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Plantar árvores é uma forma de amenizar o clima seco e quente

É fato que estamos atrasados em mudar de atitude, mas ainda podemos fazer alguma coisa pela sustentabilidade da Terra

  Paredes de árvores nativas estão se tornando cada vez mais raras nas estradas rurais do interior, algo a ser revitalizado e não destruído como insistem em fazer
Foto: Flavia Rocha | 360

Não à toa a frase “é preciso plantar árvores para colher água”, atribuída ao agricultor e pesquisador suíço Ernst Götsch, criador da Agricultura Sintrópica, popularizou-se. Ela sintetiza a prática que todos nós podemos adotar para combater o aquecimento global

O Brasil está no epicentro da questão do aquecimento global. E o calor excessivo do planeta também afeta a nossa região, onde o clima sempre foi da melhor qualidade. Dados de pesquisas científicas informam que a temperatura atual da Terra supera todos os tempo, “desde o período interglacial, 120 mil anos atrás”, como se pode ler em matérias desta semana em jornais e sites de notícias. “Isso faz todos os eventos extremos explodirem”, informou um dos sites em conversar com o climatologista Carlos Nobre, uma das mais renomadas autoridades no assunto. Ele se referia às ondas de calor, secas, chuvas super intensas e ao grande número de incêndios florestais. Inclua-se aí, as cortinas de poeira e o ar carregado que temos observado.

Alerta de mais de 30 anos – A situação climática que estamos vivendo tende a piorar e foi prenunciada há mais de três décadas, quando países de todo o globo passaram a se reunir para discutir o aquecimento global. A primeira grande reunião sobre o assunto aconteceu em 1992, no Rio de Janeiro e foi promovida pela ONU (Organização das Nações Unidas). A ECO-92, foi um marco histórico por seu tamanho, reunindo 179 países e por determinar o conceito da sustentabilidade e trazer à tona a necessidade suprema de conter o aquecimento global, dando conta da necessidade de se promover a biodiversidade e evitar o desmatamento das florestas.

Apesar do reconhecimento da importância e urgência do assunto desde aquela época e também da ampla adesão das nações, pouco se avançou considerando a necessidade de medidas de proteção ao planeta. Exemplo disso é a manutenção de uma conduta indiferente por parte da maioria das pessoas, incluindo aquelas que têm o poder de deter o aquecimento, seja elaborando leis, seja fiscalizando, seja mudando a forma do sistema produtivo, seja reconhecendo que desmatar florestas para ampliar áreas de cultivo é, a longo prazo, muito mais do que um tiro no pé quando se trata do agronegócio. O mesmo se aplica às ações cotidianas, com a insistência humana em impermeabilizar as cidades, eliminando as árvores de grande portes, os arbustos e as cercas vivas. Árvores, aliás, que notadamente vêm desaparecendo também da paisagem rural, onde podem ser, também, uma excelente ferramenta para se evitar as nuvens de poeira e a transmissão de pragas e de agrotóxicos entre plantações.

O que fazer – São várias as ações que todos podem fazer para assumir sua parcela de responsabilidade em defesa da qualidade climática do lugar onde vive. Uma delas é plantar árvores. Cada um dentro de suas possibilidades e da área que têm domínio, pode plantar uma, duas ou mais árvores de médio a grande portes, pois elas podem fazer a diferença em termos de qualidade do ar, já que captam carbono, e também na qualidade do clima, pois amenizam a temperatura onde fazem sombra e retêm umidade. A adoção de arbustos e gramados nas calçadas e áreas livres das edificações, bem como de heras em muros, também contribuem para refrescar clima urbano.

No entanto é no campo, através do reflorestamento, que as árvores podem trazer uma mudança efetiva para o clima e para o agronegócio. Afinal, quanto mais árvores, mais equilíbrio ecológico, e quanto mais deste, mais de qualidade climática, o que seguramente interessa ao agronegócio. Chuva e calor na medida certa é sinônimo de progresso e enriquecimento.

É bom destacar que quando se fala em reflorestamento e adoção de paredes ecológicas, deve-se atentar alguns pontos: árvores demoram a crescer, então agilize o processo e torne-o recorrente; qualquer movimento de reflorestamento, mesmo em pequenas áreas ou fileiras, deve contemplar a diversidade de espécies, só assim se recupera ecossistemas e se cria outros propícios; as mudas devem ser obrigatoriamente nativas. E isso é muito fácil de resolver. O que não falta é literatura indicando as centenas de vegetações, de todas as alturas e utilidades, típicas de cada região do país; o plantio de árvores de grande porte é fundamental para qualquer processo de plantio, inclusive urbano. Elas devem estar em todos os locais onde possam se expandir livremente. Incluindo o enraizamento, que pode ser perfeitamente compatível com plantações e calçamentos, basta fazer o plantio correto da muda. Vale dizer, ainda, que quase todas as cidades têm viveiros de mudas nativas e muitas os apresentam dentro de um horto florestal, o onde é ainda mais provável se encontrar mudas nativas de diversas espécies, pontos que vão garantir a formação de um ambiente de biodiversidade.

Reveja seus hábitos – Hábitos de consumo também fazem toda a diferença. Evitar o desperdício de água no ambiente doméstico é um grande passo. Para que não costuma refletir a respeito, vale lembrar que mangueira de água não é vassoura. E que piso de concreto ou pedra não é planta pra ser regado, ficar “esfriando cimento”só vai revelar a sua incrível falta de consciência a respeito da sustentabilidade. Ou seja, a sua ignorância no assunto, abrindo caminho para maledicências a respeito do quão egoísta você é, sem falar em outros atributos que ninguém quer ostentar. Reaproveitar água da máquina de lavar para limpar pisos deve ser parte da rotina doméstica. Assim como o aproveitamento da água deve constar em projetos de arquitetura.

O consumo de energia também pesa, não só no seu bolso, mas no clima do planeta. Evitar o uso excessivo deve ser regra de um cidadão atualizado com as condutas sociais. A geração de lixo eletrônico e de difícil reciclagem é outro ponto de extrema importância. Pense nisso antes de trocar aparelhos em pleno funcionamento pelo modelo mais recente.

Completa a lista de mudanças fáceis, rápidas e eficazes de hábitos, diminuir ao máximo o uso de automóveis que consomem gasolina e geram fumaça tóxica. Faz todo o sentido trocar a caminhada da manhã ou final do dia por uso das pernas em vez do carro durante suas atividades cotidianas. Também vale se valer de transporte público, numa demonstração de educação e consciência ambiental. Todas essas medidas podem dar origem a muitas outras. Leve a questão para suas rodas de conversas.

Poderes públicos – Várias medidas podem ser adotadas pelos poderes públicos. A criação de leis determinando a introdução de árvores de grande porte tanto na área urbana como na rural, reconhecendo que essa prática pode fazer toda a diferença para a população e também para a produção agropecuária é uma delas. Deve-se garantir que o plantio seja apenas de espécies nativas de cada lugar. O que não faltam são informações nesse sentido, como podemos ver nas publicações listadas no final desta matéria. E leis nesse sentido devem ser criadas.

Os poderes públicos também podem contribuir diminuindo o consumo de elementos poluentes e promovendo campanhas de uso consciente da água, da energia e de combustíveis derivados do petróleo, por exemplo. Adotar uma política de incentivo ao uso do transporte público adotando mecanismos como a qualidade dos veículos, o baixo (ou zero) custo das passagens e o horário mais extenso dos coletivos também podem gerar um efeito positivo.

* Sem papas na língua e com base cientí- fica, o site Árvore Ser Tecnológico traz muitas informações e reflexões. Vale a pena não se deixar levar pela dureza de certas avordagens e focar na informação a respeito de como as coisas funcionam no meio ambiente, o que atrapalha e o que pode ser feito (ou deixar de ser feito) para resolver. O momento pede menos passionalidade, é hora de sermos racionais e sensatos*
imagens: Árvore Ser Tecnológico
imagens: Árvore Ser Tecnológico

Exemplo corporativo – A adoção de medidas nas empresas devem ser alvo de divulgação, debate e projeção, para que a redução de uso de água, de plástico e de energia sejam ampliadas. São inúmeras as situações que podem refletir a política ambiental de uma empresa. Seja qual for o porte, elas podem – e devem – rever seus hábitos, materiais e posturas em relação ao tema. O mesmo se aplica a instituições como escolas, entidades e organizações da sociedade civil.

E aí, vai fazer a sua parte? Faça já! O prazo já acabou faz tempo. É hora de correr atrás do prejuízo. E não é para o bem das futuras gerações apenas, mas para o de todos nós.

Fontes: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2024/09/08/maior-seca-da-historiado-brasil-afeta-1400-cidades-no-pais.ght ml https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/car los-nobre/ https://www.facebook.com/arvoresertecnologico/?locale=pt_BR https://www.ibflorestas.org.br/lista-de-especies-nativas

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