Adam makos & larry alexander o amigo alemão

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mesmo ano, Charlie regressou à Força Aérea. Fez carreira na Inteligência militar e até serviu em Londres como attaché da RAF. Nesse período, ele e Jackie tiveram duas filhas, Carol e Kimberly. Em 1965, Charlie se aposentou precocemente, como tenente-coronel, para ir trabalhar no Departamento de Estado, no sudeste da Ásia, durante a Guerra do Vietnã. Lá, ao longo de seis anos, supervisionou a distribuição de comida e medicamento para os aliados regionais dos Estados Unidos. Quando se aposentou de uma vez por todas, no início dos anos 1970, Charlie se mudou para a Flórida, comprou uma casa e passou a dirigir um grande Cadillac com o símbolo de asas da Força Aérea nas placas. Charlie parecia ficar mais alto e magro com a idade, e perdeu poucos centímetros de cabelo a partir da testa. Ele usava óculos de lentes amarelas, calças de cintura alta e camisas compridas cujas mangas estavam sempre arregaçadas. Nunca estava sem uma gravata de caubói, com duas cordinhas unidas por um adereço. Toda noite tomava um martíni e sempre carregava no porta-malas um kit “de primeiros socorros” composto de gim, vermute, dois copos e um misturador. Como passatempo, Charlie empregava sua paixão por ciência e invenções trabalhando com outros inventores para desenvolver motores a diesel mais ambientalmente corretos, muito antes que esse tipo de pesquisa se tornasse popular. Ele passava horas no campo de golfe, era voluntário na igreja e paparicava Jackie, que ainda usava vestidos coloridos e maquiagem todos os dias. Ela era tranquila, honrada e ótima cozinheira. As filhas de Charlie moravam nas proximidades e apareciam com frequência para jantar. Ele tinha consciência de que levava uma vida maravilhosa. Naqueles anos dourados, suas lembranças de guerra voltaram à tona. Charlie havia ido a uma reunião de pilotos de bombardeiro em 1957, mas nada além disso. Na época, as memórias eram muito recentes e muito dolorosas. Agora, ele começava a ter pesadelos de novo. Ele sonhava com o 20 de dezembro e o sonho sempre terminava com o The Pub girando rumo à terra em um mergulho fatal do qual ele não conseguiria se salvar. Charlie sempre acordava um segundo antes do impacto. De pé no banheiro, olhando-se no espelho, Charlie tentava dizer a si mesmo que 20 de dezembro estava superado fazia muito tempo. Mas algo nas profundezas de seu íntimo estava devorando seu subconsciente, e ele sabia que não era apenas a queda em espiral do pesadelo. Ele precisava de um encerramento. Charlie se juntou à Associação do 379º Grupo de Bombardeamento, bem como à associação de seu curso de pilotagem, para se reconectar com os velhos amigos. Na reunião dos pilotos em Las Vegas, em 1985, Charlie e seus colegas de turma sentaram em círculo na suíte de um hotel e trocaram histórias de guerra. Um dos homens na roda era um antigo companheiro de curso de Charlie, o coronel Joe Jackson. Jackson tinha um rosto redondo e amigável e ainda usava o cabelo à moda militar, curto como o de um tripulante. Ele contou suas histórias com marcado sotaque da Geórgia. Jackson fora piloto de bombardeiro na Segunda Guerra Mundial e piloto de caça na Coreia. No Vietnã, havia comandado aviões cargueiros, e suas ações tinham-lhe rendido uma Medalha de Honra. Jackson não contou esta história, mas Charlie e os


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