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O desafio da desoneração da folha de salários

Abril de 2010 1 NOVO PRESIDENTE DA ACSP/FACESP CRITICA INTERVENCIONISMO ESTATAL


Federações CACB

DIRETORIA DA CACB BIÊNIO 2009/2011 PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli - RS 1º VICE-PRESIDENTE Sérgio Papini de Mendonça Uchoa - AL VICE-PRESIDENTES Ardisson Naim Akel - PR Arthur Avellar - ES Fernando Pedro de Brites - DF José Geminiano Acioli Jurema - AL José Sobrinho Barros - DF Leocir Paulo Montagna - MS Luiz Carlos Furtado Neves - SC Sadi Paulo Castiel Gitz - SE Wander Luis Silva - MG VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS INTERNACIONAIS João José de Carvalho Sá - BA VICE-PRESIDENTE DE ASSUNTOS ESTRATÉGICOS Deocleciano Moreira Alves - GO DIRETOR-SECRETÁRIO Jarbas Luis Meurer - TO DIRETOR-FINANCEIRO George Teixeira Pinheiro - AC CONSELHO FISCAL TITULARES Jadir Correa da Costa - RR Paulo Sérgio Ribeiro - MT Sergio Roberto de Medeiros Freire - RN CONSELHO FISCAL SUPLENTES Altair Correia Vieira - PA Gilberto Laurindo - AP Ronaldo Silva Resende - RN COORDENADOR DO PROJETO DE COOPERAÇÃO INTERNACIONAL Ardisson Naim Akel - PR CONSELHO NACIONAL DA MULHER EMPRESÁRIA Maria Salette Rodrigues de Melo - PR CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO JOVEM EMPRESÁRIO Eduardo Machado COORDENADORA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas EQUIPE DE COMUNICAÇÃO SOCIAL Olívia Bertolini Thais Margalho COORDENADOR DO EMPREENDER Carlos Alberto Rezende COORDENADOR NACIONAL DA CBMAE Valério Figueiredo COORDENADOR DO PROGERECS Luiz Antonio Bortolin SCS Quadra 3 Bloco A Lote 126 Edifício CACB 61 3321-1311 61 3224-0034 70.313-916 Brasília - DF Site: www.cacb.org.br

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Empresa BRASIL

Acre – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Acre – FEDERACRE Presidente: George Teixeira Pinheiro Avenida Ceará, 2351 Bairro: Centro Cidade: Rio Branco CEP: 69909-460

Paraná – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná – FACIAP Presidente: Rainer Zielasko Rua: Heitor Stockler de Franca, 356 Bairro: Centro Cidade: Curitiba CEP: 80.030-030

Alagoas – Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas – FEDERALAGOAS Presidente: José Geminiano Acioli Jurema Rua Sá e Albuquerque, 302 Bairro: Jaraguá Cidade: Maceió CEP: 57.020-050

Pernambuco – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco – FACEP Presidente: Djalma Farias Cintra Junior Rua do Bom Jesus, 215 – 1º andar Bairro: Recife Cidade: Recife CEP: 50.030-170

Amapá – Associação Comercial e Industrial do Amapá – ACIA Presidente: José Arimáteia Araújo Silva Rua General Rondon, 1385 Bairro: Centro Cidade: Macapá CEP: 68.900-182

Piauí – Associação Comercial Piauiense - ACP Presidente: José Elias Tajra Rua Senador Teodoro Pacheco, 988, sala 207. Ed. Palácio do Comércio 2º andar - Bairro: Centro Cidade: Teresina CEP: 64.001-060

Amazonas – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Amazonas – FACEA Presidente: Valdemar Pinheiro Rua Guilherme Moreira, 281 Bairro: Centro Cidade: Manaus CEP: 69.005-300 Bahia – Federação das Associações Comerciais do Estado da Bahia – FACEB Presidente: Clóves Lopes Cedraz Rua Conselheiro Dantas, 5. Edifício Pernambuco, 9° andar Bairro: Comércio Cidade: Salvador CEP: 40.015-070 Ceará – Federação das Associações Comerciais do Ceará – FACC Presidente: João Porto Guimarães Rua Doutor João Moreira, 207 Bairro: Centro Cidade: Fortaleza CEP: 60.030-000 Distrito Federal – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Distrito Federal e Entorno – FACIDF Presidente: José Sobrinho Barros SCS Quadra 02 - Edifício Palácio do Comércio - 1º andar Bairro: Setor Comercial Sul Cidade: Brasília CEP: 70.318-900 Espírito Santo – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Espírito Santo – FACIAPES Presidente: Arthur Avellar Rua Henrique Rosetti, 140 - Bairro Bento Ferreira Vitória ES - CEP 29.050-700 Goiás – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás – FACIEG Presidente: Deocleciano Moreira Alves Rua 143 - A - Esquina com rua 148,Quadra 66 Lote 01 Bairro: Setor Marista Cidade: Goiânia CEP: 74.170-110 Maranhão – Federação das Associações Empresariais do Maranhão – FAEM Presidente: Júlio César Teixeira Noronha Av. Ana Jansen, 2 - QD 19 - SL 801 Ed. Mendes Frota - Bairro: São Francisco Cidade: São Luis CEP: 65.076-730 Mato Grosso – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Mato Grosso – FACMAT Presidente: Jonas Alves de Souza Rua Galdino Pimentel, 14 - Edifício Palácio do Comércio 2º Sobreloja – Bairro: Centro Norte Cidade: Cuiabá CEP: 78.005-020 Mato Grosso do Sul – Federação das Associações Empresariais do Mato Grosso do Sul – FAEMS Presidente: Leocir Paulo Montagna Rua Quinze de Novembro, 390 Bairro: Centro Cidade: Campo Grande CEP: 79.002-917 Minas Gerais – Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais – FEDERAMINAS Presidente: Wander Luís Silva Avenida Afonso Pena, 726, 15º andar Bairro: Centro Cidade: Belo Horizonte CEP: 30.130-002 Pará – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Pará – FACIAPA Presidente: Reginaldo Ferreira Avenida Presidente Vargas, 158 - 5º andar Bairro: Campina Cidade: Belém CEP: 66.010-000 Paraíba – Federação das Associações Comerciais e Empresariais da Paraíba – FACEPB Presidente: Alexandre José Beltrão Moura Avenida Marechal Floriano Peixoto, 715, 3º andar Bairro: Bodocongo Cidade: Campina Grande CEP: 58.100-001

Rio de Janeiro – Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Rio de Janeiro – FACERJ Presidente: Jésus Mendes Costa Rua do Ouvidor, 63, 6º andar - Bairro: Centro Cidade: Rio de Janeiro CEP: 20.040-030 Rio Grande do Norte – Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Norte – FACERN Presidente: Sérgio Roberto de Medeiros Freire Avenida Duque de Caxias, 191 Bairro: Ribeira Cidade: Natal CEP: 59.012-200 Rio Grande do Sul – Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul - FEDERASUL Presidente: José Paulo Dornelles Cairoli Rua Largo Visconde do Cairu, 17, 6º andar Palácio do Comércio - Bairro: Centro Cidade: Porto Alegre CEP: 90.030-110 Rondônia – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Rondônia – FACER Presidente: Ednei Pereira dos Santos Rua Dom Pedro II, 637 – Bairro: Caiari Cidade: Porto Velho CEP: 76.801-151 Roraima – Federação das Associações Comerciais e Industriais de Roraima – FACIR Presidente: Jadir Correa da Costa Avenida Jaime Brasil, 223, 1º andar Bairro: Centro Cidade: Boa Vista CEP: 69.301-350 Santa Catarina – Federação das Associações Empresariais de Santa Catarina – FACISC Presidente: Alaor Francisco Tissot Rua Crispim Mira, 319 - Bairro: Centro Cidade: Florianópolis - CEP: 88.020-540 São Paulo – Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo – FACESP Presidente: Rogério Pinto Coelho Amato Rua Boa Vista, 63, 3º andar Bairro: Centro Cidade: São Paulo CEP: 01.014-001 Sergipe – Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropastoris do Estado de Sergipe – FACIASE Presidente: Alexandre Santana Porto Rua Jose do Prado Franco, 557 Bairro: Centro Cidade: Aracaju CEP: 49.010-110 Tocantins – Federação das Associações Comerciais e Industriais do Estado de Tocantins – FACIET Presidente: Wilson Charles 103 Norte Av. LO 2 - 01 - Conj. Lote 22 Prédio da ACIPA Bairro: Centro Cidade: Palmas CEP: 77.001-022

• O conteúdo desta publicação representa o melhor esforço da CACB no sentido de informar aos seus associados sobre suas atividades, bem como fornecer informações relativas a assuntos de interesse do empresariado brasileiro em geral. Contudo, em decorrência da grande dinâmica das informações, bem como sua origem diversificada, a CACB não assume qualquer tipo de responsabilidade relativa às informações aqui divulgadas. Os textos assinados publicados são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores.


PALAVRA DO PRESIDENTE José Paulo Dornelles Cairoli

Congresso da CACB ganha prioridade

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Congresso se aproxima rapidamente. Em agosto, estaremos em Salvador, discutindo uma pauta de assuntos que irão ajudar a refletir sobre os caminhos da economia. Os convidados farão sua parte, e vamos ter um elenco de conferencistas que vão trazer equilíbrio às informações, pois elas virão tanto do governo como da iniciativa privada. O encontro vai servir de ponto de reflexão sobre o papel da representatividade no momento em que estaremos comemorando os 200 anos da primeira Associação Comercial do país e da América Latina, instalada na Bahia. Ao longo dessa discussão pontuam as reformas que a CACB defende e pelas quais luta. Uma delas, sem dúvida, é tratada pela matéria de capa desta edição. A desoneração da folha de pagamento. Um assunto que faz minguar o mercado de trabalho formal e que tira a competitividade das empresas. A incidência de mais de 130% do que o trabalhador ganha como tributos adicionados ao desembolso das empresas faz com que as práticas da informalidade ganhem status e o trabalhador prefira a economia informal, muitas vezes regida sob o signo do contrabando. Esse assunto será debatido no 21º Congresso da CACB. Vamos também nos debruçar sobre outro problema que nos perturba no ambiente de negócios. O crédito. Banco do Brasil e Sebrae estarão conosco para traçar um cenário dos financiamentos e da tendência que o capital de giro toma num país que, neste momento, adota políticas de restrição ao consumo para controlar a inflação e utiliza os juros como um fator inibidor do crescimento do consumo e da inflação. Para onde vamos? Nos preocupamos ainda com os cenários da iniciativa privada, dependente de políticas da União, como na área de infraestrutura, carente de projetos e com grande demanda de investimentos. Como todos sabem, o governo também está cortando os investimentos. Estamos, portanto, num momento delicado cujos desdobramentos estarão mais visíveis no segundo semestre, quando estaremos reunidos para tratar do tema do Congresso “Salto para o Futuro – Facilitando Caminhos”. Temos um encontro marcado em Salvador, de 9 a 11 de agosto.

José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil e da Federasul

Abril de 2011

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ÍNDICE

8 CAPA

3 PALAVRA DO PRESIDENTE Congresso da CACB, marcado para agosto, em Salvador, terá elenco de conferencistas do governo e do setor privado.

5 PELO BRASIL Associação Comercial de Maceió lança convênios de incentivo ao empreendedorismo.

8 CAPA Governo planeja medidas para reduzir o “custo Brasil” e retomar propostas como a desoneração da folha.

14 CASE DE SUCESSO Associação Comercial de Santo Ângelo (RS) contribui para o desenvolvimento educacional e a qualificação profissional.

14 CASE DE SUCESSO

16 CONJUNTURA Desde 1º de abril, todo o sistema CACB e suas entidades associadas prestam serviço de “segunda geração” da Nota Fiscal Eletrônica - NFE.

17 NEGÓCIOS Favorecido pela expansão da economia no país, o setor de refeições coletivas projeta um crescimento de 20% nas receitas deste ano, em comparação ao ano anterior.

20 GESTÃO Dois catarinenses e um alagoano foram os vencedores do MPE Brasil – Prêmio de Competitividade. Todos são oriundos do Empreender Competitivo.

22 DESTAQUE FEDERAÇÕES O empresário Rogério Amato tomou posse da presidência da ACSP/Facesp com críticas ao intervencionismo estatal.

17 NEGÓCIOS

24 DESTAQUE CACB CACB encaminhou ao Senado Federal, em março, uma proposta de revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal.

26 DESTAQUE CBMAE A CACB, por meio do projeto CBMAE, inaugurou em março mais dois postos de solução de conflitos amigáveis: em Goiânia (GO) e Cerquilho (SP).

28 TENDÊNCIAS Trabalho integrado entre governo e entidades empresariais promove crescimento e garante valor agregado ao setor têxtil de Pernambuco.

EXPEDIENTE

30 BIBLIOCANTO

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Coordenação Editorial: Neusa Galli Fróes fróes, berlato associadas escritório de comunicação Edição: Milton Wells - mwells@terra.com.br Projeto gráfico: Vinícius Kraskin Diagramação: Kraskin Comunicação Foto da capa: Christian42/Fotolia.com Revisão: Flávio Dotti Cesa Colaboradores: Karen Horn, Neusa Galli Fróes, Olivia Bertolini, Thais Margalho Execução: Editora Matita Perê Ltda. Comercialização: Fone: 51.3392.7932 Avenida Chicago, 92. CEP: 90240-010 - Porto Alegre-RS

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“Wikileaks: A guerra de Julian Assange contra os Segredos de Estado” chega ao Brasil em uma das operações editoriais mais ambiciosas de anos recentes.

31 ARTIGO O economista Marcel Domingos Solimeo analisa a perda de competitividade dos produtos brasileiros no mercado externo.

SUPLEMENTO ESPECIAL

Levantamento do Sebrae mostra demandas da Copa 2014 e como as MPE podem ser beneficiadas


Secretaria do Trabalho e ACMaceió discutem caminhos para a empregabilidade O presidente da Associação Comercial de Maceió, Gemiano Jurema, recebeu, no início de março, na sede da entidade, o secretário de Trabalho, Emprego e Renda do Estado, Herbert Motta. O encontro marcou o fechamento do primeiro ciclo de visitas com o objetivo de conhecer os programas e projetos voltados ao empreendedorismo, com foco na geração de emprego e renda. Durante a reunião, a coordenadora do Empreender, Cléa Carvalho, apresentou o Programa, presente em 20 municípios alagoanos e que, por meio da Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas (Federalagoas), hoje conta com 850 empresas cadastradas. Motta ressaltou a importância do

Foto: Imprensa Associação Comercial de Maceió

PELO BRASIL

Coordenadora do Empreender, Cléa Carvalho, apresentou a programação trabalho das Associações Comerciais em prol do desenvolvimento econômico e geração de renda. Aproximadamente 149 mil pessoas estão desempregadas em Alagoas, dentro

do universo de 1,2 milhão de pessoas economicamente ativas, segundo dados do IBGE de 2009. Dessas, 99 mil não têm ocupação alguma. Fonte: Federalagoas / edição Imprensa CACB

Depois da repercussão do trabalho apresentado durante o Reencontro do Capacitar Nordeste, em fevereiro, no Recife, a Associação Comercial e Empresarial de Santo Antônio de Jesus (Acesaj) decidiu publicar sua história. O projeto, em fase de elaboração, tem como objetivo registrar, além de números e fatos que construíram este case de sucesso, histórias sobre a visão empreendedora que existe dentro da própria entidade. O atual diretor-executivo, Ailton Lago, por exemplo, começou a trabalhar na Acesaj, há 13 anos, como assistente de informática. Ailton considera que “a promoção interna incentiva a criatividade, proatividade e a descoberta de novos talentos, fazendo da entidade uma organização dinâmica e focada nos resultados”. Fonte: CACB com informações Acesaj

Foto: Imprensa Acesaj

Livro vai contar a história da Acesaj

Ailton, Maria da Glória e Ivani Quadros Abril de 2011

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PELO BRASIL

ACE Guarulhos recebe homenagem por reúso da água da chuva

Flores, festas e negócios em Apucarana

parcerias foram firmados. A programação contou, ainda, com desfiles e apresentação de tango e bolero. Com o sucesso desta 1ª edição, os organizadores já pensam na edição de 2012, com mais empresas expositoras e maior movimentação de negócios. Fonte: Imprensa CACB Fotos: Acia

Mais de 5 mil pessoas visitaram a 1ª Mostra de Festas em Apucarana (PR). O evento, que integra os projetos aprovados na 1ª fase do Empreender Competitivo, foi realizado pelo núcleo setorial de Floriculturas da Associação Comercial de Apucarana (Acia). A CACB, o Sebrae e a Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap) promoveram a ação. Durante a mostra, o público pôde acompanhar, nos 46 estandes, 36 empresas dos diversos segmentos na área de eventos, como casamento, decoração, lojas de enxoval e evento. Segundo os organizadores, foram fechados, em média, 50 contratos por estande e R$16 mil em prêmio sorteados. Para os expositores, a Mostra representou uma oportunidade de networking e negócios, já que muitos contratos e

Grande público acompanhou os eventos

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Empresa BRASIL

A Associação Comercial e Empresarial de Guarulhos (ACE) foi uma das homenageadas da 6ª edição do prêmio Fiesp – Conservação e Reúso da Água, que ocorreu no final de março, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista. A entidade participou da premiação com o projeto implementado na Casa do Empreendedor, em 2009, que permite o armazenamento da água de chuva por meio de dois reservatórios de 5 mil metros cúbicos. A água armazenada permite uma redução mensal de 30% no consumo da água fornecida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), o que representa uma diminuição de R$ 175,53 na conta da entidade. “Foi importante para a entidade participar dessa premiação, sobretudo representando nossa cidade. Vale ressaltar que o prêmio contou com a participação de grandes industriais do estado de São Paulo”, disse Wilson Lourenço, presidente da ACE. A ACE-Guarulhos foi representada no evento por Wilson Lourenço (presidente da ACE), Jorge Taiar (vice-presidente de Comércio) e William Paneque (diretor de Meio Ambiente). Fonte:ACE Guarulhos/ edição Imprensa CACB


O presidente da Faciap (Federação das Associações Comerciais do Paraná), Rainer Zielasko esteve em Brasília, no início de março, para tratar de assuntos de interesse dos empresários paranaenses. Na pauta, infraestrutura, entrada indiscriminada de produtos importados e o Congresso da entidade que será realizado, em novembro, em Foz do Iguaçu. Em audiência com a senadora Gleisi Hoffmann, Rainer apresentou sua preocupação com a entrada indiscriminada de produtos importados do Paraguai. Durante a conversa, ficou acordado que a Faciap, por meio da Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná, e a Associação dos Municípios do Oeste Paranaense(Amop) irão apurar dados para formular uma proposta para o

Foto: Assessoria de Imprensa / Senadora Gleisi Hoffmann

Zielasko defende em Brasília o controle de produtos do Paraguai

Senadora Gleisi Hoffmann e o presidente da Faciap, Rainer Zielasko problema. Outro assunto abordado durante o encontro foi o da infraestrutura no interior do estado do Paraná, que inibe a instalação de empresas e faz com que elas

se concentrem apenas ao redor da capital. Dentre essas melhorias, Rainer sugere investimentos em aeroportos e estradas. Fonte: Imprensa CACB

Eliezer: Brasil deve seguir exemplo da Coreia na educação Investimentos em educação, ciência, pesquisa e inovação, bem como a desburocratização e a redução da informalidade, pautaram os debates do evento 2º Líder Sudeste. O evento, realizado no final de março, no Rio de Janeiro, foi organizado pela Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje), Em três dias de debates, empresários e representantes de vários estados brasileiros e de entidades que fomentam o empreendedorismo jovem no Brasil foram unânimes ao dizer que vivemos um momento sem precedentes de oportunidades no país, mas que muitos desafios precisam ser encarados. Na avaliação de Eliezer Batista, um dos mais influentes empresários do Brasil,

o país precisa, de um lado, investir em educação ao se inspirar em modelos educacionais como o da Coreia, considerado o melhor do mundo, e, por outro, criar um ambiente favorável ao empreendedorismo. “Aqui, temos tributos de Suécia e serviços de Angola”, afirmou. De acordo com outros palestrantes, problemas como infraestrutura deficiente e alta carga tributária também atrapalham o desenvolvimento e o fomento de novas empresas no país. “Ainda sofremos com a informalidade e a concorrência desleal no mundo dos negócios. Para nos tornarmos competitivos mundialmente precisamos acabar com esses dois entraves”, ressaltou o presidente do Grupo JBS, José Batista Jr.

Homenagem O Conselho Diretor da CACB participou do 2º Líder Sudeste Conaje, realizado na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro. Os jovens empresários homenagearam o presidente da CACB, José Paulo Dornelles Cairoli, que falou aos empreendedores no evento Metrópole, lembrando o quanto é importante a representação na vida empresarial. Fonte: Imprensa CACB e Conaje

Outubro Abril de 2011 2010

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Foto: Tund/Fotolia.com

CAPA

Medida aumentaria a competitividade das empresas e sua capacidade de absorver mão de obra.

Desoneração da folha inaugura reforma tributária por etapas Governo busca consenso para enviar proposta ao Congresso ainda no primeiro semestre do ano

U

ma das mais antigas bandeiras do setor produtivo nacional, a desoneração da folha de pagamento começou a avançar. O debate faz parte da estratégia que tornaria mais fácil, em tese, a execução de uma reforma tributária por etapas. Dessa forma, o governo poderia conseguir aprovar as mudanças por meio de projetos específicos, o que se diferenciaria do caminho adotado em vezes anteriores em torno de um projeto único. Promessa de campanha de Dilma Rousseff, a desoneração da folha de salários promete uma larga discussão. Uma das alternativas, por exemplo, seria a redução da contribuição previdenciária devida pelas empresas, que atualmente representa 20% do total da folha, o que teria de ser compensado com um novo tributo ou novas alíquotas. Na prática, a ideia defendida pelos empresários é reduzir os encargos de modo a proporcionar maior competitividade ao produto nacional, além de contribuir para a geração de novos postos de trabalho e redução da informalidade. Outra opção da equipe econômica do governo é a proposta de reforma tributária encaminhada à Câmara, em 2008, pelo ex-deputado e atual chefe da Casa Civil,

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Empresa BRASIL

ministro Antonio Palocci, que pregava a desoneração gradual da folha em três anos. Palocci previa que a compensação pelas perdas na arrecadação geradas com a desoneração da folha viria com o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que incluiria vários tributos, além do ICMS. A proposta em estudo – cujo alívio seria de R$ 30 bilhões só com a queda de seis pontos percentuais na contribuição ao INSS – trabalha em cima dos encargos considerados de cunho fiscal. Não inclui a contribuição ao Sistema S, que é repassada pela Previdência às empresas, e o FGTS, um dinheiro que vai para o trabalhador. Segundo os técnicos do Ministério da Fazenda, para desonerar a folha será necessário aprovar no Congresso uma Propostade Emenda à Constituição (PEC), o que o governo pretende fazer ainda no primeiro semestre. Projetos fatiados No Congresso, o líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), aponta a desoneração da folha de salários como prioridade. Para ele, a medida aumentará a competitividade das empresas e sua capacidade de absorver mais mão de obra. “Eu acho que é importante que haja um


Sindicalistas são contra Desde 2007, o governo tenta desonerar a folha, e inicialmente pretendia cortar a contribuição à Previdência em cinco pontos percentuais. Entre 2008 e 2009, os estudos ficaram engavetados devido à crise internacional. Segundo o Ministério da Fazenda, cada ponto percentual de redução da contribuição previdenciária tem impacto de R$ 4 bilhões a menos nas receitas. Em encontro com banqueiros em São Paulo, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o projeto de desoneração da folha sai ainda este ano, o que pode superar a casa de 0,5% do PIB, segundo relato do colunista Guilherme Barros do portal IG. Os sindicalistas são radicalmente contra a proposta de reduzir a contribuição previdenciária. “Se fizer isso, a Dilma não terá dinheiro para pagar os aposentados”, disse Paulo Pereira, presidente da Força Sindical. “Há três anos os patrões fizeram a mesma proposta. Pregamos que as perdas fossem repassadas para uma tributação sobre o faturamento. Aí eles recuaram”, disse o petista Artur Henrique da Silva, da CUT. Hoje, no Brasil, existem duas espécies de encargos trabalhistas: os destinados aos trabalhadores e ao governo. Somente com a conjugação de benefícios para as três partes envolvidas nessa relação – empregador, empregado e governo – será possível, na prática, fo-

Foto: Paulo H. Carvalho / Casa Civil – PR

alinhamento dentro do governo, e nós, da oposição, que sempre defendemos as reformas, vamos ajudar a fazê-la se o governo colocar o seu capital político e a sua maioria governista na mesma direção.” “A estratégia de enviar os projetos fatiados está correta porque, desse jeito, será mais fácil criar consensos”, afirmou o líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira (SP). “O governo está preocupado em tirar os gargalos ao processo de desenvolvimento. Se misturarmos a discussão de impostos estaduais e federais, não iremos a lugar algum”, completou o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE). O secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, disse que há várias alternativas: elevar a tributação sobre o faturamento da empresa, criar um novo imposto sobre a movimentação financeira ou esperar que o aumento na formalização do emprego torne desnecessária qualquer compensação.

mentar a ampliação do mercado de trabalho e o interesse dos investidores estrangeiros, diz a advogada trabalhista Tônia Russomano, do escritório Andrade Maia Advogados, de Porto Alegre.

Palocci esboçou proposta de desoneração da folha em 2008

Uma brutal diferença Segundo o levantamento do professor José Pastore, os tributos sobre a folha de pagamentos das empresas mais as regulamentações trabalhistas representam 103,46% do salário nominal de um empregado no Brasil. Na França esse custo equivale a 70,27% do rendimento de um funcionário; na Argentina, 70,27%; na Alemanha, 60%; no Japão, 11,8%; nos Estados Unidos, 9,03%; e nos chamados tigres asiáticos a média é de 11,5%. “Esse brutal diferencial do custo da mão de obra brasileira em relação ao resto do mundo é decisivo para o comprometimento da competitividade da produção nacional”, destaca. Cerca de um terço do custo de um empregado formal para uma empresa, de acordo com Pastore, referese a tributos incidentes sobre a folha de pagamentos. Para o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, criador da ONG Movimento Brasil Competitivo, o Brasil perde em competitividade porque, do total do custo da folha de pagamento, o operário leva 50%. Desse valor bruto total, no mínimo 40% são impostos. “Quando se pega uma cadeia produtiva, de um automóvel, de um móvel, de um sapato, há dez etapas nas quais esses impostos vão se acumulando. Na hora de exportar, eles vão embutidos no custo do produto. Em nenhum país do mundo há esse custo embutido”, ensina Gerdau. E completa: “É muito importante, na iniciativa do governo, tocar no tema da desoneração da folha de pagamento pela primeira vez. Nesses produtos que têm categoria produtiva longa, deve haver uns 10% a 12% de impostos embutidos. No mundo internacional, compete-se por uma diferença de 0,5%, 1% ”, atestou Gerdau em entrevista à Folha de S. Paulo. Abril de 2011

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CAPA

Para CACB, medida é uma das prioridades na agenda de reformas desigualdades regionais”, completa. Para o presidente da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato, qualquer passo no sentido de reduzir os encargos fiscais ou tributários representa uma conquista para o setor produtivo. Esses avanços, segundo ele, podem e devem ser graduais para que sejam consistentes. “A partir do momento em que a contratação de trabalhadores se torna mais acessível para o empregador, esse, sem dúvida, deverá, sempre que for necessário, oferecer mais postos de trabalho”, atesta.

Cairoli: “Com a desoneração será possível ampliar o potencial de arrecadação da Previdência Social e reduzir o seu déficit”

A CACB luta pela redução do custo da formalidade no trabalho e o aumento da contratação de trabalhadores formais. Dessa forma, será possível ampliar o potencial de arrecadação da Previdência Social e reduzir o seu déficit, afirma o presidente da entidade, José Paulo Dornelles Cairoli. Em sua opinião, os altos custos que incidem no emprego formal, no Brasil, favorecem a informalidade, a economia invisível e o contrabando. “Por causa disso, a desoneração da folha é uma das iniciativas prioritárias na agenda de reformas”, destaca o dirigente. Os estados mais pobres De acordo com Cairoli, com a medida também será possível deter os altos índices de informalidade nos estados mais pobres do país, como Piauí e Maranhão, onde chegam a 70% dos trabalhadores (ver tabela). “Essa situação precisa mudar urgentemente para consolidarmos a situação dos trabalhadores que custam até 103% a mais do que efetivamente recebem, além de aumentar os custos das empresas e reduzir a sua competitividade”, acrescenta o presidente da CACB. “A redução desses encargos, mais do acelerar o processo de formalização de nossa economia, tende a beneficiar mais os estados mais pobres e reduzir as

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Custo Brasil A desoneração da folha de pagamento também poderá representar o início para uma ampla revisão nas relações de trabalho, na opinião de Geminiano Jurema, presidente da Federação das Associações Comerciais do Estado de Alagoas (Federalagoas) e da Associação Comercial e Empresarial de Maceió. A redução do chamado custo Brasil será outro efeito da iniciativa do governo, segundo o presidente da Federação das Associações Comerciais e Empresariais de Minas Gerais, Wander Luis Silva. “Hoje esses custos dificultam a competitividade das empresas nacionais em negócios no mercado internacional”, atesta. “A multiplicidade de encargos também concorre para um alto índice de empresas informais, ao lado de prejudicar a sobrevivência e até mesmo determinar o fechamento de empresas legalmente constituídas.” Competitividade João Bezerra Filho, presidente da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru (PE), nota que uma pesquisa recente mostrou o Brasil na 58ª colocação, em um ranking de 139 países mais competitivos. Entre os cinco itens de destaques citados como inibidores de competitividade do país, foi relacionado o custo da mão de obra. Isso mostra, segundo ele, a necessidade de rever a carga tributária como um todo. “A sociedade organizada não pode mais esperar


que as empresas fechem as portas, para se manifestar apenas quando o caos estiver instalado. Não podemos pagar a conta da ineficiência dos gastos públicos”, acrescenta Bezerra Filho. “Temos a necessidade urgente de uma reforma tributária que possa reduzir o ‘custo Brasil’ e fazer frente aos concorrentes internacionais que estão conquistando os mercados e fragilizando a economia nacional. A redução desses tributos e a melhoria da nossa infraestrutura seriam passos determinantes para nos tornarmos uma potência econômica.”

“Custo da mão de obra é fator inibidor da competitividade” João Bezerra Filho

Encargos Sociais Básicos sobre o Salário Tipos de encargos

Informalidade nos estados

% sobre o salário

A - Obrigações sociais

(% de trabalhadores) Estado

2005 2006 2007 2008 2009

Distrito Federal

37,2

37,9

37,2

36,9

35,0

São Paulo

42,5

41,1

39,4

37,9

37,1

Santa Catarina

41,1

41,0

38,4

38,2

38,1

Previdência Social

20

FGTS

8

Salário-educação

2,5

Acidentes de trabalho (média)

2

Sesi

1,5

Senai

1

Rio de Janeiro

46,3

44,9

45,3

44,4

42,7

Rondônia

51,6

51,6

47,1

47,7

43,6

Paraná

48,3

47,6

46,7

44,3

44,6

Sebrae

0,6 0,2 35,8

Rio Grande do Sul

48,0

48,9

48,3

46,0

45,1

Incra

Espírito Santo

53,0

49,2

49,9

50,2

47,0

Subtotal A

Minas Gerais

51,5

50,1

49,1

46,5

47,7

Mato Grosso do Sul

50,3

51,9

51,4

48,7

50,0

B - Tempo não trabalhado 1

Acre

54,3

54,8

51,6

50,7

50,2

Repouso semanal

18,91

Amazonas

59,3

54,7

53,1

48,7

51,7

Férias

9,45

Mato Grosso

56,1

56,2

55,1

53,4

51,9

Feriados

4,36

Amapá

58,5

53,7

53,4

45,9

52,2

Abono de férias

3,64

Goiás

55,4

54,9

53,8

52,7

52,6

Aviso prévio

1,32

Roraima

64,8

63,1

57,5

55,1

52,9

Auxílio-enfermidade

0,55

Alagoas

62,7

61,4

61,1

57,6

55,7

Subtotal B

38,23

Rio Grande do Norte

61,1

59,9

59,6

58,4

56,7

Sergipe

60,8

62,2

59,4

56,7

57,7

C - Tempo não trabalhado 2

Pernambuco

63,3

62,3

60,6

61,3

59,5

13º salário

10,91 2,57 13,48

Paraíba

67,6

68,9

66,5

63,7

61,2

Despesa de rescisão contratual

Tocantins

68,3

68,1

64,7

61,2

63,6

Subtotal C

Pará

65,0

66,0

58,1

63,4

64,1

Bahia

69,0

67,0

66,6

65,7

64,3

D - Reflexos dos itens anteriores

Ceará

70,3

69,8

67,8

67,5

65,2

Incidência cumulativa grupo A/B

13,68

Maranhão

77,6

76,2

71,1

68,6

70,0

Incidência do FGTS sobre o 13º

0,87

Piauí

77,2

76,9

74,6

73,5

74,0

Subtotal D

14,55

Brasil

53,1

52,1

50,8

49,2

48,7

Total Geral

Fonte: Ipeadata

102,06 Fonte: Itens da Constituição e CLT.

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CAPA

Estudo da FGV propõe a redução da contribuição previdenciária que incide sobre os pagamentos

“Mostrar o caminho da desoneração é importante, mas não se deve atribuir à iniciativa a possibilidade de ocorrer uma explosão na geração de empregos”

Um estudo realizado pela Fundação Getulio Vargas (FGV) defende a desoneração da folha de pagamento como impulso para geração de novos postos de trabalho. Em entrevista a Empresa Brasil, o economista Salomão Quadros, responsável pelo levantamento, explica que a proposta prega a redução da contribuição previdenciária que incide sobre os pagamentos, de 20% para 12%. Para equilibrar as receitas do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) seria criada outra fonte de recursos. A pesquisa foi encomendada em 2009 pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), dado o alto custo da folha de pagamento do setor em comparação com outras categorias profissionais. A seguir, leia os principais trechos da entrevista: Empresa Brasil: Como deve ser feita a desoneração da folha? Salomão Quadros: A proposta deve ser efetuada de forma gradativa, pois é preciso pensar em repor as perdas provocadas pela redução da alíquota do índice que incide sobre os pagamentos do INSS. E no que se refere à geração de novos postos de trabalho? Com base em pesquisas não somente no Brasil como em vários outros países, foi possível constatar que a desoneração da folha de pagamentos não teve uma reação muito forte no que se refere à geração de novos postos de trabalho. A repercussão foi apenas mediana, não havendo referências em relação a compensações plenas na força-trabalho.

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Empresa BRASIL

Quais os pontos mais positivos constatados pelo estudo? Como ponto positivo é preciso destacar o fato de que a desoneração da folha deve provocar uma migração significativa de pessoas que vivem hoje no mercado informal, o que lhes daria maior segurança. No caso da perda de receita pelo INSS, qual seria a alternativa para a recomposição dessas receitas? O estudo sugere uma pequena tributação das empresas, pois o Brasil já está muito explorado em termos de tributos, cuja carga está em torno de 35% do PIB. Então não é possível desonerar completamente a folha de pagamentos. E quanto às demais taxas que incidem sobre a folha? Há outras taxas menores que estão diluídas. Mostrar o caminho da desoneração é importante, mas não se deve atribuir à iniciativa a possibilidade de ocorrer uma explosão na geração de empregos. É importante mencionar que esse estudo foi feito com base na realidade de uma categoria profissional que emprega muita gente. Nasceu de um trabalho que vem sendo desenvolvido entre FGV e a Federação. Não há estudo que comprove que a desoneração da folha pode alavancar postos de trabalho, mas o mais certo é se preparar para uma reposição tributária, e a alternativa sobre o faturamento das empresas está entre as mais palatáveis, além de não ser inflacionário. Mesmo sendo de 2009, as conclusões desse estudo continuam válidas e os parâmetros atuais.


O verdadeiro nó dos exportadores é o câmbio O Brasil está em pleno ciclo virtuoso de emprego e com índices crescentes de queda na informalidade. Por isso, não há razões concretas para o debate em torno da desoneração da folha de pagamentos. A opinião é do economista Fernando Gaiger Silveira (Ipea), que teme o agravamento das contas da Previdência Social, no caso de uma eventual desoneração da folha a partir da redução da contribuição previdenciária. “Dadas as condições da economia brasileira, no momento, não vejo justificativa nesse debate”, disse Gaiger em entrevista a Empresa Brasil. Apesar de as pesquisas sobre desoneração da folha serem inconclusivas sobre a geração de empregos, ele ressalta que a iniciativa, na melhor das hipóteses, acabará repassada aos salários. “Além disso, cada ponto percentual da contribuição previdenciária representa recursos de alta envergadura, o que vai exigir uma contrapartida em termos de caixa previdenciária”, enfatiza.

É preciso jogar limpo Gaiger assinala que o tema sempre surge quando os segmentos empresariais reclamam da competitividade do produto nacional no mercado externo. Em sua opinião,no entanto, o verdadeiro nó enfrentado pelos exportadores é a sobrevalorização do real. “É preciso jogar limpo. Desoneração da folha nada tem a ver com geração de emprego, mas com necessidade de reduzir os custos do produto brasileiro, e a saída para os empresários é essa. Ocorre que esses tributos não estão ligados ao produto especificamente, mas à folha de salários da empresa”, afirma. O economista aponta outra saída para a

Para o economista, a competitividade do produto brasileiro depende do câmbio redução dos custos das empresas no Brasil. “É muito mais razoável desonerar impostos indiretos que são repassados ao consumidor; são regressivos e não têm relação com a Previdência Social”, indica. “Por isso, é preciso mostrar, de forma clara, que a desoneração da folha é para as empresas exportadoras ganharem competitividade e não para gerar emprego e diminuir a informalidade. Mas é preciso se discutir o que fazer com as contas previdenciárias.”

Grau de desigualdade

Fernando Gaiger Silveira: “Pleno emprego não justifica o debate”

Sobre a carga tributária e o “custo Brasil”, o economista não tem dúvidas: “É evidente que temos uma carga elevada em nível de renda per capita, mas é preciso considerar o grau de desigualdade do país”, assinala. “Nesse sentido, o governo vem bancando políticas sociais e de proteção social importantes, tanto para a educação como o próprio Bolsa-Família que distribui recursos para 13 milhões de famílias. Somos também o país abaixo do Equador que tem o maior nível de proteção de seus idosos. Temos pressões fiscais que impactam a carga, sim, mas o mais importante no ‘custo Brasil’ é o câmbio.”

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CASE DE SUCESSO

Colaboradores da Acisa contribuem para a qualificação dos estudantes da Região

Associação de Santo Ângelo (RS) inova e cria departamento de estágios Entidade gaúcha presta assessoria para outras ACIs do país e contribui para o mercado de trabalho; nos últimos seis anos, ofereceu mais de 2,3 mil estágios e a efetivação de 308 profissionais.

A

Associação Comercial, Cultural, Industrial, Serviços e Agropecuária de Santo Ângelo (Acisa), município situado na região noroeste do Rio Grande do Sul, chama a atenção por uma iniciativa inovadora. Em setembro de 2005, criou o Departamento de Educação Profissional e Estágios (Depe) e, desde então, contribui para o desenvolvimento educacional e a qualificação de estudantes locais. No período acumulado, ofereceu mais de 2,3 mil estágios e a efetivação de 308 profissionais. Atualmente, soma 398 estagiários em atuação no mercado de trabalho e conta, em seu banco de dados, com mais de 3 mil inscritos e 200 empresas cadastradas. Opera ainda em parceria com 16 escolas de ensino médio e 17 universidades. O sucesso da Acisa é tal que, desde 2009, a entidade presta assessoria a outras associações filiadas, com o intuito de disseminar a ideia de qualificar estudantes e criar novos “Depes” em outras loca-

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Empresa BRASIL

lidades. A associação de Santo Augusto, localizada na mesma região, por exemplo, já começa a andar sozinha. Outras oito ACIs gaúchas e de outros estados, como Santa Catarina, Paraná e Ceará, também estão em vias de seguir o mesmo caminho. Oportunidade real De acordo com o presidente da Acisa, Bruno Krug, o estágio oferecido pela entidade prepara o estudante para todas as exigências do mercado de trabalho. “Oferecemos uma oportunidade real, com a qual os alunos têm a chance de iniciar a sua vida profissional”, atesta. Além disso, o Depe contribui para a sustentabilidade financeira da própria instituição. Há cinco anos, segundo Krug, 90% da arrecadação da entidade resultava do pagamento das mensalidades, com o restante de outros serviços. Hoje, a soma da contribuição dos sócios com as receitas obtidas por meio do Depe perfaz 80% da arrecadação da Acisa. Os 20% restantes vêm de


serviços, como palestras e cursos. Krug destaca ainda que as taxas administrativas dos convênios entre Acisa e empresas contratantes são mais acessíveis em comparação aos concorrentes – de 12% sobre o valor da bolsa-auxílio. Outra vantagem é que os recursos investidos pelas empresas acabam ficando no mesmo município, o que é importante para o seu desenvolvimento. Sobre as entidades que almejam criar um departamento semelhante, o dirigente explica que a assessoria prestada pela entidade ensina todos os passos necessários, inclusive no aspecto legal. O custo varia de acordo com o porte da associação interessada e pode ser compensado em poucos meses. Conforme a secretária executiva da Acisa, Odila de Fátima da Motta, a entidade levou cerca de três anos para a montagem do departamento que é amparado pela Lei de Estágios nº 11.788, seguindo orientações da Secretaria Estadual de Educação, com quem mantém convênio para atuar com estudantes de escolas públicas estaduais. Além disso, a criação do departamento só foi possível com a alteração estatutária da Acisa, aprovada em Assembleia Geral Extraordinária e registrada em cartório. Procura por universitários Hoje, segundo Odila, a maior procura é por alunos universitários dos cursos de administração, ciências contábeis, pedagogia, engenharia civil e mecânica, biomedicina, enfermagem e direito. Segundo ela, grande parte das vagas no ensino médio é para os cursos de técnico em contabilidade, secretariado e magistério. Além disso, a entidade ainda dispõe de um banco de profissionais, com um cadastro que conta com, aproximadamente, 809 currículos. Mais informações podem ser obtidas junto à Acisa pelo telefone (55) 3313-3200 ou pelos e-mails acisasa@ brturbo.com.br e acisadepe@brturbo.com.br Assessoria qualificada A assessoria da Acisa ensina como evitar problemas legais para a constituição de um Departamento de Educação Profissional e Estágios (Depe). O custo varia de acordo com o porte da associação interessada e pode ser compensado em poucos meses.

Krug, da Acisa: sucesso da entidade inspira outras associações

Sobre a Acisa: A Associação Comercial, Cultural, Industrial, Serviços e Agropecuária de Santo Ângelo (Acisa), na região noroeste do Rio Grande do Sul, criada em 1929, conta com cerca de 220 empresas associadas. Localizada na cidade de Santo Ângelo, a 450 quilômetros de Porto Alegre, a Acisa adquiriu confiança e respeito por parte da população local, de quase 76 mil habitantes, uma vez que participa ativamente de diversas comissões e reuniões com a Prefeitura Municipal, segundo o presidente da entidade, Bruno Krug. Além disso, o dirigente lembra que a Acisa de Santo Ângelo presta apoio jurídico aos associados e, em breve, também vai oferecer consultorias em outras áreas além da dos estágios, como contabilidade, gestão de pessoas e meio ambiente.

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CONJUNTURA

Versão 2.0 da Nota Fiscal Eletrônica já está em vigor Desde o dia 1º deste mês é obrigatória a emissão de Nota Fiscal Eletrônica (NF-e) na versão 2.0; o novo formato exige ainda mais informações sobre as transações entre empresas e clientes

A

partir de 1º de abril, todo o sistema CACB e suas entidades associadas estarão prestando o serviço de “segunda geração” da Nota Fiscal Eletrônica - NFE. O Progerecs/CACB trabalha para que a entidade unida se torne a maior rede nesse trabalho à semelhança do que já ocorre com a certificação digital. O diretor-geral da NFE do Brasil, Marco Antônio Zanini, lembra que 480 mil empresas deverão adotar a versão 2.0. No modelo atual são informados o emissor e o destinatário; são discriminados os produtos, os valores e os impostos devidos. Tudo isso é enviado para as secretárias da Fazenda estaduais em arquivo eletrônico, no formato XML. Já a segunda geração da Nota Fiscal Eletrônica, segundo Zanini, é um refinamento da solução existente. Ou seja, permitirá o cruzamento e a conferência das informações de todo o ciclo de vida do documento fiscal. Com a segunda geração da NF-e, tanto vendedor como comprador terão responsabilidades sobre uma nota fiscal. E deverão informar desde o registro de saída do produto à confirmação do recebimento da mercadoria, passando por devolução, registro de roubo de carga, carta de correção e outras ocorrências. “Com isso, antigas práticas, como a emissão de uma nota para um local com uma alíquota mais baixa do que o destino real da mercadoria, deixarão de existir”, afirma Zanini. “Com o aumento de informações, o fisco pretende diminuir o número de fraudes e de sonegação.”

Principais vantagens da NF-e 2.0 Uma das principais alterações da NF-e 2.0 é a adequação do novo layout ao Simples Nacional. Anteriormente, não existiam campos próprios para as empresas tributadas pelo sistema simplificado, o que gerava confusão entre muitos contribuintes. Outra mudança está relacionada ao registro

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Empresa BRASIL

Zanini: “Aumento de informações diminui o número de fraudes e de sonegação” de emissão em contingência. Com a NF-e 2.0, o contribuinte não precisa mais registrar a utilização dessas alternativas de emissão no Livro de Registro de Utilização de Documentos Fiscais e Termos de Ocorrência (RUDFTO). Agora, o registro da data, hora e justificativa para a contingência é feito no próprio arquivo da NF-e. O sistema de gestão administrativa e financeira, o Controller, já está totalmente de acordo com a NF-e 2.0, trazendo mais facilidade na adaptação, segurança na informação transmitida ao Fisco e, principalmente, integração total com o web service da Receita Federal, dispensando a necessidade de utilização de um emissor.


ABRIL/2011 – WWW.SEBRAE.COM.BR – 0800 570 0800

INFORME DO SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

Oportunidades de negócios

Setores estratégicos

Mapeamento divulgado pelo Sebrae mostra demandas que serão geradas pelos investimentos para a realização da Copa de 2014 no Brasil e como as MPE podem ser beneficiadas

Primeira etapa do estudo aponta as oportunidades na construção civil, tecnologia da informação e comunicação, turismo e produção associada ao turismo. Até junho, serão divulgados outros cinco setores


/ / E s p ec ia l S eb ra e na Co pa de 2 01 4 / /

SEBRAE FAZ MAPEAMENTO E LANÇA PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO Foram identificadas 448 oportunidades em quatro setores da economia

Estudo foi divulgado pelo presidente do Sebrae, Luiz Barretto, em coletiva realizada no Rio de Janeiro

AINDA NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2011, SERÃO MAPEADOS MAIS CINCO SETORES: AGRONEGÓCIO, MADEIRA E MÓVEIS, TÊXTIL E CONFECÇÃO, COMÉRCIO VAREJISTA E SERVIÇOS.

2 EMPREENDER // SEBRAE

C

onstrução civil, tecnologia da informação, turismo e produção associada ao turismo. Esses quatro setores da economia oferecem 448 oportunidades de negócios para pequenas empresas nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. Os dados fazem parte do`Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede´, divulgado pelo Sebrae no final do mês de março. Ainda no primeiro semestre de 2011, serão mapeados mais cinco setores: agronegócio, madeira e móveis, têxtil e confecção, comércio varejista e serviços. O trabalho é uma das ações previstas no Programa Sebrae na Copa de 2014, que receberá, até 2013, investimentos de R$ 79,3 milhões. Os recursos serão aplicados em pro-

gramas de consultoria, inovação e acesso a mercados, como o Sebrae Mais, Sebraetec, Agentes Locais de Inovação (ALI) e Centrais de Negócios. Para atender à demanda, novas soluções também poderão ser criadas. A ideia é permitir que elas ocupem um espaço maior na economia, não apenas no período até 2014, mas no futuro. Atualmente, 99% das empresas brasileiras são micro ou pequenas e elas respondem por 20% do Produto Interno Bruto (PIB). Em países como a Alemanha, a participação no PIB chega a 40%”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto. De acordo com o mapeamento do Sebrae, encomendado à Fundação Getulio Vargas (FGV), haverá possibilidades de negócios para pequenos empreendimentos antes, durante e após o evento. As 448 oportunidades de negócios foram extraídas de uma lista de atividades nas quais essas empresas podem empreender com grande chance de sucesso. Esses segmentos incluem as compras governamentais (com as garantias previstas na Lei Geral da Micro e Pequena Empresa) e os negócios diretamente com o mercado – que representam a maior parte das oportunidades. Neste primeiro momento, o levantamento está sendo feito em âmbito nacional. A segunda etapa será a identificação das atividades mais promissoras em cada estado que sedia a Copa, levando em consideração as aptidões locais. E


CONSTRUÇÃO CIVIL É O SETOR QUE GANHARÁ MAIS COM MUNDIAL Setor absorverá maior parte dos recursos investidos pelo setor público e iniciativa privada

O

setor da construção civil absorverá a maior parte (R$ 22,8 bilhões) dos R$ 33 bilhões a serem investidos pelo poder público e iniciativa privada em infraestrutura, turismo e consumo, para a Copa do Mundo. Os dados, do Ministério do Esporte, refletem também os mercados promissores para as MPE. O estudo do Sebrae/FGV identificou 128 oportunidades para empresas do setor. As mais promissoras surgem na condição de fornecedores ou prestadores de serviços para as grandes empresas. São atividades como consultoria, prestação de serviços, fornecimento de matéria-prima, insumos e equipamentos, representantes comerciais e agentes do comércio de eletrodomésticos, móveis e artigos de uso doméstico, comércio varejista de ferragens, madeira e materiais de construção. “A ideia é aproveitar a oportunidade da Copa para aumentar o nível de competitividade e promover o desenvolvimento das pequenas empresas”, destaca o gerente de Serviços do Sebrae, Vinícius Lages. O fornecimento de insumos relacionado ao comércio atacadista deve gerar oportunidades, já que são comprados, normalmente, em empresas locais e de menor porte. As longas distâncias e o custo do transporte geram oportunidades

também para os empreendimentos locais que atuem no fornecimento de materiais frágeis (como vidro). Na área de projetos, chamou a atenção o potencial de oportunidades para os serviços especializados de arquitetura. Administração, serviços complementares como alimentação, transporte, controle patrimonial, comércio de ferramentas e equipamentos de pequeno porte e transporte de pessoal também podem ser explorados. Em relação a segurança, meio ambiente e saúde, as oportunidades surgem para empresas especializadas principalmente em serviços de assessoria, consultoria e treinamento em segurança do trabalho, meio ambiente e saúde ocupacional. Nos canteiros de obra, cabe às pequenas empresas prestarem serviços às grandes em atividades de aluguel de máquinas e equipamentos e transporte rodoviário de carga. O mapeamento também mostra como oportunidades as atividades em edificações e de instalações. Por fim, em insumos, as perspectivas surgem por meio da complementação de materiais como adubos, boca de lobo, cadeado, caixa de descarga plástica, argamassa industrializada e caixa de incêndio. No caso da produção de tijolos, cerâmica, saibro, pó xadrez e argamassa, há grandes chances de contratação de pequenas empresas. E

Nos canteiros de obra, cabe às pequenas empresas prestarem serviços às grandes em atividades como aluguel de máquinas e equipamentos e transporte rodoviário de carga

“A IDEIA É APROVEITAR A OPORTUNIDADE DA COPA PARA AUMENTAR O NÍVEL DE COMPETITIVIDADE E PROMOVER O DESENVOLVIMENTO DAS PEQUENAS EMPRESAS”, DESTACA O GERENTE DE SERVIÇOS DO SEBRAE, VINÍCIUS LAGES.

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TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO GANHA IMPULSO COM COPA 2014 Mapeamento de oportunidades do Sebrae mostra 105 oportunidades de negócios para esse setor da economia inaugura essa jogada”, destaca Vinícius Lages, gerente de Serviços da instituição.

As áreas de assistência técnica, manutenção e suporte exigirão investimento em qualidade e manutenção

O MERCADO É PROMISSOR PARA AS PEQUENAS EMPRESAS QUE TRABALHEM COM DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE OU POSSUAM PACOTES PRONTOS E CUSTOMIZÁVEIS PARA AS ATIVIDADES MAIS USUAIS, COMO SOLUÇÕES DE GESTÃO HOTELEIRA E DE SAÚDE.

4 EMPREENDER // SEBRAE

D

esenvolvimento de softwares, projetos e assistência técnica, manutenção e suporte. Essas são algumas das 105 oportunidades que podem ser aproveitadas pelas pequenas empresas do setor da tecnologia da informação (TI) nos períodos pré e durante Copa do Mundo de 2014. Os benefícios serão comprovados também no longo prazo. “A Copa e seus investimentos vão permitir a criação de novos produtos e serviços e a melhora na qualidade dos que já existem. Tornar as pequenas empresas mais competitivas e inovadoras é o grande desafio do Sebrae. O evento esportivo

//Oportunidades Para mapear as oportunidades foram consideradas demandas do setor público e privado. O primeiro, em obras como estruturação de estádios e centros de mídia. A iniciativa privada, pelas necessidades das empresas e consumidores finais por soluções de tecnologia da informação, como transmissão de dados e desenvolvimento de softwares e serviços. Em software, o mapeamento identificou oportunidades decorrentes dos investimentos de adequação do evento e de setores relacionados indiretamente à competição futebolística, como hotéis, bares, restaurantes, turismo e saúde. O mercado é promissor para as pequenas empresas que trabalhem com desenvolvimento de software ou possuam pacotes prontos e customizáveis para as atividades mais usuais, como soluções de gestão hoteleira e de saúde. As áreas de assistência técnica, manutenção e suporte correspondem a um bom campo de atuação para as pequenas empresas. O aperfeiçoamento técnico e investimento em qualidade e manutenção será o grande diferencial. O nível de satisfação dos clientes com esses serviços ainda é muito baixo. E


TURISMO, NEGÓCIOS E FUTEBOL Empresas do setor devem ganhar em competitividade

D

e acordo com o Ministério do Turismo, o número de visitantes estrangeiros tende a crescer progressivamente até 2014. Só no ano da Copa, o país espera receber 8 milhões de visitantes, sendo 600 mil apenas no mês do Mundial. O número de brasileiros que devem viajar internamente durante o evento pode chegar a 3 milhões. Considerando o incremento potencial no setor, o ‘Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas Cidades-Sede” identificou 98 atividades do setor promissoras para as pequenas empresas. Para o gerente de Serviços do Sebrae, Vinícius Lages, a Copa do Mundo é um catalisador de dinâmicas de inovação, gestão e novos modelos de negócios. “Quando eventos desse porte chegam a um país promovendo uma série de oportunidades de negócios e estabelecendo requisitos técnicos e gerenciais a serem cumpridos, temos a chance de trazer o futuro para o presente, acelerando processos que ocorreriam mais lentamente”, ressalta. O evento apresenta boas oportunidades que deverão surgir a partir da oferta de produtos e serviços para turistas, outras empresas e organizações responsáveis pelo evento. Perspectivas de bons negócios também para as agências de viagem, tanto emissivas quanto as de receptivo. No caso das primeiras, é preciso destacar a relevância do fluxo de turistas domésticos durante o evento. Jogos não somente da seleção brasileira, como

também de outros países tradicionais do futebol, podem despertar o interesse dos brasileiros e motivar viagens internas, proporcionando uma demanda extra no período dos jogos para as empresas. //Pacotes oficiais No turismo receptivo,há duas maneiras distintas de as agências se beneficiarem das oportunidades da Copa. Em primeiro lugar, elas devem se credenciar nas operadoras internacionais, que, por sua vez, são agentes credenciados do Tour Operator Programme (TOP) da Match/ Fifa. Os participantes desse programa têm o direito de vender, em seus países de origem, pacotes oficiais com ingressos para os jogos da Copa do Mundo 2014. A Match, empresa responsável por assegurar acomodações à Federação Internacional de Futebol (Fifa), também contrata e reserva unidades habitacionais nos meios de hospedagem das cidades-sede. As oportunidades também podem ser aproveitadas pelas pequenas empresas que fornecem serviços técnicos ou operacionais a outros empreendimentos do setor, como limpeza e manutenção, terceirização de mão de obra e lavanderia. Outras atividades rentáveis são as de apoio ao turismo, mais direcionadas aos próprios turistas, na promoção de passeios diversos, assim como aqueles serviços que colaboram para a competitividade de destinos turísticos, como as lan houses e as casas de câmbio. E

A Copa do Mundo deve despertar interesse dos brasileiros e estimular viagens internas.

SÓ NO ANO DA COPA, O PAÍS ESPERA RECEBER 8 MILHÕES DE VISITANTES, SENDO 600 MIL APENAS NO MÊS DO MUNDIAL.

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PRODUÇÃO ASSOCIADA AO TURISMO TAMBÉM LUCRA COM A COPA Pequenas empresas são fundamentais no setor

N

o campo da produção associada ao turismo, as circunstâncias favoráveis serão muitas e vão abranger várias modalidades de serviços, produtos, atividades, profissionais, vocações e talentos. Produção associada é o conceito adotado pelo Ministério do Turismo e Sebrae para definir segmentos, atividades e serviços que agregam valor aos produtos turísticos, como artesanato, manifestações culturais, gastronomia e atividades artísticas e esportivas. O ‘Mapa de Oportunidades para as Micro e Pequenas Empresas nas CidadesSede’ levantou 117 atividades, de diversos ramos econômicos, nos quais as pequenas empresas terão relevante papel e serão beneficiadas diretamente em termos de negócios, geração de empregos, desenvolvimento e consolidação no mercado. O levantamento também aponta as vulnerabilidades e desafios da produção associada a serem enfrentados para elevar a qualidade do turismo brasileiro e dos serviços oferecidos aos turistas e torcedores da Copa 2014. “Esse mapeamento será referência para o processo de aceleração da qualidade e da inovação dos produtos e serviços das pequenas empresas, antes, durante e depois da Copa”, ressalta Vinícius Lages, gerente de Serviços do Sebrae.

Carnaval, artesanato e manifestações culturais vão criar boas oportunidades para as empresas na Copa

//Economia criativa Entre os temas e ramos econômicos que se destacam na produção associada em turismo se destaca a economia criativa. Carnaval, artesanato, manifestações culturais, produtos alimentícios regionais, atividades artísticas e esportivas e outras áreas vão criar boas oportunidades para pequenas empresas na Copa 2014. Produtos alimentícios regionais, desenvolvidos por agroindústrias e setor agropecuário, constituem outro bom exemplo. Vinhos, cachaças e frutas tropicais são itens típicos de diferentes regiões brasileiras que deverão ser inseridos nos produtos turísticos da Copa. Turistas estrangeiros gostam de experi-

mentar e descobrir novos sabores nos destinos visitados. Esses itens podem gerar produtos turísticos, como visitas a alambiques, vinhedos e plantações de frutas. Ainda em termos degustativos, merecem destaque as castanhas, o guaraná, o açaí e a erva-mate, cujos cultivos, processos de coleta e embalagem envolvem comunidades em diferentes regiões. As manifestações culturais também estão entre as maiores agregadoras de valor ao turismo e terão esse papel nas 12 cidades-sede. Elas envolvem espetáculos de artes cênicas, circenses, dança e música, e geram negócios e trabalho para produtores culturais, artistas, profissionais e trabalhadores dos setores técnico e artístico. E

Empreender Informe do Sebrae. Presidente do Conselho Deliberativo Nacional: Roberto Simões. Diretor-Presidente: 6 EMPREENDER // SEBRAE

Luiz Barretto. Diretor-Técnico: Carlos Alberto dos Santos. Diretor de Administração e Finanças: José Claudio dos Santos. Gerente de Marketing e Comunicação: Cândida Bittencourt. Edição: Ana Canêdo, Antônio Viegas. Endereço: SGAS 604/605, módulos 30 e 31, Asa Sul, Brasília/DF, CEP: 70.200-645 - Fone: (61) 3348-7494 - Para falar com o Sebrae: 0800 570 0800 Na internet: sebrae.com.br // twitter.com/sebrae // facebook.com/sebrae // youtube.com/tvsebrae


NEGÓCIOS

Expansão do mercado de trabalho no Brasil turbina setor responsável por 200 mil empregos

Setor de refeições coletivas vive fase de ouro Em 2010 foram fornecidos 9,4 milhões de refeições/dia, com uma receita de R$ 10,8 bilhões. Em 2011, o faturamento deve chegar a R$ 12,5 bilhões, com um total de 10,5 milhões de refeições/dia

U

m dos segmentos mais favorecidos pelo crescimento da economia no país, o setor de refeições coletivas vive uma fase de ouro. Nos últimos dez anos, praticamente dobrou de tamanho, o que poderá repetir-se em um período mais curto, dados o incremento de novos postos de trabalho e a série de obras previstas para a Copa de 2014. Em 2010 foram fornecidos 9,4 milhões de refeições/ dia, com uma receita de R$ 10,8 bilhões, podendo alcançar R$ 12,5 bilhões neste ano. Conforme dados do diretor-superintendente da Aberc (Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas), Antonio Guimarães, o segmento oferece cerca de 200 mil empregos diretos e consome um volume de 5 mil toneladas de alimentos por dia. Guimarães observa que o Brasil se destaca neste setor, pois é um dos únicos países em que as empresas oferecem refeições no intervalo da jornada motivados pelo Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), instituído pela Lei nº 6.321, de 1976. O PAT prioriza o atendimento aos trabalhadores de baixa renda, isto é, aqueles que ganham até cinco salários mínimos mensais. O programa resulta da

parceria entre governo, empresa e trabalhador. “Por muitos anos a sistemática brasileira de disponibilizar refeições aos colaboradores das empresas deve continuar”, avalia o diretor-superintendente da Aberc. Guimarães assinala, no entanto, que os preços praticados são atualizados anualmente, o que ele julga problemático, apesar de acompanhar os custos. “Essa área parece fácil, mas é complexa, pois o mercado não retribui financeiramente para o segmento”, analisa. “É preciso ter volume, comprar bem e ter mão de obra especializada para ter resultados”, atesta Guimarães. Quando a Aberc foi criada, em 1984, contava com apenas 13 prestadoras de serviço filiadas. Hoje, são 90 entidades associadas que, juntas, respondem por 95% das refeições coletivas servidas no país. Entre os estados, São Paulo é o mais forte no segmento, com 40% do mercado. Depois vêm o Rio de Janeiro (12%), Minas Gerais (9%), Rio Grande do Sul (7,5%) e Paraná (7%). Uma das empresas com mais fome de vencer nesse concorrido mercado é a Puras, do Rio Grande do Sul. Atualmente, as suas 1,4 mil unidades de negócios, distribuídas em 21 estados e no Distrito Federal, servem mais Abril de 2011

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NEGÓCIOS

Os cinco principais mercados no país: ■ 1º

lugar - São Paulo: 40% ■ 2º lugar - Rio de Janeiro: 12% ■ 3º lugar - Minas Gerais: 9% ■ 4º lugar - Rio Grande do Sul: 7,5% ■ 5º lugar - Paraná: 7% (Fonte: Aberc)

Dados do mercado de refeições coletivas no Brasil: Antonio Guimarães, diretorsuperintendente da Aberc: “É preciso ter volume, comprar bem e ter mão de obra especializada para ter resultados”

de um milhão de refeições por dia e o faturamento anual ultrapassa R$ 1,26 bilhão. De acordo com o presidente da empresa, Hermes Gazzola, a Puras teve, nos últimos 10 anos, um incremento médio de 16%. “Em 2009, em função da crise econômica mundial, o crescimento foi menor, mas superamos esse período e fechamos 2010 com um índice muito positivo (33%), retomando porcentuais de anos anteriores, em que a instabilidade e as variáveis financeiras não pressionaram tanto nosso setor”, avalia. “A tendência é manter o ritmo de crescimento pelos próximos anos, sem alterar a estrutura de gestão ou abrir o capital”, diz. “Essa década será a do Brasil. Muitos setores serão beneficiados com o redimensionamento dos mercados internacionais, principalmente o setor petrolífero offshore, onde somos um dos principais players”, prosseguiu. Segundo ele, a produção do país será o foco de grandes investidores, o que fortalecerá o mercado interno, ampliando a base da economia. “Naturalmente algumas reformas serão necessárias para possibilitar esse alinhamento.” Quanto ao setor de refeições coletivas, Gazzola acredita que o mercado deve se beneficiar desse cenário. “Mas somente as empresas que adotarem a cultura de gestão estarão aptas para enfrentar os desafios que o mercado deverá impor”, adverte o empresário. Inspiração para o sucesso Para Hermes Gazzola, o sucesso tem relação direta com o fato de a empresa seguir a Filosofia Empresarial Puras que estabeleceu instrumentos como visão, missão e valores praticados pelos mais de 22 mil profissionais que

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Número de refeições fornecidas: ■ 2010: 9,4 milhões de refeições/dia ■ 2011: 10,5 milhões de refeições/dia (*) (*) Expectativa da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (ABERC)

Faturamento do setor: ■ 2010: R$ 10,8 bilhões ■ 2011: R$ 12,5 bilhões (*) (*) Expectativa da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas (ABERC)

Volume: ■ 200 mil empregos diretos ■ Consome 5 mil toneladas de alimentos por dia

A Aberc estima que o potencial teórico das refeições coletivas no Brasil é superior a 41 milhões de unidades diariamente. O setor conseguiu manter-se estável nos últimos anos graças, em parte, ao processo da terceirização e de desenvolvimento de novos nichos de mercado. Nesta década prevê-se um crescimento de 10% ao ano, duplicando-se em sete anos.

trabalham na Puras. “Nossos líderes e nossas equipes atuam como verdadeiros donos do negócio, com metas e indicadores claros e definidos”, pondera. “Além disso, faz parte dos nossos valores termos clientes e consumidores fidelizados por meio de um relacionamento sincero, serviços bem feitos, com melhoria contínua e inovações.”


Hermes Gazzola: presidente e fundador da Puras A história de empreendedorismo do fundador e presidente da Puras começou quando Hermes Gazzola, ainda menino, ajudava seus pais, Francisco e Gema, em um pequeno restaurante da família em Porto Alegre, que, na época, se destacava pela qualidade do atendimento personalizado. Aos 21 anos, o jovem Hermes dividia seu tempo entre os estudos e a ajuda aos pais, quando um dos clientes do restaurante solicitou a comida dos Gazzola para dentro de sua empresa. Demonstrando desde cedo a sua percepção para os negócios, Hermes assumiu o desafio. E, assim, fundou em janeiro de 1979, a empresa Hermes Gazzola. No ano seguinte, com o restaurante dando um excelente retorno e com a visão de que o negócio de alimentação para empresas teria um futuro promissor, Hermes fundou a Refeições Puras, que, em seguida, passou a se chamar Puras do Brasil Sociedade Anônima. Com visão estratégica e perfil de liderança ativa, o empresário busca a inovação constante dos produtos e serviços da Puras. Em suas viagens ao exterior procura trocar experiências com especialistas no segmento, participando de feiras e visitando operações de restaurantes nos Estados Unidos, Japão, na América Latina e em diversos países da Europa. Graduado em Administração de Empresas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Hermes Gazzola também atua fortemente na área social. Idealizou o Puras Cidadã, que distribui, por ano, em parceria com os clientes da Puras, cerca de 3,5 milhões de refeições balanceadas a instituições sociais por meio de uma série de programas como o Alimentação Solidária, Prato Popular e Juventude Saudável. Hoje, a empresa, que completou três décadas em 2010, possui cerca de 1,4 mil unidades de negócio, entre restaurantes empresariais, plataformas marítimas, escolas e gestão de serviços em infraestrutura, através da empresa Infrall. Atualmente, possui cerca de 22 mil profissionais e está presente em 365 municípios brasileiros. A Puras serve mais de um milhão de refeições por dia e seu faturamento anual ultrapassa R$ 1,26 bilhão.

Nossos líderes e nossas equipes atuam como verdadeiros donos do negócio, com metas e indicadores claros e definidos

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GESTÃO

Competitividade premiada Foto: Imprensa Facisc

O “MPE Brasil - Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas” é um reconhecimento estadual e nacional às micro e pequenas empresas que promovem o aumento da qualidade e a disseminação de conceitos e práticas de gestão

Ilto Bem (E) e Cândido Prada comemoram prêmio em Brasília

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s catarinenses Cândido Prada (Paintech) e Ilton Bem (Uninfo) e o alagoano George Delfino (Del fino Centro Automotivo) comemoraram no final de março, em Brasília, a conquista do MPE Brasil – Prêmio de Competitividade. Ponto em comum entre todos os participantes: garra, aplicação e a participação nos programas Empreender ou Empreender Competitivo. Através da dinâmica de aprendizado contínuo e evolução promovidos pelos Programas desenvolvidos pela CACB e Sebrae, os empresários concretizaram projetos cultivados ao longo dos anos e viram, assim, suas empresas entre as nove melhores das 99 mil na disputa. Para o coordenador nacional do Empreender, Carlos Alberto Rezende, o prêmio é resultado de um trabalho de sinergia entre a CACB, as Associações, os empresários e Sebrae. “Uma prova de que o Empreeender apoia efetivamente empresas competitivas”, afirmou. Para chegar a essa grande vitória, as empresas passaram por uma maratona de coleta de dados e entrevistas. As 99 mil inscritas preencheram um formulário com os dados e avanços da empresa. 125 foram classificadas como vencedoras da etapa estadual. Desse universo, 38 foram visitadas pelos auditores do prêmio, que ve-

rificaram todos os itens da empresa: processos administrativos, incentivos aos funcionários, gestão de projetos e processos, projetos de sustentabilidade e de cunho social fizeram parte dos itens analisados. Finalmente, 18 empresas foram selecionadas para a final e nove receberam o grande prêmio: oito categorias (indústria, comércio, agronegócio, serviços de turismo, serviços de TI, serviços de saúde, serviços de educação e outros serviços) e um destaque em responsabilidade social. A iniciativa funciona como incentivo às micro e pequenas empresas brasileiras, reconhecendo sua importância e os resultados alcançados com a utilização dos conceitos de gestão, excelência, qualidade e competitividade. Evolução e excelência: “Não foi uma ação única. Foi um processo. Concordamos que as empresas inscritas em 2010 participariam novamente este ano. Queríamos ver a evolução”, afirmou Scheila Lenzi, consultora regional da Facisc/Sebrae que orienta os núcleos setoriais do Alto do Vale, de onde vem uma das empresas vencedores: a Paintech. A ganhadora na categoria indústria nasceu em 1997 em Rio do Sul (SC). É uma empresa prestadora de serviços de pintura eletrostática a pó, pintura eletroforese (KTL) e fabricante de peças para bicicletas na linha de bagageiros, rodas laterais para bicicletas infantis. Completados dez anos de vida e já com o nome no mercado, a empresa visou garantir as conformidades de processos. Em 2008 obteve a certificação ISO 9000 e, no ano seguinte, ISO 9001:2000, o que comprova o foco da entidade em estabelecer uma gestão da qualidade e resultados. Hoje, a Paintech tem 17 funcionários e uma estrutura encontrada somente em grandes centros industriais, com equipamentos que garantem a qualidade do produto, eficiência e rapidez na entrega. “Estamos buscando sempre o aprimoramento empresarial. Sabemos que nosso maior patrimônio são as pessoas que fazem parte do nosso dia a dia, colaborado-


Tecnologia aliada à humanização Combinação perfeita entre tecnologia de ponta e valorização das pessoas. Para Ilto Dal Bem, sócio-proprietário da Uninfo Sistemas, esses foram elementos basilares para a eleição da empresa como vencedora na categoria tecnológica. Com uma década de história, 30 colaboradores e projeto contemplado pelo Programa Empreender Competitivo, a empresa, especializada em software empresarial, encontrou na sua origem, o Polo Tecnológico do Oeste Catarinense (Deatec), também um mercado potencial. A carteira de clientes da empresa é composta, principalmente, por micro e pequenas empresas: Supermercado, Ferragem e Materiais de Construção, Lojas de Calçados e Confecção, Assistência Técnica, Atacado e Distribuidor, Indústria, loja de móveis e eletrodomésticos. Para o consultor Regional do Empreender, no Oeste Catarinense, Osvaldo Mota, a Uninfo é exemplo de um trabalho constante visando ao aprimoramento. O prêmio, segundo ele, é um reconhecimento do trabalho realizado. “A empresa vem buscando o aprimoramento continuado. O Empreender auxiliou na identificação das potencialidades e foi um motivador da participação continuada na premiação”, afirmou. Para o presidente do Deatec, Francis Marcel Post, o reconhecimento nacional recebido pela Uninfo serve como um estímulo para que outras empresas visem metas direcionadas para a qualidade e excelência em gestão. Um passo à frente do mercado Visão de futuro, busca constante pela gestão competitiva, acompanhamento das exigências do mercado e satisfação dos clientes externos e internos (colaboradores) e relacionamento com parcerias saudáveis. Estes são as principais características da Del Fino Centro Automotivo. O diagnóstico, de George DelFino, proprietário da empresa vencedora na categoria comércio, pode ser comprovado com números.

Segundo pesquisa da empresa, o índice de satisfação dos clientes saltou de 89% (2008) para 99% . A empresa registrou um incremento no resultado financeiro na ordem de 15%, na comparação entre 2008 e 2009. Com os avanços, a empresa aumentou sua estrutura físcia e proporcionou maior conforto aos clientes. Paralelamente à ampliação da instalações, a empresa, que conta com apenas 12 funcionários, buscou novas técnicas de gestão: implantação, sistematizada, dos 8 critérios do Modelo de Excelência na Gestão. Implantação de uma política socioambiental. Gestão democrática e busca de novos conhecimentos. Segundo Defino, o Empreender Competitivo foi o despertar na busca da gestão eficiente, conquistada através do conhecimento transmitido pelos consultores. A Associação Comercial de Maceió e o Movimento Alagoas Competitivo, liderado pelo 1º vice-presidente da CACB, Sérgio Papini, “continuam prestando suas orientações, no sentido de continuarmos investindo na busca de melhorias constantes”, afirmou. A meta da empresa agora é conquistar as certificações do Instituto de Qualidade Automotiva (I.Q.A. e selo verde).” Vamos conseguir”, afirmou Delfino.

Foto: IDivulgação/ MBC

res, administradores e, principalmente, os clientes que exigem sempre qualidade e eficiência. Graças a cada um pudemos conquistar este prêmio”, destaca Cândido Prada, diretor da empresa e coordenador dos núcleos setoriais de Rio do Sul.

George DelFino: “O Empreender Competitivo foi o despertar na busca de gestão eficiente”

A força do Empreender: O Programa Empreender incentiva o desenvolvimento gerencial, o associativismo e a geração de emprego e renda entre empresas de um mesmo setor e mesma área de atuação. Nos núcleos setoriais mais avançados, a parceria Sebrae/ CACB desenvolve o Empreender Competitivo. De acordo com Josiane Minuzzi, analista do Sebrae de Santa Catarina, o papel das associações é fundamental, já que elas mobilizam e incentivam a participação do empresário e estimulam seu crescimento. “Sem o apoio da CACB, não estaríamos aqui”, afirmou. O estado teve o maior número de empresas candidatas e números absolutos. Das 38 empresas escolhidas para participar da etapa nacional, 10 participam dos Programas desenvolvidos pela CACB/ Sebrae. Integram o Competitivo Del Fino Centro Automotivo de Alagoas a parananese CRG Informática e Serviços e Serviços (MEGASULT) e a catarinense Uninfo; Kayrós Business, Jaraguá do Sul; e a Suprema Contabilidade. Também entre as finalistas da etapa nacional, as representantes de Santa Catarina, participantes do Empreender: Duraline, Rodrigo Conci Drogaria e Manipulação, Laboratório Científico, Paintech e Escola Técnica Dama.

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DESTAQUE FEDERAÇÕES

Novo presidente da ACSP e Facesp critica o intervencionismo estatal Em seu discurso de posse, Rogério Amato afirmou que continuará a trilhar o caminho contra a burocracia, a alta tributação e a volta da CPMF; defendeu a livre iniciativa, o empreendedorismo e a parceria com as demais entidades empresariais

“A burocracia não afeta apenas a empresa, muitas vezes invade a esfera individual e familiar”

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empresário Rogério Pinto Coelho Amato assumiu, no final de março, a presidência da ACSP (Associação Comercial de São Paulo) e da Facesp (Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo). O evento reuniu o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o prefeito Gilberto Kassab, o diretor do Sebrae-SP Alencar Burti, o exgovernador de São Paulo José Serra (PSDB) e José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da CACB. Em seu discurso de posse, Amato afirmou que continuará a trilhar o caminho contra a burocracia, a alta tributação e a volta da CPMF (Contribuição Provisória Sobre Movimentação Financeira). Defendeu a livre iniciativa, o empreendedorismo e a parceria com as demais entidades empresariais. “Queremos atuar em conjunto com as demais entidades empresariais, sempre que essa união contribuir para fortalecer a posição da classe empresarial ou da sociedade, sem prejuízo da ação individual de cada uma”, enfatizou. Anunciou ainda uma agenda de debates sobre os grandes temas nacionais e

questões específicas que afetam o setor empresarial. Em seu discurso, Rogério Amato criticou o crescente intervencionismo estatal no país. “O aumento da burocracia, como a recente pérola da obrigatoriedade do relógio de ponto com o uso de papel, com claro retrocesso tecnológico e ambiental. O fiscalismo e o arbítrio, como a ‘penhora online’, que não apenas afeta a empresa, mas, muitas vezes, invade a esfera individual e familiar”, citou. Amato prosseguiu, com outro exemplo: “A instabilidade, complexidade e insegurança jurídica, quando a empresa depende de vários órgãos públicos, que não atuam de forma coordenada, como ocorre em relação ao meio ambiente”. Para evitar que os empreendedores, sobretudo os micro, pequenos e médios, se sintam “solitários, abandonados e até acuados” diante dessa e de outras situações semelhantes, o novo presidente da ACSP e da Facesp disse que irá mostrar “ao empreendedor que ele faz parte de uma comunidade que irá apoiá-lo, orientá-lo e oferecer serviços que possam ajudá-lo a superar suas dificuldades”. “A atuação de nossas entidades não se limita à defesa retórica de seus valores, como a liberdade de empreender, respeito ao direito de propriedade e aos contratos, igualdade de oportunidades, mas também em ações tomadas diante da diversidade dos desafios que se apresentam no dia a dia”, acrescentou. Como exemplo, Amato recordou a mobilização da ACSP e Facesp durante a Constituinte, na defesa da Lei de Responsabilidade Fiscal, na criação do “Impostômetro” e nas mobilizações contra a aprovação da MP 232, a prorrogação da CPMF e contra a excessiva carga tributária e burocrática existente no país. Concluiu: “Temos ainda outros desafios pela frente: ampliar e melhorar a prestação de serviços para os associados, na medida em que as associações comerciais dependem de seus serviços para garantir sua autonomia financeira”.


“ACSP e a Facesp devem ficar mais próximas do micro e pequeno empresário”

Micro e pequenos empresários terão prioridade A seguir, leia a entrevista exclusiva de Rogério Amato a Empresa Brasil: Empresa Brasil: Quais são os seus planos para a sua gestão? Quais as prioridades? Rogério Amato: Uma característica da ACSP, e acredito que de todas as associações comerciais, é a continuidade. Outra é a manutenção dos princípios e valores. A partir dessas premissas, pretendemos tornar a entidade, através de suas 15 distritais, e a Facesp, por meio das mais de 400 associações comerciais do interior, mais próximas do micro e pequeno empresários, para que eles possam sentir a existência de uma entidade que se preocupa com eles e que pode não apenas orientá-los como defendê-los quando necessário. Essa será a maior prioridade.

Quais devem ser as prioridades da agenda empresarial no país? Acredito que a agenda prioritária deveria ser a de buscar a unidade das entidades empresariais em relação aos temas de maior importância para a livre iniciativa, sem prejuízo da atuação individual de cada uma. A partir dessa unidade seria possível definir os temas mais relevantes para serem atacados em conjunto, como, por exemplo, as várias reformas de que o país necessita.

Pretende criar algum novo núcleo na estrutura da Federação? As estruturas da ACSP e a da Facesp têm se revelado eficientes, mas novas missões podem demandar a criação de novos organismos. Vamos primeiro definir as novas missões, com a colaboração das diretorias e conselhos, e depois ajustar as estruturas necessárias ao bom desempenho das entidades.

Qual deve ser a posição do meio empresarial no que se refere à racionalização e redução dos gastos públicos? Essa é uma luta histórica e permanente das associações comerciais, a da redução e racionalização dos gastos públicos, do aumento da eficiência do governo, para permitir que o Estado possa aumentar os investimentos e reduzir a carga tributária.

Qual deve ser o foco de atuação da Federação daqui para a frente? Além do contato mais direto com os empresários, especialmente os de menor porte, a ACSP e a Facesp precisam estar preparadas para acompanhar os temas políticos econômicos e sociais de maior relevância, e se manifestar em relação aos mesmos, com base no ideário que tem norteado suas atuações ao longo do tempo. Elas precisam ser a voz dos empresários.

Rogério Pinto Coelho Amato, 62 anos, é paulistano, formado em administração pela Fundação Getulio Vargas de São Paulo, com vários cursos de extensão e especialização. Filho do empresário Mario Amato e de Rogéria Pinto Coelho Amato, atua no setor privado como presidente do Conselho de Administração da Springer.

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DESTAQUE CACB

Sérgio Papini (D) em reunião com os senadores Benedito de Lira e Delcídio do Amaral

CACB propõe revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal Entidade encaminhou documento ao Senado com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento sustentável do país

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CACB encaminhou ao Senado Federal, em março, uma proposta de revisão da Lei de Responsabilidade Fiscal. A ideia é ampliar o escopo dessa legislação a fim de estimular a redução da carga tributária; viabilizar o aumento dos investimentos públicos e possibilitar maior controle das despesas correntes no longo prazo. Em reunião com os senadores Benedito de Lira (PP-AL), Francisco Dornelles (PP-RJ) e Delcídio do Amaral (PT-MS), a entidade foi representada pelo seu 1° vice-presidente, Sérgio Papini. O documento entregue pela CACB prevê uma diminuição gradativa da carga tributária a partir do aumento anual do teto do Simples Nacional, e a imposição de um teto para o crescimento das despesas correntes. “Esse é um plano de redução dos gastos públicos em longo prazo, com o objetivo de garantir o crescimento do Brasil nos próximos 15 a 20 anos”, explicou Papini. Pela lei atual, as despesas correntes podem crescer de um ano para o outro na mesma porcentagem de crescimento das receitas. A Proposta de Lei Comple-

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mentar (PLC) da CACB, de sua parte, sugere que elas cresçam sempre nos mesmos patamares das receitas, gerando pequenos superávits. Com o valor economizado, o governo poderia ampliar os investimentos públicos ou reduzir a carga tributária. Na alternativa da redução da carga tributária, a PLC sugere que essa seja feita por meio da ampliação do teto do Simples Nacional. Com isso, um número maior de empresas passaria a ser enquadrado nessa modalidade de contribuição. “As pequenas e médias empresas seriam desoneradas como um todo, facilitando o crescimento do setor responsável pelo maior número de empregos no Brasil”, reforça Sérgio Papini. “Hoje se discute muito sobre o aumento do teto do Simples, mas apenas de forma ocasional. Nós queremos que esse aumento seja constante, para que o setor seja desonerado gradativamente”, acrescentou. O senador Delcídio do Amaral disse que a proposta é fundamental para o incremento da economia nacional e será discutida na Comissão de Finanças e Tributação do Senado Federal, da qual é o presidente.


Proposta traz nova ferramenta para aumentar crescimento do PIB Leia a seguir a entrevista com o 1° vice-presidente da CACB, Sérgio Papini, sobre a Proposta de Lei Complementar encaminhada pela entidade ao Senado: Empresa Brasil: Detalhe os pontos que considera principais da PLC. A PLC envolve três variáveis: despesas correntes, investimento público e carga tributária. Como a proposta prevê que a cada ano fiscal os entes federados ampliem suas despesas correntes num percentual sempre inferior ao crescimento da receita orçamentária, a cada ano haverá uma pequena sobra que poderá ser destinada para incrementar o investimento público ou para reduzir a carga tributária. Qual a sua expectativa em relação ao trâmite da PLC no Senado? A expectativa é de que o tema terá muitos senadores favoráveis, pela acolhida que tivemos nos nossos primeiros contatos, viabilizados pelo senador Benedito de Lira (PP-AL). Isso porque ela traz uma nova ferramenta – desvinculada da política monetária – para combater a inflação e aumentar o patamar de crescimento anual do PIB. A proposta será também uma bandeira importante para a micro e a pequena empresa. Isso porque a diminuição da carga tributária se daria na prática, a cada ano, pelo aumento paulatino do teto das empresas tributadas pelo Simples Nacional. Poderá também ser uma bandeira de todos os que almejam uma educação inovadora de alto conteúdo tecnológico, dado o aumento do investimento público voltado para a competitividade da economia brasileira no longo prazo. Detalhar como funcionaria na prática a proposta proporcionaria pequenos superávits de receitas? Por hipótese, suponhamos que o orçamento de receitas da União para 2011 fosse de R$ 1 trilhão e o de despesas correntes fosse de R$ 600 bilhões (60% das receitas orçamentárias) Se o crescimento real do orça-

mento de receitas para 2012 for de R$ 50 bilhões (5%), o crescimento real de despesas terá que ser sempre inferior a R$ 30 bilhões. Suponhamos que a LC passe e só autorize um incremento de metade desses R$ 30 bilhões para as despesas correntes. Nesse caso teríamos uma sobra de R$ 15 bilhões para usar no incremento do Investimento Público e/ou na redução da carga tributária para o exercício de 2012. Se esses R$ 15 bilhões forem distribuídos de maneira equitativa entre essas duas variáveis, teríamos R$ 7,5 bilhões de aumento no Investimento Público e R$ 7,5 bilhão de diminuição na carga tributária. Para diminuir a carga tributária, não seria necessária nenhuma mudança nas alíquotas de impostos nem na estrutura da arrecadação. Isso porque essa redução se daria apenas pela elevação do teto das empresas tributadas pelo Simples Nacional.

Proposta também foi apresentada ao senador Francisco Dornelles

Investimento público no Brasil é inferior aos emergentes O investimento da União e das estatais federais subiu pelo sétimo ano seguido em 2010, atingindo perto de 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo números da Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda. O volume investido é um pouco superior aos 3,26% do PIB de 2009 e mais que o dobro do 1,59% do PIB registrado em 2003. As inversões do governo federal tiveram um impulso mais significativo em 2006, ganhando fôlego nos anos seguintes com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), de 2007. Entre as estatais, o grande destaque é a Petrobras, que, sozinha, investiu o equivalente a 2,03% do PIB nos 12 meses até outubro. É quase 70% a mais que o 1,21% do PIB investido pela União nos 12 meses até novembro de 2010. Nesse quadro, a União e as estatais federais responderam por 17,9% do total investido. O volume de investimento público no Brasil é pequeno em relação aos outros países emergentes, em média, acima de 7% do PIB.

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DESTAQUE CBMAE

O presidente da Facieg Deocleociano (C) Moreira e demais autoridades, na inauguração do Pace (GO)

Rede CACB amplia postos de conciliação extraprocessual Entidade inaugurou em março, por meio do projeto CBMAE, mais dois PACEs: em Goiânia (GO) e Cerquilho (SP); modelo começou a ser instalado em abril de 2008 e conta atualmente com 11 postos

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fim de garantir cada vez mais espaço para a sociedade resolver seus conflitos de forma pacífica, a CACB, por meio de seu projeto Arbitragem, inaugurou em março, em parceria com o Sebrae Nacional e os tribunais de justiça estaduais, dois novos Postos Avançados de Conciliação Extraprocessual (PACEs): em Goiânia (GO) e Cerquilho (SP). O PACE funciona como um instrumento de celeridade do Judiciário junto à associação comercial. A ideia é resolver conflitos de forma amigável, em um local de fácil acesso, com a redução de custos e o tempo processual, sem envolver o Judiciário.

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Em Cequilho, o Posto Avançado funcionará na associação comercial local. Os trabalhos terão início após o curso de capacitação dos conciliadores e a adequação às novas regras exigidas pelo Conselho Nacional de Justiça para o implementação do modelo. A juíza da comarca de Cerquilho, Tatiana Moreira, propôs o estudo de um planejamento para articular parcerias com o Procon-SP e a prefeitura local. Em Goiânia, o posto funcionará junto à Associação Comercial de Goiás (Acieg), com apoio da Federação das Associações Comerciais, Industriais e Agropecuárias do Estado de Goiás (Facieg). O novo PACE está em fase de planejamento de ações. O


Cerquilho, no interior de São Paulo, inaugura Posto de Conciliação

presidente da Acieg, Pedro Bittar, disse que a Associação abraçou a iniciativa da mesma forma que o fez com as cortes arbitrais. Ele lembrou que a entidade trabalha com métodos alternativos de solução de conflitos há 15 anos, antes mesmo da publicação da Lei de Arbitragem no Brasil. Para o presidente do Tribunal de Justiça de Goiás, Vitor Lenza, o Brasil deve seguir os exemplos dos Estados Unidos e China, além de diversos países europeus, que também atuam com os Métodos Extrajudiciais de Solução de Conflitos (MESCs). “A iniciativa é importante, pois simplifica e desonera os processos. Nesse sentido, pretendemos levar o PACE para todas as cortes arbitrais do interior e demais municípios, a fim de expandir o sistema em todo o estado”, ressalta. O modelo de PACEs começou a ser trabalhado pela CBMAE em abril de 2008, com a criação do Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual de São Paulo em parceria com o Tribunal de Justiça daquele estado. A experiência deu certo e, em outubro do mesmo ano, a CACB, o Conselho Nacional de Justiça e o Sebrae Nacional se reuniram para assinar um acordo e formalizar o trabalho que vinha sendo realizado. Em seguida foi instalado um modelo piloto de PACE em Santa Catarina, dada a cultura associativa daquele estado. O diretor financeiro da CACB, George Teixeira, explica que o projeto propõe “uma justiça ágil e a interação entre Justiça e a sociedade do estado de Goiás,

e deve ser adotado como modelo para todo o país”. A rede CBMAE conta atualmente com 11 PACEs: Patos de Minas, Uberaba, Uberlândia, Rio Branco, Goiânia, Cerquilho, Florianópolis, Campo Grande, São José do Rio Preto, São Paulo e Maceió. Também estão em fase de negociação para implantação os Paces de Vitória, Curitiba, Porto Alegre, Belém, Manaus, Três Marias, Suzano, Ipatinga, Chapecó e outros.

O que é conciliação? A conciliação é uma forma de solução extrajudicial de controvérsias em que um terceiro, o conciliador, exerce a tarefa de aproximar as partes em conflito, e também sugere e propõe soluções, esforçando-se para leválas a um entendimento que ponha fim ao conflito. No Pace, o acordo é homologado por um juiz.

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TENDÊNCIAS

Trabalho integrado promove o crescimento do setor têxtil e confecções de Pernambuco

Diferencial e competitividade são as tendências da moda pernambucana Entidades empresariais e o governo de Pernambuco se unem para potencializar a indústria têxtil e de confecções no estado. A Facep e Acic participaram da articulação

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lém dos belos cenários, Pernambuco é conhecido também pela produção têxtil. A região do Agreste, por exemplo, abriga o 2º maior polo do país, com cerca de 20 mil empresas, que geram mais de 25 mil empregos. A produção chega a 18 mil peças/ano. Para alavancar os negócios do setor, a partir do seu valor agregado pela inovação, foi criado recentemente o núcleo gestor da cadeia têxtil e de confecções, com o objetivo de avaliar e monitorar a execução das atividades e projetos de desenvolvimento, principalmente, na qualificação de profissionais e incentivos para o crescimento. O Núcleo garantiu um aporte de R$ 2,4 milhões repassados pelo governo do estado e através de investimentos da iniciativa privada. A expectativa é de que sejam beneficiados aproximadamente 4,5 mil estabelecimentos que integram o arranjo produtivo, pontos formais de venda e produção

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de confecções, em 35 municípios. Serão instaladas escolas para qualificação de mão de obra. As empresas receberão incentivos para que consolidem suas marcas, aumentem o portfólio de produtos e ganhem mais espaço no mercado. “Se existem recursos, união, estrutura favorável à produção de têxteis e confecção, temos que tomar essa dianteira e agir no sentido de fomentar o crescimento da produção, a qualificação dos empresários e trabalhadores da indústria têxtil”, ressalta o presidente da Associação Comercial de Caruaru, João Bezerra da Silva. Segundo ele, a meta é consolidar o polo como fabricante de moda de alto nível, ampliar as linhas de crédito para o setor, formalizar as empresas que ainda não atingiram este estágio, abrir canais de comercialização para exportação, entre outras ações. Um dos projetos que serão acompanhados pelo núcleo já está em curso. Trata-se do centro de refe-


rência da moda pernambucana, localizado em Jaboatão dos Guararapes. Criado em janeiro deste ano, é resultado de um convênio firmado entre a secretaria de desenvolvimento econômico do estado e a Petroquímica Suape. O projeto conta com R$ 1,9 milhão em recursos e tem como objetivo agregar valor à confecção e produção têxtil do Estado com ações nas áreas de design, adaptação de tecnologia e capacitação cultural. O espaço será destinado à incubação de empresas que serão escolhidas por meio de seleção pública. A iniciativa é vista com entusiasmo pelos empresários. Segundo eles, o setor tem passado por uma evolução que se iniciou com o foco na confecção do produto final e hoje busca o conceito, pelo diferencial e pela competitividade. “Nossa região é excelência em produção, porém nem todas as empresas têm conhecimento dos conceitos de moda, know-how, design. Nos últimos anos, os empreendedores têm buscado capacitação e informação, investindo em profissionais da área, estilistas e em melhorias de instalações. A criação do núcleo e do centro de referência vem em boa hora”, afirmou Valtécio Pedro, sócio-diretor da Algodeiro. A Algodeiro, afiliada à Associação Comercial de Caruaru, é um dos destaques da moda nordestina e a única da região a trabalhar com o algodão ecológico. Apostando nesse diferencial, a empresa, que tem em seu quadro 30 funcionários, apurou um crescimento substancial de vendas e consolidou a marca no mercado. “Quando começamos, 5% da nossa produção era destinada a confecções com materiais ecológicos. Hoje, quase 70%, e até o final do ano, focaremos apenas nesse produto”, comenta Valtécio.

O núcleo

A Algodeiro alia know-how e inovação ao design

O núcleo gestor da cadeia foi anunciado, no final de fevereiro, no Recife, durante a primeira reunião do conselho de desenvolvimento da indústria têxtil. Criado como uma organização social, sem fins lucrativos, vai integrar o plano estratégico da cadeia e terá como responsabilidades avaliar e monitorar a execução das atividades e projetos de desenvolvimento do setor. É composto por uma governança que envolve todas as entidades que têm influência sobre o desenvolvimento do setor de confecções no estado: secretarias e agências de desenvolvimentos, Fiepe (Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco), sistema “S”, Sindtextil, Sindvest, Facep (Federação das Associações Comerciais de Pernambuco), bancos de fomento, associações comerciais (em especial a Associação Comercial e Empresarial de Caruaru) e industriais das cidades do Polo, além de universidades. Entusiasta do modelo, o governador, Eduardo Campos, garantiu que várias sugestões dessas entidades foram incorporadas ao plano estratégico que é baseado em ações e obras e ações estruturadoras. “Quando a gente pensa coletivamente, não inventa moda. Quando a gente vai na fonte de quem já pensou e estudou sobre o assunto, e coloca em ordem as tarefas, a tendência é acertar mais do que errar”, comentou o governador durante o anúncio da instalação do núcleo gestor. Abril de 2011

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BIBLIOCANTO

Uma história de cinema

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Foi por meio da paixão pela internet que Assange começou a se destacar no submundo hacker de Melbourne dos anos 80, formado por adolescentes autodidatas

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o final de fevereiro chegou às livrarias do Brasil a obra “Wikileaks: A guerra de Julian Assange contra os Segredos de Estado”. Em uma das operações editoriais mais ambiciosas de anos recentes – traduzido em oito idiomas, o livro foi lançado de forma simultânea na Europa, Ásia, Estados Unidos e América Latina –, a publicação da Editora Verus /Record mostra os bastidores daquele que é considerado o maior vazamento da história da diplomacia internacional, ocorrido ao final de 2010. Escrita pelos jornalistas David Leigh e Luke Harding, do jornal britânico The Guardian, a obra relata desde as origens de Assange – o criador do site Wikileaks – até o momento em que se tornou uma das maiores celebridades do planeta. Descrito em seu próprio perfil, em um site de encontros, como um “australiano sarcástico, obcecado por computadores e um intelectual ativista que procura uma sereia para romance, filhos e conspiração criminosa”, Assange, filho de mãe esquizofrênica e paranoica e de um pai viciado em heroína, salvou-se graças à internet. Foi por meio dessa paixão que ele começou a se destacar no submundo hacker de Melbourne dos anos 80 formado por adolescentes autodidatas. Mesmo sem concluir os cursos de computação e física numa instituição para adultos, Assange tornou-se um deus na vida eletrônica. Com o pseudônimo Mendax, cuja tradução em latim poderia ser “falácia gloriosa”, ele acabou cometendo algo, ao mesmo tempo, falaz e glorioso: hackear, em 1991, a rede militar norte-americana. Preso pela polícia australiana por 24 acusações de hacking, ele se declarou culpado em 1996, mas não cumpriu pena. Multado em US$ 2.100, o juiz aceitou a tese de seu advogado sobre sua instável história de vida e o liberou sob o argumento de que ele era mais um “bisbilhoteiro” que agia por “curiosidade intelectual”.

Foi em 1999 que Julian Assange concebeu a ideia de um site para divulgar informações sigilosas. Em 2006, finalmente, surgiu o wikileaks.org, site que permite o envio anônimo de documentos vazados combinado com tecnologias de criptografia de ponta – processo que codifica a informação de tal maneira que somente a pessoa (ou o computador) com a chave pode decodificá-la. Com uma narrativa repleta de elementos tradicionais das histórias de detetives, o livro revela um lado pouco conhecido do público que acompanhou a divulgação de dados sem paralelo nos anais do jornalismo. Foi por iniciativa de jornalistas investigativos do The Guardian que começou a ser montado o plano de divulgação conjunta do site Wikileaks com quatro jornais e uma revista semanal. No princípio das negociações com Assange, apenas o próprio jornal britânico e o The New York Times fariam parte do projeto. Mas dado o interesse do australiano de disseminar as informações em maior escala, foram incluídos o jornal espanhol El País, o francês Le Monde e a revista semanal alemã Der Spiegel. No final, nada menos do que aproximadamente 300 milhões de palavras foram editadas e divididas para serem publicadas. Tal amplitude do processo de edição de relatórios diplomáticos, montado por cada uma das publicações, em separado, acabou negligenciada pela maior parte da mídia internacional, que os considerou, de modo depreciativo, uma “divulgação em massa” leviana. Vazados pelo soldado americano Bradley Manning, de 22 anos, que teve acesso a uma rede gigantesca de informações secretas do Departamento de Estado americano a partir de seu posto de trabalho, em Bagdá, esses 251.287 documentos praticamente não livram nenhum país. Logo após o lançamento do livro, o cineasta Steven Spielberg comprou os seus direitos para utilizá-lo como base para um roteiro sobre o site criado por Julian Assange. Bradley Manning está confinado em uma solitária na base de Quântico, na Virgínia, à espera de julgamento em corte marcial. Milton Wells


ARTIGO

Encargos e Competitividade ■ Marcel Domingos Solimeo*

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indústria brasileira vem enfrentando grande desafio representado pela perda de competitividade no mercado externo e, em muitos casos, também no interno, pelo crescimento expressivo das importações, que vem abrangendo inclusive produtos dos quais o país era tradicionalmente grande exportador. Embora muitos fatores possam contribuir para explicar essa situação, não há dúvida de que a valorização acentuada do Real, bem como a desvalorização da moeda de alguns importantes parceiros comerciais, tem contribuído para agravar os problemas da indústria para competir lá fora e aqui dentro. A valorização do Real se afigura como uma tendência irreversível no curto e médio prazos, devido à situação do mercado financeiro mundial, que está com excessiva liquidez, e poucas alternativas de investimentos ou aplicações nos países desenvolvidos, cujas economia se acham estagnadas ou em recessão. Assim, nações emergentes que vêm apresentando crescimento significativo, para o cenário atual, de suas economias se tornam atraentes para os capitais, tanto os especulativos, como os investimentos. Como o Brasil oferece perspectivas de continuidade do crescimento, grandes projetos em andamento, oportunidades atrativas em função da Copa do Mundo, das Olimpíadas e da exploração do Pré-Sal, em um cenário de tranquilidade política, com a democracia consolidada, além de uma taxa de juros bastante favorável para os capitais de curto prazo, o país está, como se diz no mercado financeiro, no radar dos investidores. Embora isso seja muito positivo em uma perspectiva de longo prazo, o grande afluxo de recursos externos, apesar das medidas do governo e da compra de moedas estrangeiras pelo Banco Central, acaba provocando a valorização do Real. Essa valorização não será revertida por medidas casuísticas, como as que estão sendo adotadas, ou pela intervenção do Banco Central. A solução para a perda de competitividade das empresas é o aumento da produtividade e a redução de custos. Aumentar a produtividade depende das empresas,

“ ” Não basta o setor privado fazer sua parte, se continuar sendo prejudicado na concorrência com o exterior pelas deficiências da infraestrutura e pela tributação elevada e irracional

e elas estão investindo em modernização para esse fim. Competitividade, no entanto, é sistêmica. Não basta o setor privado fazer sua parte, se continuar sendo prejudicado na concorrência com o exterior pelas deficiências da infraestrutura e pela tributação elevada e irracional. Os encargos sobre a mão de obra representam um dos principais custos que afetam a competitividade das empresas, com o agravante de que seu peso é maior naquelas que são de mão de obra intensiva, isto é, as maiores geradoras de emprego. Não é simples reduzir o montante dos encargos, porque todos têm destinos e defensores definidos. É preciso, contudo, começar a enfrentar o problema, mesmo que seja para uma solução gradativa. Alguns desses encargos claramente não têm relação com o fator trabalho, e deveriam ser suprimidos de imediato. Para os demais se poderia fazer um programa de desoneração, que não poderia ser muito gradativo, pela urgência decorrente da valorização cambial, mas se poderia estudar, eventualmente, uma compensação em outros tributos. A questão é urgente porque estamos criando empregos em outros países com o grande aumento das importações e desestruturando setores importantes da economia. *Marcel Domingos Solimeo é economista e superintendente institucional da ACSP.

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