Revista Cáritas Ceará - Edição 01

Revista Especial PIAJ - Programa Infância, Adolescência e Juventude

FOTO: GRUPO DE AUDIOVISUAL

Juventudes que ousam

sonhar e lutar Jovem educador do PIAJ reflete sobre o papel das juventudes no enfrentamento aos preconceitos e injustiças sociais como caminho para transformar o mundo

Festival de Arte e Cultura

Crianças e adolescentes de Fortaleza e de Russas se encontraram no Jangurussu para intercâmbio cultural

Desenvolvimento local e sustentável Comunidades unidas para reivindicar direitos e garantir a efetivação de políticas públicas

2º Encontrão das Juventudes Izael Lopes conta sobre ideias e sonhos durante o processo de planejamento do encontro de Itapipoca

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EXPEDIENTE Revista produzida pela Cáritas Regional Ceará, por meio do Programa Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ). Edição 01. Ano 01. Ano de publicação: 2014 // Tiragem: 2 mil exemplares

EDITORIAL

Ações e experiências para reviver! sta publicação chega ao final de mais uma etapa do Programa Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ) no Ceará. Desenvolvido entre 2013 e 2014, através da Rede Cáritas Ceará: Cáritas Brasileira Regional Ceará e das Cáritas (Arqui) Diocesanas de Limoeiro do Norte, Itapipoca, Iguatu, Sobral, Fortaleza, Crato, Crateús e Pastoral Social de Tianguá. Aqui resgatamos a essência do trabalho e revivemos experiências e ações do programa.

Optamos pelo formato revista como linguagem mais interessante para nos comunicarmos com o público que faz parte diretamente deste trabalho: as crianças, os adolescentes e os jovens. Não só pensando em falar para elas/es, convidamos alguns jovens para refletirem sobre o PIAJ e escreverem elas/es mesmas/os sobre suas experiências nessa revista. Nada mais justo e de acordo com a linha de ação que o PIAJ adota, do reconhecimento dos sujeitos e do seu próprio protagonismo social.

Patrícia Amorim

Coordenadora do Programa Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ) e secretária da Cáritas Brasileira Regional Ceará

Equipe

Jornalistas responsáveis: Jeane Freitas e Raquel Dantas // Imagens: Ivo Sousa e Acervo Cáritas Ceará // Projeto Gráfico, diagramação e tratamento de imagens: Sâmila Braga l Mandalla Comunicação

Cáritas Brasileira Regional Ceará: Rua Júlio César, 442 -Jardim América. Fortaleza, Ceará // Fone: (85) 3231.4783 / 3253.6998 / (85) 9674 1669 (secretariado)// Email: caritasceara.ascom@ caritas.org.br (comunicação) / caritasceara@ caritas.org.br (secretariado) // Facebook: / CaritasRegionalCeara // Site: ce.caritas.org.br

Iguatú: Rua Doutor Vicente Bezerra da Costa,

479, São Sebastião. CEP: 63500-250 // Fone: (88) 3581 0340 // E-mail: caritasiguatu@gmail.com

Crateús: Rua Frei Vidal da Penha, 1605, São

José. CEP: 63700-000 // Fone: (88) 3691 2469 / 3692 3623 // E-mail: caritascrts@yahoo.com.br

Rede Cáritas Ceará

Itapipoca: Avenida Duque de Caxias, 831,

Centro. CEP: 62500-000 // Fone: (88) 3631 0484 // E-mail: caritasdeitapipoca@hotmail.com

Crato: Rua Teófilo Siqueira, 631, Centro. CEP:

63100-010 - Cx. Postal 21 // Fone: (88) 3521 8046 // E-mail: caritasdecrato@yahoo.com.br

Limoeiro do Norte: Rua Cónego Climério

Chaves, 2709, Centro. CEP: 62930-000 // Fone: (88) 3423 3222 // E-mail: caritaslim@hotmail.com

Sobral: Rua Maestro José Pedro, 76 sala 04, Centro. CEP: 62011-260 // Fone: (88) 3611 1149 // E-mail: caritassobral@hotmail.com

Fortaleza: Avenida Dom Manuel, 339,

Centro. CEP: 60060-090 // Fone: (85) 3388 8716 // E-mail: caritasfor@fortalnet.com.br

Tianguá: Rua Lair Félix Nunes s/n – Cruzeiro CEP: 62320-000 // Fone: (88) 3671 2378 // E-mail: igrejasocial@yahoo.com.br Realização:

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Apoio - PIAJ:

Registro de capa feito pelo grupo de audiovisual.

A foto foi tirada na comunidade Alto São João, em Russas (CE), durante as gravações do vídeo “O Alto São João e o menino que queria ser Deus”, produto final da segunda turma de audiovisual do programa.

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ÍNDICE [essência do trabalho] Do rural ao urbano: entrelaçando vidas e superando estigmas na construção do desenvolvimento local >> página 04

p. 18

[festival de russas] Arte, Cultura e Cidadania fortalecem direitos e protagonismo >> página 07

p. 12

[olhar sobre si] Juventudes como protagonistas da transformação social >> página 08

p. 8

[direitos] O desenvolvimento local solidário e sustentável ampliando a noção dos indivíduos como cidadãos >> página 10 [experiências] E os desafios nos puseram a caminhar... >> página 12

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[bate papo] Programa Infância, Adolescência e Juventude trabalhando com os jovens a apropriação do direito de se comunicar >> página 14 [coletividade] Mentes, braços e corações para realizar o 2° Encontrão das Juventudes >> página 15 [festival de fortaleza] Festival de Arte e Cultura reúne mais de 150 crianças, jovens e adultos >> página 16

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[revolução interior] A terapia comunitária transformando indivíduos e relações locais >> página 18

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ESSÊNCIA DO TRABALHO

Do rural ao urbano: entrelaçando vidas e superando estigmas

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oi com o desejo expresso no título desta apresentação que elaboramos a proposta do Programa Infância, Adolescência e Juventude – PIAJ para o ano de 2013/2014, apresentada a Cáritas Alemã e à instituição Kindermissionswerk. Como Cáritas Regional Ceará temos uma trajetória já percorrida desde 1996 na ação com crianças e adolescentes, através do Programa Criança e Adolescente – PCA. De lá pra cá, percebemos que somente com uma ação integrada, na perspectiva do Desenvolvimento Solidário Sustentável e Territorial (DSST), poderíamos transformar as realidades dos grupos sociais com os quais trabalhávamos.

Isso se dando a partir de seus locais de vivência e com todos os sujeitos; com atenção prioritária às crianças, adolescentes e jovens. Esse último segmento – as juventudes, foi então incorporado ao Programa em 2003, por definição das Entidades-Membros da Cáritas. Transformando, assim, o PCA em PIAJ. Essa mudança veio com um novo paradigma: integrá-los observando suas especificidades e seus territórios.

No rosto de criança o desejo de mudança através das ações do PIAJ

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FOTOS: IVO SOUSA

na construção do desenvolvimento local

Participam diretamente dessa proposta 117 crianças e 484 adolescentes e jovens de 8 dioceses, 21 municípios, contemplando 30 grupos/ comunidades. Com as crianças e os adolescentes são desenvolvidas oficinas de arte-educação, trabalhando temáticas de seus cotidianos, seus diretos e suas expressões artísticas.

30 pessoas participaram da formação, entre agentes Cáritas, educadores/ as das comunidades e do Movimento Nacional dos Catadores/as

Nos últimos anos definimos os filhos/as de catadores/ as de materiais recicláveis e de agricultores/as rurais como nossos sujeitos prioritários no PIAJ. Mas como realidades tão distantes e distintas num primeiro olhar poderiam se entrelaçar? Nossa caminhada com esses sujeitos nos fez perceber algo em comum entre eles: todos/as sofrem preconceito e são estigmatizados pela sociedade, o que provoca neles/as e em suas famílias a negação de suas identidades, contribuindo para a baixa estima e o desejo de sair de seu território.

A partir desse olhar, construímos o objetivo geral do PIAJ no intuito de que fossem protagonistas no enfrentamento aos preconceitos, colaborando para o desenvolvimento local através do entendimento e valorização de suas próprias histórias, contextos e culturas.

Estabelecemos parcerias com grupos formais e informais das comunidades, associação de moradores, de catadores/as de materiais recicláveis, escolas, organismos vivos daquelas comunidades, integrando, sobretudo, crianças e adolescentes filhos/as de outros trabalhadores. Só assim possibilitaríamos de fato a inclusão e a integração da comunidade e a superação dos preconceitos. Também inserimos as comunidades na elaboração e monitoramento dos Planos de Desenvolvimento Local, as Redes Locais e os Festivais de Arte e Cultura, celebrando todas as conquistas alcançadas.

Mergulhamos ainda no Curso de Terapia Comunitária Integrativa – TCI, a fim de contribuirmos nas rodas de TCI existentes em 11 comunidades trabalhadas. Angústias, dores e sofrimentos entre as famílias de catadores/as de materiais recicláveis nos revelavam um impacto negativo nas relações familiares, comunitárias e produtivas. A terapia tem contribuído, de forma gradativa, na melhoria da autoestima e nas relações familiares e grupais. Para nós, educandos/as, também contribuiu em nosso conhecimento interior, reconhecendo nossos limites e potencialidades, para o nosso ser e serviço.

A juventude do campo e da cidade, do rural e do urbano, por sua vez, escolheu temáticas para contribuir com os processos formativos e mobilizatórios em seus territórios – semiárido, agroecologia, gênero, políticas públicas, sementes e cultura popular. Assim, 90 jovens empoderados e capazes de multiplicar saberes, influenciaram seus contextos e construíram possibilidades de ações integradas entre os grupos e as comunidades. Ações produtivas, como a implementação de quintais produtivos, e o artesanato, com a fabricação de velas e bijuterias, camisas a partir da arte do

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ESSÊNCIA DO TRABALHO stêncil e da serigrafia; e ações mobilizatórias, como a participação na Campanha Nacional Contra a Violência e o Extermínio da Juventude e do Grito dos Excluídos.

Desafios sempre estão presentes na caminhada. Alguns nos chamam a atenção para que continuemos na superação dos mesmos, com a consolidação das Redes Locais e da Rede de Jovens; o desenvolvimento sistemático das rodas de terapia comunitária nas comunidades acompanhadas; o monitoramento dos planos de desenvolvimento local; e o fortalecimento dos grupos de jovens nas comunidades.

Acreditamos que muitos passos foram dados na perspectiva do Desenvolvimento Solidário Sustentável Territorial, a partir da integração das crianças, adolescentes e jovens com os outros sujeitos em suas comunidades e territórios.

Estigmas e preconceitos foram e estão sendo superados cotidianamente. Além disso, conseguimos fazer com que o PIAJ se inserisse nas comunidades acompanhadas de forma integrada juntamente com outros Programas da Rede Cáritas – Economia Popular Solidária, Catadores/as de Materiais Recicláveis, Convivência com o Semiárido e Políticas Públicas –, compreendendo e trabalhando a dimensão sistêmica das mesmas.

Como diz um trecho da música de Gonzaguinha, adaptado para o tema desse trabalho: Fé na vida, Fé na gente, Fé nas crianças, adolescentes e jovens. Fé no que é e no que virá.

Nós fazemos juntos, nós fazemos mais. Vamos lá fazer o que será! E que venham mais vidas para serem entrelaçadas!

A Campanha surgiu através da 15ª Assembleia Nacional das Pastorais da Juventude do Brasil, baseada no lema “Juventude em marcha contra a violência“.

A história do Grito dos Excluídos completou 20 anos em 2014.

A proposta surgiu em 1994 e o 1º Grito saiu às ruas no dia 7 de setembro de 1995, dia da Pátria.

Desde então, todos os anos, na mesma data, o Grito dos Excluídos acontece em várias cidades do Brasil (se estendendo para outros países da América Latina), conclamando os excluídos às ruas para denunciar injustiças e protagonizar suas lutas.

Esse ano o tema foi “Ocupar ruas e praças por liberdade e direitos”.

Patrícia Amorim Assistente social, secretária regional da Cáritas Brasileira Regional Ceará e coordenadora do PIAJ Ceará

FOTO: JEANE FREITAS

Rosiene Luce na, 19 anos, Potiretama (CE)

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“A formação da juventude tem me ajudado a ver o mundo, me enriqueceu como ser humano, me fez amadurecer mais. O grupo faz a gente conviver mais de perto com a comunidade, com os agricultores/as. Ajuda a quem precisa conscientizando o pessoal a cultivar um mundo melhor e a ser mais solidário e mais humano. E é muito importante saber que a partir do grupo posso repassar conhecimento para a comunidade e ajudar a mesma.”

FESTIVAL DE RUSSAS

Arte, Cultura e Cidadania

Bárbara Aline, 19 anos, Potiretama (CE).

Participou da oficina de percussão do Festival: “Queria fazer uma coisa diferente e lá eu conheci um monte de instrumentos.

O Festival é uma idéia boa, voltada para os jovens e que ajuda a no resgate da cultura nordestina”.

fortalecem direitos e protagonismo Dentre as ações do PIAJ está a realização de festivais de arte e cultura, onde crianças e jovens da cidade e do campo se encontram para a troca de experiências artísticas

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Cáritas Regional Ceará, a Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte e a Oficarte Companhia de Teatro realizaram entre os dias 29 e 30 de março desse ano o III Festival Arte e Cultura para a Cidadania, na cidade de Russas, no Vale do Jaguaribe. Durante os dois dias de evento se sucederam momentos formativos e celebrativos com cerca de 200 crianças, adolescentes e jovens, sendo a maioria das cidades de Russas, Limoeiro do Norte, Potiretama e Quixeré; todas no Vale do Jaguaribe. Jovens das regiões de Crateús, Tianguá e Itapipoca também participaram.

Nos dois primeiros dias aconteceram, simultaneamente, oficinas de hip hop, teatro, percussão e audiovisual.

No sábado as/os participantes do Festival saíram em cortejo, a partir da Praça Matriz de Russas. O grupo percorreu diversas ruas da cidade pautando a luta por direitos de crianças, adolescentes e jovens e dizendo não à redução da

Redução da maioridade penal: proposta que parte conservadora da sociedade tem apontado como medida para o enfrentamento à violência no país. A proposta fere os preceitos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e contribui para o aumento da criminalização da pobreza e da situação de vulnerabilidade social de jovens das periferias.

maioridade penal. O fim do cortejo foi na sede da Oficarte. Ali várias apresentações culturais aconteceram, com destaque para o Boi Mirim, apresentado pelas crianças e adolescentes, filhos e filhas de catadores e catadoras de materiais recicláveis do bairro Alto São João, Russas. As apresentações levantaram o público presente, que cantou e dançou junto aos pequenos artistas.

Todas/os as/os participantes do Festival de Arte e Cultura fazem parte de grupos acompanhados pelo PIAJ, apoiado pela Cáritas Alemã e pela instituição Kindermissionswerk. São objetivos do projeto estimular o protagonismo das/os jovens e contribuir para erradicação do trabalho infantil através da valorização da arte e da cultura.

Segundo a agente da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte, Silvânia Mendes, o projeto envolve a criança em atividades educativas e culturais, estimulando um aprendizado positivo, de forma que elas também se conscientizem sobre os seus direitos e os seus deveres dentro da realidade em que vivem.

FOTOS: ACERVO PIAJ CÁRITAS REGIONAL CEARÁ

O trabalho com as crianças (em sua maioria) e adolescentes, filhos/as de catadores/as de materiais recicláveis e suas famílias, acontece em 6 comunidades, nas cidades de Fortaleza, Limoeiro do Norte e Russas, e são acompanhadas pelas Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza e Diocesana de Limoeiro do Norte.

Resgate da tradição e cultura popular na expressão do imaginário infantil

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OLHAR SOBRE SI

JUVENTUDES como protagonistas da transformação social

A busca pela participação ativa na sociedade como sujeito de direitos é o caminho por onde a juventude vai girar a roda do mundo em direção à liberdade e à igualdade

E

m um contexto histórico desafiador em que as distâncias sociais são cada vez mais acentuadas, ser jovem, principalmente nas periferias e zonas rurais do Brasil, não tem sido uma tarefa fácil. Se torna cada dia mais difícil.

Em uma realidade de exclusão, deficiência ou muitas vezes de ausência de políticas públicas, negação de direitos, criminalização da juventude e em uma sociedade que encara naturalmente o extermínio de dezenas de jovens todos os dias, se faz necessário que a juventude traga para si a responsabilidade e assuma a vanguarda no enfrentamento e desconstrução desses paradigmas, tornando-se efetiva protagonista na transformação dessa realidade.

Ao longo do tempo, inúmeros movimentos que foram encabeçados ou mesmo tiveram participação da juventude or-

ganizada, resultaram em significativas conquistas e avanços que podemos perceber até os dias de hoje. Contudo, em um processo de globalização em que as mudanças são em grande parte repentinas, as demandas também seguem essa característica, assumindo assim uma nova roupagem e exigindo que novas alternativas sejam refletidas.

Ainda temos muitos caminhos a percorrer e por consequência, muitos desafios a ultrapassar. Talvez algumas sombras encontradas nesse percurso sejam a escassez de referências que nos impulsionem e a capacidade de nos tornarmos essas referências também impulsionadoras para as gerações atuais, mas, sobretudo para as futuras. Como tornar visível à sociedade as incontáveis experiências de vida que desenvolvemos em nossos locais? Como nos articular de forma mais consistente e menos pontual com os grupos de jovens organizados existentes? Tarefa maior é conseguir agregar as/os adolescentes e jovens que estão FOTO: ACERVO PIAJ CÁRITAS REGIONAL CEARÁ

Primeira turma da formação em audiovisual: as lentes que fazem da juventude sujeito de ações no dia-a-dia

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Estas conquistas e avanços, como a luta pela liberdade nos anos de ditadura militar. Ela é recente e simboliza fortemente o envolvimento das/os jovens na luta por direitos. É por conta delas/es que usufruímos de liberdades políticas e de uma sociedade não mais comandada pelo poder autoritário dos militares. Mas a juventude precisa permanecer atenta e forte! As violações aos direitos e às liberdades ainda se revelam fortemente e a todo instante em nossa sociedade. A luta não terminou!

nas bases, que não enxergam perspectivas de melhoria e que assumem os papéis mais vulneráveis diante desse quadro.

De uma forma mais incisiva nos últimos anos, as juventudes vêm se mobilizando, se apropriando e assumindo os espaços de discussão e construção coletiva que são seus por direito e que precisam de suas contribuições nas reflexões sobre a sociedade que queremos. Sejam eles os fóruns, conselhos, sindicatos, grêmios estudantis, partidos políticos, coletivos, associações etc.

Os mecanismos de comunicação existentes, sobretudo as redes sociais, vêm sendo aliados importantes nessa mobilização, servindo como potencializadores dessa articulação que busca mais solidez. Fato que ficou evidenciado em meados de junho de 2013 e que não se pode deixar de trazer nesse momento, quando milhares de pessoas, sendo a grande maioria jovem, tomaram as ruas das principais cidades do país para reivindicar diversas melhorias para o conjunto da sociedade.

Vamos seguindo firmes na nossa jornada que é longa, tomando como inspiração e força toda a história de luta e de duras conquistas do passado que permanecem até hoje entre nós e que foram fundamentais para que tivéssemos ao menos o direito de sonhar. Que sempre mantenhamos viva a ideia de que ser jovem é ter brilho nos olhos e a dança na alma. É viver o presente com intensidade e querer sentir-se livre para conquistar novos horizontes. É querer sentir-se gente. É lutar como um/a guerreiro/a, entregando-se por inteiro. É ultrapassar limites e ir além do que se pode imaginar...

Paulo José Jovem acompanhado pelo PIAJ através da Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza. Hoje, ele contribui com o programa como educador. O contato com a Cáritas veio a partir da União dos Moradores do Jardim Iracema (UMJIR), da qual é hoje diretor do Departamento Criança, Adolescente e Juventude.

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DIREITOS

local solidário O desenvolvimento

e sustentável ampliando a noção dos indivíduos como cidadãos

Palco de lutas: a praça como espaço de manifestação e conquista de direitos

É através dessa noção de desenvolvimento e pelo estímulo à participação geracional que as comunidades se unem para discutir e buscar o poder público para a solução de seus problemas

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conquista da lei que assegura o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e todo o processo de mobilizações anteriores para que se chegasse a ele, fez a sociedade brasileira perceber que nas comunidades mais pobres os mais vulnerabilizados são as crianças e adolescentes e que se faz necessário protegê-los de todas as formas de violência. Porém, mais do que isso, o ECA transformou a criança e o adolescente em sujeitos de direitos e protagonistas do acesso a estes direitos. É desse princípio que partimos no desenvolvimento do Programa Infância, Adolescência e Juventude (PIAJ), bem como da constatação de que é preciso criar as condições para que a família seja de fato o lugar de apoio afetivo e material para crianças, adolescentes e jovens.

Trabalhando em comunidades vulneráveis na periferia de Fortaleza, onde reina a ausência ou a precariedade das políticas públicas, a Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza vê neste programa a possibilidade de colaborar com o que diz o Art. 4º do ECA, quando fala:

FOTO: JEANE FREITAS

“É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.” (Lei 8.069 de 13/07/1990) A Rede Cáritas entende este programa como estratégico para o trabalho que deseja realizar com as famílias, promovendo o Desenvolvimento Local, Solidário e Sustentável (DLSS).

Entendemos que este desenvolvimento só acontece na medida em que as famílias se envolvem, compreendem o que isso significa e põem-se a postos para conseguir seus objetivos.

Neste sentido, realizamos encontros com as famílias para discutir os Planos de Desenvolvimento Local Sustentável e Solidário (PDLSS). A metodologia consiste em trazer para uma roda de conversa as demandas do local, as dificuldades da comunidade e como elas podem ser solucionadas. A lista de demandas ou carências na área de políticas públicas é negociada com o poder público, onde as lideranças comunitárias se colocam como protagonistas nesta negociação. Ali podem participar crianças, adolescentes, jovens e adultos,

cada um/a dando sua opinião sobre como a comunidade pode ser melhor. É preciso lembrar que o foco da Cáritas neste projeto são as famílias de catadores/as de materiais recicláveis.

Um foco que não é exclusivo, visto que esta categoria não é uma ilha e interage com as comunidades como um todo.

Mas precisamos lembrar sempre que o foco é trazer visibilidade para estes que muitas vezes são desconsiderados em seu local, cujos filhos/as são chamados de “filhos/as de urubu”, “filhos/as de lixeiros”, trazendo ainda mais dificuldades para a autoestima destas crianças e adolescentes que se escondem em sua invisibilidade.

Este processo fez surgir algumas redes, como por exemplo, na comunidade Jardim Iracema, onde existe um leque de entidades locais que hoje se reúnem na União dos Moradores do Jardim Iracema (UMJIR) em torno das demandas da comunidade. Na comunidade do Parque Santa Rosa, a partir da participação de representantes do Posto de Saúde em uma dessas rodas, houve o convite para participação de um representante na comissão de acompanhamento e orientação a maus tratos de crianças e adolescentes. Esta comissão recebe e encaminha denúncias, acompanhando famílias que se encontram em situação de violação de direitos. Nela participam igrejas e entidades de organização comunitária local, além de representantes do posto de saúde. Na comunidade Genibaú vale ressaltar a participação do Programa Saúde da Família e das escolas locais, além da organização dos/as catadores/as de materiais recicláveis. No Jangurussu as crianças descobriram a possibilidade de fazer música a partir dos materiais recicláveis que seus pais vendem para gerar renda para a família. Estão felizes em poder tocar e serem vistos por todos com essa arte.

As oficinas de arte-educação e as Bandas de Lata trouxeram um novo ânimo às crianças e adolescentes, pois nelas descobriram que são capazes de refletir, criar, tocar, fazer música... Crianças e adolescentes que passavam o dia de uma ponta à outra da rua, expostas aos desafios comuns das periferias de Fortaleza, agora se sentem prestigiadas, assistidas e seus pais ficam emocionados com as conquistas de seus/suas filhos/as. Mas sabemos que os desafios ainda são muitos.

O desenvolvimento local sustentável e solidário é, portanto, aquele por onde cada pessoa, independente da sua origem, raça, etnia ou idade, é respeitada no seu jeito de ser e contemplada nas suas necessidades. É um desenvolvimento que respeita o SER e a sua cultura. E mais do que isso, este desenvolvimento que queremos visa à vida em plenitude, repleta dos cuidados que cada um/a precisa. É o verdadeiro BEM VIVER!

Ana Maria de Freitas Coordenadora da Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza (CAF).

Contribui com o PIAJ desde 2006

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EXPERIÊNCIAS

E os desafios nos puseram

a caminhar…

“No canto sonoro da ave que voa, a liberdade é um grito, bem alto ressoa.

No jovem que luta a esperança se faz.

A semente que nasce é vitória da paz”.

Jorge Trevisol

O

desafio se coloca. Um desafio que tem rosto e idade. Um desafio que vive intensamente, que tem sorrisos, lágrimas, emoções, gritos e queixas. O desafio se chama Juventude. Ou seriam Juventudes?

Como os desafios devem ser enfrentados, a Cáritas Regional Ceará também trilha esse caminho do enfrentamento trabalhando com as juventudes. E por onde andam esses caminhos?

Andam pelas veredas dos territórios onde atuamos, andam pela cidade e pelo semiárido e andam falando de agroecologia, economia solidária, participação juvenil.

Mas falamos também dos anseios, dúvidas, alegrias, desejos e tentamos construir uma via de mão dupla, um diálogo, uma conversa. E nessas conversas perceber que o desafio é ainda maior do que imaginamos quando olhamos de longe.

Que há o desafio da desesperança, da desmotivação, da violência, da despolitização, enfim, que o desafio é, ao mesmo tempo, político e também do campo do subjetivo.

Nesse desafio também nos desafiamos a compreender a dinâmica social dos espaços de vida das juventudes, em especial, as que vivem no campo. De compreender suas relações com a família, com a comunidade e com o mundo que representa, na maioria das vezes, o ideal do urbano.

Desafiamo-nos a entender esses espaços relacionados com suas temporalidades e suas possibilidades e limitações de escolhas, que marcam a permanência ou migração para outras regiões.

Caminhando entre desafios e possibilidades desde 2010, conseguimos realizar um ciclo de formação sistemática com jovens de todo o estado do Ceará. Apesar das muitas limitações que ainda existem, reconhecemos que alguns passos já foram dados. Dentro do escopo desse programa de formação, destaca-se um ciclo continuado que tematiza a relação entre juventude e audiovisual. Uma formação dialógica que tran-

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sita da teoria à prática e contribui na visibilização de diversas realidades, indo do sertão à cidade.

Esse eixo de atuação da Cáritas Regional Ceará já rendeu alguns belos frutos. Em 2013, por exemplo, foram lançados seis vídeos documentários produzidos por jovens de várias regiões do Ceará. Vemos retratadas nas telas recortes da vida cotidiana desses e dessas jovens, suas famílias e suas comunidades. Os vídeos vão do anúncio – cultura popular, organização comunitária, preservação ambiental, agroecologia, economia solidária; às denúncias – o avanço das grandes obras e projetos, a grilagem de terras.

Entre os aprendizados que já colhemos dessa caminhada está a reafirmação da necessidade de tratarmos as juventudes a partir de suas especificidades e de sempre termos o cuidado de não uniformizá-las, nem fazer comparações, pois cada grupo se produz nas condições de vida em que é gerado. E esse cuidado também se estende às questões que remetem a formação dessa identidade geracional, que se referem à construção de seus próprios espaços de sociabilidade, manutenção de vínculos e de valorização da família e do contexto territorial próximo.

Além dos aprendizados colhemos também imensos desafios que brotam da diversidade ampla dessas juventudes, que todos os dias são estimuladas à uniformização pela mídia, mas que mesmo assim resistem. Uma resistência por vezes silenciosa e outras vezes bem barulhenta. Sobretudo, tivemos (e temos) muitas alegrias nesse processo. E a principal delas é a de perceber a maior presença das juventudes reivindicando maior visibilidade e a formulação de políticas públicas específicas para elas. Cáritas, teu rosto é jovem também!

Monyse Ravenna Trabalhou como comunicadora popular da Cáritas Brasileira Regional Ceará de 2010 a 2014 e contribuiu ativamente com os projetos desenvolvidos pelo PIAJ

FOTO: ACERVO PIAJ CÁRITAS REGIONAL CEARÁ

Os vídeos estão reunidos no DVD Juventudes e Comunicação para Mobilização no Semiárido Cearense e contam sobre o grupo cultural Urucongo, da Chapada do Araripe, no Crato; das vassouras artesanais feitas da carnaúba em Quixelô; das Casas de Sementes no Trairi e em comunidade rural de Sobral; do impacto social da barragem do Figueiredo na região do Jaguaribe; e da história dos Tapuya-Cariri da Serra da Ibiapaba.As oficinas para a produção dos vídeos foram facilitadas por Ivo Sousa, do DOC.Sertão.

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BATE PAPO

PIAJ trabalhando com os jovens a apropriação do

direito de se comunicar Monaiane Sá participou da formação continuada do PIAJ em audiovisual e conta sobre a experiência

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omunicação é direito humano. E muito além de receber informações, todo cidadão e cidadã deve ter garantido também o direito de se comunicar. Claro que os jovens não podiam estar de fora dessa.

Pensando nisso, na importância da comunicação para se pensar o mundo, o PIAJ incluiu no programa uma formação continuada em audiovisual. Através do conhecimento técnico e de práticas nas comunidades acompanhadas pelo programa, a turma de audiovisual aprendeu que é possível construir o mundo a partir das suas próprias narrativas, aquelas que reflitam a identidade de seus territórios e de sua gente.

Quem participou dessa formação foi Monaiane Silva Sá. Ela mora na comunidade rural São João, em Tianguá, é integrante do grupo Teatro Matuto e participa do Grupo Jovens Agroecológicos de Tianguá (JOAT). Na entrevista abaixo ela conta pra gente como foi participar dessa formação e qual o potencial da juventude no trabalho com a comunicação popular.

Revista PIAJ: Monaiane, você participou das duas etapas da formação em audiovisual para jovens, do PIAJ. Conta como foi essa formação e qual o resultado do processo em cada turma.

Monaiane Sá: Na primeira etapa, éramos 25 jovens do rural e urbano, vindos/as de 8 dioceses do estado. Passamos por quatro etapas de formação teórica e prática sobre construção de roteiro, técnicas de audiovisual e gravação. O objetivo era que cada diocese construísse um documentário retratando uma realidade local. Seis vídeos foram concluídos. Iniciamos a segunda etapa com dez jovens, tendo uma proposta desafiadora: fazer um documentário sobre uma realidade urbana, numa comunidade de catadores/as de materiais recicláveis, sob a ótica de seus filhos/as. No

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Monaiane Sá

decorrer do projeto ficaram seis jovens de cinco dioceses.

Nessa etapa tivemos formações mais práticas sobre câmera, roteiro, gravação e edição.

Revista PIAJ: Quais os aprendizados que você levou para si desses momentos de formação?

Monaiane Sá: A parte técnica das duas etapas foi muito importante, mas para mim foi ímpar o contato com a comunidade de catadores/as. Perceber neles/as a luta e superação que acontece todos os dias, e que é vivenciada por mulheres e homens de todas as idades. Pude estar próxima às crianças com quem conversei e brinquei. Nas falas tímidas de alguns/ algumas percebi o medo da violência e da exclusão social sobre eles/as impostas. Mas percebi também, de maneira muito mais forte, as afirmações de aceitação de suas identidades como filhos/as de catadores/as. Os muitos olhares e sorrisos repletos de esperança me ensinaram a ser mais humana e fortalecida para lutar por justiça e igualdade.

Revista PIAJ: Qual a sua percepção sobre a importância e o potencial dos jovens na construção da comunicação popular?

Monaiane Sá: “A juventude não é um capítulo separado do restante da existência”, disse Padre Thiago Alberione. Portanto, todas as realidades passam pelo universo das juventudes. Penso que aí está a importância de nos colocarmos na sociedade como sujeitos que transformam e comunicam seus espaços além-território. Nós jovens temos o potencial e a criatividade de promover a comunicação popular reafirmando que fazemos parte do hoje e nele queremos atuar e protagonizar nossas histórias.

COLETIVIDADE

O mês de setembro foi de bastante trabalho para os jovens que se envolveram no processo de concepção e construção do encontro

O

1° Encontrão realizado através da Cáritas trouxe como objetivo percebermos a realidade atual, nossos sonhos e desafios. O 2º Encontrão, que será realizado na comunidade Lagoinha, Diocese de Itapipoca, nos convoca à missão na ideia de que unidos somos fortes e que juntos venceremos essa luta contra a desigualdade social. Para isso escolhemos como tema “Juventude do campo e da cidade: por pão, justiça e liberdade”.

O encontro vem sendo planejado e coordenado por jovens das Dioceses de Crateús, Sobral, Limoeiro do Norte, Itapipoca, Pastoral Social de Tianguá e Arquidiocese de Fortaleza. A preparação foi em Fortaleza no começo de setembro. Enfrentamos muitas horas de viagem para organizá-lo com bastante força de vontade. Pensamos em várias propostas para esse encontro. Queremos que os jovens se sintam entusiasmados a participarem, mostrando para a sociedade que queremos ter vez e voz e que somos pessoas ativas na construção do bem viver.

Pensamos em fazer um encontro com estudos, discussões, oficinas de interesse da juventude, apropriação e partilha de conhecimentos. Queremos que os/as participantes desse encontrão possam refletir e doar-se a um projeto de vida e solidariedade, empenhando-se em construir uma nova sociedade, justa e igualitária, onde cada ser humano

Mentes, braços e corações para realizar

2° Encontrão das Juventudes

FOTO: JEANE FREITAS

possa ter alimentação e liberdade garantidas. Somos convidados/as a compartilhar conhecimentos e experiências com jovens e famílias da comunidade que se dispôs a nos acolher.

Queremos entoar o canto da paz e da esperança, dançar os ritmos da vida, nos sentirmos sujeitos de nossa própria história. Sendo jovens que lutam e sonham, reascendendo a chama da vida e da ação que está dentro de cada um de nós. Pois ser jovem e não ser revolucionário é uma contradição genética. É negarmos nossas origens e perdermos nossa história.

Que possamos nos espelhar em nosso irmão JESUS CRISTO, o primeiro revolucionário da história. Em sua plena juventude mostrou indignação contra os poderosos, lutou e morreu por uma causa justa, por um mundo em que todos/as tivessem direitos iguais.

Termino esse texto com a frase de um grande revolucionário cubano que diz: “Se você é capaz de se indignar contra qualquer injustiça cometida contra qualquer ser humano e em qualquer lugar do mundo, então, somos todos/as companheiros/as”. (Che Guevara)

Izael Montes Lopes Educador da Escola Família Agrícola Dom Fragoso (EFA)

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FESTIVAL DE FORTALEZA

Festival de Arte e Cultura reúne mais de 150

crianças, jovens e adultos

O intercâmbio cultural e artístico através do festival contribui com a autoestima, a valorização de identidades e possibilita a integração das comunidades

A

segunda edição do Festival de Arte e Cultura em Fortaleza organizado pela Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza e pela Cáritas Regional Ceará, através do Programa Infância, Adolescência e Juventude da Cáritas Brasileira (PIAJ), reuniu mais de 150 crianças, adolescentes e familiares das comunidades do Genibaú, Parque Santa Rosa, Jardim Iracema e Jangurussu. O festival aconteceu na Escola Delma Hermínia da Silva Pereira, no dia 20 de junho.

Espaço de expressão da cultura e da criatividade das crianças, o momento possibilitou o reconhecimento social positivo junto às comunidades onde vivem em contraposição à invisibilidade e à negação de seus direitos. As apresen-

tações reuniram o Boi-Mirim da cidade de Russas, Banda de Lata de Fortaleza, rodas de capoeira, poesia, palhaços, teatro, música e reisados, que coloriram o local. Para Maria Erisvalda, mãe de uma das crianças acompanhadas pelo projeto no Jangurussu, o momento foi de grande oportunidade para as crianças aprenderem mais. “Elas gostam e é um incentivo para sair das ruas”, relata.

Para Patrícia Amorim, secretária da Cáritas Regional Ceará, a festa foi uma verdadeira e importante demonstração de talento e protagonismo das crianças e jovens. “O Festival de Arte e Cultura foi um grande momento celebrativo do PIAJ. É a culminância das ações de arte e educação e processos formativos desenvolvido com as crianças, adolescentes e jovens, onde puderam apresentar seus talentos.

A juventude também participou gravando um vídeo das

O primeiro Festival de Arte e Cultura de Fortaleza aconteceu em 2012, na comunidade Jardim Iracema, e reuniu mais de 100 crianças. No mesmo ano a cidade de Russas também realizou o seu festival, reunindo mais de 120 crianças e jovens envolvidos no PIAJ.

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FOTOS: ACERVO PIAJ CÁRITAS REGIONAL CEARÁ

No embalo das latas, crianças tocam e brincam ao mesmo tempo

apresentações. É nesse momento que conseguimos perceber o protagonismo das comunidades, a valorização da cultura local, o entrelaçar das vidas das crianças, adolescentes e jovens das comunidades urbanas e rurais acompanhadas pelo PIAJ”, concluiu.

Visita da delegação de Futebol da Alemanha O festival contou com a presença de representantes da Confederação de Futebol Alemão e da fundação social da Liga de Futebol Alemão. A delegação esteve em Fortaleza para a Copa do Mundo. Anna Moser, da Kindermissionswerk, entidade alemã que financia o PIAJ, também veio a Fortaleza e acompanhou a delegação durante o festival. A comitiva mantém visitas a projetos desenvolvidos por organizações sociais em cada local onde vão, com o intuito de contribuir socialmente. Foi um momento significativo tanto para a comitiva quanto para os que estavam envolvidos no festival.

Eles também visitaram o galpão da Associação dos Catadores do Jangurussu (Ascajan), onde ficaram impressionados com a realidade e expressaram respeito pelo trabalho desenvolvido pelos catadores na coleta seletiva. Wolfgang Niessbach, presidente da Confederação de Futebol Alemão, expressou seu sentimento como algo que ”vai embaixo da pele. É um trabalho muito duro e o contraste social da cidade é muito grande”.

Jeane Freitas É comunicadora da Cáritas Brasileira Regional Ceará

Jesuana Prado, colaboradora do PIAJ (2013 - 2014) Jesuana contribuiu com o programa pela Cáritas Arquidiocesana de Fortaleza (CAF).

“A grande sorte do PIAJ foi encontrar um conjunto de educadoras/es, também articuladoras/es, com forte engajamento em suas comunidades, com disposição para fazer o melhor pelas crianças e adolescentes, transformando assim, realidades sofridas em grandes sonhos e sorrisos. Para nós que executamos o PIAJ com ajuda de todo este conjunto, não tem felicidade maior.”

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REVOLUÇÃO INTERIOR

transformando A terapia comunitária

indivíduos e relações locais

O olhar de uma educanda sobre o trabalho de terapia comunitária integrativa no desenvolvimento do PIAJ em Limoeiro do Norte

H

á um convite flutuando no ar. É um convite ousado, que instiga um olhar profundo sobre a nossa essência, a nossa “verdade”, as relações que estabelecemos conosco, com o outro, com o mundo e com o que nos transcende.

Fomos apresentadas à abordagem sistêmica comunitária no ano de 2012 e à Terapia Comunitária Integrativa (TCI) em 2013 e 2014, através da parceria entre o Projeto Paz e União e as Cáritas Brasileira Regional Ceará e Diocesana de Limoeiro do Norte no desenvolvimento do PIAJ nesta diocese. Durante esse período participamos dos cursos “Abordagem Sistêmica” e “TCI” promovidos pelo Movimento de Saúde Mental e Comunitária do Grande Bom Jardim (MSMCBJ).

A proposta de envolvimento com a abordagem sistêmica esteve centrada na vivência as partir dos diversos encontros, na partilha e na troca de saberes. Nessa dinâmica foi possível entender que na abordagem sistêmica e na vida somos todos sistemas vivos. Todas as organizações são consideradas sistemas e, nessa medida, estamos envolvidos mutuamente. Daí a necessidade de vivermos e trabalharmos de forma coletiva, tentando cada vez mais nos comportarmos como sistemas equilibrados – flexíveis, dialógicos, participativos, cooperativos. Na prática a abordagem sistêmica nos ajuda a compreender que nossa ação com crianças, adolescentes e jovens, sejam filhos/as de catadores/as de materiais recicláveis ou de outros/as trabalhadores/as, não é um fim em si mesmo. Deve estar interligada com as outras dimensões da vida daquelas famílias, comunidades, municípios e Estado. Compreender que todos nós somos uma totalidade e ao mesmo tempo uma parte, que influencia e interfere nesse universo. É nesse contexto que a Terapia Comunitária Integrativa se apresenta. É na roda de TCI que acolhemos, confirmamos o outro, partilhamos nossas situações limites e formamos uma rede de conexão solidária na comunidade. A experiência durante esses dois anos aproximou as pessoas, fortaleceu os vínculos comunitários e construiu diversas possibilidades de superação e enfrentamento de situações problemas. Redes

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solidárias foram construídas a partir das rodas de TCI, inclusive com a chegada de novos parceiros nessas comunidades.

A compaixão mobiliza as pessoas, e essas se sentem convidadas a contribuir de alguma forma para minimizar a dor do outro. O certo é que são infinitas energias mobilizadas durante as rodas de Terapia Comunitária, promovendo a ação solidária, a inteireza do ser. E desse inacabamento histórico humano, como bem dizia Paulo Freire, estamos nós, mergulhados e envolvidos nessa prazerosa missão.

Maria Francineide Mais conhecida como Neidinha, é coordenadora do Projeto Paz e União, organização parceira da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte.

A TCI é uma tecnologia social que alia o saber cientifico e técnico ao saber popular. Está balizada nos pilares do Pensamento Sistêmico; Teoria da Comunicação; Antropologia Cultural; Pedagogia de Paulo Freire e Resiliências. É uma estratégia de integração, vivência comunitária e, principalmente, de revolução interior.

Já são dois anos de encontros em rodas de TCI em algumas das cidades da Diocese de Limoeiro do Norte – Jaguaruana, Morada Nova, Russas e Limoeiro.

Inicialmente prevista para somente duas comunidades nos municípios de Russas e Limoeiro, e hoje em quatro cidades e em quatro comunidades, a partir da parceria com o Projeto Paz e União.

As rodas de terapia comunitária que ajudam na transformação pessoal

FOTOS: NÁDIA FRANCO

A terapia comunitária é o espaço aberto para as pessoas da comunidade discutirem seus problemas, buscarem apoio e soluções, dentro de uma rede de relações solidárias que se caracteriza pela horizontalidade do conhecimento, mobilizando os recursos e competências das pessoas, das famílias e comunidades, suscitando a dimensão terapêutica do grupo.

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A solidariedade

transforma vidas.

A Cáritas Brasileira desenvolve

ações em todo o Brasil

para a superação das

desigualdades sociais.

Trabalhamos junto aos excluídos e excluídas para que se tornem pessoas de direitos, protagonistas da sua história. Defendemos a vida, promovemos a cidadania, mobilizamos a sociedade. A sua solidariedade também pode transformar vidas e, juntos/as,

podemos construir um mundo mais justo para todos/as. Se você acredita na força da solidariedade, junte-se a nós.

Faça parte dessa rede.

caritas.org.br/rps

Ajudou mais de

100MIL

pessoas após grandes catástrofes

Colabore com a Cáritas Brasileira Regional Ceará!

Banco do Brasil Conta Corrente: 108.708-8

FOTO: IVO SOUSA

Transformou a vida de

20

Auxiliou mais de

100MIL

Com obras hídricas no Semiárido

300MIL

famílias em todo o país

Agência: 0675-0