Cabrer













Obras, projetos, destinos e aventuras
Turismo. Depois da tempestade, a esperança
Em 2 anos de mandato, não há dúvidas de que o desenvolvimento da Boa Vista vai depender do engajamento dos seus filhos.
edição e revisão: JDEditorial redacção: JDEditorial 9831296 / 5921756 / 9233284 Gabinete Comunicação e Imagem CMBV
Layout e paginação: JDEditorial
Fotografia: Câmara Municipal da Boa Vista rewriter: JDEditorial Tiragem:
Presidente da Câmara Municipal
Neste preciso momento tem em mãos a revista institucional da Câmara Municipal da Boa Vista, “CABRER”. É a primeira edição.
Esta publicação é uma plataforma de informação e partilha das principais acções desenvolvidas pela Câmara Municipal da Boa Vista, mas também é uma oportunidade que a equipa que lidero está a abrir para a sua participação, para a sua colaboração, ciente de que estamos – todos nós –que o processo de desenvolvimento requer e demanda pelo engajamento de todos os segmentos da sociedade, instituições públicas e privadas, a sociedade civil organizada, as igrejas, as famílias e os indivíduos numa conjugação e de esforços e vontades visando a construção da satisfação coletiva e da paz social.
Desde muito cedo, a Câmara Municipal da Boa Vista decidiu que a partilha de informações e a comunicação com todos é, e há de ser sempre, o melhor caminho para o desenvolvimento de uma comunidade, concelho ou país.
“Cabrer” é um instrumento que ora se coloca ao seu dispor para, num processo interativo, conversarmos sobre a nossa ilha, os seus desafios, os seus sonhos e as múltiplas opções que as suas potencialidades e vocação naturais nos oferecem para a concepção de programas e projetos promotores de desenvolvimento integrados, tributários do bem-
estar social e da promoção de investimentos para produção de riquezas.
Boa Vista é uma ilha turística, tem uma vocação natural no domínio de prestação de serviços turísticos e demais negócios conexos, demandando por uma abertura permanente das autoridades públicas locais ao diálogo, à partilha, à comunicação, enquanto ferramentas para se fazer ouvir, ser e estar, pois o seu processo de desenvolvimento está umbilicalmente ligado à sua capacidade de se relacionar com os outros, com a diáspora e com o mundo.
Esta é a primeira edição. A ideia é estar consigo sempre que possível e os parcos recursos nos permitirem. O espaço é também seu, para divulgar os seus negócios, as suas sugestões, ideias e projectos sobre a nossa fantástica ilha da Boa Vista. Afinal, o processo de desenvolvimento é uma construção coletiva.
Fantástica leitura! Até breve
“Capitão!!, Boa vista”. Assim terá exclamado um marinheiro ao seu capitão quando avistou a ilha, em vez do habitual “Terra à vista”. E assim, ‘Boa Vista’, ficou a ser conhecida a ilha que originalmente se lhe deu o nome de Ilha de São Cristóvão, após o seu achamento no dia 3 de Maio de 1480.
Reza a lenda que esse marinheiro português, cuja nau na qual viajava enfrentara uma tremenda tempestade, ficou tão contente ao avistar terra firme que chamou o seu capitão para lhe dar a boa nova, gritando bem alto “Capitão!!, boa vista!”.
Cerca de 140 anos após o seu descobrimento, foi estabelecida a primeira povoação da ilha, em Povoação Velha, quando um grupo de ingleses começou a desembarcar na zona para extrair o precioso sal, contribuindo de forma significativa para melhorar a
Cerca de 140 anos após o seu descobrimento, foi estabelecida a primeira povoação da ilha, em Povoação Velha
economia e atrair outras indústrias, como tecelagem e cerâmica.
De Povoação Velha, a primeira capital, toda a concentração do comércio mudaria para a actual vila de Sal-Rei, que passaria a sede do governo local, depois de Rabil o ser muitos anos antes. O nome, SalRei, deveu-se à grande quantidade de um sal de qualidade Royal ali existente (que chegou a ser exportado em meados do século XIX, projectando a economia de todo o arquipélago, a ponto de as autoridades apontarem para Sal-Rei como a capital de Cabo Verde.
Não chegou a ser sede do governo, mas Boa Vista continuou a atrair todos que a visitam por causa das suas extensas praias de mar de areia branca fina, rematadas por um mar cristalino azul-turquesa que se estende por mais de 50 km ao redor da ilha.
As suas maravilhas balneares (desde as mais pequenas praias de Estoril e Cascais em Sal-Rei às mais extensas, ao Sul, como Santa Mónica, Varandinha, Curralinho e Chaves, mais a Oeste), as imensas dunas de areia fina, a vasta biodiversidade marinha (única em todo o arquipélago), a cultura popular e as tradições ancestrais, fazem da ilha mais oriental de Cabo Verde, sendo geograficamente a mais próxima do continente africano, um caso único no arquipélago.
Cabrer revista esPeCiaL da Câmara muniCiPaL da BOa vista
Germano Almeida, um dos escritores mais produtivos da moderna literatura caboverdiana, escreveu um livro simplesmente fabuloso, intitulado, “a ilha fantástica”.
Tendo como cenário Boa Vista, a ilha berço do escritor, o romance de Germano Almeida, Prémio Camões, teve um mérito enorme, entre vários outros, que é o de ter definitivamente registado Boa Vista com o pomposo, mas também nobre nome de ilha fantástica.
Efetivamente, Boa Vista é uma terra fantástica. O seu vasto manto de brancas areias, coberto por raros arbustos e palmeiras, as longas praias desertas, o mar azulturquesa perdendo-se no horizonte, o ar quente e seco bafejado com pequenas rajadas de vento, outorgam à ilha uma particularidade única no arquipélago, a que o seu semblante lunar acaba por conferir identidades sobrenaturais! Fantástica, sim!
A orografia da Boa Vista, as suas praias, o monólogo das ondas gemendo sobre a areia, as suas palmeiras fustigadas pelas chicoteadas das lestadas, são imagens que se prendem aos visitantes, às pessoas, numa cumplicidade tal que jamais serão esquecidas.
Aqui está a maior área balnear de todo o arquipélago, logo, um grande
A criação de gado, a pequena agricultura, as pescas, o artesanato e o comércio estão entre as principais atividades dos boavistense, também conhecido por ‘Cabrer’.
potencial no domínio do turismo de sol e praia e dos desportos naúticos, actividades essas que têm sido até agora o seu maior recurso económico e comercial.
Boa Vista é a terceira maior ilha de Cabo Verde, em termos de dimensão, ocupando 620 km2 do total de 4440 km2
Em termos populacionais, segundo o Censo 2021, a ilha conta com 12.798 habitantes, sendo 53.7% homens e 46.3% mulheres. A sua população, maioritariamente (86.3%), vive nas áreas urbanas (INE, 2021).
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Quanto aos agregados familiares, a ilha possui 4.404 agregados sendo que 86.3% vivem nas áreas urbanas e 13.7% nas rurais (INE, 2021). Os dados do INE (INE-IMC, 2019) apontam que 40% dos agregados familiares da Boavista são do tipo Unipessoal.
A maioria (89.5%) dos agregados familiares utilizam como principal fonte de energia para a iluminação, a energia elétrica; e para cozinhar 93.9% utilizam o gás butano.
Quanto à forma de abastecimento de água, 48.7% utilizam a água canalizada de rede pública, seguido do autotanque (25.2%), do chafariz
(18.4%), enquanto 7.6% utilizam de outras fontes (INE, 2021).
O aeroporto do Rabil e o cais acostável de Sal-Rei asseguram a ligação da ilha ao resto do país e ao mundo.
Ainda, segundo o INE (Inquérito Multi-Objetivo Contínuo de 2019), a Taxa de Alfabetização (população com 15 anos ou mais) é de 97.1% e a Taxa de Alfabetização Juvenil (15 a 24 anos) é de 100%. A população, da ilha estuda em média 7 anos.
A população da ilha, com maior impacto na zona urbana, está divida pelas seguintes comunidades: Sal-Rei,
Rabil, Estância de Baixo, Bofareira, João Galego, Fundo das Figueiras, Povoação Velha e Cabeça dos Tarafes.
A criação de gado, a pequena agricultura, as pescas, o artesanato e o comércio estão entre as principais atividades dos boavistense, também conhecido por ‘Cabrer’.
A chegada do turismo revolucionou a economia da ilha, que, de um dia para outro, passou a ser receptor de imigrantes, tanto das outras ilhas, como da costa ocidental africana. Esse grupo de imigrantes atacaram o setor da construção civil, os serviços auxiliares do setor turístico, o comércio ambulante e o artesanato.
A imobiliária turística trouxe europeus, sobretudo Italianos, que ocuparam particularmente da restauração e das residenciais e serviços hoteleiros.
A seguir chegaram os chineses, que atacaram o comércio retalhista de roupas, produtos de higiene, géneros alimentícios, entre outros bens de primeira necessidade.
E esse povo todo constitui o mosaico que é hoje a ilha da Boa Vista, uma terra de imigração, com oportunidades para todos quantos perseguem uma oportunidade para desenvolver uma vida com sucesso.
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O biénio 2021-2022 foi de dificuldades, de muitas incertezas, desafios, mas sobretudo de muito trabalho e aprendizagem. Neste documento-revista, está plasmado a nossa estratégia de desenvolvimento para o município, que objetiva o progresso e a modernização nas mais diversas áreas, ancorados no planeamento, ordenamento do território e infraestruturação da ilha, mas também na informatização geral dos serviços da Câmara, bem como no desenvolvimento de políticas de inovação e promoção social e cultural.
A continuação das actividades e a concretização de novos projetos em andamento dá-nos a perspetiva de um ano 2023 produtivo em obras estruturantes e de
infraestruturação geral da ilha. A Requalificação do Largo de Santa Isabel, Requalificação de Frente Marítimas, Requalificação de Entrada de Sal-Rei, Construção do Miradouro do Rabil certamente irão atribuir uma nova “cara” à ilha e serão mais-valias publicamente reconhecidas.
Continuaremos com as políticas municipais de desenvolvimento social, cultural, ambiental, desportiva, com forte aposta na formação e capacitação dos nossos jovens, com políticas de apoio ao sector primário, de modo a transformar o Município da Boa Vista num município cada vez melhor para viver e visitar.
Porém, somos cientes de que muitas obras e acções previstas no plano de atividades não tiveram execução, alguns devido à situação da pandemia vivida a nível global, onde o município da Boa Vista não foi excepção, e outros por falta de recursos financeiros, pois a tesouraria da Câmara viu-se confrontada com várias situações de dívidas que exigiam pagamento imediato, com as quais não contava. Estamos conscientes de que são necessários esforços maiores no desenvolvimento de ações nas várias áreas sobretudo na infraestruturação urbana da ilha, no ambiente e saneamento, na promoção social, cultura, turismo, etc.
Pode-se considerar que 2021-2022 foi um biénio produtivo e conseguimos, não obstante as dificuldades que a ilha enfrentou, abafada que foi pela pandemia da Covid-19, realizar as nossas actividades, que atribuíram uma boa dinâmica cultural, social, desportiva, na juventude, que trouxe esperança e expectativas no município.
in Relatório de atividades da CMBV
Cláudio Mendonça, Presidente da Câmara Municipal da Boa Vista. Em 2 anos de mandato, não há dúvidas de que o desenvolvimento da Boa Vista vai depender do engajamento dos seus filhos. Por isso deixa o recado: “a Boa Vista é uma ilha que tem tudo para dar certo, é uma ilha virgem, é uma ilha heterogénea, uma ilha capaz de andar com os seus próprios pés, desde que toda a comunidade se engaje, os atores económicos, atores sociais, porque Boa Vista tem de ser construída com o esforço coletivo, de toda a população. Em uma só palavra eu diria – engajamento. O desenvolvimento desta ilha depende exclusivamente do engajamento dos seus munícipes.”
Conta já 2 anos que o Senhor está à frente dos destinos da Boa Vista, uma ilha com excelentes potencialidades no domínio do turismo, da imobiliária turística, da economia azul e demais atividades conexas. Qual é o balanço que faz destes dois anos de governação?
O nosso mandato começou num momento bastante difícil, em plena pandemia, com a agravante da guerra na Ucrânia que veio a surgir depois. Como se isso não bastasse, acrescenta-se o facto de Boa Vista ter atravessado cinco anos de seca. Portanto, estes dois anos foram de muito trabalho e muita concertação e articulação, principalmente a nível da Câmara Municipal, sobretudo para conhecermos a estrutura interna. Foram dois anos de muito esforço no quadro do que acabei de referir, mas podemos considerar que o balanço é positivo. É claro que podíamos fazer muito mais, mas o contexto e o quadro institucional encontrados foram particularmente difíceis, com destaque para as dívidas
herdadas, em valores superiores a 220 mil contos com fornecedores e com a Banca, sem falar de processos judiciais, que vieram a culminar com o congelamento de contas bancárias. Neste momento já pagámos mais de metade dessas dívidas referentes aos Processos Judiciais.
Qual a causa desses processos judiciais?
Uma das causas desses processos são as dívidas resultantes de empreitadas de obras municipais contratualizadas e mal resolvidas pelas lideranças anteriores. Encontrámos dívidas ligadas a eventos, nomeadamente equipamentos de som que foram alugados para festivais e que não foram pagos, como por exemplo, uma empresa que transportou equipamentos de som para realizar eventos culturais e que acabaram por danificar, e como não se fez o seguro, o processo foi parar ao Tribunal e a Câmara Municipal foi condenada a pagar pelo prejuízo. Herdámos processos judiciais desencadeados por
empresas como: SEMICO, CABOSOM, CONCAVE, MARIuS PROCuÇAO e alguns trabalhadores.
As maiores dívidas aos fornecedores prendem-se com as empreitadas, casas comerciais e prestadores de serviços, onde podemos destacar SOCOL, AEB, CASA SENA, INPS, FINANÇAS, CVTELECOM, NOSI etc...
Do ponto de vista organizacional que Câmara Municipal herdou?
uma Câmara difícil, com uma orgânica bastante desatualizada. Tivemos que trabalhar numa nova orgânica que foi um dos pontos altos da nossa gestão. Em termos de organização não encontramos nenhum manual de procedimento interno. Tudo estava desorganizado, sem qualquer critério de como as coisas devem ser feitas nas diversas estruturas, gerando grandes dificuldades no processamento do funcionamento interno. Encontramos uma Câmara Municipal praticamente sem equipamentos informáticos, sem
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computadores, o sistema e rede de comunicação eram deficientes, instalações elétricas com graves problemas de funcionamento e espaços físicos sem conexão com a dinâmica de funcionamento de uma instituição cuja principal missão é servir as pessoas. Um quadro de pessoal bastante complicado, com reclamações dos funcionários que aguardam por promoções, progressões, reclassificações, aumento salarial, regularizações contratuais, proteção social etc...
Os espaços físicos e comerciais municipais sem a mínima organização e coordenação. Por exemplo, lojas e mercados municipais sem controlo de gestão, os usuários/comerciantes isentos de qualquer contribuição. De referir também que os espaços físicos pertencentes à Câmara (mercados, espaços desportivos e entre outros) estavam em mau estado, degradados, carecendo de investimentos. A nível do saneamento, encontramos uma situação preocupante do ponto de vista da recolha, sem um Camião de compactação de lixo e outras viaturas de saneamento bastantes velhas e inoperantes. Encontramos um serviço de Proteção Civil sem condições mínimas para servir uma ilha turística, com apenas uma viatura com capacidade para 400 litros, e que, havendo algum incêndio na ilha, teremos que recorrer aos préstimos da ASA, empresa com a qual temos uma parceria. A Infraestruturação da ilha em estado péssimo, com grandes problemas de saneamento básico e drenagem de águas pluviais, ruas sem calcetamentos e outras completamente esburacadas e com pavimentos antigos e degradados.
Já conseguiram recuperar as deficiências encontradas?
Neste momento já fizemos a instalação da rede de comunicação com a fibra ótica, embora com as chuvas tivemos um grande prejuízo
por causa da má edificação dos Paços do Concelho, que acabou por provocar danos avaliados em mais de 4 mil contos em equipamentos informáticos, pois vários computadores ficaram danificados, a sala técnica, que carecia de manutenção, também ficou afetada e perdemos equipamentos essenciais do nosso servidor, portanto, foram custos enormes.
Mas já fizemos alguns reparos e melhorias no edifício, já contactamos as empresas de informática e de comunicação para se reestabelecer a rede de comunicação, já contactamos empresas de energia também no sentido de trabalharmos na melhoria da rede do sistema elétrico, e já demos passos para aquisição de computadores para repormos o sistema informático. Temos Delegações Municipais em todos os povoados e todas elas têm problemas, desde estruturas até equipamentos. Ou seja, todas as infraestruturas da Câmara Municipal têm deficiências estruturais profundas, que dificultam o uso das mesmas. A título de exemplo, na cidade de Sal-Rei, o Centro da Juventude está fechado porque o edifício encontra-se em péssimo estado de conservação, totalmente danificado; nos povoados praticamente todos os edifícios como Centros de Juventude, Delegações Municipais, Jardins Infantis, Campos de Futebol e Placas Desportivas precisam de intervenção. Em João Galego, a Placa Desportiva está inativa devido ao seu mau estado e o campo de futebol de Fundo das Figueiras apresenta graves problemas nos balneários, nas bancadas e o piso ainda é de terra. Em Cabeça dos Tarrafes a situação é idêntica. Temos problemas no polivalente de Rabil e também algumas preocupações no polivalente de Bofareira e na Cidade de Sal-Rei também. Do ponto de vista de infraestruturas encontramos um município completamente degradado.
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A Câmara que lidera entrou em funções em plena crise pandémica e Boa Vista foi das ilhas mais afetadas por este problema. Como é que enfrentaram a situação?
Foi terrível. COVID foi um momento complexo para as empresas, hotéis... aeroportos fechados, pessoas desempregadas, foi uma situação onde a nossa intervenção ia desde atribuição de 1kg de arroz, produtos de higiene a apoios para deslocações. Abrimos frentes de trabalho. Houve uma altura em que promovemos uma campanha de limpeza em todos os povoados, com o envolvimento de mais de 200 jovens das diferentes comunidades, para criarmos
Estamos na fase de implementação de um sistema de recolha de lixo que seja funcional e eficiente. Estamos a construir abrigo de contentores, onde passaremos a fazer triagem para separar papel, garrafa, plásticos e outros resíduos.
oportunidade de assim obterem algum rendimento. Foi uma medida boa, que para além de empregar esses jovens num momento particularmente difícil, permitiu ainda que os povoados ficassem mais limpos, proporcionando melhor qualidade de vida às nossas gentes. Para além dos problemas acima mencionados, e referindo-se ao saneamento, não encontramos nada palpável que nos permitisse ter um sistema de recolha de resíduos minimamente funcional. Todos os camiões encontravam-se avariados. Neste momento a situação ainda persiste, pois as viaturas de recolha de lixo custam muito e a nossa capacidade financeira não nos permite ainda fazer este tipo de aquisição, mas
mesmo assim já demos um grande salto ao aumentarmos o salário do nosso pessoal de saneamento com a introdução do subsídio de risco de 25% sobre o salário base, adquirimos equipamentos de proteção individual, tais como luvas, botas, máscaras, entre outros, avaliados em mais de 7 mil contos. Foi um ganho extraordinário.
Neste momento então Boa Vista tem uma cidade mais limpa?
Consideramos que está muito melhor do que aquela que encontramos, apesar de haver ainda muito por fazer. Estamos na fase de implementação de um sistema de recolha de lixo que seja funcional e eficiente. Estamos
a construir abrigo de contentores, onde passaremos a fazer triagem para separar papel, garrafa, plásticos e outros resíduos.
Onde é que vai ficar esse abrigo de contentores?
Na cidade de Sal-Rei ao pé do Estádio Municipal. A obra já está praticamente concluída e a ideia é ter uma alternativa para os lixos grandes, que assim passarão a ser colocados num espaço próprio, onde um funcionário estará em serviço full-time para receber os munícipes. Não queremos ver mais lixos no chão e por isso vamos ter um espaço disponível para depósito. Ao mesmo tempo temos um
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grande projeto que é Desplastificar Boa Vista. Calcula-se que dos Resíduos Sólidos urbanos produzidos na Boa Vista, mais de 13% são plásticos. Este projeto está enquadrado no Programa das Plataformas do Desenvolvimento Local da Boa Vista e nos Objetivos 20/30. Contamos com parceria dos organismos internacionais, nomeadamente PNUD, Cooperação Luxemburguesa que cofinanciam o projeto, Fundo do Ambiente, Associações Comunitárias da ilha, Projeto Tartaruga etc. É um projeto com grande impacto porque visa essencialmente a melhoria da qualidade ambiental da Boa Vista, trabalhando na transformação e reciclagem do plástico que será transformado em outros utensílios e pertences, como mobiliários, brincos, ou outras peças de artesanatos, objectos decorativos, materiais de escritório. Para a implementação deste projeto tivemos um grande apoio de uma empresa internacional que percebeu a importância do projeto para a Ilha e abriu-se para apoiar com painéis solares. O Grupo Riu está também interessado em cooperar com a nossa edilidade neste projeto, no âmbito das suas responsabilidades sociais, bem como outros parceiros internacionais. A nossa ideia é melhorar o ambiente, o saneamento e começar a trabalhar na questão das energias limpas. Paralelamente estaremos a trabalhar na sensibilização das pessoas para a coleta de plástico e também na trituração de vidros, pois iremos ter máquinas disponíveis para os triturar. Temos em curso a aquisição de um camião de lixo e também de uma viatura com grua. A aquisição do camião é um projeto que já decorre desde o ano passado, estamos só à espera que o fornecedor nos faça a entrega da viatura.
Falando em saneamento, pensamos logo na Saúde. É voz corrente que a Saúde aqui na Boa Vista é um
pouco crítica. Embora seja um sector naturalmente da competência do governo, a Câmara sempre deve ter um posicionamento sobre a saúde local. O que tem a dizer sobre este sector?
Desde já para dizer que estamos muito preocupados com a prestação dos serviços de saúde na Boa Vista. A situação é realmente preocupante. A qualidade ou prestação de serviço de saúde na Boa Vista é muito deficitária pois ainda não dispomos de um hospital. Temos uma Delegacia de Saúde que não tem capacidade para prestar todos os serviços que a comunidade demanda, e o pior de tudo, é que temos também deficiente transporte entre as ilhas, o que tem causado vários problemas em termos de evacuação, causando situações de falecimento por falta de assistência.
A situação vem piorando cada dia mais. No entanto, não encaramos esta situação de ânimo leve, dentro das nossas possibilidade e competências, que são mínimas, vamos fazendo uma ou outra intervenção para ver se as coisas melhorem. Não estamos parados. Estivemos no ano passado na Itália e trouxemos alguns equipamentos para a saúde reprodutiva. Junto da Associação Esperança conseguimos cadeiras de rodas, camas e outros equipamentos para as unidades Sanitárias de Base.
Quem é que ofereceu esses equipamentos à Boa Vista?
Foi um hospital particular em Parma, Itália. Os equipamentos já estão aqui na Boa Vista e serão entregues à Delegacia de Saúde, sendo certo que grande partes deles vão para o Centro de Saúde Reprodutiva, um espaço virado para a saúde da mulher e saúde infantil que está a ser edificado em cooperação a com parceiros estrangeiros, sediados em Alemanha, e que conta com colaboradores da ilha. Esta unidade de saúde é um
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Não queremos ver mais lixos no chão, por isso vamos ter um lugar disponível para deitar os lixos. Temos um grande projeto que é desplastificar Boa Vista. Calculase que dos Resíduos Sólidos Urbanos produzidos na Boa Vista, mais de 13% são plásticos.
Este projeto está enquadrado no Programa das Plataformas do Desenvolvimento Local da Boa Vista e nos Objetivos 20/30.
edifício com 4 andares (ver entrevista com vereador responsável pelo sector da Saúde, João Mosso Mendes, nas páginas 74-77).
Quem está a financiar a construção do Centro de Saúde Reprodutiva?
O centro é financiado pela Câmara Municipal e por essa associação local/alemã – Associação Help For Boa Vista, que tem também sócios alemães.
A associação está na Boa Vista?
A associação já está registada na Boa Vista também, mais é uma associação que tem sede na Alemanha. A construção vai atingir uma cifra financeira superior a 39 mil
contos. A Câmara Municipal entrou com o terreno, todo o processo de licenciamento dos projetos. O projetista é um parceiro da associação. Neste momento, o prédio já está praticamente concluído. É uma grande e importante parceria com o desígnio de melhorar a qualidade da saúde reprodutiva na ilha, que tem sido uma das áreas mais afetadas pela precariedade de saúde que ainda a ilha dispõe.
então a Câmara Municipal tem trabalhado de forma continuada para apoiar o setor de saúde?
Sim. Por exemplo, nas unidades Sanitárias de Base os encargos com agentes e ajudantes de serviços gerais são suportados pela
Câmara Municipal, bem como os equipamentos de escritório e outros. Contamos que a todo o momento podem chegar à ilha equipamentos para as uSBs, frutos de uma parceria com uma associação de Luxemburgo, que ofereceu-nos camas, macas. Estamos a trabalhar fortemente na questão de proteção civil, para trazer uma ambulância e um bombeiro, e assim reforçar o setor. No ano passado, depois de muita insistência, o governo acabou por contemplar Boa Vista com uma ambulância para servir a zona Norte, fruto de um contacto direto que tive com o primeiroministro. Tudo isso mostra que a Câmara Municipal não está parada, está em busca de parcerias, tanto locais como fora, para poder melhorar a qualidade de vida dos municípes.
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Falando de parcerias, a nível de geminações como é que estão?
Quando nós entramos na Câmara Municipal encontramos um ambiente de congelamento, como se a geminação estivesse congelada, parada.
Quantas geminações é que encontraram?
Mais de trinta, com certeza! Só que estava tudo bloqueado. A título de exemplo, temos a geminação com o Município do Seixal (Portugal) que, ao nosso primeiro contacto, responderam que tinham pensado que nós já tínhamos desistido dessa irmandade institucional.
Ou seja, estamos a trabalhar na retoma de todas as geminações que existem com Portugal, onde pretendemos reavivar as relações e avançar para novos contactos. Iniciamos um forte contacto com Canárias e Itália.
Tem novas geminações?
Temos novas geminações e vamos conseguir outras. Estamos a desenvolver contactos permanentes com associações nos Estados Unidos. A visita que efetuamos aos Estados Unidos vai culminar com geminações e/ou protocolos com o município de Pawtucket. O próprio Presidente daquela autarquia disse que é necessário identificarmos pontos focais nos Estados Unidos para trabalharem alguns itens de interesse para a futura geminação, o que é muito importante.
Ainda com Portugal desenvolvemos contactos recentes com Santa Maria da Feira e Lagoa (com algumas freguesias – Estombar, Parchal).
Estamos a trabalhar com Lagoa, Portugal, de onde prevemos para
breve a vinda de uma ambulância e um camião bombeiro (parceria com uma empresa local). Portanto, nestes dois anos podemos dizer que fizemos imensos e importantes contactos que, certamente, irão resultar em geminações.
Geminamos, internamente, com os Municípios de Santa Cruz, São Domingos e Ribeira Grande de Santiago, e fortalecemos o contacto com a cidade da Praia e Sal, municípios com os quais já existia uma geminação. Estamos também em conversações com Tarrafal de São Nicolau, São Filipe e São Vicente. Igualmente estabelecemos parcerias com a Organização IntergovernamentalComissão Internacional dos Direitos Humanos, com o Movimento Civil das Comunidades Responsáveis, através da assinatura da Carta da Aliança para a Gestão Ética da População Canina e Felina, com a Sociedade Cabo-verdiana de Música, com o Instituto Marítimo Portuário, com a Biblioteca Nacional, Fundação Tartaruga, Associação Tambra, mas também estabelecemos e estreitamos ligações com grupos locais, nomeadamente Associação Onze Estrelas, Associação Varandinha, Associação Mulheres Cabreiras, Agrupamento Queijo de Cabra da Boa Vista, Projeto Tartaruga, ONGs de Proteção Ambiental, Associações de Pais Encarregados de Educação, Clubes Desportivos, Confissões Religiosas etc. Fortalecemos muito as nossas relações públicas e temos tido encontros com vários investidores externos com interesse na Boa Vista.
Já que estamos a falar de investidores, em que rítmo está a retoma económica aqui na Boa Vista?
A retoma tem sido bastante satisfatória. Embora a reabertura dos hotéis tem sido um pouco tímida, podemos mesmo assim classifica-la
como satisfatória. A remodelação e ampliação do hotel RIu Karamboa reinaugurada recentemente vai, com certeza, trazer um upgrade diferente ao turismo, aumentando a capacidade de oferta.
Na cidade não se nota a quantidade de turistas que visitam a ilha devido à distância, mas estamos a trabalhar na melhoria da infraestruturação para tornar Sal-Rei mais aprazível e assim incentivar a deslocação dos turistas para a cidade. Já temos algumas unidades hoteleiras importantes na ilha como o Ouril Hotel Águeda, Hotel Dunas, outras unidades como Guest House Orquidea, Cá Nicola, Pôr do Sol, assim como unidades de alojamentos individuais a crescer. O Hotel Marine Club está em obras e a sua reabertura está prevista para o próximo ano.
Quais são as obras emblemáticas que o Presidente tem previsto para até o final do mandato?
Nossa intenção é ver pelo menos uma das obras da frente marítima concluída até o final do mandato, principalmente Praia de Diante, que é o nosso principal objetivo, embora seja um projeto que faz parte também do protocolo de colaboração com a Sociedade de Desenvolvimento Turistico de Boa Vista e Maio, que, como se sabe, não está com disponibilidade financeira, tanto assim é que já contraiu um crédito junto da Banca, com o aval do Governo, para poder concluir as obras do largo Santa Isabel. De modo que, a SDTIBM não está em condições financeiras para atacar estas duas importantes infraestruturas da cidade, ou seja, a Praça Santa Isabel e a Requalificação Urbana de Praia d´Diante e Praia Cabral. O certo é que essas obras não podem esperar mais. O nosso propósito é concluir o largo Santa Isabel, dar início à Orla Marítima, principalmente Praia d´Diante. Também, neste momento, está em
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curso um projeto muito interessanteo Plano de Salvaguarda da Cidade de Sal-Rei. Vamos melhorar as ruas de Sal Rei, com calcetamentos, passeios e outros arranjos urbanísticos. Vamos lançar o concurso para o arranque em duas ruas de Sal Rei – a rua do Seixal e a rua de Bom Sossego, que estão entre as mais antigas. O projeto visa manter todo o traçado das casas permitindo conservar a história, o que é bastante importante para o turismo. Está em curso o lançamento do concurso para requalificação da praça da rua de Caboque na Vila do Rabil, considerada uma comunidade muito importante, situada entre os povoados e a cidade de Sal Rei, para além do aeroporto internacional.
Vários hotéis estão na praia de Chaves, perto do Rabil, pelo que consideramos essa comunidade como um centro e pólo económico importante, para além de ter um número considerável de população da ilha.
Em colaboração com um banco comercial da praça foi instalada uma máquina ATM estamos em vias de avançar para breve, juntamente com a Casa do Cidadão, a instalação do Balcão Único, cuja inauguração prevemos para muito em breve. Temos também um grande projeto habitacional, que denominamos de habitação evolutiva, direcionada às famílias que não possuem condições de construir as suas próprias casas, nomeadamente as pessoas que vivem em barracas, que vão ser ajudadas a dar os primeiros passos. Vamos começar por instalar as mínimas condições: cozinha, casa de banho e um quarto, com as condições básicas para habitarem, e a partir daí, desenvolver o projeto conforme os seus rendimentos.
Tudo financiado pela Câmara Municipal. Neste momento, temos 4 projetos deste tipo em andamento. Fizemos
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um trabalho interessantíssimo, que é o seguinte: quando nós entramos na Câmara Municipal as famílias do Bairro Boa Esperança não tinham energia 24 horas, e desencadeámos uma parceria tripartida com a empresa AEB, a SDTIBM e o governo, e instalamos um gabinete para legalização dos fogos habitacionais no bairro. Com esta acção já ligamos mais de 500 casas à rede de energia e água, onde todo o funcionamento é suportado pela Câmara Municipal. Temos sete técnicos: engenheiro civil, engenheiro eletrotécnico, administrativo, sociólogo, fotógrafo e arquiteto para fazerem esse trabalho de inclusão. Consideramos ser um trabalho de excelência desenvolvido pela Câmara Municipal, começando pelos bens mais essenciais, como energia e água, e agora estamos a passar pelo processo de legalização dos fogos.
Outro grande projeto é o calcetamento da cidade de Sal Rei. Estamos a trabalhar no projeto de requalificação da entrada da cidade de Sal Rei, prevemos arrancar esta obra no próximo ano, para dar uma nova cara à cidade. Desencadeámos uma extraordinária ideia de projeto junto do governo - a infraestruturação das Zonas de Estoril e João Cristão. Estas zonas não têm calcetamento, não têm rede de água e as ruas são escuras. Este projeto vai precisar da mão do Governo, através dos fundos do ambiente e do turismo para desencadearmos o processo de infraestruturação dessa parte da cidade de Sal Rei, que muito precisa de uma atenção, pois alberga grande parte de investimentos turísticos, sendo certo que seria um grande ganho para Boa Vista.
E tem alguma previsão de quando esse projeto vai ser financiado?
Tivemos um encontro na Praia com todos os gestores de fundos,
nomeadamente gestor de fundo de ambiente, do turismo e o Presidente da ANAS, e encontramos também com o Vice-primeiro ministro. Já enviamos uma carta ao ministro do Turismo, ao vice-primeiro ministro e ao ministro de Agricultura e Ambiente, no sentido de trabalharmos em conjunto esta infraestruturação. O processo é faseado, estamos só à espera que o documento seja validado no Conselho de Ministros para podermos ter fundos e avançarmos. Garanto que há uma abertura por parte do governo, pelo que aguardamos a sua materialização.
Significa então que o governo aceitou a vossa proposta?
Aceitou. Há uma abertura, como disse, mas ainda nada está formalizado. Há que formalizar e atualizar as diretivas do Turismo e Ambiente. Existe uma abertura neste sentido, e creio que vai dar, sim, um bom resultado, porque também há interesse do próprio governo, pois tem sido questionado sobre a problemática de infraestruturação da cidade, e não havendo fundos diretos para materializar esses desafios, entendemos propor que os pequenos fundos que o governo normalmente disponibiliza para fazer pequenas obras sejam agrupados e canalizados para uma única obra. Achamos ser uma proposta muito interessante, e é por isso que estamos a fazer este contacto com o governo. Queremos também dar início à construção da rede de esgotos na cidade de Sal Rei.
Já começamos com a requalificação do largo Santa Isabel e algumas casas já estão contempladas para serem ligadas à rede de esgoto, bem como as duas ruas da cidade que vão ser requalificadas (Seixal e Bom Sossego) também vão seguir na mesma direção.
Quando pensa alargar a rede de esgoto por toda a cidade?
Este investimento é bastante alto e exige uma mão forte do governo, na medida em que pode ultrapassar 1 milhão de contos. Por isso, é necessário ser prudente, ir por fases, até porque ainda temos todo o processo do ETAR definitivo para a ilha, que é co-financiado pela SDTBM e o governo . Neste momento, o concurso já foi lançado, estamos à espera do início da obra que vai depender sempre da disponibilidade financeira.
Vamos falar um pouco sobre a juventude. Quais são os planos para a juventude?
A nível da Juventude posso dizer que temos vindo a fazer um trabalho bastante interessante. Apoiamos a nossa Juventude, no âmbito do programa de apoio ao associativismo Juvenil, ajudando os jovens na criação das suas associações comunitárias/ juvenis e desportivas. Temos estado a trabalhar para fazer parte da Federação das Associações Comunitárias e Juvenis. Estamos a trabalhar na criação do Conselho Municipal da Juventude (espaço para dar voz e vez às associações e grupos juvenis, onde as suas ideias e opiniões podem vir a repercutir diretamente na elaboração dos planos de atividades anuais). Temos em processo a criação do corpo voluntariado jovem. Iremos também avançar com a incubadora de jovens empresários e do fomento do programa viveiro do empreendedor, como forma de empoderar a nossa juventude enquanto faixa etária motora no processo de desenvolvimento da economia local.
Realizámos várias atividades em comemoração do Dia Mundial da Juventude, e dessas atividades saiu uma comitiva de 55 jovens
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que participou num intercâmbio juvenil no Sal. A nossa intenção é dar continuidade e reforçar os intercâmbios juvenis com municípios geminados, por forma a permitir aos nossos jovens o conhecimento de outras realidades e troca de experiências com jovens de outras paragens. Recebemos ainda neste ano, o IVº Encontro Nacional dos Vereadores da Juventude e do Desporto, precisamente para criar uma linha de orientação e estratégias de cooperação entre os vários municípios.
A nível de formação, capacitação e Workshops de caracter juvenil, temos estado a desencadear uma forte parceria com o Centro de Formação Profissional. Temos parcerias com instituições, nomeadamente a CERMI, o Centro de Emprego e Formação Profissional, e assinamos protocolos com a universidade Lusófona, a uNICV e o ISCEE, e reforçamos o protocolo já existente com o ISCJS. Trabalhamos no amortecimento do valor das propinas. Apoiamos os jovens no pagamento de propina quando sentimos que têm alguma dificuldade pontual neste sentido.
Este ano realizamos o Fórum do Desporto cujo lema foi: “Desporto sustentável para uma ilha de campeões”. Ainda no desporto, os nossos jovens têm feito jus ao lema do nosso fórum, sagrando-se campeões Nacionais em Atletismo, Natação em piscina absoluto e em águas abertas, e ainda Vice Campeões nacionais de andebol sénior masculino; Vice campeão Feminino do mundialito da Juventude em futsal.
Apoiamos a juventude nas várias modalidades como desportos náuticos, futebol, natação, ciclismo e praticamente em todas as modalidades existentes na ilha. Estamos a trabalhar em projetos no largo do Estádio Arsénio Ramos, com
a intenção de criar um campo de treino para os jovens. Até o final do nosso mandato pensamos que vamos ter um novo campo de treino em Sal-Rei. O projeto já está feito, e estamos a mobilizar financiamento, que vai ser suportado com recursos internos. Queremos reabilitar o campo de Fundo das Figueiras para desconcentrar o desporto na cidade de Sal-Rei, ou seja, temos um campo relvado no Norte, mas é um campo que ainda leva só sete jogadores, não está enquadrado para fazer competições regionais e nacionais. A intenção é fazer um novo campo, ou reabilitar o campo do Fundo das Figueiras e dotá-lo de relva sintética,
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para assim receber as competições oficiais, cumprindo mais uma vez com a nossa política de descentralização.
A nível do desenvolvimento cultural, da música e não só, vários jovens estão a aparecer no mundo do artesanato a partir de ações desenvolvidas pela Câmara para ajudá-los a demonstrar as suas atividades.
Significa então que esta é uma Câmara próxima da juventude?
Podemos dizer que sim, mas ainda falta muito por fazer. Os jovens reclamam com alguma justiça, porque
querem mais oportunidades, de modo que temos muito ainda por fazer para a juventude. Pretendemos capacitar os nossos jovens com concursos de reconhecidos valores e resultados a nível nacional como são os casos do Business fórum, Start up weekends, Bootcamps, entre outros. Iremos dar uma nova valência aos Centros de Juventude, transformando-os em espaços jovens dinâmicos e multiusos capazes de darem resposta aos anseios dos nossos jovens.
Notamos que o bairro de Farinação terminou. Qual é a ideia da Câmara Municipal em relação às barracas na cidade?
A extinção do bairro de Farinação foi uma ação muito intensa, que teve resultados bastante satisfatórios, porque juntamente com o governo, com o ministério de Família, Inclusão e Desenvolvimento Social fizemos um engajamento muito interessante, forte, onde acabamos por tirar todas as pessoas daquele bairro e levamos para a Casa Para Todos, no bairro denominado Dubai.
A nossa intenção é acabar com as barracas na cidade de Sal-Rei. É por isso que estamos muito engajados no processo de realojamento das famílias e da demolição das barracas no bairro de Boa Esperança. A extinção do bairro de Farinação foi uma ação muito intensa, que teve resultados bastante satisfatórios, porque juntamente com o governo - Ministério de Família, Inclusão e Desenvolvimento Social e Ministério das Infraestruturas, Habitação e Ordenamento do Território, conseguimos, através de um engajamento muito forte, levar todas as famílias para Casa Para Todos, no bairro denominado hoje pelos moradores de “Dubai”. Foi uma ação muito bem articulada e teve um grande sucesso. Neste momento, temos a parte do Bairro de Boa Esperança, cujo processo está a ser conduzido com boa articulação, com a intenção de demolir, limpar e dar nova cara à cidade.
No bairro de Farinação viviam 65 famílias?
Sim. e no bairro de Boa esperança quantas famílias ainda estão nas barracas?
No último momento, mais de 200 famílias foram identificadas para o processo de realojamento. É uma situação bastante complexa, porque sempre aparece novas pessoas para realojar. Por isso, a ideia é demolir completamente, mas temos a questão do cadastro que dificulta a demolição das casas. No bairro temos pessoas que fizeram o cadastro em 2017 e 2019 e isso dificulta a demolição em massa dessas casas.
a demolição dessas casas é em parceria com o governo?
Sim.
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Tem um prazo para concluir a demolição do bairro?
A extinção das barracas na Boa Vista é um dos objetivos claros da Câmara Municipal e do Governo, por isso que estamos engajados. É claro que não conseguimos extinguir totalmente as barracas num piscar de olhos. É preciso fazer um trabalho de fiscalização apertado, evitando o surgimento de novas barracas. Esse trabalho exige uma política melhor articulada, deixando claro que o governo e a Câmara Municipal são parceiros no processo de realojamento, pois a Câmara Municipal não tem interesse no surgimento de novas barracas. Para que as coisas não fiquem concentradas, o Gabinete de Realojamento, que foi criado pelo governo, deve estar em permanente articulação com a Câmara Municipal.
E essa tal articulação tem acontecido?
Tem tido articulação, mas neste momento sinto que está um pouco deficitária. Há alguma deficiência, principalmente no fluxo de informações. uma coisa muito interessante - os últimos alojamentos recentemente concluídos e inaugurados, usufruíram do financiamento do Fundo do Turismo, através de um acordo tripartido entre a Câmara, o Governo e outras Instituições/Pessoas para a construção dessas habitações. Ou seja, essas habitações foram feitas com financiamentos do fundo de desenvolvimento local, mediante a consignação dos fundos do turismo que eram destinados ao município. No fundo, foi a Câmara Municipal da Boa Vista quem assumiu os custos de construção desses alojamentos, ou seja, o município foi quem construiu, numa parceria com a População e o Governo. Quem assina todo o processo de crédito, inclusive o
acordo de consignação do fundo, é a Câmara Municipal.
Neste momento está a decorrer de forma normal, mais de 100 famílias já foram alojadas, mas temos ainda mais de 200 por alojar. O deficit habitacional na Boa Vista é bastante alto, constituindo uma situação delicada, pois, temos problemas inclusive com alguns critérios que foram utilizados para distribuição de habitação.
Temos pessoas a viver em más condições de habitação em outros
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povoados, no entanto, não foram contempladas. Há uma reivindicação óbvia e clara, pois, muitas vezes uma família não vive na barraca ou em situação de barraca, mas a sua casa não reune condições, devendo por isso ser contemplada, pois se assim não for é uma injustiça.
Mas isto tem de ter alguma solução…
Exato, isso agora serão novos passos com a Direção Nacional da Habitação, no sentido de se conseguir novos pacotes de construção de habitações para dar vazão a essas necessidades.
a construção de novas habitações anunciada pelo Governo já começou?
Na Boa Vista não. Ainda não se tem nenhuma presença, nem sequer se ouve falar disso.
se lhe for pedido para deixar algumas palavras aos boavistenses nestes dois anos de mandato, o que diria?
Para os boavistenses eu diria que Boa Vista é uma ilha que tem tudo para dar certo, é uma ilha virgem, é uma ilha heterogénea, uma ilha capaz de andar com os seus próprios pés, desde que toda a comunidade se engaje, os atores económicos, atores sociais, porque Boa Vista tem de ser construída com o esforço coletivo, de toda a população. Em uma só palavra eu diria –engajamento. O desenvolvimento desta ilha depende exclusivamente do engajamento dos seus munícipes.
“Do ponto de vista da tesouraria encontramos uma situação bastante preocupante, como a utilização indevida de fundos que se destinavam aos investimentos e que foram desviados para outros fins, mas neste momento podemos dizer que estamos numa situação melhor, resultado de intervenções na Direção de Administração e Finanças, particularmente na recuperação do IuP e outras taxas municipais.
ü Estamos a trabalhar na instalação de uma comissão de avaliação predial.
ü Melhorámos a forma de aquisição de bens e serviços com a instalação da Unidade de Gestão das Aquisições (uGA). Bem como toda a cadeia de realização de despesas, para uma cada vez mais eficiente e eficaz gestão orçamental e financeira;
ü Trabalhámos o controlo interno e respeito pelas regras de execução orçamental, a gestão das faturas melhorou consideravelmente, pese embora o facto de ainda não termos conseguido encontrar um sistema mais eficiente.
ü Demos 25% de Subsidio de Risco ao Pessoal do Saneamento e aquisições de equipamentos individuais;
ü Subsídio de Risco em 15% para os Bombeiros Municipais;
ü Aumentámos o salário das Monitoras Infantis, de 15 mil escudos passaram para 21 mil ;
ü Regularizamos os salários de todas as cozinheiras dos Jardins Infantis que ganhavam menos de 8 contos por mês e dependiam do pagamento de propinas mensais das crianças. Passaram para o salário mínimo;
ü Reforçamos a gestão dos Jardins Infantis com uma coordenadora;
ü Aumentámos o numero dos Fiscais de 5 para 10 e atribuímos o Subsidio Risco de 10%;
ü Estamos a trabalhar na regularização dos contratos dos trabalhadores com contrato de trabalho precário. São na sua maioria pessoal do Saneamento.
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Uma das obras que herdaram foi a praça Santa isabel. Qual a situação deste projeto?
A Praça Santa Isabel foi o nosso maior calcanhar de Aquiles. É um processo bastante delicado e difícil de gerir e de compreender. Como sabemos, a praça foi demolida no quadro de um contrato de empreitada com uma empresa que não cumpriu o contrato. Tivemos que avançar com a rescisão do contrato com essa empresa e avançamos com a contratação de uma outra empresa, que teria ficado em segundo lugar no concurso público realizado para o efeito. Tudo isso toma tempo e dinheiro, provocando stress tanto para a equipa da Câmara Municipal como para a população. A população continua aborrecida, nervosa, a questionarem para quando a conclusão da obra. Foi um momento terrível e tivemos que tomar uma decisão também difícil, mas a boa notícia é que neste momento temos uma nova empreitada e a obra já está bastante avançada, embora temos de rever todo o plano de trabalho, porque, às vezes, no decorrer da obra
várias situações ocorrem que são inesperadas. Por exemplo, as chuvas dificultaram a apanha das pedras nas ribeiras/pedreiras, a abertura de obra no Hotel Karamboa fez com que alguns trabalhadores optassem por trabalhar na obra do hotel, dificultando o andamento da empreitada. Neste momento, mais de 70% de infraestruturas físicas da praça, nomeadamente as esplanadas grandes e as menores, o ponto de informação turístico, os palcos, as infraestruturas de rede água e comunicação, a energia já estão feitas, faltando, praticamente, fechar o anel da praça com infraestruturas e começar com o calcetamento. A obra teve os seus percalços, mas neste momento a construção está num ritmo bastante satisfatório, com a perspetiva de conclusão no momento certo. Não posso dar uma data precisa, porque estamos num contexto de crise internacional.
Houve um problema também que até saiu na imprensa que tinha a ver com o financiamento, um projeto que é financiado
pela sociedade de Desenvolvimento Turístico de Boa Vista e Maio, e que num dado momento declarou que não havia mais fundos. Este problema já foi ultrapassado?
Esta situação foi um grande espanto, pois todo o processo de contratação da empreitada, todo o processo da nova consignação da obra decorreu com o conhecimento e o envolvimento da SDTBM. De repente, a sociedade deixou de pagar faturas, durante 2 ou 3 meses, e foi quando tivemos a informação de que já não havia dinheiro para dar continuidade às obras. Foi muito doloroso, uma vez que vimos obrigados a pagar as faturas com os fundos da tesouraria municipal, para evitar que a empresa abandonasse a obra por falta de pagamento. Janeiro a Agosto a tesouraria municipal é que suportou o pagamento das obras. Foi a partir desse momento que desencadeamos um forte contacto com o governo exigindo que as partes envolvidas cumprissem com as suas responsabilidades, na medida em que existe um protocolo de colaboração entre a Sociedade e a Câmara Municipal, sendo certa que a SDTBM é composta pelo Governo e pela Câmara Municipal da Boa Vista e do Maio.
Até este momento qual é o volume financeiro já investido na Praça?
Neste momento podemos falar em 80 mil contos.
Desse montante quanto é que a tesouraria municipal suportou?
À volta de 41 mil contos.
E o dinheiro que a tesouraria investiu vai ser devolvido?
O valor que a tesouraria investiu já foi devolvido, e podemos dizer que neste momento a situação está a decorrer normalmente.
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A pandemia ameaçou derrocar a principal fonte de rendimento da Boa Vista, o Turismo, mas, passada essa tempestade, que estremeceu as estruturas da ilha, a retoma está em andamento e o cenário leva a confiar em dias prósperos. A Câmara Municipal da Boa Vista não quis ficar alheia a este evento e assinalou a reabertura da ilha ao convívio dos turistas com demonstrações culturais ainda no aeroporto Aristides Pereira. Uma forma de dar as boas vindas aos visitantes após quase dois anos estagnada devido à pandemia.
A chegada do primeiro voo da Tui Alemanha, trouxe um forte sentimento de esperança criando condições para o reinício da actividade de muitas empresas e melhorias na economia da ilha e do país. Sinal de mais emprego, mais estabilidade familiar, maior satisfação da sociedade. Resultado: mais felicidade e mais morabeza, nossa bobina geradora de sorrisos e afectos, que torna o caboverdiano único, a extravasar a aridez do sol e praia, os produtos vendáveis dos cartões postais.
Boa Vista vislumbrava dali o seu regresso à normalidade, depois de uma exaustiva campanha de vacinação levada a cabo para o efeito, em colaboração com várias outras entidades, com o fito de “limpar” a ilha da Covid-19. “Não há relançamento da economia sem posicionar Cabo Verde com um nível seguro em termos de segurança sanitária”, afirmava, com convicção o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, quando anunciou a reabertura das fronteiras do país, que permitiria Boa Vista voltar a receber voos directos da Europa e do Resto do Mundo, com algumas restrições de início, que seriam entretanto eliminadas com a baixa incidência de casos.
“Na altura, no auge da Covid-19, vivemos momentos de muito sufoco devido ao desemprego. uma ilha em que antes da Covid-19 o número de turistas era de quase 250 mil para de repente passar a ter nada, nenhum turista, hotéis fechados, aeroporto fechado, e as pessoas que trabalhavam e estavam diretamente com o turismo irem para
o desemprego. Isso realmente foi dramático para a ilha e para as pessoas que vivem cá, para as situações de falta de rendimento”, explicava o presidente da Câmara Municipal, na altura da reabertura das fronteiras.
Efectivamente, no dia 24 de março de 2021, o Aeroporto Internacional Aristides Pereira voltou a receber voos internacionais. Nesse dia, chegou à Boa Vista um voo charter da companhia italiana Neos, proveniente de Milão, numa retoma da procura turística que acelerou no final do ano, com o regresso do operador TUI e a reabertura dos hotéis do grupo espanhol RIu.
“Com a entrada de novo dos turistas é ver as pessoas irem de novo para o trabalho. É só vir à cidade de Sal Rei logo de manhã para ver o número de autocarros que se deslocam aos hotéis para levarem os trabalhadores, que antes, no período da Covid, vinham onde? À Câmara Municipal solicitar empregos”, recordou Cláudio Mendonça.
Ciente disso, o presidente da Associação dos Operadores Económicos do Turismo da Boa Vista (AOETBV), Ogino Almeida, congratulou-se, de imediato, com a saída de Cabo Verde da lista vermelha do Reino Unido (principal emissor de turistas para Cabo Verde), por causa das restrições de viagens impostas pela Covid-19. E os resultados estão à vista.
Vale referir que Cabo Verde recebeu em 2019 um recorde de 819.308 turistas, 45,5% nos hotéis da ilha do Sal e 29,4%
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recebeu
um recorde de 819.308 turistas, 45,5% nos hotéis da ilha do Sal e 29,4% na Boa Vista, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística,
na Boa Vista, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, num sector que representa 25% do Produto Interno Bruto (PIB) e do emprego do arquipélago, mas a procura global caiu cerca de 70% em 2020, devido à pandemia da covid-19.
As duas ilhas concentram também a maioria das 284 unidades hoteleiras que funcionavam em Cabo Verde antes da pandemia, então com uma oferta oficial em todas as ilhas superior a 21 mil camas. Na Boa Vista a oferta ascendia a 6.395 camas.
E a verdade é que no instante em que os aeroportos de Cabo Verde foram liberados para acolher voos de outros países – antes com obrigatoriedade de apresentação de teste ou apenas com certificado de vacinação – se percebeu o quanto os turistas esperavam tal oportunidade para visitar a Boa Vista ou matar saudades. Sim, há um registo considerável de turistas que retornam à ilha das Cabrer após primeira visita, conforme um operador turístico que não esconde seu contentamento ante o aumento visível de turistas nos hotéis.
Segundo o presidente da Associação Empresarial de Cabo Verde, Andrea Benolli, os sinais da retoma do turismo em Cabo Verde são muito promissores. “Diria que o pior já passou e que temos boas perspetivas para os próximos meses”, disse apontando desde logo o facto de já “haver mais voos, mais turistas”. “Já temos resorts a operar, as autoridades estão prontas para dar as respostas no tempo certo, para que os empresários possam ter um plano de atividades a médio e a longo prazo. Portanto, este é um momento perfeito para iniciar as atividades”, acredita Benolli.
Na internet, as grandes agências de viagem apressam-se, neste momento, a anunciar promoções de pacotes convidativos para aventuras nas praias e dunas da Boa Vista. As perspectivas são realmente animadoras, acreditam os operadores em declarações a vários órgãos de imprensa nacionais, sobretudo por altura do fim de ano. De facto, a demanda cresce nessa época do Natal e Reveillon, pelo que os hotéis já preparam enchente de hóspedes, chamando de volta seus antigos trabalhadores que tinham sido mandados para casa em regime lay-off ou recrutando outros para poder dar resposta à procura.
A grande maioria dos estabelecimentos hoteleiros estão a operar a 100% – outros ainda em modo mais moderado -, mas nas ruas de Sal-Rei e Povoação Velha, a expectativa está no hotel Riu Karamboa,
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que tem maior número de quartos e emprega mais trabalhadores. “Todos os hotéis, praticamente, já estão a operar. Abriu já algum tempo o Touareg, mas aqui em Povoação Velha sabemos que os negócios fluem melhor quando o Karamboa reabrir. Aí sim, tudo voltará ao normal, todo o mundo ganha”, diz, sem receio, à revista Cabrer, um vendedor guineense com peças de artesanato numa casinha em frente à praça local.
Boa Vista pode até estar à espera do rearranque do Karamboa, maior unidade hoteleira do país, mas a ilha já retomou o seu percurso e a sua actitividade turística desde o dia que venceu a Covid-19. Porque beleza, morabeza e tradição, que lhe são características, prevalecem incólumes.
Todas as 17 praias balneares da Boa Vista são verdadeiros paraísos à beira-mar. Destacamos aqui oito dos mais fantásticos litorais da ilha, alguns dos quais eleitos uma das 7 Maravilhas da Boa Vista, com Santa Mónica a integrar inclusive a lista das 7 Maravilhas naturais de todo o Cabo Verde. Agora é a sua vez de escolher onde prefere banhar-se.
Para muitos é a mais bela praia de mar de todo o Cabo Verde, sendo uma das 7 Maravilhas do arquipélago. Com mais de 11 km de extensão de areia branca fina, a bela praia de Santa Mónica, no sudoeste da Boa Vista, atrai quase todos os turistas, mas, apesar das contínuas excursões, as suas dimensões permitem que qualquer visitante experimente a sensação de estar completamente rodeado por natureza intocada. Porém, as ondas aqui são por vezes muto fortes devido aos ventos alíseos do Oceano Atlântico. Por isso, muitos pontos da costa oferecem lugares perfeitos para surfistas experientes. No verão, as ondas estão mais calmas e pode-se contemplar a vastidão de mar e areia a seus pés. Apesar da falta de vegetação, é sempre possível ver muitos tipos de aves que caçam onde a água é mais baixa e, quando é um período de baleias (primavera), é por vezes possível ver saltos de jubarte ou puffs à distância.
a reserva Natural Morro de areia é uma reserva natural que cobre a costa sudoeste da ilha. ele leva o nome da colina Morro de areia, a 167 m de altitude, acrescentado com uma praia de km de areia, praia de tirar o fôlego, falésias costeiras, dunas, curso de água de regime irregular e matagais. Nesta área existe o registo do Pardal de Cabo Verde (Passer iagoensis), espécie endémica de Cabo Verde. Destaque, igualmente, para a ocorrência do Pastor (Eremopterix nigriceps), rabijunco (Phaethon aethereus), Águia-pesqueira (Pandion haliaetus) e do Corvo-do-deserto (Corvus ruficollis).
Bracona fica no sudoeste da Ilha da Boa Vista. É considerada uma praia paradisíaca, cortada por rochas que dividem a sua extensa areia em áreas mais pequenas. É também conhecida pelas boas condições que oferece para a prática de desportos aquáticos, tais como o surf e windsurf e área para passeios de moto4. Entre as formações rochosas que expõe junto à areia, destaca-se uma caverna natural, com vista para o mar, conhecida por Buracona, eleita uma das 7 Maravilhas da Boa Vista. É uma praia praticamente virgem, visto que o acesso é dificultado por falta de rede viária convencional – chegar lá só com pick up 4x4. Mas o esforço compensa e que maneira!
Lacacão, localizada numa das praias mais longas da ilha, mesmo ao lado de Santa Monica, é uma das praias mais bonitas da Boavista, onde se pode contemplar quilómetros e quilómetros de areia apenas povoados por hóspedes do RIu Touareg, que por enquanto é o único hotel na zona, do conglomerado RIu. Aqui o mar é mais bravo e são frequentes os dias com bandeira vermelha.
De janeiro a dezembro, Lacacão possui boas condições balneares, a temperatura média mais alta é de 27 ° C em setembro e a mais baixa é de 22 ° C em fevereiro.
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Fica em plena cidade de Sal-Rei. Pequena e calma, com águas de um azul-turquesa hipnotizante, a Praia de Diante é dos melhores lugares para ver um pôr do sol, e onde também se se diverte a ver acrobacias das crianças em dias de sol, contemplar o ilheu (Djeu), e assistir pescadores voltando do trabalho. Há muitos restaurantes nas proximidades que facilita na hora de petiscar algo. Sobretudo quando cai a noute e a vista para o mar fica ainda mais estonteante.
A praia de chaves tem uma grande extensão e vistas fantásticas. Ideal para grandes caminhadas e até para ir a pé à cidade de Sal Rei. É um autêntico paraíso, uma praia com 5 km de areia branca fina, água límpida e calma, que garantem tranquilidade de paz. No stress. É das mais visitadas pelos turistas e é, por isso mesmo, um dos mais conhecidos litorais balneares de excelência de toda a Boa Vista e uma dos mais bonitos de Cabo Verde. A propósito, a Chaminé De Chaves, imagem de marca da zona, foi uma das únicas coisas que restou à tona das dunas de uma antiga fábrica de tijolos e telhas situada na praia de Chaves, uma estrutura ao nível da tecnologia europeia da época com abertura no início deste século.
Também conhecida como Cabo Santa Maria, devido ao cargueiro espanhol Cabo santa Maria preso há 50 anos nas suas areias, a praia de Atalanta virou cartão postal da Boa Vista, por causa precisamente desse navio ali encalhado. Construído em 1957, o Santa Maria naufragou em setembro de 1968, com uma tripulação de 38 homens e 5 passageiros. Carregava comida, presentes para o General Franco e seus apoiadores, e máquinas. O facto de o navio ter encalhado num banco de areia junto à praia, sem qualquer rombo, ou dano estrutural, revela que o acidente não foi de origem técnica. Resta a falha humana. A razão do acidente nunca foi revelada. A imagem dessa embarcação no areal de Atalanta ultrapassou a praia em si, que é das mais belas da ilha.
Praia ideal para os amantes dos desportos náuticos. Aqui, as ondas chegam a 4 metros de altura, com vento side off-shore. Zona costeira, situada no sudeste da ilha, Ervatão é, pois, um ponto de visita obrigatório, sobretudo para os praticantes de desportos aquáticos, mas também para quem quiser apenas desfrutar da linda praia, que serve de ponto de nidificação das tartarugas, fazendo parte de uma rede de praias nessa zona que são visitadas pelas tartarugas aos milhares. A praia de Ervatão é um local ameaçado de desova de tartarugas. Mas agora existe a organização não governamental de conservação ambiental Natura 2000, que monitora essa zona.
Nádia Santos, Vereadora das TICs, Cultura e Turismo e Relações Institucionais e Cooperação
Para os próximos dois anos, Nádia Santos promete ainda mais trabalho, mais entrega, mais proximidade, mais persistência e muito mais obras. Nestes dois primeiros anos de mandato a vereadora de Cultura, Turismo e Tecnologias de Informação e Comunicação, admite que não fez tudo o que preconizou devido à pandemia que parou quase tudo. Mas orgulha-se dos feitos realizados a contra-corrente da Covid-19, como a reabertura da Biblioteca Municipal ou as homenagens e reconhecimento às gentes da cultura da Boa Vista.
CaBrer - Que avaliação faz desses dois anos como vereadora?
Nádia Santos - Pergunta difícil... (risos). Falar de nós mesmos não é tarefa fácil. Entretanto, posso dizer que tenho-me esforçado ao máximo, sempre com grande suporte das minhas equipas, para dar melhores respostas àquilo que identificamos como linhas mestras para a nossa gestão nesses dois anos. Sempre com olhos postos na satisfação das nossas gentes e das suas demandas. Contudo, a pandemia muito limitou a nossa atuação.
Conseguiu colocar em prática as suas propostas de campanha?
Sinceramente e infelizmente ainda não! Ainda há muito por fazer diante daquilo que são os défices e necessidades da nossa ilha, dentro daquilo que são as minhas áreas de responsabilidade e atribuições. No entanto, embora existam essas dificuldades muito fizemos e continuamos a fazer com os parcos recursos que possuímos. Sim, temos baseado nos escassos recursos da nossa própria tesouraria, sobretudo a nível da Cultura, das nossas Tecnologias de Informação e
Comunicação e das Relações com os nossos parceiros.
Como foi lidar com a pandemia da Covid-19, face aos planos traçados pela ilha. Que área ficou mais afetada?
Foi e continua a ser muito difícil para esta equipa a gestão da nossa ilha, pelo choque que foi a pandemia e que ainda é possível sentir as suas consequências, embora a retoma esteja a acontecer.
Podemos falar de áreas mais afetadas, pois sendo uma ilha turística, com a paralisação de circulação de pessoas, automaticamente, a ilha paralisou e as pessoas ficaram sem poder tirar o seu dia de trabalho, naquele que é o maior empregador da ilha… o sector turístico. Assim podemos considerar as áreas mais afetadas: o Turismo e o Social.
Como avalia o orçamento disponibilizado para os seus pelouros, face aos seus planos de atividades?
Considerando as necessidades de modernização administrativa, renovação dos equipamentos para melhores condições de trabalho aos
colaboradores e realizações culturais (um dos nossos maiores ativos e que muito tem a oferecer ao nosso Turismo para a sua diversificação), penso que para o Pelouro das TICs e da Cultura o orçamento poderia ser mais avultado.
em relação aos projetos apresentados, qual destaca ou considera mais emblemático?
São vários os projetos, atividades e ações desenvolvidos no decorrer desses dois anos, que trouxe muita satisfação, a mim e às minhas equipas. Realço aqui, a reabertura da Biblioteca Municipal, projeto que me orgulha e muito. Semanalmente recebemos cerca de 400 visitantes, entre estudantes e leitores.
Nesses dois anos demos especial atenção às Artes Cénicas, apoiando no aparecimento e fortalecimento de Grupos de Teatro Locais, através do patrocínio e/ou parceria de várias peças apresentadas no Auditório do CAC, performances de rua (estátuas vivas), Workshop, Curso de Teatro Infantil e financiamento de Grupos de Teatro para participação em festivais de Teatro nacionais. Este ano o Março Mês do Teatro d’ Bubista teve um impacto diferente com a participação
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de todos os grupos locais de teatro (cerca de 50 pessoas) onde ao longo do mês, que praticamente respirou-se teatro na Boa Vista, todos os finais de semana, em Sal Rei e Performances de rua, Workshop de Teatro e Flashmob, durante a semana, nos Povoados.
A dinâmica que atribuímos às artes cénicas na ilha, tem contribuído para resgatar a tradição e elevar a qualidade do Teatro local.
Regozijo-me da nova dinâmica implementada às festas de Romaria por toda a ilha, onde o resgate da tradição, dos costumes e sobretudo a valorização das nossas personalidades locais teve um impacto e aceitação extraordinária.
O brilho atribuído às Festas do Município e Santa Isabel foi outra mais-valia da nossa gestão. Este ano, apostámos na cultura e tradição da ilha, com foco sempre no resgate da nossa cultura. Os nossos artesãos e o artesanato foram magnificamente reconhecidos e retratados através da nossa Feira Cultural Santa Isabel, a nossa gastronomia, o saltar “lume nor”, o som do nosso tambor, as nossas músicas, os jogos tradicionais, entre outras ações marcaram com êxito e dignificaram as comemorações culturais da nossa festa maior.
Não podia deixar de fora a IV edição da Semana da Morna, com palco descentralizado, sob o lema “Valoriza
nôs morna”, organizada em parceria com Associação dos Músicos.
Todas as vertentes culturais foram dadas especial atenção e dignificadas com ações extraordinárias, com lançamento de livros dos nossos autores/escritores locais e não só, a Dança, que este ano teve foco nas modalidades tradicionais, workshops de cestaria e outros apostando na valorização e preservação da nossa arte tradicional.
Nesta senda estamos a apostar na nossa cultura como um grande e excelente ativo para a diversificação da oferta turística.
No turismo destacamos o Fórum Turismo “ (RE) Pensar Turismo – Novos Tempos, Novos Desafios”, que teve participação de todos os stakeholders do sector a nível local e nacional, com grande impacto e que auguramos as sugestões deixadas, as necessidades identificadas e resultados almejados sejam conseguidos através de um trabalho conjunto e da parceria, principalmente da tutela.
Conseguimos, juntamente com o Projeto Tartaruga Boa Vista e a Associação Tambra-Mulheres do Norte, inaugurar o Centro Agropecuário e Turístico do Norte
40 Cabrer revista esPeCiaL da Câmara muniCiPaL da BOa vistaque irá trazer uma nova dinâmica àquela região.
Contudo, sendo Boa Vista a segunda ilha turística do país, ainda não sentimos o efeito dos recursos que “produz”, pelo que é necessário trabalhar para um turismo que além de sol e praia, seja mais inclusivo e sustentável. Queremos trabalhar para que Boa Vista usufrua dos efeitos económicos diretos da atividade turística.
Das TICs destacamos a reestruturação da rede de comunicação interna, como servidor da rede, a troca dos computadores obsoletos e o apetrechamento do Gabinete da Comunicação, para manter os nossos munícipes na ilha e na diáspora a par das nossas ações.
Outro ganho foi ter conseguido a aprovação, em Assembleia Municipal, do nosso PEMDS – Plano Estratégico Municipal de Desenvolvimento Sustentável, instrumento orientador da nossa missão e que nos irá apoiar no desenvolvimento de ações, identificadas pela Sociedade Boavistense (entidades públicas, privadas e sociedade civil), no sentido de buscarmos parcerias para a implementação de programas e projetos que elevarão a Boa Vista a outro patamar.
O que a ilha pode esperar de si nos próximos dois anos?
Para os próximos dois anos prometo ainda mais trabalho, mais entrega, mais proximidade, mais persistência e muito mais “obras”. Continuar a lutar pela Boa Vista e pelos boavistenses. Dar mais de mim, sobretudo para o Pelouro do Turismo que, devido às circunstâncias, não se tem visto os resultados a olho nu, pois temos pautado em desenvolver as estratégias locais, junto do governo e de parceiros. Aceitei esse desafio para servir Boa Vista e vou continuar nesta caminhada, convicta que muito posso fazer junto das minhas equipas e dos Colegas! Boa Vista merece mais e estou cá para isso…trabalhar, trabalhar e trabalhar, com empenho, dedicação e aprendendo a cada dia para melhor prestação.
41 Cabrer revista esPeCiaL da Câmara muniCiPaL da BOa vista CABRER REVISTA ESPECIAL DA CâMARA MuNICIPAL DA BOA VISTAO mais internacional género musical cabo-verdiano nasceu na Boa Vista. Apontamentos, notas de historiadores e investigadores indicam, de facto, que a morna nasceu na ilha das dunas, mais propriamente, na Povoação Velha. Os acordes mudaram timidamente de ilha para ilha, mas na terra de Luis Rendall, Maria Barba e Nha Vão manteve a sua essência e estilo próprio, como o galope – uma morna mais ritmada.
Tudo indica que a Morna nasceu na ilha da Boa Vista de 1780 a 1850, pelo menos um tipo de proto-morna, com possíveis influências do “doce choro do lundum”, vindo de Portugal, e da “modinha” do Brasil. A Morna de Boa Vista foi caracterizada (e ainda é) por um movimento de estilo mais rápido e roubado. Talvez uma das primeiras peças de Morna conhecidas tenha sido a “Babilónia”, provavelmente composta por Maninha Santos, da Povoação Velha, primeira capital da ilha.
“Até prova em contrário, dizemos com convicção que a morna nasceu na Boa Vista. Inclusive temos depoimentos de vários investigadores a confirmarem essa versão. Aliás, o próprio Eugénio Tavares dizia que a morna saiu da Boa Vista e foi para a Brava. Depois conquistou São Vicente, outra ilha
onde a morna ganhou uma grande dimensão”, elucida ao Cabrer o músico, compositor, fundador da Associação de Músicos da Boa Vista e professor reformado, Manuel Brito, conhecido por toda a Boa Vista, e mesmo nas outras paragens por onde actua, por Lela.
Segundo ele, “também o filólogo e investigador Moacyr Rodrigues concorda que a morna tenha surgido primeiro na Boa Vista, seguido para a Brava e assentou em São Vicente onde ganhou uma nova e maior dimensão”.
Nessa época – calcula-se que a morna tenha nascido nos finais do século XVIII – esse género musical era tocado na Boa Vista com letras jocosas, afiança Lela. “As letras das músicas ficaram diferentes à medida que a morna ia viajando viajando para outras ilhas. Por exemplo, na Boa Vista as mornas eram feitas mais com o objectivo de chacotear a vida privada das mulheres, ou seja, as letras eram de escárnio. Qualquer mulher que tivesse um comportamento errado perante a sociedade era motivo de gozo, uma crítica social através de composições que, praticamente, humilhava as vítimas. A morna ‘Fusquinha’ de Nha Vão é um exemplo claro disso. E ele (Nha Vão) disse ultimamente que se arrependeu de ter feito aquela morna”.
O que pensa o grande mestre Nha Vão sobre a origem da morna: “Desde que nasci, e por onde tenho andado, sempre ouvi dizer que a
Músico e compositor Lela (Manuel Brito) reclama Boa Vista como ilha-mãe da Morna
morna nasceu na ilha da Boa Vista. Achei esta teoria, digo o mesmo…”, disse o mais velho compositor cabo-verdiano vivo, hoje com 99 anos de idade e a residir no centro de Sal-Rei, que escrevia letras mais para diversão.
Mas, de acordo Lela, que representa a Sociedade Cabo-verdiana de Música na Boa Vista, o conteúdo da morna veio a mudar quando o poeta e compositor maior das ilhas, Eugénio Tavares, o levou para a Brava. “Com Eugénio Tavares, as letras da morna, que eram mais de escárnio, passaram a declarações de amor à mulher. Tavares embalou-se no amor e o amor virou o centro, as músicas viraram mais românticas. Em São Vicente continuou assim, mas ali já começaram a escrever sobre o quotidiano alargando o leque de temas da morna”.
O berço da morna, a Boa Vista, foi assistindo a essas transformações quase que de longe. Deixou de ser protagonista para virar espectador do palco nacional. Mesmo com o surgimento de exímios músicos e intérpretes – como Luis Rendall (tido como o melhor guitarrista de Cabo Verde), ou Maria Barba, primeira embaixadora da morna além fronteiras, em 1933, e que dá nome a uma das mais famosas canções do arquipélago, interpretada, de resto, por nomes como Bana ou Celina Pereira, outra estrela boavistense do género musical caboverdiano – e de ter mantido o estilo original (há a morna clássica de hoje, que vem de
morno, e há a morna mais ritmada, rápida, em contratempo, que é o galope), sendo o galope a versão mais tocada, Boa Vista viveu décadas quase apática, excluindo-se de reivindicar o estatuto de ilha-mãe do mais internacional género musical de Cabo Verde.
Lela, que foi homenageado este ano no Festival da Morna pelo seu contributo para a música na Boa Vista, sendo ele um dos fundadores desse festival, reconhece que é preciso “fazer alguma coisa, para outros não o façam primeiro e a morna passar a ser designada originária de outra ilha”. “Creio que já se tenta entrar por esse caminho, e ainda não aconteceu atribuir a origem da morna a outra ilha porque não se provou o contrário, isto é, que a morna não é da Boa Vista”, observa.
O músico dá como exemplo um espaço recuperado na zona de Praia Branca, em São Nicolau, que foi baptizado com o nome de ‘Casa da Morna’, com base no facto de ter saído dessa localidade a música ‘Sodade’, de Armando Zeferino Soares e universalizada por Cesária Évora. “Ora, nem São Nicolau é terra da morna, nem ‘Sodade’ é uma morna. ‘Sodade’ é um pagode ou samba mais lento, basta acelerar o tempo. Nenhuma morna se for acelerada vira samba, é impossível”, revela Manuel Brito, Lela, sem receio de atacar uma canção-património como o é ‘Sodade’.
E porque quer ver Boa Vista a ser reconhecida como ilha-berço da morna, Lela, através da Associação dos Músicos da Boa Vista, insistiu com a Câmara Municipal para a necessidade de haver um espaço que celebre esta particularidade da ilha das dunas. “A CMBV convenceu-se disso e vão arrancar com a criação de uma Casa da Morna, em Povoação Velha”, anuncia.
De facto, a CMBV deu início desde o ano passado ao projecto de instalação da ‘Casa da Morna’ em Povoação Velha, aldeia natal de Maria Barba e onde é reconhecido como o berço da morna, género classificado pela unesco como Património Mundial Imaterial da Humanidade.
A morna ‘Boa Vista Nha Terra’, celebrizada pela voz de Celina Pereira, foi elevada a Património Cultural imaterial Municipal, em 2020.
a proposta para elevar esta famosa música, da autoria de Manuel Martins Ramos, também conhecido por Djidjinhe, a categoria Património Cultural imaterial Municipal foi apresentada pelo pelouro da Cultura da Câmara Municipal da Boa Vista.
Na fundamentação em que se baseou a proposta, lê-se que o objectivo é “salvaguardar e valorizar” uma criação musical que se destaca no conjunto de produções do género morna da ilha “de todos os tempos, unindo e ligando gerações”.
A organização da IV edição da Semana da Morna e o público aplaudiram e fizeram “boa avaliação” das actividades que culminaram no Festival da Morna, na Praia Diante.
A IV edição da Semana da Morna, que decorreu de 24 a 30 de Setembro, com palco descentralizado sob o lema “Valoriza nôs morna”, foi organizada pela Associação dos Músicos da Boa Vista, em parceria com a Câmara Municipal.
O encerramento aconteceu no dia 30 de Setembro, com o Festival da Morna, na Praia Diante, que reuniu vozes locais e de outras ilhas, num só palco para cantar a Morna. Homenagem Lela (Manuel Brito).
Actuaram, entre outros músicos, Solange Cesarovna, Jennifer Solidade, Juary Livramento, Márcio Estrela, Romeu Mosso, Iolanda Brito, Nanock, Kaká, Pedro Magala, Nilton Gomes, Tibo Évora, Carlos Hermano, Beatriz Lúcio, Quinzito Leal, Nataniel Simas, Gaby Estrela, Black e Djugan.
Muito antes de Bana ou Cesária Évora, outro nome havia levado a morna aos palcos internacionais: Maria da Purificação Pinheiro, ou Maria Barba, lá de Povoação Velha. Foi ela que, pela primeira vez, terá cantado a morna fora das ilhas, em 1934, no Palácio de Cristal da cidade do Porto, representando Cabo Verde com um grupo de músicos e cantadeiras na Primeira Exposição Colonial Portuguesa. Em 1940 actuou e encantou na Exposição do Mundo Português em Lisboa, a ponto de merecer os parabéns pessoalmente do Presidente de Portugal, Marechal Carmona.
Quase todo o mundo conhece a canção ‘Maria Barba’, celebrizada sobretudo pela voz do Bana, e que mais parece um diálogo musicalizado entre um tenente português que estaria de partida para o seu país e uma cabo-verdiana, Maria barba, que admirava o seu jeito de cantar. Mas poucos saberão que Maria Barba é a propria autora dessa simples e linda morna, juntamente com o próprio tenente Serra. E ela mesma interpretou-a.
Mais do que isso, Maria da Purificação Pinheiro, a Maria Barba,
fica na história como a primeira cantora cabo-verdiana a levar a morna à Metrópole. Maria Barba cantou pela primeira vez uma morna fora das ilhas, em 1934, no Palácio de Cristal da cidade do Porto, representando Cabo Verde com um grupo de músicos e cantadeiras na Primeira Exposição Colonial Portuguesa.
O sucesso foi tanto que, seis anos mais tarde, em 1940, foi convidada para actuar na Exposição do Mundo Português em Lisboa. Cantou e encantou. O Presidente de Portugal, Marechal Carmona, deslumbrado foi cumprimentá-la pessoalmente dando os parabéns a essa pioneira da internacionalização da música cabo-verdiana, no caso a Morna, Património Mundial Imaterial da Unesco.
Maria Barba nasceu, provavelmente, em 1900, na Povoação Velha, ali mesmo no berço da morna... Contase que desde menina já cantarolava. E bem, mas dado ao seu tamanho era colocada em cima de um banquinho ou cadeira para poder ser vista. A fama da cantora-mirim alastrou-se pela ilha, e era requisitada em tudo quanto era festa e cerimonia oficial
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das entidades coloniais da ilha da Boa Vista dos anos 30. E foi precisamente numa festa oficial de despedida, na Povoação Velha, que o Tenente Serra, na hora da partida, a terá pedido para cantar mais uma morna a que Maria Barba simplesmente improvisou : “Senhor Tenente um ca podê canta más”.
Maria Barba casou cedo, com um rapaz de Santa Catarina, ilha de Santiago, que nunca foi aceite pela sua família. O casamento não deu certo e o marido voltou para a ilha de Santiago, ficando ela com duas filhas para criar (Clarise e Aldonsa, que teriam emigrado para a Argentina, mas não se lhes conhece o paradeiro certo até hoje). E talvez para estar junto das filhas e da mãe que era “fraca” (o pai era morto e não “malondre” como Bana foi o primeiro a cantar, deturpando a letra) ou mesmo para permanecer perto da família que Maria Barba recusou o convite de empresários musicais para ficar em Portugal, preferindo voltar, em 1940, para a sua Boa Vista natal onde aliás só encontrou fome e desolação (era mais uma das terríveis estiagens).
Nesse mesmo ano (1940) pegou nas suas filhas e embarcou para Bissau a bordo do navio Manito Bento (o mesmo que levava contratados para São Tomé e Príncipe). Ficou em Bissau durante 34 anos, sempre cantando, sempre divulgando a música da sua terra natal em serenatas e cerimónias oficiais. Morreu na capital guineense aos 75 anos, no dia 2 de Julho de 1975, três dias antes da proclamação da independência de Cabo Verde.
Tem 99 anos. Leu bem, noventa e nove anos de idade completados no passado dia 30 de Outubro (no seu BI a data de nascimento é 30 de Novembro). A genica não é a mesma, como é óbvio, mas o espírito criativo mantémse firme na cabeça. Continua a compor a conta-gotas e sonha lançar um livro autobiográfico, “História da minha vida: antes e depois da vida militar”. Conheça mais de perto Serapião Oliveira, ou melhor, Nha Vão.
Aos 14 anos de idade compôs a sua primeira música. E o gosto pela arte de criar grandes músicas assentoulhe na alma desde então. A vida de Nha Vão, militar, polícia, regedor, líder religioso… enfim, um homem de serviço público que contrapunha o trovador, o músico das noites de serenata. Daria um filme ou um bom livro se contado de fio a pavio. É um sonho que o mestre compositor boavistense, autor da famosa música ‘Fusquinha’, gostaria de ver realizado antes de morrer.
“Tenho escritos para o livro da história da minha vida, que quero lançar antes de partir”, disse, certa vez, Serapião Oliveira, numa entrevista à agência de notícias Inforpress, por ocasião da homenagem que a Associação de Músicos de Boa Vista (AMBV) lhe fez em 2019. Cabrer quis saber do andamento desse projecto, mas, dado ao seu estado de saúde, foi a filha, Luizette Oliveira, a responder por ele, lamentando que o pai já não
consegue escrever por si só a sua autobiografia.
Quando foi homenageado na sua ilha natal, Boa Vista, no âmbito da Semana da Morna, organizada pela Associação de Músicos de Boa Vista (AMBV), há três anos, Nha Vão ainda estava com brio e garra para escrever a sua história de vida.
“Há alguns anos que venho escrevendo um livro para contar a história da minha vida. Gostaria de o lançar, ou ao menos de o deixar pronto antes de morrer, para que quem fique saiba que fiz algumas coisas em vida. Tenho muitas histórias para contar e nunca perdi a esperança de registá-las e contá-las em pormenor…”, disse então.
O livro, segundo o seu autor e protagonista, seria dividido em três partes: a sua vida civil como comerciante, agricultor e pastor, e ainda o antes e o depois do percurso militar.
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Serapião Oliveira, o grande Nha Vão, compôs no total oito músicas, sendo a primeira escrita com 16 anos, em 1940. Mas “Fusquinha”, ganhou mais popularidade. Nessa altura, ainda verde a desfrutar de toda a juventude, conforme contou, tocava viola, cavaquinho, cantava e junto com outros jovens, percorria as tradicionais serenatas da Boa Vista.
Entretanto, apesar da música fazer parte na sua genética, materna e paterna, não era seu intento virar compositor. Escrevia as letras de mornas e os sons nasciam de forma espontânea para diversão, sem pensar em fazer música como sua actividade do dia-a-dia, seu ganhapão.
Nha Vão começou a trabalhar com o pai nas lides de agricultura, pastorícia e pesca e mais tarde no comércio, desde os 8 anos de idade. Aos 16 rumou a São Vicente, para o seu percurso militar, até Março de 1947. Mas antes, foi cabo-policial civil na Boa Vista, desempenhando função na administração no concelho na época colonial.
O seu percurso tem também uma “forte“ ligação ao Racionalismo Cristão. Desde o início foi o presidente desta doutrina na Boa Vista, e a primeira sessão de culto aconteceu na sua sala na casa onde ainda reside, em Sal-Rei.
Após a sua missão militar, em 1948, rumou a Boa Vista, sua terra natal. E no mesmo ano regressou à cidade da Praia, à procura de trabalho onde, em 1949, entraria para a Polícia. No ano 50, foi transferido para a ilha do Fogo, na qualidade de chefe do posto policial. Voltou ao comando central da Praia, e depois foi transferido para São Vicente onde até 1953, desempenhou funções na polícia de ordem pública. ilha
Serapião Oliveira, o grande Nha Vão, escreveu a sua música mais famosa “fusquinha“ aos 16 anos de idade, em 1940
Nesse ano, 1953, veio chefiar o posto policial na Boa Vista, antes de ser contratado como oficial de diligência do Tribunal Municipal. Mais tarde regressou a São Vicente, continuando as funções policiais até 1958, ano em que volta outra vez à das Dunas para iguais funções.
Em 1961 desligou-se da Polícia, e retomou a vida civil na Boa Vista. Aqui, trabalhou na Câmara como
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encarregado do Armazém, da Brigada da Estrada até 1967. No mesmo ano, foi regedor da Freguesia de Santa Isabel, fiscal geral das obras municipais, em toda a ilha. Foi responsável pelo serviço de assuntos sociais e fiel de Armazém do PAM.
Foi ainda membro do Conselho Deliberativo da Boa Vista, durante 7 anos, até 1975. Em 76, passou a ser encarregado do Armazém da
EMPA, até 78 quando transitou para MDR, como capataz Florestal da 1ª classe. Quatro anos mais tarde, foi promovido a técnico-auxiliar da 1ª classe. Foi também chefe de Secretaria da Delegação do MDR durante 12 anos.
Ainda sobre este percurso profissional, serviu o país, de 80 a 85 como Deputado pelo círculo da Boa Vista. Mais, foi primeiro instrutor na
Mocidade Portuguesa na Boa Vista, e fundador da Junta Corporativa da ilha. Em 1990 veio a aposentar. Praticou natação na baía de Sal-Rei, e nas costas da ilha, bem como nos seus ilhéus, e foi futebolista do clube União, nos anos da sua juventude.
Este é Serapião António Oliveira, pai de dez filhos, cinco rapazes e cinco meninas, nome grande da Boa Vista.
A Câmara Municipal de Boa Vista foi distinguida com o Copyright Friendly Label, numa cerimónia que aconteceu no CAC - Centro de Artes de Cultura de Boa Vista, com as participações do Presidente da Câmara Municipal da Boa Vista, Cláudio Mendonça, a Vereadora da Cultura, Nádia Santos, a Diretora da Cultura Leididiana Ascensão e dos Músicos, Autores, Artistas, Compositores, Produtores Musicais da ilha, bem como de Representantes de Instituições Parceiras e Parceiros utilizadores de Música.
Durante a cerimónia, que aconteceu no dia 20 de Agosto do ano passado, a CMBV realizou os primeiros pagamentos dos Direitos Autorais na história do Município à SCM e com isso garantiu o licenciamento anual de todas as atividades culturais no Município.
Cláudio Mendonça, que recebeu o Label em nome da CMBV ao lado da equipa do Pelouro da Cultura, reforçou a grande importância e o simbolismo dessa distinção para a ilha das Dunas, que tem na Cultura um dos seus principais patrimónios.
Evelin Rodrigues foi a grande vencedora do concurso de Vozes, que aconteceu no dia 12 de Novembro de 2021, numa parceria entre a Câmara Municipal da Boa Vista e a Associação dos Músicos da ilha. O evento teve como intuito a descoberta de jovens talentos.
O Concurso de Voz contou com o desfile de 8 jovens, onde Evelin Rodrigues levou o primeiro classificado, Emerson Rodrigues o segundo, e o terceiro classificado, Lara Silva.
Quem chega a Sal-Rei e não visita o Bairro Boa Esperança pode estar ciente de que vai regressar ao seu destino sem conhecer a ilha das Dunas, na sua forma mais genuína. Boa Esperança é uma outra cidade dentro de Sal-Rei. Aqui a vida corre com mais velocidade, há mais energia, a movimentação de pessoas e negócios confere nova identidade à urbe e à ilha.
Os moradores do Bairro, na sua grande maioria pessoas oriundas de outras ilhas e da costa ocidental africana, trabalham nos hotéis, construção civil, no artesanato, no comércio. São mais de 10 mil pessoas, entre adultos, jovens e crianças.
O Bairro ostenta uma grande dinâmica económica na cidade e nos últimos anos tem merecido uma atenção muito particular das autoridades locais e nacionais.
Tanto assim é que a Câmara Municipal da Boa Vista está apostada em resolver o problema das barracas, para proporcionar mais qualidade de vida às famílias que procuram a capital do concelho para viver e trabalhar, mas também para mudar o rosto desta que é o centro político, administrativo e comercial da ilha.
A extinção do Bairro de Farinação é o testemunho de como resolver o problema de habitação na cidade de Sal-Rei constitui uma das primeiras prioridades do poder local instituído.
Este bairro, que se localizava no litoral Este da cidade de Sal-Rei, foi desmantelado em junho do ano passado e as suas 65 famílias
foram realojadas no complexo habitacional de Rotxinha (Casa Para Todos), hoje denominado Dubai.
Fruto de uma parceria com o Governo, o desmantelamento de Farinação veio mostrar que efetivamente o programa de reabilitação e requalificação urbana e habitacional na Boa Vista é uma política pública que visa devolver qualidade de vida às pessoas, para incrementar o seu rendimento disponível e a capacidade de investimentos em outras áreas do desenvolvimento humano, como educação, saúde.
Com efeito, a Câmara Municipal tem uma visão que converge no combate à exclusão e marginalização, para promover a paz, a segurança e o poder competitivo da ilha, sendo certo que não é, como reconhece o presidente Cláudio Mendonça, não é digno que as pessoas vivam em casas com más condições e por isso deve ser objectivo de qualquer Governo, ou câmara acabar com assentamentos informais.
É com base nesse sentimento, que o bairro Boa Esperança está a ser objecto de grandes intervenções, com a parceria e o engajamento do Governo, na instalação de electricidade e água.
Para Cláudio Mendonça, presidente da Câmara Municipal, combater o défice habitacional na Boa Vista tem que ser feito por fases, tendo em conta a demanda e os recursos necessários, que são naturalmente escassos, sobretudo no quadro da crise global que está a afetar o país no seu todo, e de forma particular a Boa Vista.
O Bairro de Boa Esperança alberga cerca de 10 mil pessoas, e para o processo de realojamento dessas famílias – constituem a principal força laboral e comercial de toda a ilha - e a garantia de uma habitação condigna, o Governo disse ter já investido um milhão de contos, nos últimos 4 anos.
No âmbito desses investimentos, o complexo Casa Para Todos tem sido a tábua de salvação do programa, para dar vazão à demanda. Neste momento, mais de 200 famílias do bairro já foram realojadas. O processo está em curso. Com maior ou menor velocidade, pois vai depender sempre de recursos que são escassos, a verdade é que as barracas na cidade de Sal-Rei estão com dias contados, para satisfação de moradores, de investidores, das autoridades locais e nacionais, e do processo de desenvolvimento holístico da Boa Vista.
Bairro de Farinação, que se localizava no litoral Este da cidade de Sal-Rei, foi desmantelado em junho do ano passado e as suas 65 famílias foram realojadas no complexo habitacional de Rotxinha (Casa Para Todos), hoje denominado Dubai.
Testemunhos, na primeira pessoa, de quem escolheu Boa Vista para viver, trabalhar ou descansar, aproveitando da fantástica paisagem que a ilha oferece, a
Natural do Gana, acompanhado do irmão mais velho, Sete há mais de 10 anos veio para a Boa Vista à procura de melhores condições de vida.
“Trabalhei nos hotéis Riu Karamboa e Luca Calema, com o tempo e novas oportunidades de mercado, decidi dedicar-me à profissão de sapateiro por conta própria”, começa por contar, antes de revelar como foi a sua adaptação e a receptividade das gentes de Bubista.
“Considero ser amigo de todas as pessoas da ilha, muitos até considero como irmãos devido ao bom relacionamento e cumplicidade. Tenho um grande apego a esta tranquila ilha, onde sou acolhido com toda a morabeza e simplicidade das pessoas, posso afirmar com todas as forças que vivo bem”.
Nesses 10 anos a ilha desenvolveu-se de forma exponencial, como exemplo, posso referir a zona industrial (largo da Emicela) que era totalmente deserta, mas hoje é rodeado de empresas.
“Para mim, um dos recentes ganhos para a ilha foi o trabalho de melhoramento feito no estádio Arsénio Ramos, proporcionando melhores condições para os amantes do desporto”.
MiLsoN CLÁuDio MeNDes HorTa Profissão: Ajudante de pedreiro
“Nestes dois anos que aqui vivo, fui muito bem acolhido pelas pessoas da ilha, gente humildes e simpáticas”.
Natural de Calheta de São Miguel, Santiago, veio para Boa Vista à procura de trabalho e melhores condições de vida, garantindo um futuro melhor para o seu filho.
“A ilha ainda tem muito por fazer em termos de saneamento, educação, saúde. Mas para quem está à procura de trabalho para autossustentar e sustentar a família, Boa Vista é uma excelente opção”, aconselha Milson Horta, defendendo que, para um alavanque da ilha, a aposta deve ser nos jovens.
“Acredito que temos muitos jovens com enorme potencial a nível de cultura (dança, teatro), e desporto (náutico, atletismo, ciclismo) que não estão sendo explorados ou dados a oportunidade de mostrarem as suas valências. A aposta tem sido sempre nas mesmas coisas, por exemplo no futebol. Entretanto, apelo para que dê maior atenção à questão do uso abusivo das drogas por parte dos jovens, solicitando a quem de direito para que regularize a circulação de drogas, que tem destruído muitos jovens talentosos”.
Diz que escolheu passar na Boa Vista por sugestão de um casal amigo, que saiu daqui maravilhado com tamanha beleza e tranquilidade que a ilha oferece. “Somos um grupo de 5 jovens amigos e cada ano escolhemos um destino para desfrutar as nossas férias, que fazemos questão de marcar sempre no mês de Outubro. Este ano escolhemos Boa Vista/ Cabo Verde, sugestão de um casal amigo que esteve cá de férias no verão passado. Ficámos encantados com os relatos dos nossos amigos e não hesitamos em escolher Boa Vista”.
“Estamos no hotel Touareg, mas preferíamos um hotel mais perto das pessoas. Onde estamos é um
pouco distante da cidade. Somos aventureiros, queríamos um hotel mais perto das zonas habitadas”, afirma o nosso interlocutor, que diz ter sido bem acolhido.
“Nestes três dias já fizemos amizade com vários funcionários e com outros clientes jovens que estão hospedados no hotel. Não sabemos explicar, mas sentimos que estamos em casa”, enfatiza o jovem turista, que ficou encantado com tudo o que viu.
“Ouvindo os relatos dos nossos amigos, já sabíamos por alto o que a ilha tem para oferecer em termos de infraestruturas, beleza e simplicidade das suas gentes. O que mais nos
cativa é a forma como as pessoas convivem umas com as outras, temos a sensação que todos são amigos”, analisa.
Ele e seus companheiros vieram passar 12 dias na Boa Vista, e já com um plano de deslocação, onde visitar e o que comer. “Nesses 12 dias que vamos ficar na ilha, temos preparado um leque de atividades. Diariamente pretendemos fazer uma descoberta nova, e a ilha nos faculta essa opção em termos de beleza por visitar/ descobrir. Amanhã vamos conhecer o deserto de Viana, sugestão dos nossos amigos, segundo eles esse destino é paragem obrigatória para todos os visitantes da ilha”.
A crise pandémica global da Covid-19 teve, em Cabo Verde, a ilha da Boa Vista como epicentro. Foi aqui que se detectou o primeiro caso (março de 2020) e foi aqui que o confinamento obrigatório demorou mais tempo e foi mais dolorosa para a população, obrigando ao encerramento de unidades hoteleiras, espaços comerciais… enfim, a vida parou na Boa Vista. Temeu-se o pior, o colapso social e económico da terceira maior ilha do país, mas a resiliência das suas gentes, a intervenção das autoridades, o arregaçar de mangas da autarquia local (com a nova equipa camarária eleita em Novembro de 2020 a entrar na fase mais crítica da pandemia), conseguiram estancar a maior propagação da doença. O sufoco terminou e a retoma turística, económica e financeira está a acontecer.
A Covid-19 afundou tudo e mudou toda a trajectória de desenvolvimento de Cabo Verde e do mundo. A ilha da Boa Vista, das nove habitadas no arquipélago, foi, seguramente, a mais afectada, devido ao isolamento a que foi submetida, obrigando à estagnação da sua economia, de tal forma que algumas empresas sequer conseguiram recuperar da onda de choque causada pela Covid-19.
A Câmara Municipal da Boa Vista logrou, ainda assim, realizar obras e cumprir o plano de actividades. De resto, o Plano de Atividades para 2021, já com nova equipa liderada por Cláudio Mendonça a comandar os destinos do município, foi elaborado num contexto de crise pandémica, económica e financeira, com repercussões astronómicas à escala da economia mundial, provocando desaceleração do crescimento da economia mundial, com várias estagnações e regressões, aumento generalizado do desemprego, situação que Cabo Verde, com uma economia de serviços, não fugiu à regra.
No caso concreto do Município da Boa Vista, a crise internacional caiu como uma bomba, porquanto a base da economia local é dominada largamente pelo Turismo, uma das actividades económicas mais afectadas pela pandemia. Desde o fatídico dia 19 de Março de 2020, altura em que se registou o primeiro caso de COVID-19 em Cabo Verde, as consequências socioeconómicas foram desastrosas: o sector turístico, base da economia da ilha, teve que “encerrar as portas”, seguindo uma tendência global. Aliás, a ilha toda foi colocada em quarentena e as consequências foram dramáticas e dolorosas.
O Governo colocou a ilha isolada de todas as outras, enviando militares e equipas médicas, e obrigando a população a ficar em casa. Os isolamentos dos casos crescentes de Covid-19 eram feitos, ainda em março e abril de 2020, nos próprios hotéis da ilha e só progressivamente os turistas abandonavam a Boa Vista, em voos de repatriamento e após o período de recuperação. Era como se fosse uma despedida para sempre, mas não. Foi um até já.
A partir do segundo trimestre de 2020 todos os grandes hotéis e agências de viagens da Boa Vista tiveram que ser fechados, enviando para o desemprego muitos homens e mulheres, boa parte destes enquadrados ao regime do
Lay-off, o que não impediu, mesmo assim, que essas famílias abrangidas por esse mecanismo legal passassem por dificuldades do ponto de vista financeiro.
A Câmara Municipal foi obrigada a encetar medidas e politicas de emergência para ajudar as populações a contornarem a difícil situação socioeconómica vivida na ilha.
Não obstante a conjuntura económica, nacional e internacional desfavoráveis, as linhas de força do Plano de Actividades foram respeitadas, com políticas de natureza social, no sentido de minimizar as dificuldades das famílias, levando a CMBV a criar novos postos de trabalho para ajudar a amparar as famílias mais vulneráveis. O resultado está aí. Boa Vista, apesar de todos os receios de um eventual colapso sócio-económico, manteve-se firme e está agora de pé, pronto para abraçar a retoma turística, seu principal fonte de rendimento, que já começa a se fazer sentir.
“Foram periodos difíceis, difíceis”, lembra, com amargo sentimento, o vereador João Mosso Mendes, responsável pelos pelouros da saúde Pública e Protecção Civil. “Tivemos que juntar todas as forças, dar tudo de nós para que a situação não fosse uma tragédia maior”, sublinha Mosso Mendes, hoje, a suspirar de alívio quando vira para trás para recordar o que teve de enfrentar.
“Agora estamos a retomar a economia na normalidade. Está na fase de reinício, mas as perspectivas de crescimento turístico são melhores. Vencemos essa luta”, orgulha-se.
A Câmara Municipal da Boa Vista acudiu de pronto às famílias que foram afetadas pelas enchentes de Agosto de 2021. Momentos de drama, que expuseram as vulnerabilidades da segunda mais turística ilha do país e que carece também de atenção do poder central. A CMBV fez-se presente e interveio para socorrer as mais de duas centenas de famílias que da noite para o dia viram as suas vidas viradas do avesso, invadidas por água.
Consequência das chuvas de 18 de agosto de 2021, habitações de várias famílias na zona do Bairro de Boa Esperança, em Sal Rei, e outras localidades da ilha ficaram completamente inundadas. Tal situação resultou da submersão da água que invadiu moradias, deixando crianças, mulheres e idosos literalmente debaixo de água.
De prontidão, a Câmara Municipal, ciente da missão que lhe cabia, deslocou a sua equipa, liderada pelo Presidente Cláudio Mendonça, ao terreno para inteirar-se do problema. Foram identificadas mais de duas centenas de famílias, na sua maioria do bairro da Boa Esperança e alguns do centro de Sal Rei, que ficaram prejudicadas pelas inundações das suas moradias.
Solidário com a situação, o Presidente da Câmara Municipal dirigiu uma nota ao Ministro da Família Desenvolvimento e Inclusão Social, para, em concertação com outros Ministérios apoiassem o Município em dar uma resposta a problemática, nomeadamente subsidiando a aquisição de algumas bombas de drenagem de água, uma vez que a nossa tesouraria da CM por si só não conseguia arcar com todos os custos envolvidos, mas, infelizmente, não houve retorno.
Dada à paralisação dos Projetos para o ano 2021, os contratos dos Técnicos do Cadastro social único não foram renovados, aguardando a sua efetivação para o ano 2022 (orçamento do estado).
Neste quadro, dado a real necessidade de manter os Técnicos em função, os encargos, desde o mês de outubro, têm sido assumidos pela Edilidade. Até o final do ano estivemos a trabalhar com um único técnico que esteve a trabalhar sozinho tanto em novos cadastros, como na atualização de uma forma organizada, tendo sempre presente o sistema, porque a outra Técnica de Terreno encontrava-se de Licença de Maternidade.
Argumenta que foi um ano que mudou toda a humanidade, que obrigou a redefinir prioridades, pessoais e organizacionais. Um ano onde, afirma, “reaprendemos, readaptamos, repensamos processos, tivemos a oportunidade de valorizar o que é realmente importante e redefinir projetos prioritários e, reformular a estratégia política delineada para enfrentar os desafios da crise sanitária”. Sem medir esforços, traçou-se como uma das prioridades: a busca de parcerias, mormente, com os emigrantes e organizações não governamentais. Fabienne Oliveira, a dama-de ferro da autarquia no ramo financeiro e sobretudo da Área de Gestão de Recursos Humanos, aponta outro sector que a mantém em constante desafio: a família e o bem-estar das pessoas, sobretudo os idosos. E ela admite, sem titubeio, a área acolhida de coração foi a de Comunidades Migrantes, daí trabalhar tanto com a comunidade Imigrada quanto com a Emigrada.
CABRER - Inicialmente qual foi o maior desafio, e quais ainda tem enfrentado?
Fabienne oliveira – o primeiro ano de mandato foi bastante desafiador, de muito aprendizado e, evidentemente, de muito trabalho.
Iniciámos as funções a 24 de novembro de 2020. Sendo vereadora da área de Gestão de Pessoas, deparei logo no início com a necessidade de efetivar mudanças tanto a nível de pessoal, financeira, como da estrutura administrativa. Posso considerar que
o primeiro ano foi um ano ‘encaixe’ no que tange a relacionamentos, quer interpessoal, quer intrapessoal e quer administrativo.
Encontramos estruturas internas totalmente inapropriadas para o desempenho de funções de algumas unidades orgânicas, e com os colaboradores totalmente desmotivados apresentando uma lista de reivindicações. Os seus direitos estariam a ser esquecidos.
Para piorar, a tesouraria da CM estava bastante deficitária. um
grande esforço foi feito para engrenar nas demandas do Município. Foi preciso um reengenharia financeira para que as políticas traçadas na nossa plataforma eleitoral fossem respondidas (até hoje enfrentamos). Alinhado a uma liderança motivacional, na valorização dos nossos colaboradores, considero que, de uma forma generalizada, obtivemos enormes ganhos a nível de gestão de pessoas.
Necessariamente, tivemos a necessidade de impulsionar mecanismos de arrecadação de
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receitas, nomeadamente o IUP, criando políticas de incentivo de pagamento (isenção de juros de mora; possibilidade de pagamento das dividas em parcelas) que, mesmo no cenário pandémico previsto conseguiu-se arrecadar cerca aproximadamente 150.000.000$00, isto em receitas provenientes da arrecadação do IUP.
Em termos de receitas, o montante de 526.857.225$00 foi o previsto para o ano 2021 (comparativamente ao ano 2020 uma redução de 703.360.610$00). Alcance notório, em termos de Taxa de Execução na ordem de 82.16% do valor total orçamentado, isto com a junção do montante de financiamento bancário. Ou seja, uma arrecadação de 438.873.211$00. Em termos de despesas de funcionamento, o montante previsto para 2021, foi de 247.556.309$00. Conseguimos materializar em termos do previsto 93.22% do orçamentado.
As negociações junto dos fornecedores eram permanentes, porque podemos dizer - com dívidas avultadas junto dos fornecedores - quase todos estariam a fecharnos as portas. Importante frisar o esforço financeiro realizado para a amortização das dívidas junto da banca e os recorrentes processos judiciais (ver entrevista com o Presidente da Câmara Municipal).
Dos maiores desafios foi a nível social. Tomámos a Câmara Municipal numa situação bastante crítica, totalmente endividada, para colmatar num período bastante fragilizado com a COVID-19. Famílias que eram pobres ficaram ainda mais pobres. Pessoas desempregadas, famílias aflitas e a única solução era recorrer à Câmara Municipal. Um cenário gritante. Queríamos ajudar, mas a falta de recursos financeiros foi o nosso “calcanhar de Aquiles”. Mesmo assim,
acreditando sempre na vontade de fazer as cosias acontecerem, conseguimos chegar “à mesa” das famílias. Foi bastante gratificante o desafio de conseguir dar alento às necessidades das famílias.
O ano 2021 foi marcado pelo forte trabalho social realizado junto das famílias vulneráveis da ilha. Neste aspeto, o primeiro mandato foi bastante desafiador, porém, de satisfação incomensurável.
Conseguimos chegar nos corações dos munícipes que carecidamente precisavam de auxílio quer a nível de alimentos, com o projeto de atribuição de cestas básicas atribuímos pelo período de 6 (seis) meses conseguiu-se alentar mensalmente e de forma aleatória cerca de 200 famílias em todo o município, diariamente cerca de 150 refeições quentes, entre outros, pedidos consulta médica, evacuações.
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Ultrapassamos as expectativas graças às políticas que a CM tem adoptado. A CM adotou uma politica de desconto de até 50% para as pessoas que tinham IUP em atraso
Com o projeto de Construção Evolutiva arrancámos com um projeto piloto da construção de uma moradia térrea, de baixo custo.
Afirmo que no seio de uma enorme fragilidade sanitária, alcançámos ganhos intangíveis, diante do cenário escuro vivenciado pela pandemia COVID- 19 positivamente conseguimos preencher corações da generalidade dos munícipes com esperança e conforto.
Como tem sido o trabalho de retoma, quais são os planos?
Poderíamos, sim, ter canalizado mais recursos nos projetos preconizados na plataforma eleitoral. Todavia, o bolo do nosso orçamento detinha
como prémio a inclusão social e a diminuição de desigualdade social, conseguindo chegar “à mesa” de inúmeras famílias, doando mensalmente cerca de 200 cestas básicas e uma média diária de 150 refeições quentes. Construímos, reabilitámos e atribuímos moradias sociais, tanto em Sal-Rei, quanto nos Povoados.
Acreditamos que o investimento nos nossos colaboradores é primordial. Com isso, a resposta aos direitos/ reivindicações dos colaboradores é a nossa prioridade. E, sendo o Imposto sobre o Património a principal fonte de receita do Município, foi criada a Comissão Municipal Permanente de Avaliação Predial. Embora inoperacional, acreditamos que com a
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sua ativação os ganhos em termos de receitas serão enormes.
Com a alteração de Preços de Aquisição de Terrenos em SalRei, e povoados, principalmente, submetendo a possibilidade de pagamento por aforramento, entre outros instrumentos estratégicos que temos em carteira para alavancar a arrecadação de receitas, obviamente, conseguiremos enfrentar os enormes encargos que herdamos.
Por outro lado, o nosso principal foco são as famílias, criar condições, bemestar, dando oportunidades, por isso, tivemos logo que abrir um Gabinete de Ação Social fora dos Paços de Concelho, para reforçar a nossa ação no terreno e a nossa capacidade de resposta.
Com um número considerável de pessoas com necessidades especiais temos em andamento um projeto que é a abertura do Centro de Cuidados para Crianças, Jovens Idosos
e, à realidade do Município onde muitas mães não têm onde deixar o cuidado dos filhos para breve o nosso ambicioso projeto de Creche Municipal, afirmando que já temos parceiros decididos em financiar o projeto.
As Familias sendo o nosso foco, a implementação da Unidade de Acompanhamento Familiar será a nossa forte aposta, com o reforço em número de Técnicos Sociais. É de realçar que, com isso pretendese estabelecer uma relação de proximidade com as familias, numa ótica que, conforme seja a situação vivenciada pela família satisfazendoos as necessidades básicas a nível da saúde; alimentação; educação.
A elaboração de um Plano Municipal de Integração são passos que daremos para garantir um Município mais inclusivo.
Portanto, com a aposta forte nos parceiros, o restabelecimento e a
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busca de novos laços de Geminação e Cooperação acreditamos que estaremos direcionados a bom porto.
Quem são os principais parceiros da CM nesse processo?
A nível social, temos tido vários parceiros. Vimos batendo em todas as portas procurando principalmente parceiros das comunidades emigradas.
Reativamos os laços de Cooperação e Geminação com Câmaras Municipais do nacional e externa, reestabelecemos com Associações de Emigrantes. Não deixaria de referir que temos um grande parceiro que é a associação RAÇAKATAu, residente nos Estados Unidos da América, que é um grande colaborador nosso. Devido à boa parceria e trabalho, por iniciativa, convidámos a associação para ser padrinho do Centro do dia para Idosos do povoado de Rabil, focando na pessoa idosa proporcionado um melhor estilo de
vida e eliminando o sedentarismo e o isolamento social.
A RAÇAKATAu aceitou com todo gosto e tem demostrado ser um excelente parceiro. E com essa parceria vai nascer em breve Centro Dia para Idosos em Rabil.
E convém frisar, que levámos pela primeira vez, um Centro Dia à comunidade da zona norte, graças a uma parceria com o Governo, através Ministério da Família e Inclusão Social, do Projecto Tartaruga Boa Vista e outros parceiros nacionais.
Entre os principais parceiros devo acrescentar ainda a parceria com a Associação Help4BoaVista, que tem apadrinhado inúmeras crianças dos jardins Municipais e parceiro no Projeto do Centro de Saúde Reprodutiva.
e distribuímos cestas básicas, com parceiros locais e Associaçäo ECO Chaves e outros organismos internacionais.
Entrega de diversas habitações sociais com destaque para o caso do Sr. Miguel Alberto Andrade, idoso de 76 anos de idade, residente em Sal Rei, Santa Bárbara, que vivia em condições degradantes, devido a problemas de saúde e que ajudamos a melhorar as condições de vida numa parceria com a Associação SOS.
Temos estabelecido contatos com a Fundação Nadeje, representada pela Dra. Mónica Sofia Duarte, no projeto Casa de Sonhos que em breve daremos avanços na Requalificação de moradias e construção de raiz, Projeto de Construção Evolutiva (Projeto da Autarquia).
Há também o Centro do Dia para Idosos de Fundo das Figueiras fruto da parceria com o Projeto Tartaruga e MFIDS E para breve, o Centro do Dia para Idosos de Sal Rei, apetrechado contando com parceria da Fundação Amigos de Paúl representada pela Sra. Maria Teresa Segredo; o Centro do Dia para Idosos de Rabil, parceria de Emigrante.
realizado em parceira com o Governo,
Em que fase se encontra o programa de realojamento e qual o tratamento que tem sido dado para o Bairro Boa esperança?
As carências no setor da Habitação no Município são bastante críticas e preocupantes, com elevado défice tanto a nível quantitativo como a nível qualitativo, infelizmente, as más condições de habitabilidade das familias é uma realidade de Sal Rei a Povoados.
representada pelo Sr. Inaki Gascon
Viabiliza-se que um dos mecanismos a ser adotado, com certeza é estarmos cada vez mais próximos das famílias, realizando o acompanhamento periódico dos
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constituintes dos agregados familiares que, contornando as dificuldades acreditamos que a Autarquia conseguirá dar um desfecho positivo à problemática da habitação em todo o território Municipal, afirmo abraçando tudo e todos.
Quanto ao programa embora defendendo que o seu delineamento deveria ter um alcance diferente, o programa tem decorrido normalmente. Já fizemos o realojamento de um número considerável de famílias. Juntamente com o gabinete de realojamento, o Ministério da Família e Ministério de Ordenamento de Território temos ultrapassado os obstáculos.
Nem todas as casas do bairro são contempladas com a eletricidade e água, mas, na sua maioria, todas as casas com condições de habitabilidade já fizeram a ligação de luz elétrica. Isso porque já foi desmantelado desde o mês de Julho os “fornecedores clandestinos”. Desde que as moradias reúnam condições de habitabilidade já terão ligações de energia elétrica. De frisar que as moradias que não reuniam as condições necessárias foram dados apoios, com os recursos da Câmara Municipal, às pessoas para que pudessem ter luz 24h nas suas casas.
Relativamente à agua, é um trabalho que temos que fazer junto com a empresa de fornecimento de água, a empresa local AEB. Pelas informações que temos ainda estão com algumas dificuldades em termos de equipamentos, logo ainda não foi possível proceder à ligação da água.
A nível da Acção Social, a CM tem criado algumas condições para que todos os habitantes, nacionais e estrangeiros, possam viver em comunhão, sem estigmas, nem discriminação sem zona discriminada?
O nosso foco é a família. A CM, como sendo a mãe da ilha, abraça todos da mesma forma, uma vez que todos contribuímos para o desenvolvimento da ilha. E, diante da diversidade cultural o Município no âmbito das suas atribuições, empenhou-se na concretização de ações que promovam a inclusão e integração das comunidades residentes na ilha; garantimos a igualdade de oportunidades aos cidadãos estrangeiros principalmente os da PALOP/CEDEAO; Suporte na realização das festividades religiosas e comemoração das datas de independência; Participação em sessões de formação (nomeadamente VBG); Apoio contínuo no processo de Regularização Documental; reativamos laços de cooperação com algumas associações parceiras do desenvolvimento do Município;
De uma forma geral, com o nosso plano as comunidades sentirse-ão mais próximas. Damos e continuamos a dar uma atenção especial à comunidade estrangeira na ilha, sendo na sua maioria da costa ocidental africana, facilitando alguns processos e envidar todos esforços, que estão dentro das nossas competências, no sentido de obtenção da documentação para sua legalização por forma a sentirem melhores integrados no seio da sociedade boavistense.
Como está a receita da CM neste momento?
No ano passado tivemos uma excelente actuação a nível de cobrança, superámos as expectativas. Arrecadámos cerca de 160.000 contos, quando tínhamos calculado arrecadar 150.000.
Pese embora avultadas dívidas junto dos conitribuintes, ultrapassámos as expectativas graças às políticas que
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a CM tem adoptado. A autarquia adotou uma politica de desconto de até 50% para as pessoas que tinham IuP em atraso, entre outos medidas que adotámos em relação ao perdão de dívidas dos contribuintes. Baseando no diálogo, vimos conseguindo estar perto dos munícipes, apesar da conjuntura. Estamos a ter uma certa sensibilidade e não temos optado pela cobrança coerciva que será usado no último recurso.
O que espera concretizar nesses dois anos restantes de mandato nos setores sob tutela?
No meu dia-dia, para além de gerir os recursos humanos da autarquia, responsável pela área social, são vários os utentes que procuram os nossos serviço. Daí que seja evidente a relação direta que mantenho com as pessoas. O eleitorado é algo muito complexo, cada um com a sua forma de ser e
de estar, pois que cada dia é uma novidade. Por isso, o meu dia-dia acaba por ser bastante dinâmico. Em suma, esperançosa, acredito que com recursos financeiros a nossa equipa, em sintonia com os meus outros setores, conseguirei materializar os planos, cumprindo assim a nossa plataforma eleitoral.
Sei que muitos desafios tenho a enfrentar. Por isso, para a concretização desses dois anos
de mandato que nos resta, não deixaria de deixar aqui registado que para além de recursos financeiros que, como um nato ser social, irei primar em valores que considero essenciais, humildade, honestidade, disciplina, coragem e, obviamente, muito amor ao próximo. E, claro, espírito de equipa. Com garra e determinação trabalharei arduamente para ver a minha ilha à altura do nome - Ilha Fantástica e a todos bem servidos.
É uma necessidade urgente – pais que trabalham nos hotéis, e que têm dificuldade em estar com os filhos no dia-a-dia por causa do seu horário de trabalho, vão poder deixar os filhos numa creche que a Câmara Municipal da Boa Vista vai construir.
A Creche Municipal, que terá parceria das unidades hoteleiras e outras empresas sedeadas na ilha das dunas, vai funcionar durante 24 horas, de modo a permitiir que os pais que trabalham por turno de dia, noite e madrugada, possam deixar os filhos em segurança ao cuidado de monitoras em vez de ficarem na rua sem acompanhamento dos encarregados de educação.
“A ideia de construção de uma Creche Municipal surge como consequência das exigências do nosso município, como recurso essencial para a nossa comunidade.
O projeto vai para além de uma necessidade do município, traduzse num direito de toda e qualquer criança, independentemente da sua classe social, género ou sexo tendo como finalidade o desenvolvimento integral de crianças dos 0 aos 3 anos.
A prioridade do equipamento são as crianças e o seu bem-estar, com um serviço de qualidade, exigência, segurança, responsabilidade e educacional. Sendo a creche uma instituição de cariz educativa, constitui-se como o primeiro local em que a criança vivencia a situação de socialização, interação e inclusão. Com a abertura do Turismo na Ilha,
o regresso dos que tinham migrado com a pandemia, na sua maioria famílias oriundas de outros concelhos e países principalmente da África Ocidental que trabalham nos hotéis, em sistema de turnos, efetivamente, o serviço de creche ira colmatar esta fragilidade no que tange aos cuidados dos filhos”, argumenta o Pelouro da Solidariedade e Acção Social, liderado pela vereadora Fabienne Oliveira.
O mesmo texto diz que o Projeto da Creche Municipal consiste na remodelação e ampliação da Infraestrutura denominada “Jardim Infantil Pietro Pancini”, que será apetrechada para acolher 40 crianças, divididas em 3 grupos: crianças até a aquisição de marcha; crianças entre a aquisição da marcha e os 24 meses; crianças entre os 24 e os 36 meses.
A Creche irá custar à CMBV 16.784 contos e é tratado pela autarquia como prioritária, tendo em conta a necessidade dos pais e encarregados de educação em garantir todos os cuidados às crianças em idade préescolar e escolar.
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AAcção Social não se resume aos apoios sociais concedidos em momentos pontuais, sobretudo às famílias ou camadas mais vulneráveis da população. No verdadeiro sentido da palavra, significa sobretudo a criação de condições que garantem o desenvolvimento social e económico das famílias e comunidades, tornando-as menos dependentes das estruturas do Estado. Afinal, a pobreza não se combate apenas com assistência social básica aos mais vulneráveis da sociedade. É necessário apoiá-los com atividades geradoras de rendimento capazes de gerar o autoemprego e aumentar o seu rendimento.
No contexto socioeconómico do País, mais concretamente do Município da Boa Vista, a CMBV enfrentou, sobretudo em 2021, ano mais crítico, com várias carências de nível económico, resultantes da insuficiência de rendimentos, não permitindo as famílias mais carenciadas darem resposta às suas necessidades de subsistência.
O País vivenciou um ano atípico, com a propagação do vírus Covid-19, o que tem levado a frequência de munícipes aos serviços da Câmara Municipal, e a Edilidade vem tomando medidas de auxílio às respetivas famílias. A autarquia, não obstante os seus parcos recursos, tem envidado esforços para atribuir resposta, a tempo e hora, àquilo que são as problemáticas do Município. Neste quadro, o presente documento apresenta, de forma sucinta, as atividades realizadas e desenvolvidas durante o ano 2021.
Pedidos / apoios Concedidos pelo gabinete de solidariedade e ação social:
• Pedidos de Casa Para Todos – até então já deram entrada cerca de centenas de pedidos, os quais temos mantido contato com os requerentes, no sentido de aguardarem, porque, de momento, a Edilidade não dispõe de Habitação Social para os beneficiar.
• Cestas Básicas e Refeições Quentes – a nível local, a distribuição de Cestas Básicas foi feita a toda a ilha, tendo sido a última feita no mês de julho de 2021, onde foram contempladas mais de mil famílias
O Projeto de Cesta Básica, teve como objetivo perspetivar uma transformação no sentido de ação, em especial, ter uma visão integral da situação atual dos beneficiários, em direção a estratégias de intervenção social. Neste caso, e com o objetivo de minimizar os impactos da pandemia na vida social dos munícipes, perspetivamos e executamos a distribuição mensal de cestas básicas, onde contamos com forte apoio
de parceiros locais. Infelizmente, devido a escassez de recursos, fomos obrigados a suspender o projeto, em julho do ano findo. De salientar que o referido projeto fora submetido ao conhecimento do Ministério da Família, porém, sem retorno. E, dado a escassez de parceiros, desde julho a atribuição de Cestas Básicas tem sido feita de uma forma pontual apenas aos utentes com a necessidade extrema.
Para complementar a atribuição de Cestas Básicas, o Município também elaborou o Projeto de refeições Quentes, que foi direcionado a famílias carenciadas, selecionadas criteriosamente pelo Gabinete Social da Câmara Municipal da Boa Vista, recorrendo aos grupos de pobres identificados no Cadastro Social Único, como sendo famílias pertencentes aos grupos 1 e 2, considerados os mais pobres. Tendo presente a situação pandémica que se vivia, outras famílias não inscritas no Cadastro Social também foram beneficiadas, atendendo à sua vulnerabilidade social.
com uma refeição quente, totalizando no final do projeto a distribuição de refeições quentes às famílias.
• atestados – para fins judiciais, foram emitidos atestados de pobreza, e para outros fins, a várias pessoas de vários grupos de Cadastro Social Único (CSu);
1- Apoio à Saúde – foram efetuados pagamento de pedidos de TAC
2- Bilhetes de passagem para tratamento médico na Praia e em são Vicente
3- Pedido de óculos
4- Pedido de Aparelho Auditivo
5- Tratamento Dentário
6- apoio Habitacional: (inicio de construção)
7- Licença de construção
8- Material de construção e reabilitação de moradias
9- Projeto de arquitetura e estabilidade
10- Pedido de lote de terreno
11- isenção / redução de renda de habitação económica
12- Dispensa de trabalho
13- Pagamento e propina do ensino superior: (escola de Formação Teológica Cristã)
14- Pedido de material escolar
15- Atividade geradora de rendimento
16- Aquisição de material para reparação de embarcação de pesca
17- Pedido de passaporte para tratamento médico
18- Pedido de pagamento de faturas de água e energia elétrica
19- Pedido de instalação de energia elétrica
20- Pedido de portas e janelas
21- renovação de Bi
22- Vitimas de Incêndio na Zona da Pocilga: (assistência em ração e cestas básicas)
A aposta no sector primário, como meio alternativo ao turismo como principal fonte de riqueza e preparar Boa Vista para um futuro resiliente e sustentável é a meta da Câmara Municipal, assume sem qualquer receio o vereador pelos pelouros da Agricultura, Pecuária e Pesca (tutela ainda a Saúde Pública e Protecção Civil e as delegações municipais), João Mendes, para quem, a Covid-19, provou que o município deve aproveitar as suas valências, como agricultura, para dinamizar a economia local. A ideia é transformar Boa vista num dos grandes abastecedores nacionais de produtos agrícolas.
João Mosso Mendes, vereador de Saúde Pública, Protecção Civil, Agricultura, Pesca e vereador das Delegações municipais
CABRER - Qual avaliação faz desses dois anos como vereador?
João Mosso Mendes - Apesar dos muitos desafios, foi fantástico. Foi um período de muito trabalho e aprendizado. Senti na pele, a necessidade de lutar por uma Boa Vista desenvolvida e pelos investimentos nos sectores primários, para impulsionar a economia local.
Encontramos uma ilha mergulhada em problemas, além da pandemia da covid-19, tivemos de lidar com as dificuldades provenientes da seca prolongada, falta de meios para a proteção civil, sector da pesca, com uma peixaria totalmente degradada. Tudo isso, me fez arregaçar as mangas e lutar por mais e melhores condições para a nossa amada ilha.
Conseguiu colocar em prática as propostas de campanha na sua área de acção municipal?
Em traços gerais, não foi possível cumprir a 100%, porque tivemos que priorizar trabalhos mais eficazes, a fim de dar resposta às necessidades da população, face a Covid-19 e a seca.
Anteriormente à nossa gestão, o sector primário foi pouco valorizado. Não se fez investimentos necessários para o seu desenvolvimento. Mas, nós acreditamos que Boa Vista é uma ilha com forte vocação agrícola e vamos transformá-la num município produtor, a ponto de abastecer não só os hotéis, o mercado local, mas também de escoar os seus produtos para outros pontos do país.
Estamos a criar instrumentos que permitam as pessoas produzir, transformar os produtos e de gerar emprego para outras famílias.
Disponibilizamos aos criadores de todos os povoados da ilha, 38 cabras para ajudar no melhoramento de raças, visando também colmatar a perda destes animais na sequência da seca e ataques de cães vadios.
Atribuímos 200 sacos de ração a agremiação, avaliados em 360 mil escudos.
Queremos potenciar aquilo que é nosso. Por exemplo, vamos investir no queijo de cabra da Boa Vista enquanto ícone cultural, um símbolo da ilha e nossa identidade. Para tal foi inaugurada, a Queijaria (Mandongue) Comunitária de Bofareira, numa parceria entre Agrupamento Competitivo de Queijo de Cabra e Associação Onze Estrelas.
Ainda no âmbito do Projeto de “Desenvolvimento Integrado de Agropecuária”, orçado em torno de 12 mil contos, temos em curso, a requalificação da queijaria de João Galego, a construção de seis curais nesse povoado e produção de pasto em Estância de Baixo.
Queremos impulsionar o sector das pescas e devolver dignidade à comunidade piscatória. A peixaria municipal está em obras, temos apoiado com motores de pesca e outros equipamentos para esta área.
Há de destacar um forte trabalho, para resolver os problemas dos burros na cidade e não só. O estudo feito conclui o registo de 792 animais.
Neste sentido adquirimos 275 refletores, no valor de cerca de 200 mil escudos, para colocar nos burros de forma a evitar acidentes rodoviários.
Demos uma atenção especial ao sector da saúde. Fomos à Itália mobilizar parcerias, e em pouco tempo entregámos cerca de 25 mil contos em equipamentos à enfermaria da maternidade do Centro de Saúde da Boa Vista, fruto de um donativo da Casa di Cura da Cidade de Parma.
Fazem parte da doação, incubadoras, berços de terapia intensiva para recém-nascidos, camas, marquesas de parto, equipamentos de exame pré-natal, entre outros equipamentos essenciais para uma enfermaria de maternidade.
CABRER REVISTA ESPECIAL DA CâMARA MuNICIPAL DA BOA VISTAFor Boa Vista, estamos a construir o Centro de Saúde Reprodutiva, cujas obras estão orçadas em 34 mil contos, sendo que asseguramos 40% desse montante, além dos 270 m3 do terreno cedido para a construção dessa infraestrutura.
O sector da Proteção Civil verificou alguns ganhos desde a nossa entrada, mas ainda tem muitas fragilidades. Entretanto, temos feito um enorme esforço e mobilizado parcerias para investimentos, nomeadamente em viaturas de combate a incêndio, equipamentos de proteção e aumento de efetivos a nível de bombeiros.
Como foi lidar com a pandemia da Covid-19, face aos planos traçados pela ilha. Que área ficou mais afetada?
Sinceramente, não foi uma tarefa fácil. Exigiu de nós, uma atenção redobrada em todas as áreas de atuação. A pandemia da Covid-19, provou que mais de que nunca precisamos dinamizar outros sectores, para mexer com a economia da ilha e não ficar dependente do turismo.
Como avalia o orçamento disponibilizado para os seus pelouros, face aos seus planos de atividades?
Os desafios encontrados no terreno são superiores ao valor orçamental para a realização das atividades planificadas. E isto coloca em causa a execução de alguns projetos em tempo premeditado.
em relação aos projetos apresentados, qual destaca ou considera mais emblemático?
Até então, a construção do Centro Reprodutivo em parceria com a Help for Boa Vista, é que mais me marcou, dado a grande carência da ilha nesta matéria.
O que a ilha pode esperar de si nos próximos dois anos?
um vereador motivado, atento às dificuldades da ilha, disponível e com muita vontade de trabalhar para levar a minha ilha ao porto seguro e provar que vale a pena investir no setor primário.
Doravante, afirmo que se houver melhor engajamento e juntarmos todos, acredito que Boa Vista sairá a ganhar.
CABRER REVISTA ESPECIAL DA CâMARA MuNICIPAL DA BOA VISTAA Câmara Municipal e a Associação para o Desenvolvimento da Agricultura e Pecuária da Zona Norte de Boa Vista assinaram um protocolo de entendimento para a gestão de 13 animais, que ficaram na zona Norte, durante um período de um ano e os restantes animais ficaram sobre a responsabilidade da CMBV para gestão dos mesmos, nas outras localidades.
Foram entregues duas cabras à Associação Mulheres Cabreiras do Norte, que visa colocar a queijaria a funcionar. Mais uma cabra foi entregue à Associação Tambra - Mulheres d´Norte, que trabalha no ramo de transformação de produtos.
Seguindo essa linha de desenvolvimento agro-pecuário, a CMBV criou e levou adiante um projeto virado para o sector agrícola, envolvendo todos os agricultores da ilha. Esse projecto teve o seu início logo após o desbloqueio da primeira tranche, em Janeiro de 2021, quando a CMBCV idealizou delinear as melhores formas de materializar o projeto.
Trata-se de um projecto com forte índice de sustentabilidade porque visa aumentar as condições e meios de produção agropecuário, trabalhar na melhoria das práticas de produção, dotando os benificiários de competências para agregar valor aos produtos e, consequentemente, a integração dos mesmos no circuito económico local e nacional contribuindo para a melhoria das condições de vida dos benificiários.
Ao fim e ao cabo, Boa Vista quer ser player com nesse segmento agrícola, fornecendo produtos frescos de qualidade em franca competição com Santiago e Santo Antão. Tema que o vereador para a área, João Mosso Mendes, explica melhor na entrevista desta edição do CABRER.
Abel Silva, vereador responsável pelo Pelouro de Educação, Juventude e Desporto, em acumulação com o de Energia, Transportes, Emprego e Formação Profissional
Abel, está radiante por ter conseguido reabilitar o histórico estádio municipal Arsénio Ramos a tempo de receber a final do campeonato nacional de futebol (ganha pela Académica do Mindelo ao Palmeira do Sal), mas, a meio percurso do mandato, não se dá por satisfeito. Promete continuar a trabalhar para elevar o patamar de desenvolvimento da Boa Vista, sobretudo a nível das ligações eléctricas, melhoria no abastecimento de água e na educação do básico ao secundário.
CABRER - Qual avaliação faz desses dois anos como vereador?
Abel Silva - Sou suspeito para avaliar a minha gestão, mas o feedback dos munícipes me deixa à vontade para dizer que ela é bastante positiva.
Conseguiu colocar em prática as propostas da campanha eleitoral nos sectores sob sua tutela?
Da projeção feita para este mandato, grande parte já foi levada a cabo. Alguns projetos estão em curso e creio que até ao final do mandato, todos estarão materializados, para a satisfação do povo da ilha e para a minha satisfação, enquanto gestor público.
A nível do Desporto foi feito um trabalho extraordinário e aqui destaco o fórum do desporto, a requalificação das infraestruturas, principalmente a do Estádio Arsénio Ramos, onde a autarquia investiu mais de três mil contos, em trabalhos básicos como nas casas de
banho, coberturas da tribuna, limpezas dos arredores e pinturas.
No sector da Educação, tanto o básico como o secundário incutimos todo o esforço necessário para garantir, que nenhum estudante fique fora do sistema por falta de condições. Disponibilizamos uma verba para assegurar o transporte escolar, apoiar a formação profissional e universitário.
O sector da fiscalização atualmente está mais apetrechado e organizado. Fornecemos melhores condições de trabalho e uniformizamos todo o pessoal. Estamos a trabalhar no recrutamento de mais fiscais e na criação de um espaço específico para a direção da fiscalização municipal, fora dos Paços do Concelho, para que podemos melhorar a nossa capacidade de resposta, perante a demanda da ilha.
Estamos a trabalhar arduamente para melhorar o abastecimento de água nos povoados. Temos assegurado apoio no
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pagamento das faturas de água e luz a dezenas de famílias, em situação de vulnerabilidade.
A ligação de energia nas casas do bairro de Boa Esperança, em parceira com o Governo e a empresa AEB teve um sabor especial. Foi uma luta titânica, tivemos que criar um Gabinete de Apoio Técnico com peso financeiro muito elevado para a autarquia, para que possamos conferir mais dignidade aos moradores desse bairro. Na parte consolidada, o processo está praticamente concluído com 464 casas ligadas à energia elétrica. Temos ainda o desafio de proceder à ligação na parte mais labiríntica, onde as casas ainda não estão cadastradas.
No entanto, em concertação com a AEB e Telecom, vamos brevemente
criar a rede elétrica nessa área e levar a energia elétrica 24 horas. Há um bom desempenho no licenciamento comercial.
em relação aos projetos apresentados, qual destaca ou considera mais emblemático?
Dos trabalhos até agora já realizados, digo que a reabilitação do Estádio Arsénio Ramos, para receber a final do Campeonato Nacional de Futebol foi a cereja em cima do bolo. Demonstramos que temos espaços e condições para fazer grandes eventos desportivos, no vertente futebol. Aliás o evento em si, colocou a ilha na boca do mundo e teve um impacto positivo na economia local.
Ainda em parceria com associação archipel cabo-verdianos residentes na
Suíça vamos construir um campo relvado de 7, onde todos os materiais já estão na ilha e em breve daremos início à construção. No dia 31 de outubro iremos fazer entrega de subsídios e materiais desportivos aos clubes federados e associações desportivas. E estamos a trabalhar no projeto do campo de Fundo das Figueiras, assim com o lançamento do concurso da construção do campo de treino em Sal Rei.
O que a ilha pode esperar de si nos próximos dois anos de mandato?
Há uma boa aceitação da minha pessoa na sociedade, pelo que prometo trabalhar sem mãos a medir, para não defraudar a confiança em mim depositada, deixar marcas visíveis na ilha e que elevem o seu patamar de desenvolvimento.
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Inauguração dessalnizadora Zona Norte
Entrega da Capela de Povoação Velha restaurada
Entrega da habitação no bairro de Rotxinha
Mais de 60% dos mais de 200 mil ninhos de tartarugas-comuns encontrados em Cabo Verde só em 2021 estão na ilha da Boa Vista. Esses números podem colocar o arquipelago no topo como o maior berço de nidificação das tartarugas caretta caretta.
“No último ano, em 2021, aqui na Boa Vista encontrámos 155 mil ninhos. Pensamos que Cabo Verde pode vir a ter a maior população de tartarugas-comuns - as caretta-caretta - a nível mundial,» confirmou Pedro Diaz, biólogo e fundador da organização Bios.CV, numa declaração à Lusa.
A espécie que mais procura as areais de Cabo verde, e sobretduo da Boa Vista, sua maternidade predilecta, é a caretta caretta, também chama tartaruga-comum. Mas de comum, esta tartaruga tem apenas o nome. Está classificada como espécie protegida em risco de extinção. Durante anos, foi intensamente procurada, pela riqueza da carne e dos ovos.
Pedro Diaz explica que “tradicionalmente a tartaruga era um recurso alimentar para as pessoas em Cabo Verde,” uma realidade que “nos últimos 20 anos tem mudado bastante,” não só porque existe legislação de proteção, mas porque “também existe mais consciência ambiental, sobretudo da
população mais jovem”. O biólogo espanhol trabalha na ilha da Boa Vista desde 1999 e considera que está demonstrado “que a existência destes projetos de conservação é boa para o turismo de Cabo Verde”.
A Câmara Municipal da Boa Vista tem-se envolvido também, com muito afinco, na protecção das tartarugas. Em parceria com o Projeto Tartaruga, a edilidade desenvolveu um conjunto de actividades de sensibilização ambiental, comemoração do Dia Mundial do Ambiente e Dia Mundial das Tartarugas Marinhas, que incluíram concursos de poesia, desenho e brinquedo sucata.
Em Setembro do ano passado, aconteceu o workshop sobre os Planos de Ordenamento e Gestão e planos de Ecoturismo e negócios das Reservas Naturais de Boa Esperança, Ponta de Sol, Morro de Areia e o Monumento Natural Ilhéu Sal Rei organizada pelo projeto BIO-TuR, projecto esse que a CMBV faz parte do Comité Técnico.
CABRER REVISTA ESPECIAL DA CâMARA MuNICIPAL DA BOA VISTAA Câmara Municipal da Boa Vista tem-se envolvido também, com muito afinco, na protecção das tartarugas.
Mundo marinho submerso da Boa Vista esconde grandes tesouros naturais e, eventualmente, peças valiosas das dezenas de embarcações afundadas no leito da sua imensa área subaquática, que possui a maior biodiversidade de todo o arquipélago. Viagem às profundezas da ‘Ilha Fantástica’.
Fotografias: Ivalido
Uma aventura submarina nas águas profundas da Boa Vista será, garantida mente, uma viagem inesquecível para qualquer mergulhador, sobretudo para os de primeira viagem.
A grande variedade de espécies marinhas nas profundezas da Boa Vista é um convite irrecusável para quem quiser conhecer o mundo subaquático da ilha das dunas.
Por exemplo, na Baía das Gatas, no Nordeste da ilha, pode conviver de perto com pequenos tubarões (gatas), que são com pletamente inofensivos e muito tímidos, ver espécies raras de peixes, moluscos, moreias, algas e corais vistas muitas vezes a pouco mais de 1,5 metros da superfície, de tão rasa a profundidade. Esses mergulhos, acompanhados de guias treinados, só são possíveis na maré alta, pois a baía se torna muito rasa na maré baixa e as cabeças de coral quase se projetam da superfície do mar.
Em muitas ocasiões, é possível encontrar baleias ou mesmo ver saltos de jubarte ou puffs à distância.
A biodiversidade da Boa Vista neste campo é ímpar. Em todo o arquipélago, os tubarões-baleia só se juntam para acasa lamento no largo da Boa Vista, ilha que também tem as maiores concentrações de zonas de nidificação de tartarugas do Atlântico Norte, sobretudo a espécie ‘caretta caretta’, única em todo o planeta e que está em extinção. Estima-se que anualmente 3.000 tartarugas desovam nas areias da Boa Vista (Verão e Primavera).
Além das espécies que dão vida à fauna marinha boavistenes, o mar ao redor dos 620 km2 de superfície da Boa Vista esconde muitos outros tesouros. Aqui existe uma espécie de cemitério de navios, tantas são as embarcações que jazem no fundo do oceano Atlântico nas costas da Boa Vista. Basta dizer que, em Cabo Verde
A biodiversidade da Boa Vista neste campo é ímpar. Em todo o arquipélago, os tubarões-baleia só se juntam para acasalamento no largo da Boa Vista,
estão contabilizados mais de 150 naufrágios nas suas águas, a maioria perto da ilha da Boa Vista, razão pela qual se prepara a instalação de um Núcleo de Arqueologia para receber boa parte do acervo arqueológico.
Em 1815 e 1817, Boa Vista sofreu invasões de piratas que saqueavam tudo o que havia. Para proteger a ilha, foi cons truído o Forte do Duque de Bragança em Sal-Rei. Acredita-se que peças raras de séculos passados estarão ainda por ser encontradas.
No Museu dos Náufragos em Sal-Rei es tão lá expostos muitos utensílios, armas, correntes para escravos, âncoras, etc. que foram achados nas profundezas das águas marinhas da ilha.
Interessada no mundo subaquático da Boa Vista, a união Europeia chegou a anunciar o financiamento de 110 mil euros para implementar o projeto Margullar2, que irá intervir na melhoria dos museus relacionados com a temática do mar e a Boa Vista faz parte dos benefi ciados.
“Desde logo, estamos a falar do Museu do Mar em São Vicente, do Museu da Arqueologia na Praia e do Núcleo da Ar queologia que será criado na Boa Vista. O projecto tem a vantagem de trazer a possibilidade de trabalharmos a reabilitação das estruturas”, garantia, na cidade do Mindelo, a directora dos museus de Cabo Verde, Samira Baessa, na apresentação do projecto, que deverá estar concluído em Outubro de 2023.
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É uma fortaleza construída há 200 anos para defender Cabo Verde dos piratas. Agora ao abandono, o Forte do Duque de Bragança, no ilhéu de Sal Rei, a um quilómetro da ilha da Boa Vista, pode em breve ser recuperado e começar a receber visitas regulares.
Essa é a vontade do presidente da Câmara da Boa Vista, Cláudio Mendonça, mas há trabalho a fazer ao nível dos acessos: “É um sítio histórico, tem as suas potencialidades. Há que criar condições para chegar ao Forte, como pequenas embarcações. Neste momento, estamos a trabalhar na criação de uma escola náutica, permitindo uma maior circulação entre a cidade e o ilhéu E um melhor acesso das pessoas, condições de lazer, condições de visita e igualmente melhores condições para o estudo e pesquisa científica”, explica o autarca.
Uma autorização governamental de 2019 permite a transformação do forte em museu, mas esse é um dos projetos que ficaram em suspenso devido à Covid-19. É uma ideia que a administração local quer agora retomar.
Trata-se, de resto, de uma pequena ilha ao largo da baía de Sal-Rei. Localizado a oeste da cidade de Sal Rei, a uma distância aproximada de 1 quilómetro, o ilhéu ocupa uma área 89 hectares, e é um monumento natural.
O farol Ponta Espuma, construído em 1888, e o Forte Duque de Bragança, construído em 1820, são duas atrações históricas emblemáticas que testemunham a importância desta pequena ínsula no processo de desenvolvimento do município desde o século XIX, sobretudo na defesa do Porto de Sal-Rei contra os então frequentes ataques de piratas à ilha da Boa Vista.
Neste sentido, visando resgatar a história da Boa Vista, o Governo de Cabo Verde, em estreita colaboração com a Câmara
Municipal da Boa Vista, prevê trabalhar na reabilitação e conservação do forte, concretamente na consolidação dos muros, limpeza dos arredores, reabilitação dos canhões e construção de um passadiço de madeiro, para, de seguida, se proceder à sua musealização com painéis informativos e sinaléticas.
De referir que o período que antecede a construção do referido forte (entre os anos de 1815 a 1817), Boa Vista exportava sal, algodão, gado e cal, entre outros produtos, tendo sido várias vezes saqueada por piratas.
Em outubro passado, virou notícia que o secular Forte Duque de Bragança, construído no ilhéu de Sal-Rei, para proteger a ilha da Boa Vista dos piratas, começou a ser reabilitado, prevendo-se a conclusão das obras em fevereiro, para integrar a rota turística.
A recuperação do monumento vai “permitir a valorização, mas também dotar a ilha de mais um espaço de visitação dos turistas e dos nacionais, que é o ilhéu, mas com o Forte já reabilitado, algo extremamente valioso no contexto da diversificação da oferta turística da ilha da Boa Vista”, considerou o presidente do Instituto do Património Cultural (IPC), Jair Fernandes, no balanço de uma visita à ilha, para, entre outros pontos, constatar ‘in loco’ o andamento das obras de reabilitação e musealização do Forte Duque de Bragança.
Segundo o responsável, a intervenção já arrancou. O financiamento da requalificação desse monumento, avaliada em 4,2 milhões de escudos, está garantido pela Direção Nacional do Ambiente, através do programa da Bio-Tur, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNuD) e da Câmara Municipal da Boa Vista.
O forte, construído durante o período colonial português, em 1820, no ilhéu na baía do porto da vila de Sal-Rei, tinha a função de defesa daquele ancoradouro contra os então frequentes ataques de piratas à ilha da Boa Vista.
Outro espaço que a ilha vai ganhar em breve é o Museu da Arqueologia Subaquática, que ficará no edifício da antiga alfândega, cujas obras de requalificação já se encontram “a todo o vapor” para estarem concluídas em dezembro.
Impressiona logo à primeira vista. Toda a imensidão de pequenos montes de areia branca, limpa e fina a perder da vista cativa o olhar e a admiração de qualquer visitante. A paisagem, árida, seca, vazia de vegetação e carregada de nada (a não ser areia), é verdadeiramente deslumbrante. Sim, as dunas do deserto de Viana, uma das 7 Maravilhas Naturais de Cabo Verde, são marcas do continente, um pedaço do Sahara no meio do Oceano Atlântico.
Com um quilómetro de comprimento e cerca de 5 km de extensão, o deserto de Viana é caracterizado por uma areia clara misturada com grãos de terra preta.
Os ventos oceânicos transportam continuamente enormes volumes de areia do deserto do Sahara, na África Continental, depositando-os na ilha da Boa Vista devido à conformação da terra e à proximidade do continente. Esta areia cria verdadeiras dunas do deserto, intercaladas com uma vegetação esparsa e algumas rochas vulcânicas muito escuras.
O resultado desse fenómeno é um arco-íris de cores e a rápida passagem de nuvens projeta no solo uma alternância de luz e sombra quase hipnóticas. O reflexo do sol na areia é como neve.
É possível caminhar sem dificuldade, na tranquilidade de estar a poucos passos da civilização. Mas atenção, não vá querer aventurar-se por lá sozinho para não se perder no imenso areal.
As dunas de Viana estão protegidas pelo Estado, que proíbe a circulação de veículos motorizados e promove a construção de verdadeiros “muros” para limitar o movimento de areia, que progridem constantemente para a costa com a força dos ventos.
Um passeio nas dunas do deserto Viana é uma experiência para nunca mais esquecer.