Caderno 3 Ed. 15 Ano 5

Page 7

7

Goiânia, março de 2011

INTERNET|ENTREvIsTA

Rede ajuda autor a vencer barreira regional marcos vinicius

texto: marcos Vinícius

A

escritora goiana Mônica Lopes afirma que Goiás não possui abertura para primeiras publicações. Dessa forma, novos escritores devem recorrer a outros meios, como a internet, e lançar mão de redes sociais para divulgar seu trabalho. “Falar da literatura em Goiás é algo bem complicado. Aqui há um regionalismo muito forte e um direcionamento para autores já conhecidos”, diz. Mônica possui um livro publicado e outro em fase de edição. Leia a seguir trechos da entrevista. Pergunta: A senhora possui um livro publicado e outro em fase de edição. Quais as dificuldades para uma primeira publicação no Brasil, atualmente? Resposta: Há muito material sendo enviado para as editoras e a quota dessas editoras para lançamento opta por autores já conhecidos, ou que realmente tenham uma história inovadora. Além disso, há um interesse sempre maior em investir em autores internacionais do que em nacionais, infelizmente.

P: Muitos escritores brasileiros que divulgam seus trabalhos em redes sociais dizem que falta incentivo para publicação de obras. Isso faz com que os escritores tenham que sustentar suas publicações? R: Sim. Falta incentivo, principalmente em determinados segmentos literários que em muitos locais ainda são considerados como subliteratura. É o caso da literatura fantástica. Mas vejo autores de vários segmentos reclamando. Existem projetos de incentivo do governo, mas é como um pente fino e realmente não sei se é mais difícil conseguir passar por uma banca examinadora de uma editora ou por uma banca de incentivo. Se o autor tiver condições e acre-ditar muito em seu trabalho ele acaba tendo que investir sim no seu primeiro livro. Muitas editoras têm projetos de parceria 50%, onde o autor paga metade da publicação e recebe os direitos autorais de acordo com essa parceria. P: A senhora acha importante o contato direto com os leitores? Isso seria uma forma de incentivar os leitores brasileiros a lerem autores nacionais? R: Acredito que quanto mais

Mônica: “Literatura fantástica ainda é considerada subliteratura” próximos aos leitores, mais eles nos apóiam e nos divulgam. Assim acontece comigo e acredito que com outros colegas também. Palestras, bienais, workshopings, lançamentos, etc. Qualquer evento que possa fazer esse contato mais

“Estou sempre conectada no Twitter e Facebook” próximo é válido. P: Em Goiás, hoje, qual é a abertura que os escritores possuem? A barreira mencionada por muitos escritores pode ser transposta com o auxílio da internet e de seus recursos? R: Falar da literatura em Goiás é algo bem complicado. Aqui há um regionalismo muito forte e um direcionamento para autores já conhecidos. O que mais temos aqui são poesias, crônicas e contos. Outros segmentos literários com certeza vêm de fora, principalmente de autores internacionais como é o caso de Harry Potter e Crepúsculo, que já conhecemos. Faltam eventos culturais, oficinas, encontros e workshopings para a juventude. O que temos são saraus voltados à poesia. A internet auxilia muito a transpor essas barreiras. No meu caso, tenho fã clubes em Brasília e em São Paulo (aonde nem cheguei a ir).

Tenho fãs em Pernambuco, Curitiba e em várias outras cidades e estados, mas aqui onde moro não há uma abertura. Eles enviam constantemente e-mails falando sobre o livro, trocando informações, solicitando palestras sobre literatura fantástica, etc. A internet me fez mais próxima deles, o que foi bem vantajoso. P: Como geralmente é feita a divulgação de suas obras? R: A divulgação maior é sempre boca a boca, mas a internet tem sido minha maior ferramenta: blogs de resenhas que fazem parcerias, blogs literários, sites literários, de livrarias e redes sociais como Facebook, Orkut e Twitter. Ainda não temos o processo de divulgação do próximo livro, mas estamos trabalhando nisso. Com toda certeza usaremos as ferramentas da internet disponíveis.

“Postei um poema e em 3 dias foram 3.500 acessos” P: Como escritora brasileira, qual sua opinião sobre o mercado literário brasileiro e sua abertura para novos escritores? R:: Temos muitos autores bons esperando uma oportunidade. E temos muitos jovens que se sentiram

incentivados por essa nova fase literária e que têm se interessado em serem escritores. Algumas editoras inovadoras têm aberto concursos para coletâneas de contos de autores desconhecidos, o que tem ajudado a descobrir vários novos talentos. P: Qual a influência da internet para divulgação de seu trabalho? E das redes sociais? R: Grande influência. Como já disse anteriormente procuro estar em constante contato com os leitores, sempre postando algo novo no blog, respondendo os e-mails recebidos, twitter e mensagens no facebook. Grupos vão se formando, discutindo a respeito do livro e assim vão divulgando. Ainda nem comecei a divulgar sobre o novo livro e já chegam perguntas o tempo todo a respeito dele. P: Em qual rede social você mais se divulga? Por quê? R: Estou sempre conectada no Twitter e Facebook, onde recebo mais informações e trocas literárias. O meu site está em construção, então trabalho em cima do blog, que tem parceria com outros blogs e agora o Tumblr que permite que eu divulgue o que escrevo e já seja direcionado diretamente para o Twitter e o Facebook. É realmente uma rede que vai divulgando o seu trabalho. Você coloca uma informação e ela vai sendo repassada em tempo recorde. Por exemplo, postei um poema e em três dias ele teve mais de três mil e quinhentos reblogs. Isso é surpreendente. P: Geralmente escritores são conhecidos por determinado nicho literário. Isso é natural no meio literário, e artístico de forma geral. O perfil da internet nos dá uma interação de certa agilidade na busca pelo que se quer. O leitor sabe o que quer e procura por isso de forma rápida. Um escritor precisa deixar claro seu estilo na divulgação de seu trabalho via internet? Como isso é feito? R: Acredito que com o próprio direcionamento que a divulgação vai seguindo nesse espaço isso fica claro. Eu não gosto muito de rótulos, nem de me prender a uma coisa apenas, por exem-plo: sou poeta e pronto, ou só escrevo literatura fantástica. Claro que existem autores que têm seus segmentos definidos, mas quanto mais informação você deixar disponível para o público, mais fácil ele conseguirá encontrá-lo. É como uma trilha que você traça.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.