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FEIRA EM CASA

Consumo de frutas e legumes ganha força na pandemia

Apandemia do coronavírus não só inspi- crescimento de 0,9% na ingestão de alimenrou novos hábitos de higiene, com as tos ultraprocessados. Com início em janeiro e recomendações de distanciamento so- duração de 10 anos, a pesquisa considerou, cial e limpeza frequente das em um primeiro momenmãos, mas também de uma O Brasil teve um aumento to, hábitos alimentares de alimentação mais saudável, de 4,4% na compra de 10 mil voluntários com em busca da tão aclamada imunidade alta. E parece que tem surtido efeito. frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% para 44,6%) idade entre 18 e 39 anos (51,1%), mulheres (78%), moradores da região SuDe acordo com os primei- durante a pandemia deste do Brasil (61%) e ros resultados do Estudo com nível de escolaridade NutriNet Brasil, realizado pelo Núcleo de Pes- superior a 12 anos de estudo (85,1%). Atualquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde mente, a pesquisa conta com 80 mil voluntáda Universidade de São Paulo (Nupens/USP), rios e pretende chegar as 200 mil. o Brasil teve um aumento de 4,4% na com- Diante desse cenário, alguns serviços ganhapra de frutas, hortaliças e feijão (de 40,2% ram destaque por oferecer uma experiência para 44,6%) durante a pandemia, apesar do segura e cômoda aos consumidores.

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ELAS VÃO ATÉ VOCÊ

Além dos tradicionais métodos de venda, como mercados, feiras e hortifrutis, o delivery se destacou como uma forma prática para consumir os produtos saudáveis sem sair de casa. E apesar desse sistema não ser tão novo quanto parece, muita gente desconhecia. É o que conta o senhor Pedro Argentin, proprietário de um caminhão de frutas, legumes e verduras, que faz vendas dentro de condomínios de Campinas. “Esses dias comentaram comigo que faz 17 anos que a pessoa mora naquele condomínio e nunca tinha me visto lá. Muitas pessoas trabalham fora, levam os filhos na escola, depois vão para aula ou academia, então, muitas vezes não encontrava. Realmente, a pandemia veio para nos colocar em evidência dentro dos condomínios e em mais contato com as pessoas”, relata. De acordo com seu filho, Pedro Henrique Argentin, que também trabalha com o pai três dias da semana para cobrir o movimento, as vendas tiveram um aumento de 70% a 80% durante a pandemia de coronavírus. “Atendemos em torno de 10 a 12 condomínios por semana, divididos entre o período da manhã, tarde e noite, de segunda a sábado”, explica. Com as pessoas mais tempo em casa, Pedro Henrique conta que tem dias que é necessário voltar e reabastecer o caminhão com produtos e até aumentar a frequência de idas aos condomínios. O sistema de levar as frutas até o consumidor final se revitalizou no fim da década de 90, segundo senhor Pedro, que antes atendia casas e prédios de rua e acabou por acompanhar os clientes, quando eles se mudavam para condomínios fechados. “Nosso sistema de vendas em condomínios começou desde que eles foram surgindo na cidade, no final da década de 90. Antes atendíamos casas e prédios de rua, mas os clientes se mudavam e meu pai acompanhava eles. Hoje, 90% da nossa clientela está em condomínios”, explica Pedro Henrique.

Pedro Henrique Argentin Pedro Argentin

As vendas tiveram um aumento de 70% a 80% durante a pandemia de coronavírus.

A rotina

Praticidade, conforto, segurança e qualidadade. Esses são apenas alguns dos atributos que senhor Pedro escuta da clientela, que foram ainda mais valorizados no período de pandemia.

Funciona assim: o cliente pode fazer o pedido por Whatsapp ou optar por uma caminhada até o caminhão para escolher os produtos. Das duas formas, o cliente recebe em casa as frutas, legumes e verduras embaladas. A qualidade fica por conta dos produtos frescos e bem manipulados, de acordo com Pedro Henrique. “Às segundas, quartas e sextas-feiras, meu pai levanta 4h30 para fazer compra no Ceasa, porque quanto mais cedo você vai, mais qualidade encontra. Você consegue escolher, separar as frutas, verduras e legumes e selecionar de acordo como deseja. Depois, tem todo o processo de higienização e organização do caminhão para, depois, por volta das 14h, começar as vendas”, explica.

Do rural ao digital

As plataformas online também têm facilitado a ida das mercadorias até o consumidor. Cristiane Jorge de Melo e Filipe A.T. De Melo, proprietários do delivery de hortifruti, DeliVerdy, explica que apesar de não representar um aumento de produtos, a pandemia gerou um crescimento de 15% a 20% no serviço de entregas. De acordo com Filipe, o consumo está mais voltado para produtos essenciais. “Compramos mercadoria todo dia para manter a qualidade e notamos que os clientes estão consumindo o básico e evitando produtos mais diferenciados”. Além disso, o clima atípico do inverno deste ano também intereriu na sazonalidade dos produtos, lembra Filipe.