Agir com os Jovens em situação NEET

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PlataformABC AÇÕES DE BAIXO PARA CIMA

os Jovens em situação NEET

AGIR COM

Pontos de referência para uma intervenção social eficaz, colaborativa e solidária. CONCEITOS, INICIATIVAS E EXPERIÊNCIAS.

Associação KELVOA Produzido e editado pela Caixa de Mitos – Agência para a Inovação Social


ÍNDICE Laboratório de Inovação social

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Pontos de referência, André Chauvet

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O desenvolvimento do poder de agir individual e colectivo, Yann le Bossé

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Adaptar metodologias, técnicas e instrumentos na

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intervenção com jovens em situação NEET - Carlos Ribeiro Ações, iniciativas e experiências

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Peritos da Associação Kelvoa

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Outras Iniciativas

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Laboratório de Inovação Social Acompanhar pessoas, organizações e comunidades favorecendo o seu poder de agir e, em consequência, contribuir para o desenvolvimento social e sustentável, constitui no seu conjunto, um sentido de atuação da Associação KELVOA, que foi criada por um grupo de peritos europeus – Collectif Kelvoa para facilitar o encontro e a partilha de práticas e iniciativas entre os profissionais do Acompanhamento em vários domínios tais com a orientação, o trabalho social, a saúde, a educação, a formação, a cultura e a cidadania. É em torno das ideias de partilha e de cooperação que tem sido construída esta associação numa lógica de respeito de todos e de cada um. Em suma, um Laboratório de Inovação Social específico para os temas do Acompanhamento, dando voz a profissionais e pessoas acompanhadas, intervindo no debate público quer sobre os aspectos científicos e técnicos quer ainda sobre os de dimensão ética.

Reflexão sobre experiências relevantes Recentemente o Colectivo Kelvoa - três dos seus membros em particular, André Chauvet, Agnés Heidet e Carlos Ribeiro - envolveu-se na organização e dinamização das Jornadas Internacionais de Lisboa realizadas em Maio de 2016 que foram promovidas no âmbito da Plataforma NEET – ABC e participou posteriormente na animação de outras iniciativas locais. Desta colaboração resultou uma reflexão cujo resultado é aqui publicado a par de notas informativas sobre as atividades propriamente ditas levadas a efeito naquelas ocasiões. Carlos Ribeiro Colectivo KELVOA Caixa de Mitos – Agência para a Inovação Social Co-dinamizador da Plataforma NEET - ABC

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Reflexões produzidas a partir das Jornadas Internacionais de Lisboa realizadas em Maio 2016 no âmbito da Plataforma NEET-ABC e de outras iniciativas locais posteriores.

André Chauvet, Yann Le Bossé, Carlos Ribeiro

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Como analisar as problemáticas de ROTURA, ABANDONO, DESISTÊNCIA?

AGIR

SOBRE O QUÊ E COMO?

Como ORIENTAR-SE num mundo incerto? Como fazer ESCOLHAS PROFISSIONAIS?

Como construir “SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM” diferentes dos tradicionais quadros de formação?

Como ajudar as pessoas a ir no sentido do que é importante para elas? Como apoiá-las fazendo

COM ELAS , em vez delas?

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Acompanhar supõe um “CAMINHAR A PAR E PASSO ” integrando os desvios e as surpresas, por oposição a um processo que bastaria reproduzir para garantir o resultado. André Chauvet, Presidente da Associação KELVOA

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I - Pontos de referência André Chauvet, Presidente da Associação KELVOA

1. PREVENÇÃO E IDENTIFICAÇÃO: COMO ANALISAR AS PROBLEMÁTICAS DE ROTURA, ABANDONO, DESISTÊNCIA? AGIR SOBRE O QUÊ E COMO? Se é verdade que há consenso sobre a necessidade de tomar em conta as dificuldades de inserção da juventude num momento em que as tradicionais estruturas de intervenção são menos eficazes (ciclos de estudo mais longos não protegem do desemprego, as situações laborais continuam precárias, os percursos são mais complexos e aleatórios), as respostas propostas nem sempre estão à altura dos desafios. Oscilam entre respostas macroeconómicas (facilitar o crescimento e a criação de empregos, simplificar e facilitar o recrutamento dos jovens, etc.) e intervenções junto dos jovens (facilitar a sua empregabilidade, reduzir os obstáculos pessoais encontrados, etc.). Nada deve ser descurado e temos todos consciência que os fatores são múltiplos, que interagem e que não há, portanto, uma solução única para o problema encontrado. Tudo pode levar ao desencorajamento, tanto das pessoas como dos profissionais que as acompanham. Os quadros de reflexão são eles próprios agitados pelo desenvolvimento acelerado de outras formas de trabalho (percursos híbridos, transformação dos conteúdos do trabalho com a digitalização, processos de marginalização amplificados por todos estes fatores conjugados…). As noções de prevenção e de identificação são essenciais, mas devem ser clarificadas. A prevenção interessa-se pelas condições a implementar para impedir que a dificuldade se apresente. A identificação é mais um processo de diagnóstico. Pressupõe a identificação dos sinais que nos levam a pensar que há risco de abandono. Foram levados a cabo numerosos trabalhos sobre o diagnóstico precoce. Apresentam limitações pois não levam em conta os contextos que geram essas problemáticas. Se é verdade que permitem intervir mais cedo, nada dizem sobre as causas e podem igualmente amplificar os riscos de estigmatização. E a fraca autoestima e a sensação de não poder agir já estão muito presentes nesses jovens. A noção prevenção parece-nos mais interessante e menos explorada no campo das políticas de juventude. Obriga-nos a perspetivar as coisas de forma diferente e a colocar questões muito concretas. O que faz com que um jovem se sinta ator? Se sinta visado? O que faz com que ele tenha a sensação de controlar um pouco a sua própria vida? O que faz com que ele se sinta pertencer a uma comunidade alargada, além das suas relações de proximidade? É à volta destes desafios que se situam os nossos modos de intervenção. Podemos evocar cinco: O primeiro baseia-se no contexto. Visa permitir aos jovens que ajam sobre o seu próprio contexto de vida (local de formação, habitat, lazer, solidariedade entre gerações, eco-cidadania). De igual modo, procura desenvolver as condições coletivas de um clima de convívio salutar, alegre e informal (muito importante para os jovens que desistem rapidamente quando o clima é pesado ou demasiado institucional).

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O segundo baseia-se na cooperação. Essa cooperação não se limita ao trabalho de equipa, mas também a contribuir para a própria definição do projeto coletivo. Com a ideia de que este projeto possa ser federador, que cada jovem possa nele reconhecer um pouco o seu contributo. A energia mobilizada é então multiplicada. O terceiro tem por objetivo que cada jovem possa mobilizar competências nas atividades propostas ou co-construídas (pois este nem sempre tem consciência das suas capacidades). Não se procura avaliar os entraves ou os obstáculos, mas antes a ativação de recursos, que pode nunca ter tido a oportunidade de exprimir. O quarto visa abordar as questões individuais (obstáculos pessoais, nomeadamente) simultaneamente com o trabalho coletivo (e não previamente), mais numa lógica de “de caminho” sem fazer da supressão dos entraves uma condição de compromisso. Estes 4 parâmetros (contexto, cooperação, ativação das competências em contexto, trabalho individual simultâneo e paralelo) visam todos permitir uma nova mobilização do poder de agir e, portanto, da ação (o controlo) da pessoa sobre a sua própria situação, tendo em conta o que é essencial para ela (e não necessariamente para nós). É o quinto parâmetro. Retomar o controlo da sua própria vida, sentir-se menos impotente, menos vulnerável. Aplicado à formação inicial, este modelo de compromisso contribuiria sem dúvida para reduzir os abandonos precoces. Estes diferentes modos de ação baseiam-se numa abordagem muito pragmática do compromisso e da perseverança, pois o compromisso dos jovens está ligado a vários fatores. • A relação com o tempo: caráter imediato: É quando? • A relação com a utilidade: perceção da utilidade singular: para que me servirá? • A relação com a complexidade: é demasiado complicado. • A relação com a incerteza/o riso: é mesmo seguro? • A relação com o valor do que é proposto e acessível: É interessante para mim? • A relação entre os esforços necessários e a probabilidade de obter um resultado interessante (para si): Será que vale a pena? • A relação com o compromisso: É reversível? Bastante simples, esta grelha permite evitar juízos de valor a priori sobre os jovens e, sobretudo, estruturar modos de intervenção e temas de trabalho cooperativos.

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2. ORIENTAÇÃO: COMO ORIENTAR-SE NUM MUNDO INCERTO? COMO FAZER ESCOLHAS PROFISSIONAIS? A pergunta é difícil para a juventude que tem a sensação justificada que as evoluções são rápidas e que é bem difícil fazer opções que serão postas em causa pelas incessantes e aceleradas mudanças do mundo do trabalho. Questionar o apoio aos jovens em termos de orientação pressupõe levar a cabo uma reflexão mais geral sobre os efeitos do contexto atual sobre as situações e os percursos profissionais das pessoas: multiplicação das transições ou das roturas, não linearidade, imprevisibilidade, riscos de desclassificação, vulnerabilidades que tomam formas novas e persistentes, reforço de determinismos sociais, etc. São muitas as consequências de uma globalização das trocas que aceleram a obsolescência rápida das referências individuais e coletivas e submete cada um a novas e permanentes ameaças. Essas evoluções aceleradas e gerais levam a uma reflexão tanto política, estratégica como metodológica sobre as formas mais adaptadas de aconselhamento às pessoas para enfrentar essas situações, ao longo da vida. Tal requer uma abordagem alargada que tome em conta simultaneamente a multiplicidade dos fatores de ação, como também a sua interdependência. Tal pressupõe que se especifiquem vários pontos: Clarificar a noção de orientação neste mundo incerto Num mundo estável, a qualidade do processo de orientação está fortemente correlacionada com a definição do objetivo (o objetivo profissional, o projeto). A ideia é que a mobilização das pessoas está associada à sua atração por este objetivo e que farão os esforços necessários para o atingir. Num mundo incerto, as coisas não se passam assim. Os riscos são numerosos, os planos de ação só raramente são implementados tal como estavam definidos. Além do mais, as evoluções do mundo profissional são rápidas e novas oportunidades estão a aparecer. A ligação entre a formação inicial e o emprego está bem mais diluída, dispersa. Nesse sentido, a orientação é, pelo menos, tanto um processo de regulação (fazer um balanço, regular, reajustar constantemente) como de planificação rígida (ter um objetivo, estabelecer um plano). É pois a questão da agilidade que está no cerne do apoio às pessoas, no campo da orientação. Identificar a natureza da ajuda a dar Concretamente, tal quer dizer que devemos poder ajudar os jovens a identificar o que é importante para eles, o que os mobiliza, mas, igualmente, permitir-lhes serem abertos, curiosos, descobrirem mundos profissionais desconhecidos, viverem experiências de aprendizagem que enriquecerão as suas representações de si mesmos e do mundo. Trata-se de permitir a todas as pessoas que façam escolhas conscientes e esclarecidas. Para tal, os objetivos são múltiplos: • Abrir-se ao ambiente socioeconómico e desenvolver a sua curiosidade. • Descobrir pela experiência o que nos apaixona. • Estar atento às evoluções do mundo do trabalho e procurar desenvolver os seus talentos ao longo da vida por múltiplas formas.

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Identificar as modalidades de intervenção mais adequadas Nesse plano, o processo de ajuda à orientação baseia-se em vários registos complementares: • A dimensão informativa: desenvolver o conhecimento do ambiente (mediação da informação): saber pesquisar, descobrir quer através da experiência real, quer através das oportunidades das ferramentas informáticas, saber utilizar os seus direitos de acesso à formação ou ao emprego. • A dimensão educativa: aprender a descodificar as informações, desenvolver o espírito crítico, definir o que nos entusiasma e nos motiva, aprender a decidir em situações de tensão, aprender a fazer opções esclarecidas… • A dimensão da experiência e da cooperação: fazer escolhas pressupõe ter pontos de referência não unicamente livrescos ou académicos, mas também pessoais, de vivências e coletivos. Neste plano, o trabalho de orientação pode beneficiar grandemente de ações coletivas e cooperativas (cidadania, reabilitação, arte e cultura). É essencial iniciar dispositivos que permitam orientar-se na complexidade do mundo e dar provas de agilidade para identificar os recursos e as oportunidades do momento. Tal pode contribuir para mais equidade social, nomeadamente para as pessoas afastadas dos sistemas institucionais.

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3. A FORMAÇÃO: O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS PELAS PEDAGOGIAS DO DESVIO, OS CONTEXTOS INFORMAIS, AS ATIVIDADES DESPORTIVAS E ARTÍSTICAS. Um primeiro ponto é essencial. A FORMAÇÃO É UM MEIO. O que está em jogo é o desenvolvimento de competências que poderão ser mobilizadas pelos jovens em diferentes contextos de trabalho ou mais amplamente nas suas vidas sociais. O que coloca a difícil questão da construção de “situações de aprendizagem” longe dos tradicionais quadros de formação que são com frequência uma má recordação para estes jovens. Para muitos deles em situação de exclusão, a relação com a escola, de moldes formais de aprendizagem, está consideravelmente degradada. Em algumas ocasiões (leia-se com frequência), aí experimentaram dificuldades e raramente tiveram a oportunidade de serem valorizados em sistemas académicos nos quais as suas aptidões quase não eram postas em prática. Aprender está pois frequentemente associado a um constrangimento, e, sobretudo a uma experiência potencialmente desagradável. Encontrar meios para contornar essas representações é um desafio pedagógico universal. Fala-se de desvios da linha recta, como um meio de contornar os obstáculos cognitivos e encontrar contextos propícios à mobilização de competências. Tal pressupõe estar atento a um certo número de princípios suscetíveis de mobilizar os jovens. São várias as dimensões a ter em conta: • A dimensão experiência a viver (e não apenas uma mensagem a ouvir e aplicar). Para os jovens, trata-se de ser parte integrante de uma realização ou de uma reflexão ancorada na realidade. • A dimensão desafio: o jogo é uma das estratégias de desvio mais interessantes. Imprime ritmo, intercâmbio e dinamismo. • A dimensão de aprendizagem: o que é proposto deve implicar obstáculos e conhecimentos. • A dimensão cooperativa: os problemas a resolver nos quais os projetos a implementar são analisados e resolvidos de forma participativa. Os conceitos ou noções só são introduzidos quando necessários e quando permitam compreender melhor um problema ou identificar soluções. Nunca são apresentados a priori e aprendidos na sua integralidade. Constrói-se progressivamente o saber apenas necessário (“Just enough”) à realização perspetivada. O saber é construído em situação e não apenas aprendido e aplicado. Neste sentido, as abordagens de desvio permitem às pessoas viverem uma experiência de aprendizagem na qual possam ativar competências que tenham, que possam ser mobilizadas (neste contexto, pode falar-se de “Capacitação” no sentido de Amartya SEN) mas que nunca utilizaram. Excelente meio para lutar contra o sentimento de impotência. E, sobretudo, aprender múltiplas coisas, de ânimo leve, ao percorrer o caminho… Assim, numa experiência levada a cabo por uma Missão Local (ML Art, Missão Local do Pays Salonais), os jovens vivem uma experiência coletiva durante a qual se tornam comissários de uma exposição artística, apesar de, a priori, não terem qualquer competência nesta matéria. O desafio (conceber e organizar uma exposição artística) exige numerosas competências e recursos que serão progressivamente mobilizados: definir o tema, solicitar os artistas, coorganizar a parte logística, comunicacional, etc. São poucos os que disso farão profissão. Mas isso não importa: o que eles terão vivido e aprendido em pouquíssimo tempo é insubstituível!

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4- DEACOMPANHAMENTO: COMO AJUDAR AS PESSOAS A IR NO SENTIDO DO QUE É IMPORTANTE PARA ELAS? COMO APOIÁ-LAS SEM FAZER EM VEZ DELAS? A noção de acompanhamento está muito divulgada em França, mas nem sempre utilizada em outros países europeus. Remete para várias noções próximas (apoio, ajuda, respaldo, conselho…) sem que a natureza desta relação seja claramente definida. Pressupõe a clarificação de um certo número de pontos: Uma finalidade: acompanhar é dar um apoio que permita à pessoa fazer qualquer coisa que esta faria mais dificilmente sem este acompanhamento. Nesse sentido, não se trata de fazer na sua vez, de se posicionar como perito, de se substituir à pessoa devido a uma vulnerabilidade passageira. Também não se trata de a remeter ao seu livre arbítrio, pois pode ficar desarmada e sentir-se impotente face à complexidade do seu ambiente. • Intervir enquanto profissional do acompanhamento neste âmbito, é chegar a um acordo e aceitar: • Que este processo não é linear. • Que o que vai acontecer não está predeterminado. • Que as hipóteses sejam construídas colaborando com a pessoa, ao percorrer o caminho. • Que a pessoa continua dona da sua situação, parte integrante e livre nas suas opções e decisões. • Mas que o apoio que lhe é proposto torne esta responsabilidade acessível e mobilizadora, e não aterrorizadora ou culpabilizante.

Um processo Acompanhar supõe um “CAMINHAR A PAR E PASSO” integrando os desvios e as surpresas e por oposição a um processo que bastaria reproduzir para garantir o resultado. O processo de acompanhamento supõe: • Um modelo holístico, global, sistémico. • Uma lógica de equilíbrio a encontrar e de dinâmica a impulsionar, mais do que de resultados a atingir a curto prazo. Isso não quer dizer que a preocupação da eficácia e da eficiência não deva nortear a ação. Mas o destinatário do serviço é a pessoa visada, na sua singularidade. • Uma valorização do poder da ação (o primeiro passo), da contribuição e da iniciativa. • Uma abordagem aberta que permita à pessoa alargar as suas perspetivas. • Uma valorização dos seus recursos, mais do que uma identificação do que é necessário compensar. • Uma disponibilização dos recursos mais pertinentes na situação da pessoa acompanhada. • Um recurso ao apoio social e ao exercício da solidariedade. Uma postura A forma de ser e de pensar do profissional (a sua postura) tem uma influência sobre a sensação de poder agir da pessoa sobre a sua própria situação. Determinadas posturas extremas (controlo social, salvador, militante…) podem ter impactos negativos.

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Para tomar tudo isto em conta, o acompanhador procura, a cada passo, apoiar-se em alguns princípios de ação: • O acompanhador garante a qualidade e a pertinência do processo metodológico proposto, negociado, deliberado. • Não procura exercer o seu poder de perito para levar a pessoa a adotar o seu ponto de vista. • Tem consciência de ter recursos ou outros pontos de vista para colocar à disposição da pessoa. • As competências especializadas são constantemente negociadas. • Visa a colaboração, a co-construção e a deliberação. • Propõe ajustamentos contínuos durante o processo. • Estrutura, apoia, disponibiliza ferramentas, encoraja, elucida. • Empenha-se enquanto pessoa neste acompanhamento, ao mesmo tempo que clarifica o que é da alçada da sua profissão e dos limites próprios do dispositivo no qual intervém.

Em todos os casos, a pessoa é dona da sua situação1. Em concreto, a adoção desses princípios de intervenção pelo profissional permite realizar um trabalho de apoio mais próximo da realidade das pessoas. Baseia-se numa visão pragmática e num simples questionamento: “O que é importante para si aqui e agora?” E numa evolução progressiva da situação na qual a pessoa continua a ser visada, a ser parte integrante: “O que é que para si é possível fazer agora, tendo em conta o que já evoluiu?”. Baseia-se numa visão humanista e respeitosa das pessoas. Pode contribuir para “Permitir às pessoas viverem a vida que tem valor aos seus próprios olhos.” Amartya SEN

1 - Ver os trabalhos de Yann le Bossé sobre o DPA (Desenvolvimento do poder de agir individual e coletivo).

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II - O desenvolvimento do poder de agir individual e coletivo (DPA segundo Yann Le Bossé)

Yann Le Bossé, Professor da Universidade de Laval (Canada) «O sofrimento não é unicamente definido pela dor física, nem mesmo pela dor mental, mas pela diminuição, leia-se a destruição da capacidade de agir, do poder fazer, sentidos como um golpe à integridade do si.» Paul RICOEUR 1990

1. DO QUE ESTAMOS A FALAR? • Um processo de ganho de controlo sobre o que é importante para o eu, os seus próximos ou a coletividade à qual nos identificamos; • A possibilidade de regular os acontecimentos da nossa vida, de ter um impacto sobre o que nos acontece; • De sair da impotência e de retomar o controlo das nossas vidas, mas não no sentido de um dever de agir; • Isentar-se e não adaptar-se (pois alguns ambientes são patogénicos e não é possível adaptarmo-nos sem nos prejudicarmos); • Isentar-se, é libertar-se dos laços, é ultrapassar obstáculos à sua medida; • É dar «O maior passo possível aqui e agora»: agir é começar; • Está também ligado à minha capacidade de construir com os fracassos e, portanto, de definir desafios acessíveis e mobilizadores; • É viver a experiência de avançar ao meu ritmo, ao mesmo tempo que mudo progressivamente a minha visão sobre mim e sobre a situação.

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2. UMA RESPOSTA A MODOS DE INTERVENÇÃO NOCIVOS. Pois esses modelos… • Repousam numa lógica prescritiva (a definição do problema e da solução é, em parte, pré-construída de forma unilateral) • Confinam as pessoas interessadas a uma responsabilização (individual ou coletiva) profissional mais ou menos unilateral • Limitam a possibilidade que os interessados têm de se apoiar nas suas experiências para ultrapassar a dificuldades que encontram.

3. AS HIPÓTESES. • A relação si/não si é bidirecional. Desenvolve-se de acordo com uma lógica transacional baseada na singularidade dos contextos. • A competência: possibilidade de “produzir e regular os acontecimentos da sua vida”. Isto é, ter controlo sobre o que é importante para si, os seus próximos ou a sua comunidade. • O sofrimento: Impotência percecionada e/ou vivida para “produzir e regular os acontecimentos da sua vida”. • A origem do sofrimento: adquirida por experiências que levaram à deterioração da relação com a ação. • A intervenção: consiste em reunir as condições do restaurar da relação à ação nos contextos em que não permite ou não permitirá mais “produzir e regular os acontecimentos da sua vida”. • Os critérios de sucesso: libertação efetiva relativamente às dificuldades associadas à deterioração da passagem à ação. Pode tomar a forma de uma mudança apreendida e concretamente conseguida ou de um reenquadramento cognitivo ou, ainda, dos dois ao mesmo tempo (é o caso, na maioria das vezes).

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4. AS CONSEQUÊNCIAS. • A mudança pretendida é a libertação (a reunião das condições necessárias para ultrapassar o obstáculo) e já não a adaptação. • Começa-se a deliberar sobre o que é importante e sobre o que pode ser alterado, o que pode evoluir. • A mudança é contextual. As invariáveis só existem no plano das funções de síntese cognitivas. • A intervenção incide simultaneamente sobre as condições individuais e estruturais necessárias ao desbloqueio da situação. A mudança é elaborada a partir das competências já disponíveis: “Tal como estou, estou em medida de iniciar o processo de mudança que pretendo”, tendo presente a ideia que os termos do problema evoluirão pouco a pouco. • A mudança é co-construída e baseia-se numa negociação das competências: a pessoa é competente relativamente à sua situação / o profissional é competente relativamente ao processo. • A pessoa visada é a atriz da mudança. O interveniente age como um “companheiro de projeto”.

5. UM PROCESSO À VOLTA DE 4 EIXOS. • A adoção de uma unidade de análise “Atores em contexto”: inclui simultaneamente os desafios das pessoas visadas e o contexto no qual se inscreve este processo de mudança. • A tomada em linha de conta do ponto de vista das pessoas visadas na definição do problema e das soluções perspetivadas. • A tomada em linha de conta dos contextos de aplicação (por oposição a soluções universais: o que é pertinente para uma dada pessoa aqui e agora não é transponível para outra pessoa ou em outro ambiente. • A introdução de um procedimento de consciencialização (tomada de consciência, reflexividade).

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Carlos Ribeiro, Fundador e membro do Collectif Kelvoa, Caixa de Mitos – Agência para a Inovação Social

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III - Adaptar metodologias, técnicas e instrumentos na intervenção com os jovens em situação NEET Carlos Ribeiro, Fundador e membro do Collectif Kelvoa, Caixa de Mitos – Agência para a Inovação Social

1. JOVENS NEET, NÃO! Importa combater a tendência para a formalização de um estatuto social colado aos jovens denominando-os por jovens NEET, criando uma dinâmica de marginalização e de guetização através da linguagem, como aliás aconteceu com os desempregados, confundindo o "estar desempregado" com o "ser desempregado", ou seja criando para os próprios e para a sociedade no seu conjunto uma leitura da situação de desemprego como um "modo de vida" e não como uma situação concreta "face ao emprego". A acumulação de várias carências ou de várias situações sociais negativas, em simultâneo por parte de jovens com expressão no emprego (ou na ausência dele) na escola (ou no seu abandono precoce) na formação (ou no desinteresse por ela) surge como representa apenas e só uma ponta do iceberg daquilo que é verdadeiramente dramático que é a "vida em precariedade" que marca os tempos actuais e a dinâmica social mais intensa da sociedade. Estar em situação de emprego, mas com contrato a muito curto prazo e com remunerações de salário mínimo; estar na escola, mas saber que o acesso às oportunidades a partir das qualificações será só para alguns e estar no centro de formação, mas ter claro que no final da preparação profissional e dos estágios raros são os que ficam com emprego, neste panorama a questão central não é a da motivação ou do apelo à combatividade dos jovens, mas antes a questão das soluções que invertam ou minimizem as actuais relações de precariedade estrutural. É neste campo que se justifica uma crítica radical ao Mito dos 3Es (empregabilidade, empreendedorismo e empowerment).

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2. QUE ABORDAGENS ESPECÍFICAS PODEM SER DESENVOLVIDAS PARA AGIR COM OS JOVENS EM SITUAÇÃO NEET? Nos 4 eixos centrais, identificação/localização; orientação; formação e acompanhamento podemos adiantar algumas referências:

2.1 - Identificação/localização, como entrar no universo dos jovens em situação NEET, como estabelecer contactos duráveis e facilitadores de intervenções consistentes? Nesta matéria importaria que o olhar dos que se posicionam nesta tarefa passasse a ser o de fomentar oportunidades e de captar para novas propostas em vez de sistematicamente apresentar soluções pré-formatadas e sem qualquer envolvimento dos seus potenciais destinatários. Criar oportunidades e estabelecer pontes a partir da procura em vez da oferta parece ser a forma mais adequada para intervir de forma positiva neste domínio de atuação.

2.2 - Orientação, como inserir na relação com os jovens em situação NEET, uma dimensão projetiva, uma abordagem às possibilidades de futuro? Nesta vertente do trabalho com os jovens o princípio central radica na mobilização para a ação. De nada serve falar de futuro e de opções no campo profissional ou outros, se aos olhos de quem acolhe essas referências nada de verdadeiramente útil poderá acontecer. Agir, fomentar a ação, constitui uma primeira dimensão de "possibilidade" de "hipótese realizável". E nada melhor que o fazer em torno de ações pouco convencionais e de iniciativas que se traduzam em pontos de partida para outras ações futuras.

2.3 - Formação, como introduzir nas ações com jovens em situação NEET a dimensão formativa e o apoio a desenvolvimento de novas competências sem ser através dos modelos convencionais de formação? Para quem se alheou dos processos formativos que foram surgindo ao longo de um percurso de exclusão, não será certamente boa ideia apresentar "a formação" como uma saída para as dificuldades. A rejeição dos modelos convencionais de formação é algo de absolutamente garantido. Nestes termos a abordagem tem que ser realizada pelo lado da valorização pessoal, ou seja propostas de atividades nas quais cada participante se sinta a concretizar algo que deseja e que o/a coloca em situação de expressão das suas reais competências e qualidades. Uma abordagem pedagógica que coloque o/a participante numa situação de domínio e autocontrole ao invés de uma situação de interiorização face a conteúdos que desconhece ou não domina.

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2.4 - Acompanhamento, como apoiar jovens em situação NEET num percurso cujo itinerário é dominado pelas suas opções e as ações a desenvolver baseadas nas suas prioridades Acompanhar e facilitar um processo de progressão que se baseie naquilo que é verdadeiramente importante para quem é acompanhado obriga a abandonar os processos de apoio prescritivos, com soluções pré-formatadas e sobretudo implica colocar-se do lado da "procura" em detrimento da "oferta". A negociação que se instala numa dinâmica de acompanhamento, nestas situações, exige uma postura do profissional que acompanha de humildade e de verdadeira co-construção, sem juízos de valor e sem preconceitos face à rejeição ou à desvalorização das soluções tidas por possíveis ou desejáveis. Os quatro domínios de intervenção acima citados são geralmente antecedidos por iniciativas ligadas à prevenção. È verdade que neste quinto domínio muito há a fazer e nesse quadro de atuação há sobretudo que ouvir e auscultar de forma permanente os jovens que necessitam de apoio ou que poderão vir a necessitar dele. Também na prevenção as melhores soluções são aquelas que se baseiam nas iniciativas desenhadas COM, PELOS próprios jovens e envolvendo as comunidades locais.

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AÇÕES, INICIATIVAS E EXPERIÊNCIAS

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JORNADAS INTERNACIONAIS NEET LISBOA 23, 24 e 25 de MAIO 2016

PlataformABC AÇÕES DE BAIXO PARA CIMA

PROGRAMA JORNADAS INTERNACIONAIS NEET LISBOA 2016 23, 24 e 25 de Maio

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As Jornadas Internacionais NEET Lisboa 2016 reuniram durante 3 dias organismos públicos, associações, centros de formação, universidades, empresas, escolas, autarquias locais, decisores políticos, dirigentes, peritos, técnicos e jovens com uma finalidade de aprendizagem colectiva e de cooperação para responder ao desafio e à pergunta: “Como podemos melhorar a nossa ação com os jovens que se encontram em situação NEET, nem empregados e nem em educação ou formação, para sermos mais eficientes e obtermos melhores resultados?” As interrogações iniciais das jornadas foram as seguintes: - Como identificar jovens nessa situação de exclusão extrema? - Como prevenir de forma eficaz esta situação? - Como realizar abordagens diretas e informais (acolhimento, contacto inicial) fora dos modelos convencionais (gabinete)? - Que competências devem demonstrar os animadores e técnicos de intervenção? - Que recursos podem ser mobilizados nos territórios e nas comunidades locais? - Que condições devem ser criadas para que as soluções partam das prioridadess dos jovens e que tenham uma real capacidade de influenciar as suas vidas pela positiva? - Que mecanismos devem ser encontrados para que as oportunidades nos territórios possam ter pontes para os jovens nesta situação? - E outras interrogações…

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AO LONGO DAS 3 JORNADAS 23, 24 E 25 DE MAIO DECORRERAM AS SEGUINTES ATIVIDADES

PROGRAMA GERAL SEGUNDA – FEIRA 23 DE MAIO NO CNAI | 9h00 - 17h30 ENCONTRO DE ANIMADORES DE PROJECTOS Com a participação de uma trintena animadores de projetos dos Programas Escolhas, Cidadania Ativa/EEA Grants, BIP/ZIP, ERASMUS+JA e de outros programas locais TERÇA-FEIRA 24 DE MAIO NO CENTRO DE JUVENTUDE DE LISBOA DO IPDJ | 9h00 - 19h00 4 ACÇÕES DE FORMAÇÃO Ações de formação participadas por 40 dirigentes e técnicos de instituições que realizam intervenções com Jovens a nível local e nas associações juvenis OUTRAS INICIATIVAS ENCONTRO DE JOVENS | DECLARAÇÃO DE LISBOA Um Encontro com Jovens em Alcântara que contou com a participação de várias entidades ligadas a projetos no bairro do Alvito Velho. Elaboração de uma Declaração sobre as causas da situação e as medidas a tomar relacionadas com os jovens em situação NEET. QUARTA-FEIRA 25 DE MAIO NO CENTRO DE JUVENTUDE DE LISBOA | 9h00 – 18h00 9.00 – 13.00 | OFICINAS TEMÁTICAS 4 Oficinas temáticas com funcionalmente simultâneo em torno dos temas da Prevenção, da Orientação, da Formação e do Acompanhamento que contaram com a presença de cerca de 80 participantes. 14.30 – 18.00 | SESSÃO PLENÁRIA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL Sessão no auditório do CJL – Centro de Juventude de Lisboa preenchida por tês partes: uma institucional com representantes dos decisores políticos, uma segunda com a Conferência de peritos e ume terceira com a apresentação de programas dirigidos aos segmentos jovens da população. NO CENFIC | 9h30 – 16h00 JORNADA PORTAS ABERTAS Acolhimento de jovens nas instalações do CENFIC para informação sobre alternativas de formação profissional NO AUDITÓRIO FERNANDO PESSA | 15h00 – 21h00 (Casa dos Direitos Sociais no Bairro da Flamenga) ACTIVIDADES LÚDICO-PEDAGÓGICAS Festa e espetáculo de e para jovens.

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OS EVENTOS

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SEGUNDA – FEIRA 23 DE MAIO NO CNAI |9.00 - 17.30 ENCONTRO DE ANIMADORES DE PROJECTOS Encontro realizado no CNAI dia 23 de Maio. World Café. Presença de animadores de projectos de várias instituições sendo a maioria dinamizadoras de projectos financiados pelos Programas Escolhas, Cidadania Ativa, BIP - ZIP. Animador do World Café: Carlos Ribeiro | Caixa de Mitos Animadoras de mesas de debate: Vanda Vieira | Cecoa; Margarida Jales | Gebalis, Cláudia Gama | SCMAlmada, Magda Alves | Clube Intercultural Europeu Presença de Luis Madureira Pires (Cidadania Ativa), Miguel Brito (BIP-ZIP) e Pedro Reis (Agência Nacional Erasmus+ - Juventude em Ação.

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TERÇA-FEIRA 24 DE MAIO NO CENTRO DA JUVENTUDE DE LISBOA | 9.00 - 19.00 4 ACÇÕES DE FORMAÇÃO Ações de formação participadas por 40 dirigentes e técnicos de instituições que realizam intervenções com Jovens a nível local e nas associações juvenis Os temas de formação tiveram enfoque nos sistemas de acompanhamento a pessoas, organizações e a comunidades, nos princípios e nas práticas da mediação social e no trabalho com jovens em situação de vulnerabilidade social extrema nomeadamente os que vivem na rua.

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TERÇA-FEIRA 24 DE MAIO Peritos da Associação Kelvoa

Yann Le Bossé

Professor no Departamento de Fundamentos e práticas em educação da Universidade Laval, em Quebec City Livros e direção de obras científicas Le Bossé, Y. (2011). Psychosociologie des sciences de l'orientation : Un point de vue interactionniste et stratégique. Québec : Éditions ARDIS, 557 p. Le Bossé, Y. (2011). Introduction à la psychologie contemporaine (5e édition). Québec : Éditions ARDIS. Le Bossé, Y. (2012). Sortir de l'impuissance : Invitation à soutenir le développement du pouvoir d'agir des personnes et des collectivités. Tome 1 : Fondements et cadres conceptuels. Québec : Éditions ARDIS. Yann Le Bossé é professor no Departamento de Fundamentos e práticas em educação da Universidade Laval, em Quebec City. Dirige o laboratório de investigação sobre o “desenvolvimento do poder de agir” de indivíduos e comunidades. Nos últimos 20 anos dedicou o seu trabalho de investigador a aprofundar os problemas teóricos, empíricos e práticos em torno do desenvolvimento do poder de agir. A sua abordagem inspira práticas de intervenção em domínios muito diferentes e em localizações e múltiplas culturas. A importância que atribui às questões de postura profissional (abordagem cooperativa, negociação entre peritos em presença) e às finalidades do trabalho de acompanhamento (ajudando a recuperar o controle sobre sua própria vida, superar obstáculos aqui e agora) leva a que cada profissional reconsidere a sua posição e papel, mas também os dispositivos técnicos que mobiliza todos os dias.

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André CHAUVET Consultor, Director de André Chauvet Conseil (Marseille, France), Presidente-Fundador da Associação KELVOA André Chauvet tem vindo a intervir nos últimos 25 anos na profissionalização dos técnicos que trabalham nos domínios da inserção e da mobilidade profissional (Balanço de Competências, Orientação, Inclusão…). Especialista em questões de orientação e de “comprometimento/envolvimento” realizou muitos trabalhos a nível nacional (avaliação do dispositivo de Balanço de Competências, informação e aconselhamento sobre o RVCC). Desenvolveu uma abordagem específica ao “acompanhamento” (deliberativa, colaborativa e estratégica) com base no apoio à decisão e mobilizando o poder de agir no contexto de pessoas que são acompanhadas. Muito envolvido na França nos debates atuais sobre a orientação e formação ao longo da vida, publicou vários artigos sobre o assunto. Prossegue a sua investigação em alguns domínios como a não- mobilização de recursos, a questão dos NEETs, as modalidades de apoio às pessoas, o impacto do digital sobre as práticas sociais e o acompanhamento, a mobilização do poder de agir das pessoas e as práticas de acompanhamento alternativo no âmbito da Colectivo KELVOA do qual é presidente e cofundador. Procura desenvolver uma filosofia e ética de acompanhamento que procura ter em conta quer o desenvolvimento socioeconómico, quer os hábitos quer ainda a singularidade de cada pessoa. A sua concepção do acompanhamento implica uma modelização dos processos de trabalho que favorece, por parte de cada pessoa, a mobilização dos seus recursos e avançar para "o que tem valor aos seus próprios olhos."

Agnés HEIDET Psicóloga do trabalho e especialista em ergonomia. Vive em Belfort França. Desenvolve processos de engenharia, de estudo, de acompanhamento e de formação no domínio das transições profissionais. Especializou-se na formação e na investigação em temas relacionados com a orientação, a inserção e a validação dos adquiridos através da experiência. Projecta e implementa intervenções sobre vários temas, tais como os riscos psicossociais, a relação com o trabalho ou a mobilização do poder de agir. Tem uma longa experiência formativa para consultores/animadores das missões locais que acompanham os jovens em França entre os 16 e os 26 anos. Ela também trabalha para as instituições europeias (Comissão, Conselho) sobre questões de orientação profissional. Ela é co-fundadora du Colectivo KELVOA

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Jean-hugues Morales Sociólogo, Coordenador do Programa TAPAJ Com uma formação de educador e de sociólogo, tem vindo a colher e a aprofundar, nos últimos 15 anos, as influências de várias experiências realizadas em França e no Québec. Sociólogo especializado em questões da juventude, das adições, da festa nocturna e da apropriação do espaço público, Jean-Hugues MORALES trabalha na equipa de rua do CEID de Bordéus. Trabalha diariamente com o objectivo de criar ferramentas de ligação para os jovens que desconfiam dos dispositivos clássicos de acolhimento. Jean – Hugues Morales alimenta a sua vontade, o seu trabalho, a sua energia, nos encontros que realiza com os jovens na rua.

Bassou BENYOUCEF Director da Associação Asmoune que tem sede em Séte e Montpellier. Psicólogo do trabalho Vivre avec un handicap mental en situation d'immigration De Leila Acherar, Bassou Benyoucef, Christine Philip, Éd. Du Centre National D'Études Et De Formation Pour L'Enfance Inadaptée, Cnefei Bassou BENYOUCEF tem um percurso atípico com experiências diversificadas. Depois de uma longa experiência na agricultura e o agro-alimentar orientou a sua prática e a sua investigação para as ciências sociais. Dirigiu várias estruturas nas áreas de social, da formação, da orientação e dos recursos humanos. Coordenou e coordena vários projectos europeus e tem participado em várias publicações sobre a integração das pessoas com deficiência, sobre soluções de acompanhamento com apoio informático, guias metodológicos para apoio à criação de atividades e conselheiros em empreendedorismo. Atualmente dirige ASMOUNE uma estrutura que opera nas áreas de integração de pessoas e grupos com dificuldades no plano económico e social (formação dos trabalhadores sazonais, luta contra o analfabetismo e para o acesso a competências básicas, acompanhamentos migrantes seniores). ASMOUE também está acreditada como centro de exames pelo Ministério da Educação Nacional para algumas certificações (DILF, TCF ...) Bassou BENYOUCEF coordenou nos últimos 5 anos o dispositivo de mediadores sociais na região de Languedoc Roussillon. Este dispositivo integra 180 mediadores envolvidos principalmente em bairros prioritários em todos os domínios da vida local tais como: Família, educação, cidadania, cultura, parentalidade e o acesso aos direitos de uma maneira geral. ASMOUNE realiza para esses profissionais acções de acompanhamento. De apoio à mobilidade profissional, cursos de formação profissional, reuniões práticas de partilha de experiências.

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OUTRAS INICIATIVAS ENCONTRO DE JOVENS Um Encontro com Jovens em Alcântara com a participação de várias entidades ligadas a projetos no bairro do Alvito Velho.

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QUARTA-FEIRA 25 DE MAIO NO CENTRO DA JUVENTUDE DE LISBOA | 9.00 – 18.00 9.00 – 13.00 | OFICINAS TEMÁTICAS 4 Oficinas temáticas com funcionalmente simultâneo em torno dos temas da Prevenção, da Orientação, da Formação e do Acompanhamento.

Oficina sobre prevenção

Oficina sobre formação

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Oficina sobre acompanhamento

Oficina sobre orientação

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QUARTA-FEIRA 25 DE MAIO NO CENTRO DA JUVENTUDE DE LISBOA 14.30 – 18.00 | SESSÃO PLENÁRIA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL Sessão no auditório do CJL que contou com a presença institucional do Sr. Secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Rebelo, do Diretor para a Juventude e o Desporto da Comissão Europeia António Silva Mendes, do Alto Comissário para as Migrações, Pedro Calado, do representante da OIT, Michael Axmann e do Vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa, João Afonso. O painel foi enquadrado pela Diretora do CECOA – Centro de Formação Profissional para o Comércio e Afins, Isabel Silva Luís em nome da Plataforma NEET – ABC.

Isabel Silva Luís, Diretora do CECOA

João Paulo Rebelo, Secretário de Estado da Juventude e Desporto

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António Silva Mendes, Diretor para a Juventude e Desporto da Comissão Europeia

Pedro Calado, Alto Comissário para as Migrações e João Afonso, Vereador dos Direitos Sociais da Câmara Municipal de Lisboa

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QUARTA-FEIRA 25 DE MAIO NO CENTRO DA JUVENTUDE DE LISBOA 14.30 – 18.00 | SESSÃO PLENÁRIA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL Conferencista da Universidadede de Laval, Yann Le Bossé Conferencista da Associação Kelvoa, André Chauvet

Yann Le Bossé, Universidade de Laval, Québec, Canada

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André Chauvet, André Chauvet Conseil, Presidente da Associação KELVOA

Conferência de Lisboa, Maio 2106

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QUARTA-FEIRA 25 DE MAIO NO CENTRO DA JUVENTUDE DE LISBOA 14.30 – 18.00 | SESSÃO PLENÁRIA CONFERÊNCIA INTERNACIONAL

Programas para os jovens Conselho Diretivo do IPDJ, Carlos Alves Pereira; Programa Escolhas, Luisa Malhó Programa BIP - ZIP, Miguel Brito Garantia Jovem, Vitor Moura Pinheiro Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação, Alzira Lemos Representante da Associação de Futebol de Rua | Cais, Joana Vilela

Joana Vilela, Associação de Futebol de Rua

Representantes de Programas para a Juventude

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Alzira Mendes Agência Nacional ERASMUS+ | Educação – Formação

Vitor Moura Pinheiro – Garantia Jovem

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Carlos Alves Pereira – Programa Empreende Já!

Luisa Malhó – Programa Escolhas

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Miguel Brito, Programa BIP/ZIP

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NO CENFIC | 9.30 – 16.00 (Centro de formação profissional para a Indústria da Construção Civil e das Obras Públicas do Sul) JORNADA PORTAS ABERTAS

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NO AUDITÓRIO FERNANDO PESSA | 15.00 – 21.00 (Casa dos Direitos Sociais no Bairro da Flamenga) ACTIVIDADES LÚDICO-PEDAGÓGICAS

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FÓRUM JOVEM ALTAMENTE Encontro de jovens ALTAMENTE Covilhã | Julho 2016

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ENCONTROS DE JOVENS ORGANIZAR SESSÕES DE AUSCULTAÇÃO E ENVOLVIMENTO DE JOVENS EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL EXTREMA (NEET) I. ENQUADRAMENTO A necessidade imperiosa de envolver os jovens em situação de vulnerabilidade social extrema nas iniciativas e programas que lhes dizem respeito, ou seja a aplicação do princípio “Nada sobre nós sem nós” , coloca a questão da forma de o fazer com eficácia e com a preocupação de associar ao processo de participação inicial o objectivo da auto-organização. Estamos perante um processo que implica uma sucessão de ações que devem ser coerentes entre elas e que no final devem procurar assegurar um objectivo estratégico, o da Voz organizada dos jovens nas políticas de interesse público. II. OBJECTIVOS GERAIS: Promover a influência decisiva dos jovens em situação NEET na mudança da sua condição. ESPECIFICOS: - viabilizar formas ativas de tomada de palavra, de expressão de opiniões e de ideias; - favorecer iniciativas propostas pelos próprios jovens - estabelecer mecanismo de auto-organização com elementos comuns III. ACTIVIDADE Fórum de “tomada de palavra” .

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MANIFESTO

“NADA SOBRE NÓS, SEM NÓS! VALE A PENA PARTICIPAR!” O Fórum Jovem Altamente reunido a 28 de Julho de 2016 em Tortosendo, concelho da Covilhã, declara: - Os problemas com os quais nos confrontamos não são só de poucos, são de todos; - Queremos apoios na educação, no empreendedorismo e nas condições sociais básicas; - Andamos à procura do nosso lugar numa sociedade com melhores oportunidades para todos; - Queremos perceber e não apenas obedecer - Trabalhemos juntos pra o nosso futuro para que amanhã não seja só o “meu futuro”! .

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Iniciativa-Piloto para os Bairros de Lisboa Agir com os jovens em situação NEET

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ENTIDADES ENVOLVIDAS NA ORGANIZAÇÃO DE AÇÕES NA DINÂMICA DA PLATAFORMA NEET - ABC França ASSOCIAÇÃO KELVOA ASMOUNE – Associação CEID – Bordéus Canadá Universidade de Laval – Québec Portugal ACM – Alto Comissariado para as Migrações ADEPE - Associação para o Desenvolvimento de Peniche APES – Associação para a Promoção da Educação Social Assembleia da República – Parlamento dos Jovens Associação Juvenil de Peniche Caixa de Mitos – Agência para a Inovação Social Casa Pia de Lisboa CECOA - Centro de Formação para o Comércio e Afins Cenfic Centro Social de Palmela CIEJD CINEL Citeforma Clube Intercultural Europeu Câmara Municpal de Lisboa Cãmara Municipal da Covilhã Câmara Municipal de Loures CML - NAJ Coolabora Coopmilacessos Dialogue Cafe Erasmus + Educação Formação Erasmus+ Juventude em Ação Escola Francisco Arruda GEBALIS IPDJ – Instituto Português para a Juventude e Desporto Junta de Freguesia de Alcântara Junta de Freguesia de Tortosendo Junior Achievement Portugal Ministério da Educação OIT – Organização Internacional do Trabalho Okupa - Espaço Juventude Centro Social de Palmela Teatro Umano SAAP Santa Casa da Misericórdia de Almada- Centro Comunitário PIA II UCP - CEPCEP

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Peritos e convidados da Associação Kelvoa: Agnés Heidt, André Chauvet, Yann Le Bossé. Jean Hughes Morales, Bassou Benyoucef, Carlos Ribeiro CONTACTOS

Associação KELVOA www.kelvoa.com Caixa de Mitos www.caixademitos.com valentimribeiro@gmail.com Apoio Programa Comwork – Erasmus+ www.comworkproject.org Outubro 2016 Edição - Caixa de Mitos Multimédia Design - Sofia Pepe

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