INTRODUCÇÃO DIVISÃO DA OBRA É o Organon, sem dúvida, a obra introductória de Aristóteles, o exórdio do "Corpus aristotelicum", e inicia-se ela por esta, que ora apresentamos, "Das Categorias", a cuja traducção procedemos, e em que os comentários às passagens principais estão calcados nas obras dos mais conspícuos comentaristas. Não seguimos aqui a inqualificável intenção de apenas citar gregos do período de decadência e comentaristas modernos, deixando de lado os grandes escolásticos, cujos comentários são sem dúvida superiores aos da maioria dos outros comentaristas. Ao tomarmos, por exemplo, a edição das obras de Aristóteles, efectuada pela Universidade de Oxford, sob a direcção, e principais comentários, de David Ross, notamos que não cita nenhuma vez, na análise dos Analíticos, nem a Tomás de Aquino, nem a Fonseca, nem a Suarez, nem a João de São Tomás, nem a Peñafiel, nem a Baltazar Teles, nem a Baltazar Álvares, nem aos conimbricenses, nem aos salmaticenses, nem a Capreolo, nem ao Ferrariense, para citarmos apenas alguns. E por quê? Porque tais obras são desprezadas? Acaso outros superaram os trabalhos realizados por tão conspícuos comentaristas? Acaso um Fitzgerald, ou outro qualquer, merecerá maior destaque que aqueles que realizaram obra de vulto e de profunda análise? Absolutamente não! Será porque Ross desconhece tais trabalhos? Presumivelmente sim. Admitiremos apenas essa presunção, pois não desejamos fazer afirmações outras nas quais poderíamos atribuir intenções inconfessáveis. Contudo, não é de modo algum perdoável que assim proceda ele.
O livro "Das Categorias" divide-se em três partes. A primeira é a que examina os ante-predicamentos, e compõe-se de quatro capítulos, nos quais estuda os preâmbulos e os pré-requisitos necessários para a razão do ente predicamental e para a sua coordenação nos seus gêneros, pois os gêneros supremos contêm, acima de si, apenas os análogos e os equívocos, e abaixo de si apenas os unívocos, considerando, comparativamente, um predicamento a outro, se são denominativos, bem como a coordenação dos requisitos dos predicamentos. A segunda parte trata dos Predicamentos, do capítulo quinto ao nono, nos quais examina os dez predicamentos (categorias), aos quais se reduzem, genericamente, todos os entes criados. Na terceira parte, examina os postpredicamentos, que são a oposição, a prioridade, o simultâneo, a moção, e o habere ( hábito), os quais são propriedades de todos ou de muitos predicamentos, propriedades comuns quase.
TERMINOLOGIA Nós compendiaremos, aqui, os comentários de ambos os lados; ou melhor, de todos os lados, e o leitor terá oportunidade de verificar não só onde há os melhores trabalhos, como também damos uma síntese das grandes contribuições que os escolásticos apresentaram à obra aristotélica, com as demonstrações que se tornarem necessárias.
Para melhor inteligência da matéria, mantemos não só a terminologia grega como a latina, facilitando, assim, ao leitor fazer paralelos.
MÁRIO TEMA DA OBRA Examina esta obra as categorias ( kathegoriai), no latim praedicamentum. São "as séries ou coordenações dos predicamentos superiores e inferiores em quaisquer gênero e classe", o que constitui, como nos mostra Caietanus, as operações lógicas. Nesta obra, Aristóteles examina os gêneros supremos, que são os predicamentos, deixando as outras partes da Lógica para os livros seguintes, como veremos oportunamente
FERREIRA
DOS
SANTOS