Jamie ford um hotel na esquina do tempo

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— Adorei, Henry. Que maravilha... — Você é uma artista. Achei que era uma pena você estar aqui, longe daquilo que sabe fazer tão bem. Abriu o caderno? Keiko pousou a caixa sobre um lugar seco na terra. A lama da semana anterior endurecera, dando ao solo a aparência de um deserto crestado. Abriu o caderninho preto de capa dura e leu a etiqueta de preço: — Um dólar e vinte e cinco... — Epa, espere... Henry estendeu a mão e descolou a etiqueta da papelaria onde comprara o presente. — Não era para você ver isso. Olhe na outra página. Keiko virou a página e leu a dedicatória em voz alta: — "Para Keiko, a mais doce, a mais linda americana que já conheci. Com amor, do seu amigo Henry." Ele viu os olhos da menina se umedecerem enquanto ela lia. — Que graça, Henry. Não sei o que dizer. Ele se sentira constrangido ao escrever a palavra amor no caderno. Deve ter ficado uns bons vinte minutos encarando a página em branco, preocupado quanto ao que escrever, antes de finalmente pegar a caneta e se decidir. Depois, não houve como voltar atrás. — Diga só obrigado e está ótimo. Ela olhou para ele por entre o arame. O vento levantou seu cabelo e o soprou para longe do rosto. Dava para ouvir o barulho de trovões em algum lugar nas montanhas, mas nenhum dos dois desviou o olhar. — Acho que obrigado não basta. Você veio de longe para me trazer isto. E sei que a sua família... O seu pai... Henry baixou os olhos e soltou devagarinho um suspiro. — Ele não sabe, sabe? — indagou Keiko.


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