Revista Empresa Brasil edição 97

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Empresa

Brasil

Ano 10 l Número 97 l Agosto de 2013

O perfil do novo contador Com as transformações do mercado, hoje o verdadeiro papel do profissional é interpretar, analisar e tentar garantir a sobrevivência das entidades

CACB ARTICULA REDES EMPRESARIAIS DE NEGÓCIOS NA BOLÍVIA E NO PERU


Federações CACB DIRETORIA DA CACB TRIÊNIO 2013/2015 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli (RS) 1º VICE-PRESIDENTE Rogério Pinto Coelho Amato (SP) VICE-PRESIDENTES Antônio Freire (MS) Djalma Farias Cintra Junior (PE) Jésus Mendes Costa (RJ) Jonas Alves de Souza (MT) José Sobrinho Barros (DF) Rainer Zielasko (PR) Reginaldo Ferreira (PA) Sérgio Roberto de Medeiros Freire (RN) Wander Luis Silva (MG) VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Sérgio Papini de Mendonça Uchoa (AL) VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃO Alexandre Santana Porto (SE) VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESA Luiz Carlos Furtado Neves (SC) VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOS Pedro José Ferreira (TO) DIRETOR–SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer (TO) DIRETOR–FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro (AC) CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa (RR) Ubiratan da Silva Lopes (GO) Valdemar Pinheiro (AM) CONSELHO FISCAL SUPLENTE Alaor Francisco Tissot (SC) Itamar Manso Maciel (RN) Kennedy Davison Pinaud Calheiros (AL) CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Avani Slomp Rodrigues (PR) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Rodrigo Paolilo SUPERINTENDENTE Antônio Chaves Barcellos GERENTE ADMINSTRATIVO/FINANCEIRO César Augusto Silva COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR CBMAE/INTEGRA Valério Souza de Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antônio Bortolin COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes Cyntia Menezes Thais Margalho SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Rainer Zielasko Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: Kennedy Davidson Pinaud Calheiros Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Jussara Pereira Barbosa Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Nilton Ricardo Felgueiras Faria e Sousa Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: Francisco de Assis Silva SAI Quadra 5C, Lote 32, sala 101 Cidade: Brasília CEP: 71200-055 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Amarildo Selva Lovato Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Ubiratan da Silva Lopes Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Domingos Sousa Silva Júnior Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco- São Luís- Maranhão CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Antônio Freire Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Olavo Rogério Bastos das Neves Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Itamar Manso Maciel Júnior Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: Ricardo Russowsky Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Gerçon Szezerbatz Zanatto Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Alexandre Santana Porto Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

Brasil de Soluções

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tenta às últimas manifestações ocorridas em dezenas de cidades brasileiras, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) escolheu o tema Brasil de Soluções para o seu 23º Congresso, marcado para os dias 12 e 13 de setembro no Summerville Beach Resort, em Porto de Galinhas (PE). O mote não poderia ser melhor nem mais oportuno para o momento especial em que vive o país. Os temas definidos para nosso encontro anual procuram as respostas a tantas perguntas que estão para serem esclarecidas. Dada a qualidade e riqueza dos assuntos, dos debates, dos palestrantes e do evento em si, sempre ligado a questões de interesse do público-alvo de nossa entidade – o micro e o pequeno empresário –, nosso Congresso, que sempre atrai uma média de em torno de 1.500 pessoas, junto com milhares de acessos por meio de nosso site, vai procurar entender o mar de interrogações também presente entre nós. Além de ouvir os filiados e procurar soluções para seus anseios, o Congresso pretende encontrar fórmulas de ajuste que deem firmeza e segurança ao setor, tendo em vista seu papel na economia brasileira de garantir e sustentar o crescimento. O evento deste ano, que elegeu quatro eixos condutores para o debate – Desburocratização, Substituição Tributária, Crédito e Gestão –, sem dúvida, deverá fazer parte dos anais de nossa entidade de maneira muito especial. Isso porque além de contarmos com a presença do ministro da Secretaria da Micro e da Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos, teremos, entre os palestrantes convidados, a participação do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, virtual candidato do PSB à Presidência da República, do ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, e de Paulo Rabello de Castro, Ph.D. em Economia pela Universidade de Chicago, na qual cursou com os professores Milton Friedman, Gary Becker e T.W. Schultz, todos ganhadores do Prêmio Nobel em Economia. Vamos contar ainda com as presenças dos presidentes da Frente Parlamentar das Micro e Pequenas Empresas, deputado Pedro Eugênio; do Sebrae nacional, Luiz Barreto; do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) e do empresário pernambucano Djalma Farias Cintra Jr., um dos vice-presidentes de nossa entidade. Como sempre acontece, em seu encerramento, será feita a leitura do documento final do Congresso que levará o nome de Carta de Porto de Galinhas, o qual será encaminhado à presidente da República, Dilma Rousseff, contendo contribuições, em forma de sugestões, para que o país possa crescer e dar o salto necessário para a implantação de um novo ciclo virtuoso de desenvolvimento.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

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ÍNDICE Foto: pressmaster/fotolia.com

8 CAPA

3 PALAVRA DO PRESIDENTE Atenta às últimas manifestações ocorridas em dezenas de cidades brasileiras, a CACB escolheu o tema Brasil de Soluções para o seu 23º Congresso, marcado para os dias 12 e 13 de setembro no Summerville Beach Resort, em Porto de Galinhas (PE).

5 PELO BRASIL CACB comemora aprovação do PLP 200/12 após pressão do setor.

8 CAPA O novo papel do contador frente às transformações do mercado.

12 CONJUNTURA 18 PROGRAMA

A difícil missão de reduzir o gasto público.

14 FEDERAÇÕES O que é preciso para acelerar o crescimento do MS.

18 PROGRAMA Gestores do Empreender debatem técnicas de consultoria.

20 CBMAE Missão empresarial leva vencedores do Prêmio Conde dos Arcos à Colômbia.

22 CASE DE SUCESSO Empresas apostam na união para continuar crescendo.

26 EVENTO

24 DESTAQUE CACB CACB lança Projeto Redes Empresariais de Negócios na Bolívia e no Peru.

26 EVENTO Entidade debate em seu 23º Congresso o “Brasil de Soluções”.

28 VAREJO Vem aí a era do m-payment.

EXPEDIENTE

3O LIVROS Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Kurhan/fotolia.com Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Cyntia Menezes, Rosângela Garcia e Thaís Margalho. Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br Impressão: Arte Impressa Editora Gráfica Ltda. EPP

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Paris, quartier Saint-Germain-des-Prés

31 ARTIGO Empresário e contador: uma via de mão dupla.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Pequenos negócios ganham espaço no aeroporto de Brasília


PELO BRASIL

Presidentes de várias Federações do país atenderam à convocação do presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), José Paulo Dornelles Cairoli, e pressionaram suas bancadas pela aprovação do PLP 200/2012, que termina com a multa de 10% sobre o FGTS. A votação aconteceu no dia 3 de julho e contou com 315 votos favoráveis e 95 contra. A CACB, que é contra a criação de um novo imposto para o setor produtivo brasileiro, aguarda a sanção do texto pela presidente Dilma Rousseff. O encargo foi criado em 1990, em face dos Planos Verão e Collor. Segundo o autor do PLP 200, o deputado federal Laércio Oliveira (PR-SE), a extinção da multa de 10% do FGTS está em perfeita sintonia com os compromissos do Plano Brasil Maior, que tem o objetivo de aliviar o peso

Gustavo Lima / Câmara dos Deputados

CACB comemora aprovação do PLP 200/12 após pressão do setor

Deputado pede fim da multa de 10% do FGTS dos encargos, com o propósito de liberação das forças produtivas para competir e crescer. Empresas crescendo significa a geração de empregos. Segundo o presidente da entidade, José Paulo Dornelles Cairoli, “é preciso manifestar a opinião do setor

empresarial, principalmente das micro e pequenas empresas, contra estas propostas que prejudicarão mais ainda o setor, que já arca diariamente com altos impostos, além de dificultar sobremaneira a geração de empregos e o crescimento do país”.

Entidades realizam 1° Encontro do Comitê Jurídico Nacional A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) convida todas as federações e associações comerciais filiadas que tenham suporte jurídico para o 1° Encontro do Comitê Jurídico Nacional. Poderão participar presidentes, diretores jurídicos, assessores e executivos das entidades. O encontro, que busca estabelecer uma sintonia entre a CACB e a rede, ocorre no dia 12 de setembro,

às 14 horas, em Porto de Galinhas, durante o 23º Congresso da CACB. As Federações também podem convidar representantes das Associações Comerciais que demonstrarem interesse em participar da reunião, onde serão ministradas palestras por parlamentares, magistrados, juristas e debatidos temas jurídicos relevantes e de interesse dos empresários. O presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, destaca “a

importância da presença de todos como forma de se estabelecer uma sintonia com a aproximação dos jurídicos da CACB com os das Federações, para criação de uma rede permanente de consultoria, que permitirá uma interação constante entre todos”. Obtenha mais informações e faça sua inscrição no site do 23º Congresso CACB: http://capacita. com.br/evento/cacb-2013/.

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PELO BRASIL

Confederação é homenageada pelo Sebrae Rodrigo de Oliveira/AG Sebrae

A Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) foi homenageada em evento do Sebrae Nacional pela efetiva participação na implantação da lei do SuperSimples. A placa comemorativa foi recebida pelo presidente José Paulo Dornelles Cairoli, em evento de comemoração dos seis anos do regime tributário que, segundo dados do próprio governo, reduz em média 40% os impostos das micro e pequenas empresas. Atualmente com 6,8 milhões de negócios, o Simples apresenta um crescimento de 5,5 milhões desde sua entrada em vigor, em julho de 2007, quando contava com apenas 1,3 milhão. Entre os negócios do Simples estão 2,5 milhões de Microempreendedores Individuais (MEI) – trabalhadores por conta própria que ganham no máximo R$ 60 mil por ano em atividades como cabeleireiros, eletricistas, costureiros e artesãos. Até 2015, o Sebrae prevê 4 milhões de MEI e um total de 10 milhões de empreendimentos. O evento reconheceu o trabalho de políticos e membros da sociedade civil que ajudaram a formular e aperfeiçoar o sistema de tributação simplificada, que já teve a adesão de mais de 7,3 milhões de pequenos negócios e arrecadou mais de R$ 200 bilhões para os cofres da União, estados e

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Empresa Brasil

O presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, recebe placa de reconhecimento do diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos, na cerimônia dos seis anos do Supersimples municípios. Também receberam a honraria a Confederação Nacional da Indústria (CNI), Confederação Nacional do Comércio (CNC), Confederação Nacional das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Comicro), Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel). Um Microempreendedor Individual (MEI) também foi homena-

geado por representar os mais de 3 milhões de brasileiros que puderam formalizar seu negócio por meio da criação dessa nova figura jurídica, que também faz parte do Supersimples. O Supersimples surgiu com a Lei Geral, aprovada em 2006, e entrou em vigor em julho de 2007. Esse sistema de tributação permite que as empresas que faturam até R$ 3,6 milhões por ano tenham um tratamento diferenciado na tributação. Além de reduzir a carga tributária, o Supersimples unifica o pagamento de oito impostos em um único boleto.


Michele Monteiro/ACIF.

Mascote do ReÓleo anima palestras nas escolas

Programa ambiental da Acif completa 15 anos Criado em 7 de julho em 1998 pela Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (Acif), o ReÓleo já coletou e reciclou mais de 2 milhões de litros de óleo vegetal e colocou a cidade no Guinness Book. É atualmente uma das mais importantes ações de preservação ambiental da cidade. Em comemoração, a Câmara Municipal realizou uma Sessão Solene em homenagem ao aniversário do programa. Além do número dos resíduos que deixaram de ser indevidamente despeja-

dos em rios, lagoas e lençóis freáticos, o Programa também investe na formação de uma geração mais consciente. Já foram ministrados cursos e palestras para mais de 10 mil crianças e adolescentes. Em 2013, o desafio é atender cerca de 6 mil crianças, capacitando-as como agentes do Reóleo, e, ao mesmo tempo, agregar 1,1 mil estabelecimentos participantes e mais de 300 Pontos de Entrega Voluntários. Saiba mais sobre o ReÓleo em: www.acif.org.br/reoleo.

Como melhorar o mercado de cartões de crédito A CACB está realizando um levantamento junto aos presidentes das Federações para colher sugestões sobre como melhorar o mercado de cartões de crédito. O objetivo é oferecer informações que possam complementar o Projeto de Lei 180/2013, do senador Aloysio Nunes Ferreira, que dispõe sobre o mercado de cartões de crédito, de débito e assemelhados. O projeto visa à regulamentação da relação entre comerciantes, consumidores, administradores, credenciadoras e o sistema financeiro. As sugestões para que o PL contemple todas as necessidades serão direcionadas ao aprimoramento e fortalecimento da relação entre comércio e consumidores. A CACB enviará as propostas, num documento único, ao senador.

Manual De Olho no Imposto ganha nova versão O material divulgado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) ganhou uma nova versão e está disponível para download no site da CACB (www.cacb.org.br). O Manual de Integração “De Olho No Imposto” informa os padrões técnicos de comunicação entre sistemas empresariais de emissão de cupons e notas fiscais, além de incluir o arquivo IBPTax do Movimento De Olho no Imposto, que contém a planilha com carga tributária média aproximada de todos os produtos e serviços, baseados na Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) e Nomenclatura Brasileira de Serviços (NBS). A Lei do Imposto na Nota (Lei 12.741/12) determina que sete tributos (ICMS, ISS, IPI, IOF, PIS/Pasep, Cofins e Cide) sejam usados no cálculo. A empresa que descumprir a lei pode ser multada, ter atividade suspensa ou ter sua licença de funcionamento cassada, conforme prevê o Código de Defesa do Consumidor. Faça o download da última versão do manual e verifique a tabela IBPTax. Agosto de 2013

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CAPA Foto: pressmaster/fotolia.com

Cresce a importância do bom profissional contábil Em um mercado em constante transformação, a contabilidade vem sendo redescoberta como o melhor instrumento para avaliar a gestão pública e a privada

E

nvolvida em uma conjuntura recheada de complexidades fiscais e legais, a MPE, no Brasil, cada vez mais depende do contador. Isso porque as informações contábeis não se prestam apenas para atender às demandas do fisco. Exercem um papel crucial na gestão dos negócios e abrem o caminho para que as empresas se dediquem ao planejamento, ao desenvolvimento e à própria sobrevivência de seus negócios.

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Empresa Brasil

De acordo com José Heleno Mariano, do Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (Sindco), até recentemente, a burocracia sempre esteve ligada à imagem do profissional de contabilidade, mas isso vem mudando com o avanço da informática, das tecnologias e da conectividade entre os diferentes setores da economia. Nos dias atuais, o contador tem tempo para buscar fatos subjetivos dentro de uma empresa que apenas relatórios numéricos não evidenciam.

“A evolução da informática veio para colaborar com essa separação da contabilidade com a burocracia. A informática auxilia na execução das operações rotineiras e sistemáticas”, explica Mariano. Para ele, o sistema eletrônico colabora com a profissão da contabilidade e isso faz com que os profissionais da área tenham disponibilidade de tempo para realmente exercer suas atividades de análise e suas projeções de opiniões do mercado.


“A contabilidade é, acima de tudo, uma área estratégica. A demanda no Brasil está aumentando e o mercado mantém-se aquecido mesmo em tempos de crise”, acrescenta. Hoje, os profissionais que investem na educação continuada, na reciclagem de seus conhecimentos e no aperfeiçoamento técnico são muito disputados. De acordo com estimativas do setor, havia, em 16 de abril, 484.583 contabilistas registrados. Nesse mesmo dia, o Empresômetro, do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), apontava a abertura de quase 443 mil novas empresas desde o início do ano. Ou seja, quase a mesma proporção, sem mencionar o fato de que o universo total pode chegar a 7 milhões de empresas, das quais 99% de micros e pequenas. Nessa linha, o papel do contador deve ser também de um consultor, ressalta Dora Ramos, do Escritório Pharos de Contabilidade, de São Paulo. “Ocorre que quando o contador atuar desta forma ele deve deixar claro isto ao seu cliente, pois esse deve ser um trabalho diferenciado e pessoal, não podendo ser delegado a outros funcionários.” O contador pode atuar em qualquer área que tenha como propósito lidar com informações para a tomada de decisão. Também é tipicamente uma atividade de contadores a auditoria dessas informações. Dados financeiros são aqueles utilizados pelos seus usuários, que podem ser os acionistas ou os credores de uma entidade. Como exemplo, uma atividade típica de contabilidade é a elaboração da demonstração de resultados de um exercício por um período determinado,

que permitirá aos acionistas ter visão do desempenho da entidade na qual investiram seus recursos, podendo dela extrair a percepção do sucesso que um empreendimento pode ter. Esse profissional tem potencial de contribuição em todas as áreas da contabilidade gerencial, que serve ao público interno da empresa, seus gestores. “Um contador pode ter importante papel dentro de uma área comercial de uma empresa ao auxiliar a desenvolver relatórios que capturem a performance de vendas por área, por região e por vendedor, permitindo perceber se os vendedores estão preocupados simplesmente em vender ou se estão atentos a vender e receber”, exemplifica Guillermo Braunbeck, professor da Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras). Não é uma coincidência, portanto, o fato de que a contabilidade vem sendo redescoberta como o melhor instrumento para avaliar a gestão pública e a privada. Ter números confiáveis e indicadores precisos é decisivo na hora de escolher estratégias numa empresa ou num governo. “Por isso, é importante manter a qualidade no atendimento e serviços. Apenas a prática não habilita o profissional a superar a concorrência. É imprescindível que ele faça o acompanhamento diário das mudanças econômicas e financeiras. Além disso, é fundamental que ele busque especialização e atualização profissional. Hoje o verdadeiro papel do contador, em qualquer organização, pública ou privada, é interpretar, analisar, e tentar garantir a sobrevivência das entidades”, diz o professor de Ciências Contábeis, Almir Rodrigues Durigon.

José Heleno Mariano: “A contabilidade é, acima de tudo, uma área estratégica. A demanda no Brasil está aumentando e o mercado mantém-se aquecido mesmo em tempos de crise”

DE ACORDO COM ESTIMATIVAS DO SETOR, HAVIA, EM 16 DE ABRIL,

484 mil

CONTABILISTAS REGISTRADOS. NESSE MESMO DIA, O EMPRESÔMETRO, DO INSTITUTO BRASILEIRO DE PLANEJAMENTO TRIBUTÁRIO (IBPT), APONTAVA A ABERTURA DE QUASE

443 mil

NOVAS EMPRESAS DESDE O INÍCIO DO ANO. OU SEJA, QUASE A MESMA PROPORÇÃO Agosto de 2013

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CAPA

Gestão adequada pode evitar até mesmo Foto: Sescon-SP/divulgação

Na opinião do presidente do Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e de Assessoramento no Estado de São Paulo (Sescon-SP), Sérgio Approbato Machado Júnior, o contador tem um papel relevante no universo das MPEs, podendo auxiliá-las no crescimento e até mesmo evitar o seu fechamento, ao viabilizar a realização de análises e projeções para o desenvolvimento do negócio. Acompanhe a seguir a sua entrevista a Empresa Brasil: Empresa Brasil - Dada a complexidade da tributação no Brasil, além de uma série de outros temas que afetam a administração das MPEs, qual deve ser o papel do contador nos dias de hoje? Sérgio Approbato Machado Júnior: O contador tem um papel determinante para o desenvolvimento das empresas, independentemente do seu porte ou ramo de atuação, pois ele fornece dados para a gestão e as tomadas de decisões. Na questão específica das micro e pequenas empresas, esse papel se torna ainda mais relevante, pois a ciência contábil pode auxiliar no seu crescimento, evitar o seu fechamento, ao viabilizar a realização de análises e projeções para o desenvolvimento do negócio, ela dá suporte para um crescimento planejado e sustentável. Até que ponto os escritórios de contabilidade estão se adaptando às exigências da atual conjuntura do país? Não existe um estudo a esse

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Machado Júnior: “Empresa de contabilidade deve buscar sempre a ética, a transparência e a qualidade na prestação de serviços”

respeito e é preciso se levar em conta também o excessivo número de obrigações acessórias impostas ao empreendedorismo brasileiro, que, em função do nosso papel de intermediadores entre o contribuinte e os fiscos, nos toma muito tempo. No entanto, o Sescon-SP tem feito um trabalho intenso tanto para conscientizar como para auxiliar, dando todo o suporte às empresas de serviços contábeis a estarem sempre atualizadas às constantes mudanças econômicas, legislativas, tributárias, fiscais e tecnológicas. A última novidade da entidade foi o lançamento do Portal Sescontech, que traz soluções inteligentes em tecnologia da informação para que os empreendedores contábeis possam modernizar seus negócios, acompanhar as tendências e estar preparados para a nova realidade fiscal brasileira.

A opção pelo Simples é a que oferece a melhor vantagem para as MPEs? No complexo sistema tributário nacional, é preciso considerar diversos fatores antes da opção pelo regime de tributação, dentre eles podemos citar se há ou não lucro a apurar, se há créditos gerados pela atividade e se a empresa poderá se beneficiar da relação com fornecedores e clientes, os custos da parte previdenciária ligada diretamente com o custo da folha de pagamento. Portanto, a análise deve ser feita por um profissional que possa verificar realmente a melhor opção, não são apenas cálculos, mas há a necessidade de uma análise sob a ótica tributária, societária, trabalhista e previdenciária. Sair do Simples pode elevar a tributação?


o fechamento da MPE Pode elevar como pode diminuir a carga tributária, portanto friso que é necessário procurar uma ajuda especializada. Em uma análise simplista, os setores que podem sofrer um impacto maior (aumento da carga tributária) são as MPEs que estão nos anexos I, II ou III. Seria possível calcular o ganho de uma eventual eliminação das distorções praticadas por estados no chamado ICMS/ST (substituição tributária) para quem optou pelo Simples Nacional? O Simples Nacional surgiu para dar um tratamento diferenciado para as MPEs. Porém, com o advento da substituição tributária, as empresas no regime de tributação especial perderam competitividade frente às empresas de porte maior. De uma forma simplista, o ganho é concorrencial principalmente para o atacadista e o varejista (considerados substituídos dentro da cadeia presumida da ST), que não terão a carga do produto majorado já na sua saída. Nota-se, a empresa optante do Simples Nacional (varejista ou atacadista) terá que arcar com o imposto da ST, igualando seu estado com outros varejistas de porte maior. Qual o perfil adequado de um escritório de contabilidade e de seus compromissos fundamentais com os clientes? Uma boa empresa de contabilidade deve sempre prezar pela ética e transparência, estar atenta e ser flexível às constantes transformações nas

áreas tecnológicas, fiscais, econômicas e legislativas. Hoje, é imprescindível a educação permanente, tanto para os gestores como para todo o quadro de recursos humanos, pois a área contábil exige isso. É missão da empresa buscar sempre um bom relacionamento fisco-contribuinte para seu cliente, orientá-lo sobre a correta prestação de contas e, especialmente, assessorálo na gestão do negócio, mostrando como a contabilidade é fundamental para as tomadas de decisões. Importante destacar que o relacionamento de uma empresa contábil com o seu cliente começa com um bom contrato de prestação de serviços, onde ficam estabelecidos os direitos e deveres de ambas as partes e também o leque de serviços que está abarcado pelo honorário combinado. Para o sucesso, uma empresa de contabilidade deve buscar sempre a excelência, que abarca ética, transparência e qualidade na prestação de serviços. Essa nova realidade fiscal, que fez do contador um profissional fundamental não somente para a prestação de contas aos fiscos, mas também para a gestão estratégica das empresas, tem elevado a atividade. Porém, o empresário contábil deve estar ciente de todos os desafios impostos, como a necessidade permanente de atualização, reciclagem e de profissionalização. Outra dica que posso dar é a aproximação com as entidades de classe, como o Sescon-SP, a AesconSP, que permite a troca de experiências com os colegas e possibilita uma dinâmica de conhecimentos excepcional.

CFC incentiva o aperfeiçoamento contínuo A evolução que vem ocorrendo na área contábil, nos últimos anos, em nível mundial, está renovando e atualizando não apenas as normas que regem as demonstrações financeiras de empresas e instituições privadas e públicas, mas também promove reflexos positivos sobre a imagem dos profissionais, afirma o presidente do Conselho Federal de Contabilidade, Juarez Domingos Carneiro. No Brasil, hoje, de acordo com o dirigente, os contadores fazem parte de uma classe de profissionais que começam a ser vistos de forma diferenciada pela sociedade. “Entretanto, é preciso que essa evolução seja acompanhada de ações de divulgação e esclarecimento, porque uma parte da sociedade ainda ignora a realidade e mantém o estereótipo de que contadores são figuras meramente burocráticas, tornando-se mais visíveis apenas em determinadas épocas, como a da declaração do Imposto de Renda. Mas o trabalho dos contadores não se resume a apenas isso. Somos geradores de informações e, cada vez mais, estamos sendo requisitados pelas organizações. Dificilmente encontram-se hoje profissionais da contabilidade desempregados.” Agosto de 2013

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CONJUNTURA

A difícil missão de reduzir o gasto público Com a pressão inflacionária, a responsabilidade fiscal passou a ser a principal estratégia do governo federal

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omo resposta às manifestações ocorridas em grande número de capitais e cidades de todo o país, derrubar a inflação passou a ser a principal estratégia de política fiscal do governo federal. Assim nasceu o “pacto” pela responsabilidade fiscal – o primeiro dos cinco anunciados pela presidente Dilma Rousseff em cadeia de rádio e televisão, que incluem a reforma política (totalmente descartada depois pelo Congresso Nacional); a melhoria do sistema da saúde; o transporte público e a educação.

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Empresa Brasil

“Nossa definição, hoje, é de perseguir a meta fiscal de 2,3% do PIB, e ela veio a partir da avaliação da inflação e da situação econômica”, afirmou o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, segundo relato do jornal O Estado de S. Paulo. Desde que o Banco Central (BC) começou a elevar a Selic, a taxa básica de juros, em março, aumentaram as críticas à gestão fiscal do governo. Na visão do mercado, que continua elevando a projeção de IPCA em 2013, o BC estaria “sozinho” na luta pela redução da inflação.

“Neste momento estamos com uma política monetária mais contracionista, com o olhar na inflação”, afirmou Augustin, que reforçou: “Nossa meta fiscal será atingida com segurança, e se for preciso compensar o esforço de estados e municípios, nós vamos fazer”. O fato é que o governo usou o pretexto da crise financeira nos países avançados para aumentar o gasto público e dar estímulo ao consumo. Medida considerada equivocada, segundo os especialistas, dada a insuficiência dos investimentos em edu-


cação e infraestrutura, reconhecidos como os motores da produtividade. Sustentado com uma das mais elevadas cargas tributárias do mundo e impulsionado principalmente por gastos previdenciários do INSS e outros gastos sociais, como seguro-desemprego, abono salarial, Bolsa-Família e benefícios devidos a idosos e inválidos. E, sobretudo, pelos aumentos do salário mínimo, o governo ficou sem recursos para os investimentos necessários para ampliar a oferta e a qualidade de serviços públicos. É preciso planejar o gasto público Enquanto o gasto não financeiro federal teve um aumento de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2002 a 2012 – um acréscimo de R$ 110 bilhões, com base no PIB de 2012 –, a rubrica de investimentos, no mesmo período, cresceu apenas 0,1% do PIB. Como alterar esse quadro a ponto de permitir o controle da inflação, juntamente com a retomada de políticas públicas eficazes em áreas carentes de investimentos? “É preciso planejar o gasto público”, diz o economista Felipe Salto, da Tendências Consultoria Integrada. Com um dispêndio menor, segundo ele, haveria folga para aumentar a poupança. Nessa linha, sugere o estabelecimento de uma meta de gastos correspondente a 50% do PIB, o que implicaria a desaceleração de reajustes e contratações. “Dessa forma o gasto público não cairia em termos nominais, mas em relação ao PIB”, explica o economista, chamando atenção para os efeitos negativos sobre a economia no caso de o governo continuar com uma política desenfreada de gastos.

Mas como viabilizar esse controle? De acordo com Gabriel Leal de Barros, pesquisador do Ibre da FGV, os graus de liberdade da política fiscal para contingenciar despesas são muito pequenos, haja vista que 75% das despesas são obrigatórias. “O que sobra são gastos de custeio e investimento, sendo que corte no custeio é factível com melhoria da gestão, eficiência do gasto, medidas mais de médio prazo”, avalia o economista. Um programa de choque de gestão é importante para melhorar o resultado – eficácia das políticas – e pode até gerar uma grande economia na casa de bilhões de reais. Mas o melhor gestor do mundo não conseguirá compensar com medidas administrativas o crescimento dos gastos sociais, o impacto da regra da reajuste do salário mínimo nas contas públicas e o efeito demográfico nas contas da previdência, adverte o economista Mansueto Almeida. Com base na despesa primária do governo federal de 2012, Almeida lembra que o grosso do gasto público concentrou-se em três rubricas: INSS (39,3%), gastos sociais (11,3%) e custeio de saúde e educação (12,1%). O custeio administrativo, onde seria mais fácil controlar o dispêndio, foi de 7% das despesas não financeiras do governo. Conclusão: ou o governo parte para medidas estruturais ligadas à idade de aposentadoria, ao reajuste do salário mínimo na mesma proporção da produtividade e drástica diminuição de privilégios trabalhistas de funcionários públicos para incentivar a meritocracia e eficiência, ou será preciso aumentar as receitas, adverte Armando Castelar, da FGV.

Secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin: “Nossa definição, hoje, é de perseguir a meta fiscal de 2,3% do PIB, e ela veio a partir da avaliação da inflação e da situação econômica”

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FEDERAÇÕES

O que é preciso fazer para acelerar o crescimento do MS O presidente da Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul (Faems), Antonio Freire, fala do momento político e econômico do país e comenta o cenário no estado. Impostos, leis, serviços, participação popular, infraestrutura, capacitação, demarcação de terras indígenas e agropecuária são temas desta conversa que o presidente da entidade teve com a revista Empresa Brasil Empresa Brasil: O senhor acredita que o governo está atuando corretamente no combate à inflação? Antônio Freire: Não. A meu ver não está tendo nenhum combate à inflação. Penso que o Governo, em vez de incentivar o consumo através dos incentivos que tem proporcionado à classe média – como exemplo posso citar a redução do IPI na compra de veículos e eletrodomésticos, incentivo esse que só beneficia alguns setores –, deveria investir na redução da carga tributária como um todo. Além de proporcionar ao comércio uma melhor logística, uma vez que se o empresário tiver melhores condições de produção, automaticamente, os preços serão reduzidos ao consumidor. De que forma os empresários podem apoiar as demandas populares por reformas a partir das manifestações de junho no Brasil? Sendo mais participativos, fazendo sugestões e acompanhando mais a vida política, porque acredito que só teremos alguma transformação na

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Empresa Brasil

sociedade com a participação e o envolvimento ativo de todos nas discussões que decidem os rumos do país. Até então, tivemos a omissão e já ficou comprovado que não leva a lugar nenhum, agora precisamos participar, cobrar e agir pensando no coletivo. O que o setor espera da reforma política que está sendo discutida pelo governo federal? Em sua opinião, o que deve ser alterado no atual sistema político?


O setor comercial espera o que todo cidadão brasileiro espera. Vejamos: o fim dos privilégios dos parlamentares, pois eles são representantes do povo, a quem as suas ações estão subordinadas; uma participação efetiva da sociedade no conselho de ética que julga o parlamentar, a democratização e transparência dos partidos e o fim do voto obrigatório. O MS é atualmente o estado que mais cresce na região CentroOeste. Como esse crescimento pode ser acelerado? Acredito que para isso é preciso uma menor carga tributária, menos burocracia estatal, mais investimento em infraestrutura e em capacitação de mão de obra. O setor de serviços é responsável por 67% do PIB do estado. Qual o impacto da desoneração da folha no setor? A medida pode motivar novos investimentos e contratação de mão de obra?

Quero enfatizar que esse percentual equivale a comércio e serviços juntos, e não só serviços. Ainda, não tivemos nenhuma percepção dessa desoneração no setor de comércio e serviços. Porém, sabemos que na indústria houve uma mudança na cobrança que proporcionou a desoneração da folha. Toda e qualquer desoneração contribui e estimula novos investimentos e contratação de mão de obra. Como a Faems pretende atuar junto aos associados do setor? A Federação vem investindo no aperfeiçoamento dos empresários em relação a uma mudança de perspectiva empresarial. Isto é, incentivando-os a saírem do amadorismo e da inércia em relação ao novo cenário empresarial e tecnológico. Desse modo, investimos no Projeto Capacitar, que é um convênio com a Fundação Dom Cabral que contribuirá com o desenvolvimento dos nossos Associados.

“A Federação vem investindo no aperfeiçoamento dos empresários em relação a uma mudança de perspectiva empresarial. Incentivando-os a saírem do amadorismo e da inércia em relação ao novo cenário empresarial e tecnológico”

O agronegócio é fundamental não só pela geração de emprego e renda, mas também porque impulsiona o setor industrial e de serviços. Quais investimentos ainda precisam ser feitos para incentivar a produção rural? No nosso Estado o setor rural tem vivido um momento de instabilidade devido à iminência das demarcações de terras indígenas. Agora, convém ressaltar que se deve ao modo como esse processo vem sendo conduzido, prejudicando a produção rural. Devemos destacar que houve erros no passado que devem ser corrigidos sem prejuízo aos agricultores, pois eles não são os únicos responsáveis pela Agosto de 2013

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FEDERAÇÕES atual situação. Não podemos aceitar o abandono no qual vivem os nossos irmãos índios, e essa é uma responsabilidade da União, que deve agir em prol dos brasileiros como um todo, sejam eles índios e não índios. Os investimentos a serem feitos são os essenciais para todos os setores, entre eles, rodovias, ferrovias, portos e hidrovias, diminuição da carga tributária, etc.

“Não podemos aceitar o abandono no qual vivem os nossos irmãos índios. Essa é uma responsabilidade da União que deve agir em prol dos brasileiros como um todo, sejam eles índios e não índios”

O que acha da criação da secretaria da Micro e Pequena Empresa? Qual a sua expectativa? Quais devem ser as principais ações do novo secretário? Necessária. A minha expectativa é que ela atenda às principais reivindicações dos micro e pequenos empresários. Dentre as ações do novo secretário, que por sinal é o Sr. Guilherme Afif Domingos, um profundo conhecedor do setor e um dos criadores do Simples Nacional, que de certa forma contribuiu para a desburocratização do processo tributário. Mas precisamos avançar. Principalmente, nos estados em que o governo tem a antecipação do ICMS (substituição tributária). É preciso aumentar o teto do estado, igualando ao teto nacional. Como está a aplicação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa no MS? Ainda há muito desconhecimento por parte dos MPEs, razão pela qual ainda não usufruem dos benefícios da lei. Quais são as principais demandas da Faems junto ao governo estadual? Redução da carga tributária, aumento do teto do Simples, amparar e

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Empresa Brasil

incentivar as grandes campanhas do comércio local, além de olhar com mais atenção para o setor que contribui com 68% da arrecadação do ICMS e 79% na geração de empregos. Quais são as prioridades do seu mandato? Desenvolver um projeto que contribua para o crescimento de todas as Associações Comerciais e a qualificação de seus executivos e colaboradores. Quais as perspectivas para o uso da certificação de origem como incentivadora do desenvolvimento institucional da Faems? É importante para a consolidação do papel e da função das Associações Comerciais que prestam a referida certificação, e tudo o que contribui para o fortalecimento das Associações diretamente, fortalece também a Faems. O que a Faems espera da atuação da nova gestão da CACB? Que continue a atuar frente às principais demandas do setor comercial do país, buscando sempre parcerias que possam contribuir para o desenvolvimento do comércio. Também, atuando politicamente, como ocorreu na votação do PLC 200/2012 que extingue a multa de 10% sobre o FGTS pago pelo empregador na rescisão contratual sem justa causa. Enfim, atuando diretamente junto aos poderes competentes. Tenho acompanhado a atuação do presidente Cairoli e tenho visto sua dedicação e empenho na busca de um melhor ambiente para as empresas brasileiras.


AGOSTO/2013 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

INOVAÇÃO E INVESTIMENTO Formada em veterinária, jovem decide ser empresária do ramo de confecções

Edmar Wellington

Jackelyne Ferreira Dutra decidiu investir no sonho do próprio negócio

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SEB R AE 201 4

PEQUENOS NEGÓCIOS GANHAM ESPAÇO NO AEROPORTO DE BRASÍLIA Em loja apoiada pelo Sebrae, visitantes encontram artigos tipicamente brasileiros, produzidos em todas as regiões do país

Marcelo Araújo Agência Sebrae de Notícias

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Foto: Rodrigo de Oliveira

Produtos expostos na loja do aeroporto de Brasília

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EMPREENDER / SEBRAE

ão de tapioca do Ceará, café gourmet da Bahia, cogumelos champignon e shimeji cultivados no Distrito Federal, cosméticos de Mato Grosso, luminárias de Pernambuco, cachaças artesanais do Rio de Janeiro e joias do Rio Grande do Sul. Esses e vários outros artigos com a “cara do Brasil” podem ser encontrados por quem passa pelo Aeroporto Internacional Presidente Juscelino Kubitschek, em Brasília. A loja Mosaico Brasil abre espaço a 122 produtores de mais de 310 tipos de produtos nacionais apoiados pelo Sebrae. Ao todo, são 7 mil itens disponíveis ao público interessado em levar para casa uma lembrança, a preços que vão de R$ 5,50 a R$ 448. A loja fica aberta todos os dias, das 8h às 20h, com atendimento também em inglês e espanhol. “Nosso foco não está apenas nas oportunidades durante a Copa, mas principalmente no aumento da competitividade das micro e peque-

nas empresas, para que os negócios continuem e prosperem mesmo após os eventos”, destaca o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto. O superintendente do Sebrae no Distrito Federal, Antônio Valdir Oliveira Filho, pontuou a importância da iniciativa para dar visibilidade aos empreendedores apoiados pelo Sebrae na capital federal e em todo o país. “Lançamos uma metodologia própria para alavancar o crescimento do setor produtivo e mostrar uma Brasília e um Brasil que nem todo mundo conhece. Os empreendedores acreditam em nós e apostam na formalização para gerar emprego e renda durante os grandes eventos esportivos.” Os 122 pequenos negócios que têm seus produtos expostos na Mosaico Brasil são atendidos pelo programa Sebrae 2014, ação realizada nas 12 cidades-sede do mundial de futebol e que por meio de cursos, palestras, seminários e rodadas de negócios tem aproximado os pequenos empreendimentos de potenciais compradores, governamentais ou da iniciativa privada. E


Foto: Edmar Wellington

A empresária Jackelyne Dutra é proprietária da loja Donna Moça

EMP R EEN D E D O R I S M O

JOVEM APOSTA NA MODA COMO NEGÓCIO Empresária vende multimarcas e coleções exclusivas

AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/ GO

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er o próprio negócio está entre os maiores sonhos dos brasileiros. De acordo com a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor: Empreendedorismo no Brasil – GEM 2012, 43,5% da população de 18 a 64 anos de idade pretendem ser o próprio patrão, contra 24,7% dos que preferem uma carreira como funcionário em uma empresa. O levantamento também mostra que 49,6% dos empreendimentos com até três anos de vida estão nas mãos de mulheres, 18,3% são administrados por jovens com idade entre 18 e 24 anos, sendo que 37% deles estão sob o comando de recém-formados em cursos superiores.

É o caso da empresária Jackelyne Ferreira Dutra, de 23 anos, que, em novembro de 2011, abriu as portas da Donna Moça, no Jatahy Shopping, em Jataí, a 325 quilômetros ao sudoeste de Goiânia. Mesmo recém-formada em Veterinária pela Universidade Federal de Goiás (UFG), Jackelyne preferiu montar um negócio no ramo de confecções. “Gosto muito da veterinária, mas o mundo da moda é meu sonho”, revela. A loja no shopping não durou muito tempo, pois os altos custos de locação e taxas estavam inviabilizando o negócio. A empresária, então, decidiu mudar sua loja para o centro da cidade, onde criou um ambiente jovem e aconchegante. “Vendo na loja o que

gosto de usar. Visito exposições, faço pesquisas em sites, revistas, editoriais de moda e procuro manter-me sempre bem informada dos estilos e tendências das estações”, ressalta, afirmando que trabalha com multimarcas e algumas coleções exclusivas. Para atingir seu público-alvo, de 15 a 30 anos, a empresária usa as redes sociais e investe em anúncios em revistas e jornais. “Na rede social, a resposta é imediata”, observa. Os conceitos de gestão, conta Jackelyne, estão sendo adquiridos em um curso de Administração e no cotidiano do negócio. “Foi muito difícil. Enfrentei dilemas, mas vejo que valeu a pena. Estou realizada fazendo o que gosto”, resume. E

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TU R ISMO

BAIANAS DO ACARAJÉ GANHAM CARDÁPIO EM TRÊS LÍNGUAS A ação vai facilitar a comunicação com turistas estrangeiros durante os grandes eventos esportivos

Foto: Mateus Pereira

GUSTAVO ROZARIO AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/ BA

P O superintendente do Sebrae na Bahia, Edival Passos, entrega à presidente da Associação das Baianas de Acarajé o novo cardápio

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EMPREENDER / SEBRAE

ensando em diminuir os problemas de comunicação enfrentados por turistas estrangeiros, principalmente no período da Copa do Mundo da FIFA 2014, o Sebrae na Bahia entregou a cerca de 200 baianas de acarajé, filiadas à Associação das Baianas de Acarajé e Mingau do Estado da Bahia (Abam), cardápios em inglês, espanhol e português. Para divulgar o tradicional acarajé e outras iguarias presentes no tabuleiro, a ação de mercado envolveu também a entrega de banners e cartões-postais, explicando a importância cultural dos conhecimentos aplicados na produção e comercialização das chamadas comidas de baiana (acarajé, abará e bolinho de estudante). Para a presidente da Abam, Rita Santos, as peças vão facilitar o diálogo entre baianas e turistas, fazendo com que os quitutes caiam no gosto dos visitantes, além de ser mais uma forma de valorização da identidade cultural. “Os turistas vão ter acesso não só aos

ingredientes, mas vão conhecer um pouco da relação entre costumes, religião e culinária. Eles vão se deliciar com segurança e tranquilidade, sabendo o que estão comendo”, destaca. Segundo o superintendente do Sebrae na Bahia, Edival Passos, essa é mais uma ação do programa Oportunidades Copa 2014, que conta com a parceria da Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 (Secopa), e pretende, por meio da qualificação dos serviços, suprir as demandas dos megaeventos esportivos. “Nada mais justo do que dar visibilidade ao trabalho das primeiras mulheres empreendedoras da Bahia. As capacitações vão permitir que elas melhorem a competitividade dos negócios, oferecendo um alimento com qualidade e mais saboroso”, ressalta Edival. A baiana Maria Luzia dos Santos, de 75 anos, que tem ponto de venda no Centro Histórico de Salvador, comemora a entrega dos cardápios e brinca, dizendo que mesmo com o pouco que aprendeu de inglês e espanhol, agora não tem desculpa para não vender. E


TEC N OL OG I A D A I N F O R M A Ç Ã O

STARTUP DISPONIBILIZA CONTEÚDO INTERATIVO PARA ÁREA DE TI Empresa de Joinville lança portal com foco na qualificação de profissionais do setor

DA REDAÇÃO DO SEBRAE EM SANTA CATARINA

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Tecnologia de Informação (TI) vem sendo mencionada como um dos setores de maior crescimento no Brasil e nas grandes potências mundiais. O setor, que está constantemente mudando, requer profissionais dinâmicos e atualizados. Pensando nesse público, a Coderockr, startup de Joinville participante do programa de Capacitação Startup SC, lançou o Code Squad, plataforma de ensino a distância, que disponibiliza conteúdo na área de programação e desenvolvimento de sistemas de maneira interativa. A proposta é capacitar os profissionais e interessados que desejam ampliar o seu conhecimento e ser valorizados no mercado de trabalho. O

usuário tem a opção de assistir a aulas gratuitas, comprar cursos avulsos e se inscrever com uma assinatura mensal. Os fundadores, Elton Luís Minetto, de 35 anos, e André Gustavo Espeiorin, de 28, estão passando por um processo de capacitação no Startup SC, para fazer com que a ideia se torne um produto viável. Além dos dois sócios, a empresa conta também com dois desenvolvedores e um designer. Alexandre Souza, gestor do projeto Startup SC, lembra que os sócios chegaram ao programa de capacitação com uma ideia de negócio um pouco diferente e tiveram que se adaptar e mudar de direção. Além da capacitação, o programa Startup SC forneceu acesso a recursos de parceiros como o sistema de gerenciamento financeiro ContaAzul e a Amazon AWS, que

é usado pela Coderockr para poder suportar o crescimento do número de acessos e usuários no Code Squad. O Sebrae em Santa Catarina, juntamente com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável, por meio do programa Nova Economia@SC, lançou no início de 2013 o projeto Desenvolvimento e Fortalecimento das Startups Catarinenses (www.startupsc.com.br). O projeto visa a atender empresas iniciantes, definidas como Startup Digitais, que exploram produtos e modelos de negócios inovadores com foco em tecnologia. Tem como objetivo fortalecer as startups a partir da difusão da cultura empreendedora e da profissionalização da gestão de seus empreendimentos com ações de capacitação, inovação e mercado. E

O USUÁRIO TEM A OPÇÃO DE ASSISTIR A AULAS GRATUITAS, COMPRAR CURSOS AVULSOS E SE INSCREVER COM UMA ASSINATURA MENSAL

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TR AB AL H O A R T E S A N A L

PARAÍBA TEM ÚNICA FÁBRICA DE SANFONA DA AMÉRICA LATINA Com apoio do Sebrae e investimento em capacitação, a empresa já vende para todo o país

VALDÍVIA COSTA AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/ PB

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única fábrica de sanfonas profissionais do Brasil completa dez anos em plena expansão. Os instrumentos Leticce são a prova de que um serviço artesanal pode evoluir em escala industrial. Localizada em Campina Grande (PB), a empresa possui atualmente 20 funcionários. À frente dela, um empreendedor que saiu dos palcos para a marcenaria: o sanfoneiro Amazan. O poeta sertanejo, que mora na cidade há décadas, foi pioneiro no país ao montar a fábrica de acordeons Leticce. Desde que surgiu em 2003, o empreendimento vem passando por transformações. A maior delas, segundo a administradora Marileide Azevedo, filha do proprietário, foi proporcionada pela parceria com o Sebrae na Paraíba. “Mudou tudo. Desde a fachada até a forma como organizamos nosso material de trabalho”, diz. No ano passado a empresária participou do Empretec, seminário que estimula as características empreendedoras dos participantes.

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EMPREENDER

Foto: Valdívia Costa

Há dez anos, Amazan contratou o primeiro marceneiro, profissional responsável pela caixa do instrumento e pelas 10 mil peças da sanfona. As dificuldades vieram, entre elas, encontrar materiais específicos. O empresário percebeu que tinha de produzir a maior parte das peças antes de fabricar o instrumento. Amazan foi à Itália em 2003, comprou matéria-prima, procurou fornecedores e começou a aprender o processo de montagem. Com um ano de fábrica, o empreendimento ganhou um prédio equipado. Começou, assim, a capacitação de pessoas para a fabricação das sanfonas. Segundo o proprietário, a empresa tem características específicas: quem faz sanfona tem que ser sensível, gostar de música, ter paciência e saber observar. Em 2005, quando a primeira sanfona foi totalmente montada, de forma correta e eficiente, a equipe se emocionou. Apesar disso, o instrumento ainda estava longe do que Amazan desejava. Ele voltou à Itália para aprimorar os conhecimentos com mestres que passaram dicas importantes. Desde então, a fábrica só vem aumentando o número de artesãos. E

INFORME SEBRAE. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Fone: (61) 3348- 7494

Funcionários da fábrica Leticce



PROGRAMA

Gestores do Empreender debatem Seminário reuniu 120 consultores para um momento de capacitação e atualização nas técnicas da metodologia de núcleos setoriais, pelo segundo ano consecutivo

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onhecimento, Habilidades e Atitudes, estes foram os temas do Seminário de Consultores do Empreender – 2013, realizado entre os dias 26 e 28 de junho, em Gaspar, Santa Catarina. O evento reuniu cerca de 120 consultores que atuam com núcleos setoriais, com o objetivo de trazer os gestores do programa para um trabalho de atualização das técnicas e metodologia do programa. Foram 74 municípios envolvidos, dos estados de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e do Distrito Federal. A programação incluiu palestras, painéis, dinâmicas e formação de rede de relacionamento. Os instrutores abordaram diversos assuntos, desde informações técnicas até temas

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Empresa Brasil

gerais voltados ao trabalho do consultor. A capacitação, em formato de seminário, foi realizada pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina (Facisc), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SC) e Associação Empresarial de São Bento do Sul (Acisbs). Para o coordenador nacional do Empreender, Carlos Rezende, “o evento pretende mostrar como os consultores podem evoluir dentro do programa e como se dão as experiências das associações comerciais”. O evento foi todo ambientado com a temática de avião, e os temas foram divididos em Mundo do Conhecimento e Mundo das Habilidades.

Rezende também avalia que, para 2014, a CACB está “trabalhando para fortalecer o Empreender em todo o Brasil, seja na chamada de projetos do Empreender Competitivo, seja no Programa Empreender tradicional”, explica. Foram apresentadas as experiências dos núcleos setoriais em diversas regiões brasileiras, além de palestras com temas como a metodologia do Empreender e técnicas em consultoria, consultoria coletiva, chamada de projetos e valores dos núcleos setoriais. O destaque foi para a comitiva do Rio de Janeiro, que trouxe a maior delegação, com 16 pessoas, e para a comitiva de Rondônia, que está aderindo agora ao Empreender e criando seus primeiros núcleos.


Carlos Rezende e as consultoras Cléa Maria Carvalho Mascarenhas (AL) e Franciane Souza (MG) durante o painel “O Desenvolvimento do Empreender no Brasil”

técnicas de consultoria Saiba como a metodologia do Empreender foi abordada durante o evento Dentro do conceito e da temática do Chá (Conhecimentos, Habilidades e Atitudes), o evento contou com palestras e dinâmicas nos seus três dias. Na quarta-feira, 26/6, houve o repasse de Conhecimento. Com a palestra Consultoria Internacional, Aline Fogolin contou sua experiência sobre o trabalho realizado em diversos países. No mesmo dia, também foram mostradas técnicas de Coaching como ferramenta de trabalho. A palestrante Carolina Linhares falou sobre o tema e aplicou dinâmicas entre os participantes. Habilidades Uma das habilidades que o consultor deve ter é saber lidar

com algumas ferramentas de marketing com a finalidade de melhor divulgar o seu trabalho. Este foi o tema da palestra de Cláudio Del Ducca. O painel “O Desenvolvimento do Empreender no Brasil” foi mediado pelo coordenador Nacional do Empreender pela CACB, Carlos Rezende, e mostrou cases do Programa em Alagoas e Minas Gerais. A tarde foi marcada por duas palestras. A primeira abordou o tema “Redes e encadeamento produtivo Metodologia do Empreender X redes empresariais de negócio”, com o gerente da regional Oeste do Sebrae/PR, Orestes Horst. A segunda abordou uma nova forma de realizar reuniões com os nu-

cleados: os jogos empresariais. O consultor Gilmar Barbosa mostrou como aplicar esta ferramenta para inovar nas reuniões dos núcleos. Atitudes A sexta-feira (28) foi marcada pelas atitudes. O Painel Ciclo Completo do Empreender, mediado pelo coordenador estadual do programa em Santa Catarina, Osmar Vicentin, falou sobre o desenvolvimento dos núcleos e das entidades. Também foram lançados o Módulo do Empreender e o Programa de Capacitação e Certificação de Consultores, com apresentações lúdicas sobre o Sistema de Gestão de Entidades Empresariais da Facisc (Sigaem).

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CBMAE

Presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, o diretor-financeiro, George Teixeira, e o coordenador nacional da CBMAE, Valério Figueiredo, na entrega do prêmio Conde dos Arcos

Missão empresarial leva vencedores do Prêmio Conde dos Arcos à Colômbia Consultores da CBMAE conhecem o modelo colombiano de utilização dos Métodos Alternativos de Solução de Conflitos

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ma delegação formada por nove gestores da Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE) e de unidades de atendimento participou de uma visita técnica à AMV – Autorregulador de Mercado de Valores de Colômbia e de uma capacitação junto à entidade. A viagem, realizada entre 15 e 18

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de maio, é a premiação para as entidades classificadas em primeiro lugar nas três categorias da mais recente edição Prêmio Conde dos Arcos. A AMV é referência no país em regulação de mercados e certifica empresas do setor a partir de um trabalho conjunto com o Poder Judiciário colombiano. A entidade atua com Métodos Extrajudiciais de Solução de Conflitos (MESCs) a partir da Marco – Mecanismos Alternativos de Resolución de Conflictos, criada com o objetivo de estimular o desenvolvimento do setor a partir da redução de custos com o Judiciário e facilitação do acordo para os conflitos.

Integraram a delegação: gestores da CBMAE nacional e representantes da Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem de Franca (CBMAE ACIF), do Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE) de Uberaba e da Câmara de Mediação e Arbitragem de Campo Grande, que funciona junto à associação comercial da cidade (ACICG). Para o primeiro-secretário da ACICG e presidente da CBMAE de Campo Grande, Roberto Oshiro, “o principal valor agregado ao nosso trabalho a partir desta visita foi conhecer como uma agência reguladora pode trabalhar os métodos alternati-


vos de solução de conflitos”. Oshiro explica que no Brasil as Agências Reguladoras não têm trabalhado com conciliação e arbitragem. “Em Mato Grosso, o maior número de processos envolvendo consumidores está relacionado às operadoras de telefonia. Se a Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] direcionasse esses conflitos à arbitragem, seria um grande passo para desafogar o Judiciário”, avalia. Para o coordenador CBMAE Acif, Fabio Genovez, a experiência colombiana é muito rica e pode ser aplicada no cotidiano brasileiro. “Os métodos alternativos de solução de conflitos estão num estágio mais avançado de utilização no país vizinho, que tem mais solidez e experiência de manejo, inclusive quanto à realização de mediação virtual que poderá, gradativamente, ser incorporada aos nossos trabalhos”, avalia. Genovez contou ainda que “constatar que vertentes das mais diversas áreas e países buscam a mediação, conciliação e arbitragem para resolver seus conflitos intensifica nosso desejo de ver o mesmo acontecer em nossa cidade”. O diretor comercial da Associação Comercial Industrial e de Serviços de Uberaba (Aciu), Agnaldo Silva, avalia que outra experiência que pode ser agregada ao caso brasileiro é o trabalho com um foco direcionado. “Aqui em Uberaba trabalhamos com diversos setores da economia e agora eu vejo que, se fizermos um estudo mais profundo do mercado e selecionarmos os nichos que mais precisam de atendimento, poderemos direcionar nossos esforços e alavancar a produtividade”, explica.

VENCEDORES EXPERIÊNCIA DE SUCESSO:

CBMAE Franca (SP) Em São Paulo, a CBMAE Acif, de Franca, estabeleceu acordos com sindicatos patronais na cidade para direcionar os conflitos à Câmara, a fim de estabelecer acordos antes de um eventual processo judicial. É o segundo ano em que a cidade leva o prêmio Conde dos Arcos por conta de uma parceria. Em 2011, o case de sucesso foi um acordo semelhante entre a entidade e a Unimed local. MUTIRÃO DE CONCILIAÇÃO EMPRESARIAL:

Associação Comercial de Uberaba (MG) Em Uberaba, no interior de Minas Gerais, o Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (PACE) conseguiu recuperar R$ 326.055,86 em créditos para o mercado local, e com isso levou o primeiro lugar na categoria Mutirão de Conciliação Empresarial. Foram 341 conciliações realizadas durante o evento, das quais 226 foram frutíferas, e outras 72 reagendadas. Em 2011, a entidade conquistou primeiro lugar da categoria: Parcerias Institucionais e Marketing, revelando uma preocupação na busca de resultados. SUSTENTABILIDADE FINANCEIRA:

Associação Comercial de Campo Grande (MS) Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, a Câmara mantida pela Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG) ficou em primeiro lugar em “Sustentabilidade Financeira”. A categoria trata de iniciativas sobre a geração de recursos econômicos para autossuficiência da Câmara. Neste ano foram realizados 1.284 atendimentos e 890 audiências. Destas, 88% foram frutíferas, ou seja resultaram em acordo para ambas as partes. Ao todo, os procedimentos geraram a negociação de aproximadamente R$ 3 milhões. Em 2011, a CBMAE ACICG ficou em segundo lugar na categoria “Relações com o mercado e sustentabilidade” e o Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual da Associação Comercial de Campo Grande – PACE TJ MS – manteve a mesma colocação na categoria “Excelência Operacional”.

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CASE DE SUCESSO Foto Ivan de Andrade

Mara Backes: “Trabalhar em forma de rede traz inúmeras vantagens”

Empresas apostam na união para continuar crescendo No interior do Rio Grande do Sul, redes de cooperação incrementam setores que buscam, por meio de parcerias, formas de baixar os preços dos fornecedores e ainda encontram soluções para problemas em comum

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ideia de unir forças para ganhar poder de escala e transformar a competitividade em união turbina a fórmula de fazer negócio. No interior do Rio Grande do Sul, a proposta de criar redes de cooperação está incrementando setores como educação e moveleiro, por exemplo, que agora buscam, por meio de parcerias, formas de baixar os preços dos fornecedores e ainda encontram soluções para problemas em comum. E não demorou muito para que a iniciativa chamasse a atenção da empreendedora Mara Backes, de Cândido Godói, cidade localizada no noroeste do Rio

Grande do Sul, distante 413 km de Porto Alegre. Atualmente presidente da Rede de Cooperação Datawork, a empresária de 29 anos de idade conta que as redes tiveram início no final dos anos 90 e se espalharam pelo RS, em vários setores, por meio de parcerias com universidades. Voltadas ao incentivo e às novas ideias, as Associações, segundo Mara, alavancam a economia das empresas e promovem o crescimento. Com esse propósito, as redes de cooperação se organizam para auxiliar as diferentes empresas de um mesmo setor, buscando negociar preços, produtos e serviços. “Não é uma franquia, é um


sistema que dá independência. Não somos obrigados a trabalhar com um determinado mix, se quisermos podemos comprar ou negociar fora da Rede. No entanto, dentro desse sistema há incentivos. Quanto mais o associado comprar produtos negociados pelo grupo, melhor será o preço”, explica. Além disso, Mara destaca que há inúmeras vantagens de trabalhar desta forma, entre elas, o valor do patrocínio, compras com preços melhores, e, ainda, a contribuição para a rede atingir a meta. Na Datawork, rede que começou com a orientação de um consultor, a proposta é voltada para o setor de prestação de serviços. Neste caso

não há incentivo como o valor de patrocínio porque, segundo Mara, os fornecedores não envolvem tanto a compra de produtos. Neste caso a vantagem está nas reuniões, onde há troca de ideias e de busca por soluções. “Como é serviço, uma ideia vale muito dinheiro. Buscamos ali uma nova divulgação, um novo curso”, revela. Mara destaca que a Datawork tem estatuto e regimento interno e que a diretoria da Associação é voluntária, ou seja, não recebe nenhuma remuneração. “Somos uma entidade com CNPJ, porém não há divisão de lucros e tem uma mensalidade apenas para manter as despesas necessárias”, diz.

Ideia empreendedora nasceu em Congresso da CACB A Datawork, no entanto, não é a única rede de cooperação de que a empresária gaúcha participa. Ela também faz parte das redes Inforede e da Tok Lar. Neste último caso a participação teve início durante um Congresso da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), realizado na Bahia (em 2011). Depois de assistir às apresentações de cases de sucesso do Projeto Empreender, Mara decidiu investir em um novo negócio. “Voltei para o RS com a ideia de investir em algo maior. Quando decidi que essa área seria a de móveis, busquei apoio da rede Tok Lar”, conta.

Com sede em Ijuí, a Tok Lar tem 130 associados em Santa Catarina, Rio do Grande do Sul e Paraná e trabalha basicamente com negociação. “Quando abri a empresa me deram total apoio. Eles têm uma central com pessoas qualificadas para negociação, para compra e produção de material publicitário. Ganhamos muitas vantagens por estarmos na rede”, comemora. E completa que longe da Associação seria quase inviável competir com outras empresas maiores. O apoio ajudou a alavancar o negócio, e, há cerca de um mês já abriu a primeira filial da loja de móveis planejados, em Cerro Largo.

Como funcionam as redes de cooperação As redes são regionalizadas por setor. A Datawork, por exemplo, tem 19 empresas filiadas, de 19 municípios diferentes e é uma Associação regularizada. Mara Backes explica que os associados realizam encontros mensais para discutir novos cursos e barganhar preços de fornecedores, além de produzir material de divulgação. O princípio, segundo ela, é encontrar ideias e novas soluções para manter-se atualizado. O processo é igual ao de uma organização formal. No exemplo da rede Datawork, os associados optaram por dividir a entidade em setores. “Dentro da Rede temos as equipes, negociação, marketing, expansão, pedagógica”, comenta Mara. O grupo que cuida da expansão se organiza para atrair novas empresas para rede, já a de negociação tem a função de identificar quais produtos as empresas têm em comum. Segundo ela, cada equipe tem uma função e com isso consegue barganhar preços e encontrar mais opções e melhores fornecedores tanto em qualidade quanto em preço. A rede Datawork tem dez anos e abrange a região das Missões, no noroeste do Estado. Entre as vantagens da associação está o fato de conseguir dividir custos de uma formação profissional, por exemplo, ou conseguir de forma gratuita.

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DESTAQUE CACB

Vice-Presidente das Micro e Pequenas Empresas, Luiz Carlos Furtado Neves, e presidente da Cainco, Luis Fernando Barbery, na apresentação do evento

CACB lança projeto Redes Empresariais de Negócios na Bolívia e no Peru Entidade dá mais um passo no trabalho junto à internacionalização das micro e pequenas empresas na América Latina

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fim de impulsionar as micro e pequenas empresas (MPEs) latino-americanas, a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), lançou o projeto Redes Empresariais de Negócios em Santa Cruz, na Bolívia, e em Lima, no Peru. A solenidade ocorreu no início de junho. A parceria começou a ser desenhada em agosto de 2011 com a assinatura do Convênio de Cooperação Técnica entre CACB e Sebrae que prevê

fortalecer e melhorar a capacidade das entidades empresariais e de apoio às micro e pequenas empresas de países selecionados da América do Sul para promover os empreendimentos, utilizando os instrumentos de desenvolvimento dos núcleos setoriais. Além do Peru e da Bolívia, fazem parte do projeto entidades da Colômbia, Paraguai e Argentina – países para os quais o projeto está em fase de expansão. Por meio da transferência de know-how, o projeto beneficia núcleos empresariais de vários setores. As ações serão realizadas por meio de coordenação técnica especializada, organização


Objetivo é ampliar os lucros, a competitividade e o crescimento das MPEs nos países em que a entidade mantém parcerias empresariais de seminários, congressos, conferências, simpósios, mostras e eventos do interesse das entidades. Os núcleos incluem segmentos da construção civil, indústria da confecção, turismo, agronegócio e tecnologia e informação. A CACB já treinou técnicos de entidades comerciais de Peru, Bolívia, Colômbia, Paraguai e Argentina, orientando visitas às associações comerciais e a núcleos setoriais no Brasil, e também ofereceu conteúdo teórico. Atualmente, os técnicos capacitados já estão replicando o aprendizado em seus países, a fim de formar e fortalecer os respectivos núcleos setoriais. O objetivo é solidificar e melhorar a capacidade das entidades empresariais e de apoio às micro e pequenas empresas de países selecionados da América do Sul para promover os empreendimentos, utilizando os instrumentos de desenvolvimento dos núcleos setoriais. De acordo com o vice-presidente da CACB, Luiz Carlos Furtado, o projeto pretende ampliar os lucros, a competitividade e o crescimento das MPEs nos países trabalhados pela CACB (Bolívia, Peru e Colômbia), estabelecendo, desta forma, um laço comercial com as empresas brasileiras. Adicionou, ainda, que um dos principais objetivos é permitir que os núcleos de cada país troquem experiências com núcleos estrangeiros. O presidente da entidade signatária do acordo na Bolívia, a Câmara de Indústria, Comércio, Serviços e Turismo de Santa Cruz (Cainco), Luis Fernan-

do Barbery, acredita que “esta aliança possibilita ampliar e fortalecer a vocação integradora dos mercados, num mundo globalizado, onde as empresas precisam transcender as fronteiras dos países para dinamizar o comércio e as iniciativas empresariais”. Contexto Na última década, a visibilidade do Brasil no cenário internacional cresceu notadamente por um conjunto de motivos relacionados à sua expansão econômica, seu potencial social e ambiental e uma política externa contínua e coerente. Esse contexto, aliado à consolidação da democracia e à adoção de políticas que se tornaram referência mundial, credenciou o Brasil a se transformar em um prestador de cooperação técnica. O Brasil passou a ser observado e estudado em suas políticas públicas exitosas, passando a atuar como case de sucesso de know-how e tecnologia. O foco central do Brasil passou a ser a atuação em países em desenvolvimento, como os africanos e os latino-americanos, onde há ações nas áreas de saúde, educação, agricultura e outros setores. No setor público, a cooperação técnica já é uma ideia disseminada, com a ampla participação do governo federal, principalmente após a criação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), ligada ao Ministério das Relações Institucionais, em 1987. Entretanto, esse modelo de trabalho ainda é novidade para o setor privado brasileiro.

Bolívia Na Bolívia, a Cainco, parceira da CACB na execução do projeto, é a principal entidade empresarial do país com mais de 2 mil associados e quase 100 anos de existência. É também a instituição que responde pela Secretaria Geral do ICC – International Chambers of Commerce na Bolívia. O lançamento do projeto brasileiro repercutiu, principalmente, nos jornais bolivianos. O principal segmento que será trabalhado na Bolívia é o do agronegócio, de acordo com a própria Cainco, com envolvimento da cadeia de supermercados, bares e restaurantes. O país também deve atuar para uma maior aproximação com a CACB, a fim de oferecer benefícios aos empresários associados por meio da Red de Cámaras, que congrega entidades de seis países da América do Sul.

Peru No Peru, o parceiro é a Câmara de Comércio de Lima (CCL), que reúne mais de 12 mil associados e tem uma das câmaras de mediação e arbitragem mais fortes das Américas. Será trabalhado, principalmente, o segmento da indústria da confecção. Além da visita à CCL, a equipe da CACB conheceu o polo de Gamarra, área que reúne mais de 17 mil empreendedores e emprega cerca de 100 mil pessoas no segmento da confecção. O grupo também assistiu à exposição do ex-presidente Lula, em evento promovido pela Câmara Binacional de Comércio e Integração Peru Brasil (Caperbrtas) e pelo Grupo Brasil, que reúne grandes empresas com interesses comerciais no país.

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EVENTO

CACB debate em seu 23º Congresso o

“Brasil de Soluções” O encontro, marcado para Porto de Galinhas (PE), nos dias 12 e 13 de setembro, no Summerville Beach Resort, terá quatro eixos principais: desburocratização, substituição tributária, crédito e gestão

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rasil de Soluções será o tema do 23º Congresso da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB). O evento, que vai acontecer nos dias 12 e 13 de setembro, no Summerville Beach Resort, em Porto de Galinhas (PE), escolheu um tema paralelo aos acontecimentos que marcaram ruas, redes sociais e meios de comunicação de massa em 2013. Os quatro eixos que guiam a programação desta edição do Congresso CACB são a desburocratização, a substituição tributária, o crédito e a gestão. Além de ouvir os filiados e trazer soluções para seus anseios, o Congresso busca estabelecer fórmulas de ajuste que deem firmeza e segurança ao setor, tendo em vista seu papel na economia brasileira de garantir e sustentar o crescimento. “Nossa preocupação é alinhar a comunicação com nossos filiados em todos os seus aspectos, pois como entidade representativa dos empreendedores dos mais diversos segmentos da economia – desde o agropastoril, passando pela indústria, chegando ao comércio e ao de serviços – garantimos o reconhecimento através das parcerias estabelecidas”, garante José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da CACB.

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Empresa Brasil

Último Congresso realizado em Belém do Pará reuniu cerca de 1.500 pessoas A entidade abriga 4,5 milhões de associados, sendo a maioria absoluta de micro e pequenos empreendedores. Está presente em todos os Estados e em quase todos os municípios que têm atividade econômica relevante. A CACB opera vários projetos, como o Empreender, promovido em parceria com o Sebrae, que utiliza a capilaridade da confederação, para chegar aos micro e pequenos empreendedores; o Integra, que oferece cursos aos associados nas 12 capitais onde serão realizados os jogos da Copa do Mundo de 2014; e a Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem (CBMAE), que desafoga o número de processos para serem julgados no Judiciário nas causas de mediação e arbitragem oriundas de

conflitos econômicos. “Todos os nossos programas são voltados à qualificação da gestão e à sustentabilidade para atender a prioridades de crescimento lastreadas em boa gestão e amparadas pela prestação de bons serviços aos associados”, explica Cairoli. Um dos resultados de todo Congresso da CACB é um documento que, lido e aprovado em plenário, traduz as expectativas dos empreendedores e traça um cenário sobre sua performance. O documento, que neste ano levará o nome de Carta de Porto de Galinhas, é formalmente entregue ao governo federal, aos deputados e aos senadores, para que tomem conhecimento do pensamento dos que fazem a economia acontecer.


PROGRAMAÇÃO Eventos paralelos também estão na pauta do Congresso. Na quintafeira (12), após o credenciamento, acontecem o 11º Encontro Nacional do Empreender e o 8º Workshop de Mediação e Arbitragem. Também serão realizados o Encontro do Progerecs para Presidentes, Executivos e Comerciais do Sistema CACB, o 10º Encontro Nacional das Mulheres Empresárias e o Encontro do Integra. Na parte da tarde, um encontro com o jurídico das Federações, para troca de experiências e alinhamento. Após a apresentação de cases de sucesso, no dia 12, será realizada a abertura oficial com a presença do Presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli; do ministro da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos; da Presidente da Facep, Jussara Barbosa;

e do governador do estado de Pernambuco, Eduardo Henrique Accioly. Na sexta-feira (13), o ministro Afif abre o dia falando sobre o “Brasil de Soluções – Como atingir esta meta”. Em seguida, o painel “Substituição Tributária – um obstáculo de desestímulo” com os presidentes da Comissão da Frente Parlamentar das Micro e Pequenas Empresas, deputado Pedro Eugênio; do Sebrae nacional, Luiz Barreto; do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), com a participação do empresário pernambucano, Djalma Farias Cintra Jr. Depois de uma palestra sobre Desburocratização, os presidentes de Câmara de Comércio da Bolívia, Peru, Colômbia e Portugal participam do painel que vai debater o papel das entidades empresariais na

promoção do desenvolvimento local. O crédito para as MPEs também ganhou espaço com a participação do presidente do Banco do Nordeste do Brasil, Ari Joel de Abreu Lanzarin; do vice-presidente de Agronegócios e MPEs do Banco do Brasil, Osmar Dias, mediada pelo presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli. Na sequência, o economista Paulo Rabelo de Castro fala sobre “O caminho para o crescimento passa pela micro e pequena empresa”. O encerramento está previsto para às 18h15min, com a leitura do documento final do Congresso que leva o nome de Carta do local onde o encontro é realizado. Leia mais informações sobre o evento e faça sua inscrição no site do 23º Congresso CACB.

PACOTES Porto de Galinhas já foi eleita pela revista Viagem e Turismo, da Editora Abril, a “Melhor Praia do Brasil” por 10 vezes consecutivas. Localizada no município de Ipojuca, a 65km ao sul do Recife (PE), a praia tem 14km de litoral, margeados por milhares de coqueiros. A temperatura média da água do mar e das piscinas naturais é de 28 ºC. Os pacotes oferecem apartamentos Standard de 37 m², no hotel Summerville Beach Resort, podendo acomodar até quatro pessoas (dois adultos e duas crianças). Inclui pas-

sagens aéreas de ida e volta em voo TAM, três noites de hospedagem com pensão completa, transfer aeroporto/hotel/aeroporto e inscrição para o Congresso CACB. Os valores se alteram de acordo com a cidade de partida, variando entre R$ 1.915,05 e R$ 3.778,98 por pessoa em apartamento duplo. As tarifas não implicam bloqueios e estão sujeitas a disponibilidade e reajuste sem prévio aviso. Faça já sua inscrição Confira a programação completa em: www.cacb.com.br

Summerville ocupa uma área verde de 70 mil metros quadrados

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VAREJO

Vem aí a era do m-payment Medida Provisória que abriu caminho para a regularização das transações financeiras por meio do celular no país abre um leque de oportunidades para vários segmentos

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ma série de vantagens para quem vende e para quem compra. É dessa forma que os especialistas definem o mobile payment, modelo de pagamento e transações financeiras pelo celular, cuja norma, estabelecida pela Medida Provisória 615, de 20 de maio passado, fixou o prazo de 180 dias para o BC estipular as condições que guiarão o setor, incluindo a definição ou não de limites para as transações. Quem vende poderá aproveitar melhor o tempo da sua equipe. Em um bar ou restaurante, por exemplo,

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Empresa Brasil

não haverá a necessidade do deslocamento até a mesa do cliente para que o pagamento seja efetivado. Com isso, se economizará tempo e custos de locação de equipamentos, além de reduzir filas. Outro ganho é o histórico de compras obtido por meio do mobile payment, cujos dados poderão ser usados no relacionamento da empresa com o seu público. Já para quem compra, existe a vantagem de realizar os pagamentos com o celular, de forma rápida, prática e segura. Outra é a possibilidade de acompanhar os gastos de forma

organizada por um aplicativo atrelado ao método de pagamento mobile. No caso do comércio há duas principais vantagens: praticidade e economia. A primeira porque oferece mais um meio de pagamento para os clientes. Com menos filas e menos burocracia, haverá maior incremento do check-out e maior estímulo de venda: se é mais fácil de pagar, as pessoas compram mais. A segunda é a economia para o comerciante. Com a popularização dos meios móveis de pagamento, as lojas precisarão investir menos em funcionários, back office e treinamen-


to, avalia Victor Silveira, cofundador da plataforma de pagamento online Pagapramim, de Porto Alegre. Na área de marketing e gestão de dados, as empresas poderão ganhar um poderoso aliado para o desenvolvimento de ações segmentadas de marketing online – o que permitirá uma melhor compreensão do perfil de compra de seu público – graças às informações passadas pelos usuários, as quais serão facilmente geridas por um CRM, acrescenta Silveira. “Trata-se de um universo extremamente promissor, com tecnologia já disponível, que permitirá a inclusão financeira de milhões de brasileiros, que passarão a contar com os benefícios inerentes aos meios eletrônicos de pagamento: segurança, praticidade, conveniência, agilidade, redução de custos, combate à informalidade, entre outros”, aponta a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs).

Pouco presente em aparelhos no Brasil e ainda sendo testada por bancos e operadoras de cartões de crédito, a tecnologia Near Field Communication (NFC) permite efetuar pagamentos encostando o celular nas máquinas de cartões. Os aparelhos têm um chip transmissor embutido, que contém as informações bancárias do usuário, e a transação é feita por meio de um aplicativo instalado no aparelho. Tais aplicativos podem ser de bancos ou facilitadores de pagamento como o Pay Pal Mobile. Segundo uma pesquisa da consultoria Gartner, o número de usuários de pagamentos com o uso de dispositivos móveis no mundo todo deve chegar a 245,2 milhões em 2013, contra 200,8 milhões no ano passado. Além disso, deve movimentar US$ 235,4 bilhões neste ano, o que representa crescimento de 44% em relação a 2012, segundo dados do portal do comércio.

Os cases do shopping Leblon e da Starbucks No Brasil, já existem alguns exemplos bem-sucedidos de pagamentos por meio de celulares. O shopping Leblon, no Rio de Janeiro, desenvolveu um aplicativo mobile para o pagamento do seu estacionamento. Em vez de o cliente precisar validar o ticket em lugares específicos, basta escanear o código de barras com a câmera do smartphone e pagar usando o cartão de crédito, que já estava vinculado ao aplicativo. Isso trouxe praticidade para os donos dos mais de 82 mil carros que passam pelo shopping todo mês, gerou uma grande economia de papel para o shopping e reduziu o tempo de filas. Ainda em 2012, a Starbucks e a empresa Square, especializada em m-payment, lançaram um serviço de pagamentos móveis. Clientes Starbucks que possuem o aplicativo nos iPhones ou Androids podem pagar pelo celular e apenas apresentar no caixa um código de barras gerado pelo próprio aplicativo quando o pagamento for efetivado.

Operadoras formalizam parcerias Entre as operadoras, está a Vivo, que se aliou recentemente com a Mastercard para a criação do Zuum, que promete ser uma alternativa para quem deseja realizar transações financeiras sem a necessidade de uma conta corrente ou um cartão de crédito. A Cielo uniu suas forças com a Oi para soluções usando o protocolo sem fio NFC, através do Oi Carteira. Já a TIM está desenvolvendo soluções em conjunto com o Bradesco. A Claro Brasil é outra que firmou acordo com o Bradesco.

Banco do Brasil já opera com pagamento móvel O Banco do Brasil vem desenvolvendo sua plataforma de pagamento móvel junto com a operadora de telefonia Oi. A parceria é a única do mercado que já opera com as funções crédito, pré-pago e mobile payments. O mais recente lançamento da parceria aconteceu em maio deste ano, com o Oi Carteira, uma novidade que juntou o pagamento móvel e o cartão pré-pago. Agosto de 2013

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LIVROS

A gastronomia do olhar

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x-ministro do Supremo Tribunal Federal, o professor Eros Grau resolveu curtir a sua aposentadoria em companhia de sua mulher em Paris. Mais precisamente no quartier Saint-Germain-des-Prés, que também é o nome do título de seu mais recente livro, todo ele dedicado ao hábito de flanar na Cidade Luz. Derivada do verbo francês flâner, flanar, segundo ensina o Dicionário Aurélio, significa caminhar sem rumo e sem pressa, com paradas rápidas para apreciar o modo de vida parisiense ou para tomar um espress em um dos legendários bares locais. Enquanto em lugares como Miami a preferência é flanar nos shopping centers, flanar pelas ruas de Paris é instintivo. É a gastronomia do olhar, segundo lembra o autor, citando Balzac. Eros Grau usa a sua respeitável cultura humanista e vivência para presentear o leitor com saborosas crônicas e pequenas histórias sobre os mais variados temas, num rol que inclui desde livrarias, sebos, bares e restaurantes até jornais, hotéis, ruas e bairros, tudo isso sustentado por uma extensa bibliografia. Em um desses textos, o orgulhoso morador do Saint-Germain-des-Prés narra algumas das idiossincrasias da famosa brasserie Lipp, localizada no coração do bairro que se desenvolve à volta da igreja com o mesmo nome, na margem esquerda do Sena, ligado à vida intelectual da cidade. Ficamos sabendo, por exemplo, que não é uma simples excentricidade o fato de o relógio da sala principal estar sistematicamente sete minutos adiantado. Há uma razão. É o tempo exato para os senadores alcançarem o Senado e os deputados a Câmara, equidistantes do Lipp, sem atrasos em seus compromis-

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Empresa Brasil

sos – o que permite perceber o tipo de público que o local recebe. Outra revelação é o peculiar critério adotado pela casa para a distribuição dos clientes, por meio do qual você tomará consciência de sua reputação, segundo a posição, nas salas que lhe forem designadas. Se o gerente perceber que você tem cara de turista e disser que há uma espera de mais de 40 pessoas, então você estará ciente de que não é grato à casa. Mas se você for tido como razoável, será enviado ao 1º Andar, o “inferno”. Se você for “da casa”, o homem lhe dirá que a espera é de “dois minutos” – esse é o código, mas poderá levar mais do que isso, dez minutos ou mais. Os bem-considerados ocupam as salas da frente, diante do caixa, em que é comum encontrar políticos, artistas, escritores, cineastas e atores conhecidos. Aliás, Eros Grau usa uma de suas próprias incursões ao Lipp para narrar o engraçado encontro com o ator Jean Paul Belmondo acompanhado de seu cachorro, em companhia de um amigo. Encantada com o cachorro, a mulher do professor conversou o tempo todo com o amável ator sem, no entanto, reconhecê-lo. Foi somente depois de sua despedida de maneiras cativantes que ela ficou sabendo pelo professor com quem falara como se fosse uma velha amiga. Diferentemente do folclore muito comum, sobretudo entre os americanos, de que os franceses são antipáticos, Eros Grau mostra que em Paris toda a boa educação, ainda mais falando um pouco de francês, é quase sempre muito bem recompensada com gentilezas tais que você – é claro que em toda a regra há exceções – nem bem deixou a cidade e já estará pensando em voltar.

Em Paris, quartier Saint-Germaindes-Prés, Eros Grau transforma seu amor por Paris e seu bairro mais famoso em saborosas crônicas e histórias, muitas delas com o apuro de um verdadeiro repórter

PARIS, QUARTIER SAINT-GERMAIN-DES-PRÉS Autor: Eros Grau Gênero: Crônica Páginas: 296 Formato: 14cm x 21cm Editora: Globo


ARTIGO

Empresário e contador: uma via de mão dupla Assim como o contador deve tratar os números da empresa de acordo com as leis vigentes, também é obrigação do administrador da empresa manejar suas contas de forma apropriada Dora Ramos*

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om muitos anos de experiência na área contábil, já vi dezenas de atritos entre escritórios de contabilidade e empresários. Em algumas situações, o cliente estava com a razão. Nesses casos, o assessor contábil, por algum motivo, havia deixado algum dado passar ou não tinha feito seu trabalho de forma completa, mas também ocorrem erros do cliente, que esperava soluções milagrosas ou reparos impossíveis em contas que já chegavam até nós incorretas, por falta de organização administrativa ou até ausência de pessoal qualificado para atender a essa demanda. A partir dessas observações, entendi que a relação entre contadores e empresários só pode ser saudável e produtiva se ambas as partes agirem com ética e respeito. Assim como o contador deve tratar os números da empresa de forma correta, tanto de acordo com as leis vigentes como com a sua ética pessoal, também é obrigação do administrador da empresa manejar suas contas de forma apropriada, fazendo com que aquilo que vai para a mão do contabilista esteja sempre correto, pois mesmo que receba informações errôneas, elas não podem

ser modificadas ou remanejadas, já que os números não mentem e, atualmente, a tecnologia vigia e fiscaliza constantemente. A responsabilidade dos profissionais contábeis é a de orientar e informar o administrador. Na sequência, ordenar, organizar e processar os dados recebidos, além de tirar resultados deles, de maneira que essas informações tornem-se um ponto de apoio e de tomada de decisão para o administrador. Qualquer expectativa diferente por parte dos gestores pode gerar insatisfação e descontentamento para ambos, contador e empresário. Alguns gestores possuem imperfeições em sua administração que prejudicam a relação com o escritório de contabilidade e, consequentemente, o trabalho apresentado pelo contador. São várias atitudes que demonstram falta de compromisso com o contabilista, como pagamentos atrasados, informações incorretas, falta de cobrança ou de atenção ao trabalho prestado pela assessoria contábil. Para esses problemas, a solução não pode vir apenas do contador, a relação com o cliente deve ser uma via de mão dupla, ou seja, o empresário deve se conscientizar do seu papel e dar o primeiro passo no trabalho conjunto a ser realizado com seu contador.

Há aqueles clientes que esperam o melhor do contabilista, cobram, pedem por resultados e não o deixam perdido e sem rumo no meio do mar de números de uma empresa, mas, para isso, fornecem a matéria-prima necessária para que o resultado devolvido seja excelente. Esse contato entre empresário e contador só dá certo quando o primeiro manda informações, fica à disposição para se reunir e administra a empresa de maneira apropriada. Já o contabilista deve sempre receber as informações e trabalhá-las com esforço, respeito pela lei e pela empresa para a qual presta serviço. Isso resume um pouco da ética de trabalho de muitos profissionais contábeis: esperar pelo melhor dos clientes para poder fornecer excelência em troca. Por isso, minha recomendação para empresários que trabalham suas contas com um contador é que sempre valorizem e olhem para esse ofício como algo importante, significativo dentro da empresa. Assim, a relação se solidifica e os resultados apresentados melhoram, pois todos sabem que números e valores bem calculados salvam os gestores de muitas dores de cabeça do mundo empresarial. *diretora do Escritório Pharos de Contabilidade (SP). Agosto de 2013

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