Eric frattini o ouro de mefisto

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– Então, que seja assim… Heil, Hitler! – exclamou Bormann antes de desaparecer dentro do Mercedes. O major da SS Helmut Voss entrou de novo no hotel Maison Rouge e, sem meias palavras, pediu ao gerente que lhe entregasse o livro de honra do estabelecimento. Gustav Krupp, Walther Funk e alguns outros haviam assinado o livro. O oficial folheou-o até encontrar as páginas correspondentes ao dia 10 de agosto e arrancou-as. Em seguida, voltou à sala, onde o taquígrafo guardava os rolos utilizados durante a reunião. – Passe-me esses rolos – ordenou-lhe o oficial. – Eu mesmo me encarregarei de redigir um sumário para todos os assistentes. Quando ficou sozinho no imenso salão, Voss se aproximou de um gramofone instalado a um canto da mesa e colocou-lhe um disco. Ao baixar a agulha sobre o sulco, ouviram-se os sons de uma sinfonia de Schubert. Após ingerir, em um só gole, um copo de conhaque, o major se encostou em uma pequena lareira, pensando: “Não sei como alguém pode gostar dessa merda vienense de Schubert”. Juntou então os rolos do taquígrafo e as anotações feitas pelos assistentes, acendeu o fogo e atirou nele os papéis comprometedores. Pôs então o quepe com o emblema da caveira, apagou as luzes e saiu do hotel, perdendo-se entre os becos da cidade. Em menos de nove horas, aqueles treze homens criaram uma poderosa organização chamada Odessa, que deveria converter-se no núcleo do renascimento de um Quarto Reich, após o fim do Reich de Mil Anos, já moribundo. Martin Bormann havia acabado de assentar os alicerces de uma organização nazista de nível internacional, cujos tentáculos se estenderiam do coração da Europa ocupada pelos Aliados às remotas selvas da América Latina, do centro de uma Alemanha vencida e aniquilada ao Oriente Próximo, explosivo e instável.


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