Caderno 3 Ed. 15 Ano 5

Page 1

Robson Rocha

Goiânia, março dE 2011 | JoRnal laboRatóRio do CuRso de JoRnalismo das FaCuldades alves FaRia | edição nº 18 ano 5

PLANO DIRETOR

desrespeito afeta meio ambiente e impacta trânsito |03 Internet

Cidade

Internacional

Escritora diz que internet ajuda a divulgar sua obra

Goianiense foge do barulho e se refugia em chácaras

Crise no mundo árabe é benéfica para política brasileira, afirma professor

|7

|5

|11


2

|ARTIgO

EditoriaL

Formação jornalística O ensino de jornalismo, desde sua implantação, sempre esteve sujeito à crítica, fundada em uma pretensa inadequação com o mercado, de cujas exigências o profissional egresso da academia estaria muito aquém de satisfazer. Na verdade, a discussão entre formação jornalística e mercado assenta-se, a meu ver, na dicotomia teoria e prática, pois, enquanto a este interessa a destreza profissional, a academia busca aliar capacidade técnica com visão crítica de mundo, já que é a realidade social o objeto do fazer jornalístico. Neste momento em que a profissão encontra-se fragilizada com a queda da obrigatoriedade do diploma (e não com a “queda do diploma”, como se ouve por aí), a reflexão sobre a formação do jornalista torna-se prioritária. Se é verdade que não se deve perder de vista o mercado, tampouco é menos verdadeiro afirmar que isso não significa estar de joelho diante dele. Subestimar o ensino de jornalismo na academia, transferindo ao mercado a competência da formação, é reforçar o discurso contra a obrigatoriedade do diploma, pois, ao se descartar a formação acadêmica está-se descartando junto a formação humanista e crítica desse profissional. Aqui entra, então, a importância do jornal laboratório. Como o próprio nome diz, local de experimento do aprendizado do fazer jornalístico, livre de quaisquer cerceamentos. No entanto, sem o desvelamento das determinações do sistema, dentre elas a que aprisiona o pensamento crítico, torna-se impossível avançar e o que deveria ser um aprendizado de jornalismo torna-se tão somente um aprendizado de redação jornalística. A academia não deve ser vista como uma etapa chata que se interpõe entre o aluno e o mercado. Da mesma forma, as matérias teóricas não podem ser vistas como momento de se colocar em prática a decoreba. Fazer isso é tornar legítimas as argumentações favoráveis à não obrigatoriedade do diploma. Dominada a técnica, ritmo é consequência; mas sem uma reflexão crítica, o jornalismo se esvazia de sentido. Valorizar o aprendizado prático passa, portanto, pela valorização teórica do saber.

E x p E d

i E n

Faculdades alfa nelson Carvalho Filho

ricardo daher

Raquel mourão (Reportagem)

Edição Raquel mourão

Curso de Jornalismo participam desta edição roberto Jimenes Coordenador

alunos do 3º, 5º e 7º período do Curso de Jornalismo

Caderno 3 monitora

professores lídia araújo (entrevista / opinião)

Fernando Brandão

A mídia nacional sempre procurou enfatizar a “grandeza econômica” dos Estados Unidos e da Europa, colocando o Brasil sempre como o “lugar do atraso” e eternamente subdesenvolvido. Entretanto, os tempos estão mudando. O Brasil assumiu a postura de liderança na América Latina e integra, junto com Rússia, Índia e China o grupo das principais nações em desenvolvimento denominado BRIC. A economia brasileira cresce a taxas mais elevadas que as verificadas nos Estados Unidos e em muitos países europeus como Alemanha, maior economia do velho continente, e França. Em 2006, a soma de toda a riqueza produzida pelos alemães teve expansão de 3%. No ano seguinte, foi de 2,%. E em 2008, o aumento econômico registrou alta de apenas 1,3%. A crise financeira de 2008 fechou bancos e grandes montadoras de automóveis nos Estados Unidos. No Brasil, a crise não foi a “marolinha” que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pregou, todavia, os efeitos foram bem menores que em outras economias. O mercado consumidor interno mantém o bom nível de crescimento nacional e acelera as projeções para o futuro. Estudos apontam que o Brasil deve ter uma expansão econômica acima de 5% nos próximos anos. Só em 2010, o PIB brasileiro cresceu 7.5%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nossas empresas ultrapassam as fronteiras da desigualdade e do preconceito e mostram ao mundo a cara deste “novo Brasil”. A Petrobras tem alcançado grandes resultados na descoberta do pré-sal. O governo diz que essa gigantesca reserva de petróleo vai alavancar a economia nacional e contribuir na erradicação da pobreza. Na política internacional, nosso país aparece como uma voz emergente em questões polêmicas.. O Brasil lidera a força de paz da Organização das

Nações Unidas (ONU) no Haiti e consolida sua independência ao passo que briga por interesses das nações em desenvolvimento junto aos órgãos internacionais. Um dos desafios do governo da presidente Dilma Rousseff é conquistar uma vaga permanente para o Brasil no Conselho de Segurança das Nações Unidas Em aspectos sociais, também temos o que comemorar: 14 milhões de empregos de carteira assinada foram gerados no período de 2003 a 2010, e mais brasileiros entraram na classe média, uma sociedade que consome e faz a roda econômica girar em ritmo acelerado. Mas nem tudo são flores nesse caminho de crescimento. A ONU divulgou o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que é um termômetro das condições de vida e de bem estar da população de 169 países. O Brasil aparece na lista na posição 73. Apesar de ter subido quatro degraus em relação ao levantamento anterior. A educação é apontada como uma barreira ao progresso brasileiro. Entretanto, o relatório das Nações Unidas, mostra melhoria em todos os indicadores do nosso país como saúde, educação e renda. A pesquisa mostra ainda que o Brasil ficou atrás de vizinhos como Chile, Argentina e Uruguai. Mas em relação aos países do BRIC (as nações emergentes mais desenvolvidas), só perdemos para a Rússia que aparece em 65º lugar. A China está em 89º e a Índia em 119º. Claro que não podemos fechar os nossos olhos para a desigualdade social que atinge nosso povo, nem para a violência das cidades brasileiras, muito menos para os desempregados e aqueles que, lamentavelmente, moram embaixo de pontes ou nas calçadas. Entretanto, o Brasil já esteve em um cenário social mais critico. A recuperação é visível e progressiva. Um país melhor para todos não é mais um sonho impossível de se realizar, mas uma realidade.

O que faz você feliz?

t E

diretor superintendente

diretora acadêmica

A Voz do Brasil

lilian Rodrigues

Contato Faculdades alFa av. Perimetral norte, nº 4.129, vila João vaz, Goiânia - Go telefax: (62) 3272-5081 e-mail: caderno3@alfa.br tiragem: 400 exemplares. esta é uma publicação laboratorial. não pode ser vendida. os textos e imagens não expressam opiniões da instituição.

Caroline Santana

Pode soar uma propaganda de supermercado ou comunidade da rede social chamada ‘’Orkut’’, mas essa frase representa mais do que isso. Já dizia Johann Goethe, o escritor e pensador alemão: “A alegria não está nas coisas, está em nós.” Mas quem pode me fazer feliz? Eu mesma ou alguém? As coisas aí podem adentrar no sistema do capitalismo, em que as relações estão cada vez mais vazias, complicadas. E cada um não sabe conviver com o outro ou com aquilo que remete ao trabalho e sofrimento. A questão aqui é saber: faço o outro de objeto ou sou sujeito dele como objeto? Só podemos ser felizes com coisas simples e cada um é cada um, porém o respeito, a colocação no lugar do outro não tem mais seu valor. As pessoas geralmente não se importam com a dor ou sentimento da outra. O que faz você feliz pode ser estar com a família, escrever uma canção, sair com os amigos, tirar uma nota boa na escola. Ou pode ser um carro novo, um emprego conquistado, um amor correspondido. Vai depender do valor que você agrega à sua conquista ou ao capital. Dependemos do dinheiro para nos relacionar na sociedade, mas ele não é tudo. As coisas vão se perdendo aos poucos, é tudo um processo e na hora que vamos enxergar a realidade, tomar conta do que está

acontecendo ao nosso redor que vamos parar para perceber como tudo está superficial e vazio. É uma mídia que manipula, redes sociais que nos levam a saber da vida pessoal, profissional e fotografias de alguém. Nem sempre conhecidos ou às vezes distantes sem tempo para se olharem cara a cara, rosto a rosto e perguntar com o coração e preocupação com o outro: “Tudo bem com você?” O jogo agora é a busca de lucros e interesses. O outro virou meu objeto de uso dentro de uma relação social. Se ele não me faz bem, posso ter outro, no caso, um ser humano que anda tão sem valor. E no casamento, a frase “Eu te amo” que está banalizada? “Vou me casar, se não der certo, eu me separo”, já pensam os noivos antes de entrarem numa igreja. Tudo muito fácil e disponível na prateleira do supermercado ou na estante de casa. Só que as coisas não são bem assim, tão fáceis de serem conquistadas. Aquelas que têm valor e que valem a pena. Posso me apaixonar e tentar a conquista com aquele alguém que acho certo para minha vida, posso estudar, trabalhar para me sentir feliz e realizado. Posso dar valor aos meus pais que fazem de tudo para o meu bem. É tudo muito simples. Por isso, descomplique sem ser superficial, vazio ou abstrato. Afinal, quem te faz feliz só pode ser uma pessoa: você!


3

Goiânia, março de 2011

CIDADE

|uRbANIsmO

Verticalização em Goiânia desrespeita Plano Diretor

A

Concentração de edifícios é cada vez maior nos bairros nobres da capital escolas, faculdades, bancos, classificados por uma tabela de “grau de incômodo”. O Plano prevê que áreas habitacionais saturadas devem receber tributação extra para reduzir a concentração de prédios e obras de impactos, e por isso setores como Nova Suíça, Bueno, Alto da Glória e Jardim Goiás tive-ram suas alíquotas duplicadas. Foi discutido na Câmara Municipal que muitas escolas e faculdades da Capital não possuem o devido alvará de localização e de funcionamento, por serem estabelecimentos que atraem centenas de pessoas e provocam inRobson Rocha

Robson Rocha

cidade de Goiânia tem crescido além do seu espaço físico, os bairros periféricos já chegaram aos seus limites com outros municípios que ficam no entorno da capital, não tendo espaço para expandir horizontalmente. Goiânia tende à verticalização, com construções sendo erguidas em toda a capital. Alguns bairros como o Bueno e Serrinha estão sofrendo sérios problemas dessa verticalização, inclusive com o impacto do trânsito, mas construções continuam a ser erguidas. Para que não haja problemas maiores no futuro, como bolhas de calor, impacto de vizi-nhança e até mesmo o aumento dos problemas já sofridos no trânsito, é preciso que o Plano Diretor seja respeitado, pois ele é o guia que vai orientar o crescimento físico da cidade. A formulação de um Plano Dire-

idade e a transformação. “Esses são os princípios básicos do Plano e dentro desses princípios básicos, ele elegeu o meio ambiente, especialmente a água, elegeu a espacialidade verticalizando a cidade ao longo dos eixos de transporte coletivo, tornando uma cidade mais compacta,” afirma. O vereador Giovanni Antonio, do PSDB, propôs uma lei complementar, ao Plano Diretor que foi aprovado pela Câmara Municipal e que previne o impacto sofrido pela vizinhança, como a ventilação e iluminação natural, possível falta de estruturas, para lazer, equipamentos urbanos e comunitários e de trânsito. Segundo o vereador a lei complementar está ocupando uma lacuna, esquecida até então, pelo Plano Diretor: “Não somos contra o crescimento da cidade, desde que se respeite o Plano. Da forma que está acontecendo não está certo, temos edificações sendo construídas em lugares inapropriados”.

Robson Rocha

texto: robson rocha

Câmara aprovou lei que previne impacto das construções sobre o trânsito tor para os municípios é uma das exigências estabelecidas pelo Estatuto da Cidade, criada durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O Plano Diretor é de interesse público e social é ele que regula o uso de propriedade urbana, da segurança e do bem-estar dos cidadãos, bem como do equilíbrio ambiental. O plano tem como meta atender as necessidades da população, permitindo o desenvolvimento social da cidade. Para o coordenador técnico da Secretaria Municipal de Planejamento e Urbanismo (Seplam), órgão governamental que é encarregado de coordenar e gerenciar o Plano Diretor, Ramos Albuquerque, o Plano da capital goiana tem como princípios a igualdade, a oportunidade, a qual-

O peessedebista diz ainda que Goiânia já chegou ao seu limite territorial com outros municípios e agora a tendência é que a cidade cresça verticalmente. E afirma ainda que construções que estão sendo feitas em lugares irregulares poderão ser embargadas: “É inadmissível que esses empreendimentos continuem a ser erguidos à revelia do impacto que trazem ao trânsito, a vizinhança e ao meio ambiente”.

Trânsito O Plano Diretor “dificulta” a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como polos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente, como shoppings,

carros em casa e possam a utilizar o transporte. Atualmente existe em Goiânia somente o eixo da avenida Anhanguera e alguns trechos da avenida Goiás com eixo exclusivo. “Uma cidade compacta com edificações ao longo dos eixos, facilitaria a vida das pessoas, já que elas morariam próximo aos seus empregos, e de toda infra-estrutura necessárias, mas para isso é preciso uma transporte coletivo de qualidade” diz Albuquerque, e salienta que já está sendo estudado dentro do Plano Diretor, a implantação dos eixos exclusivos para o transporte coletivo, mas que é uma “briga” entre governo e o sistema capitalista, que segundo ele favorece o crescimento do transporte particular. Ele acredita que, para combater o crescimento do transporte privado na capital é necessário colocar em prática o que prevê o Plano Diretor. É preciso que haja uma fiscalização rigorosa na capital pois o crescimento populacional é fato, a

“Nosso dever é saber quem liberou obras em áreas preservadas, em desrespeito ao Plano Diretor” Obras irregulares sujeitas a embargo cômodo em horário de entrada e saída de estudantes. De acordo com coordenador técnico da Seplam, o transporte particular não tem futuro. Ele acredita que é preciso eixos exclusivos para o transporte coletivo na capital, para que as pessoas deixem seus

Vereador Elias Vaz (PSOL) organização estrutural desde crescimento pode ser ainda organizado de forma que a população possa viver em uma capital de forma harmonizada.


4

CIDADEs

Goiânia, março de 2011

|vIADuTO

Chuva pode atrapalhar obras na BR-060 Kamilla Gadêlha

texto: Kamilla Gadêlha

O

viaduto da BR-060, saída para Guapó, que seria inaugurado no final de 2010, de acordo com a previsão da Agência Municipal de Trânsito (AMT), continua em obras devido às fortes chuvas. A última chuva inundou a construção, deslocando até os equipamentos e máquinas do local. O temporal é o motivo da lentidão. Para a segurança dos moradores da região um desvio foi improvisado e semáforos foram instalados na Avenida Consolação, Vila Canaã e Avenida Neddermeyr. As ruas foram sinalizadas com faixas preferenciais e placas, para minimizar o impacto no trânsito. O tráfego da região está sendo acompanhado e monitorado pela Agência de Trânsito. De acordo com o agente de trânsito Robson Cruz, 37 anos, a tendência do trânsito nesta região é ficar mais lento. Ele alerta aos condutores que é preciso muita cautela e

Chuva obriga retirada de equipamentos do local da construção de viaduto na BR-060 atenção ao passar por esse trecho, se possível evitar passar pelo local em obras e procurar caminhos alternativos. “Devido às chuvas diárias as obras vão levar um tempo maior para a conclusão”, afirma o agente

de trânsito. A recepcionista Viviam dos Santos, 27 anos, acredita que o viaduto será excelente para descongestionar o trânsito nesse local. “Isso aqui é uma loucura em horário

de pico”, diz Viviam. Ela acredita valer a pena pegar um pequeno desvio, enfrentar engarrafamento. “O que eu quero mesmo é poder chegar em casa com mais segurança,” destaca.

|TRANsPORTE COLETIvO

Usuário reclama da venda de sit-pass na capital texto: danilo Silva

O

s vendedores ambulantes de sit-pass desde o ano passado estão proibidos de atuar dentro dos terminais e plataformas de ônibus administradas pelo governo estadual. O usuário do sistema que precisa do bilhete tem de recorrer aos guichês instalados nas entradas dos terminais de embarque ou nas cabines de venda. Mesmo com essas atitudes tomadas pelo poder público, alguns vendedores ainda trabalham do lado de fora dos terminais de embarque e desembarque. Os passageiros, quando viajam nos ônibus e estão sem o tíquete, têm de aguardar na catraca até que o ônibus chegue ao terminal, onde um vendedor ambulante nas proximidades entra e faz a venda, ou então solicitar que o motorista pare em um local para comprar o bilhete. Esses são transtornos que têm dificultado o cotidiano de quem depende do serviço de transporte de

passageiros na capital. Dos oito vendedores de sit-pass que trabalhavam no Terminal do Dergo atualmente só Maria do Nascimento, 50 anos, permanece. Maria trabalha no Terminal há dez anos. Ela afirma que desde quando foram proibidos de atuar internamente muita coisa mudou. A vendedora relata que devido à proibição, os vendedores acabam comprando o bilhete mais caro. “A gente, pra complementar e atender a demanda, acaba tendo que comprar de terceiros”, diz. Maria explica que quando podia atuar dentro do terminal, a renda chegava a quase R$ 1200, agora o faturamento caiu pela metade. ”O usuário tem de nos procurar do lado de fora pra comprar porque nós não podemos aproximar deles como era antes”, relata. Para as pessoas que utilizam o sistema, muitas dificuldades vêm sendo enfrentadas. É o caso da professora Jucicleide Brito dos Reis, 35 anos, que utiliza o transporte coletivo diariamente para ir ao trabalho. Jucicleide diz que quando não en-

contra vendedores de sit-pass acaba perdendo o ônibus porque tem que ir até as extremidades do terminal para comprar o bilhete. A professora afirma ser um trabalho difícil. “Sem sit-pass eu acabo perdendo o ônibus seguinte porque até procurar os vendedores o ônibus já foi”, explica. Outro grande problema é a ausência de pontos de venda nos bairros. A educadora Cristina Fátima, 27 anos, todos os dias deslocase de sua residência no Parque Tremendão até o seu trabalho no Parque Industrial João Brás. Cristina informa que no bairro onde mora não têm pontos de venda do bilhete, portanto, só compra nas cabines quando chega ao terminal Padre Pelágio. “Eu só compro sitpass no terminal e com antecedência e procuro sempre guardar um de reserva porque se deixar pra última hora não encontra”, relata. A educadora afirma que, com a saída dos vendedores, a procura nas cabines aumenta. “Agora ficou mais difícil, porque tem de procurar até encontrar; caso contrário, não tem como embarcar”, diz.

Márcia Pereira, 50 anos, é diarista e uma vez na semana utiliza o transporte coletivo para trabalhar. No Terminal Padre Pelágio, ponto de conexão por onde passa, Márcia passou por duas cabines e somente na terceira ela encontrou o sit-pass e só assim pôde seguir viagem com um atraso em 10 minutos. “Nas cabines espalhadas pelo terminal anda em falta e no meu bairro só tem um local de venda, então fica complicado”, explica. A diarista acredita que deveria ter mais locais de venda para diminuir a demora ao encontrar o bilhete. “Dessa maneira facilitaria mais pra gente”, completa. Em uma das cabines de venda no interior do Terminal Padre Pelágio, o vendedor Hudson Soares, 19 anos, afirma que a procura pelo sitpass é grande, mas o número de bilhetes é insuficiente para atender a demanda. Hudson relata que o lucro das vendas, após a saída dos vendedores, teve um pequeno aumento: “Nós compramos o sit-pass a R$ 2,10 e vendemos a R$ 2,25; o lucro é pouco, mas está melhor do que antes”.


5

Goiânia, março de 2011

CIDADEs

|mORADIA

Viver junto à natureza ganha cada vez mais adeptos CResCe demanda imobiliáRia PoR CháCaRas loCalizadas na zona uRbana da Cidade

À

Ferreira, também dono de uma fazenda no perímetro urbano de Goiânia, afirma que, de acordo com sua expe-riência de mais de dez anos, o perfil de pessoas que procuram por chácaras, dentre outras residências mais afastadas, é principalmente as que já constituíram família. “Já os jovens, que geralmente estão na fase de saída das casas dos pais, acreditam ainda que lugares menores, até mesmo devido suas rendas, e com bastante movi-

Jéssica torres

procura de uma mudança de vida, muitas famílias estão saindo do tumulto do centro da cidade e buscando moradias mais próximas da natureza, como chácaras, sítios ou mesmo apenas casas mais afastadas da zona urbana. Embora nas cidades haja maiores facilidades de acesso ao trabalho e ao comércio em geral, alguns moradores sentem-se incomodados com a falta de segurança e o estresse gerado pelo grande fluxo de pessoas, o que os leva a procurar lugares mais afastados do centro da cidade.

da escolha da nova moradia. O aposentado Hélio dos Campos, de 67 anos, em busca de um lugar mais seguro para criar seus filhos, optou por comprar um terreno afastado e construir uma chácara, com espaço onde também pudesse plantar e ficar mais próximo da natureza que tanto zela. “Me mudei há 12 anos, e aqui encontrei um lugar ideal para viver com minha família”, diz Hélio. Esse mesmo sentimento também motivou o jardineiro José dos Santos, de 57 anos. Ele conta que ao comprar sua chácara realizou o sonho de ter sua casa própria e viver com sua família em um lugar melhor que fosse deles. “Eu vivia de aluguel, num

Muito verde, sossego e ar puro: atrativos que seduzem os compradores Uma outra opção de moradia são os condomínios fechados, que também oferecem essa mesma proposta de segurança e tranquilidade, porém nem sempre correspondem à expectativa. Os condomínios fechados diferem por serem mais caros, podendo uma casa custar até R$ 1 milhão, enquanto as chácaras, por exemplo, variam de R$ 100 mil à R$ 350 mil. Além disso, nos condomínios fechados não há essa mesma preocupação com o meio ambiente como no caso das regiões mais rurais, e o isolamento também é um dos pontos que contrapõem esses modelos diferenciados de residências. A dona de casa Biana Rodrigues Gomes, de 38 anos, é um exemplo de moradora que buscou esses dois modelos de moradias e optou por um sítio. Ela conta que anteriormente morou durante onze meses em um condomínio fechado, porém não se adaptou. “O que me motivou a procurar um ambiente mais rural foi justamente o sonho de ter um sítio, poder cuidar de alguns animais e ter uma vida mais saudável pra mim e meus filhos”, afirma. A segurança e o bem-estar também são pontos fundamentais na hora

bairro perigoso e aqui encontrei conforto e me sinto protegido, mas em nenhum momento me sinto afastado do mundo com alguns me dizem.” afirma José. O corretor de imóveis Nazareno Coelho afirma que o gasto com essas casas mais isoladas depende do tamanho e da localização e chegam a ser maiores do que as moradias em regiões nobres de Goiânia, por já estarem sendo vistas como privilegiadas. “A cada cinco pessoas que efetuo a venda do imóvel, três escolhem lugares mais afastados no centro, regiões ainda pouco habitadas, principalmente quando se trata da casa própria; porém, quando se trata de aluguéis, os apartamentos são ainda os mais procurados”, Ressalta. Nazareno conta que, independentemente de classe social, seus clientes buscam nas moradias principalmente uma satisfação pessoal e independência. “Sempre acompanho meus clientes, em busca do perfil de moradia desejado e que atenda às suas necessidades, sendo que a maior procura está sendo por lugares que ofereçam tranquilidade e segurança como principais quesitos”, afirma o corretor. Já o corretor de imóveis Marcio

|ARTIgO

texto: Jéssica torres

mento são mais interessantes”. Um exemplo de jovem que não vê muitas vantagens nesse tipo de moradia é a estudante Ana Luiza Mello, de 16 anos, moradora do bairro Mansões do Campo. Ela diz que o principal motivo de seu incômodo é o difícil acesso para chegar à sua escola, ou mesmo a algum lugar no qual vai a passeio. “Tenho que sair sempre bem mais cedo, porque preciso pegar dois ônibus pelo menos para chegar aonde quero”, reclama a estudante.

desigualdade social em Goiânia?

Segundo a ONU Goiânia é a 3º cidade do Brasil com a maior desigualdade social, acompanhada por Belo Horizonte, Fortaleza, Brasília e Curitiba, e é a 10° do mundo, a notírobson rocha cia causa polêmica, muitas pessoas não concordam com esse “titulo” apresentado no relatório feito pela ONU. Goiânia? Uma cidade arborizada, com vários parques, uma cidade planejada, eleita por muitos moradores uma cidade linda e boa para se viver, como pode ter desigualdade? Talvez por todas essas características Goiânia esteja cada vez mais tornando uma cidade com níveis alarmantes de desigualdade social, chegando a esse ponto que vemos e vivemos. Goiânia acabou atraindo os milionários e ricos de todos os lugares, que aqui vivem tranquilamente nos condomínios luxuosos que a capital possui ou nos luxuosos apartamentos de 1 milhão e tanto, que possuem carros importados, muitas vezes mais de um. Apesar de ter muitos ricos, a Classe média também mora bem, em condomínios e bairros voltados pra ela, e os mais humildes os “pobres” vivem em bairros mais afastados do Centro da cidade, as periferias aonde a cidade não é tão bela como no centro e nos bairros de classe media como o setor Bueno, por exemplo, onde não há parques, nem bosques onde Goiânia não é tão tranqüila. Quem é rico anda de Ferrari, classe média de carro Popular, e os

mais “humildes” de ônibus - sempre cheio. Uma cidade onde há vários restaurantes sete estrelas e dois restaurantes que um prato de comida custa R$ 1,00, é impossível não dizer que não há desigualdade, mais isso é assim tem isso em todos os lugares, sempre haverá, milionários, ricos, classe média, pobres e os que nem classificação possui mais, como viciados e andarilhos. Com essa classificação da se a impressão que Goiânia tem um monte de favelado nas ruas, isso não é verdade, aqui pobre vive com mais dignidade, a cidade ainda é meio interiorana, povo hospitaleiro, que empresta uma xícara de açúcar ou café, que ainda leva um pedaço de bolo que fez pro vizinho, que toma café com a vozinha, que socializa e interage uns com os outros. Goiânia é sim uma cidade com alto índice de desigualdade, o que espanta grande parte dos goianiences. A maior parte da classe A e B que não sabem ou muitas vezes fingem de cegos pra não ver o tamanho da desigualdade. Talvez seja porque os pobres que vivem aqui não moram em favelas construídas em morros, não passam tantas necessidades como em outras cidades, o que acontece aqui é que temos uma parte da população que é rica, e a outra é pobre, não tem meio termo, daí surge à desigualdade que tanto espanta o que não é pra tanto, esse relatório quer dizer que Goiânia tem muitos ricos e muitos pobres, não esta dizendo que é uma cidade que vive na pobreza, que há mendigos por toda parte, a sim desigualdade, mas Goiânia não é uma cidade pobre.


6 INTERNET|ROmANCE

Goiânia, março de 2011

Amor está na web e muitos enamorados se jogam nela

acervo Pessoal acervo Pessoal

Milton Braga e Sônia Ribeiro Não é novidade que as redes sociais são ferramentas sensacionais de relacionamentos pessoais e profissionais, para manter-se atualizado sobre o que acontece no mundo, na vida dos amigos e parentes distantes e na co-

Marianna Santana Os relacionamentos virtuais não são necessariamente superficiais. Tendem a ser até mais sólidos que os físicos. Como pela rede social você não tem o contato direto com a outra pessoa, geralmente, há uma comunicação maior. Cada um fala mais de si, o que proporciona mais proximidade e conhecimento sobre o seu parceiro. No entanto, sempre surge a insegurança. O internauta teme que o outro esteja mentindo para ele. A mentira existe em qualquer lugar, até nos relacionamentos físicos e não somente na tela de um computador. Mas, como nem tudo que reluz é ouro, o cuidado na hora de se envolver com alguém da internet é fundamental. Com o tempo, e o tipo de conversa, quem estiver mentindo, normalmente, deixa transparecer essa atitude, em algum momento. “Se não fosse a igreja, não teria sido tão fácil. Com certeza haveria mais procura de informações e nos conheceríamos melhor”, afirma o casal Sônia e Milton. No caso de Marianna Santana, 19 anos e estudante de Direito, a história não terminou com “felizes para sempre”. Ela conheceu Diego Mota em uma comunidade no Orkut. “Ficamos conversando mais ou menos dois meses, isso foi o bastante para ele gostar de mim e eu dele e me pedir em namoro”, conta. O rapaz é carioca e ela goiana, então a solução foi namorar virtualmente mesmo. “No começo de janeiro do ano passado ele veio aqui no meu aniversário, depois disso vi que realmente eu gostava muito dele”, afirma Marianna. Mas, depois de algum tempo a insegurança e desconfiança assom-

se ele havia deixado recado ou alguma mensagem, mas não havia nada. acervo Pessoal

M

ilton escrevia para um site, cujo nome – Nada acontece por acaso – era bem sugestivo. Em uma madrugada, navegando pelo site, ele viu uma foto. Uma mulher clara, cabelos castanhos, olhos verdes. Foi dar uma olhada mais detalhada na página dela. Viu as fotos, leu o perfil... Era Soninha Ribeiro. Como não informava o estado civil, ficou relutante. Reparou que era da igreja Batista, do Sul da Flórida, a mesma igreja frequentada por sua filha, onde ela havia conhecido Cynthia, uma amiga. Sentiu que algo os ligava. Assim descreve o administrador de empresas Milton Braga Furtado Filho o momento em que conheceu sua atual esposa. A fashion design Sônia era divorciada, 55 anos, dois filhos. Milton era divorciado, 60 anos, dois filhos. Ela estava na Flórida, Estados Unidos, há doze anos e ele, na Califórnia há três. E o principal: os dois estavam saindo de um relacionamento conturbado. Três dias depois, quando ele abriu o site, verificou que havia um recado: “Não sei quem é você, mas gostei do artigo”. Depois disso, voltou sempre a visitar a página dela no site de relacionamentos Orkut e se adicionaram no MSN. Começaram então a “teclar” via MSN. Ligavam a webcam, se falavam pelo áudio, apresentavam seus familiares. Dentro de sete ou oito dias resolveram se encontrar. Milton estava no Brasil a trabalho e resolveu voltar para a Califórnia pela Costa Leste: “Soninha foi me buscar no aeroporto de Miami, e no saguão já demos um beijo, antes mesmo de dizer um Oi. Coisa de cinema, romântico!”, conta o administrador. Depois de seis meses, um noivado e mais quatro, estavam casados.

brou o namoro. “A distancia e a falta de confiança da minha parte foi fazendo eu me afastar cada dia mais dele, então acabei o traindo com a pessoa que ele mais tinha raiva. De oito meses de namoro tive contato físico com ele somente duas vezes”, confessa a estudante. Indubitavelmente, o envolvimento com pessoas que moram muito distante dificulta a transformação do relacionamento virtual em real. Porém, não é impossível um final feliz. Patrícia Teixeira conheceu Luiz Motta em um site de relacionamentos. “Quando eu entrei na sala de batepapo, algo me chamou atenção, o codinome que ele usava era algo de tristeza, e por incrível que pareça eu nunca tinha usado o meu nome verdadeiro, e naquele dia entrei com o nome Patrícia, algo que também chamou atenção dele”, explica ela. O representante comercial, Motta, morava nos Estados Unidos, mas depois de dois dias de conversa na internet já havia se decidido: ele viria para o Brasil e se casaria com Patrícia. “Ficamos namorando por sete meses, até o dia que ele desembarcou em Goiânia. Nem acreditei, pois não tínhamos contato físico, mas quando ele desceu naquele aeroporto, e tive a oportunidade de abraçá-lo, não tive dúvida alguma, que ele era o homem da minha vida”, conta Patrícia.

Lorrani Teixeira e Luiz Guilherme

acervo Pessoal

municação com clientes, no caso de empresas, em tudo elas estão presentes. Mas no quesito namoro, a internet, sem dúvida, vai deixar Santo Antônio desempregado. Com o ritmo de vida agitado, muitas pessoas sem tempo acabam utilizando a internet como forma de encontrar um parceiro amoroso, como por exemplo, o site Badoo, uma ferramenta voltada exclusivamente para esse tipo de relacionamento.

texto: Luciana porto

Patricia Teixeira e Luiz Motta A história de Lorrani Teixeira, 20 anos de idade e filha de Patrícia, também teve início nas redes sociais. Apesar de que conheceu Luiz Guilherme, também de 20 anos, em uma aula experimental do curso de Medicina, na Universidade do Sul de Santa Catarina o namoro só começou pela internet. “Numa quarta-feira à noite fui à Unisul assistir aula de neuroanatomia do primeiro período de medicina, lá conheci o Luiz Guilherme, cabisbaixo num canto calado, quando entrei todos pensavam que eu era caloura, pois estávamos no mês de abril. Apenas o Gui e uma outra moça vieram falar comigo passaram seus emails”, continua Lorrani. Quando voltou a Goiânia foi desesperada para o computador, adicionou Guilherme e procurou por ele no Orkut. Depois disso entrava com freqüência para ver

“Depois de quase um mês ele apareceu, começamos a conversar no Messenger e ficamos mais ou menos quatro horas trocando mensagens instantâneas, cada vez mais eu ia me apaixonando sem saber. Falamos sobre coisas banais, sobre a vida dele, da minha, descobri que ele era de Curitiba e não de Tubarão.” Depois de meses conversando superficialmente era dia de Reveillon, e Guilherme mandou uma mensagem desejando feliz ano novo a ela. “Fiquei felicíssima por ter se lembrado de mim, daí começamos a conversar quase todos os dias no MSN, comecei a trabalhar de telemarketing e sempre que chegava corria para o computador. Era uma alegria vê-lo pela webcam e falar com ele pelo MSN, mas ainda não tínhamos assumido nada sério”, explica. Depois de muito papo os dois começaram a namorar e dois meses depois ele veio até Goiânia. “Foi muito intensa a semana que passamos juntos, quando ele foi embora os dois ficaram de cama por quase duas semanas, mas nos recuperamos”, brinca Lorrani. Hoje, eles ainda estão juntos e ela se mudou para Curitiba, onde faz faculdade de Odontologia. “Vejo ele todos os dias e posso desfrutar desse amor. O Luiz Guilherme está lutando para passar no vestibular, pois não pôde pagar mais a Universidade particular. Parando para pensar em tudo o que aconteceu, tenho a certeza de que Deus programou tudo no tempo certo”. A vantagem da comunicação online é a facilidade de trocas de informações, e declarações de amor que, às vezes, pessoas muito tímidas têm dificuldade em dizer quando estão em frente da pessoa amada. Ou seja, a internet é capaz de “desenrolar” as paqueras e ajudar a passar do nível do flerte para o namoro. Mas, sem pele, cheiro ou qualquer contato é possível manter um relacionamento? Para Lorrani, sim!


7

Goiânia, março de 2011

INTERNET|ENTREvIsTA

Rede ajuda autor a vencer barreira regional marcos vinicius

texto: marcos Vinícius

A

escritora goiana Mônica Lopes afirma que Goiás não possui abertura para primeiras publicações. Dessa forma, novos escritores devem recorrer a outros meios, como a internet, e lançar mão de redes sociais para divulgar seu trabalho. “Falar da literatura em Goiás é algo bem complicado. Aqui há um regionalismo muito forte e um direcionamento para autores já conhecidos”, diz. Mônica possui um livro publicado e outro em fase de edição. Leia a seguir trechos da entrevista. Pergunta: A senhora possui um livro publicado e outro em fase de edição. Quais as dificuldades para uma primeira publicação no Brasil, atualmente? Resposta: Há muito material sendo enviado para as editoras e a quota dessas editoras para lançamento opta por autores já conhecidos, ou que realmente tenham uma história inovadora. Além disso, há um interesse sempre maior em investir em autores internacionais do que em nacionais, infelizmente.

P: Muitos escritores brasileiros que divulgam seus trabalhos em redes sociais dizem que falta incentivo para publicação de obras. Isso faz com que os escritores tenham que sustentar suas publicações? R: Sim. Falta incentivo, principalmente em determinados segmentos literários que em muitos locais ainda são considerados como subliteratura. É o caso da literatura fantástica. Mas vejo autores de vários segmentos reclamando. Existem projetos de incentivo do governo, mas é como um pente fino e realmente não sei se é mais difícil conseguir passar por uma banca examinadora de uma editora ou por uma banca de incentivo. Se o autor tiver condições e acre-ditar muito em seu trabalho ele acaba tendo que investir sim no seu primeiro livro. Muitas editoras têm projetos de parceria 50%, onde o autor paga metade da publicação e recebe os direitos autorais de acordo com essa parceria. P: A senhora acha importante o contato direto com os leitores? Isso seria uma forma de incentivar os leitores brasileiros a lerem autores nacionais? R: Acredito que quanto mais

Mônica: “Literatura fantástica ainda é considerada subliteratura” próximos aos leitores, mais eles nos apóiam e nos divulgam. Assim acontece comigo e acredito que com outros colegas também. Palestras, bienais, workshopings, lançamentos, etc. Qualquer evento que possa fazer esse contato mais

“Estou sempre conectada no Twitter e Facebook” próximo é válido. P: Em Goiás, hoje, qual é a abertura que os escritores possuem? A barreira mencionada por muitos escritores pode ser transposta com o auxílio da internet e de seus recursos? R: Falar da literatura em Goiás é algo bem complicado. Aqui há um regionalismo muito forte e um direcionamento para autores já conhecidos. O que mais temos aqui são poesias, crônicas e contos. Outros segmentos literários com certeza vêm de fora, principalmente de autores internacionais como é o caso de Harry Potter e Crepúsculo, que já conhecemos. Faltam eventos culturais, oficinas, encontros e workshopings para a juventude. O que temos são saraus voltados à poesia. A internet auxilia muito a transpor essas barreiras. No meu caso, tenho fã clubes em Brasília e em São Paulo (aonde nem cheguei a ir).

Tenho fãs em Pernambuco, Curitiba e em várias outras cidades e estados, mas aqui onde moro não há uma abertura. Eles enviam constantemente e-mails falando sobre o livro, trocando informações, solicitando palestras sobre literatura fantástica, etc. A internet me fez mais próxima deles, o que foi bem vantajoso. P: Como geralmente é feita a divulgação de suas obras? R: A divulgação maior é sempre boca a boca, mas a internet tem sido minha maior ferramenta: blogs de resenhas que fazem parcerias, blogs literários, sites literários, de livrarias e redes sociais como Facebook, Orkut e Twitter. Ainda não temos o processo de divulgação do próximo livro, mas estamos trabalhando nisso. Com toda certeza usaremos as ferramentas da internet disponíveis.

“Postei um poema e em 3 dias foram 3.500 acessos” P: Como escritora brasileira, qual sua opinião sobre o mercado literário brasileiro e sua abertura para novos escritores? R:: Temos muitos autores bons esperando uma oportunidade. E temos muitos jovens que se sentiram

incentivados por essa nova fase literária e que têm se interessado em serem escritores. Algumas editoras inovadoras têm aberto concursos para coletâneas de contos de autores desconhecidos, o que tem ajudado a descobrir vários novos talentos. P: Qual a influência da internet para divulgação de seu trabalho? E das redes sociais? R: Grande influência. Como já disse anteriormente procuro estar em constante contato com os leitores, sempre postando algo novo no blog, respondendo os e-mails recebidos, twitter e mensagens no facebook. Grupos vão se formando, discutindo a respeito do livro e assim vão divulgando. Ainda nem comecei a divulgar sobre o novo livro e já chegam perguntas o tempo todo a respeito dele. P: Em qual rede social você mais se divulga? Por quê? R: Estou sempre conectada no Twitter e Facebook, onde recebo mais informações e trocas literárias. O meu site está em construção, então trabalho em cima do blog, que tem parceria com outros blogs e agora o Tumblr que permite que eu divulgue o que escrevo e já seja direcionado diretamente para o Twitter e o Facebook. É realmente uma rede que vai divulgando o seu trabalho. Você coloca uma informação e ela vai sendo repassada em tempo recorde. Por exemplo, postei um poema e em três dias ele teve mais de três mil e quinhentos reblogs. Isso é surpreendente. P: Geralmente escritores são conhecidos por determinado nicho literário. Isso é natural no meio literário, e artístico de forma geral. O perfil da internet nos dá uma interação de certa agilidade na busca pelo que se quer. O leitor sabe o que quer e procura por isso de forma rápida. Um escritor precisa deixar claro seu estilo na divulgação de seu trabalho via internet? Como isso é feito? R: Acredito que com o próprio direcionamento que a divulgação vai seguindo nesse espaço isso fica claro. Eu não gosto muito de rótulos, nem de me prender a uma coisa apenas, por exem-plo: sou poeta e pronto, ou só escrevo literatura fantástica. Claro que existem autores que têm seus segmentos definidos, mas quanto mais informação você deixar disponível para o público, mais fácil ele conseguirá encontrá-lo. É como uma trilha que você traça.


8 INTERNET|mERCADO

Goiânia, março de 2011

Redes sociais inovam e |músICA aderem ao e-comércio Divulgação virtual coloca texto: Kamilla Gadêlha

A

s novas opções de relacionamento e troca de informações está abalando a estrutura dos negócios, indo muito além de promoção e propaganda. Os brasileiros descobriram uma nova opção, original e rentável, as redes sociais: nelas florescem várias oportunidades, liquidação, roupas de grife, novidades e até modelos que já esgotaram nas lojas. As redes sociais são ótimas oportunidades para o consumidor que opta por comodidade. A verdade é que Orkut, Facebook, Twitter e blogs viraram vitrines virtuais. A acessibilidade e comodidade desperta a cada dia mais o interesse dos consumidores. Nos últimos seis meses, só no Orkut foram criados cerca de 1500 perfis com o propósito de comercialização. O grupo ganhou até apelido: sacoleiras da rede. A comerciante Wilsleny Rodrigues da Silva, 29 anos hoje autônoma há seis

meses não faz outra coisa a não ser vender roupas na rede. Ela explica que assim que chega uma nova coleção ela posta no Orkut e que o retorno é imediato, as clientes ligam, já escolhem o modelo e pedem para separar. “É um negócio de risco baixo, e que só tende a crescer”, afirma. O marketing eficiente dos bazares virtuais vai além de roupas e peças femininas. Existem muitas lojas automobilísticas que usam as redes para o seu marketing, vendas, liquidações e promoções de rodas de carro, apare-lhos de som, farol e alarmes. Imobiliárias apresentando proposta, ofertas e financiamentos. De acordo com pesquisas a possibilidade do comércio virtual só tende a crescer. Pois a maioria da população que não tem um computador em casa já consegue acessar a internet através dos smartphones, 35% das pessoas que navegam na internet já adquiriram algum produto, ou mesmo leram comentários sobre os produtos.

Curiosidades Média de navegação por usuário em mídia social – 4h/mês (Comscore) 17% dos internautas criam blogs ou sites (Cetic.Br) 51% dos internautas residenciais lêem blogs (Ibope/NetRatings) 35 milhões de perfis no Twitter (Março de 2009, este número já deve ter aumentado em grande escala, estimativa de 100 milhões de usuários até o final do ano. – Info) 74% dos internautas do Brasil assistem vídeos online (Cetic.Br) O Twitter já permite que aplicativos de terceiros, como Seesmic e BirdFeed, ofereçam recursos de geolocalização aos usuários.(Info) 83% das pessoas que navegam em sites de comércio eletrônico também visitam pelo menos uma vez o Orkut; 89%, o Twitter; 91% o Facebook.

bandas novas no mercado

texto: Janaína martins

N

ão é novidade que novas bandas usam a internet para divulgar seu trabalho. Um dos sites mais conhecidos é o MySpace A habilidade do site de hospedar MP3 fez com que muitas bandas e músicos se registrassem, algumas vezes fazendo de suas páginas de perfil seu site oficial. Esse serviço de rede social elimina o intermediário e deixa as bandas com independência para divulgar seus trabalhos, já que há espaço para todos. Ultimamente outra rede social vem se espandindo no Brasil, o Facebook, com quase 14 milhões de usuários. Várias empresas já possuem páginas no facebook e com as bandas não seria diferente. Há várias páginas oficiais de bandas e cantores famosos, como a Ivete Sangalo, Bon Jovi, Coldplay, Skank, entre outros. Esses músicos interagem todo o tempo com os usuários que “curtem” suas páginas. Pensando nisso várias bandas que estão começando também criaram seus perfis no Facebook. Uma delas é a banda Passarinhos do Cerrado, o grupo foi criado em 2006 por seis jovens músicos goianos, o estilo musical da banda é baseado no estudo da cultura popular brasileira, tendo como referência as manifestações nordestinas e do Centro-Oeste do país. Para eles o facebook permite uma interação maior que o myspace.

“Através do facebook você conversa diretamente com as pessoas”, diz Nádia Junqueira Ribeiro integrante do grupo. “Elas não têm que acessar, necessariamente, sua página ver suas divulgações, saber os shows marcados, os vídeos, e as novidades da banda”, completa. Com uma página com mais de 2.500 pessoas eles sabem a importância das dos dois sites. Para eles são duas ferramentas com funções diferentes, “Se alguém quer interagir, saber as novidades: facebook. Quer conhecer traba-lho: myspace”, completa Nádia. O grupo Passarinhos do Cerrado optou por um estilo músical conhecido regionalmente, mas que anda esquecido. A música popular com que traba-lham é mais fácil de ser encontrada sendo cantada e tocada por pessoas mais velhas ou aquelas que, mesmo jovens, tem contato direto desde a infância. “Nós fizemos caminho diferente: descobrimos esse universo, pesquisamos, apesar de sentirmos nossas raízes e termos, por exemplo, uma viola do avô em casa, ou um pai folião”, conta Nádia. Para a banda esse estilo não é o tipo de música que está na mídia, que é facilmente absorvida dentro da lógica da indústria cultural. Para eles o fato de serem jovens tocando esse tipo de música, e fazendo esse som do jeito deles, chama muito mais atenção e conquista muitas pessoas. “Nossa paixão é a cultura popular. É onde enxergamos nossas raízes e é o som que tocamos que nos faz felizes”, completa.

|ARTIgO

Clicou, está na rede Twitter, Orkut, Facebook, MySpace, Tumblr. Provavelmente você já ouviu todos esses nomes, já sabe o que são e posso apostar que thamy Gibson está cadastrado em pelo menos um deles. Estas são algumas das inúmeras redes sociais que encontramos na internet. As redes sociais online sofreram uma explosão de popularidade nos últimos anos e para a atual Geração Internet, não são apenas uma forma de manter contato, mas um modo de vida. Através dos perfis criados você publica fotos, hobbies, interesses, informações profissionais, mas o mais interessante é conhecer pessoas, fazer

contatos pelo mundo afora. Afinal, contatos são sempre contatos, estejam online ou offline. É como dizem por aí “o importante não é somente o que você sabe, mas também quem você conhece”. Muitas empresas, inclusive, têm contratado funcionários após pesquisas de perfis em sites de relacionamento. A novidade agora são os vídeos-currículos, postados em sites como Youtube, o mesmo onde muitas outras pessoas tentam se promover publicando vídeos de suas habilidades, sejam elas artísticas ou não. É também através de redes sociais como o Twitter, que podemos ter notícias rápidas, às vezes antes mesmo de qualquer outra mídia, como TV ou rádio. Os tweets chamam mais atenção pela limitação de 140 caracteres, ou seja, a notícia deve ser resumida e, por isso, só

as informações mais importantes entram.. As redes sociais, especialmente o Twitter, tem se tornado de grande ajuda também no quesito utilidade pública, ao postarem notas sobre o tempo ou o trânsito em certas regiões. Em tragédias como os terremotos e tsunamis no Japão, muitos familiares de outros países conseguiram notícias através de tweets¹ de parentes que viviam no local. Você tweeta e está na rede, outros internautas lêem, retweetam² e a informação vai sendo repassada. Porém, nem tudo são rosas. É comum ver gafes cometidas na rede, e pequenos comentários que causam grandes polêmicas. Perfis são criados para aliciar menores e publicar materiais pornográficos. Ainda assim, estar na rede vale à

pena e pode ser muito interessante se certos cuidados forem tomados, para isso basta seguir as indicações de segurança contidas nos próprios sites e denunciar irregularidades. A partir daí é só se divertir e aproveitar, seja no Tumblr com seu diário online, no Facebook e Orkut com os amigos, no MySpace curtindo novas bandas ou no Youtube assistindo a um vídeo-currículo e até aprendendo a dar um nó em gravata. As redes sociais a cada dia aumentam e conquistam cada vez mais pessoas, mostrando que nelas podemos adquirir e compartilhar conhecimentos e que em um mundo tão globalizado como o de hoje, o importante é estar online. ¹ - notas publicadas no twitter. ² - Repostagens de tweets publicados.


9

Goiânia, março de 2011

sAúDE|mELhOR AmIgO

Animal de estimação ajuda a reduzir índice de doenças

O

relacionamento entre homem e animal de estimação não só inspira autores e escritores, como também levanta a curiosidade de estudiosos. Pesquisa realizada pelo Departamento de Psicologia Experimental da Universidade de São Paulo (USP) constatou que o convívio com esses animais traz bons resultados para a saúde, como a redução dos níveis de estresse e da incidência de doenças como dor de cabeça ou resfriado, além da melhora da imunidade de crianças e adultos. O fisioterapeuta e professor Charles Britto, da Universidade Estácio de Sá, em Goiânia, atuante na área de fisioterapia aplicada à geriatria e gerontologia, diz que pesquisas como a da USP evidenciam o que na prática as pessoas já sabem e vivenciam: “O cuidado, o zelo (tanto ofertar como receber) são importantes na dinâmica humana”. Para ele, o convívio de idosos com animais faz com que haja socialização dessas pessoas, fazendo com que elas se sintam mais valorizadas e ativas. Assim como em diversas áreas, a fisioterapia também utiliza animais em seu processo terapêutico. De acordo com Charles Britto, a presença de animais é importante na estimulação dos pacientes, sendo um método agradável e eficaz. “Tudo que possa proporcionar às pessoas um alento, melhorar sua auto-estima, disposição e qualidade de

vida é válido”, declara.

banho custa R$ 25. Há também acessórios indispensáveis, como recipientes para água e comida, coleiras que vão de R$ 10 a R$ 25, além de casinhas que variam de R$ 30 a R$ 60. Outro pet shop, localizado no Setor Bueno, comercializa além de produtos para alimentação e acessórios, cães, gatos, coelhos e pássaros. De acordo com a gerente Gabriela Lopes, a maior procura é por cães, sobretudo da raça Lhasa Apso, por causa do seu tamanho adequado para apartamentos. O preço varia entre R$ 900 e R$1.300. Atualmente, a raça mais cara a venda no local é o Buldogue Francês, que custa R$ 3.500. A maior parte dos consumidores da loja é de classe média alta.

Números

De acordo com a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet), existem no Brasil 84,04 milhões de animais de estimação, entre cães, gatos, pássaros, peixes e outros. Apesar disso, o cão parece ser o mais popular entre todos, estando presente em grande parte dos lares. Ainda de acordo com dados da Anfalpet em 2009 esse mercado movimentou no Brasil R$ 9,6 bilhões, entre alimentação, medicamentos veterinários, serviços, equipamentos e acessórios. Para as classes mais baixas, os gastos são com produtos de necessidade básica, enquanto as mais altas consomem mais acessórios, além da grande procura por animais com pedigree. De acordo com Thallysson Vieira, proprietário do pet shop Gataria, os custos com alimentação variam de acordo com a qualidade do produto e o tamanho do animal, já que algumas raças consomem maior quantidade. Os pacotes de ração de 1 kg variam de R$ 6 a R$31. Porém, a mais vendida contém 3kg e custa R$ 74. Para filhotes, além da alimentação, há vacinas obrigatórias, que custam R$40 cada dose. SegundoVieira, os vermífugos, que custam em média 10 reais, são utilizados a cada três meses. Já os gastos com banho ficam por volta de 15 reais cada. Algumas raças necessitam também da tosa trimestral, que juntamente com o

lorraine vilela

texto: Lorraine Vilela

Cão Lhasa Apso é o preferido

Abandono

Apesar do crescente número de animais de estimação, o abandono continua aumentando. De acordo com o veterinário Luiz Elias Camargo, do Centro de Controle de Zoonoses de

Goiânia, chegam ao local aproximadamente 35 animais por dia, que são recolhidos pela carrocinha ou deixados lá pelas pessoas. Os que não vão para adoção, são sacrificados. Em Goiânia, a Associação Protetora e Amiga dos Animais (Aspaan) acolhe cães e gatos abandonados, contando apenas com a colaboração de voluntários, sem qualquer ajuda governamental. De acordo com a voluntária Stella Coimbra, a Aspaan tem aproximadamente 200 animais. Ela diz que os voluntários são pessoas comuns, que auxiliam da forma como podem, doando dinheiro, carinho, materiais de limpeza, ração, enquanto dois deles dão lares temporários para alguns animais. Segundo Stella, o animal às vezes é encontrado pelos voluntários nas ruas e levado à Aspaan, outros são deixados por donos que se mudam ou por casais com filhos recém-nascidos, além dos que são desprezados por conta de doença ou velhice. Quando chegam ao abrigo, são vacinados e castrados. Caso estejam doentes, são medicados antes de ir para adoção. De acordo com Stella, a cada três cães que chegam, um é adotado. Já a procura por gatos é bem menor, onde de cada vinte, apenas um consegue dono. “A sociedade esquece que esses animais existem, e infelizmente ainda compram animais de companhia, enquanto todos os dias outros morrem sacrificados na carrocinha ou mesmo no abrigo a espera de adoção”, declara.

|3ª IDADE

Além de contribuir para saúde física, hidroginástica também socializa - Minha vida é outra depois da hidroginástica. Agora eu não tô fazendo porque fico na chácara e ta difícil pra vim, mas quando fazia era bão demais, diz Davi Nunes Ferreira. - A hidroginástica é uma coisa maravilhosa. O dia que não fazemos a gente sente falta. Ela trás muitos benefícios para mim e para todos os meus amigos que compartilham comigo esses dias de diversão na água, relata Maria José. - Depois que a gente passou a participar, muita coisa melhorou na saúde, na convivência, na amizade, na união e em tudo e, de modo geral, em todas as outras áreas da vida, afirma Valdivina Borges. Estas são as declarações de três idosos que fazem parte de um projeto de hidroginástica que é desenvolvido em uma piscina pública da cidade Inhumas, a 45 km de Goiânia. Eles fazem parte de um projeto chamado Centro de Convivência, onde se reúnem para dançar,

marcos vinicius

texto: marcos Vinícius

Diversão também na água conversar e praticar atividades físicas. De acordo com a coordenadora do projeto, Divina Aparecida da Silva Almeida, são em média 50 idosos que realizam práticas esportivas semanalmente. “Às terças, quartas e sextas eles fazem hidroginástica e nas quintas se reúnem no Centro de Convivência para dançar forró, jogar damas, cartas e conversar. Nesse dia eles têm todo o tempo para eles. E agora estamos voltando ao trabalho com a

hidroginástica, pois estivemos parados por cerca de 7 meses por causa da piscina estragada. Trocamos de lugar e, por isso, esses idosos podem voltar a fazer essas atividades que os ajudam a melhorar sua saúde”, diz. O projeto é desenvolvido pela secretaria de promoção social da cidade. As aulas são dadas na piscina do Ginásio Firmo Luís sob supervisão da professora, Maria Eunice de Lima Borges, mais conhecida como Nice. Ela fala que esse trabalho físico proporciona alívio aos idosos, pois a água traz desenvolvimento aos músculos. “Após as aulas eles param de reclamar de dores nas pernas; a respiração fica melhor; não têm mais insônia; sem contar na diversão que é proporcionada nas aulas. Tudo isso traz benéfico à saúde deles”, argumenta. Ela, ainda relata como é fazer esse trabalho. “Fico até emocionada em falar do meu trabalho. Eu amo trabalhar com meus meninos. Só estou na cidade ainda por causa desse projeto, porque se não tivesse o contato com eles, eu já teria ido embora”,

confessa. De acordo com a secretária de Promoção Social, Cleusemiria Vila Verde Vaz, responsável pelo projeto com os idosos, essas atividades antes eram desenvolvidas no próprio Centro de Convivência, mas, devido a dificuldades estruturais, foram obrigados a parar. “Atualmente, a hidroginástica é uma das atividades físicas mais indicadas pelos médicos por se tratar também de um tratamento, não só físico, mas psicológico. E a hidroginástica atende tanto a jovens quanto a adultos trazendo uma qualidade de vida maior, dando disposição e saúde aos praticantes. Nós procuramos formar turmas de idosos para fazer hidroginástica. Inicialmente desenvolvíamos essas atividades aqui mesmo no Centro de Convivência, mas a piscina apresentou falhas e necessita de reforma. Então, até que ela seja restaurada, a hidroginástica será feita na piscina do Ginásio Firmo Luís”, afirma.


10 EDuCAçãO|NuTRIçãO

Goiânia, março de 2011

Lanche na escola deve oferecer alimentos saudáveis Kelly lorena

texto: Kelly Lorena

A

dieta alimentar é algo que deve merecer muita importância no cotidiano das pessoas. Quando diz respeito ao que a criança come na escola, esse cuidado deve ser redobrado. O intervalo, ou recreio, como é chamado pelos alunos, é o momento mais gostoso no que diz respeito à alimentação na escola, mas também é o instante em que as crianças estão mais expostas a possíveis problemas de alimentação. As escolas particulares hoje já disponibilizam lanchonetes internas, justamente pelo fato de a maioria dos pais não terem um tempo maior para se dedicar aos cuidados com a lancheira dos filhos. Essa realidade não é diferente nas escolas públicas, mesmo que esta forneça lanche aos alunos.

Lancheira

A fase que a criança está dando os primeiros passos na escola é justamente quando a lancheira é mais usada. Muitos pais ainda podem acompanhar de perto esse processo, organizar a lancheira do filho, escolher o alimento ideal para compor uma dieta saudável. A nutricionista Danila dos Santos Valadão de Paula salienta a importância de os pais acompanharem essa fase: “É de extrema importância que os pais tornem os alimentos mais atraentes”. Ela também afirma a necessidade de se ter criatividade na hora de preparar a

Maria prepara lancheira do filho com alimentos naturais lancheira: “É preciso entreter as crianças também no momento do lanche”, diz a nutricionista. A dona de casa Tatiane Correa Ribeiro diz viver um dilema quando o assunto é a lancheira do filho de oito anos, tanto que deixou de usar a lancheira. “Ele quase nunca comia o lanche que eu mandava”, diz ela. Segundo a dona de casa, o filho só quer comer biscoitos, salgadinhos, alimentos industrializados, apesar de ela saber qual a importância de uma alimentação saudável. Tatiane acredita que deveria haver mais incentivo por parte das escolas quanto à alimentação balanceada e diz também estar muito contente com a postura da nova escola do filho. “Lá existem regras quanto ao lanche”, lembra. Ela disse ter ficado surpresa quando re-

cebeu um recado da escola informando que a venda de refrige-rantes e industrializados só seria permitida pela lanchonete às sextas-feiras. A dona de casa ainda diz: “Gostei muito. Lá eles vendem frutas e outros alimentos saudáveis na lanchonete”. Já Maria Cristiane de Oliveira, também dona de casa, vive uma situação supertranquila quanto à alimentação do filho de quatro anos na escola: “Ele come de tudo, e eu costumo colocar alimentos mais saudáveis na lancheira”, diz ela. A dona de casa também diz que raramente coloca algum alimento industrializado na lancheira: “Acontece de um dia ou outro não ter tempo de preparar com antecedência o lanche dele”, salienta.

Merenda escolar

O Programa Plano Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi criado pelo Ministério da Educação (MEC) e 1954 com o objetivo de assegurar aos pré-escolares e escolares, na faixa etária de 7 aos 14 anos, o atendimento de 15% das suas necessidades nutricionais diárias. Mas a verdade é que nem sempre isto acontece, segundo a pedagoga e coordenadora da Escola Estadual Nhanhá do Couto, de Campinas, Celestina Raimundo Pinto Ferreira. Com mais de meio século de existência, é um programa que ainda tem grandes dificuldades de execução. Celestina afirma que a responsabilidade pela alimentação na escola é a da direção e ressalta que o problema está na verba

disponibilizada pelo governo, pois quase sempre só é possível fazer algo superficial na merenda. Isso quer dizer que os nutrientes necessários para uma boa alimentação não serão encontrados na merenda. A coordenadora ainda informa que a Secretaria de Educação disponibiliza o profissional da área, o nutricionista, às escolas, mas que isso não quer dizer que os alunos terão sempre uma alimentação saudável. “Às vezes, quando não se tem aula no dia, a verba daquele dia é repassada para o dia seguinte, para que se tenha um lanche melhor”, diz Celestina. A nutricionista Eloíza Helena Carrijo Barbosa, da Secretaria Estadual de Educação e Saúde, é especialista em merenda escolar e também afirma que nem sempre é possível fornecer a alimentação ideal aos alunos. Segundo ela, a alimentação pode ser uma das únicas que o aluno terá no dia. A nutricionista conhece bem a atuação do poder público na merenda e diz que os municípios não dão a devida importância ao tema. Eloíza acredita que ocorre uma divergência quanto à alimentação nas escolas de hoje, pois o programa do governo é para suprir a desnutrição, mas existem casos de obesidade entre os alunos. Ela diz que é preciso atentar não só para a desnutrição, mas também para os casos de obesidade. Segundo Eloiza, a merenda fornecida nas escolas contém muitos carboidratos e poucas frutas, o que deixa a desejar.

|PRECONCEITO

Goiânia ocupa 8º lugar em ranking nacional de prática de bullying texto: raquel Guimarães

N

o mundo em que vivemos, a aparência é o que vale. Por isso, a discriminação já começa na infância. Pois quando alguém é mais gordinho ou menos bonito, o peso de um trauma começa a surgir. A discriminação feita por colegas traz um sentimento de inferioridade nessas crianças, que crescem tentando se submeter a padrões da mídia e muitas vezes a frustração é o único resultado que obtém. De acordo com pesquisa realizada pelo IBEG, em outubro de 2010, 35,6% dos estudantes entrevistados já sofreram alguma forma de agressão física ou moral. A cidade que mostrou maior índice foi Brasília, com o mesmo índice nacional, 35,6%. Goiânia ficou em 8° lugar juntamente com Vitória, Porto Alegre, João Pessoa, Campo Grande. Um exemplo bem recente é o caso da doméstica Julieta dos Santos, que vive com a filha Maressa Silva dos Santos, at-

ualmente internada em estado delicado por conta de uma anorexia. Os primeiros sintomas apareceram há pelo menos três anos, mas Julieta não havia percebido porque achava que era coisa de garota de 13 anos. “às vezes o problema está dentro da nossa própria casa e não percebemos”, afirma a doméstica. Ela diz que o caso de Maressa começou a se agravar no começo deste ano e que até naquele momento ela já teria perdido dez quilos. Todo esse processo teve origem na sua infância, na escola, quando os coleguinhas passaram a chamá-la sempre de “gordinha” e “bolinha rosa”. Este tipo de violência verbal, física e até psicológica contra as crianças é chamado de bullying. Começa com uma simples brincadeirinha, depois algumas pessoas começam a destratar, debochar e colocar apelidos negativos. Isso vai piorando cada dia mais, levando a humilhação para esta criança. A psicóloga Raquel Carvalho diz que isso é muito comum no mundo atual, porque não se

trata apenas de uma agressão física ou psicológica. Ela aponta a mídia como influenciadora deste processo, passando uma imagem de “padrão de beleza” que foge às regras de muita gente “Essas pessoas querem ser aceitas e amadas e temem não conseguir essa aceitação incondicional sendo perfeitas”, afirma a psicóloga. A professora Jôse Batista diz que há dois tipos de reações daquele que foi agredido, na maioria das vezes a criança se retrai, e há outros que reagem partindo para a briga “Falar que você é gordinho, que tem o nariz de tucano ou que é feio, dói e mexe profundamente com o emocional de uma pessoa”, afirma Jôse. Ela diz ainda que o professor está à frente da educação e muitas vezes quando não consegue controlar determinadas situações, é chamado o Conselho Tutelar, e há casos em que é preciso a intervenção da polícia “Nos aconselhamos, conversamos, mas quando não há mais jeito chamamos

forças maiores”, diz Jôse. No fim do ano passado, o governo federal apresentou uma proposta de legislação que criminaliza o bullying e prevê penas de prisão de até cinco anos. O bullying poderá ser um crime público e terá pena de medidas tutelares educativas para menores de 16 anos. Mas o projeto de lei ainda será discutida pelo Congresso. A diretora do Colégio Piaget, de São Luis de Montes Belos, Célia Furtado diz que o que pode ser feito pela escola será, mas que muitas vezes a ausência de conscientização dos pais dos agressores é o pior problema. “Chamamos os pais, conversamos, e a maioria diz que deixa seus filhos na escola para se livrar de um problema que não tem conserto”, pontua a diretora. Discriminar o outro é discriminar a si mesmo perante a sociedade. Amar em vez de maltratar faz bem ao próximo. Ajudar em vez de apedrejar é uma simples atitude que pode combater a violência infantil.


11

Goiânia, março de 2011

muNDO|muNDO

Brasil: uma estrela ascendente no sistema internacional

E

stamos em um período de grandes conturbações na esfera mundial. As ondas de revoltas em diversos países do Oriente Médio e a consequente intervenção da ONU prometem mudar as relações entre os países. Em entrevista por e-mail, Creomar Souza, mestre em Relações Internacionais pela UnB e professor da Faculdade Ibmec/DF, enumera os principais motivos que desencadearam a situação atual destes países, explica que a postura da Liga Árabe está em sintonia com as potências ocidentais e conta como tudo isso pode afetar o Brasil. Confira a seguir: Pergunta: Sobre a situação de crise e revoltas que estão ocorrendo em vários dos países árabes quais foram os principais fatores que originaram esse efeito dominó nas revoltas populares? Resposta: Os fatores que estimularam esta situação são de duas ordens. O primeiro é de característica comum a todos os casos: a língua árabe, que permitiu a troca de experiências entre os povos destes países e a divulgação de informações sobre os problemas e demandas comuns. O segundo elemento é de ordem prática e está simbolizado na incapacidade de os Estados nacionais abordados oferecerem melhores condições de vida a suas populações. O aumento do desemprego, das desigualdades sociais e a corrupção das instituições levam a um ambiente de pressão

social que pode desembocar em um processo de revolta. P: Até que ponto a ação do Conselho de Creomar souza

texto: déborah Gouthier

Professor Creomar Souza Segurança da ONU (representado principalmente por EUA, França e Reino Unido) na crise dos países árabes, e especificamente na Líbia, é benéfica? Até que ponto ela deixa de ser uma ação pacificadora, para instaurar novos problemas? R: Sempre que se fala do Conselho de Segurança tem-se a impressão de que a simples tomada de uma decisão influencia o problema. Porém, é muito importante ter em mente que existe uma série de movimentos que podem ou não, dar suporte a essa ação. No caso específico em análise, pode-se afirmar que a ação de criação de uma zona de exclusão, pode ser um anteparo à tentativa do regime líbio em exterminar os revoltosos. Contudo, não se sabe ao certo se apenas essa atitude terá o efeito prático desejado. Toda interferência

causa alterações no ambiente em foco.

atuação da política externa brasileira.

P: A intervenção de países ocidentais, não é de certa forma, uma tentativa de implantar em outra cultura, os valores sociais e cívicos que considerados éticos? Um país tem o direito de intervir na situação política e cultural de outro? R: Uma parte considerável dos atores em questão acredita que a vida é um valor a ser preservado. E é importante lembrar que neste caso da Líbia, a Liga Árabe assumiu uma postura de sintonia com as potências ocidentais. Então, deste aspecto estatal a imposição de valores não se justifica. Entretanto, a questão a se analisar é: existem valores que podem ser considerados universais? Caso sim, é possível agir em defesa dos mesmos em qualquer situação de risco. Caso não, é melhor deixar que cada povo resolva ou não, os seus problemas.

P: Ainda em referência a essa relação do Brasil com outras nações, recebemos recentemente a visita do presidente estadunidense, Barack Obama. Quais são as consequências diretas dessa visita para as relações entre os dois países? E para a imagem do Brasil perante outros países? R: Os resultados simbólicos da visita são muito bons. A ação do presidente estadunidense abriu espaço para o diálogo de alto nível entre Brasil e EUA e isso é importante, pois, os EUA estão em um processo de crise e o Brasil é uma estrela ascendente no sistema internacional. Nestes termos, a visita de Barack Obama é mais um elemento de reforço ao novo papel que o Brasil está desempenhando nesse sistema. A questão, portanto, é saber se isso irá influenciar as posturas de ambos os atores no decorrer do tempo.

P: Em meio a toda a crise árabe, quais aspectos mais afetam ao Brasil? Quais serão os principais resultados e resquícios políticos e econômicos para os brasileiros? R: Pode-se afirmar com alguma clareza que o aspecto econômico terá importância sobre o Brasil. Tanto pelo aumento dos preços do petróleo internacionalmente, quanto pelo fato de que o Brasil vai se consolidando como uma fonte de energia confiável e estável politicamente. No aspecto político, esta crise pode ser uma oportunidade para a elevação do padrão de

P: Quais são os resultados de tantas mudanças acontecendo simultaneamente, no contexto das relações internacionais? R: Toda mudança gera um processo de reorganização dos atores e forças produtivas. Seja em âmbito interno ou externo. No caso do Oriente Médio, parece cedo para afirmar qual será a real consequência de processos que estão em estado inicial. Pode-se afirmar, contudo, que todo processo que troque um governo autoritário por uma força de origem popular é bem-vindo, a princípio.

tantes invadem seu gabinete. Esses são alguns casos de revoltas populares. Poderíamos ainda citar Marrocos, Bahrein, Kuwait, Síria e Jordânia. Todos esses países apresentaram manifestações de luta popular contra seus governos. Mas como, em tão pouco tempo, tantos países se revoltam contra ditaduras que já duravam décadas? A resposta é simples: comunicação. A comunicação, atualmente, independe de condições físicas. Vivemos num mundo de comunicações virtuais. Mas, sendo presencial ou não, a comunicação exige entendimento, logo, linguagem. No caso do Oriente Médio, não só a língua árabe, mas também o inglês aju-

daram muito na troca de informações entre os países. Nesse ínterim, a publicação de informações sobre os acontecimentos na internet é muito grande. Isso influencia pessoas que compartilham de realidades semelhantes, a se unirem em busca do mesmo objetivo, mesmo que sejam de nações diferentes. A internet, principalmente as redes sociais, é motivo de dor de cabeça para os governos autoritários, pois comunicação facilitada, e em grande abrangência, resulta em organização e politização. E isso é tudo o que um ditador não precisa nas entrelinhas de seu ‘poder’!

|ARTIgO

Comunicações marcos Vinícius nunes Carreiro

17 de dezembro de 2010. Na Tunísia, um vendedor de frutas põe fogo ao corpo em protesto. Mohamed Bouazizi morreu no hospital com 90% do corpo queimado. Aí nasce a revolta popular que tomou conta do Oriente Médio e do Norte da África. 11 de fevereiro de 2011. No Egito é anunciada a renúncia de Mubarak, pelo vice-presidente. Milhares de pessoas que estavam acampadas na Praça Tahrir há quase 20 dias, comemoram. No Irã, o presidente Ahmadinejad diz que as revoltas do povo foram inspiradas na luta iraniana contra os países ocidentais. No Iêmen, começam os protestos antigoverno.

12 de fevereiro de 2011. Na Argélia, mais de 400 argelinos são detidos depois de desobedecerem ao governo e saírem às ruas para se manifestar contra o atual governo. 15 de fevereiro de 2011. No Irã, demonstrações contra o governo voltam a acontecer em Teerã, dois anos depois da violenta repressão a manifestantes. 16 de fevereiro de 2011. Na Líbia, as ruas da capital Trípoli são tomadas por centenas de manifestantes querendo a renúncia do Primeiro Ministro. O facebook é uma ferramenta muito usada para mobilizar as pessoas. No Iraque, o governador de uma província no sul é forçado a fugir quando os manifes-


12 ENsAIO fOTOgRáfICO

|praça cívica

Goiânia, março de 2011

“Essa CÍVICA que inocentemente me traz lembranças... Dos joelhos vermelhos e ralados depois dos passeios, de visitas com a turma da escola, de colher florzinhas. Quem dera eu soubesse àquela época que era lá a concentração do poder! Pediria para não deixarem acabar com o doce do ar, com a lama a me sujar e com a época que num piscar de olhos eu vi passar” (Lilian Rodrigues)

Fotos: Fernando Brandão



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.