P or C arl os C ol é ct |1
O NOSSOS PAIS SÃO TAMBÉM NOSSOS DEUSES
Nós, humanos, construímos a imagem dos nossos muitos deuses conforme o modelo familiar monárquico, isto é, Rei (pai), Rainha (mãe) e príncipe (filho). O Deus Rei constitui a figura masculina ideal, atribuída de paternidade, força, provisão, autoridade,...; a Deusa, por sua vez, é a figura feminina ideal, mulher e esposa dotada de fertilidade, sabedoria, beleza estética, sensualidade,...; o Príncipe, obviamente, é a imagem do Filho, sucessor do reino ou império, guerreiro e herdeiro dos atributos divinos paternos. As culturas antigas nos deixaram como herança tais modelos. Suméria, Babilônia, Egito, Grécia e até mesmo os hebreus. Todavia, os hebreus adaptaram este modelo. O Deus (Yhwh) destronou a rainha Asherá
(rainha dos céus) e tomou a própria nação de Israel como mulher-esposa, dessa união Efraim e Judá dividem a primogenitura; Judá fica com a autoridade legal e Efraim com a
Foto: Hórus, Osíris e Isis (família de deuses do Egito)
fertilidade da multiplicação. O Cristianismo, posteriormente, na sua interpretação bíblica e sincretismos mitológicos, substitui a imagem do Filho por Jesus e a Rainha por Maria. Desta forma, firmou-se na mente do Homem a sacralização do modelo familiar
divino no qual os nossos pais são também os nossos deuses, dignos de obediência e honra absoluta, cujas palavras são proféticas, sagradas e poderosas. Assim, nasce a ideia de que os pais sempre sabem o que fazem, sendo, portanto, irrepreensíveis. “Ouça sua mãe e seu pai, eles sabem o que é melhor pra você!” – dizem os servos e adoradores. “eu te avisei!” – repreende a rainha mãe. Os filhos, nesta “sagrada família”, como diz o dogma cristão, são gerados e crescem como sucessores das obras paternas, sujeitos as palavras dos deuses (pai e mãe – cuidadores) e influenciados intimamente por suas ações.
Atualmente, com o afloramento de uma Nova Era, onde Deus é visto, melhor, sentido como apenas uma força ou energia, sem forma masculina ou feminina, a sagrada