Eric frattini o ouro de mefisto

Page 316

O clube Die Rote Orchidee situava-se num bairro elegante da parte alta de Zurique, bem perto da Klopstockstrasse. Nenhum letreiro o identificava. Quando Bertha Oberhaser chegou próximo a uma grade alta, um guarda veio ao seu encontro. – Esta é uma propriedade particular – avisou ele. Bertha abriu o casaco e mostrou ao vigilante uma blusa transparente, que deixava ver seus seios grandes e firmes. – Gostaria muito de entrar – disse ela. – Que devo fazer para isso? O vigilante olhou para os dois lados a fim de se certificar de que não havia ninguém por perto e introduziu a mão no decote da mulher para apalpar-lhe os seios. – Pode entrar, mas não diga que fui eu quem deixou. A mulher fechou o casaco e caminhou com dificuldade pelo chão de cascalho, equilibrando-se nos sapatos de salto alto. O interior da mansão era elegante, confortável, com todo tipo de prazeres que um ricaço pudesse pagar – e, em Zurique, ricaços não faltavam. – Quer guardar o casaco? – perguntou uma jovem negra nua, cujo corpo escultural, cor de ébano, só estava coberto por um minúsculo avental e uma coifa. – Sim, obrigada. Depois de entregar o casaco, Bertha se dirigiu para um dos salões principais. No caminho, apanhou uma máscara veneziana de um cesto próximo e cobriu o rosto. Ali se misturavam cavalheiros, que fumavam charutos caros e bebiam conhaque envelhecido em grandes taças de cristal da Boêmia, e jovens de ambos os sexos prontos para uma aventura sexual com qualquer daqueles milionários. A entrada era proibida a quem não pertencesse ao fechado e exclusivo círculo de Zurique. Mulheres sozinhas entravam livremente, se aceitassem a premissa de que poderiam ser escolhidas para qualquer tipo de jogo sexual. Ali, ninguém fazia perguntas. Quem não queria participar dizia “não” e o pretendente se


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.