Costumeira: viagem comum

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Carola Santos Costumeira: Vi a g e m c o mu m

1a edição

It aj aí - S C Caroline Santos da Silva 2016

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)

C237c

Santos, Carola.

Costumeira: viagem comum / Carola Santos. – Itajaí (SC):

Ed. do Autor, 2016.

70 p. : il. ; 11,50 x 15,50 cm

ISBN 978-85-921866-0-9

1. Literatura brasileira - Poesia. I. Título.

CDD-B869.1

Costumeira: Viagem comum de Carola Santos Itajaí, 2016 ISBN - 978-85-921866-0-9 Projeto gráfico - Felipe Gallarza Fotografias - Caroline Santos da Silva Revisão - Sergio Antonio Ulber “Fundação Cultural de Itajaí - FCI Projeto Meu Primeiro Livro”

Cada vez que como um lugar a digestĂŁo ĂŠ lenta, quando como, transmuto-me em imagem quero nomear, mas quase sempre vira frase.

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O vulgo Vassourão, foi minha fonte de ouro lapidado em 28 verões, cidade de portão no mar fez com que me juntasse a ele desde cedo.

Costuro algodão, desde cedo.

Minha avó, do lado de mãe, depois de tanto procurar, era benzedeira.

Querendo descobrir minha ancestralidade, senti que ela nasceu de uma batata na beira do braço do rio que enche, perto de casa.

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Rodo por tudo, o que quero mesmo ĂŠ callejear por tudo e ter certeza que quando volto tenho meu lugar.

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E sobre a outra avó, por parte de pai, que não era benzedeira,

esta

viajava a pé.

Rotas a pé digitadas em gps digitais não eram acessíveis nos anos 30, ir a São Francisco do Sul, a rota preferida, levava as mesmas rotações do sol que ir de avião para o japão três vezes ou mais,

disso importa, ficou um pedaço disso.

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Compartimento emotivo, Nasci no VassourĂŁo me imaginei sempre pequena no meio de vassouras

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Depois que caí num buraco Só fui caindo Cada vez mais E nele sentia chuva

Era bom sentir Mesmo em um buraco 

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Pela pele com agulha Faço de tempo em tempo Apago um pedaço mínimo Troco por tinta

Pelo pelo corto Até ele ficar separado do buraco do fundo

E, de repente, células novas todo dia

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Pelos olhos fecho Por muito tempo Eu como a piscina

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Corra, As seis da manhã Do São Vicente até A água mais próxima Para se banhar

Use as mãos Como se estivesse agarrando Abra os olhos e sinta arder Até não poder mais

Suicídio se for um rio, Prazer se for no mar.

Assim consegues dar todo o valor Que ela tem..

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Das realidades que captei mudei-as para a minha, e te entrego um pedaรงo.

Estรกs com isso na mรฃo,

agora come.

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Tudo ĂŠ risco De luz, o tempo todo Seres captam a atividade do sol E criam imagens Que as acompanham e mudam As realidades em torno.

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O pixel pode ser relacionado ao pensamento Recortes exacerbados da realidade são manipulações Tristes na fotografia, Palavra de um professor, faz um tempo.

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Grandes cidades, Grandes transmutações, Palavras de um amor longo.

Faz pouco tempo.

Em Bogotá as mulheres são valentes, Os homens românticos

Há algo de triste Preso nos grandes mármores das praças centrais Algo de inacessível, Talvez o pacífico

Os jovens ricos da cidade Têm medo de tocar as areias Do mar calmo

Essas areias tem um peso grosso Que vira rocha.

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Mulher valente e homem apaixonado, Bogotรก, abril 2015

Estamos sempre Se aprontando

Me apronto Para algo que gosto de sentir.

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Seria melhor se todos Vivessem em duas rodas Sem petrĂłleo Com buzinas com som de vento.

Tenho pernas, Civilizaçþes viajaram com elas.

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Vontade de gritar, disse o jovem de Bogotรก, Bogotรก, abril 2015 22

Jean-Paul Bourdier: Projeta a cena em desenho Pinta dentro da foto Fala sobre a mistura de cĂŠlulas E sabe falar espanhol.

Fiz uma feira de foto Todos sorriram e levaram uma realidade minha que roubei de alguĂŠm.

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Tímidos são os que tem em mente o Orgânico ser

Um brasileiro, Uma neozelandesa, Plantam café em uma fazenda na colômbia,

Um jovem de Santander Cria vídeos para o governo.

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Eu quis conhecer o pacĂ­fico.

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Afogo acĂşmulos E deixo secar no sol

Tomei sol no chafariz No meio da zona rosa Me bronzeei de luz.

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Como se estivesse na praia triste Cheia de gente contenta

Estava um mês longe da praia Dez anos dentro do mar

Um mês é muito, Dois mais ainda De biquíni, quinze graus Em qualquer lugar Estarei contigo água

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28

Conheco, Um comeรงo sem fim

Como ter fim um Aprendizado sobre o outro?

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Amor e afeição na Cidade do México, em maio de 2015

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Literatura de lataria na Cidade do MĂŠxico, em maio 2015

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Pegou ela na mão E

Passou na cabeça Como se fosse se arrumar Para ir ao México

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Pelou-se pelado de Ficar sem pelo, sobrou sĂł 7 barbas Para contar estĂłria

E um bigode Para pendurar as dĂşvidas

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conforto

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Transmuto-me Mas ainda não entendo

Respirando fundo Deliciei um desapego de padrões de pensamento Consequência: movimento gera mais movimento Eu falei para ele trocar energia com você Mas não estavas aqui, estavas em outro lugar Ele busca o mesmo ar que eu.

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Padrões Formatos inativos de: Outros

Nada melhor do que um Psicólogo-ativo

Nada melhor do que um Psicólogo-ativo

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Uruguai Mora na terra Transcendental.

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Buscona, Em punta guarda dinheiro Sรณ no colchรฃo, Pra chamar o graรงom do quinto andar

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Bons Jardineiros, Poucas suculentas E moรงas amando garรงons No quinto andar.

De janeiro a janeiro Dinheiro para o governo.

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A contemplação do vazio É o que revigora, A contemplação de uma tormenta deixa Forte,

Assim, quebro o tempo todo E vivo me colando, cloconando Pedaços raros de outros.

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Bambus no Uruguai, fevereiro 2014

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Tento as vezes, Latineando pela parte traço Uma laranja do ocidente de baixo Essa foi a pior.

Meu vestido é vermelho febril E não quero chamar atenção O que sou hoje não digo Eu respiro.

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Crianças na praça as duas da manhã, Cantando e dançando tango e os avós também, Uruguai, fevereiro de 2014.

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churros, Uruguai.

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Depois que passou Por um tempo

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Olhei nos olhos profundamente E foram os quatro minutos mais aquáticos de mim Ele no mar e eu também Em outra vida que quis ter um dia

Mas entre os quatro, Olhei as vezes para baixo Fui tímida e despercebida A despercebida que toca sem querer nas mãos Contei de três a quatro mãozadas em outra atmosfera

Apropriação do pescoço por alguns segundos As mãos deviam estar leves O beijo que deveria pesar uma tonelada

E a água me disse: ah! não seja tão carola!

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Tento documentar situaçþes de risco As vezes consigo Quando não consigo fico assim, Carente do mar e repleta de palavras-chave.

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pescados e รกgua profunda, Uruguai, fevereiro 2014

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Poeta mesmo é Carlos Lira, Poeta mesmo é Zé da Luz 49

Eu recifo de janeiro a janeiro Tanta euforia para comer num carnaval.

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Sobreposição, Recife, fevereiro 2015

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Senhora, Com a galinha preta na mĂŁo De turbante vermelho com flores de jasmin Fizeste um prato colocaste o alho Junto de um sĂł.

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Pés descalços Aqui tem.

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espaรงo, Recife, fevereiro 2015 54

Ele cruzou os braços como se fosse um mudrá Depois abriu os braços como se fosse voar A cidade ficou sem luz Ficou escura Do fundo dá de ver o mangue Roubaram a fiação

É tudo escuro no mangue quando anoitece O tempo não existe, o que existe é o som O tempo não existe O que existe é o celular

Fazer a mala é nostalgia Ele está longe dela e sempre Pergunta dela

Roubaram a fiação, A comunidade ficou sem luz.

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A praia é um cemitério

A praia triste tem três portais

Praia e Morte Favela e Morte Sobreposição de piso Sobreposição de imagem

Praia, Casas com muito cimento e muito azulejo Azulejo na frente Dentro, Casa apertada uma dentro da outra

Túmulo, morar em um túmulo Parece o que vejo.

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Crie coragem e vá lá ver Não sabes do que escrevo O endereço é este

Há uma lage com uma piscina 20 reais o dia, more lá por um tempo Cemitério de vivos, casa túmulo Com praia a mil metros de distância.

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A seca ta brava O rio não corre mais

Eu vou comer uma flor ou Um livro qualquer

Essa batata não veio do pé Essa batata não cresce do pé

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Borboletario.

Experimento, Transcendental

DifĂ­cil conversar com a borboleta sozinha FĂĄcil ouvir borboletas falando entre si.

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Há espaços que são de outros Que tornam-se nossos Quando habitamos um pensamento Estamos prestes ao suicídio

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Suicídio do que já foi eu Esta é minha favorita

Sapatos apertados nunca me deixam em pé.

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PAI Isso não é crônica É um registro do meu consolo Quando me aproximo daquilo Me distancio Aí que encontro a rara 62

Contemplação do tudo

Tudo e Nada para fazer

O Gilberto Gil eu Também sou canceriana

Bacana Nasço todo dia no sul

Estudei moda e gosto de você Dizem que sou Mas você é mais.

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Estava longe Não entendo o que ele diz Se pudesse voltava no tempo Eu queria nascer de novo Eu não sei o que pensar Eu não queria que isso acontecesse Meus cinco filhos felinos morreram envenenados.

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sair do mundo azul e branco desligar mรกquinas do tempo entrar na bolha do desenho quem quiser falar comigo tem que entrar na bolha

Aquรกrios do futuro PEIXES de plรกstico

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Carola Santos é natural de Itajaí (SC). Desde cedo desenvolve conexões entre palavras, fotografia e performance. Graduada em Design de Moda (2007) e especializada em Fotografia (2012) pela Univali, é professora nesta instituição, pesquisadora do Núcleo Catarinense de Fotografia (NCF), produtora da A-Polpa e batuqueira de Maracatu de Baque Virado.

Em Colarentu (2014), utilizou o processo de criação como cura, atuando na performance que se transforma em escultura, ensaio fotográfico e audiovisual. Em Design, desenvolve slow fashion e projetos sobre caminhos do movimento do corpo como cura de traumas, sendo metodologia para criação.