Empresa Brasil - Edição 127

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Empresa

Brasil

Ano 13 l Número 127 l Fevereiro de 2016

CACB ganha visibilidade internacional com o programa Empreender

A MAIORIA DAS EMPRESAS AINDA NÃO ADOTOU AS MEDIDAS EXIGIDAS PELA LEI ANTICORRUPÇÃO


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB TRIÊNIO 2016/2018 PRESIDENTE George Teixeira Pinheiro (AC) 1º VICE-PRESIDENTE Jésus Mendes Costa (RJ) VICE-PRESIDENTES Alencar Burti (SP) Emílio César Ribeiro Parolini (MG) Ernesto João Reck (SC) Francisco de Assis Silva (DF) Guido Bresolin (PR) Itamar Manso Maciel Júnior (RN) Jussara Pereira Barbosa (PE) Kennedy Davidson Pinaud Calheiros (AL) Olavo Rogério Bastos das Neves (PA) VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS Sérgio Papini de Mendonça Uchoa (AL) VICE-PRESIDENTE DA MICRO E PEQUENA EMPRESA Luiz Carlos Furtado Neves (SC) VICE-PRESIDENTE DE SERVIÇOS Rainer Zielasko (PR) DIRETOR–SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer (TO) DIRETOR FINANCEIRO Jonas Alves de Souza (MT) CONSELHO FISCAL TITULAR Amarildo Selva Lovato (ES) Valdemar Pinheiro (AM) Wladimir Alves Torres (SE) CONSELHO FISCAL SUPLENTE Domingos Sousa Silva Júnior (MA) Ubiratan Silva Lopes (GO) Pedro José (TO) CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Neiva Kieling (SC) CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Fernando Fagundes Milagre SUPERINTENDENTE DA CACB Juliana Kampf GERENTE ADMINISTRATIVO-FINANCEIRO César Augusto Silva COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR DA CBMAE Eduardo Vieira COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antônio Bortolin COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL fróes, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes Cyntia Menezes Erick Arruda SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: Adem Araújo da Silva Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Guido Bresolin Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: Kennedy Davidson Pinaud Calheiros Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Jussara Pereira Barbosa Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: Nonato Altair Marques Pereira Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: Francisco de Assis Silva Quadra 01, Área Especial 03, Lote 01 – Setor Industrial Bernardo Sayão Cidade: Núcleo Bandeirante/DF CEP: 71735-167 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Amarildo Selva Lovato Av. Nossa Senhora dos Navegantes, 955. Ed. Global Tower, sala 713, 7° andar - Bairro: Enseada do Suá - Cidade: Vitória - CEP: 29.050-335 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Ubiratan da Silva Lopes Rua 143 - A - Esquina com rua 148, Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Domingos Sousa Silva Júnior Rua Inácio Xavier de Carvalho, 161, sala 05, Edifício Sant Louis. Bairro: São Francisco - São Luís CEP: 65.076-360 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Alfredo Zamlutti Júnior Rua Piratininga, 399 – Jardim dos Estados Cidade: Campo Grande CEP: 79021-210 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Emílio César Ribeiro Parolini Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Olavo Rogério Bastos das Neves Avenida Presidente Vargas, 158 - 2º andar, bloco 203 Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Itamar Manso Maciel Júnior Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: Ricardo Russowsky Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Gerçon Szezerbatz Zanatto Rua Pio XII, 1061, Pedrinhas, 1º andar, Sl 01 Cidade: Porto Velho CEP: 76801-498 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: João Batista de Melo Mêne Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Ernesto João Reck Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Alencar Burti Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Wladimir Alves Torres Rua José do Prado Franco, 557 - Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Pedro José Ferreira 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE George Teixeira Pinheiro

Os bons augúrios da CACB em 2016

O

ano de 2016, apesar dos maus presságios sobre a economia do país, poderá vir a tornar-se um dos mais ricos da história de nossa entidade. Faço essa afirmação com base no resultado de nossa primeira reunião da diretoria eleita para o biênio 2016/2017, ocorrida em 14 de janeiro. Na oportunidade, foram definidas as datas do 3º Fórum CACB Mil, que deverá realizar-se nos dias 26 e 27 de setembro, no Rio de Janeiro. Outro ponto tratou das medidas que serão tomadas para que o Rio de Janeiro seja a cidade-sede, em 2019, do encontro anual do ICC (Câmara de Comércio Mundial). Uma das orientações da nova diretoria incorpora o tema inovação que será utilizado em todas as ações. Entre elas, está a criação de uma cooperativa de crédito formando o braço financeiro da CACB. Outra determinação inclui uma estrutura própria de informações cadastrais e uma grande campanha de promoção para vendas no Natal de 2016, nos mesmos moldes da realizada, com sucesso, pela Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado de Minas Gerais (Federaminas), que trouxe renda para as Associações Comerciais mineiras. Também foi aprovada a formalização da parceria com a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (UNECS) e da recente criação da Frente Parlamentar Mista em Defesa do Comércio, Serviços e Empreendedorismo. No mesmo encontro, detalhamos os seis eixos orientadores que farão parte da CACB. Ou seja, o relacionamento institucional e legislativo, negócios internacionais, novos projetos, inovação e sustentabilidade, educação executiva e comunicação e acesso a mercados. Devido a essa agenda, estamos todos otimistas e com muita energia, a fim de levar todas essas atividades a um caminho seguro, capaz de contribuir para elevar cada vez mais o conceito de nossa Confederação em meio às entidades de nosso país. Além da alegria de poder compartilhar com os colegas de diretoria os bons augúrios desenhados por nossa administração, tivemos, recentemente, a confirmação de que a entidade, por meio do programa Empreender, será uma das integrantes do consórcio vencedor do edital lançado pela Comissão Europeia, denominado AL Invest V. Esta é a primeira vez que a CACB integrase a um projeto internacional, que conta com a participação de entidades reconhecidas mundialmente, o que é relatado em matéria de capa desta edição de Empresa Brasil. No cenário internacional, esse projeto poderá abrir portas para outros, dados os contatos da CACB com outras câmaras. É por meio dessa troca de experiências que poderemos inovar na execução de serviços e novos empreendimentos.

George Teixeira Pinheiro, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil

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ÍNDICE

8 CAPA

3 PALAVRA DO PRESIDENTE

20 CARREIRAS

O ano de 2016, apesar dos maus presságios sobre a economia do país, poderá vir a tornar-se um dos mais ricos da história de nossa entidade.

Mercado de coaching cresce no Brasil.

22 RELAÇÕES EXTERIORES

5 PELO BRASIL

12 LEGISLAÇÃO

Em sua primeira reunião de diretoria, o presidente George Pinheiro lança as diretrizes da nova administração.

8 CAPA Empreender ganha destaque internacional em projeto lançado pela União Europeia.

12 LEGISLAÇÃO Lei Anticorrupção obriga empresários a agilizarem estruturas de Compliance.

20 CARREIRAS

14 FINANÇAS

Panamá oferece oportunidades de negócios a empresas do Brasil.

24 NEGÓCIOS Faturamento do setor farmacêutico cresce em meio à crise econômica.

26 BALANÇA COMERCIAL Brasil encerra ano com superávit.

28 TRABALHO Ainda existem áreas com boas oportunidades de emprego para 2016.

EXPEDIENTE

Dificuldade de acesso de crédito complica a vida do microempresário.

Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Highwaystarz/fotolia.com Revisão: Press Revisão Colaboradores: Cyntia Menezes, Rosângela Garcia, Tagli Padilha e Erick Arruda. Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: (61) 3321.1311 - comercial@cacb.org.br Impressão: Orby Gráfica Editora Com. Dist. Ltda.

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30 LIVROS Philip Kotler mostra como aperfeiçoar o capitalismo.

18 TURISMO

31 ARTIGO

Com a alta do dólar, aumentou o turismo interno.

A Compliance trabalhista, por Rogéria Gieremek.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Pequenos negócios da moda exploram pouco a Internet


PELO BRASIL

George Pinheiro define seis eixos da nova gestão da CACB Além de anunciar a realização do Congresso de Mediação e Arbitragem da CACB, o presidente George Pinheiro apresentou os seis eixos que vão orientar sua gestão e projetos que serão implementados dentro do tripé modernização, inovação e sustentabilidade gerencial. A primeira reunião desta diretoria foi realizada em 14 de janeiro, na sede da CACB, em Brasília. O próximo encontro está marcado para os dias 10 e 11 de março, também em Brasília. Os eixos são os seguintes: relacionamento institucional e legislativo; negócios internacionais; novos projetos; inovação e sustentabilidade; educação executiva e comunicação e acesso a mercados. Dentre os projetos para o eixo do relacionamento institucional e legislativo, estão a criação de um conselho de notáveis, para apoiar a entidade em decisões estratégicas; a criação de diretorias regionais

Posse oficial do novo presidente será no dia 24 de fevereiro, em Brasília para aproximar a Confederação das cinco regiões brasileiras; a padronização do calendário de eleições nas entidades associadas; a reativação do Instituto Conde dos Arcos; e a formalização da parceria com a

União Nacional das Entidades de Comércio (Unecs). A criação da Câmara de Comércio internacional da CACB e de uma diretoria de projetos internacionais são os objetivos do segundo eixo da nova gestão. Entre os novos projetos, estão a realização do fórum anual da CACB – que neste ano será realizado no Rio de Janeiro, em 26 e 27 de setembro –, além do Congresso Brasileiro de Mediação e Arbitragem CBMAE, no mesmo local e horário. Para inovação e sustentabilidade, o novo presidente pretende trabalhar novos negócios tecnológicos, com a finalidade de identificar e viabilizar o desenvolvimento de tecnologias de ponta que possam modificar a forma de realizar transações comerciais no Brasil. A criação de um programa de formação de líderes empresariais é a meta de Pinheiro para a educação executiva.

Impostômetro chegou a R$ 100 bilhões em janeiro O valor pago pelos brasileiros neste ano em impostos alcançou R$ 100 bilhões por volta das 18h do dia 14 de janeiro, segundo o “Impostômetro” da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). No ano passado, o mesmo valor foi alcançado um dia antes. “O que se espera é que o governo consiga equilibrar suas contas, ao contrário do que ocorreu nos últimos dois anos, e, com isso, não precise reintroduzir uma CPMF, que é um imposto ruim, que prejudicaria

a desaceleração da inflação e contribuiria para agravar a recessão, com impacto inclusive sobre a própria arrecadação”, afirma Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp). A marca de R$ 100 bilhões equivale ao montante pago em impostos, taxas e contribuições no país desde o primeiro dia do ano. O dinheiro é destinado à União, aos estados e aos municípios.

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PELO BRASIL

Lei da Mediação abre caminho para justiça mais ágil A Lei da Mediação, sancionada pela presidente Dilma Rousseff no dia 29 de junho do ano passado, entrou em vigor na última semana de 2015. A iniciativa permite que os cidadãos brasileiros resolvam conflitos sem que haja a necessidade de entrar na Justiça e de forma menos dispendiosa. O Brasil tem hoje cerca de 100 milhões de processos em andamento e, por ano, são julgadas apenas 28% das ações. A partir da Lei 13.140/15, disputas como conflitos empresariais ou familiares, acidentes de trânsito ou revisão de pensão alimentícia, por exemplo, poderão ser solucionadas através da mediação. Com isso, o governo espera alterar a cultura da litigiosidade e promover a busca por soluções mediante a construção de acordos e, assim, reduzir o número de processos que tramitam anualmente no Poder Judiciário.

Eduardo Vieira, coordenador nacional da CBMAE A CACB, através da Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem Empresarial (CBMAE), oferece aos seus associados e às micro e pequenas empresas descontos na utilização dos serviços, que são oferecidos em várias cidades do país.

Micro e pequenas empresas precisam de certificado digital para transmissão da GFIP Desde 1º de janeiro as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), optantes do Simples Nacional, devem obter ou renovar o certificado digital para transmissão da GFIP (Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e Informações à Previdência Social) e o e-Social (Sistema de Escrituração Digital das Obrigações Fiscais, Previdenciárias e Trabalhistas) em 2016. Tanto a entrega da GFIP, quanto o recolhimen-

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to do FGTS ou de declarações relativas ao e-Social exigem certificado digital válido, respeitando um cronograma. As empresas com mais de cinco e de três funcionários precisarão fazer a entrega das guias, a partir de 1º de julho de 2016, e 1º de julho de 2017, respectivamente, por meio de documento eletrônico. O prazo para as empresas que possuem mais de dez empregados ocorreu em 31 de dezembro de 2015.

Sebrae pede ao Confaz revisão de novas regras do ICMS Documento do Sebrae e de mais 11 entidades representativas do comércio e da indústria defende alterações nas novas regras para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Segundo o novo modelo, aprovado por meio de emenda à Constituição, em vigor desde 1° de janeiro deste ano, os impostos estaduais das mercadorias compradas em outro estado passam a ser repartidos entre os locais de origem e de destino do bem. Para o setor privado, entretanto, essa regulamentação tornou o processo burocrático e prejudicou principalmente as pequenas empresas. De acordo com o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, no caso específico das micro e pequenas empresas, no entanto, as entidades recorrerão ao Supremo Tribunal Federal (STF), independentemente de uma reunião no Confaz. “Isso tem que ser para já. Enxergamos que houve uma flagrante inconstitucionalidade. A interpretação que deram é que o convênio alcança a todos, e a Constituição determina um tratamento diferenciado à micro e à pequena empresa, consagrado pela Lei Complementar 123”, afirmou o presidente do Sebrae.


Facisc obtém novas liminares contra fiscalizações da NR-12 Mais empresas catarinenses ligadas às associações empresariais e à Facisc (Federação das Associações Empresariais de SC) serão beneficiadas com liminares obtidas nesta semana contra as fiscalizações da Norma Regulamentadora nº 12 (NR-12). Através de Mandado de Segurança, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e os Centros de Referência de Saúde ao Trabalhador (Cerest) estão impedidos de realizar fiscalizações com base na redação da Norma, que trata da segurança no trabalho em máquinas e equipamentos. As liminares foram concedidas pelo juiz do Trabalho Carlos Alber-

to Pereira de Castro, da 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis. A NR-12, editada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, passou por mudanças que agregaram 300 novas exigências, além das 40 que já estavam em vigor. A liminar determina que sejam aplicadas as obrigações contidas na norma em conformidade com a redação anterior, até decisão posterior do processo. “Graças ao incansável trabalho de toda diretoria da Federação, a liminar ajudará a salvar muitos empregos neste momento de dificuldades econômicas”, comemora o presidente da Facisc, Ernesto João Reck.

Movimento pede pressa na solução da crise A insatisfação dos brasileiros diante do cenário nacional é uma das preocupações da Frente Sudeste de Associações Comerciais, que cobra do Congresso Nacional e dos governantes, em manifesto, a busca de soluções para dar um fim às crises política e econômica. A frente é formada pelas associações comerciais de Minas Gerais (ACMinas), do Rio de Janeiro (ACRio), de São Paulo (ACSP) e do Espírito Santo (ACES). Conforme o presidente da entidade da capital mineira, Lindolfo Paoliello, uma das questões que o grupo considera emergencial é a retomada da autoestima dos brasileiros, especialmente dos empresários, que se encontram perplexos e desolados ante o mau funcionamento da máquina administrativa.

Desemprego é o principal motivo da inadimplência dos consumidores O desemprego disparou como principal motivo que levou o consumidor à inadimplência, segundo a Pesquisa Perfil do Inadimplente referente ao 4º trimestre de 2015, realizada pela Boa Vista SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Pelo levantamento, 41% dos consumidores inadimplentes entrevistados declararam que o desemprego causou a inadimplên-

cia, o que representa um salto de 5 pontos percentuais em comparação ao 4º trimestre de 2014. O dado reflete a deterioração do mercado de trabalho observada ao longo do ano passado. A pesquisa da Boa Vista SCPC mostrou também queda na intenção dos consumidores em realizar novas compras, após quitarem as dívidas: apenas 21% pretendem fazer novas compras depois de

saldar seus compromissos – redução de 11 pontos percentuais em comparação com o ano anterior. Conforme o levantamento, 78% dos consumidores não pretendem realizar novas compras. Depois do desemprego, o segundo motivo causador da inadimplência foi o descontrole financeiro, apontado por 23% dos entrevistados na pesquisa da Boa Vista SCPC.

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CAPA

O coordenador executivo nacional do Programa Empreender, Carlos Rezende, durante Encontro Nacional do Empreender, em setembro de 2015

Empreender ganha destaque internacional em projeto lançado pela União Europeia Uma das principais vitrines da CACB, o Programa Empreender encerrou o ano passado com chave de ouro. Mesmo com o cenário adverso, foi possível celebrar grandes conquistas. A maior delas foi adquirida por meio de edital lançado pela Comissão Europeia

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pesar da crise da economia, que resultou na redução drástica do PIB nacional, 2015 entrará para a história da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) graças ao trabalho desenvolvido pelo Empreender na área internacional. No segundo semestre do ano, a entidade foi confirmada como uma das integrantes do consórcio vencedor do edital lançado pela Comissão Europeia, denominado AL Invest V, que prevê uma aplicação de cerca de 20 milhões de euros em 18 países da

América do Sul, informa Carlos Rezende, coordenador do Empreender. Mesmo na conjuntura adversa, em 2015 o Empreender também voltou a destacar-se pela sua capilaridade no atendimento de empresas, na área de incentivo às MPEs, acrescenta Rezende nesta entrevista à Empresa Brasil. Acompanhe os principais trechos, a seguir: Qual é o balanço do Empreender em 2015? Em 2015, O Empreender esteve presente em 13 estados, 317 municípios e 1.400 núcleos setoriais. Houve


uma redução de cerca de 10% no número de núcleos setoriais. Tivemos um dos piores indicadores econômicos dos últimos anos, com alta inflação, baixo crescimento, câmbio elevado e ambiente político instável, e esse cenário se refletiu em todo o sistema de ACEs e no Empreender. As ACEs tiveram que aumentar os esforços para reter os associados, o que nem sempre foi possível. Registrou-se a redução de 20% no faturamento e a descontinuidade do Empreender em algumas delas por limitações orçamentárias. Também houve descontinuidade de alguns núcleos setoriais pela falta de perspectiva de melhora identificada pelos empresários e pela falta de motivação. E o Empreender Competitivo? No Competitivo, mesmo com o cenário adverso, tivemos resultados importantes. Mais de 60% dos indicadores foram alcançados nos 96 projetos apoiados. O relatório preliminar da pesquisa indica que as empresas aumentaram os postos de trabalho, entre 2013 e 2015, em 10%. O índice de satisfação com o projeto se aproxima de 90%. O encerramento da terceira etapa do Competitivo, que consiste em apoiar financeiramente núcleos setoriais consolidados, mediante apresentação e aprovação de projetos, confirmou a assertividade da iniciativa da CACB e do Sebrae. Um dos 96 projetos apoiados pediu a extensão do prazo para concluir, algo que achei fantástico. No apagar das luzes, apareceu a parada de ônibus ecológica. A iniciativa foi do núcleo de paisagismo da Associação Comercial de Florianópolis. A parada tem jardim para aproveitar a captação de águas das chu-

vas, gera energia para os painéis eletrônicos, entre outras inovações. Quais são as principais dificuldades das empresas detectadas pelos técnicos do Competitivo? O cenário econômico foi a maior dificuldade enfrentada pelas empresas, principalmente as que dependiam da taxa de câmbio. As dificuldades nas vendas, mesmo em datas onde o comércio tende a ser maior, foram outro entrave relatado pelos empresários. Quantas ações foram completadas pela equipe? O convênio do Competitivo previu visitar cada um dos 96 projetos três vezes durante a sua execução. Dado o bom andamento do projeto, em alguns locais foi desnecessário realizar a terceira visita de acompanhamento. Assim, em 2015, 24 projetos receberam a visita de técnicos da CACB. A equipe do Competitivo acompanhou no decorrer de dois anos cerca de 600 ações. Durante estas visitas, os técnicos avaliam a execução das ações, discutem com os empresários e com os representantes das entidades, e, eventualmente, fazem sugestões de realinhamento dos projetos. O Competitivo tem dois tipos de acompanhamento. Um à distância e outro presencial. No à distância, a avaliação se faz por meio dos dados inseridos nos sistemas de gestão pelos técnicos vinculados às ACEs e Federações. As visitas comprovaram o bom andamento dos projetos. A metodologia empregada no Empreender permanece a mesma ou mudou? O núcleo da metodologia do Empreender permanece inalterado. Ou

“Pela primeira vez, a CACB está integrada em um projeto internacional de amplo alcance e com a participação de entidades representativas e reconhecidas mundialmente” Carlos Rezende, coordenador nacional do Empreender

O Empreender nos estados Estados Municípios Núcleos setoriais AL 7 22 BA 17 50 GO 14 39 MG 19 91 PA 1 5 PR 67 310 RJ 9 31 RN 17 60 RO 1 1 RS 8 20 SC 76 462 SP 73 272 TO 8 37 Total Geral 317 1400

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CAPA seja, agrupar empresários de um mesmo segmento, discutir melhorias para as empresas junto com o moderador qualificado, também denominado de consultor; estabelecer um plano, executar as ações, acompanhar os resultados, e, se necessário, reajustar os planos de trabalho. O moderador utiliza o Metaplan, processo de debate de ideias por meio gráfico, que facilita o entendimento e estimula a participação de todos os empresários. Ela será aperfeiçoada? Estamos aperfeiçoando a forma de implementação do Empreender. Por exemplo, estimular a criação de núcleos alinhados à estratégia de desenvolvimento do município, inseridos em uma cadeia produtiva ou por meio do encadeamento produtivo. No passado, os moderadores foram orientados a discutir os problemas e, a partir daí, estabelecer planos de ações. Hoje, você pode estabelecer uma visão de futuro compartilhada e trabalhar as ações para se chegar até lá. Está sendo dado enfoque à questão da sustentabilidade do projeto. É indispensável a participação de empresários que terão condições de contribuir financeiramente na execução das ações, aqueles que se posicionam como protagonistas das ações e não somente como beneficiários do projeto. Outro aspecto importante sendo trabalhado neste momento é a gestão do projeto. As informações necessitam fluir com mais consistência e rapidez entre a ACE, a Federação e a Confederação. Para isto, estamos investindo muito no Portal do Empreender, de forma a acompanhar os planos de ações dos núcleos setoriais, os cadastros de empresas.

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Programa foca na melhoria dos processos produtivos de empresas, capacitação e aprimoramento de técnicas de gestão Como se insere o Empreender no cenário internacional? A participação do Empreender no concurso do ICC (International Chambers of Commerce), em 2005, em Durban, na África do Sul, foi um marco na história da CACB. A partir daquele momento, a CACB, com o apoio do Sebrae, firmou seu primeiro convênio para atuação na área internacional. Também, teve seu primeiro projeto de cooperação internacional com a Câmara de Artes e Ofícios de Essen da Alemanha, para fortalecimento das ACEs da região Nordeste. O ponto alto foi a premiação do projeto Capacitar Nordeste, fruto da cooperação internacional com a Câmara de Essen, em 2007, no congresso do ICC na Turquia. A partir daquele momento, as portas se abriram para a CACB, que, por diversas vezes, integrou as bancas avaliadoras para escolha de projetos e de países candidatos a sediar os congressos do ICC. Qual foi o destaque nessa área em 2015? O maior deles foi a participação no edital lançado pela Comissão Europeia,

denominado AL Invest V. No edital anterior, houve três consórcios vencedores, sendo um para a Região Andina, outro para o Mercosul e outro para a América Central. No AL Invest V, haveria um único consórcio vencedor, para aplicar mais de 20 milhões de euros em, no mínimo, 18 países da América do Sul. Este consórcio foi integrado por entidades de seis países: Brasil (CACB), Bolívia (CAINCO), Peru (Câmara de Lima), Guatemala, Uruguai e Costa Rica. No segundo semestre de 2015, a CACB recebeu a informação de que o consórcio foi vencedor do edital, cuja execução começa agora em 2016. Além das entidades dos seis países, integram o consórcio o BID, a Sequa da Alemanha, a Câmara de Paris, e a Eurochambers, com sede em Bruxelas. Quais são os efeitos dessa conquista? Pela primeira vez, a CACB está integrada em um projeto internacional de amplo alcance e com a participação de entidades representativas e reconhecidas mundialmente. No cenário internacional, este projeto poderá abrir portas


para novos projetos. A CACB estará em contato estreito com outras câmaras permitindo troca de experiência, que em muito poderão ajudar na implementação de serviços e na gestão de projetos. Como serão aplicados os recursos? À primeira vista, os recursos poderão ser aplicados em ações normalmente desenvolvidas no Empreender Convencional, no Empreender Competitivo e no Capacitar, no desenvolvimento de ACEs. Destaque também para as ações internacionais. O projeto prevê apoio às empresas para promoção do comércio internacional por meio da participação em feiras internacionais, intercâmbio entre as entidades empresariais. Como o Empreender se situa em termos de Brasil na área de estímulo ao empreendedorismo? O Empreender atendeu ao longo desses anos a mais de 60 mil empresas. Atualmente, cerca de 300 municípios trabalham o programa. Existe na outra ponta o Sebrae, que, ao longo destes 20 anos, sempre apoiou o programa e o faz porque acredita no seu potencial

de alavancar as empresas. Qualitativamente, as empresas participantes do Empreender estão frequentemente presentes no prêmio MPE Brasil, iniciativa do Movimento Brasil Competitivo e do Sebrae. São premiadas em todo o Brasil as empresas que se destacaram na gestão dos negócios. Cerca de 100 mil empresas se inscrevem no prêmio. Está prevista alguma inovação no programa deste ano? À medida que as empresas melhoram, há uma tendência à estabilização no seu desenvolvimento. Os desafios para continuar crescendo são maiores e esbarram na limitação dos técnicos. Assim, pretendemos estimular a participação da academia junto aos núcleos setoriais de forma a buscar inovações mais profundas para as empresas. Esta participação se daria por meio de parcerias com universidades e centros de pesquisa. O grande desafio da CACB junto ao Empreender no momento é ampliar a sua atuação, alcançado novas empresas, criando novos núcleos setoriais e buscando inovações para empresas que já participam do programa há mais tempo.

Prêmios destacam o aumento da competitividade das micro e pequenas empresas de todo o Brasil

O que é o Empreender O Programa Empreender é a união de pequenos empresários de um mesmo segmento, que, através do Associativismo, têm como metas incentivar, aumentar o desenvolvimento e a competitividade das suas empresas. Quem adere ao programa tem resultados significativos e crescimento para os seus negócios. HISTÓRICO O Programa Empreender nasceu em 1991, idealizado pelas Associações Comerciais e Industriais de Santa Catarina, Blumenau, Brusque e Joinville, com o apoio do governo alemão, através da HWK, Câmara de Artes e Ofícios de Munique e Alta Baviera. A partir de 1999, o Sebrae nacional e a CACB, Confederação das Associações Comerciais do Brasil, iniciaram um programa-piloto do Empreender em 7 estados brasileiros: Alagoas, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e Sergipe. A partir de 2002, começou a expansão do Empreender para todas as 27 Unidades da Federação, com meta de atingir mais de 650 municípios e beneficiar mais de 32.500 MPEs, em 3500 núcleos setoriais. Fevereiro de 2016

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LEGISLAÇÃO

Lei Anticorrupção obriga empresários a agilizarem estruturas de Compliance Exatamente dois anos após a aprovação da Lei nº 12.846/13 e um ano após a sua regulamentação, as empresas começam a se mexer a fim de cumprir as suas exigências

No Brasil, ainda são poucas as empresas que absorveram a importância de se ter um departamento de Compliance capacitado e independente

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abe aquela empresa que enfrenta dificuldades para vender seu produto aos clientes por falta de uma estrutura de Compliance? Ou daquela outra que teve negado o acesso ao crédito pelo mesmo motivo? Apesar de fictícios, esses exemplos poderão ser evitados, na realidade, se for confirmado o crescimento da demanda de empresas por informações sobre a montagem de mecanismos de gerenciar riscos, registrado no ano anterior. Com exceção dos bancos, antes da vigência da Lei Anticorrupção e de sua regulamentação, os empresários sequer sabiam a definição da palavra, que tem origem no verbo em inglês to comply, que, em português, significa agir de acordo com uma regra, estar em conformidade. Ao longo de 2015, entretanto, mesmo tímida, iniciou-se uma movimentação com o objetivo de atender às

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Empresa Brasil

exigências da legislação, relata Henrique Saibro, do escritório Garrastazu Advogados, de Porto Alegre. “A implantação de um único programa de Compliance representa, por si só, uma mudança de paradigma em um ambiente corporativo”, acrescenta. “E isso já está acontecendo.” Devido à crise econômica e política, Saibro acredita que em 2016, no mundo corporativo, a prática da Compliance ainda não deve deslanchar, o que considera temporário. “Assim que a economia estiver mais estabilizada, teremos um crescimento significativo na área”, prevê.

“As empresas estão preocupadas”, relata Cláudio Peixoto, da área de Serviços Forenses da KPMG. “O ano de 2014 foi dedicado pelos empresários ao conhecimento da Lei Anticorrupção”, diz. “A partir da prisão de executivos de grandes corporações, em novembro do mesmo ano, eles tomaram consciência de que as pessoas podem ir para a cadeia. Desde então, o interesse em atender às exigências da lei começou a sedimentar-se”, informa. Peixoto lembra que as penalidades previstas em lei são severas, podendo chegar até 20% do fatu-


ramento bruto das empresas. Mas a questão é mais complexa, complementa. “Além do aspecto legal, as empresas estão obrigadas a montar os programas de Compliance a fim de resguardar-se na questão comercial, nas relações com terceirizados ou fornecedores, os quais também devem dispor de estruturas de conformidade à lei”, indica. Outra demanda que justifica a estrutura de gerenciamento de riscos envolve o acesso ao crédito de bancos. “Esse aspecto também contribui para as empresas se mexerem no sentido de gerenciar seus riscos.” Além da mudança de cultura, a maior dificuldade para a implantação da estrutura exigida pela Lei Anticorrupção é o preço, que não é baixo, assinala Saibro. “O que parte do empresariado não sabe, contudo, é que não praticar Compliance, em longo

prazo, acaba sendo mais dispendioso”, argumenta. As pequenas empresas, com fluxo de caixa diminuto, são as que enfrentavam mais dificuldades, conforme Saibro. Entretanto, a partir da Portaria Conjunta nº 2.279/15, que tratou de regulamentar as medidas de integridade a serem adotadas pelas empresas de pequeno porte e microempresas, ele acredita que os pequenos empresários terão maiores facilidades para implantar tais práticas. “Isso porque são normas mais simples e com menor rigor formal e, consequentemente, menos custosas”, explica. “O ano de 2016 será o ano da empresa de médio porte aderir ao Compliance”, reforça Peixoto. “Nesse segmento, o programa pode ser mais enxuto, o que deve estimular a sua implantação”, conclui.

Saibro: “A implantação de um único programa de Compliance representa, por si só, uma mudança de paradigma”

Cultura de gestão de riscos é incipiente no país Decorridos dois anos desde a implantação da legislação, no Brasil, muito pouco foi feito pelas empresas para se precaverem contra a corrupção. Pelo menos é o que se depreende das primeiras pesquisas sobre o tema. Concluída ao final do terceiro trimestre do ano passado, a pesquisa da KPMG, feita com 200 empresas por meio de plataforma Web, revelou que 42% dos que responderam ao questionário ainda se encontram nos menores níveis de governança, sem programa de Compliance. “O cenário ainda é pouco ma-

duro em gestão de riscos, com diversos desafios a serem superados pelos executivos sêniores das empresas”, afirma a área de Risk Consulting da consultora. De acordo com os dados do levantamento, 12% das empresas consultadas não possuem infraestrutura de Compliance (não existe sequer programa de ética); 34% dispõem de infraestrutura mínima (Programa de ética e Compliance proposto por meio de políticas); 19% definiram o estágio atual na função de monitoramento por grupo independente; 23% na fun-

ção de Compliance integrada com jurídico; e apenas 12% no estágio de alta performance. Sobre a existência de programas de ética e Compliance, 17% responderam não possuir Código de Ética, o que é considerado altamente crítico para o sucesso do negócio. Entre as empresas pesquisadas, 28% faturam por ano entre R$ 1 bilhão e R$ 5 bilhões; 25% acima de R$ 5 bilhões; 16% de R$ 301 milhões até R$ 1 bilhão; 13% até R$ 90 milhões; 9% de R$ 91 milhões até R$ 300 milhões e 9% informação não divulgada.

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FINANÇAS Falta de capital de giro ainda é um dos principais fatores de mortalidade das microempresas

Dificuldade de acesso ao crédito limita o crescimento das PMEs Pesquisa do Sebrae revela que 30% dos pequenos negócios não possuem qualquer relacionamento com os bancos comerciais como pessoa jurídica, o que dificulta na hora de acessar crédito formal

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Empresa Brasil

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alta de crédito, taxa de juros elevada e uso de cheque pré-datado são alguns dos principais problemas que atrasam o crescimento dos pequenos e microempresários brasileiros, segundo pesquisa realizada pelo Sebrae. Em tempos de crise, estes mesmos empreendedores buscam alternativas para “limpar o nome na praça”, ampliar o capital de giro, elevar as vendas/serviços e ainda se manterem competitivos no mer-

cado. No entanto, as dificuldades que surgem acabam atrapalhando muitos planos e impedindo o crescimento de outros tantos. Dentre os vilões, está, por exemplo, o cheque pré-datado, que, conforme o levantamento do Sebrae, ainda é usado por 51% dos microempresários e em 57% dos negócios de pequeno porte. E, neste universo, 72% dos pequenos empreendedores tentam desviar da crise fazendo pagamentos a fornecedores a prazo.


A pesquisa aponta a relação dos negócios de pequeno porte com o sistema financeiro e revela que 30% dos pequenos negócios não possuem qualquer relacionamento com os bancos comerciais como pessoa jurídica, o que dificulta na hora de acessar crédito formal. Na opinião do vice-presidente de Relações com os Profissionais do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRC-RS), Celso Luft, uma das grandes dificuldades destes empresários está relacionada à gestão. Ele acredita que um dos entraves enfrentados é que, em momentos de bons resultados, estes empreendedores não costumam cultivar o hábito de fazer um tipo de reserva ou poupança. “Estes, na hora que as vendas caem e as obrigações não diminuem, acabam usando o limite especial do cheque bancário e, em casos extremos, apelando para empréstimos com agiotas, com altas taxas de juros”, destaca.

LONGE DOS BANCOS Outro problema apontado pelo levantamento organizado pelo Sebrae, em uma das etapas identificada como “Bancarização das MPEs”, e que consultou 6.005 empresas (Micro Empreendedores Individuais, Micro Empresas e Empresas de Pequeno Porte), é a distância entre estes empreendedores e as agências bancárias. De acordo com os organizadores da pesquisa, os resultados indicam que no Brasil a maioria das empresas se relaciona com os bancos como Pessoa Jurídica. Porém, quanto menor o porte, mais baixa é a proporção de empresas que lança mão dos serviços bancários. Os destaques positivos são os estados de São Paulo e Santa Catarina, onde 80% dos Pequenos Negócios acessam bancos como PJ. Por outro lado, os negativos são os estados do Maranhão e da Paraíba, em que apenas 54% das empresas buscam apoio nas redes bancárias.

Os resultados da pesquisa indicam que, no Brasil, a maioria das empresas se relaciona com os bancos como Pessoa Jurídica. Porém, quanto menor o porte, mais baixa é a proporção de empresas que lança mão dos serviços bancários

Acesso a recursos financeiros pode blindar empresa contra épocas de recessão Fevereiro de 2016

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FINANÇAS

Em busca de soluções para aumentar o capital de giro Uma das soluções para facilitar o acesso dos pequenos empreendedores ao crédito formal, segundo o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, é a liberação de 20% dos depósitos compulsórios dos bancos para financiamento de capital de giro das micro e pequenas empresas. As instituições financeiras são obrigadas a guardar no Banco Central uma parte do dinheiro depositado pelos correntistas, reduzindo a oferta de crédito. Na opinião de Afif, “o pequeno e micro empresário tem imensa dificuldade de acessar o sistema financeiro. O papel do Sebrae é entrar duro nessa batalha de liderar as políticas públicas”. Afif acredita também que o Brasil tem instituições financeiras fortes, mas que concentram o crédito para a produção. “A tendência é traba-

lhar com as grandes empresas”, sinalizou o presidente. O levantamento do Sebrae também ouviu 34 gerentes de instituições financeiras, de 10 cidades e sete estados, para avaliar qualitativamente as razões para não conceder crédito aos pequenos empresários. As principais dificuldades identificadas na concessão – na visão das instituições financeiras – foram: a falta de garantias, inadimplência, ausência de um plano de negócios e cadastro incompleto. Diante destas dificuldades, os gerentes de crédito de MEI e ME indicam aos pequenos empresários a buscarem qualificação profissional em instituições como o Sebrae. Entendem que, com uma melhor educação financeira, é possível aumentar a taxa de aprovação de crédito.

“O pequeno e micro empresário tem imensa dificuldade de acessar o sistema financeiro. O papel do Sebrae é entrar duro nessa batalha de liderar as políticas públicas” Guilherme Afif Domingos, presidente do Sebrae 16

Empresa Brasil


FEVEREIRO/2016 O 20 6 – SEBRAE.COM.BR S A CO – 0800 570 0 0800

COMPRAS PÚBLICAS

Foto: Bernardo Rebello

Micro e pequenas empresas têm exclusividade nas licitações com valores até R$ 80 mil


P L ANEJAM E N T O

VEJA SETE DICAS PARA EMPREENDER EM 2016 Orientações do Sebrae contribuem na hora de abrir uma empresa

SIMONE GUEDES AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS/MG

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azer uma pesquisa de mercado é essencial para uma empresa. Saber quem são seus concorrentes e fornecedores, as tendências e novos nichos de clientes são fatores muito importantes antes de colocar um novo produto ou serviços no mercado e investir recursos. Para incentivar novos empreendimentos, o Sebrae dá sete dicas para quem pretende investir em um negócio em 2016 e ter sucesso. Ao abrir uma empresa, é necessário trabalho árduo e paciência para tornar o empreendimento viável e bem-sucedido. Uma das dicas é ter planejamento. Muitas vezes, é necessário deixar a emoção de lado e investir em um processo racional de avaliação, na busca de informações estruturadas para realizar o investimento. Com a instabilidade econômica, é difícil escolher qual atividade investir. É aconselhável elaborar um modelo de negócio que não inclua ainda aspectos técnicos como legislação, custos e despesas, mas que auxilie na estruturação. Isso pode ser feito por meio do Canvas, uma ferramenta elaborada

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EMPREENDER / SEBRAE

pelo Sebrae que permite desenvolver ideias de negócio ou repensar um modelo de negócio já existente. Após esse teste, o empreendedor pode fazer um planejamento detalhado, chamado Plano de Negócios. Este auxilia passo a passo na construção do empreendimento, considerando os pontos essenciais que devem ser observados e registrados em finanças, marketing, pessoas, mercado, entre outros. Procurar o melhor local para instalar o negócio é uma das atividades mais importantes. É necessário analisar o processo de logística e venda da mercadoria, facilidade de acesso dos clientes ao local, estacionamento, distância entre rodovias, sistema bancário, bem como todos os custos fixos envolvidos no imóvel para a instalação do empreendimento. O empreendedor deve ter conhecimento sobre os impostos para a abertura do negócio, a legislação trabalhista e tributária e os procedimentos específicos para a liberação do alvará de licença. Isso porque alguns empreendimentos precisam de autorização como a do Corpo de Bombeiros e/ou Vigilância Sanitária. E

Foto: Denise Guimarães

DICAS DO SEBRAE PARA COMEÇAR UM NEGÓCIO 1. Busque o equilíbrio entre emoção e razão. 2. Tenha conhecimento no ramo de atividade. 3. Pesquise o local de instalação. 4. Conheça a legislação. 5. Conheça o mercado. 6. Cuide das finanças. 7. Identifique se possui o perfil de empreendedor.


Foto: Edilson Tavares

Empresas locais terão prioridade quando o preço de contratação for até 10% superior ao dos propostos por empreendimentos de outras cidades

D EC R ETO

ENTRAM EM VIGOR NOVAS REGRAS DE LICITAÇÃO PARA MPE Exclusividade das micro e pequenas empresas nas compras públicas até R$ 80 mil já está valendo

ALESSANDRA PIRES AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

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partir deste ano, as licitações públicas para compras de até R$ 80 mil deverão ser exclusivamente disputadas pelas micro e pequenas empresas. É o que determina o Decreto 8.538/2015 (que regulamenta a Lei 147/14), o qual também prevê a possibilidade de criação de um lote restrito para os pequenos dentro de uma licitação que tenha um valor maior. Além da exclusividade nas licitações federais, o decreto estabelece ainda no-

vas regras para a participação dos pequenos negócios nas compras públicas municipais, determinando o uso da regra federal quando não houver legislação local sobre o tema. Conforme o texto, as micro e pequenas empresas locais terão prioridade quando o preço de contratação for até 10% superior ao dos propostos por empreendimentos de outras cidades. “Precisamos ampliar o acesso do segmento às compras governamentais. Os pequenos negócios são os principais geradores de emprego no Brasil. Eles são responsáveis pela economia real das ci-

dades brasileiras”, destaca o presidente do Sebrae, Guilherme Afif Domingos. De acordo com dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, a participação dos pequenos negócios nas compras públicas ficou em R$ 7 bilhões, entre janeiro e novembro de 2015. Esse valor representa 16,9% do total de R$ 41,6 bilhões gastos pelo governo federal em 2015. No ano, o segmento participou de 52.418 processos licitatórios do governo federal. A maior parte das aquisições foi de Bens, com 60,1%, e Serviços, com 39,8%. E

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Foto: Arquivo Sebrae

Pesquisa revelou que a internet é uma alternativa para enfrentar a crise econômica

V ESTUÁR I O

PEQUENOS NEGÓCIOS DA MODA EXPLORAM POUCO A INTERNET Pesquisa inédita do Sebrae mostra que empresários estão presentes no ambiente virtual, mas fazem basicamente a divulgação do negócio e não realizam venda on-line

GIZELLA RODRIGUES AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

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s donos de pequenos negócios que comercializam roupas e acessórios ainda esbarram em dificuldades para vender seus produtos pela internet e fazer parte de um dos segmentos que menos sentiu os efeitos da crise econômica, o e-commerce. Pesquisa inédita do Sebrae, feita com mais de 5,7 mil donos de lojas

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EMPREENDER / SEBRAE

de artigos de vestuário e acessórios de pequeno porte, mostra que eles estão presentes no ambiente virtual, mas fazem basicamente a divulgação do negócio e não realizam venda on-line. Segundo os dados, menos de 15% dos donos dos pequenos negócios de moda e acessórios efetuam vendas pela internet e pelas redes sociais na maioria das vezes – dois em cada três entrevistados afirmaram vender dessa

forma. Apenas 28% dos que fazem vendas on-line têm site próprio e 6% estão em marketplaces, o que caracteriza o e-commerce propriamente dito. Dos pequenos varejistas de moda pesquisados, 84% têm uma loja física em comércio de rua, 6% estão em shopping e 1% opera somente on-line. E daqueles que possuem uma loja física e também on-line, 92% responderam que a loja física representa o maior volume de vendas.


Mídias digitais “O anúncio nas redes sociais é a principal ação de marketing dessas empresas – 6% dos empresários participantes da pesquisa utilizam as redes sociais como estratégia de marketing. Mas eles ainda exploram pouco a internet e não aproveitam as potencialidades da rede”, assinala a diretora-técnica do Sebrae, Heloísa Menezes. “A rede social é uma boa alternativa para o início de atuação on-line, pois requer pouco investimento em tecnologia. Porém, a empresa deve se preparar para a comercialização na internet com a loja virtual ou o marketplace, pois isso contribui para a credibilidade da loja e para a segurança no pagamento. A rede social deve ser trabalhada como um canal de relacionamento e de apoio à venda”, completa. Para Heloísa Menezes, comercializar via internet é uma atividade relativamente nova no Brasil e, por isso, ainda é pouco usual entre os pequenos negócios. “Há um enorme potencial a ser explorado pelos empreendedores brasileiros: moda é a categoria mais vendida no e-commerce; as pessoas estão cada vez mais digitais e utilizando dispositivos móveis. A internet está cada vez mais acessível e com maior qualidade nas regiões do Brasil. A atuação das empresas precisa responder a esse comportamento do consumidor”, argumenta. Obstáculos Apesar de ser uma oportunidade, a diretora-técnica do Sebrae entende que operar um e-commerce não é tarefa fácil, e o empresário precisa

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se capacitar para ser bem-sucedido. “Logística, tributação e marketing são dificuldades que os empresários vão se deparar no dia a dia. O Sebrae tem uma série de soluções para ajudar esses empreendedores. Oferecemos cursos, palestras, oficinas, cartilhas e damos qualquer tipo de orientação para quem quer montar um e-commerce, a maioria delas de graça”, afirma. A pesquisa revelou ainda que a internet é uma alternativa para enfrentar a crise econômica. Enquanto o faturamento caiu no primeiro semestre do ano para 65% dos empresários do segmento pesquisado, o resultado foi negativo apenas para 55% daqueles que usam a rede para fazer vendas. Empreendedores que concentram suas vendas no meio virtual detectaram ainda menor diminuição no faturamento (48%), e 22% deles registraram inclusive aumento nas vendas. Cartilha Para apresentar de forma objetiva e direta os principais pontos que devem ser observados por quem já possui ou pretende abrir um e-commerce de moda e acessórios, o Sebrae montou uma cartilha que procura responder a essas e outras perguntas, disponível gratuitamente no Portal Sebrae. O documento fala do cenário do ecommerce de Moda e Acessórios, os principais desafios, as boas práticas, segurança para o consumidor, grade e sazonalidade, atendimento personalizado, concorrência, como amenizar trocas e devoluções, padronização de tamanhos, redes sociais, legislação e tributação. E

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SEGUNDO OS DADOS DA PESQUISA, MENOS DE 15% DOS DONOS DOS PEQUENOS NEGÓCIOS DE MODA E ACESSÓRIOS VENDEM PELA INTERNET E PELAS REDES SOCIAIS

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C OMEÇ AR BE M

MAIS SEGURANÇA PARA QUEM QUER ABRIR UMA EMPRESA Empresários se preparam para o mercado com apoio do Sebrae

DÉBORA CRONEMBERGER AGÊNCIA SEBRAE DE NOTÍCIAS

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ontar uma empresa envolve riscos, ainda mais em tempos de crise, porém a conjuntura econômica difícil não tem impedido a abertura de novos negócios. “A crise existe sim e afeta todo mundo, mas também pode ser uma oportunidade”, afirma a paranaense Zomara Martins, de Maringá (PR), que no início de setembro abriu a Divinah Store, que vende pela internet lingeries para gestantes. A avaliação de Zomara coincide com a de um analista de sistemas carioca que trabalha para lançar neste ano, em sociedade com dois colegas, uma plataforma digital sobre serviço de delivery de alimentos. “A crise está aí, mas a gente vai ser conivente com ela ou vai se levantar, sacudir a poeira e seguir em frente?”, questiona Robert Pinheiro da Silva, de Nova Friburgo (RJ). “As pessoas estão retendo mais dinheiro, mas não deixam de consumir. O desafio é inovar e oferecer um produto de qualidade”, acrescenta.

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EMPREENDER

Preparação Zomara e Robert participaram do Começar Bem, projeto criado pelo Sebrae Nacional para apoiar o potencial empresário a entrar no mercado com mais segurança. Em 2015, o projeto completou um ano, com a realização, até outubro, de 1.739 turmas em cursos, oficinas e palestras sobre temas como formalização, análise de mercado e orientação para acesso a financiamento. Mais de 31 mil pessoas foram atendidas no projeto em todo o país. Em outubro, o Começar Bem disponibilizou uma ferramenta gratuita para ajudar o empreendedor a construir um modelo de negócios: o aplicativo Sebrae Canvas 2.0 (www.sebraecanvas.com). Ele pode ser usado em desktop ou tablet (iOS e Android). Basta criar uma conta na página, onde é possível fazer o download do aplicativo nessas opções de sistema operacional. A capacitação reduz os riscos. “Quem se prepara antes de abrir uma empresa vai lidar com riscos mais moderados, daí a importância fundamental da capacitação”, ensina a gerente de Capacitação Empresarial e de Cultura Empreendedora do Sebrae Nacional, Mirela Malvestiti. E

INFORME SEBRAE Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Robson Braga de Andrade. Diretor-Presidente: Afif Domingos. Diretora-Técnica: Heloísa Guimarães de Menezes. Diretor de Administração e Finanças: Luiz Barretto. Gerente de Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo.


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TURISMO

Com o dólar forte, famílias trocam férias no exterior por viagens domésticas Destinos que envolvem atrações naturais, históricas e culturais, além do turismo de aventura, devem conquistar interesse do brasileiro nas férias de verão

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ntre os meses de janeiro e novembro de 2015, os brasileiros gastaram mais de US$ 16 bilhões no exterior, número 31,18% menor que no mesmo período do ano anterior. Já a despesa cambial turística caiu de US$ 1,7 bilhão, em novembro de 2014, para US$ 971 milhões, no mesmo mês de 2015. Com as altas cotações da moeda norte-americana e em tempos de economia, em função da crise enfrentada pelo Brasil, o turista brasileiro tem optado por viagens domésticas. De acordo com a Sondagem do Consumidor, estudo realizado em parceria entre o Ministério do Turismo (MTur) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), em janeiro de 2014, dos 27% dos entrevistados que queriam viajar naquele ano, 69% fariam viagens nacionais e 27%, internacionais. Em contraponto, em dezembro último, dos 26% dos entrevistados com intenção de viajar nos seis primeiros meses de 2016, 86% disseram optar por destinos nacionais, enquanto apenas 10% escolheriam ir a outro país. É o caso da advogada capixaba Gracielle Veloso, que viajaria a Nova Iorque com toda a família, para passar as férias, em fevereiro deste ano, mas

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Empresa Brasil

Foto: Arquivo pessoal

Elevação da cotação do dólar fez Gracielle Veloso suspender viagem a Nova Iorque

desistiu. “A alta do dólar fez com que as despesas com hospedagem, gastos pessoais e, principalmente, com compras ficassem mais caras”, conta ela. Conforme o Diretor de Estudos Econômicos e Pesquisas do MTur, José Francisco de Salles Lopes, este é um bom momento para os micro e pequenos empresários ficarem de olho nos turistas, para estimular ainda mais sua estadia e seu retorno à cidade visitada. “A parcela mais ponderável da economia de turismo situa-se em atividades de MPEs. Sem dúvida, com

Economia do turismo brasileiro tem cerca de 85% de seu faturamento nas viagens domésticas. Com a alta cotação da moeda norteamericana, esse percentual pode chegar em 90%


este aumento, estes empresários terão resultados muito favoráveis em seus negócios. Mais que isso, eles poderão trabalhar para, junto com toda a estrutura que envolve o turismo, trazer cada vez mais os brasileiros para o turismo doméstico”, destaca. “O empresariado está entendendo que é importante agradar o turista para se obter bons resultados”, diz o especialista. Hotéis, transportes, alimentação e serviços de turismo devem ser os setores mais beneficiados. Segundo Lopes, a economia do turismo brasileiro, de forma geral, tem cerca de 85% de seu faturamento nas viagens domésticas. Com a alta cotação da moeda norte-americana, esse percentual, afirma, está caminhando para os 90%. “Isto é favorável, ainda, para mantermos esse número a curto e médio prazo”, argumenta. Após desistir de ir a Nova Iorque, a família de Gracielle, que já visitou países como Peru, México, Argentina e Paraguai, optou por conhecer a região da Serra da Canastra, em Minas Gerais. “Optamos por Capitólio-MG, primeiramente, por ser um destino que envolve atrações naturais, históricas e culturais e com forte turismo de aventura, o que muito nos chama a atenção. Além de, é claro, ser também uma viagem que não envolve gastos elevados”, compara. Além dos turistas nacionais, a demanda internacional, conforme Lopes, também deve crescer neste ano. “Ainda não fechamos os números, mas o fluxo de estrangeiros deve ter aumentado em 2015, com relação a 2013. Neste ano, provavelmente, também teremos um crescimento efetivo desta demanda”, projeta.

Ele explica ainda que a comparação não será feita com o ano de 2014 por este ter sido um ano atípico no recebimento de turistas estrangeiros, em função da Copa do Mundo. CINCO DESTINOS-TENDÊNCIA PARA 2016 Com base em milhões de buscas domésticas e internacionais dos últimos quatro anos, o site Skyscanner apontou os cinco destinos que devem ser os mais visitados por turistas brasileiros neste ano. De acordo com o site, a ilha pernambucana de Fernando de Noronha teve um acréscimo de 78% nas buscas, entre 2011 e 2015, tendência que deve se repetir neste ano. Seguidos de Fernando de Noronha, estão o litoral de Santa Catarina (44%) e o Sul da Bahia (24%). Bonito, no Mato Grosso do Sul, obteve 20% a mais de buscas no período. Por fim, cidade-sede dos Jogos Olímpicos deste ano, o Rio de Janeiro aparece em quinto lugar, com 17% de incremento na procura por passagens.

“Este é um bom momento para os micro e pequenos empresários ficarem de olho nos turistas, para estimular ainda mais sua estadia e seu retorno à cidade visitada” José Francisco de Salles Lopes Foto: Paulino Menezes/Ministério do Turismo

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CARREIRAS

Mercado de Coaching cresce no Brasil Número de especialistas aumentou 207% em seis anos, segundo a Sociedade Brasileira de Coaching

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crescente desemprego no Brasil vem apontando caminhos alternativos tanto para quem busca uma nova oportunidade, quanto para quem deseja se manter ou se destacar no mercado de trabalho. Dentre eles, destaca-se o treinamento com especialistas em coaching. A palavra ainda é pouco conhecida no país, mas traduzida do inglês, significa treinamento. Para quem atua no novo segmento, o processo de coaching pode ser descrito como um contrato entre duas pessoas (coach e coachee, ou treinador e atleta), onde, juntos, encontrarão caminhos para que o treinando atinja o seu mais alto grau de excelência dentro do que for proposto. Ainda que o investimento para se tornar um coach não seja muito baixo para os tempos de recessão econômica – custa em torno de R$ 6 mil –, o número de especialistas não para de crescer. De acordo com o fundador, Master Coach e Head Trainer da empresa paulista UM%, Fábio Di Giacomo, nos últimos cinco anos tem crescido muito o número de interessados em fazer um curso de especialização. “A procura aumentou porque as pessoas estão sentindo mais a necessidade de se preparar. A pressão por resultados e a competitividade também são maiores”, analisa.

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Empresa Brasil

Fábio Di Giacomo: “Cursos de especialização estão em evidência”

Márcio Manincor: “Crise econômica estimula reciclagem profissional”

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Coaching (SBC), de 2005 até 2011 o número de profissionais de coaching aumentou 207%, passando de 752 para 2310 especialistas habilitados no Brasil. Nos Estados Unidos, até o ano passado, 40% dos executivos haviam passado por algum tipo de treinamento de coaching. Na Austrália, 70% das empresas afirmam já ter contratado um especialista no assunto e, no Reino Unido, pelo menos 88% das organizações utilizam a técnica. O partner da SBC, Márcio Manincor, explica que, apesar de não associar o grande crescimento do coaching à crise enfrentada no Brasil, pode-se concluir que, nos últimos tempos, a

situação presente no país pode representar uma força extra de incentivo à migração de profissionais à carreira. “Em momentos de crise, muitas pessoas são forçadas a sair de sua zona de conforto e passam a refletir sobre seu propósito, seja porque o estresse na empresa se tornou mais constante ou porque passou a enfrentar uma situação de desemprego”, acredita. BOAS PERSPECTIVAS PARA 2016 Seguindo o consenso de que esse mercado está aquecido, a Effecta Coaching, de Santa Catarina, comemora aumento de 10% no faturamento de 2015 em relação ao ano anterior. Mesmo indicando que o período contou com insegurança dos possíveis


Foto: Alexandre Eggert

clientes para investir em treinamento individual do processo de coaching, a Master Coach e sócia-fundadora da empresa, Janaina Manfredini, relata que contou com a adesão de organizações que buscaram mais o serviço. “A opção mais procurada em 2015 foi pacotes de treinamentos, principalmente para atender de coordenadores a presidentes de corporações”, revela. Conforme Janaina, que atua no segmento há cinco anos, a crise econômica do país e o alto índice de desemprego ajudaram a ampliar a procura por coaching. “Principalmente dos cargos mais elevados das empresas, onde todos estão sob pressão para melhorar resultados”, diz. E projeta que o ano de 2016 deve ter aumento de 30% na procura pelos serviços de metodologia do processo de coaching.

Janaina Manfredini: “A opção mais procurada em 2015 foi pacotes de treinamentos”

ESTÍMULO PARA CRESCIMENTO PROFISSIONAL Apesar do assunto ainda ser uma novidade, muitas pessoas estão buscando no coaching alternativas para melhorar a imagem e a autoestima e retornar ao mercado. Wang Ching, da 4Coach, com sede em Brasília, explica que boa parte do público que recorre a estes treinamentos costuma ter dois tipos de pensamentos. “Um deles é acreditar que a culpa pelo desemprego é o cenário econômico”, explica. E acrescenta que há também os que buscam ampliar as possibilidades e não somente fazer mapeamento para melhorar desempenho. Segundo Wang, é exatamente assim que o treinamento coaching pode auxiliar as pessoas que procuram reco-

locação. “O processo ajuda a melhorar tanto na adaptação em novos cargos, como faz com que o treinando perceba novas possibilidades e esteja alerta às consequências. Além de não se contentar com pouco, percebendo sempre como fazer para melhorar”, justifica. A especialista completa ainda reforçando que o coaching propõe ao coachee a mudança no olhar. “Ao invés de ensinar como melhorar o currículo, ou como se vestir e se comportar em uma entrevista de emprego, treinamos para que a pessoa se veja como ela mesma é, enxergue seus pontos fortes e aprenda a usá-los a seu favor. Ele é assim preparado para encontrar o emprego mais compatível com o seu perfil”, comenta.

Wang Ching: “Coaching ensina a usar os pontos fortes de cada um”

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RELAÇÕES EXTERIORES

Panamá oferece oportunidades de investimentos às empresas do Brasil Organizado pela São Paulo Chamber of Commerce, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizou seminário, no final do ano passado, sobre as potencialidades daquele país

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Empresa Brasil

C

om crescimento de mais de 6% ao ano, mercado aberto e dinâmico e com baixo desemprego e menores impostos, o Panamá tem atraído a atenção de empresários brasileiros. Organizado pela São Paulo Chamber of Commerce, a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) realizou, no final do ano passado, um seminário para discutir oportunidades de negócios entre o Brasil e o Panamá. O país conta hoje com 120 empresas estrangeiras em seu território. Segundo Roberto Ticoulat, vicepresidente da ACSP e presidente do

Conselho Brasileiro das Empresas Comerciais Importadoras e Exportadoras (Ceciex), o Panamá está se tornando um país de referência na região onde está localizado, transformando-se em uma zona de investimento para a concentração de sedes para grandes empresas. “É um país pequeno, mas onde podem ser montados centros de distribuição de produtos para toda a região do Caribe e do resto do mundo, tendo em vista sua localização geográfica e sua disponibilidade de logística”, destaca Ticoulat.


Atualmente, o Brasil é o 17º maior parceiro comercial do Panamá. As oportunidades estão, por exemplo, no setor de obras públicas. O vice-ministro de Comércio Exterior do Panamá, Néstor González, enxerga o Brasil como um país com uma plataforma consolidada e de alta produtividade. Para ele, a fórmula dos negócios realizados entre os dois países é promover a plataforma logística panamenha, como uma nação especializada em serviços, atraindo, assim, investimento direto do Brasil. “Nossa plataforma logística é uma das mais competitivas e completas do mundo. O Canal do Panamá encurta distâncias com todo o mundo e sempre foi nossa maior arma para captar atenção de investidores. A enorme produção brasileira pode se deslocar muito convenientemente pelo nosso sistema, para as exportações com destino a outros continentes”, afirma o vice-ministro. De olho nas exportações brasileiras, o governo panamenho prepara um evento para atrair investidores. “Planejamos organizar para o segundo trimestre de 2016, em diferentes regiões, o Panamá Invest Brasil, tendo como alvo promover e oferecer as oportunidades de investimento no nosso país”, conta González. Em 2014, segundo González, o PIB do Panamá foi de US$ 46 bilhões, com uma renda per capita de 11 mil dólares por habitante. O crescimento naquele ano foi de 6%, a mesma expectativa para 2015. Uma lei do país permite que zonas francas sejam criadas em qualquer parte do território. Elas dão

incentivos fiscais, trabalhistas e migratórios às empresas multinacionais que queiram se estabelecer em solo panamenho. O Panamá tem zonas francas para os setores de comércio, serviços, indústria e logística. CANAL DO PANAMÁ Com a expansão do Canal do Panamá, que tem o objetivo de manter a competitividade e proporcionar mais segurança, eficiência e rentabilidade à economia panamenha, além dos 80 voos diários, com destino a 33 países, o país espera receber ainda mais investimentos de outros mercados, como o brasileiro. “Imaginem um porto que corresponde a 5% do comércio mundial não estou falando do canal, mas de mercadorias que vão para lá e depois são reembarcadas - e que agora está se preparando para praticamente triplicar este volume. O potencial é realmente enorme”, prevê Ticoulat. O governo panamenho tem se mostrado otimista com as possíveis parcerias entre o Panamá e investidores brasileiros. “Quando pensamos nos recursos das duas economias, só podemos pensar positivo. A natureza do comércio competitivo dos nossos países pode consertar qualquer tipo de dificuldade”, acredita González. “Fica claro que é um país que tem grande potencial de desenvolvimento. O Panamá está se tornando o grande tigre das Américas. Há um potencial enorme para crescimento e à medida que as economias latinoamericanas se abram mais, teremos um grande crescimento a partir do país panamenho”, finaliza o vicepresidente da ACSP.

Ticoulat: ”Panamá atrai centros de distribuição de produtos para toda a região do Caribe e do resto do mundo”

Panamá conta hoje com 120 empresas estrangeiras em seu território

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NEGÓCIOS

Setor farmacêutico cresce em meio à crise econômica Cultura da automedicação, legislação flexível, propagação de medicamentos mais acessíveis, autorização para venda de outros produtos, além de outros fatores, colocam o Brasil, nesse quesito, entre os de maior faturamento no mundo

U

m segmento que atrai cada vez mais investimentos e cresce de forma visível em todas as cidades do país. A expansão do setor de farmácia é comprovada pelo levantamento do Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ), que atesta a existência de mais de 75 mil estabelecimentos registrados nos respectivos Conselhos Regionais. O faturamento do setor ao longo de 2015 cresceu 8%, o que corresponde a quase R$ 30 bilhões em comercialização. Mesmo assim, o resultado ficou dois pontos percentuais a menos do que registrado em 2014, quando o balanço anual registrou um crescimento de 10%. Em 2016, o setor espera manter os números para continuar na 7ª posição no ranking mundial de farmácias. Para observar a curva crescente no número de lojas, basta caminhar pelas ruas e avenidas das cidades. A avalanche de estabelecimentos não está só nos principais centros comerciais. A onda chegou aos bairros e rincões mais distantes do Brasil. No entanto, é na cidade de São Paulo que está a maior concentração delas. Por lá, é uma loja para cada 2 mil habitantes, número

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Empresa Brasil

Foto: René Cabrales / Divulgação

Julio Mottin Neto, da Panvel: Grupo gaúcho prevê entrada no mercado paulista neste ano significativo, se levado em conta a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS) que estabelece como ideal uma farmácia a cada 8 mil habitantes. Se São Paulo é a cidade que possui mais lojas, da mesma forma o estado paulista aparece no topo do ranking estadual, com 14.688 unidades. O movimento parece ascendente. Em

2016, o Grupo Dimed, com a marca gaúcha Panvel, rompe as fronteiras da Região Sul e alcança o território paulista com uma unidade, conforme declaração recente do presidente da empresa, Julio Mottin Neto. Em segundo lugar entre os estados com mais farmácias, aparece Minas Gerais, com 8527, seguido do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Paraná.


Faturamento Conforme o diretor de Pesquisas do ICTQ, Marcus Vinicius de Andrade, em 2015, embora o faturamento do setor tenha sido positivo (8%), o grande desafio do segmento nacional, agora, passa a ser o de saltar do 7º para o 4º lugar no ranking mundial em faturamento. “Estamos caminhando para isso. Acredito que nos próximos anos vamos conseguir atingir a meta”, prevê Andrade. Já as marcas integrantes da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) atingiram uma receita de R$ 32 bilhões com as vendas de medicamentos e não medicamentos e artigos de conveniência entre os meses de janeiro e novembro de 2015, um crescimento de 11,87% na comparação com igual período de 2014. Para 2016, a

Descolado em parte da realidade da economia brasileira, o setor farmacêutico manteve o crescimento em 2015 e prevê nova evolução em 2016

Andrade: “Setor é top no mundo” Abrafarma projeta um avanço tímido, ao mesmo tempo que acredita na manutenção da curva ascendente, mantendo um crescimento entre 12% e 13%, acima da média do mercado, que é de 7%.

Perfil do profissional O setor de farmácias está com o mercado aberto para receber novos profissionais. No total, são mais de 175 mil registrados no Brasil, com idade média de 32 anos. Desse universo, 38,5% estão cursando ou concluíram algum curso de pós-graduação. Outra característica é que 50,8% são solteiros, 42,8% casados, e os demais se classificam como divorciados, viúvos ou separados. A renda de 7,3% dos profissionais fica em torno de R$ 1 mil, 51,9% ganham até R$ 3 mil, outros 27,6% recebem até R$ 5 mil e 13,2% deles têm salário acima de R$ 5 mil. Segundo o ICTQ, a maior parte dos profissionais está concentrada nos grandes centros e nas regiões metropolitanas, situação que gera uma crescente carência nas cidades do Interior. “Em muitas cidades existem farmácias em funcionamento sem a presença de um farmacêutico”, denunciou o diretor de pesquisas do Instituto, Marcus Vinícius Andrade, ao apontar que as maiores ocorrências estão em cidades do norte e nordeste do país.

Ranking dos 10 estados com mais farmácias Os números abaixo integram o primeiro censo do setor no país, elaborado pelo Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade, apresentado no final de 2014 e que já está sendo atualizado: 1º São Paulo 2º Minas Gerais 3º Rio de Janeiro 4º Rio Grande do Sul 5º Paraná 6º Bahia 7º Santa Catarina 8º Goiás 9º Pernambuco 10º Pará

14.688 8.527 5.988 5.300 4.947 4.477 4.031 3.644 3.011 2.799

Fonte: Instituto de Ciência, Tecnologia e Qualidade (ICTQ)

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BALANÇA COMERCIAL Foto: Divulgação

Real fraco ajudou Brasil a inverter a balança comercial em 2015 Redução da atividade econômica inibe compras no exterior e produz superávit de quase US$ 20 bilhões na balança comercial

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Empresa Brasil

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resultado superou previsão do governo e foi factível não porque o Brasil vendeu mais, mas porque o Brasil comprou menos em função da desaceleração da economia. O superávit é o melhor desde 2011 (US$ 29,7 bi). O saldo representa uma recuperação frente a 2014, quando foi negativa em US$ 4 bilhões, primeiro déficit registrado desde 2000. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior informou que o Brasil vendeu para o exterior US$ 191,1 bilhões e comprou

US$ 171,4 bilhões. Apesar disso, 2015 foi um ano de queda das vendas do Brasil para o exterior. As exportações registraram retração de 14,1% na comparação com 2014. Nas importações, a queda foi de 24,3%. Uma das razões apontadas pelo superávit é a queda das importações, pois o Brasil desacelerou a compra de bens no exterior devido a fatores como queda na atividade econômica e dólar em alta. As projeções para este ano, segundo a Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), preveem


queda nas importações, produzindo, novamente, um superávit, não pelo aumento das exportações e sim pela redução das compras no exterior em decorrência da desaceleração da economia e da crise política brasileira. Uma das causas responsáveis pelo desempenho da balança comercial deste ano é a taxa cambial. Segundo projeções, o dólar deverá oscilar entre R$ 4 e R$ 4,50, influenciado pela perda do grau de investimento do Brasil,

pelos juros dos Estados Unidos e pelo quadro político e de incertezas vigentes no país. O Brasil, dizem os analistas, precisa de muitas coisas. Entre elas, as reformas tributária, previdenciária e trabalhista. Em seguida, necessita investir maciçamente em infraestrutura para reduzir custos e processos, além de adotar medidas de desburocratização –, condições indispensáveis para melhorar sua performance.

Depois de ocupar em 2013 a 22ª posição no ranking mundial de exportação, o Brasil caiu para a 25ª em 2014, deve permanecer nessa posição em 2015 e projeta-se queda para a 26ª em 2016

Ministro defende a criação de agências de crédito para exportação O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, defende a implantação de uma agência de crédito especializada em exportação. “É necessária uma agência de crédito especializada em exportação. O Brasil tem um grau de introversão muito grande, um mercado doméstico importante, mas o Brasil exporta 10% do PIB, muito pouco levando em conta os padrões internacionais”, comparou. Para ele, o país precisa evoluir em vários ambientes, como superar os problemas de infraestrutura. Conforme o ministro, o câmbio representa uma janela de oportunidades porque o Brasil viveu um longo período de forte depreciação cambial. “Se levar em conta os custos sistêmicos da logística exportadora e o sistema tributário disfuncional e a inexis-

Razões para o Brasil importar menos ■

Retração do PIB.

Redução da demanda interna.

■ Queda no consumo das famílias. ■ Elevação no índice de desemprego. ■

Maior inadimplência.

Aumento dos custos cambiais e tributários de importação. ■

Desaceleração das vendas internas de produtos importados.

tência de um padrão de financiamento adequado, esses problemas sistêmicos não podem ser resolvidos num espaço de tempo curto. Essa elevação serve pra mitigar essas desvantagens que acumulamos ao longo do tempo, mas não é o caminho que vai nos dar sustentabilidade ao longo do tempo”, afirmou.

Reflexos ■

Em 2011, o Brasil tinha participação de 1,41% nas exportações mundiais. ■

Em 2012, caiu para 1,33%.

■ Em 2013, foi reduzida

para 1,32%. ■

Em 2014, nova queda para 1,19%. ■

Em 2015, estimativa para 1%.

Em 2016, para 0,98%. Fevereiro de 2016

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TRABALHO

Mercado prioriza profissionais com larga experiência que possam agregar valor e eficiência às empresas

Áreas estratégicas nas empresas garantem boas oportunidades de emprego em 2016 Apesar da dificuldade momentânea, conjuntura atual pode ser a oportunidade ideal para os profissionais buscarem novas posições ou se lançarem em projetos pessoais 28

Empresa Brasil

M

esmo com a taxa de desemprego marcando 7,5% no mês de novembro do ano passado – segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – e com perspectivas não muito animadoras para 2016, algumas profissões devem movimentar o mercado de trabalho ao longo deste ano. De acordo com Henrique Bessa, diretor da Michael Page – uma das

maiores empresas de recrutamento especializado do mundo –, diante das incertezas macroeconômicas, as empresas estão priorizando profissionais com larga experiência e que possam, de fato, agregar valor e eficiência à empresa. “O executivo que entender este momento e se colocar à disposição para absorver uma nova função ou dar apoio em mais de uma área, pode se destacar facilmente dentro da companhia”, projeta.


No entanto, Maria Lucia Hoff, headhunter no mercado há mais de 20 anos, chama a atenção para o que denomina de “juniorização” do mercado. “Embora equivocadas, algumas empresas estão demitindo profissionais com salários maiores para contratar profissionais com salários menores”, relata. Para Maria Lucia, flexibilidade na busca e inteligência na negociação são fatores que podem fazer a diferença para o profissional que procura colocação no mercado neste ano. “Foco no que se busca é fundamental. Este é o momento de não levar a crise para si, pois ela existe para todos”, argumenta. Ricardo Rocha, headhunter da Michael Page especializado em Recursos Humanos, explica que, em

uma situação de crise, muitas coisas se passam na cabeça do profissional. “Abrir o próprio negócio, fazer algum investimento, especializarse, buscar oportunidades em outros setores ou estados são alguns dos questionamentos de executivos que perderam o emprego recentemente”, diz. Conforme Rocha, para alcançar suas metas em um momento como este, o executivo precisa ter bastante clareza nos seus objetivos, sejam eles quais forem. “A crise, apesar da dificuldade momentânea, pode ser a oportunidade ideal para os profissionais buscarem novas posições ou se lançarem em projetos pessoais. O importante é ter resiliência e se posicionar corretamente nesta etapa”, complementa.

Profissões em alerta De acordo com a última pesquisa trimestral do ManpowerGroup sobre a expectativa de emprego, o índice de contratação previsto para os três primeiros meses deste ano é de -13%. Ou seja, as contratações são menores que as demissões. A pesquisa revelou, ainda, as cinco áreas profissionais que estarão em baixa. No segmento da construção, a expectativa líquida de emprego é de -32%, o pior número para o primeiro trimestre, desde 2009, quando a pesquisa começou a ser feita. A queda acumulada nos últimos anos chega a 27%. Para os profissionais da área de transportes e serviços públicos, o índice de contratação é de -16%. No ramo da indústria, a expectativa líquida de emprego é de -14%. No entanto, em comparação com o trimestre anterior, as perspectivas de contratações subiram 2%. No setor de serviços, maior empregador de brasileiros, a expectativa líquida de empregos é de -11%, a mais fraca desde 2009. Por fim, a área da agricultura, pesca e mineração aparece na pesquisa com -10% de expectativa. A redução é de 4%, com relação ao trimestre anterior.

Posições que estarão em alta em 2016 Análises de mercado realizadas pela Michael Page: TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO ■

Gerente /Coordenador de Infraestrutura (Salário entre R$ 12 mil e R$ 16 mil)

Gerente/Coordenador de Plataformas Mobile e Web (Salário entre R$ 9 mil e R$ 11 mil)

FINANÇAS ■

Gerente Tributário (Salário entre R$ 12 mil e R$ 17 mil)

Controller (Salário entre R$ 16 mil e R$ 21 mil)

Gerente de Tesouraria – com foco em operações estruturadas (Salário entre R$ 16 mil e R$ 25 mil)

JURÍDICO ■

Head do Departamento Jurídico (Salário entre R$ 10 mil e R$ 15 mil)

Gerente de Contencioso de Volume (Salário entre R$ 9 mil e R$ 14 mil)

Advogado Sênior/Gerente na área de M&A (Salário entre R$ 11 mil e R$ 17 mil)

MARKETING E VENDAS ■

Gerente de Inteligência de Mercado (Salário entre R$ 10 mil e R$ 15 mil)

Gerente de Marketing Digital (Salário entre R$ 10 mil e R$ 14 mil)

LOGÍSTICA ■

Gerente de Logística (Salário entre R$ 10 mil e R$ 15 mil) Fevereiro de 2016

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LIVRO

O capitalismo na encruzilhada

O

professor Philip Kotler sempre foi uma referência na área do marketing. Tal como Peter Drucker, que se notabilizou como o “pai da administração”, Kotler tornou-se o guru de gerações de estudantes. Aluno de professores de economia clássica do quilate de Milton Friedman e Paul Samuelseon, somente na segunda fase de sua carreira enveredou para o assunto que o consagrou e, por que não, o enriqueceu. No ano passado, surpreendeu sua audiência com o livro Capitalismo em Confronto. Com raras exceções, as críticas ao capitalismo vêm sempre acompanhadas de seu epitáfio, como se fosse um fato consumado, o que acaba desacreditando o autor do texto. Kotler, ao contrário, mostra que o capitalismo precisa se reciclar, sob o risco de tornar o mundo cada vez mais insuportável. Na realidade, trata-se de um livro escrito para aquelas pessoas que têm consciência sobre o mal-estar econômico dos dias de hoje; de como chegamos até aqui, para onde vamos e de como podemos reduzir a pobreza e a desigualdade. “Eu não estou à procura de uma alternativa ao capitalismo”, afirma ele. “Eu aceito que o capitalismo pode ser uma má maneira de executar uma economia, com exceção de todas as outras formas que tentaram e falharam.” Os problemas com o capitalismo, diz Kotler, são complexos e interligados. Ele lembra o economista Thomas Piketty e observa que seu livro causou mal-estar entre os adeptos do que chama “capitalismo cowboy”, sem, no entanto, receber críticas consistentes.

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Empresa Brasil

Kotler identifica a resolução do problema dos baixos salários e da pobreza como ponto de partida. Aqui, ele concorda fortemente com Piketty. Mas ele também é pragmático: os baixos salários são ruins para a economia. “O capitalismo depende de consumidores que tenham dinheiro suficiente para comprar os bens e serviços que a máquina capitalista produz”, diz. Quando as empresas pagam baixos salários, eles, de fato, tiram dinheiro do sistema. Isso leva a um amortecimento da demanda, à superprodução, à queda dos investimentos e a baixas taxas de crescimento econômico, que, por sua vez, provocam o aumento do desemprego. Uma das soluções de Kotler é garantir aos trabalhadores uma renda básica ou um salário mínimo suficiente para viver. Ele sugere que, em vez de pagar para o vale-refeição, subsídios de desemprego e serviços de bem-estar, o governo poderia financiar publicamente empregos: para reparar a infraestrutura do país, e ensinar habilidades aos trabalhadores e recolocá-los em empregos de nível superior. Ele propõe que os trabalhadores participem na gestão das empresas que os empregam. Sugere influenciálos a comprar ações e / ou participação no seu capital. Kotler vai longe, como, por exemplo, ao sugerir que o governo proporcione a cada cidadão uma renda mínima para se certificar de que nenhuma pessoa passará fome. Com uma renda garantida, essas pessoas seriam livres para compras em torno de um trabalho prazeroso e, melhor ainda, elas estariam livres para iniciar a sua própria empresa.

Kotler não está a procura de uma alternativa ao capitalismo. Ao contrário, ele mostra que o sistema precisa se reciclar, sob o risco de tornar o mundo cada vez mais insuportável

CAPITALISMO EM CONFRONTO Autor: Philip Kotler Gênero: Economia Páginas: 366 Formato: 14 x 21 cm Editora: Best Business Preço: R$ 45,00


ARTIGO

Compliance trabalhista Rogéria Gieremek*

O

s programas de compliance são medidas profiláticas eficazes para combater o mal da corrupção nas empresas. Aos poucos, essa consciência está sendo disseminada no mundo corporativo, reforçando a ideia de que os ganhos obtidos vão da esfera econômica à moral, zelando pelos processos da instituição. O cenário empresarial e o ambiente regulatório trabalhista estão cada vez mais complexos, afetando diretamente as relações profissionais. O fato requer atualizações constantes nas políticas internas das empresas. Aplicado na criação e na manutenção de um código de condutas comportamentais da companhia, o compliance trabalhista entra em cena para imunizar a atmosfera corporativa contra práticas antiéticas e ilegais, atendendo à necessidade das corporações de se manterem pautadas na ética e na legislação vigente. As ações voltadas à melhoria dos processos de gestão de pessoas são bem-vindas, porque muitos conflitos que causam ações trabalhistas nascem de problemas de relacionamento entre colegas de trabalho, principalmente entre gestores e subordinados. Controles. Muitas empresas, porém, não possuem controles rígidos de conduta e, da mesma forma, não disseminam a ética no trabalho. Consequentemente, não tomam conhecimento de fatos relevantes do dia a dia de seus colaboradores, a tempo de resolver problemas e punir os responsáveis, reafirmando a política da empresa em relação a atitudes discriminatórias, assédio moral e sexual, por exemplo. Leis que regulamentam o comportamento dos funcionários dentro da instituição existem. Assim como as que legislam sobre a corrupção

entre empresas. Mas a função do compliance é justamente trazer esse arcabouço legal para dentro do ambiente corporativo, aproximando teoria e prática e mantendo vivos os códigos na rotina de cada companhia. A punição dos infratores é condição sine qua non para o bom andamento de um programa de compliance trabalhista. O motivo para isso é que, ao efetivar uma penalidade, depois de apurar o fato que feriu as regras, os gestores estarão provando que o código de ética da empresa não é uma mera formalidade. Ele está ali para ser seguido à risca. Quando os funcionários percebem que existe uma dicotomia entre ação e reação, a tendência é eles desacreditarem que serão punidos ao agirem fora das normas. Neste caso, a empresa dependerá exclusivamente do bom senso de cada um dos colaboradores para se manter conforme – um fato que, por si só, não é um bom negócio. A criação de um canal de denúncias para os colaboradores utilizarem é um dos mecanismos de controle de um programa de compliance trabalhista, que auxiliará na manutenção das regras e no respeito às liberdades individuais. É fundamental, no entanto, que o funcionário tenha ciência de que será ouvido sem riscos de retaliação e até mesmo de maneira anônima. Além disso, um ambiente de trabalho seguro, do ponto de vista moral, aumenta a confiança do trabalhador na instituição. Funcionários satisfeitos e seguros de que serão respeitados tendem a ser mais produtivos, criativos e contribuem para propagar a boa imagem da corporação. *Rogéria Gieremek é presidente da Comissão Permanente de Estudos de Compliance do IASP. Fevereiro de 2016

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