TCC ARQURBUVV-Projeto Paisagístico para Ocupação de Espaço Vazio e Público Embaixo da Terceira Ponte

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PROJETO PAISAGISTICO PARA OCUPAÇÃO DE ESPAÇO VAZIO E PUBLICO EMBAIXO DA TERCEIRA PONTE NA PRAIA DA COSTA CARLO EUGENIO BROMONSCHENKEL GORZA

UNIVERSIDADE VILA VELHA

ARQUITETURA E URBANISMO

CARLO EUGENIO BROMONSCHENKEL GORZA
2022
PROJETO PAISAGISTICO PARA OCUPAÇÃO DE ESPAÇO VAZIO E PUBLICO EMBAIXO DA TERCEIRA PONTE NA PRAIA DA COSTA
VILA VELHA

PROJETO PAISAGISTICO PARA OCUPAÇÃO DE ESPAÇO VAZIO E PUBLICO EMBAIXO DA TERCEIRA PONTE NA PRAIA DA COSTA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Arquitetura e Cidade da Universidade Vila Velha como requisito parcial para obtenção do grau de Arquiteto e Urbanista.

Orientador: Clóvis Aquino de Freitas Cunha.

CARLO EUGENIO BROMONSCHENKEL
GORZA
VILA VELHA 2022

RESUMO ABSTRACT

No atual contexto a Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça ou Terceira Ponte, como é popularmente conhecida fica localizada entre os Municípios de Vitoria e Vila Velha, é a principal conexão entre as duas cidades, abrigando diariamente um incontável número de carros e ônibus que passam de um lado para o outro. Porém, apesar de ser um marco tão forte para o Estado, embaixo de sua imponente estrutura existe um espaço ‘’remanescente’’, uma grande área que já abrigou algumas atividades encontra-se abandonada atualmente restando apenas um cenário para apropriações indevidas que enfatizando a ruptura na cidade gerada pela Ponte. Esse trabalho tem como objetivo propor um estudo preliminar paisagístico com intuito de resgatar e dar uma nova vida a esse local entre a Av. Champagnat e a Rua Quinze de Novembro na Praia da Costa. Abrigar atividades que possibilitem a população se apropriar e aproveite do local trazendo a vitalidade e segurança como principal característica.

Palavras chave: Terceira Ponte, viaduto, projeto paisagístico, revitalização, segurança urbana, ocupação de baixos, espaço livre de uso público

.

In the current context, the bridge Deputado Darcy Castello de Mendonça ou Terceira Ponte, as it is popularly known, is located between the Municipalities of Vitoria and Vila Velha, it is the main connection between the two cities, housing a daily number of cars and buses that pass from side to side. However, despite being such a strong landmark for the State, under its imposing structure there is a ''remaining'' space, a large area that once housed some activities is currently abandoned, leaving only a scenario for misappropriations that emphasizes the rupture in the city generated by the Bridge. This work aims to propose a preliminary landscape study in order to rescue and give a new life to this place between Av. Champagnat and Rua Quinze de Novembro in Praia da Costa. Host activities that allow the population to appropriate and take advantage of the place, bringing vitality and safety as the main characteristic.

Key words: Terceira Ponte, viaduct, landscape design, revitalization, urban security, low bridge occupation, free space for public use

ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Terceira ponte com Vitória ao fundo. .......................................................................................................................................... 12

Figura 2 - Terceira ponte em construção..................................................................................................................................................... 13

Figura 3 Presença de grafites nas vigas e pilares atualmente. ................................................................................................................. 14

Figura 4 - Espaço embaixo da Ponte........................................................................................................................................................... 14

Figura 5 - parte do Canal descoberto usado para despejar esgoto............................................................................................................. 15

Figura 6 - Trecho de estudo. ....................................................................................................................................................................... 17

Figura 7 - Trecho do elevado A8erna onde o projeto foi executado............................................................................................................ 24

Figura 8 Baixos rodovia A8erna................................................................................................................................................................ 25

Figura 9 - Marina embaixo de viaduto. ........................................................................................................................................................ 25

Figura 10 - Trecho da ponte onde o Underpass Park foi implantado. ......................................................................................................... 26

Figura 11 - Obra de arte pública................................................................................................................................................................... 26

Figura 12 - Grafite nas estruturas................................................................................................................................................................ 27

Figura 13 - Trecho de execução do projeto embaixo do Viaduto Alcantara Machado, São Paulo. ............................................................. 28

Figura 14 Estrutura da Academia Garrido................................................................................................................................................. 28

Figura 15 - Biblioteca da Academia Garrido - embaixo do Viaduto Alcatara Machado, São Paulo............................................................. 29

Figura 16 - barraca sob o teto da Ponte...................................................................................................................................................... 32

Figura 17 Mapa de uso das proximidades................................................................................................................................................ 35

Figura 18 Trecho com buraco na laje embaixo da Terceira Ponte............................................................................................................ 36

Figura 19 – Corte total e planta baixa total.................................................................................................................................................. 39

Figura 20 - planta baixa total ampliada........................................................................................................................................................ 40

Figura 21 - Vegetação................................................................................................................................................................................. 41

Figura 22 - Detalhes dos materiais.............................................................................................................................................................. 42

Figura 23 Planta baixa Zona 00 ................................................................................................................................................................ 43

Figura

Figura

Figura

Figura

24 Vista superior que permite visualizar toda a área, estacionamentos e módulo......................................................................... 44
25 - Módulo de assistência e suas pinturas...................................................................................................................................... 45
26 - Área de assistência e estacionamento...................................................................................................................................... 46
27 - Zona 00 com foco na arte urbana e graffiti................................................................................................................................ 47
.........................................................................................................................................................................
Figura 28 Zona 00 a noite
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Figura 29 - Planta baixa Zona 01
49
Figura 30 - Zona 01 próximo a Av. Champagnat......................................................................................................................................... 50
.................................................................................................................................................................
Figura 31 - Perspectiva Zona 01
51 Figura 32 - Zona 01 área de bikes............................................................................................................................................................... 52
Figura 33 Perspectiva área de bikes......................................................................................................................................................... 53
.................................................................................................................................................................
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Figura 34 - Quadra poliesportiva
54 Figura 35 - Quadra vista de cima
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Figura 36 - Arquibancada lateral 2
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Figura 37 Arquibancada lateral 1
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Figura 38 - Arquibancada lateral 4
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Figura 39 Arquibancada lateral 3
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.....................................................................................................................................................
Figura 40 - Arquibancada central
57 Figura 41 - Vista arquibancada central........................................................................................................................................................ 58 Figura 42 Área livre................................................................................................................................................................................... 59 Figura 43 Módulo funcional de suporte
60
Figura 44 – Paredes grafitadas do módulo.................................................................................................................................................. 61
Figura 45 - Zona 01 perspectiva.................................................................................................................................................................. 62
.....................................................................................................................................................................................
Figura 46 - PetPark
63 Figura 47 - Academia Popular..................................................................................................................................................................... 64 Figura 48 - Perspectiva superior Zona 01.................................................................................................................................................... 65

Figura 49 - Estrutura da ponte..................................................................................................................................................................... 66

Figura 50 - Ciclovia e cruzamento na Zona 01............................................................................................................................................ 67

Figura 51 Perspectiva noturna próximo a Av. Champagnat

Figura 52 – Perspectiva noturna Zona 01.................................................................................................................................................... 69

Figura 53 Vista noturna da Rua Henrique Moscoso para a Zona 01.......................................................................................................... 70

Figura 54 - Planta Baixa Zona 02................................................................................................................................................................ 71

Figura

Figura

Figura 58 - Mesas de jogos......................................................................................................................................................................... 75

Figura 59 - Lojinhas da Zona 02.................................................................................................................................................................. 76

Figura 60 - Banca de revistas e área aberta................................................................................................................................................ 77

Figura 62 - Playground................................................................................................................................................................................ 79

Figura 63 - Estrutura tipo parklet playground............................................................................................................................................... 80

Figura 64 - Detalhe da estrutura refletora no teto........................................................................................................................................ 81

Figura 65 - Módulo de lanches.................................................................................................................................................................... 82

Figura 66 - Módulos gastronômicos

Figura 67 - Módulo bar

Figura 68 – Vista noturna da Rua Henrique Moscoso para a Zona 02........................................................................................................ 85

Figura 69 – Perspectiva noturna zona 02.................................................................................................................................................... 86

..................................................................................................................... 68
55 - Zona 02 próximo a Rua Henrique Moscoso.............................................................................................................................. 72
56 - Zona 02 vista geral.................................................................................................................................................................... 73
Figura 57 - Perspectiva zona 02.................................................................................................................................................................. 74
Figura 61 - Área livre e playground ............................................................................................................................................................. 78
............................................................................................................................................................ 83
................................................................................................................................................................................ 84
SUMÁRIO CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO..................................................................................11 1.1 ...CONTEXTUALIZAÇÃO....................................................................................12 1.2 ...JUSTIFICATIVA ...............................................................................................15 1.3 ...OBJETIVOS GERAIS.......................................................................................17 1.4 ...OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................18 1.5 ...METODOLOGIA...............................................................................................19 CAPÍTULO 2 REFERÊNCIAS TEÓRICAS PROJETUAIS..................................20 2.1 ...REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................21 2.2 ...REFERENCIAL PROJETUAL ..........................................................................24 2.3 ...CONSIDERAÇÕES REFERENCIAL................................................................31 CAPÍTULO 3 – DIRETRIZES....................................................................................33 3.1 DIAGNOSTICO DO ENTORNO..........................................................................34 3.2 ...DIRETRIZES PROJETUAIS.............................................................................36 CAPÍTULO 4 PROJETO........................................................................................38 4.1 ...APRESENTAÇÃO GERAL (ZONAS) ...............................................................39 4.2 ...MATERIAIS E VEGETAÇÃO............................................................................41 4.3 APRESENTAÇÃO POR ZONAS ........................................................................43 ZONA 00...................................................................................................................43 ZONA 01...................................................................................................................49 ZONA 02...................................................................................................................71 CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO...................................................................................87 REFERÊNCIAS ........................................................................................................88
CAPITULO 1 - INTRODUÇÃO

CONTEXTUALIZAÇÃO

A Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça (Fig. 01) começou a ser construída no ano de 1978 e teve seu projeto concluído no ano de 1989 (Fig. 02). Mais conhecida como Terceira Ponte, é a principal conexão entre Vila Velha e Vitoria, iniciando no sentido para Vitória na Praia da Costa próximo ao Centro de Vila Velha, e finalmente passando entre o morro do Convento da Penha e o Morro do Moreno para assim então atravessar a Baía e chegar em Vitoria. Sua grande estrutura é um marco para o Estado do Espírito Santo. Proporcionou a conexão, abrigou diversas atividades em seus baixos e foi palco até de protestos e movimentações políticas, faz papel principal e de coadjuvante nos cartões postais de Vila Velha e Vitoria, acolhe diariamente diversas embarcações que chegam ao porto de Vitoria todos os dias. É um marco também tanto para as milhares de pessoas que passam sobre ela diariamente quanto para quem passa por baixo no sentido de suas vias laterais e para quem se destina a Praia da Costa no lado do Município do Vila Velha.

Figura 1 - Terceira ponte com Vitória ao fundo.

Fonte: Pratti, 2008.

Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Terceira_Ponte2.jpg

1.1

Figura 2 - Terceira ponte em construção

Sob sua cobertura passa o Canal da Costa que fica exposto e em alguns trechos apresenta uma laje em concreto que o cobre, laje essa que já abrigou diversas atividades como bancas de revistas, floriculturas, chaveiros, feiras, pistas de skate e muita arte que continua presente e exposta em seus pilares.

Como morador da Praia da Costa desde sempre, o autor deste trabalho, tem a Terceira Ponte como parte de sua vida, era na banca de revistas que alise localizava que ia de bicicleta comprar revistinhas de colorir e ao mesmo tempo impressionava se com as coloridas artes presentes na estrutura da ponte, se tornou também, um ponto de referência onde tudo fica ‘’do lado de cá da ponte’’ ou ‘’do lado de lá da ponte’’. Após um tempo, já com o olhar mais treinado pelo próprio amadurecimento como cidadão e pela graduação em arquitetura, desperta se o interesse por projetos de espaços públicos, e ao ver como esse espaço foi deixado de lado pela cidade, surge o desejo de criar algo que possa agregar a Vila Velha e tornar vivo aquele grande espaço que se encontra abandonado embaixo da terceira ponte.

Fonte: Site Morro do Moreno, 2013. Disponível em: https://www.morrodomoreno.com.br/materias/terceira-ponte.html

Figura 3 - Presença de grafites nas vigas e pilares atualmente.

Fonte: acervo do autor, 2022.

Figura 4 - Espaço embaixo da Ponte.

Fonte: acervo do autor, 2022

JUSTIFICATIVA

Dentro do curso de arquitetura desenvolve-se o interesse por discussões ligadas ao urbanismo e como a cidade pode alterar a percepção das pessoas sobre ela mesma, ao proporcionar diferentes experiencias e perspectivas, com discussões sociológicas que esse tipo de assunto proporciona. Como pontua Jan Gehl em seu livro Cidade para pessoas: as pessoas fazem a cidade e a cidade faz as pessoas em um ciclo que se retroalimenta (GEHL, 2014).

pessoas, para que quando o espaço estiver estruturado e utilizado será possível a apropriação desse espaço pelas pessoas.

Figura 5 - parte do Canal descoberto usado para despejar esgoto.

Portanto, a presente pesquisa tem interesse em estudar projetos de espaços livres de uso público e como suas dinâmicas têm um grande potencial de alterar a forma como vive-se, percebe-se e enxerga-se a cidade, ligando também a arte urbana com a apropriação de espaço e visão da cidade como um quadro a ser pintado.

Talvez a principal sensação que deve ser passada, pelo menos inicialmente, é a de segurança, pois hoje em dia ao passar pelo local, sente se exatamente o oposto a isso, todo o espaço se encontra abandonado, falta iluminação adequada, sendo possível perceber o degrado e insalubridade na área (Fig. 05), que tornam o local ainda mais desagradável, afastando qualquer um que tenha que passar por ali. É imprescindível para a qualidade de uso do espaço público que todos se sintam seguros e acolhidos, pessoas chamam mais

Fonte: Acervo pessoal, 2022.

Existem diversos exemplos de projetos de revitalização embaixo de viadutos e pontes pelo mundo, essas conexões foram criadas sem considerar que ao montar tal estrutura, se cria um espaço embaixo dela e esse espaço remanescente, na grande maioria das vezes, por ser ‘’excedente’’ não recebe qualquer cuidado ou planejamento

1.2

adequado, acabando por se tornar um grande problema para a cidade. A intenção da revitalização é propor uma solução para esses problemas criados, abrigado pela condição existente no local e além de reconectar os lados que sofreram essa ruptura, propor uma ambientação que o torne realmente agradável e ainda mais, possibilite que a cidade se aproprie dele novamente abraçando-o de volta para a cidade.

Como estudante de arquitetura gostaria de proporcionar e valorizar ainda mais esse local ao propor um projeto paisagístico em nível preliminar de projeto que abrigue as necessidades da cidade, que proporcione conforto e instigue a população a se apropriar, aproveitar e cuidar do que temos, um projeto que abrigue arte e fomente a criatividade de todos.

OBJETIVOS GERAIS

Realizar um projeto paisagístico em nível de estudo preliminar, para ocupação de espaço vazio e público situado sob a Terceira Ponte, a proposta terá como recorte de aplicação projetual o trecho localizado entre a Av. Champagnat (A) e a Rua Quinze de Novembro (B) na Praia da Costa (Fig. 06), correspondente a cerca de 216 metros.

Fonte: Mapa elaborado pelo autor com base no Google Earth, 2022.

1.3
Figura 6 Trecho de estudo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Compreender discussões referentes a cidade, seus indivíduos e sua convivência;

• Identificar e avaliar exemplos de projetos de referência de ocupação de espaço urbano embaixo de viadutos;

• Detectar estratégias projetuais que tragam vitalidade e qualifiquem o espaço urbano;

• Com base nos projetos e estratégias, propor ocupação adequada do espaço estudado apresentando projeto paisagístico de praça linear a nível de estudo preliminar.

1.4

METODOLOGIA

A primeira etapa parte da introdução do tema a ser trabalhado, sua contextualização e pesquisas do tipo explorativa e explicativa, ao se valer de exemplos de estudos de caso e de uso de bibliografia de autores e artigos online, após essa primeira etapa, a pesquisa surgiu com a elaboração da proposta projetual, composta pelo estudo do entorno imediato da área de projeto, formulação das diretrizes e elaboração do projeto de praça linear a nível de estudo preliminar baseado nos referenciais teóricos-projetuais estudados na primeira etapa desse trabalho.

O trabalho é dividido em três capítulos, o primeiro introduz o tema a ser trabalhando, junto com sua contextualização, motivação e objetivos que se pretende ao estruturar este trabalho. O segundo capitulo traz todas as referências, as teóricas coletadas por meio de literatura especifica, com informações contextualizadas de acordo com o tema abordado. Além de referências projetuais que exemplificam como projetos com propostas e preocupações semelhantes a esse são aplicados na pratica ao redor do mundo. O terceiro capítulo apresenta as diretrizes de projeto, ideias baseadas em todas as referências, visitas ao local para levantamento de dados, estudo de propostas que se adequam melhor a região, assim permitindo um desenvolvimento de projeto embasado nos estudos e exemplificações. O quarto capitulo é a apresentação do projeto em si,através de imagens renderizadas, plantas baixas e diagramas gerados é possível conhecer e compreender as soluções propostas e como o projeto é estruturado.

1.5

CAPÍTULO 2 – REFERÊNCIAS TEÓRICAS – PROJETUAIS

Para que o projeto proposto seja bem sucedido é importante se basear em referencias, tanto em livros e artigos que estudam e buscam compreender a vivência das cidades quanto em projetos que tem proposta parecidas e buscam solucionar os problemas gerados por espaços remanescentes como o apresentado.

2.1REFERENCIAL TEÓRICO

Ocupação de espaços públicos é um tema extremamente diversificado na arquitetura e urbanismo, pode abranger projetos de escala macro até projetos menores, envolver também diversos assuntos pertinentes e essenciais para que o projeto realmente cumpra seus objetivos, tais como: segurança, vitalidade e acessibilidade.

É importante que a cidade possibilite o encontro de pessoas, espaços públicos tem a importante tarefa de abrigar entretenimento e lazer acessível a todos, além de possibilitar que os cidadãos passem a se identificar ainda mais com sua cidade (GEHL, 2014). Seguindo o exemplo da Terceira Ponte, existem diversos projetos que ocupam baixos de viadutos pelo mundo, e assim como em qualquer projeto de espaços urbanos, o grande desafio é manter o local vivo.

Segundo Jane Jacobs, como pontuado em seu livro Morte e Vida de Grades Cidades (2011), quando a ocupação de espaços públicos não é praticada pelos indivíduos que habitam a cidade, a violência e crimes acabam por ser favorecidos. Com o uso e ocupação de espaços públicos de forma adequada, com apropriação pela comunidade, pode se ajudar a traduzir a cidade em um local mais harmônico e seguro, Jacobs (2011) ainda fala que os contatos que temos entre pessoas nas ruas e nas calçadas influenciam diretamente sobre a nossa percepção em relação a segurança e o espaço público a ser frequentado. E para assegurar que a percepção seja positiva, a autora cita três características necessárias, sendo elas: a evidente separação entre espaços públicos e privados; os ‘’olhos da rua’’ que são edificações que permitem essa comunicação visual entre os ambientes internose externos;e finalmente, que exista usuários em trânsito pelo local o tempo todo.

Para garantir a vitalidade de um local público é essencial que a sensação passada aos visitantes seja positiva, que as pessoas se sintam seguras no local. A presença de outras pessoas é um grande indicativo que vale a pena frequentar esse lugar, e através dessa ocupação permite-se a integração social que auto reforça as atividades e interesses dos indivíduos e assim só torna a localidade ainda mais interessante e mais frequentada (GEHL, 2014).

Pessoas são atraídas pela presença dos outros indivíduos, por isso é importante que seja permitida e incentivada a realização de pequenos eventos, onde um mais um pode, de forma rápida, se transformar em três (GEHL, 2014).

Um espaço como esse deve permitir que as pessoas transitem livremente, deve ter a função de conceder passagem, permitindo a caminhabilidade, afinal de contas essa é sua função atual. Porém para dar vida a área, mais interessante que um enorme número de pessoas passando rapidamente pelo local é preferível que o ambiente seja criado com a características que chamem a atenção dos transeuntes e faça com que os mesmos, mesmo que em menor número, passem algum tempo ali, ou se locomovam de forma mais lenta (GEHL, 2014).

vai ocupar o espaço, é ele que vai sentir se confortável ou não no local, as inseguranças vão ser percebidas pelos indivíduos, eles vão reclamar e por fim, se for o caso abandona-lo, pode ser de forma abrupta, ou apenas de forma gradual, motivados por outros interesses que esse espaço foi deixando de comportar ou por nunca o ter abrigado. (GEHL, 2014).

Esse auto reforço, colocado por Jan Gehl (2014), que gera e é gerado pela cidade é o ponto principal de toda discussão sobre planejamento de espaços e ambiente públicos, os novos locais propostos têm o dever de abrigar as atividades já presentes, sendo que elas variam de acordo com costumes, cultura e percepções do povo, abrigando atividades rotineiras e dando a possibilidade de se expandir esses costumes, conseguimos atingir a satisfação, através do interesse e da curiosidade.

A cidade é complexa, resolver uma questão envolve muito mais do que ela mesma, envolve mais uma gama de outros questionamentos que à rodeiam e permeiam a discussão, como dito anteriormente, ao falar sobre projetos de espaços públicos deve-se atentar a uma gama enorme de ‘’sub-assuntos’’. O indivíduo é o ponto central, é ele que

O planejamento deve estar atrelado a cidade que rodeia seu espaço público, é necessário que a cidade seja suficientemente densa para dar vida ao ponto, ou melhor, que a localização seja pensada de acordo com a densidade presente (e planejada) da própria cidade (GEHL, 2014).

Atualmente a recomendação é que a área não seja ocupada porque a estrutura que cobre o Canal apresenta risco de ceder sem prévio aviso. Porém, antes disso a falta de segurança era a uma das grandes

causadoras do abandono da área de estudo, a cidade é tão fluida que mesmo sem qualquer estrutura adequada a região foi e deixou de ser ocupada diversas vezes. A última delas como pista de skate que teve o piso coberto com concreto liso para possibilitar a prática do esporte, anteriormente com feiras, ou seja, essas e outras ocupações só mostram o grande potencial que um bom projeto tem na região, a cidade quer ocupar, existem carências a serem supridas, é necessário um espaço central que possibilite reuniões e pequenos eventos, e assim promova uma cidade que reconhece e faz uso dela mesma (GEHL, 2014).

2.2REFERENCIAL PROJETUAL

É possível encontrar projetos de ocupação de baixos de viadutos pelo mundo e através de três desses projetos temos a possibilidade de entender como as teorias se aplicam na prática, e mediante isso, buscar os melhores resultados possíveis como elementos de inspiração para esse trabalho. Os trabalhos a seguir foram escolhidos por diversos fatores, sendo eles, a similaridade das condições do local, estratégias adotadas e soluções propostas. A8erna Como é o caso da rodovia elevado A8erna em Koog aan de Zaan na Holanda (Fig. 07). É uma rodovia que corta a cidade construída nos anos 1970 e seu projeto foi executado entre o ano de 2003 e 2006 com o objetivo de revitalizar e trazer de volta a conexão entre os dois lados da cidade, um lado que abriga uma Capela e o outro a antiga Câmara Municipal. O espaço que antes era considerado um desastre passou a ser visto com outros olhos sendo então considerado como uma oportunidade (ARCHTONIC, 2009).

estacionamento para 120 automóveis, um supermercado, uma floricultura, uma peixaria e uma mini marina junto a um deck (ARCHTONIC, 2009).

O mercado foi revestido com chapas de aço personalizadas onduladas para desencorajar a aplicação de grafite (Fig. 08).

A estruturaabrigauma pista de skate chamada ‘’loveseats’’, umaárea de brinquedos, um palco para prática de break dance, futebol de mesa, um campo de futebol, uma quadra de basquete, um

Figura 7 Trecho do elevado A8erna onde o projeto foi executado. Fonte: Mapa elaborado pelo autor com base no Google Earth, 2022.

Algumas vegetações existentes próxima a Capela foram removidas, para dar espaço a um ambiente mais agradável e atraente e possibilitar a ocupação de eventos e feiras (ARCHTONIC, 2009).

Foi introduzido também um mini porto que possibilita a reconexão com o Rio Zaan, valorizando as ótimas vistas disponíveis além da utilidade de abrigar pequenas embarcações (Fig. 09) (BARRATO, 2013)

Figura 8 - Baixos rodovia A8erna

Figura 9 - Marina embaixo de viaduto.

Fonte: Kramer, 2013.

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8ernaativar-o-terrain-vague.

Fonte: ArchDaily, 2013.

Disponivel em: https://www.archdaily.com.br/br/01 135024/projeto urbano a8erna ativar-o-terrain-vague

Underpass Park

Outro caso de ocupação embaixo de ponte é o Underpass Park, dessa vez em Toronto no Canadá, o parque fica abaixo de três viadutos (Fig.10) que geraram um espaço negligenciado e evitado pelo público em geral, acabou transformando-se em espaço de estacionamento informal e de atividades ilegais (WATERFRON, 2022).

desenvolvimento do bairro, grande parte do projeto foi deixado como área livre para circulação e uso por atividades flexíveis, fizeram o uso de algumas paredes em forma de fita para ajudar definir as zonas de atividade, abrigar bancos e direcionar a movimentação. A vegetação regional trouxe o verde para um ambiente que anteriormente era predominantemente cinza, tendo sido selecionada por sua robustez e capacidade de aguentar diversidades (WATERFRON, 2022).

Figura 11 Obra de arte pública.

Fonte: Mapa elaborado pelo autor com base no Google Earth, 2022.

O projeto renovou uma área de 1,5 hectares e atualmente serve como parque principal dessa que é uma das principais regiões de

Fonte: ArchDaily, 2012.

Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01 65609/arte publica sculpture mirage-paul-raff-studio

Figura 10 - Trecho da ponte onde o Underpass Park foi implantado.

Pensando no uso do ambiente a noite, foram usados LEDs programados iluminando as colunas existentes que chamam atenção, auxiliam na segurança e orientação além de proporcionar um papel artístico (WATERFRON, 2022).

para decorar os grandes pilares estruturais com grafite, transformando o local em uma grande galeria urbana informal repleta de cores e arte (Fig. 12) (HOLANDA, 2012).

O uso do ambiente para abrigar a arte é uma das características mais marcantes desse projeto, junto com o sistema de iluminação colorido, parte do teto do viaduto hoje abriga uma obra de arte flexível reflexiva (Fig. 11). Além disso vários artistas e organizações foram convidados

O local se tornou um espaço recreacional para todos, nele são abrigados diversos empreendimento artísticos com apresentações, eventos de skate, dança, videoclipes e comerciais, e isso tudo incentiva a apropriação do espaço e participação dos frequentadores (WATERFRON, 2022).

Figura 12 Grafite nas estruturas.

Fonte: WATERFRONtoronto, 2015.

Disponível em: http://www.explorewaterfrontoronto.ca/project/underpass-park/

Viaduto do Café

Nilson Garrido é um ex-boxeador que transformou o Viaduto do Café (Fig. 13) no centro de São Paulo em um grande projeto social. Seu projeto que começou em um espaço cedido por um amigo, desde 2006 é abrigado embaixo do viaduto do café, frequentado diariamente por várias pessoas (ORSOLINI, 2015).

Figura 13 - Trecho de execução do projeto embaixo do Viaduto Alcantara Machado, São Paulo.

Sua estrutura é composta por 1.500m², abrigando diversos equipamentos de musculação (Fig. 14), sala de leitura (Fig. 15) e dois ringues de boxes, onde Garrido dá aulas para quem estiver disposto a aprender. Pessoas em situação de rua e dependentes químicos das mais diversas classes sociais, mais de 860 pessoas são atendidas pelo projeto (ORSOLINI, 2015).

Figura 14 - Estrutura da Academia Garrido.

Fonte: Gazeta Virtual, 2014.

Fonte: Mapa elaborado pelo autor com base no Google Earth, 2022.

Disponível em: https://www.gazetavirtual.com.br/projeto-garrido-academia-crescee mais projetos surgem/

A academia do Projeto Cora Garrido é um exemplo de como um espaço pode ser transformado, algo que começou de forma improvisada, apenas com a vontade de ajudar de uma pessoa, se tornou algo gigante que faz a diferença na vida de tantas pessoas muito além do espaço intervisto. Moradores do local relatam como o

projeto valorizou a região, como a iluminação e a frequência de pessoas trouxe uma diminuição da violência e aumento da sensação de segurança (ORSOLINI, 2015).

Figura 15 - Biblioteca da Academia Garrido - embaixo do Viaduto Alcatara Machado, São Paulo.

Fonte: Vitruvius, 2008.

Disponível em: https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.094/155

2.3CONSIDERAÇÕES REFERENCIAL

Cada projeto tem suas próprias características mais marcantes, a Academia Garrido localizada embaixo do Viaduto do Café é um projeto da iniciativa de uma única pessoa, de forma improvisada, com equipamentos velhos e sem qualquer incentivo e sobrevive até os dias atuais tendo como qualidade mais marcante o fato de ser um projeto totalmente voltado para o lado social.

até algumas barracas (Fig. 16) que aproveitam da cobertura para se proteger ainda mais, o importante é que o projeto deve considerar essas pessoas que já ocupam o espaço atualmente e propor a elas algum tipo de suporte.

É fácil que um projeto urbanístico ou arquitetônico possa não considerar ou até combater os menos favorecidos, moradores de rua, pessoas em situações mais sensíveis e arquitetura pode ser excludente, podendo segregar ainda mais e impedir que algumas pessoas que passam necessidade sobrevivam na cidade. A academia tem uma finalidade completamente oposta a isso, através do projeto e suas atividades oferecidas que buscam a inclusão social dos usuários nos espaços urbanos e arquitetônicos.

O projeto de revitalização da Terceira Ponte também lida com uma questão social muito importante, atualmente sua estrutura não abriga nenhuma atividade recreativa para a comunidade, porém ao passar pelo local é sempre possível identificar ocupação por moradores de rua, alguns fazem fogueiras para se esquentar e preparar comida, outros encostados descansando e se protegendo do frio ou calor e

Figura 16 - barraca sob o teto da Ponte.

Os dois projetos internacionais são bem mais estruturados, é visível a diferença de investimento entre eles e o projeto brasileiro, e tirando vantagem disso o projeto Holandês, A8erna se destaca pela forma com que se apropriou do espaço, criando um acesso ao canal existente através de um mini porto, enxergando também as necessidades da comunidade e abrigando diversas áreas para a prática dos mais variados esportes e atividades, além das áreas mais livres para dar espaço a feiras e eventos. Já o Underpass Park, em Toronto dá uma nova vida a uma área não só oferecendo espaços e atividades a população, mas principalmente através da arte, seus pilares agora abrigam muita cor e exalam criatividade, além de uma grande escultura fixada em seu teto e iluminação em LED espalhada por toda a área, que em conjunto promovem uma sensação agradável, auxiliam nos direcionamentos e percursos e promovem segurança.

Fonte: acervo do autor, 2022.

Os dois últimos projetos deixam claro como é importante o reconhecimento do local para sua aplicação, acolher as necessidades da comunidade a sua volta e projetar para que a área seja apropriada pelas pessoas, fomentando sua criatividade através da arte, promovendo saúde através do esporte e possibilitando a convivência através de sua ocupação.

3 – DIRETRIZES
CAPÍTULO

3.1 DIAGNOSTICO DO ENTORNO

-A partir da análise do mapa (Fig. 17):

Ao analisar o mapa dos usos das edificações do entorno imediato notamos um grande volume de comércios com finalidades gastronômicas, sejam eles, bares, restaurantes, hamburguerias etc.

Isso evidencia um potencial alimentício para a área de projeto que pode ser aproveitado para gerar uma continuidade nesse polo.

Além disso nota-se uma grande variedade de comércios de produtos e serviços sendo oferecidos na região, o que se permite pressupor que é uma área de alta rotatividade de pessoas, onde seus frequentadores são não só apenas os moradores do entorno, mas também, pessoas com interesse nos produtos e serviços oferecidos.

-A partir de visitas:

Durante visitas feitas ao local, o autor identificou diversos tipos de usuários ocupando os baixos da Terceira Ponte, sendo eles: Moradores de rua, a todo momento era possível identificar pessoas usando da cobertura proporcionada pela ponte como moradia, se não visto pessoalmente, suas coisas sempre se encontravam espalhadas pelos cantos próximos aos pilares estruturais principalmente, barracas improvisadas, resquícios de fogueiras e fogão improvisado, panelas, colchões, roupas e lençóis estendidos para criar barreiras visuais e gerar privacidades, sacolas, malas e lixo.

Motoboys e entregadores de aplicativos, essas pessoas eram percebidas em horários um pouco mais contidos, geralmente próximo ao horário de almoço, onde os mesmos aproveitavam da sombra para descansar enquanto esperavam algum restaurante das redondezas solicitar o serviço de entrega.

Pessoas passeando com cachorro, esses usuários também puderam ser identificados em horários mais específicos, geralmente vistos mais ao fim da tarde quase início da noite.

A partir do plano diretor municipal de Vila Velha (2018):

A área de intervenção se encontra em uma Zona de Ocupação Prioritária A (ZOP-A), onde se identifica uma ocupação um pouco mais consolidada e tem como um dos principais objetivos otimizar sua infraestrutura, promover qualificação urbanística ambiental, induzir a ocupação de imóveis não utilizados intensificando o adensamento, além de intensificar implantação de infraestrutura de equipamentos urbanos e sociais e instalar atividades complementares ao turismo.

Todas essas condicionantes promovem e incentivam a criação e consolidação do novo espaço proposto, é um vazio urbano que surge a partir de uma estrutura consolidada, que é a Terceira Ponte, e promovendo sua qualificação como um espaço urbano adequado, consequentemente valoriza-se a área ao redor e favorece maior procura por ocupação e adensamento nessa área.

Figura 17 Mapa de uso das proximidades

3.2DIRETRIZES PROJETUAIS

Baseando-se nas referências fica enfatizado a multiplicidade disciplinar necessária para a proposta de projeto de revitalização aos baixos da Terceira Ponte no trecho da Praia da Costa, o projeto deve se preocupar não só com sua estrutura física, mas principalmente com a ideia de acolher a população e manter sua vitalidade. Sua estrutura presente que, atualmente oferece apenas impactos negativos por estar abandonada e gerar um grande espaço de ruptura entre as regiões de Vila Velha, deve converter todo seu sentimento em algo positivo, disponibilizando lazer, tranquilidade, segurança, experiencias e vivencias para que assim a população passe a se identificar e se apropriar de sua então nova área.

a natureza e suas cores a um ambiente que é dominado pelo cinza do concreto. O paisagismo também tem uma grande importância de possibilitar uma maior segurança, criando ambientes agradáveis que vão gerar ocupação, contribuindo para a demarcação de alguns ambientes e permitindo ainda assim, a permeabilidade visual, novamente reforçando o conceito de ver e ser visto pela cidade.

18 -

A primeira questão a ser resolvida deve em relação a estrutura que abrigará todo esse espaço, atualmente a laje que cobre esse trecho aos baixos da Terceira Ponte está condenada e não deve ser ocupada de forma alguma, aos riscos de ceder ainda mais sem qualquer tipo de aviso prévio (Fig. 18). Diante disso, se parte da premissa que serão refeitas lajes novas que oferecerá a segurança necessária para que a ocupação seja possível. Após sua estruturação e possibilidade de ocupação é necessário pensar em seu paisagismo, que tem uma função primordial de trazer

Fonte: Acervo pessoal, 2022.

Figura Trecho com buraco na laje embaixo da Terceira Ponte.

As cores também devem ser trabalhadas diante de todos seus pilares estruturais, o grafite tem uma enorme importância na integração da comunidade com ela mesma, artistas devem ser incentivados a fazerem usos desses espaços para expressarem suas ideias e sentimentos, projetos sociais para incentivar novos artistas e consequentemente criar um ambiente mais harmônico, colorido e agradável para todos os frequentadores da região. Isso tudo reforça a ideia de identificação diante de toda a população, mesmo quem não está lá para se expressar artisticamente ou aprender através dos projetos deverá se identificar com a nova decoração por reconhecer seus artistas locais, reconhecer paisagens, formas e rostos eternizados na estrutura.

Ainda falando sobre estruturas físicas e permanentes deve se criar uma área para tratar dos eventuais moradores de rua que se abrigam na região, o novo espaço não devera abrigá-los ali, porém dar suporte para que os mesmos encontrem programas que os auxiliem com moradia, higiene e saúde.

O comercio deve ser estimulado a voltar para a área, infraestruturas que abriguem uma banca de revistas, um chaveiro e floriculturas terão a possibilidade de atuar novamente. Esse tipo de comercio reforça o reconhecimento da população sobre a região, uma vez que muitas dessas já foram amparadas pela cobertura da ponte durante muito tempo e trouxeram tantas pessoas para usufruir de seus serviços. A feira de orgânicos que também já foi praticada e reconhecida por todos durante algum tempo deverá retornar, apropriando-se das áreas mais livres e trazendo um fluxo maior de pessoas durante um ou dois dias da semana.

O foco da área a ser revitalizada é o entretenimento e lazer da população, visto isso é importante dar espaço a algumas atividades que anteriormente eram praticadas, assim sendo uma pista de skate deve ser criada, incentivando a prática de um esporte caracteristicamente urbano na região, a pista de skate conta com uma certa versatilidade, pode ser um espaço ocupado por eventos sazonais como batalhas de rap, outros eventos musicais e até exibição de filmes em épocas comemorativas.

Com a implantação de novos usos, a tendencia é que o número de pessoas frequentadoras aumente, sendo assim, é essencial que essas pessoas tenham áreas de descanso confortáveis para aproveitar do ambiente, enquanto seus filhos praticam as mais diversas atividades disponíveis e possíveis, os pais podem se acomodar em bancos.

4 – PROJETO
CAPÍTULO

A área de projeto foi dividida em três zonas a partir das ruas e avenida que as separam, cada uma com uma atribuição de maior foco, são elas:

• ZONA 0: primeira área próxima a Av. Champagnat, no trecho em que a ponte se encontra em seu nível mais baixo.

• ZONA 1: é a área central, fica entre a Av. Champagnat e a Rua Henrique Moscoso.

• ZONA 2: é o último trecho, localizado entre a Rua Henrique Moscoso e a Rua Quinze de Novembro.

Na planta baixa total (Fig. 19) é possível visualizar o fluxo longitudinal que foi criado, pensado de forma a ser um ambiente interessante e convidativo para se caminhar lentamente e confortável para quem quer se apropriar do local para prática de alguma atividade ou apenas para sentar se e descansar. Isso tudo sem se desfazer do fluxo transversal já existente, que através dos eixos das ruas principais cruzam a Rua São Paulo que

fica paralela a área de intervenção. Na planta baixa também conseguimos perceber a ligação da nova ciclovia da Terceira

Ponte que desce em uma ciclofaixa próximo à Rua Henrique Moscoso e continua seguindo padrões internacionais de segurança até chegar na ciclovia existente na Av. Champagnat.

A nova ciclofaixa ocupa a atual área de estacionamento das Ruas São Paulo, restando assim uma única faixa de rolamento até a

chegada da estrutura da ciclovia da ponte que permite novamente a ocupação por estacionamento.

Uma iluminação embutida no piso foi distribuída por toda a área, sua forma e distribuição incentivam a caminhabilidade e trazer maior segurança para o local.

4.1APRESENTAÇÃO
GERAL (ZONAS)
Figura 19 Corte total e planta baixa total Figura 20 planta baixa total ampliada

Figura 21 Vegetação

4.2MATERIAIS
E VEGETAÇÃO

Todo o projeto é rodeado por canteiros moldados in loco com formas modernas, além de toda materialidade usada se tem a intenção de se integrar e interagir com a estrutura existente da ponte.

Cheios de vegetação resistentes as condições existentes de luz limitadas, mas que trazem vida, e cor para toda extensão da área.

O conjunto é pensado de forma a proteger quem passa por ali, permitindo entrada e saída da área em diversos pontos e sem criar barreira visuais que possam trazer insegurança.

Os bancos moldados in loco em concreto estão espalhados por toda área seguem as diretrizes da NBR 9050, que permitem descansar com conforto.

Os módulos, de apoio, funcional, lojas e bares contam com janelas que vão até o teto para permitir ventilação e iluminação natural, suas estruturas são feitas em concreto, e abrigam artes coloridas em seus fechamentos, com cobertura também em concreto armado. Suas formas modernas conversam com os canteiros e bancos.

Figura 22 - Detalhes dos materiais

APRESENTAÇÃO POR ZONAS

ZONA 00

A primeira zona, Zona 00 tem uma atribuição maior de suporte para a área projetada e região próxima. Conta com um estacionamento para carros e motos, além de uma vaga para viaturas policiais.

Figura 23 Planta baixa Zona 00

4.3

Um módulo de apoio de 40m² foi projetado para abrigar um serviço voltado para os moradores de rua que ocupam a área atualmente, serviço esse que deve propor cuidados iniciais e orientações para essas pessoas, ali eles podem usufruir dos dois banheiros para se higienizar, receber informações e serem direcionados a projetos sociais voltados a alimentação, educação, higiene e moradia.

Figura 24 - Vista superior que permite visualizar toda a área, estacionamentos e módulo.

Figura 25 - Módulo de assistência e suas pinturas

Figura 26 - Área de assistência e estacionamento

Esse projeto tem a intenção de abrigar arte em todos os cantos, todos os módulos foram decorados com pinturas e toda a estrutura da ponte, vigas e pilares, poderão também ser tela para artistas se expressarem e colorirem a área.

Figura 27 Zona 00 com foco na arte urbana e graffiti
Figura 28 - Zona 00 a noite

A Zona 01 tem uma vocação mais voltada ao incentivo a prática de esportes e atividades livres, abriga região focada no uso das ciclovias e suporte a ciclistas, quadra poliesportiva, uma grande área livre, um módulo funcional com dois banheiros, petpark e academia popular.

Figura 29 - Planta baixa Zona 01

ZONA 01

Toda essa área é cercada dos dois lados pelas novas ciclofaixas que se juntam próximo a Av. Chamapagnat e se conectam a ciclovia existente.

Cada ciclofaixa tem um sentido direcional único, ambas contam com áreas de ‘’buffering’’, zonas de segurança, que distanciam os carros dos ciclistas trazendo mais segurança e conforto para ambos. As ciclovias contam ainda com uma pintura personalizada que permite sua fácil descrição da via de rolamento para veículos automotores.

Figura 30 Zona 01 próximo a Av. Champagnat
Figura 31 Perspectiva Zona 01

Com a nova estrutura cicloviária implementada na Terceira Ponte conectada a uma nova ciclofaixa e posteriormente a ciclovia já existente na Av. Champagnat, permite se uma maior conexão entre os dois lados da Grande Vitoria, com apenas o uso da bicicleta agora é possível atravessar a Baía de Vitoria.

Figura 32 - Zona 01 área de bikes

Surge então a necessidade de se criar um suporte para esses ciclistas que passam e irão passar por ali diariamente. Visto essa demanda, foi projetado mais um ponto para aluguel de bicicletas e implementado junto a ele um pequeno bicicletário que permite guardar sua própria bike. Além de uma área que se permite fazer pequenos reparos, com uma bancada de manutenção, ferramentas e bombas para encher pneu.

Figura 33 - Perspectiva área de bikes

Logo ao lado das bicicletas temos uma quadra poliesportiva com 230m², que permite e incentiva a prática de diversos esportes.

O piso da quadra é feito em concreto liso e pintado com cores vibrantes e design interessante similar a pintura dos módulos, trazendo assim uma linguagem comum presente em todo o projeto que estimula a arte e o uso de cores.

Figura 34 - Quadra poliesportiva

A quadra conta um pequeno alambrado ao seu redor, para proporcionar mais conforto e segurança tanto para quem joga, quanto para quem caminha no entorno. Em caso de realização de algum evento, seus alambrados ainda podem ser removidos para se criar um ambiente ainda mais livre que permita a ocupação momentânea por outras atividades.

Figura 35 - Quadra vista de cima

Figura 36 Arquibancada lateral 2

Figura

Figura

Figura 37 Arquibancada lateral 1 39 - Arquibancada lateral 3 38 - Arquibancada lateral 4

Ao redor da quadra foram feitas pequenas arquibancadas juntas aos canteiros para permitir que os expectadores assistam aos jogos e descansem com conforto, além de uma arquibancada central que possibilita visão para quadra e para a área livre.

Figura 40 - Arquibancada central

41 Vista arquibancada central

Figura

A área livre foi pensada para ser ocupada por atividades diversas, sua amplitude permite a prática de skate, práticas de luta, yoga e até mesmo ocupação por feiras livres semanais.

Junto a quadra e sua estrutura removível asduas áreas quando somadas conseguem suportar eventos para várias pessoas.

Figura 42 - Área livre

O módulo funcional da zona 01 foi pensado com a intenção de dar suporte para possíveis escolinhas de esportes e eventos, guardar rampas de skate e guardar o alambrado removível da quadra quando for necessário. O modulo ainda conta com dois banheiros.

Figura 43 Módulo funcional de suporte

Suas paredes além de abrigar a pintura ‘’padrão’’ de todas as pequenas edificações da área, também podem abrigar outras artes.

Figura 44 – Paredes grafitadas do módulo
Figura 45 - Zona 01 perspectiva

Figura 46 - PetPark

A Zona 01 ainda conta com um pequeno PetPark cercado e uma academia popular.

Figura 47 - Academia Popular
Figura 48 - Perspectiva superior Zona 01
Figura 49 - Estrutura da ponte
Figura 50 - Ciclovia e cruzamento na Zona 01

A quadra de esportes conta com spots de luz que permitem sua utilização também durante a noite.

Figura 51 Perspectiva noturna próximo a Av. Champagnat

Além dos postes de luz presentes nas ruas laterais, toda a área conta com algumas iluminações especificas, que tem função te trazer sensação de segurança em qualquer horário do dia, além de guiar os pedestres e criar um ambiente mais agradável.

Figura 52 – Perspectiva noturna Zona 01

Os tipos de iluminação são: -uma iluminação geral com luminárias fixadas no teto; postes de luz alocados próximos a todas as entradas da praça; -iluminação embutida por toda a área de piso, que permite direcionar os fluxos e clarear os caminhos de quem passa.

Figura 53- Vista noturna da Rua Henrique Moscoso para a Zona 01

ZONA 02

A última zona, chamada de 02 é onde a ciclovia da Terceira Ponte se conecta com a nova ciclofaixa projetada. É a área mais voltada para o comércio, dando espaço para novos tipos de negócios e para o resgate de alguns usos que já existiram aos baixos da Ponte, sendo eles a floricultura e banca de revistas.

Figura 54 - Planta Baixa Zona 02

As ciclovias que atravessam uma de cada lado da Terceira Ponte começam e terminam antes do cruzamento da Rua São Paulo com a Rua Henrique Moscoso. Para dar mais segurança aos ciclistas e reduzir a velocidades dos motoristas na região, foi feita uma faixa de pedestres elevada e blocos intertravados de concreto substituem o asfalto no trecho embaixo da ponte.

Figura 55 - Zona 02 próximo a Rua Henrique Moscoso Figura 56 - Zona 02 vista geral
57 - Perspectiva zona 02
Figura

Figura 58 - Mesas de jogos

Essa zona conta com 5 mesas de damas e xadrez em concreto.

Abrigando 3 módulos de loja a zona 02 volta a dar local a usos que deixaram de existir nos baixos da Terceira Ponte, sendo eles a floricultura e a banca de revistas. Um novo uso também foi alocado na loja central, sendo ele voltado para comercio de roupas e acessórios.

Figura 59 - Lojinhas da Zona 02 Figura 60 - Banca de revistas e área aberta

Uma área livre centralizada permite também a apropriação dessa zona para diversas atividades e eventos, inclusive comerciais, como food trucks e barraquinhas de comidas em dias específicos.

Figura 61 - Área livre e playground

Uma pequena área de playground foi alocada para crianças nas proximidades da área de lojas, lanches e bares, permitindo entretenimento para os menores e conforto para os pais que os acompanham.

Figura 62 - Playground

O playground ocupa parte da faixa de estacionamento da rua, é uma estrutura tipo ‘’parklet’’ removível, feita em madeira e que utiliza cobogós trazer segurança as crianças, permitindo a ventilação e evitando gerar grandes barreiras visuais.

Figura 63 - Estrutura tipo parklet playground

A zona 02 apresenta em seu teto além de iluminação geral, uma escultura metálica refletora, que permite a criação de um ambiente decorado mais agradável, e traz ao local uma sensação maior de segurança.

Figura 64 - Detalhe da estrutura refletora no teto

A zona 02, além de abrigar o comercio de produtos também tem seu potencial gastronômico evidenciado por meio de uma lanchonete e um bar.

Figura 65 - Módulo de lanches

Essa zona tem esse potencial principalmente por sua proximidade com a Rua Quinze de Novembro, que atualmente abriga diversos bares e restaurantes de todos os tipos ao longo de sua extensão, criando assim uma continuidade nesse forte polo gastronômico da Praia da Costa.

Figura 66 - Módulos gastronômicos

O último módulo tem como uso um bar e conta com dois banheiros PCD anexados para suprir a demanda de toda a zona.

Figura 67 - Módulo bar Figura 68 – Vista noturna da Rua Henrique Moscoso para a Zona 02

A iluminação embutida no piso conversa com a escultura metálica refletora fixada ao teto.

Figura 69 – Perspectiva noturna zona 02

CAPÍTULO 5 - CONCLUSÃO

O trabalho obteve bons resultados e atendeu aos objetivos da pesquisa, baseado nos referenciais teóricos, projetuais e condicionantes do entorno a proposta para requalificação e revitalização da área de estudo pretende melhorar o ambiente aos baixos da Terceira Ponte, ambiente que se encontra abandonado, porém que apresenta um grade potencial de uso e valorização da Praia da Costa.

A projeto ainda incentiva a promoção de todos os incisos da zona de ocupação em que está localizada a área de estudo, tendo o Plano Diretor Municipal de Vila Velha como respaldo para encorajamento da aplicação das diretrizes propostas.

Onde através dessas diretrizes mostradas nesse projeto espera-se criar um cenário agradável que ofereça estrutura para a pratica de diversas atividades esportivas e várias atividades livres que podem se apropriar do local, além de uma alternativa comercial e gastronômica através de suas estruturas fixas e possibilidade de ocupação de suas áreas livres que se comunicam com o mercado das imediações, uma área de estruturação e suporte para receber a nova ciclovia que atravessa a ponte, ainda abrigando e dando espaço para pinturas, graffiti e expressões artísticas com muita cor nos pilares que compõem esse marco que é a Terceira Ponte, isso tudo, oferecendo conforto e segurança a todos que pretendem se apropriar e desfrutar do local.

REFERÊNCIAS

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BARATTO, Romullo. "Projeto Urbano A8erna: ativar o “terrain vague”" 19 Ago 2013. ArchDaily Brasil. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8ernaativar-o-terrain-vague. Acesso: 25 Maio 2022.

GEHL, Jan. Cidade para pessoas. 2. ed. São Paulo, SP: Perspectiva, 2014.

HOLANDA, Marina de. "Arte Pública "Sculpture Mirage" / Paul Raff Studio" 18 Ago 2012. ArchDaily Brasil. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01 65609/arte publica sculpture mirage-paul-raff-studio. Acesso: 16 Mar. 2022.

JACOBS, Jane. Morte e vida das grandes cidades. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2011.

LANDEZINE. Underpass Park. Disponível em: https://landezine award.com/underpass-park/. Acesso em: 16 Mar. 2022.

PRATTI, Saulo. Terceira Ponte. 2008. Disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Terceira_Ponte2.jpg. Acesso em: 22 de Mai 2022.

PROJETO Garrido: Academia cresce e mais projetos surgem. Gazeta do Tatuape. 2014. Disponível em: https://www.gazetavirtual.com.br/projeto garrido academia cresce e mais projetos surgem/. Acesso em: 16 de Mar. 2022.

WATERFRON TORONTO. Underpass Park. Disponível em: http://www.explorewaterfrontoronto.ca/project/underpass-park/. Acesso em: 16 Mar. 2022.

VILA VELHA. Lei Complementar nº 040, 12 de novembro de 2018. Plano Diretor Municipal de Vila Velha. Disponível em: https://processos.vilavelha.es.gov.br/Arquivo/Documents/legislacao/ html_impressao/C652018.html?identificador=30003A004C00Acesso em: 05 de Out. 2022.

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