Carcara #30

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#30

WINTER

2022

ISSN 2596-3066


Cover Photo: Tuca Vieira



GALERIA BECO VISCERAL A Galeria Beco Visceral surge antes mesmo da criação do espaço físico. Ela nasce quando a idealizadora, Marcela Novais, tem seu primeiro contato com a arte através da música. É desse ponto que Marcela transforma sua casa de infância, que também é o fundo de sua loja, em uma galeria fotográfica com acesso livre. O plano inicial era que aquele espaço se tornasse um estúdio fotográfico e o negócio fosse ampliado. No entanto, Marcela percebeu que não só ela, mas outros amigos fotógrafos de Paraisópolis, tinham algo valioso e potente em mãos. Ela viu que através da fotografia era possível mostrar as belezas e nuances da comunidade, pontos que só moradores poderiam representar em sua arte, numa linguagem que vai para além do emaranhado de fios, becos e vielas e que vai de encontro com traços culturais próprios das periferias. A galeria é um espaço democrático que abriga uma exposição de fotografias em seu piso térreo e uma instalação no andar superior, que conta com mais de 1500 colagens sobre fotografia em suas paredes e música de fundo narrando as vivências da favela, produzida pelo Estúdio Goma Bet Records, de artistas da própria comunidade. O local tem se tornado parte da rota educacional das escolas, ONGs e associações da comunidade, que levam seus alunos para conhecer a arte fotográfica e fazer imersões neste universo através de oficinas. Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo, com um século de história e mais de 100 mil moradores. É uma efervescência artística e cultural, apesar deste lado não ser exposto pela mídia. Mesmo com as adversidades, ela continua crescendo e se desenvolvendo, construindo novas perspectivas e fomentando sonhos. Na comunidade é possível ver diversas manifestações artísticas. Do Hip-Hop ao balé clássico, é um local que exala potência de quem consegue transformar sua própria realidade e a de quem está ao seu redor.



Humankind lingers unregenerately in Plato’s cave, still reveling, its age-old habit, in mere images of the truth. But being educated by photographs is not like being educated by older, more artisanal images. For one thing, there are a great many more images around, claiming our attention. The inventory started in 1839 and since then just about everything has been photographed, or so it seems. This very insatiability of the photographing eye changes the terms of confinement in the cave, our world. In teaching us a new visual code, photographs alter and enlarge our notions of what is worth looking at and what we have a right to observe. They are a grammar and, even more importantly, an ethics of seeing. Finally, the most grandiose result of the photographic enterprise is to give us the sense that we can hold the whole world in our heads - as an anthology of images SUSAN SONTAG ON PHOTOGRAPHY




Tuca Vieira





Carlito Rozeno













Chris Oliveira















Daniel Eduardo













David Martins





























Felipe Homem































Francisca Rodrigues





















Gleiziele Oliveira

































Gustavo Lira

















Jose Barbosa















Luis Dellunna



















Marcela Novais























































































Thamiris Paula





















Vinicius Trindade


























































BECO VISCERAL Beco Visceral Gallery appears even before the creation of its physical space. It was born when its founder, Marcela Novais, had her first contact with art through music. It is from this point that Marcela transforms her childhood home, which is also the back of her store, into a photo gallery with free access. The initial plan was for that space to become a photographic studio and the business to expand. However, Marcela realized that not only she, but other photographer friends from Paraisópolis (a neighborhood in the outskirts of Sao Paulo), had something valuable and potent in their hands. She saw that through photography they could show the beauties and nuances of that community, things that only residents could represent in their art, in a language that goes beyond the tangled wires and alleys and that meets the cultural traits that are typical of the outskirts. The gallery is a democratic space that houses a photo exhibition on its ground floor and an installation on the upper floor, with more than 1500 collages about photography on its walls and background music narrating the experiences of the slum, produced by Goma Bet Records Studio with artists from the community itself. The place has become part of the educational route of schools, NGOs and community associations, which take their students to know this photographic art and immerse themselves in this universe in workshops. Paraisópolis is the second largest slum in São Paulo, with over 100,000 residents, and its history is more than a century old. It houses an artistic and cultural effervescence, although this side is not exposed by the media. Despite the adversities, it continues to grow and develop, building new perspectives and fostering dreams. In the community, one can see several artistic manifestations. From Hip-Hop to classical ballet, it is a place that exudes the power of those who manage to transform their own reality and that of those around them.



A humanidade permanece, de forma impenitente, na caverna de Platão, ainda se regozijando, segundo seu costume ancestral, com meras imagens da verdade. Mas ser educado por fotos não é o mesmo que ser educado por imagens mais antigas, mais artesanais. Em primeiro lugar, existem à nossa volta muito mais imagens que solicitam nossa atenção. O inventário teve início em 1839, e, desde então, praticamente tudo foi fotografado, ou pelo menos assim parece. Essa insaciabilidade do olho que fotografa altera as condições do confinamento na caverna: o nosso mundo. Ao nos ensinar um novo código visual, as fotos modificam e ampliam nossas ideias sobre o que vale a pena olhar e sobre o que temos o direito de observar. Constituem uma gramática e, mais importante ainda, uma ética do ver. Por fim, o resultado mais extraordinário da atividade fotográfica é nos dar a sensação de que podemos reter o mundo inteiro em nossa cabeça - como uma antologia de imagens. SUSAN SONTAG SOBRE FOTOGRAFIA



Credits Publisher: Alaide Rocha Editor: Carlo Cirenza Text: Graphic Project: Marcelo Pallotta Designer Assistant: Daniela Naomi I Translation: Bruna Martins Fontes Acknowledgements: Beco Visceral, Companhia das Letras, Tuca Vieira, Penguin Books, Susan Sontag 1 - Suggestions, complaints and praise should be sent by email to: contact@carcaraphotoart.com 2 - Portfolios should be submitted in the following format: JPEG ( 20 x 30 cm ), 300 dpi by email to: contact@carcaraphotoart.com ISSN 2596-3066



www.carcaraphotoart.com.br


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