguntar se pode haver dor maior do que ver um filho morrer de fome. Ser mãe é descobrir que se pode amar ainda mais um homem ao vê-lo passar talco, cuidadosamente, no bebê ou ao observá-lo sentado no chão, brincando com o filho. É se apaixonar de novo pelo marido, mas por razões que antes de ser mãe consideraria muito pouco românticas. É sentir-se invadir de felicidade ante o milagre que é uma criança dando seus primeiros passos, conseguindo expressar toscamente em palavras

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seus sentimentos, juntando as letras numa frase. Ser mãe é se inundar de alegria ao ouvir uma gargalhadinha gostosa, ao ver o filho acertando a bola no gol ou mergulhando corajosamente do trampolim mais alto. Ser mãe é descobrir que sua vida tem menos valor depois que chega o bebê. Que se deseja sacrificar a vida para poupar a do filho, mas ao mesmo tempo deseja viver mais, não para realizar os seus sonhos, mas para ver a criança realizar os dela. É ouvir o filho falar da primeira namorada, da primeira decepção e quase morrer de apreensão na primeira vez que ele se aventurar ao volante de um carro. É ficar acordada de noite, imaginando mil coisas, até ouvir o barulho da chave na fechadura da porta e os passos do jovem, ecoando portas adentro do lar. Finalmente, é se inundar de gratidão por tudo que se recebe e se aprende com o filho, pelo crescimento que ele proporciona, pela alegria profunda que ele dá. Ser mãe é aguardar o momento de ser avó, para renovar as etapas da emoção, numa dimensão diferente de doçura e entendimento. É estreitar nos braços o filho do filho e descobrir no rostinho minúsculo, os traços maravilhosos do bem mais precioso que lhe foi confiado ao coração: um Espírito imortal vestido nas carnes de seu filho. *** A maternidade é uma dádiva. Ajudar um pequenino a desenvolver-se e a descobrir-se, tornando-se um adulto digno, é responsabilidade que Deus confere ao coração da mulher que se transforma em mãe. E toda mulher que se permite ser mãe, da sua ou da carne alheia, descobre que o filho que depende do seu amor e da segurança que ela transmite, é o melhor presente que Deus lhe deu. Trechos extraídos da obra Histórias Para Aquecer o Coração Jack Canfield e Mark Victor - Editora Sextante

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rimeiramente agradeço a oportunidade de dar depoimento neste mensageiro. Comecei na Umbanda em uma Festa de Cosme e Damião, quase há 31 atrás, na T.U.C. 7 Flechas, logo após meu casamento inclusive, na Umbanda, por e com muito amor, sendo o início de meu aprendizado e alicerce durante 22 anos. Fui, por quase 5 anos, a primeira cambone do Sr. Pena Roxa, que na época trabalhava naquela casa e me orgulho muito disso. Passei a ser Cambone Chefe do Sr. 7 Flechas por 8 anos, depois fui desenvolvida e os meus Guias começaram a dar atendimento. Saí de lá e ingressei a corrente da T.U.C. Ventania, continuando a aprender não só coisas da Umbanda, mas também do Candomblé. Lá algumas obrigações eram diferentes, fui coroada Mãe Pequena e permaneci na casa por 6 anos. Mas minha escolha foi pela Umbanda pura e simples e, finalmente, estou na Casa D.E.U.S. há 2 anos e 5 meses. Esta Casa é uma raiz do T.U.C. 7 Flechas, onde continuo aprendendo, pois nossa religião tem muitas e muitas coisas a nos ensinar! Agradeço também, principalmente, ao Caboclo Pena Roxa, por ter me dado a oportunidade de estar em seu terreiro, hoje ajudando-o de uma outra forma, como médium, e estou feliz por poder comemorar ao lado dele, mais um ano de existência da Casa. Nada é por acaso. Estamos novamente unidos... eu para aprender e procurar fazer o meu melhor e ele sempre nos ajudando em tudo!

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a edição do mês de março/abril, publicamos uma matéria sobre o Anjo da Guarda e informamos que em anexo, haveria uma oração para que você levasse consigo e pudesse faze-la onde e sempre que quisesse. Porém, houve uma falha e esquecemos de anexa-la. Pedimos desculpas pelo nosso esquecimento e a anexamos agora, nesta edição. Agradecemos a compreensão!

O bem q

ue se faz paga o mau que se fez!

Preto Velho João do Congo

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