África ruh uma sombra na aljama

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em rodeá-la de missangas; Maria duvidava da sua utilidade, mas não queria perder a concentração discutindo com Marieta. Agora tudo estava em mãos de Enoc. A vela tremeu quando a mão do médico se aproximou da cara de Catalina. Maria sentiu que lhe arrepiava o cabelo da nuca; não era o mesmo ver um paciente desconhecido sangrar que a sua amiga. Se alguma coisa corresse mal… «Não, ― disse a si mesma com firmeza ― nada vai correr mal. Que corra mal não é opção». E esticou ainda mais os braços em redor de Catalina. Tudo foi mais rápido do que pensara. Enoc deve ter furado o olho de Catalina, porque a mulher chiou. Por precaução, Maria a abraçou com força; não era necessário, pois Catalina em seguida relaxou de novo. ― Está indo muito bem, Catalina. ― disse Enoc com suavidade ― Já falta pouco… Maria sentiu que começava a enjoar. Para evitar, analisou a cara concentrada de Enoc, as suas fartas sobrancelhas negras, o seu nariz aquilino, os seus lábios carnudos, que agora estavam cobertos de suor… ― Terá que enfaixá-la ― disse ele sem aviso prévio. A moça piscou, mas em seguida reagiu e agarrou as ataduras que tinha deixado preparadas. Pouco depois, Catalina se erguia com a ajuda da Maria e de Enoc. Ainda estava aturdida e lhe tremiam os joelhos, mas podia caminhar. 51


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