África ruh uma sombra na aljama

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O que lhe tinha acontecido com Enoc? Precisava clarear as suas ideias. Precisava de falar com alguém de confiança… e em seguida soube a quem devia recorrer. «Já sei o que vou fazer, ― decidiu ― sairei cedo, comprarei algumas quinquilharias a Catalina e, quando me despedir de Enoc, irei visitar a casa de sua prima. Assim poderei ver como se encontra… e, de passagem, pedir-lhe conselhos». Catalina gostava de mel. Talvez Maria pudesse comprar um pote… Mais animada, saiu de casa e se dirigiu à praça do Ulmeiro, onde havia um velho que vendia mel. A praça estava quase vazia, mas o velhote já tinha instalado a sua banca. Maria o cumprimentou com vivacidade. Mas não obteve resposta. ― Bom dia ― insistiu. Não

era

imaginação

dela:

o

comerciante

estava

ignorando-a deliberadamente. ― Tem cera nos ouvidos? ― disse ela com impaciência ― Estou falando com você. Por fim, o homenzinho lhe dirigiu um olhar depreciativo. ― Eu não lido com hereges. ― Hereges? Onde? ― Maria fingiu procurá-los debaixo da banca ― Se não estiverem escondidos debaixo das vestes… ― Desaparece daqui! ― explodiu o velho. ― Sim, será melhor que vá. Não vá pegar a surdez ou a estupidez. 69


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