Revista Empresa Brasil 90

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Empresa

Brasil

Ano 10 l Número 90 l Janeiro de 2013

2013 um ano decisivo para a economia brasileira

Depois de dois anos consecutivos de PIB medíocre, Brasil corre o risco de ficar fora da elite dos países emergentes

MPES BATEM RECORDE DE VENDAS PARA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM 2012


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2011/2013 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Djalma Farias Cintra Junior - PE Jésus Mendes Costa - RJ José Sobrinho Barros - DF Luiz Carlos Furtado Neves - SC Rainer Zielasko - PR Reginaldo Ferreira - PA Rogério Pinto Coelho Amato - SP Sérgio Roberto de Medeiros Freire - RN Wander Luis Silva - MG VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTE ESTRATÉGIGO Edson José Ramon - PR DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Rainer Zielasko Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: Kennedy Davidson Pinaud Calheiros Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Jussara Pereira Barbosa Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Nilton Ricardo Felgueiras Faria e Sousa Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SAI Quadra 5C, Lote 32, sala 101 Cidade: Brasília CEP: 71200-055

CONSELHO FISCAL TITULARES Jonas Alves de Souza - MS Marcito Aparecido Pinto - RO Pedro José Ferreira - TO

Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Amarildo Selva Lovato Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700

CONSELHO FISCAL SUPLENTES Alexandre Santana Porto - SE Leocir Paulo Montagna - MS Valdemar Pinheiro - AM

Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Ubiratan da Silva Lopes Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110

CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Avani Slomp Rodrigues CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Marduk Duarte COORDENADORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS Luzinete Marques COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL fróes, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes Rejane Gomes Thais Margalho COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Domingos Sousa Silva Júnior Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco- São Luís- Maranhão CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Antônio Freire Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Olavo Rogério Bastos das Neves Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Itamar Manso Maciel Júnior Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: Ricardo Russowsky Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Gerçon Szezerbatz Zanatto Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Alexandre Santana Porto Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

Um ano crucial para a economia brasileira

F

oram várias as tentativas do governo ao longo de 2012 no sentido de estimular o crescimento da economia. Infelizmente, apesar do otimismo do ministro da Fazenda, Guido Mantega, todas foram em vão. E mesmo a mais pessimista das previsões acabou ficando muito além da realidade do PIB brasileiro, que, segundo antecipou o boletim Focus, do Banco Central, deverá ficar abaixo de 1%. Dado o desempenho da economia nesses dois últimos anos, em que o PIB teve um resultado medíocre, 2013 tornou-se um ano crucial não somente para o partido que detém o poder no Brasil. Muito mais relevante do que isso é a necessidade de manter o país no rumo certo. Com um PIB crescente, há maiores probabilidades de reduzir a desigualdade social, de gerar empregos e atrair mais investimentos. Já uma economia que apresenta um PIB em queda sinaliza maus augúrios, entre esses – o mais grave – a instalação progressiva de um ambiente de desconfiança altamente nefasto aos negócios e a tudo aquilo que deles se origina. É nessas horas que se revelam os verdadeiros líderes pragmáticos imbuídos de preceitos éticos, mas nunca fanatizados por ideologias. Nesse sentido, a equipe econômica tem uma grande oportunidade para consertar tudo o que há de errado no atual modelo adotado pelo governo. Em vez de privilegiar o consumo, a hora é de apertar os cintos e partir para uma série de medidas realmente reformadoras. O certo é que o Brasil dispõe de grande potencial de crescimento, entretanto o caminho para isso inclui não somente a reforma dos gastos públicos, mas também as chamadas reformas estruturais necessárias para ampliar a produtividade e a competitividade, sem falar no estímulo à poupança interna. É justamente em função desse quadro que a CACB deverá retomar, em 2013, uma de suas bandeiras mais importantes, ou seja, a instituição de um novo sistema tributário. Devido à banalização da chamada “reforma tributária”, a CACB propõe uma nova mobilização em favor não somente da simplificação dos tributos no Brasil, mas da rediscussão sobre o sistema como um todo. De outra parte, o governo federal precisa reduzir o grau de intervenção na economia, sob pena de ampliar o grau de incertezas dos empreendedores para além daquelas que são típicas da dinâmica dos próprios mercados. Tome-se, por exemplo, a questão da infraestrutura como um dos fatores de desenvolvimento do PIB. Sabe-se que o Brasil investe anualmente em infraestrutura pouco mais de 2% do PIB e que outros países latino-americanos, como Chile e Colômbia, investem algo entre 5% e 6% do PIB. E a economia desses países está crescendo a taxas de 5% ao ano, enquanto nós temos de recorrer a incontáveis pacotes para tentar crescer 2%. Diante desse quadro, é fácil constatar que precisamos pelo menos dobrar o nosso investimento em infraestrutura como proporção do PIB. Se o fizermos, creio que não é demais imaginar que nossa taxa potencial de crescimento anual possa aumentar de um ponto percentual ou até mais. O que nos falta é exatamente uma maior clarividência sobre as verdadeiras variáveis que conduzem ao crescimento da economia.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

Janeiro de 2013

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ÍNDICE

8 CAPA

3 PALAVRA DO PRESIDENTE

18 DESTAQUE CACB

Dado o desempenho da

Conaje completa 15 anos e

economia nesses dois últimos

mostra a força dos jovens

anos, em que o PIB teve um

empresários.

resultado medíocre, 2013

14 FEDERAÇÕES

22 COMÉRCIO EXTERIOR

tornou-se um ano crucial no

20 NEGÓCIOS

sentido de manter o país no

MPEs têm recorde de vendas

rumo certo.

para a administração pública.

5 PELO BRASIL

22 COMÉRCIO EXTERIOR

Brasileiros pagaram R$ 1,55 tri

Saldo da balança comercial tem

em tributos em 2012.

o pior desempenho desde 2002.

8 CAPA

24 INVESTIMENTOS

Em 2013, status do Brasil como

Empresas chinesas ampliam

país do Bric está em xeque.

aposta no mercado brasileiro.

12 CASE DE SUCESSO

26 EMPREENDEDORISMO

Núcleo de Arquitetura da

Até que ponto funciona a

Associação Comercial de Maceió

teoria das 10 mil horas.

investe no mercado de luxo

14 FEDERAÇÕES

Bancos têm prazo para

Inovação é a chave para

cumprir disposições do

aumentar a competitividade, diz

Cadastro Positivo.

EXPEDIENTE

Pedro José Ferreira, presidente

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Goodluz/Fotolia.com Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Thaís Margalho, Carina Jung e Rejane Gomes Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br Impressão: Arte Impressa Editora Gráfica Ltda. EPP

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Empresa Brasil

28 CRÉDITO

da Federação das Associações

30 LIVROS

Comerciais e industriais do

Os desafios da Petrobras

Estado do Tocantins.

diante do pré-sal.

17 CBMAE

30 ARTIGO

Entregue no Rio a 2ª Edição do

Os Desafios da Infraestrutura,

Prêmio Conde dos Arcos.

por Armando Castelar.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Cooperativas e empresas recebem consultoria do Sebrae


PELO BRASIL

Empresários debatem aumento de impostos com prefeito de Dourados (MS) Descontentes com as alterações na Lei do Código Tributário de Dourados (MS), empresários da Associação Comercial convidaram o prefeito municipal, Murilo Zauith, e seus secretários para buscar soluções para projetar o desenvolvimento da cidade sem exorbitar na cobrança dos impostos e taxa. A partir de uma alteração aprovada na Câmara de Vereadores, seriam reajustados impostos sobre propagandas em geral, como outdoors e letreiros nas fachadas das lojas. A

medida também atinge taxistas, mototaxistas, ciclistas e carroceiros que utilizam esses meios de transporte como trabalho. Atualmente um mototaxista paga R$ 36 por ano para trabalhar. Com o aumento, esse valor saltaria para R$ 200. Já o taxista, que paga R$ 78, terá que desembolsar R$ 500. Após escutar o apelo dos presentes, o prefeito solicitou ao presidente da Aced que as entidades entreguem posteriormente sugestão de alteração nos valores da Lei Complementar.

Prefeito de Dourados, Murilo Zauith, participa de reunião de empresários para debater o ‘tarifaço’

São Paulo ganha 21ª Câmara de Mediação e Arbitragem A 21ª Câmara de Mediação e Arbitragem do Estado da rede CACB/CBMAE em São Paulo foi instalada no início de dezembro na Associação Comercial e Industrial de São José do Rio Pardo. Na ocasião, também foram entregues os certificados dos especialistas em Mediação e Arbitragem que fizeram o curso de especialização. Participaram da solenidade o presidente da associação, Izonel Tozini, o prefeito municipal, João Luís Cunha, e a vereadora Rosangela Berti, que representou a Câmara de Vereadores, além dos consultores da CBMAE.

Brasileiros pagaram R$ 1,55 tri em tributos em 2012 Uma das principais bandeiras da CACB em 2012 foi a necessidade de uma urgente reforma tributária. Até o fechamento desta edição, o país tinha arrecadado

cerca de R$ 7,5 trilhões em impostos – o equivalente a 2,3 trilhões de salários mínimos –, dos quais a União foi responsável por 70% da arrecadação.

A carga tributária, correspondente a 35% do PIB, ainda é associada a um péssimo retorno em serviços públicos, conforme estudo do Instituto Brasileiro de Plane-

jamento Tributário (IBPT). Em 2012 foram necessários 252 dias para a arrecadação chegar à marca do trilhão, 15 dias antes da de 2011 e mais cedo a cada ano.

Janeiro de 2013

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PELO BRASIL

Rede Verde e Amarela passa a realizar reuniões semanais de gestão Em 2013, a rede Verde e Amarela, convênio assinado entre a Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e a Boa Vista Serviços (BVS) para a prestação de inúmeros serviços dentro do Programa de Geração de Receitas e Serviços (Progerecs) – entre os quais o de proteção ao crédito –, passa a realizar reuniões semanais de planejamento e execução. A partir desse boletim as decisões e o cronograma do convênio poderão ser acompanhados mais de perto.

Equipes da CACB/Progerecs e BVS traçaram estratégias de crescimento

Governador Eduardo Campos é homenageado na associação comercial de Caruaru O encerramento das atividades de 2012 na Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (Acic), em Pernambuco, contou com a presença de autoridades como o governador, Eduardo Campos, o vice, João Lyra Neto, o deputado federal Wolney Queiroz e o vice-prefeito de Caruaru, Jorge Gomes. A noite de homenagens elegeu os empresários Luciano Ferreira, Rodrigo Pinheiro e Luzinete Lemos, respectivamente, para os prêmios de Empresário do Ano, Jovem Empresário do Ano e Executiva do Ano.

Governador Eduardo Campos participou da confraternização empresarial em Caruaru

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Empresa Brasil

Ações sociais movimentam Rondonópolis (MS) Ao longo de 2012, a Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Rondonópolis (Acir), no interior do Mato Grosso, realizou diversas ações em prol do bem-estar da sociedade. Foram duas doações para o Hospital de Câncer, campanhas de educação no trânsito, campanhas de reciclagem e educação ambiental. Para o presidente da Acir, Edson Ferreira, o papel da entidade é também o de promover o fortalecimento da comunidade. As ações socioambientais objetivam contribuir com uma sociedade mais justa e mais organizada, e a Acir acredita na união de esforços. Para tanto, sempre está à disposição para promover e auxiliar em projetos que tenham em sua definição o incentivo ao esporte, o cuidado com o meio ambiente, a melhoria da saúde da população e em tudo que for importante para transformar a cidade num lugar melhor para viver.

Acir promoveu maratona em Rondonópolis


O presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, entre outras autoridades, recebeu a 18ª edição do Prêmio Líderes & Vencedores. O evento é promovido em conjunto pela Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul) e pela Câmara Legislativa desde 1995. O Prêmio tem por objetivo valorizar o sucesso e destacar o êxito de personalidades, empresas e projetos sociais e culturais edificadores para o Rio Grande do Sul. As comissões indicadoras e julgadoras escolheram 12 personalidades e projetos nas categorias empresarial, política, cultural e comunitária. Os agraciados com o Prêmio Líderes & Vencedores 2012 são os seguintes. Categoria Mérito Político: José Ivo Sartori, Tarso Genro e Marco Maia; Categoria Sucesso Empresarial: José Paulo Dornelles Cairoli, Walter Lídio Nunes, Oskar Coester; e Categoria Destaque Comunitário: Projeto Mão Amiga (Caxias do Sul), ACM Vila Restinga Olímpica e Centro Social Marista Cesmar.

Foto: Ivan Andrade

Federasul e Assembleia Legislativa entregam prêmios Líderes & Vencedores 2012

Os presidentes da Federasul, Ricardo Russowsky, e da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputado Alexandre Postal, anunciam os vencedores do 18º Prêmio Líderes & Vencedores

Núcleo setorial promove curso de marcenaria em Toledo (PR) A partir de uma parceria entre a Associação Comercial e Empresarial de Toledo (Acit) e o Senai, será viabilizado um curso destinado a oportunizar a iniciação profissional aliada à formação cidadã, convergindo a demanda da indústria para a necessidade de inclusão de profissionais. O curso será gratuito, destinado a pessoas que não estejam empregadas, com idade mínima de 16 anos e que tenham concluído pelo menos até a quarta série do ensino fundamental. No total serão 160 horas de aulas, e ao final o aluno deverá ser capaz de auxiliar na montagem e

desmontagem de móveis, realizar pequenos reparos, instalar e substituir puxadores, dobradiças e fechaduras, ajustar portas, gavetas e acessórios em geral, realizar acabamentos de superfícies em móveis e restaurar peças imobiliárias. As aulas terão início em 18 de fevereiro e serão realizadas na oficina de marcenaria da Aldeia Infantil Betesda, às segundas, quartas e sextas-feiras, das 18h30 às 22h40. As inscrições podem ser feitas na Acit, pelo telefone (45) 3055-4635, ou pelo e-mail empreender@acit. org.br, e também no Senai, pelo telefone (45) 3379-6150.

A falta de mão de obra qualificada na área de marcenaria foi debatida em Encontro Empresarial

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CAPA

O Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (incorporada recentemente) – é um grupo heterogêneo de países com diferentes sistemas políticos

Em 2013, status do Brasil como país do Bric está em xeque Depois de dois anos consecutivos de crescimento medíocre do PIB, analistas preveem uma recuperação em 2013; entretanto, se isso não acontecer, país ficará fora da elite dos emergentes

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Empresa Brasil

A

pesar de uma séria sucessiva de pacotes de estímulo ao consumo lançados pelo governo, em 2012 a economia brasileira ficou longe das projeções do ministro da Fazenda, Guido Mantega, que, no início do ano, previu um crescimento de 4%. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, o mercado encerrou o ano estimando que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) ficou abaixo de 1%. Os analistas consultados previram que o PIB do ano passado teria uma expansão de 0,98%, mas a perspectiva para 2013 foi mantida em 3,3%.

Segundo dados de pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), na comparação do PIB do Brasil de 2012 com os outros integrantes do Brics, a China se destaca como o país com o maior crescimento, 7,5%. Na sequência, a Índia aparece com um crescimento de 4,5%, contra 3,4% da Rússia e 2,6% da África do Sul. “Em 2013, o Brasil deve enfrentar uma encruzilhada econômica: ou o país volta a crescer de forma acelerada – no patamar dos 3% ou 4% –, ou até seu status de ‘Bric’ começará a ser questionado”, afirmou à BBC


Brasil o analista Jim O’Neill, do banco Goldman Sachs. Foi O’Neill quem criou, em 2001, o acrônimo Bric para designar as nações emergentes que em 2050, segundo suas previsões, igualariam seu peso econômico ao de países do mundo rico. Otimista com o potencial de crescimento do Brasil a partir de 2013, O’Neill afirmou que o país deve voltar a crescer, alcançando um crescimento de 4% a 5% já em 2014. Para ele, as medidas de estímulo econômico aprovadas pelo governo no segundo semestre de 2012 devem ser suficientes para impulsionar o PIB em 2013. Ele faz referência a desoneração de alguns setores e a desvalorização do real, além da queda da taxa básica de juros (Selic) de 12,5%, em julho, para os atuais 7,25%. “Mas se isso não ocorrer e o crescimento brasileiro voltar a decepcionar, como em 2012, o status do Brasil como um país do Bric de fato será colocado em xeque”, disse O’Neill. Wilber Colmerauer, diretor da consultoria Brasil Funding, em Londres, concorda que 2013 é decisivo para a economia brasileira após um ano marcado pelo fim da euforia dos mercados e investidores internacionais em relação ao país. Em 2010, o entusiasmo com o Brasil foi inflado por um crescimento de 7,5% do PIB. A alta de 2,7% de 2011 foi interpretada por analistas como um ajuste sobre o ano anterior – em que o país teria crescido mais que seu PIB “potencial”, de 4%. “Mas neste final de 2012 é possível que haja até um excesso de pessimismo sobre o Brasil, potencializado pelo crescimento menor que 1%”,

diz Colmerauer. Para o analista, para ajustar as expectativas sobre a economia brasileira é importante que em 2013 o país demonstre que tem condições “de iniciar uma trajetória de crescimento sustentável”, em vez de apenas “mais um ciclo curto de expansão” – o que alguns economistas chamam de “voo de galinha”. Entretanto, não há consenso sobre a recuperação da economia brasileira em 2013. O Banco Fator aposta em crescimento de 3,2%, o Morgan Stanley, em 2,8%, e a MB Associados, em 3% a 3,5%. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu de 3,9% para 3,6% a projeção para o crescimento do mundo em 2013. O economista-chefe do Fator, José Francisco de Lima Gonçalves, disse ao jornal O Estado de S. Paulo que esse quadro de menor expansão global vai prejudicar as exportações brasileiras, e a China avançará em um ritmo menos expressivo – o FMI reduziu de 8,4% para 8,2% a projeção para o PIB chinês em 2013.

Jim O’Neill: “Medidas de estímulo econômico aprovadas pelo governo no segundo semestre de 2012, como a desoneração de alguns setores e a desvalorização do real, além da queda da taxa básica de juros, devem ser suficientes para impulsionar o PIB em 2013”

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CAPA Mailson da Nóbrega: “Com a queda da previsibilidade da política econômica é difícil dizer qual desses indicadores – taxa Selic, câmbio e PIB – pode surpreender mais”

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Empresa Brasil

As perspectivas para as exportações contribuíram para Gonçalves cortar de 4% para 3,2% a estimativa para o crescimento brasileiro em 2013, mas ele se mostra mais pessimista em relação ao investimento. Segundo ele, o cenário mundial contamina os planos de investir das empresas pelo temor do impacto no crescimento doméstico. O economista-chefe para o Brasil do Morgan Stanley, Arthur Carvalho, também acredita que a recuperação brasileira em 2013 será limitada pelo cenário externo. “As exportações sofrem, mas o canal mais importante é o do investimento”, diz Carvalho. Ele destaca que as projeções do Morgan Stanley para o mundo são mais pessimistas que as de boa parte dos analistas – para a China, o banco espera crescimento de 7,8% em 2013, abaixo dos 8,2% do FMI. Para os EUA, a aposta é de um avanço de 1,4%, enquanto o Fundo estima 2,1%. Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados, também é cauteloso. Considera 2013 como um ano de transição, dado o quadro negativo do cenário internacional. Mesmo o programa e concessões anunciado pela presidente Dilma Rousseff, segundo ele, ficará em compasso de espera. Bastante otimistas com o desempenho do PIB de 2013, em outubro, o Bradesco e o Itaú, em dezembro, reviram suas projeções. Octavio Barros, economista-chefe do Bradesco, que via espaço para o Brasil crescer 4% em 2013, “ou até um pouco mais”, reviu para 3,5%. “O PIB é a variável que mais pode surpreender. Se, por um lado, há restrições de oferta que podem impedir uma expansão mais forte no médio

prazo, por outro, temos uma economia com um estoque elevado de estímulos acumulados que, diante de um quadro global eventualmente mais favorável do que o imaginado, podem resultar em crescimento maior do que o previsto”, afirmou. Para o Itaú, crescimento do PIB vai ser menor do que o esperado pelo mercado e pelo próprio banco anteriormente. O banco reviu sua projeção de crescimento para a economia brasileira este ano, de 1,5% para 0,9%, e para 2013, de 4% para 3,2%. A revisão teve por base o resultado mais baixo do terceiro trimestre deste ano, quando o PIB cresceu 0,6% sobre o trimestre anterior, quando a previsão era de aumento de mais de 1%. “Com o cenário de fraqueza da atividade econômica, acreditamos que o governo optará por juros menores e câmbio mais depreciado para estimular o crescimento”, diz o relatório da equipe comandada pelo ex-diretor do Banco Central Ilan Goldfajn. Com a queda da previsibilidade da política econômica é difícil dizer qual desses indicadores – taxa Selic, câmbio e PIB – pode surpreender mais, segundo Maílson da Nóbrega. “Quando quase tudo depende da vontade do governo, qualquer cenário é possível, mas nossa previsão é de um PIB abaixo de 3%.”

PIB 2013 País

Previsão de crescimento do FMI

Brasil

3%

Rússia

4%

Índia

6,9%

China

8,2%


Ambiente empresarial de desconfiança inibe investimentos O ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco, acredita que há condições para que o país cresça bem mais em 2013, ao redor de 4%, desde que o ambiente de negócios melhore rapidamente. “Tudo está em aberto para o próximo ano”, afirmou em palestra na Associação Brasileira de Private Equity & Venture Capital em São Paulo. Franco reafirmou a necessidade de o Brasil ter mais investimento por unidade de produção, o que, na sua avaliação, requer mais disposição das empresas a tomar risco e olhar o futuro com mais otimismo. “Várias medidas têm sido feitas, entre elas a redução dos juros, e há um desejo de melhorar o ambiente empresarial, mas o setor privado ainda enxerga os esforços governamentais com certa desconfiança.” Esse ambiente empresarial de desconfiança, segundo Franco, ocorreu “em razão de ambiguidades: se o governo quer ser amigável ou não ao capital e às empresas”. Para Franco, tais dúvidas estão “travando” a ação do setor privado no Brasil. “O que a gente vê pelas emanações do Planalto é que o governo gostaria de reafirmar sua posição prómercado, e estão enganados aqueles que dizem que o governo não é pró-mercado”, destacou. “Mas, se as pessoas estão enganadas, então, por favor, que seja esclarecido. Está me parecendo que está a caminho alguma forma de reafirmação da fé

governamental na economia de mercado e nas empresas.” De acordo com Franco, há várias medidas que podem estimular o ambiente de negócios no Brasil, entre elas a redução da carga tributária e a definição de regras claras e eficientes no aspecto regulatório para vários setores produtivos. “Há agendas positivas para serem feitas. O próprio PT mudou completamente sua forma de atuar na economia de modo a enfrentar melhor os desafios da conjuntura e abandonou os ideais históricos. Já fez isso uma, duas, cinco vezes e pode fazer mais”, disse. “E se o Palácio insiste em dizer que a presidente é pragmática, eu acho que a mensagem é que eles estão dispostos a considerar essas outras coisas de outra maneira, que poderiam ser descritas como uma agenda liberal, empresarial, como factíveis.”

Gustavo Franco: “Há várias medidas que podem estimular o ambiente de negócios no Brasil, entre elas a redução da carga tributária e a definição de regras claras e eficientes no aspecto regulatório para vários setores produtivos”

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CASE DE SUCESSO

Palestra na Associação Comercial de Maceió, com o consultor Carlos Ferreirinha

Núcleo de Arquitetura de Maceió investe no mercado de luxo Núcleo formado por empresas de pequeno porte começou há 16 anos de maneira informal. Um dos principais ganhos é a troca de experiências e o compartilhamento de novidades e inovações

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a reunião informal de um grupo de empresários até a consolidação do Núcleo de Arquitetura, Decoração e Design da Associação Comercial de Maceió foi percorrido um caminho longo de conscientização que nos últimos dois anos tem rendido bons frutos ao mercado local nesse segmento. O ano de 2012 se encerrou com chave de ouro com a realização do Congresso Panamericano de Arquitetos, em novembro, na capital alagoana. Profissionais que compõem o Núcleo participaram e tiveram peças de design

premiadas neste que é o maior evento promovido pela Federación Panamericana de Asociaciones de Arquitectos (FPAA) e que reuniu grandes nomes da arquitetura nacional e internacional. Outro ponto alto foi a realização de palestra, em agosto, na Associação Comercial de Maceió, com o consultor Carlos Ferreirinha, principal referência em gestão do negócio do luxo e premium no Brasil e América Latina. O evento, que reuniu 450 empresários, teve grande impacto no mercado de arquitetura, design e decoração em Alagoas. É para esse mercado de luxo,


com crescimento significativo no Brasil nos últimos anos, que as empresas que integram o Núcleo de Arquitetura estão voltadas. “A palestra foi muito importante porque mostrou que é preciso ter algo mais a oferecer aos clientes e que é necessário pensar no amanhã, na sobrevivência das empresas”, destaca a coordenadora do Núcleo, Suzana Wanderley Gomes de Barros Costa. Participam atualmente do Núcleo de Arquitetura 11 empresas que atuam no mercado de arquitetura, design e decoração. Outras seis não participam tão ativamente do grupo, mas apoiam ações pontuais, segundo Suzana. “Começamos há 16 anos de maneira informal com empresas pioneiras no que fazem. Somos formados por empresas de pequeno porte que trabalham com produtos diferenciados”, explica. Um dos principais ganhos é a troca de experiências entre as empresas e o compartilhamento das novidades e informações obtidas em viagens e cursos feitos por seus integrantes. A formalização do grupo aconteceu em 2009 e, alguns meses depois, o Núcleo de Arquitetura foi responsável pela organização da primeira MilanoMostraAlagoas (MiMostra), realizada em Milão, na Itália. O evento aconteceu em 2010 simultaneamente à mais importante feira do mundo de arquitetura, decoração e design, fazendo com que pela primeira vez obras de arquitetos brasileiros pudessem ser vistas durante a semana de arquitetura mais influente do setor. A mostra reuniu trabalhos de 24 profissionais alagoanos premiados pelo Núcleo de Arquitetura de Maceió.

Palestra O Negocio do Luxo reuniu 450 empresários do setor em Alagoas

Grupo conta com suporte do Empreender Há seis anos, o grupo conta com o suporte do programa Empreender, que tem ajudado a difundir desde então as ferramentas de gestão e de associativismo. A consultora do Empreender para Alagoas, Cléa Mascarenhas, afirma que a adesão ao programa foi responsável sobretudo pelo fortalecimento do associativismo entre as empresas. “Já existiam ações do grupo, mas não com o espírito do associativismo”, ressalta. Nos últimos dois anos (2011 e 2012), as atividades do Empreender junto ao Núcleo tiveram foco na gestão, com a capacitação dos empresários, qualificação dos funcionários e consultoria financeira. Ela destaca que as empresas trabalhavam bastante a questão do marketing das lojas e esqueciam de aspectos de gestão. Como exemplo, cita o caso de uma empresa que mantinha duas lindas lojas em Maceió, sendo que uma delas sempre fechava o mês no vermelho. A partir de um estudo, verificou-se que não havia necessidade de manter as duas lojas e, com isso, a empresa investiu na ampliação daquela que estava dando bons resultados. Uma das principais dificuldades diz respeito à qualificação de profissionais. É comum as empresas investirem na capacitação de funcionários e, depois de algum tempo, esse profissional deixa o emprego, tendo a empresa a necessidade de recomeçar o trabalho. Por isso, o Núcleo estuda criar uma espécie de banco de profissionais preparados para serem acionados sempre que necessário.

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FEDERAÇÕES

Inovação é a chave para aumentar a competitividade Empresário da indústria de móveis há mais de 20 anos, Pedro José Ferreira é presidente da Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado do Tocantins (Faciet) e conselheiro do Sebrae no estado. Atualmente, a entidade organiza 22 associações comerciais e cerca de 10 mil e quinhentos empresários. Em 2013, a meta é chegar a 50 associações. Ferreira revela algumas metas da Faciet para os próximos anos e fala do desenvolvimento econômico em Tocantins, da necessidade de inovação e das perspectivas de crescimento a partir da criação do porto de Itaqui.

Empresa Brasil: Em sua opinião, quais devem ser as prioridades na agenda empresarial do país? Pedro José Ferreira: Sem dúvida alguma, tem que ser focada a inovação, não tenho medo de falar isto. As micro e pequenas empresas precisam inovar para produzir mais, vender mais, ter mais competitividade e aguentar o tranco da crise. O senhor vê essa agenda sendo construída? Vejo. Sem dúvida. Hoje a pasta de Ciência e Tecnologia tem repassado recursos para os estados aplicarem projetos na área de inovação. No

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meu estado, por exemplo, nós vamos receber R$ 8 milhões para trabalhar com projetos de inovação. Lá, já foram selecionados alguns parceiros, inclusive a Federação das Associações Comerciais é uma das selecionadas pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para trabalhar nesses projetos. Como está a aplicação da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa em Tocantins? Estamos ótimos. Temos 78% dos municípios dentro da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa. E o que falta deve ser incluído de janeiro a março, agora de 2013. Temos uma parceria com o Se-


brae e estamos trabalhando de maneira muito intensa para isso. Este é um item em que, na avaliação do Sebrae, nós estamos com mais de 70% de êxito. Como foi que a Faciet participou desse processo de aplicação da lei? O Sebrae tem vários pontos de atendimento no meu estado. Em cada ponto destes, o gerente do Sebrae e o presidente da associação comercial visitam o prefeito da cidade e os das cidades vizinhas. Nossas equipes realizaram um mutirão regional e fizeram um trabalho de conscientização junto aos prefeitos. Normalmente, quem faz este contato e cria este convênio é o presidente da associação comercial e o técnico do Sebrae. O senhor acredita que os empresários já veem com bons olhos e já entendem a importância da Lei Geral? Não. Ainda há este problema de entender a importância. Este ainda é um ponto para ser trabalhado. Como o estado de Tocantins é um estado novo, e está cheio de gente que está virando empresário agora, cheio de empreendedores individuais, ainda tem uma parte que não entende perfeitamente o esquema. Mas isso não é surpresa, pois em todos os estados e federações há empresários que não aderiram a este pensamento. A cultura da Lei Geral ainda não chega, alguns não dominam esta cultura. O setor de serviços corresponde à principal fatia do PIB e também a boa parcela dos associados. De que forma a federação tem apoiado os empresários do setor?

O setor de serviços no estado do Tocantins tem crescido muito, mas nós ainda não temos uma capilaridade específica para atender este nicho de mercado. Agora, com os núcleos do projeto Empreender, nós estamos buscando alguns nucleados do setor de serviços. Com a expansão que está vindo aí, teremos a participação de mais oito cidades, e já está no nosso Plano de Metas ampliar a participação junto ao setor de serviços.

caminhão e trazer pra São Paulo para embarcar em Paranaguá ou Santos, nós embarcamos em Itaqui. Em vez de a soja vir rodando no transporte rodoviário, ela vai na ferrovia, que é muito mais barato. E ganhamos competitividade. E ainda mais, se a soja for para a China ou para o resto da Ásia, ainda é possível passar pelo Canal do Panamá e chega muito mais rápido. É uma logística fantástica. Agora, é evidente que ainda preci-

“Nós, hoje, temos a melhor logística do Brasil. Estamos com a ferrovia norte-sul e com a hidrovia Tocantins-Araguaia para o transporte até Itaqui. Ainda precisamos de três ou quatro inclusas para a ligação por hidrovia. A ferrovia já está transportando” Sendo a agropecuária a atividade responsável por aproximadamente 99% das exportações do estado, especialmente a soja e a carne bovina, qual a expectativa de crescimento com a ampliação do Porto de Itaqui? Se vocês não tivessem feito esta pergunta, eu teria provocado para fazê-la. Nós hoje temos a melhor logística do Brasil. Estamos com a ferrovia norte-sul e com a hidrovia TocantinsAraguaia para jogar tudo em Itaqui. Precisa fazer três ou quatro inclusas para ligar por hidrovia. A ferrovia já está transportando. E o que vai acontecer é que se você colocar o produto, como, por exemplo, os grãos de soja e milho que estamos produzindo muito, em vez de colocar a soja no

samos do investimento do governo federal para construir as inclusas para as barragens das hidrelétricas nos rios Araguaia e Tocantins para poder ligar os trechos através da hidrovia. Já temos sinal de investimento do governo federal? Sim. Nossos senadores estão trabalhando nisso. O Mato Grosso e a região Norte, de uma maneira geral, têm muito interesse nisso porque a logística é muito boa, o preço vai ficar muito mais barato, e tenho fé em Deus que isso vá virar realidade. Segundo o IBGE, o Tocantins é o Estado brasileiro que apresentou maior evolução nos números do PIB. Em 2010 e 2011 cresceu Janeiro de 2013

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FEDERAÇÕES mais do que a China. A que se deve este cenário? Nesses dois anos chegaram a Tocantins grandes atacadistas. O Extra, o Macro, e o Shopping Capim Dourado. Com isso, a ascensão do comércio em 2010 e 2011 foi muito grande. Nós hoje, nessa área do comércio, crescemos aproximadamente 70%. Quais os principais gargalos da economia do estado? O principal gargalo da economia do estado ainda é a falta de mão de obra e de empregabilidade. Isso porque como o estado é novo, todo mundo que chega quer ser funcionário público, e com isso o setor privado está precisando de mão de obra qualificada, de gente para trabalhar, e de mais empresas. Agora nós estamos abrindo um nicho de mercado pra área de agroindústria, que está indo muito bem e tem gerado emprego. Tudo começa a melhorar. Nós acreditamos que daqui a dois anos estaremos com a situação nessa área resolvida, ou pelo menos com boa parte. Sem dúvida alguma, não temos toda mão de obra necessária por lá, mas temos feito muita coisa nesse sentido, porque na medida em que chegam as grandes lojas ou grandes investimos na região. Nós precisamos fornecer mão de obra. E é aí que nós temos o Senac, o Senai e o Sebrae qualificando todo mundo. Lá no Tocantins só fica sem qualificação quem não quer trabalhar. O que a Faciet espera da política pública para o aumento da inserção do agronegócio brasileiro no mercado internacional?

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Nós estamos com vários programas voltados para a produção de leite e de carne. Além disso, a Faciet está qualificando e procurando fazer projetos na área, no sentido de mostrar ao setor do agronegócio que precisamos vender bem, competir bem, embalar bem o nosso produto, então estamos mais na área de logística e atendimento ao cliente, que é uma área que sempre foi carente. Tanto o Sebrae como a Faciet estão realizando essas atividades.

todo mundo que quiser trabalhar. O agronegócio sem dúvida alguma será um bom setor para investir, um bom nicho de mercado em Tocantins. O Empreender no Tocantins tem cases de sucesso importantes, como o do Núcleo do Babaçu. Para o próximo edital do Empreender Competitivo a entidade concorre com este e mais dois projetos de relevo. Quais as perspectivas dentro do projeto para 2013?

“O principal gargalo da economia do estado ainda é a falta de mão de obra e de empregabilidade. Isso porque como o estado é novo, todo mundo que chega quer ser funcionário público” Quais são as áreas mais atraentes para quem quer investir na economia do estado? Para quem quer investir no estado a área imobiliária é muito atrativa, a área de grãos está muito atrativa porque ainda é o estado que tem maior estoque de terra barata – para plantar soja, milho, etc. Com a logística da ferrovia Norte-Sul para levar os grãos diretamente para Itaqui, vai ficar muito mais fácil produzir soja. A terra ainda é barata e a produtividade de grãos está em alta. Nós chegamos a colher de 70 a 80 sacas por hectare, e já estamos trabalhando com o plantio direto, que também é um tipo de plantio mais competitivo. E isso tudo também são tecnologias que o Sebrae, por estar no estado, tem passado a todo agricultor, para

São 15 cidades, 72 núcleos. Só este ano cinco cidades começaram com suas atividades, o que dá em média 3, 4 núcleos por cidade. Sem dúvida alguma que nesses núcleos nós temos setores como o de bares e restaurantes, madeira e móveis, mecânicas de atendimento cliente, serralheiros, artesanato em Capim Dourado e Babaçu, todos muito bons. Quais são as perspectivas para participar da próxima chamada do Empreender Competitivo? Estamos organizando o projeto empreender competitivo especial, que estamos tentando aprovar junto com o Sebrae estadual no Sebrae Nacional – independentemente do Empreender Competitivo da CACB. Nós vamos ficar experts em projetos do Empreender.


Foto: Carlos Augusto Lima

JANEIRO/2013 – SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

APOIO E ORIENTAÇÃO Cooperativa de mel vende para supermercados e exporta

Cooperativas e empresas recebem consultoria do Sebrae


//Api c ul t u r a / /

COOPERATIVA DE MEL DO PIAUÍ FECHA 2012 COM SALDO POSITIVO A Casa Apis já vende para todo o Nordeste e deve distribuir em breve também para o Sudeste Foto: Carlos Augusto Lima

Mel da Casa Apis à venda nos supermercados

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Central de Cooperativas Apícolas do Semiárido Brasileiro (Casa Apis) fechou mais um ano com superávit. Apesar da seca que assolou o semiárido piauiense, a entidade conseguiu fechar o balanço anual com cerca de 200 mil toneladas exportadas e um contrato com a Rede de Supermercados Walmart no Nordeste, o que incentiva a geração de novos empregos no sul do estado. De acordo com o gestor do Projeto Apis Araripe do Sebrae no Piauí, Fabiano Chaves, foram exportados, de janeiro a novembro deste ano, cerca de 11 contêineres de mel, o que corresponde a mais de US$ 650 mil em negócios concretizados. Além das exportações, a comercialização para a rede de supermercados Walmart também contribuiu para o saldo positivo da Casa Apis. As articulações para comercialização do mel se iniciaram na Mostra Piauí Sampa 2011, evento realizado pelo Sebrae em São Paulo, no qual representantes da cooperativa puderam ter contato com líderes da rede de supermercados.

“Iniciamos a parceria com a assinatura de um contrato de fornecimento para a rede na região Nordeste. A primeira remessa de mel para os supermercados aconteceu em outubro. Essa aproximação com o mercado interno agrega valor aos nossos produtos, que anteriormente eram vendidos apenas para o exterior”, ressalta o presidente da Casa Apis, Antônio Leopodino Dantas Filho. Segundo o consultor do Sebrae no Piauí, Maurilo Oliveira, a distribuição dos produtos da Casa Apis se estenderá para a região Sudeste. “O contrato será firmado este mês. A partir do próximo semestre, o mel piauiense estará no maior mercado consumidor do país. Novos funcionários estão sendo contratados para a central para que a demanda possa ser atendida de forma eficaz”, informa Oliveira. No início de dezembro, a Casa Apis realizou uma ação de degustação dos produtos da entidade nos supermercados Walmart de Recife. O objetivo foi incentivar a experimentação dos produtos e impulsionar o aumento das vendas.


//In ov aç ã o / /

EMPRESA CRIA SOLUÇÃO PARA ESPERA EM FILAS DEMORADAS Tecnologia do Guarda Fila muda percepção de empresários e clientes

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m um mundo em que cada minuto vale muito, a espera obrigatória em filas de órgãos públicos ou privados irrita muita gente. Foi por isso que a empresa Guarda Fila criou o Sistema de Gestão do Tempo (SGT). A solução organiza, gerencia e também respeita a prioridade dos atendimentos. Outra vantagem é a flexibilidade, pois permite que os usuários se ausentem com segurança do estabelecimento durante a espera. “Queremos mudar a percepção dos clientes sobre as filas, transformando a espera em um novo e agradável momento”, enfatiza Paulo Queiroz, diretor da Guarda Fila. Entre os clientes da empresa está o Shopping Iguatemi, de Florianópolis. Em algumas datas promocionais, como Dia das Mães e Dia dos Namorados, o shopping apostou em ações que além dos descontos garantem o sorteio de brindes como apartamentos, carros ou joias. Nesse momento, entra o SGT para a organização da troca de cupons. Para o gerente do Iguatemi,

Rafael Fielder, o serviço da empresa superou as expectativas. “Dar liberdade aos clientes para passear pelo shopping ou fazer um lanche enquanto aguarda seu atendimento é sem sombra de dúvidas um diferencial bastante importante, que favorece não só o cliente, mas o shopping e o lojista”, destaca. Na ação do Dia dos Namorados, por exemplo, foi garantido aos usuários o equivalente a cinco dias de tempo total livre para passear pelo shopping. O SGT permite que as pessoas retirem uma senha, cadastrem seu número de celular no terminal, para, em seguida, sair tranquilamente para passear, lanchar ou resolver pendências. Quando o atendimento se aproximar, os clientes recebem uma ligação via celular para seguir ao guichê. A Guarda Fila é incubada no MDI Tecnológico, em Florianópolis, incubadora mantida pelo Sebrae em Santa Catarina e gerenciada pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate).

“QUEREMOS MUDAR A PERCEPÇÃO DOS CLIENTES SOBRE AS FILAS, TRANSFORMANDO A ESPERA EM UM NOVO E AGRADÁVEL MOMENTO”

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//G e st ã o//

EMPRESÁRIA DIMINUI DESPERDÍCIO COM MEDIDAS INOVADORAS Uma das ações é motivar os funcionários da vidraçaria estipulando metas de trabalho Foto: Silvia Torres

Elisângela Machado de Sousa inovou a gestão de sua empresa e já evidencia bons resultados

“JÁ TENHO RESULTADOS ANIMADORES, COM SERVIÇOS MAIS DINÂMICOS E A EMPRESA TRANSFORMADA”

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esejando inovar e progredir, a empresária Elisângela Machado de Sousa resolveu mudar. Ela é proprietária da empresa Cristralis, uma vidraçaria que atua há seis anos em Barreiras, e decidiu redirecionar sua conduta gerencial. Agora, todos os funcionários estão mais envolvidos nos processos de produção e entrega dos produtos. Primeiro, a empresária adotou medidas simples para se aproximar da equipe de trabalho, como promover todos os dias um café da manhã na empresa. Também estipulou uma escala de metas e premiação para motivar os empregados. Outra estratégia foi montar uma planilha de ações, que vão desde o controle da matéria-prima até a entrega do pedido ao cliente. Elisângela também delimitou etapas do processo de produção, delegando funções. Assim, segundo a empresária, é possível acompanhar detalhadamente todo o processo de venda e despacho do produto e onde estão as falhas. Elisângela diz que as novas atitudes surgiram depois do ingresso no

Programa de Alavancagem e Inovação (PA&I), no fim de outubro. “Já tenho resultados animadores, com serviços mais dinâmicos e a empresa transformada”, comemora. O programa é desenvolvido pelo Sebrae e tem como objetivo capacitar o empresário e torná-lo mais competitivo. Os conceitos explorados estimulam a gestão empresarial que busca resultados e implementação de mudanças contínuas para se manter no mercado. O PA&I é dividido em instrutoria e consultoria individual, com a visita do consultor à empresa. Em um primeiro momento, os participantes têm aulas objetivas e realizam dinâmicas em grupo. Após cada aula, o participante recebe uma atividade que consiste em aplicar conceitos do programa na empresa. Para o consultor do Sebrae na Bahia que ministrou o Programa de Alavancagem e Inovação, Robert Taylor, cada negócio aproveita de maneira diferente o conteúdo oferecido, sempre de acordo com as necessidades organizacionais e com o tipo de atividade que praticam.


//C as o d e S u c es s o / /

EMPRESÁRIAS DE TOCANTINS APOSTAM EM PRODUTOS ORGÂNICOS Sob orientação do Sebrae, mãe e filha têm confiança para abrir e administrar o negócio

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sonho de montar o próprio negócio tornou-se realidade para Luiza Nunes Mello e sua filha Tatiane, que ao contarem com o apoio e orientação do Sebrae em Tocantins, sentiram-se preparadas para abrir uma loja de alimentos orgânicos na cidade de Gurupi. A Viva Bem Alimentos Naturais e Orgânicos é resultado de muita dedicação e esforço das empresárias. Sob a orientação do Programa Próprio, elas elaboraram cuidadosamente um plano de negócios para conhecer a realidade do mercado e deram início a uma realização pessoal e profissional. “Por meio do Programa Próprio fizemos uma pesquisa de mercado e percebemos que tínhamos um resultado positivo para montar o negócio. O

Sebrae é uma referência para as micro e pequenas empresas e essa parceria ainda irá gerar muitos frutos”, conta Tatiane Nunes. Os alimentos orgânicos são aqueles que utilizam em todo o processo de produção técnicas que respeitam o meio ambiente e visam à qualidade do alimento. A Viva Bem Alimentos Naturais e Orgânicos trabalha com congelados, chás integrais e naturais, mel, doces, bebidas, sucos, vitaminas e suplementos. “Sempre tive a preocupação em recomendar alimentos saudáveis para familiares e amigos, pois há muito tempo sou adepta da alimentação que traz benefícios para a nossa saúde. Acredito que a nossa missão é levar qualidade de vida a todos os nossos clientes”, conta a empresária Luiza.

Loja de alimentos orgânicos Viva Bem

“O SEBRAE É UMA REFERÊNCIA PARA AS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, E ESSA PARCERIA AINDA IRÁ GERAR MUITOS FRUTOS”

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//Ag ri c ul t u r a o r g ân ic a / /

JOVENS CRIAM PROJETO PARA REAPROVEITAR LIXO DA CEASA Com apenas 17 anos, estudantes desenvolvem plano de negócio ambientalmente correto e economicamente viável Foto: Simone Guedes

Jovens empreendedores criam projeto para reaproveitar o lixo da Ceasa

“OS JOVENS ESTÃO CADA VEZ MAIS PREOCUPADOS NA BUSCA DE IDEIAS INOVADORAS E SUSTENTÁVEIS. O PROJETO ESTIMULA OS ALUNOS A ENCONTRAR ESSAS SOLUÇÕES”

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EMPREENDER //

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erca de 1,2 mil tonelada de frutas, legumes e verduras vai todos os meses para o lixo na Ceasa, em Contagem (MG). Pensando em reaproveitar estes resíduos orgânicos, alunos do 3º ano colegial da Escola Técnica de Formação Gerencial da capital mineira (ETFG-BH) desenvolveram um plano de negócio para a criação de uma usina de compostagem que utiliza o húmus de minhoca para aumentar a qualidade do composto. De acordo com os estudantes, a empresa Composita, nome provisório do projeto, iria transformar frutas, verduras e legumes, que atualmente são dispensadas em aterro sanitário, em adubo orgânico por meio do processo de compostagem – que nada mais é do que um conjunto de técnicas aplicadas para controlar a decomposição de materiais orgânicos. A ideia foi premiada em 2012 e os jovens, que têm apenas 17 anos, querem agora tirá-la do papel. “Mais do que um negócio, a empresa seria ecologicamente correta, reaproveitando o que iria para o aterro, e economicamente viável, já que o adubo teria um preço baixo para ser produzido e adquirido pelos produtores”, conta o estudante Mateus Rodrigues,

que integra o grupo formado também por Vinícius Braga e Gabriel Coxir. A ideia de criar o plano de negócio surgiu com o projeto Vitrine da ETFGBH, que estimula alunos a colocarem em prática as lições sobre gestão aprendidas em sala de aula. “Os jovens estão cada vez mais preocupados na busca de ideias inovadoras e sustentáveis. O projeto estimula os alunos a encontrar essas soluções”, explica o professor de marketing da entidade, Elber Sales. Várias pesquisas de mercado com empresas do setor e na própria Ceasa foram feitas para testar a viabilidade do projeto. “Descobrimos que a Ceasa gasta R$ 52,00 por tonelada jogada em aterros. São mais de 1.200 toneladas de lixo por mês, ou seja, R$ 62 mil de custo mensal”, afirmou Elber. Nessas pesquisas, descobriu-se também que o composto orgânico não tem tantos nutrientes como o esterco. Para corrigir essa deficiência, os estudantes encontraram no húmus de minhoca a solução do problema. “Seria uma maneira de enriquecer o adubo com mais nutrientes e nitrogênio, obtendo assim mais qualidade que o esterco”, conta Gabriel Coxir.

Empreender – Informe Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 605, Conjunto A, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 72.200-904 – Fone: (61) 3348-7494 – Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae


CBMAE

Entregue no Rio a 2ª edição do Prêmio Conde dos Arcos Presidentes de federações, associações comerciais, representantes, convidados e premiados participaram da edição do Prêmio Conde dos Arcos 2012. A cerimônia de premiação aconteceu no Hotel Windsor Barra

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arcerias locais de sucesso, melhores resultados do Brasil no mutirão nacional de conciliação empresarial e sustentabilidade financeira – são várias as razões para homenagear as experiências de sucesso da rede CBMAE. Em São Paulo, a Câmara de Conciliação, Mediação e Arbitragem de Franca (CBMAE Acif) estabeleceu acordos com sindicatos patronais na cidade para direcionar os conflitos à Câmara, a fim de estabelecer acordos antes de um eventual processo judicial. É o segundo ano em que a cidade leva o prêmio Conde dos Arcos por conta de uma parceria. Em 2011, o case de sucesso foi um acordo semelhante entre a entidade e a Unimed local. A Câmara tem apenas três anos, mas já conta com dez especialistas atuando na casa. Para o coordenador CBMAE Acif, Fabio Genovez, “é importantíssimo receber um prêmio desses, pois podemos mostrar para a sociedade as infinitas possibilidades e benefícios dos MESCs (Métodos Extrajudiciais de Solução de Conflitos)”. Em Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, a Câmara mantida pela Associação Comercial e Industrial de Campo Grande (ACICG)

ficou em primeiro lugar em “Sustentabilidade Financeira”. A categoria trata de iniciativas sobre a geração de recursos econômicos para autossuficiência da Câmara. Este ano foram realizados 1.284 atendimentos e 890 audiências. Destas, 88% foram frutíferas, ou seja, resultaram em acordo para ambas as partes. Ao todo, os procedimentos geraram a negociação de aproximadamente R$ 3 milhões. Para o primeiro-secretário da ACICG e presidente da CBMAE de Campo Grande, Roberto Oshiro, “o prêmio é um reconhecimento do excelente desempenho da Câmara em 2012. Temos destaque nacional também com relação à taxa de audiências que resultam em acordo. Nosso percentual é maior que a média nacional, que é de aproximadamente 70%,” revela. Em Uberaba, no interior de Minas Gerais, o Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual (Pace) conseguiu recuperar R$ 326.055,86 em créditos para o mercado local, e com isso levou o primeiro lugar na categoria Mutirão de Conciliação Empresarial. Foram 341 conciliações realizadas durante o evento, das quais 226 foram frutíferas e outras 72 reagendadas.

Prêmio dá visibilidade aos benefícios dos MESCs Confira a lista dos vencedores Categoria Experiência de Sucesso 1º lugar: CBMAE Franca (SP) – Parceria entre a Câmara de Mediação e Arbitragem e os sindicatos patronais e dos trabalhadores para realização de mediações. 2º lugar: CBMAE Sul Capixaba (ES) – Parcerias estratégicas e índice de 100% de conciliações frutíferas. Categoria Mutirão de Conciliação Empresarial 1º lugar: Associação Comercial de Uberaba (MG) – Melhores resultados no mutirão realizado entre os dias 6 e 11 de agosto de 2012. 2º lugar: Associação Comercial de Três Marias (MG) – Melhores resultados no mutirão realizado entre os dias 6 e 11 de agosto de 2012. Categoria Sustentabilidade Financeira 1º lugar: Associação Comercial de Campo Grande (MS) – Implantação da tabela de custas no Pace. 2º lugar: Associação Comercial de Uberaba (MG) – Parceria entre o Pace e a prefeitura municipal.

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DESTAQUE CACB

Presidente Marduk Duarte (3° da direita para a esquerda) representa o Conaje em evento da CNI

Conaje completa 15 anos e mostra

a força dos jovens empresários Uma das conquistas da entidade é a lei 12.741, que entra em vigor em junho de 2013. A lei determina que os tributos que incidem em produtos e serviços terão que ser discriminados em nota e cupom fiscal

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ão é de hoje que o Brasil conhece a força dos jovens empresários. São 36 mil jovens empreendedores nos diversos setores da economia. Mas o número deve aumentar quando o Conselho Nacional do Jovem Empresário (Conaje) finalizar, em maio de 2013, o censo do segmento. A iniciativa é mais uma das ações do Conselho, criado para garantir o desenvolvimento do empreendedorismo sob três pilares estratégicos: relacionamento, capacitação e representatividade.

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A história da entidade começa na década de 90, com o fortalecimento dos movimentos de jovens empresários em vários estados. Conscientes da importância da articulação, eles passaram a se reunir em um Fórum Nacional. Alguns anos depois, em 1998, os jovens líderes de empresas criaram o Conaje, que possui atualmente núcleos em 22 estados. Às vésperas de completar 15 anos, o Conselho, ligado à Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), tem muito a comemorar. A lei 12.741,

sancionada em dezembro de 2012, por exemplo, é uma das conquistas do Conaje, que há dez anos realizava, com entidades parceiras, o Feirão do Imposto e o Dia Nacional de Respeito ao Contribuinte e da Liberdade de Impostos. As duas ações alertavam a população sobre a alta carga tributária brasileira, cobrando medidas do governo e a correta aplicação dos tributos recolhidos. A lei 12.741, explica o presidente do Conaje, Marduk Duarte, determina que os tributos que incidem em produtos e serviços terão que ser dis-


criminados em nota e cupom fiscal. “A lei, que passa a ser obrigatória em junho de 2013, foi uma conquista muito grande. O consumidor vai ter a informação sobre os impostos incidentes em mercadorias de forma transparente. O segundo passo desse nosso trabalho, junto com os parceiros, é a simplificação tributária e o apoio ao Imposto de Valor Agregado. Vamos trabalhar com a bandeira ‘Simplifica já’ neste ano (2013).” Formação Hoje, o Conaje, por meio de sua capilaridade e associativismo, é uma das entidades mais atuantes no empreendedorismo brasileiro. A entidade defende a ideia de que o Brasil precisa preparar os jovens para o primeiro negócio. Dessa premissa nasceu o Empreendedor do Futuro, um dos principais projetos do Conselho. A iniciativa leva cultura empreendedora às escolas para que crianças aprendam a planejar, organizar e vencer os desafios de ser um empreendedor. “Queremos formar empreendedores quando eles ainda estão com 7 ou 8 anos. Ensinar sobre tributação, gestão e finanças, por exemplo.” Marduk explica que todo o material didático do projeto foi aprovado pelo Ministério da Educação. O Empreendedor do futuro está sendo desenvolvido em Santa Catarina, Goiás, Bahia, Maranhão, Pernambuco e Tocantins. Outro projeto do Conaje, o Primeira Empresa, vai garantir recursos financeiros para 5 mil microempreendedores e gerar 15 mil empregos. O piloto começa em março de

2013 em Goiás, com o apoio do governo estadual. Serão investidos R$ 5 milhões. O projeto garante o crédito, mas vincula o recurso à capacitação do empreendedor. Isso quer dizer que o interessado passa primeiro por um curso com 40 horas antes de começar a empreender. Além disso, é feita uma pesquisa do perfil de cada empreendimento. “O objetivo é conceder R$ 30 mil, mas só para quem está no primeiro CNPJ. Não queremos criar devedores, e sim empreendedores. No Brasil, 90% das empresas são micro e pequenas e geram 20% da renda. Na Alemanha, 70% são micro e pequenas e geram 80% da renda. Queremos inverter essa pirâmide.”

O “Empreendedor do futuro”, um dos principais projetos do Conselho, leva a cultura empreendedora às escolas para que crianças aprendam a planejar, organizar e vencer os desafios de terem seu próprio negócio

Objetivo em 2013 é articular parcerias Na opinião de Marduk, o Brasil daqui a dez anos será outro país. Segundo ele, o jovem empresário tem contribuído para transformar e melhorar a economia. “Nós ainda não carregamos o Brasil. A gente carrega a metade do país. Pode parecer presunçoso, mas carregamos com vontade e força.” Além da força dos jovens líderes, a capacidade de se articular e firmar parcerias institucionais é outro ponto ressaltado pelo presidente do Conaje como fundamental para fazer a história da entidade. “Nossas parcerias – com a CACB, CNI, Fórum de Líderes, Brasil Júnior, Sebrae e Endeavor, por exemplo, são muito impor-

tantes. Sem os parceiros não conseguiríamos construir a Agenda Brasil, que é o nosso projeto, nossa tarefa de casa.” De acordo com ele, a entidade pretende estar mais próxima da rede CACB. “A CACB é um exemplo de atitude, independência e apartidarismo. Estamos todos juntos porque acreditamos no alinhamento da indústria, comércio, serviços e agronegócio.” O Conaje também planeja articular, a partir deste ano (2013), reuniões mensais com empreendedores e o governo federal. “O objetivo é sentar com o governo e dialogar. Dessa forma, conseguiremos pensar e planejar quais são as melhores saídas para o Brasil.”

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NEGÓCIOS

MPEs têm recorde de vendas para a administração pública Vendas de bens e serviços para o governo federal alcançaram um total de R$ 9,5 bilhões em 2012, com um crescimento de 32,6% em comparação ao ano anterior

“E

m 2012, as pequenas e microempresas tiveram o melhor desempenho nas vendas de bens e serviços para o governo federal, tanto em percentual como em volume financeiro, desde 2002, quando iniciamos as estatísticas”, afirmou a Empresa Brasil o secretário de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Delfino Natal de Souza. Até novembro de 2012, foram gastos R$ 29,1 bilhões em licitações públicas. Deste total, as MPEs responderam por 33%, o correspondente a R$ 9,5 bilhões, acrescentou. Nas aquisições públicas por pregão eletrônico, as MPEs foram responsáveis por 42% do total – R$ 8,5 bilhões. De acordo com dados do Portal de Compras do Governo Federal (Comprasnet), gerenciado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, em 2012 as MPEs foram responsáveis por 75% – cerca de R$ 2,7 bilhões – das compras de pequeno valor, até R$ 80 mil. Nesse ano, o crescimento acumulado da participação desses fornecedores nas referidas compras foi de 75,3%, em comparação a 2007. Setor vem embalado desde 2007 Entre os anos de 2007 e 2012, as MPEs apresentaram um crescimento

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Empresa Brasil

Delfino Natal de Souza: “Daqui para frente, vamos ter uma crescente melhora na participação das MPEs nas licitações públicas”

acumulado nas aquisições públicas de 55,1%, contra 54,7% dos demais segmentos. “Esses dados mostram a importância da Lei Complementar n° 123/06, quando as microempresas e empresas de pequeno porte passaram a ter um tratamento diferenciado nas licitações públicas, no intuito de promover o desenvolvimento regional dos municípios brasileiros”, avalia o secretário.

No ano passado, segundo Souza, o segmento fez uso do empate ficto e da participação exclusiva nas licitações públicas, benefícios garantidos pela Lei Complementar 123/06. No primeiro, as MPEs foram contratadas pela administração direta para o fornecimento de bens e serviços da ordem de R$ 955,1 milhões. No segundo, venderam exclusivamente para o governo federal cerca de R$ 242,3 milhões.


Esse valor representou 1% das compras mpras rviços até R$ 80 mil. Em 2012, os bens e serviços mais adquiridos junto às MPEs foram oss de do, subsistência – alimento industrializado, pecarne bovina, entre outros – e tipos especiais de serviços de construção – obrass de vis de manutenção/reforma predial, obras civis es escavação, entre outros. Essas aquisições movimentaram, respectivamente, R$ 820,1 milhões (17%) e R$ 814,7 milhões (18%). m Os resultados mostraram também que entre os anos de 2007 e 2012 as MPEs responderam, em média, por 56% (182 rados mil) do total de fornecedores cadastrados neceno Sistema de Cadastramento de Fornecedores – SICAF. entraEm 2012, esses negócios se concentra1%). ram nas regiões Sudeste (37%) e Sul (21%). dade As compras por dispensa ou inexigibilidade lhões de licitação movimentaram R$ 14,7 bilhões o de para aquisição de bens e contratação %) das serviços, dos quais R$ 1,0 bilhão (7,1%) s, por MPEs. A contratação de bens e serviços, ecesparte da Administração Pública, sem a necessidade prévia de licitação, deve-se a uma excepcionalidade regulada na Lei nº 8.666/93.

Valor das compras por Região Apenas das MPEs – Órgãos SISG – 2012 (bilhões)

Fonte: Comprasnet (janeiro a novembro)

Empresas do RS foram as que mais venderam para os órgãos federais Regionalmente, em 2012 as compras públicas junto às MPEs ficaram concentradas no Nordeste, Sudeste e Sul. O total licitado nessas regiões foi de R$ 6,4 bilhões (67%). Proporcionalmente, o estado do Amapá foi o que mais licitou junto às MPEs (90%). Em valores monetários, foram as MPEs do Rio Grande do Sul que mais venderam para os órgãos federais, o correspondente a R$ 1,4 bilhão, segui-

do pelo Rio de Janeiro (R$ 1,28 bilhão), Distrito Federal (R$ 1,26 bilhão), Pará (R$ 620 milhões) e Pernambuco (R$ 500 milhões). Conforme o secretário de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do Ministério do Planejamento, Delfino Natal de Souza, quando se olha o mapa do Brasil, a resposta das pequenas e microempresas nas compras públicas é proporcional ao PIB dos estados, com peque-

na diferença favorável ao Distrito Federal e ao Rio de Janeiro, onde se concentram os órgãos públicos. “Se observa menor participação do setor no Norte do país, o que deve melhorar com a regulamentação da Lei Complementar n° 123/06 nesses estados e municípios”, acredita. “Daqui para a frente, vamos ter uma crescente melhora na participação das MPEs nas licitações públicas.”

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COMÉRCIO EXTERIOR

As exportações para a Argentina caíram 14,1% no ano e as para a China recuaram 7%

Saldo da balança comercial tem o

pior desempenho desde 2002 Em 2012, Brasil perdeu mercado na Argentina e na China; superávit alcançou US$ 19,4 bilhões, diante de US$ 29,79 bilhões registrados em 2011

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efeito da retração global, agravado pelo menor dinamismo da China, é o principal fator considerado pelo governo como responsável pela queda nas exportações de 2012, comparativamente a 2011. No ano passado os embarques ficaram em US$ 242,5 bilhões contra importações de US$ 223,1 bilhões. Na média diária por dia útil, as vendas externas sofreram queda de 5,3% em 2012 e o volume importado caiu

1,4%. Ao total, a balança comercial brasileira encerrou 2012 com superávit de US$ 19,4 bilhões, segundo dados divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic). O resultado é o pior desde 2002, quando o saldo ficou em US$ 13,1 bilhões. A China e os Estados Unidos lideraram o ranking de principais parceiros comerciais do Brasil no ano passado. O país asiático comprou US$ 41,2 bilhões em produtos


brasileiros, e os norte-americanos, US$ 26,8 bilhões. Em terceiro lugar ficou a Argentina, com a compra de US$ 18 bilhões em produtos, seguida pelos Países Baixos, que compraram US$ 15 bilhões, e o Japão, US$ 8 bilhões. Os dados mostram, no entanto, que o Brasil perdeu vendas para alguns dos principais compradores em 2012. As exportações para a Argentina caíram 14,1% no ano e as para a China recuaram 7%. Houve alta somente nas vendas para os Estados Unidos, de 3,5%. Segundo o ministério, isso se deveu à compra por parte dos norte-americanos de produtos siderúrgicos, etanol, aeronaves e partes, eletroeletrônicos,

químicos orgânicos, pedra, madeira, automóveis e partes, fumo, obras de ferro fundido, couro, peles e cereais, relata a Agência Brasil. No resultado anual das exportações, caíram as vendas de produtos semimanufaturados (8,3% ante 2011), básicos (7,4%) e manufaturados (1,7%). Entre os semimanufaturados, podem ser citados como exemplos de queda o ferro fundido e a celulose. A soja, o café (em grão) e o minério de ferro são alguns dos produtos básicos cujas vendas externas caíram. Quanto aos manufaturados, produtos com maior grau de industrialização, houve queda no comércio de automóveis, açúcar refinado e autopeças.

Um crescimento abaixo de 7,5% da China, em 2013, pode afetar as cotações das commodities em geral, segundo a AEB

AEB prevê saldo menor em 2013 Para 2013, a AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil) prevê que as exportações irão alcançar US$ 239,69 bilhões, representando ligeira redução de 1,1%. Já as importações deverão atingir US$ 225,07 bilhões, o que significa estabilidade (0,4%). Com isso, o superávit comercial projetado será de US$ 14,62 bilhões, apontando queda de 20,0%. Segundo o presidente da AEB, José Augusto de Castro, em 2013 persistirá o quadro de incerteza e volatilidade no comércio exterior, influenciado principalmente pela crise europeia, mercado de destino de 20% das exportações brasileiras e que concentra 37% do comércio

mundial. Em 2012, nota Castro, esse quadro já influenciou negativamente as principais commodities exportadas, mais no aspecto preço do que na quantidade, sendo dos males o menor para o Brasil. Neste ano, segundo a entidade, tal cenário pode ser invertido, com mais quedas no quantum, devido ao elevado e crescente desemprego na Europa. Quedas de cotação estão previstas para ocorrer em açúcar, café e etanol. Os preços e o quantum do complexo soja vão estar em alta, compensando quedas de cotação e/ou de volume de outros produtos. A crise europeia pode afetar não só as vendas diretas para

aquele mercado, mas também indiretamente, pois é a região de destino de cerca de 30% das exportações chineses, que, se reduzidas, podem levar à diminuição das compras de chinesas de insumos brasileiros, indicou Castro. O crescimento econômico da China também foi considerado nas projeções da AEB, que previu um índice ao redor de 7,5%. “Um crescimento abaixo deste nível pode afetar as cotações das commodities em geral, e acima pode provocar sua recuperação”, conclui a nota da entidade. A previsão da AEB para o crescimento do PIB em 2013 é de 3%, sem a contribuição do comércio exterior.

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INVESTIMENTOS

Empresas chinesas ampliam aposta no mercado brasileiro Pesquisa divulgada pelo Conselho Empresarial Brasil-China confirma 39 projetos no valor equivalente a US$ 24,4 bilhões; atratividade do mercado brasileiro é o maior fator de motivação, mas o interesse pela infraestrutura está em ascensão

M

aior parceiro comercial do Brasil desde 2009, quando superou os Estados Unidos, a China vai aumentar sua aposta no mercado brasileiro. De acordo com pesquisa do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC), divulgada no final do ano passado, os asiáticos confirmaram 39 projetos no Brasil, no total de US$ 24,4 bilhões. O valor corresponde a 65% dos 60 projetos anunciados pelas empresas chinesas no Brasil, que totalizam US$ 68,5 bilhões em investimentos. Ainda em processo de apuração – a versão definitiva será divulgada somente em abril deste ano –, a pesquisa, com informações de fontes primárias, está sendo realizada pelo economista Claudio Frischtak, consultor do Conselho, com recursos do BID e de empresas filiadas à entidade. Entre os fatores que sustentam os investimentos da China no Brasil, o estudo menciona o processo de globalização das empresas chinesas; o acesso a recursos naturais e a perda progressiva da autossustentação daquele país no setor de alimentos.

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Claudio Frischtak: “Chineses devem aumentar investimento em infraestrutura no Brasil” Cita ainda o fato de o Brasil ser um dos mais atraentes países em termos de mercado, dada a expansão da chamada nova classe média e de sua quarta posição no ranking de vendas no setor automotivo. Ums das áreas de grande potencial de investimento chinês no Brasil, segundo a pesquisa, é a da infraestrutura. “A China já é reconhecida mundialmente pela sua competência nessa área, podendo vir a contri-

buir de forma efetiva para o Brasil, no que se refere a engenharia de projeto, desenhos básicos e máquinas”, avalia o consultor. Claudio Frischtak substituiu o economista Antônio de Barros Castro – falecido no ano passado –, que, como consultor da CECB, traçou um panorama dos investimentos chineses no Brasil em 2010 e 2011. Em 2010, o investimento direto das empresas chinesas no Brasil re-


gistrou um aumento de mais de 10 vezes em relação ao ano anterior, totalizando R$ 12,67 bilhões. Em 2011 alcançou U$ 20 bilhões e no ano passado U$ 25 bilhões, de acordo com dados da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-China (CCIBC). Segundo o estudo do CEBC, o salto dos investimentos chineses no Brasil representou o surgimento de uma nova fase no relacionamento bilateral. Além de ser desde 2009 o maior parceiro comercial do Brasil, a China tornou-se agora um grande investidor no país. Como não dispõe internamente da diversidade e do volume necessário de recursos naturais para manter suas taxas de desenvolvimento, a China vem consolidando, há alguns anos, uma base internacional de fornecimento de matérias-primas. Em 2010, os investimentos se caracterizaram, sobretudo, pela inclusão do Brasil nesta base internacional. Nesse ano, Rio de Janeiro e Minas Gerais figuram como os principais destinos de investimentos anunciados por empresas chinesas no Brasil, com US$ 9,02 bilhões e US$ 7,3 bilhões, respectivamente. O fato está associado à concentração nesses estados de grandes investimentos em extração de petróleo e minério de ferro. Em 2011 os investimentos chineses no Brasil apontaram para um rearranjo em favor da indústria e de setores de tecnologia mais avançada. Foram destaque, por exemplo, o investimento anunciado pela ZTE (Telecomunicações), que propõe a cons-

trução de um parque industrial strial em Hortolândia ia (SP), e o anúncio cio da Huawei, que pretende investir US$ 350 milhões naa instalação de um centro de pesquisa quisa e desenvolvimento vimento em Campinas. inas. Mais de 95% do capitall chinês investido no o Brasil tem como origem a elite das empresas estatais da China, as chamadas adas Central SOE (Central State-Owned ned Enterprises). Elas fazem parte e de um conjunto de 123 grandes corporações, de setores estratégicos da economia chinesa, sob a supervisão direta do governo central. Entre elas estão nomes como a Sinopec, a State Grid e Wisco. Esse conjunto de empresas anunciou no Brasil, em 2010, investimentos somados de US$ 17,159 bilhões. A pesquisa de Barros se aprofundou no investimento do setor automobilístico e apresentou, pela primeira vez, um estudo de caso sobre o investimento da montadora Chery no Brasil, o maior do setor. A publicação foi a primeira de uma série que integra o programa de pesquisas desenvolvido pelo Conselho Empresarial Brasil-China, que tratará de questões relevantes para a formulação de políticas e estratégias, seja por empresas ou órgãos de governo, no âmbito das relações Brasil-China.

Como não dispõe internamente da diversidade e do volume necessário de recursos naturais para manter suas taxas de desenvolvimento, a China vem consolidando, há alguns anos, uma base internacional de fornecimento de matérias-primas

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EMPREENDEDORISMO

Até que ponto funciona a teoria das 10 mil horas Está correta a teoria de que para dominar qualquer disciplina se requerem 10 mil horas de prática? Isso também vale para os pequenos negócios ou é apenas um mito?

T

oda pessoa de sucesso teve 10 mil horas de prática ou estudo na área em que se consagrou. Isso resulta em três horas de treino durante 10 anos. Quase o mesmo tempo que levaram os Beatles, por exemplo, para aperfeiçoar a sua técnica, na época em que tocavam nas casas noturnas de Hamburgo, na Alemanha, antes de se tornarem famosos. Eles tocavam quase todos os dias da semana, durante incríveis oito horas por dia, o que dá quase as 10 mil horas de prática. Mas até que ponto essa tese do jornalista britânico Malcolm Gladwell, exposta em seu livro Os fora de série,

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pode ser válida para o empreendedor ou microempresário? Dada a ferrenha competição no mundo atual, e principalmente no setor empreendedor, o mercado quase que obriga o empresário a repensar ou reajustar seus negócios para sobreviver. Não é simples coincidência, portanto, que a onda da inovação tenha surgido como um atributo elementar para o êxito. O que remeteria para a impressão de que os empreendedores devem ter uma visão mais generalista que especialista para poder adaptar-se, mantendo ou construindo uma posição competitiva vantajosa. Certo? Nem tanto.

Para o consultor Jerônimo Mendes, embora distintas, ambas as competências são necessárias, dependendo do segmento de atuação. No caso de um diretor-executivo, por exemplo, ser generalista é uma grande vantagem competitiva. Entretanto, se a questão envolve o empreendedorismo, o único ponto a desenvolver é aquilo que você pretende discutir ou vender. “Quando falamos de negócios, estamos nos referindo ao próprio segmento da atividade correspondente. Nenhum empreendedor obtém sucesso em menos de nove ou 10 anos de trabalho árduo, portanto,


se fizermos as contas, teremos nesse período em torno de 10 mil horas de dedicação, amadurecimento, aprendizado e domínio da atividade”, ensina Mendes. “Em caso contrário, as estatísticas são cruéis. Mais de 90% das empresas não chegam ao quinto ano de vida.” O consultor nota ainda que a questão do foco é primordial, o que foi notavelmente desenvolvido por meio da teoria de Jack Trout e Al Ries, cujo livro “Posicionamento Competitivo” mostra que o posicionamento pode ser aplicado em um produto, um serviço, uma empresa, uma instituição ou até mesmo em uma pessoa. “Quem quer ser tudo para todos acaba não sendo nada, portanto, quanto mais foco, maior a concentração e melhor o domínio do assunto”, ressalta Mendes. Domínio de algo requer muito tempo de prática, anos de exercício e muita atenção com as mudanças constantes na mesma, pois mesmo aquilo que dominamos hoje em breve pode não ser mais o atual, agrega o consultor de recursos humanos, Cássio Mattos. “Penso que devemos ser generalistas numa disciplina que dominamos. Empreender em algo conhecido e com domínio é essencial. O empreendedor necessita de visão sistêmica, inspiração, persistência e perseverança para ir ajustando as suas velas conforme o vento.” Na mesma linha do principio das 10 mil horas, desenvolvido por Malcolm Gladwell, Mattos propõe o dobro para pensamentos inovadores. “Isso porque descartar modelos superados é mais difícil do que dominar uma especialidade”, constata.

Em seu livro, Malcolm Gladwell também procura mostrar que ninguém ‘se faz sozinho’

Cultura é poder Tendo como exemplo as histórias de sucesso de Bill Gates, Beatles e Mozart, em seu livro, Malcolm Gladwell procura mostrar que ninguém ‘se faz sozinho’. Todos os que se destacam por uma atuação fenomenal são, invariavelmente, pessoas que se beneficiaram de oportunidades incríveis, vantagens ocultas e heranças culturais. Tiveram a chance de aprender, trabalhar duro e interagir com o mundo de uma forma singular. Esses são os indivíduos fora de série – os outliers. Para Gladwell, mais importante do que entender como são essas pessoas é saber qual é sua cultura, a época em que nasceram, quem são seus amigos, sua família e o local de origem de seus antepassados, pois tudo isso pode exercer um impacto no padrão de qualidade das realizações humanas. Outro dado apontado pelo autor é o fato de que, para se alcançar o nível de excelência em qualquer atividade e se tornar alguém altamente bem-sucedido, são necessárias nada menos do que 10 mil horas de prática – o equivalente a três horas por dia (ou 20 horas por semana) de treinamento durante 10 anos.

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CRÉDITO

Consumidores poderão solicitar a inclusão de seu histórico de pagamentos numa espécie de banco de dados

Bancos têm prazo para cumprir disposições do Cadastro Positivo Resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) estabeleceu data de 1º de agosto para os bancos aparelharem-se para a prestação de informações

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Conselho Monetário Nacional (CMN) regulamentou, em 19 de dezembro, a forma como os bancos terão de fazer a prestação de informações aos bancos de dados que serão operadores do cadastro positivo de crédito. Os bancos têm de estar aptos a cumprir as disposições até 1º de agosto de 2013. Este era o último passo regulatório necessário para a operação plena do cadastro positivo. O cadastro positivo foi instituído em lei publicada no dia 13 de junho de 2011. A regulamentação foi aprovada em outubro de

2012, mas ainda faltava essa normatização do CMN, definindo como será feita essa troca de informações entre o setor financeiro e os bancos de dados. O Cadastro é um serviço oferecido por empresas especializadas que permite checar o histórico de crédito de uma pessoa. Ele funciona de forma oposta aos “cadastros negativos” existentes hoje no país e usados pela maioria dos lojistas: em vez de apontar a inadimplência, o Cadastro Positivo informa se o consumidor paga em dia as suas contas. A principal alteração será o fato de que o consumidor, a partir do Ca-


dastro, poderá solicitar a inclusão de seu histórico de pagamentos numa espécie de banco de dados. Serão consideradas para análise pendências no SPC, Serasa e Banco Central. Com a inversão do foco do problema (valorização da adimplência do cliente), o interessado poderá ter atendimento e condições diferenciadas, já que a sua taxa de risco cai em função do seu histórico como bom pagador. Teoricamente, alguém com ‘ficha limpa’ tenderá a obter taxas de juros menores nas operações de crédito porque o seu potencial de inadimplência é infinitamente menor: com o Cadastro Positivo ele consegue comprovar que esse risco é baixo, ou praticamente inexiste. O CMN incluiu um novo requisito mínimo para as empresas que queiram operar os bancos de dados que formam o cadastro positivo de crédito. Se o banco de dados quiser ter acesso

a informações financeiras de um cliente, ele tem de apresentar patrimônio líquido mínimo de R$ 70 milhões. Entre as informações que as instituições financeiras vão prestar, segundo o CMN, estão a data de concessão do empréstimo, financiamento, arrendamento mercantil ou consórcio. Valor total da operação, valor da prestação, valores pagos e as datas de vencimento e pagamento. A prestação de informações é voluntária. O cliente tem que autorizar a instituição financeira a repassar as informações aos operadores de bancos de dados. A consulta ao banco de dados não tem custo ao cliente final e as empresas que quiserem ter acesso às informações terão de provar que estão mantendo uma relação comercial com o consultado. A ideia é que o “bom pagador” tenha uma taxa de juros melhor.

Com o Cadastro Positivo, o consumidor poderá comprovar que seu potencial de inadimplência é baixo, o que lhe proporcionará maiores vantagens nas compras a crédito

Como funciona o cadastro positivo Para que você possa aproveitar as vantagens do Cadastro Positivo é preciso que os seus compromissos (contas de serviços, financiamentos, cartões de crédito, etc.) e a informação de pontualidade desses pagamentos sejam enviados aos bureaus de crédito pelas empresas com quem contratou você serviços ou financiamento para compra de bens e produtos. Para que as empresas possam realizar o envio dessas informações, é preciso que você tenha sido comunicado ou tenha autorizado o envio das informações dos seus compro-

missos no momento em que realizou a compra a prazo ou contratou o financiamento. Esta autorização é feita mediante assinatura em instrumento específico ou em cláusula apartada e garante a sua ciência acerca da abertura do cadastro positivo, de acordo com a lei. Os bureaus de crédito organizam as informações do Cadastro Positivo e as apresentam num documento chamado “relatório de crédito” para que as empresas possam consultar durante o processo de análise de crédito. Essas informa-

ções também podem ser resumidas num número, para facilitar a análise de crédito. Esse número é chamado de score ou pontuação de crédito. Por exemplo, numa pontuação que vá de 0 a 1000, quanto mais perto de 1000, mais provável que o consumidor pague o compromisso assumido. Quando o cadastro positivo já estiver sendo usado pelas empresas, quanto maior for a sua pontuação, você terá mais um bom argumento para negociar por condições mais adequadas ao seu perfil. (Fonte: Serasa)

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LIVROS

Os desafios da Petrobras diante do pré-sal Livro analisa a mudança do marco regulatório e destaca as incertezas e os prejuízos no longo prazo para o país

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etróleo: reforma e contrarreforma do setor petrolífero brasileiro”, organizado pelos economistas Fabio Giambiagi e Luiz Paulo Vellozo Lucas, é o mais novo lançamento da Editora Campus/Elsevier. Com prefácio do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e orelha do jornalista Merval Pereira, a publicação sustenta que a mudança no marco regulatório no setor de petróleo e gás no Brasil, aprovado pelo Congresso Nacional em 2010, é o maior erro estratégico da história recente da economia brasileira, comparável, talvez, somente à lei de reserva de mercado da informática, aprovada no final do regime militar. O livro está dividido em quatro blocos de capítulos. No primeiro deles é feita uma rápida reconstituição histórica das condições em que se deu a expansão da Petrobras, desde a sua criação, em 1953, até meados dos anos 1990, passando pelo crescimento inicialmente gradual da empresa; pela crise do petróleo provocada pela guerra do Yom Kippur; e pelo salto de produção. Em 1993, a empresa produzia 693 mil barris de petróleo por dia; em 2002, alcançou 1,5 milhão de barris; em 2009, 2 milhões de barris. No segundo bloco expõe os resultados das reformas transcendentais de

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1997, promovidas pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que permitiram: a participação de capital privado, brasileiro e estrangeiro, na exploração e refino de hidrocarbonetos no Brasil, e a cotização na Bolsa de Nova York da Petrobras por meio do sistema de ADR (recibos de depósito americanos). A abertura ao capital privado possibilitou à Petrobras o acesso a recursos para iniciar a exploração das costas, que redundaria quase dez anos depois na descoberta das chamadas jazidas do “pré-sal”. A cotação em Nova York por meio de ADRs, desde fevereiro de 2001, obrigou a empresa a maior transparência, prestação de contas, direitos de acionistas minoritários, melhores práticas contábeis e supervisão de suas finanças. No terceiro bloco, o livro analisa a mudança do marco regulatório no final do segundo governo Lula e destaca a ampliação das incertezas e os prejuízos de longo prazo que elas podem vir a trazer para o país. Já o quarto traz uma análise das perspectivas do setor de petróleo e gás no mundo nos próximos anos e avalia as perspectivas para o investimento, enfatizando aspectos negativos derivados do novo marco regulatório aprovado em 2010. E apresenta as principais conclusões e sugestões de propostas para o futuro.

Segundo os autores, a mudança no marco regulatório do petróleo, aprovada pelo Congresso Nacional em 2010, é o maior erro estratégico da história recente da economia brasileira, comparável, talvez, somente à lei de reserva de mercado da informática


ARTIGO

A importância da infraestrutura Armando Castelar*

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privatização mudou a cara da infraestrutura brasileira. Novas empresas foram criadas, inclusive com a vinda de investidores estrangeiros para o país, e hoje já se considera natural que setores inteiros, como telecomunicações e ferrovias, historicamente redutos exclusivos de empresas estatais, sejam dominados pela iniciativa privada. Em que pesem as grandes transformações, e os benefícios que daí advieram, o investimento em infraestrutura no Brasil continua empacado em pouco mais de 2% do PIB. Os resultados disso se veem nos recorrentes apagões; nas estradas, portos e aeroportos congestionados; e na dificuldade de locomoção da população das grandes cidades. A meu ver, três motivos explicam esse quadro. Primeiro, o setor público continuou dominando algumas das principais áreas de infraestrutura, mas foi incapaz de realizar os investimentos de que esses setores necessitavam. Aeroportos e rodovias são exemplos disso e do fato de que isso não ocorreu por falta de dinheiro. Burocracia, má gestão, corrupção, vários são os motivos que impedem o investimento público de deslanchar, a despeito da forte alta registrada na arrecadação pública há vários anos. Segundo, o ambiente macroeconômico permanece instável, com a inflação ainda em patamar alto, o que aumenta a incerteza de longo prazo e dificulta a obtenção de financiamento

em condições adequadas. Em especial, o recurso ao financiamento externo, a que as empresas recorrem para alongar seus passivos, é arriscado para as empresas de infraestrutura, porque suas receitas são em reais. Terceiro, a desconstrução do aparato regulatório instituído até 2002 encurtou os horizontes e elevou o risco. As agências reguladoras foram enfraquecidas e o tema da privatização politizado. Passou-se a recorrer à regulação por contrato e à busca de uma modicidade tarifária, que acabaram por comprometer os investimentos e a qualidade da operação. A própria insatisfação demonstrada pelo governo com o resultado da privatização dos aeroportos de Cumbica, Viracopos e Brasília mostra que esse vem tendo dificuldade de estabelecer prioridades. A hesitação posterior em avançar com a privatização dos demais aeroportos mostra, por outro lado, que falta uma estratégia mais ampla para a infraestrutura.

Feita essa ressalva, o plano do governo para elevar o investimento no setor contempla três iniciativas. A primeira é avançar mais decididamente com a privatização, especialmente nos vários segmentos de transporte. Novas concessões rodoviárias e ferroviárias já foram anunciadas e um pacote do mesmo tipo está em gestação para portos e aeroportos. O governo também vem tentando atrair o financiamento privado de longo prazo para a infraestrutura, alavancando os créditos do BNDES, por meio de incentivos tributários originalmente contidos na Lei 12431, que foram fortalecidos com as mudanças trazidas pela Lei 12715. Já há operações realizadas ou em andamento ao amparo dessa legislação. Por fim, o governo vem tentando baixar a taxa de retorno obtida pelos concessionários privados. Vem fazendo isso por meio da concessão de crédito farto e barato pelo BNDES; pela assunção de alguns riscos, como no caso do papel que a Valec vai desempenhar no setor ferroviário; e simplesmente pressionando os operadores a reduzirem suas tarifas. Ainda que essas iniciativas sejam meritórias isoladamente, elas pouco contribuem para alargar horizontes e reduzir riscos. Não se deve descartar a possibilidade de que, a despeito de avanços pontuais, o investimento em infraestrutura permaneça baixo. *Coordenador de Economia Aplicada do Ibre/FGV e professor do Instituto de Economia da UFRJ Janeiro de 2013

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