Adam makos & larry alexander o amigo alemão

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— Claro — Doc disse a Charlie. Charlie forçou um sorriso. Ele não tinha planejado pedir a Doc. Já ouvira Doc contar histórias sobre namoradas. Parecia que ele tinha um punhado delas em cada base que já visitara. O suor escorria pelo quepe de Charlie quando ele se aproximou da pilota. A seu lado, Doc mastigava um palito de dentes. A pilota se virou para cumprimentá-los com um sorriso amigável nos lábios vermelhos e brilhantes. O rosto era oval; o nariz, arrebitado, e seus olhos escuros quase desapareciam quando ela os apertava. — É uma bela aeronave — Charlie disse. A garota perguntou se o B-17 era deles. Com relutância, Charlie confirmou. — Não há nada de errado com a Fortress — ela disse, alegremente, e olhando para o próprio avião acrescentou: — A Marauder não é prêmio nenhum. Por causa da pequena superfície da asa, ela tem uma tendência a querer fugir. Na aproximação, você precisa pousar com a corda toda. Charlie assentiu, hipnotizado pelo entusiasmo que jorrava da moça. — Este é o nosso capitão, Charlie Brown — Doc apresentou. Charlie riu, já desacostumado dessas cordialidades. A garota tirou a mão do casaco e cumprimentou Charlie e Doc, apresentando-se como Marjorie Ketcham. Ela era uma WASP lotada na Base Aérea do Exército em Romulus, Detroit. Charlie disse que já ouvira falar da WASP, Women’s Air Force Service Pilots, as pilotas a serviço da força aérea. Elas eram as garotas que levavam os aviões das fábricas para as unidades de treinamento e para as bases onde eles seriam efetivamente utilizados, liberando assim os pilotos do sexo masculino para o combate. Marjorie se formara na primeira turma da WASP, era uma entre “as pioneiras”. Charlie perguntou a Marjorie quais eram suas aeronaves favoritas. Ela respondeu que pilotava o que quer que lhe fosse atribuído pelo Comando, mas apreciava mais os aviões grandes como cargueiros C-47 e bombardeiros B-24. — A melhor parte de pilotar estes — ela disse — são os olhares que recebo dos meus copilotos quando eles descobrem que vão voar com uma mulher. Em geral é uma expressão de “Oh, meu Deus, não me diga que ela é o meu piloto!”. Charlie estava prestes a perguntar há quanto tempo Marjorie voava quando Doc interrompeu. Ele lembrou a Charlie que a tripulação estava esperando, e sugeriu que Charlie e Marjorie continuassem a conversa no Clube dos Oficiais. Charlie concordou e olhou para Marjorie. — Eu adoraria — ela respondeu, sorrindo, e os dois acertaram os detalhes do encontro daquela noite. Enquanto Charlie e Doc andavam de volta para o caminhão, Doc cochichou: — Você foi bem, mas precisa sempre esconder alguma coisa, para que elas continuem voltando.


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