Carta dos catadores à prefeitura de Fortaleza

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DOCUMENTO DA REDE CEARENSE DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS DO ESTADO DO CEARÁ À PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA Nós, Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis do Estado do Ceará, representando 15 Empreendimentos Econômicos Solidários de Catadores (as) de Fortaleza (04 grupos, 11 associações e 01 cooperativa), queremos expor à sociedade e as autoridades do poder público municipal a situação na qual nos encontramos, assim como demonstrar o quanto avançamos enquanto categoria organizada, e também as possibilidades de avanços ainda mais significativos, se nos for oportunizado os direitos aos quais aqui reivindicamos. Lembramos que os grupos, associações e cooperativa representam mais de 400 catadores (as) organizados e qualificados, tendo ainda milhares de profissionais em nosso Estado trabalhando de forma individual e desorganizada. É em nome de todos, que reivindicamos as oportunidades de melhor acesso ao trabalho digno e a uma renda mais justa. 1. NOSSA HISTÓRIA E NOSSAS CAPACIDADES A Rede de Catadores/as de Materiais Recicláveis do Estado do Ceará iniciou a articulação dos catadores no início dos anos 2000, vindo a se formalizar em 2007. Neste tempo foi se organizando e participando de diversos eventos e espaços de mobilização social e discussão sobre temas de interesse de toda sociedade em destaque os relacionados à preservação do meio ambiente. Ainda em 2001 nossa participação aconteceu no Congresso Latino Americano de Catadores/as e a partir deste, estivemos em edições da Expocatadores, no Festival Lixo e Cidadania, em etapas das Conferências de Meio Ambiente e Conferências das Cidades, em Audiências Públicas, Marchas e outros espaços onde apresentamos nossas pautas e demonstramos a importância do nosso trabalho para a melhor qualidade de Vida de toda sociedade. Com o início do programa Cataforte, em 2010, e com o respaldo da Lei 12.305/10 (Politica Nacional de Resíduos Sólidos) fomos qualificando ainda mais, para podermos ser co-gestores do gerenciamento dos resíduos sólidos em nosso município. O beneficiamento do óleo de fritura usado (OGR) que se transforma em biodiesel na usina da Petrobras em Quixadá e outras experiências como co-gestão de galpões públicos e Prestação de Serviços de coleta seletiva se tornaram realidade a partir de 2013, evidenciando nossa capacidade de trabalho e organização social e produtiva. 2. NOSSA DURA REALIDADE No entanto, estas experiências esbarram em questões de falta de políticas públicas efetivas e permanentes que possibilitem que um maior número de catadores possa estar trabalhando dentro dos nossos grupos organizados, assim como impossibilita que todo o volume de material reciclável possa ser coletado indo assim aos aterros apenas os rejeitos. Nas associações apesar dos programas do Governo Federal e de algumas parcerias com a gestão municipal, com empresas, ainda faltam equipamentos em muitos casos, o básico como galpões, transporte e equipamentos como prensa e balança. Há necessidade de avançarmos no marco legal relacionado à implantação da Coleta Seletiva que inclua os catadores de forma digna. A Realidade dos catadores de nosso município ainda é desumana, e são estes mesmos trabalhadores que faz com que o setor da reciclagem movimente bilhões na economia município. Mas é esta realidade, que com a nossa organização estamos mudando, no qual reivindicamos as


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