Jornal - O Movimento / Julho 2011

Page 2

Artigo

Editorial

Página 02.

UMA GUERRA PROLONGADA A rigor a campanha salarial ainda não está encerrada. A CPTM deve recorrer da decisão do TRT, etc. Pouco provável que tenhamos surpresas desagradáveis, mas, enquanto o juiz não apitar o final, o jogo está em curso. De qualquer forma, uma campanha histórica e um resultado histórico. Ao menos no meu entender, a vitória maior veio na forma de uma lição que aprendemos juntos, a saber, que não podemos contar com nada e com ninguém - que não sejamos nós mesmos - para produzir os resultados que desejamos. Tivemos contra nós a empresa, o governo, a mídia, os usuários e o Ministério Público. O desgaste do tempo também foi um fator de difícil administração, mas, com todos esses revezes, chegamos lá e, ao que tudo indica, vencemos. Nem bem saímos de todo esse sufoco, e já temos mais um fantasma nos ameaçando – a completa terceirização da manutenção de nossos trens. Não é necessário ser vidente para saber qual o plano do governo: substituir o trabalho dos ferroviários de carreira pelos funcionários das empreiteiras. Hoje as oficinas, depois a via permanente, mais tarde a tração e finalmente as bilheterias, ainda que não necessariamente nessa ordem. Ironicamente, entraremos na década do renascimento das ferrovias, mas sem ferroviários. O mesmo PSDB que desmantelou a ferrovia, agora desmantela a categoria ferroviária. Conquistamos melhores salários e benefícios, e agora querem nos tomar os empregos. Esta nova frente de luta será muito mais complicada do que foi a campanha salarial. Ao usuário, pouco importa se os trens são mantidos e operados por ferroviários ou por funcionários de empreiteiras. Eles querem um transporte farto, barato e de qualidade, e certos no entendimento, se pensarmos enquanto consumidores. A mídia não comprará essa briga, exceto se dela despontar algum “escândalo” que sirva para vender notícias. Restam, portanto, dois caminhos imediatos: o Judiciário e o Legislativo. No Legislativo, não poderemos contar com a bancada de apoio do governo e, honestamente, não tenho muitas ilusões com a bancada da “oposição”, tomando por base as práticas do governo federal, igualmente privatistas. A saber, enfim, no Judiciário, em especial no Ministério Público e no Tribunal de Contas, junto aos quais já estamos atuando. Resumindo: vencemos apenas uma batalha dentro de uma guerra que promete ser longa e árdua, mas aprendemos que não podemos contar com salvadores e heróis. Estamos sós, vamos lutar com as armas que temos – nossa vontade, determinação e unidade. Se formos capazes de exercitar e preservar essa tríade, é possível que vençamos mais esta batalha. Éverson Paulo dos Santos Craveiro Vice-Presidente

Por mais trilhos e menos avenidas Ao menos nos grandes centros urbanos, o rodoviarismo esgotou-se como modelo de transporte. Ruas demais, avenidas demais, viadutos demais, túneis demais, estacionamentos demais, carros demais, caminhões demais, ônibus demais, motos demais, e trilhos e calçadas de menos. O preço disso são os congestionamentos, os acidentes e a poluição sonora e do ar. - Ah, mas com energia limpa os carros, ônibus, caminhões e motos deixam de poluir. Verdade. Essa migração resolve o problema da poluição do ar, mas continuam os problemas dos congestionamentos e dos acidentes. Resolver os três problemas, de uma única vez, apenas com adoção do ferroviarismo, isto é, com transporte coletivo de pessoas sobre trilhos, por meio de trem metropolitano, metrô, monotrilho, aeromóvel e Vlt. - Isso é muito radical. Que seja, mas não há outra solução capaz de “resolver pela raiz”. Posições conciliatórias são políticas, ou seja, servem para minimizar conflito de interesses, mas não resolvem. Vamos aos números, apenas na cidade de São Paulo: 893.613 motos, 723.048 utilitários, 5.136.237 automóveis, 42.437 ônibus e 157.974 caminhões. Para atender a esses números somam-se as intermináveis obras de alargamento de ruas e avenidas, construção de viadutos e túneis, ampliação de estacionamentos, sem contar investimentos em sistemas de sinalização e a manutenção de inúmeros órgãos públicos e respectivos funcionários. Toda essa imensa estrutura para servir aos interesses privados, sendo boa parte destinada ao emprego individual, mas paga com o dinheiro coletivo, inclusive de quem não usufrui disso tudo. Contra eles, algumas dezenas de trens metropolitanos e de trens de metrô, nenhum vlt, nenhum monotrilho, nenhum aeromóvel e nem mesmo um único bonde. O único que tinha, e inativo, foi doado pelo prefeito Kassab para a cidade de Santos. Como, diante de um quadro tão desigual, imaginar que os trens da CPTM e do Metrô possam ficar de fora do pior tipo de congestionamento possível, isso é, do congestionamento de pessoas nas estações, nas plataformas e no interior dos trens? A solução não passa apenas pela abertura de novas linhas, mas pela ampliação das existentes – em especial as da CPTM, pela facilidade de alargamento da via – para instalação de mais trilhos, sobre os quais possam circular mais trens. Afinal, mesmo reduzindo intervalos entre os trens, uma hora isso não mais será possível. Éverson Paulo dos Santos Craveiro – vice-presidente do Sindicato dos Ferroviários da Sorocabana

Avisos da Secretária Pedimos a todos os associados do Sindicato que, qualquer mudança de endereço, telefone ou email , seja informada na secretária da subsede de Presidente Altino. Essa atualização também poderá ser feita pelo telefone: (11) 3681-8550 ou pelo e-mail: secretaria@sinferp.org.br

Expediente Presidente: Rubens dos Santos Craveiro / Vice-presidente: Éverson Paulo dos Santos Craveiro / Conselho Editorial Alessandro Viana, Débora Ramos Kojima, Evângelos Loucas (Grego), Múcio Alexandre Bracarense e Rogério Centofanti. / Jornalista Responsável : Camila Mendes / Diagramação: Camila Mendes /

Publicação do Sindicato da Sorocabana / Tiragem 2000 exemplares Telefone: (011) 3681-8550/ E-mail: imprensa@sinfer.org.br / Endereço: Rua Reverendo João Euclides Pereira, 29 - Presidente Altino - Osasco - SP Cep: 06216-280


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.