Arquitectos da Primeira República: de A a L

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BY THE

FRANCISCO GENTIL BERGER

Arquitectos da Primeira República de A a L

de A a L FRANCISCO GENTIL BERGER

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B Y T HE

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Edições Especiais, lda Rua das Pedreiras, 16-4º 1400-271 Lisboa T. + F. (+351) 213 610 997 www.bythebook.pt

©Edição By the Book, Edições Especiais Título Arquitectos da Primeira República, de A a L ©Texto Francisco Gentil Berger Revisão Iria Caetano Edição de Imagem Maria João de Moraes Palmeiro Impressão ACD Print ISBN 978-989-8614-58-2 Depósito Legal 432335/17


Prefácio AUGUSTO PEREIRA BRANDÃO Preâmbulo

A

ADÃES BERMUDES 23 ADOLFO ANTÓNIO MARQUES DA SILVA 35 ALFREDO D’ASCENÇÃO MACHADO 38 ÁLVARO AUGUSTO MACHADO 40 AMILCAR PINTO 47 ANTÓNIO CORREIA DA SILVA 51 ANTÓNIO COUTO ABREU 54 ANTÓNIO RODRIGUES DA SILVA JÚNIOR 55 AUGUSTO DE CARVALHO SILVA PINTO 70

E

EDMUNDO TAVARES 91 ERNESTO KORRODI 96 EZEQUIEL BANDEIRA 116

G

GUILHERME EDUARDO GOMES 147 GUILHERME E CARLOS REBELO DE ANDRADE 157

L

F

11

C D

DEOLINDO VIEIRA 83

JOÃO ANTUNES 161 JOÃO DE MOURA COUTINHO DE ALMEIDA D’EÇA 164 JOSÉ COELHO 181 JOSÉ CRISTIANO FERREIRA DA COSTA 184 JOSÉ LUÍS MONTEIRO 189 JOSÉ MARQUES DA SILVA 195 JOSÉ TEIXEIRA LOPES 213

Agradecimentos Nota Biográfica Bibliografia

CARLOS JOÃO CHAMBERS RAMOS 77

FERNANDO PERFEITO DE MAGALHÃES 119 FRANCISCO VILAÇA 124 FRANCISCO DE OLIVEIRA FERREIRA 126

J

LEONEL GAIA 219 LUÍS CRISTINO DA SILVA 225

7

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229 ANTÓNIO VALDEMAR

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Prefácio

AUGUSTO PEREIRA BRANDÃO

Fui um professor com muita sorte pela qualidade dos alunos que tive. Um marcou-me, de seu nome Francisco Berger, aluno voluntarioso, cioso por tudo o que tinha a ver com a Teoria e História da Arquitectura, principalmente a História da Arquitectura Portuguesa, para não falar da ousadia com que abordava todos os métodos e metodologias que desenvolveu com valor e candura. Seguiu-nos durante muitos anos, cada um de nós com caminhos diferentes, até que, sendo administrador da Fundação Ricardo Espírito Santo, sugeri para dirigir a escola que a Fundação tinha dedicada ao restauro e à recuperação das obras de arte, entre elas as de arquitectura, o nome de Berger para a direcção dessa escola. Tendo o problema sido posto no Conselho da Fundação, aconselhei-a a convidar o meu amigo Berger para o lugar vago. Assim foi feito. Mas as leis tinham mudado e apanharam-nos absolutamente desprevenidos. Acabara de sair um Decreto-Lei proibindo um professor que leccionasse no Estado (ensino superior), de o fazer em qualquer escola privada. Assim, mostrando uma capacidade moral acima do normal e uma atitude absolutamente impoluta, Berger não aceitou o convite (que podia ter sido feito de modo a driblar a lei) e continuou calmamente como professor da Faculdade de Arquitectura. Este exemplo mostra bem a sua capacidade moral nos julgamentos dos problemas que tem na sua vida. Certo que todos nós ficámos tristes por não ele não querer resolver o problema, pois tinha a experiência arquitectónica suficiente para levar em frente e desenvolver a Escola da qual iria ficar director. Momentos antes, estava eu como Presidente da Academia de Belas Artes, apoiei Berger num momento em que raramente se publicavam livros nestas aindas pequenas escolas do ensino superior. 7


Berger encontrara nuns manuscritos da Academia, um tratado feito por Cirilo Volkmar Machado. Era um manuscrito grande, cheio de conhecimento tecnológico da arquitectura, escultura e pintura, que nos poderia ajudar a trabalhar. O Tratado foi publicado. A Academia lisongeou-se por poder publicá-lo e Berger mostrou uma satisfação enorme por dar a conhecer tão poderoso Tratado. Pouco antes, tinha também Berger levado a doutoramento uma Dissertação sobre o período de D. João V – “Lisboa e os arquitectos de D. João V” – extenso repositório dos artistas e sobretudo dos arquitectos que trabalharam para o “Magnânimo”. Nunca mais foi publicada obra semelhante, de tanta liberdade e alegria, que mostrasse como o tempo de D. João V passava sobre os nossos olhos ao lê-la. Hoje, surge Berger com outra grande obra cheia de profundidade de conhecimento e aprofundando um período da História da Arquitectura de que todos nós dissemos mal – Arquitectos da Primeira República. O seu trabalho, a sua análise neste trabalho, são de um valor incalculável, pois estuda e analisa quase todos os arquitectos, senão mesmo a totalidade dos arquitectos, que, durante esse 16 anos, trabalharam em Portugal. Mestres que nós conhecíamos de nome e com personalidades que ao lêr o seu trabalho fico espantado pelo arrojo com que fizeram a sua obra. Temos, mais do que agora, arquitectos peritos em escolas, peritos em hospitais, peritos em turismo, que por serem especialistas nestes ramos, efectuaram um trabalho deveras colossal. Passaram assim sobre o meu olhar os meus velhos mestres, Ventura Terra, arquitecto que juntava a um conhecimento tecnológico, uma acção libertária ao ponto de projectar em confronto com o Estado Novo, a Sinagoga de Lisboa, muito próxima do Rato. Quantos e quantas obras Berger mostra e estuda deste Mestre? Mais de uma dezena.

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Quem não conhece o nome de Adães Bermudes? O mais republicano de todos os republicanos e que por isso mesmo, soube imprimir à sua obra escolar o fundamento psicológico e pedagógico da teoria da República. Marques da Silva é outro que nós não esquecemos pela obra maravilhosa de delicadeza na abordagem de problemas sociais e de casas para trabalhadoras. Álvaro Augusto Machado, que publicou em tantas revistas a sua obra social que deixou escola no momento em que construía. Não vamos conjugar todos os arquitectos estudados por Berger, só queremos deixar o nome de mais um, António Correia da Silva, que projectou a Câmara Municipal do Porto entre outras obras do Estado e privadas. Com Silva Júnior, o arquitecto da delicadeza e da simplicidade, puderemos concluir que Berger, neste trabalho, deu a conhecer e mostrou a obra que a República, mal estudada e principalmente mal defendida, foi capaz de produzir para nós e para o mundo. Ao Homem, ao Arquitecto, ao Historiador desejo uma venda rápida e o aparecimento de várias edições desta obra. Cumprimento-o pela qualidade histórica, profundidade de conhecimento com que aborda esta época.

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Vamos abordar a produção de cada um dos arquitectos que constituem a nossa investigação, através dos alçados das suas obras por nós fotografados, fazendo uma pequena resenha daquilo que se conhece da sua vida e reportando-nos apenas às obras referentes ao período da Primeira República. Abordaremos o elenco das obras destes arquitectos por nós encontrado e que ainda hoje estão de pé, embora algumas estejam quase em ruinas e muitas negligenciadas. Ordenamos os autores por ordem alfabética do nome pelo qual ficaram conhecidos.

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ADÃES BERMUDES De seu nome completo, Arnaldo Redondo Adães Bermudes era natural do Porto, onde nasceu em 1864, na freguesia de Santo Ildefonso. Filho de Félix Bermudes, cursou arquitectura na Escola de Belas Artes do Porto até 1886. Com uma bolsa de estudos foi estudar para a École des Beaux-Arts de Paris, e, em 1888, frequentou o atelier do arquitecto Paul Blondel. É autor do edifício do Instituto Superior de Agronomia, na Tapada da Ajuda, e da Cadeia de Sintra, ambos em 1910. Foi arquitecto da direcção das Construções Escolares até à sua extinção, sendo então transferido para o Ministério da Obras Públicas, onde foi Arquitecto Principal. São seus os projectos das dependências do Banco de Portugal em Évora (1911), em Vila Real (1912), Coimbra (1912), Setubal (1922) e Faro (1926). São-lhe atribuídos os projectos do Hotel Astória, bem como da Escola Secundária Avelar Brotero, em Coimbra. Projectou, com o escultor Francisco Santos, o monumento ao Marquês de Pombal em 1914; a Escola Superior de Educação em 1916, perto da 2ª circular; e o Palácio do Marquês de Agrolongo na Lapa em Lisboa, em 1919. Nesse mesmo ano, projectou o Bairro do Arco do Cego. [1] Foi professor das cadeiras de ‘Construcção Civil’ e ‘Materiais’ na Escola de Belas-Artes de Lisboa. Foi presidente da Comissão Administrativa, que dirigiu a Câmara de Lisboa, entre 1918 e 1919.

[1]  VITERBO, Sousa – Diccionario historico e documental dos architectos, engenheiros e constructores portuguezes ou a serviço de Portugal, vol. II, Lisboa : Imprensa Nacional, 1904.

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INSTITUTO DE AGRONOMIA Em 1910, já com vinte anos de prática e com obras por todo o país, esta é a sua primeira obra do período da República com dimensão e ligada ao ensino superior. O Instituto sai dos canones por si assumidos, nos muitos exemplares de escolas primárias e secundárias de que é autor e que obedecem a uma tipologia de fachada que usou reiteradamente, que permite identificar a sua autoria sem margem de erro, e que algumas ainda hoje se podem ver em funcionamento. São exemplos as escolas primárias da Parede, Cascais e Coimbra, quando trabalhou nas Contruções Escolares até à sua extinção.

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O Instituto, com a fachada principal virada a Nascente, de composição simétrica em relação à porta principal, é formado por três corpos: um central e dois laterais, avançados em relação ao central, formando um U. A fachada é sóbria e pouco decorada, o que não é apanágio deste autor. Apenas na platibanda apresenta um frontão decorado, ladeado por coruchéus de gosto barroco e acrotérios sobrelevados. O pátio interior, de grandes dimensões, no prolongamento dos dois braços laterais da fachada, desenvolve-se interiormente numa arcada de volta perfeita de ambos os lados, e com, no piso superior, fenestração de dimensões semelhantes, com arcos muito abatidos.


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CADEIA DE SINTRA No mesmo ano projectou a Cadeia de Sintra, hoje sede dos escuteiros. É um edifício de características totalmente diferentes, como seria de esperar, não só pela tipologia do edifício, mas também, apanágio deste arquitecto, que usou com maestria os mais diversos estilos revivalistas. Aqui, vemos uma construção mais fechada, que aparenta um castelo, com paredes de grande espessura e janelas gradeadas em arco de volta perfeita, com enxalços com voamento. Coroa o edifício um torreão ameiado centrado na fachada principal, com guaritas aos cantos. A entrada, ao nível da rua, é singela e consiste numa abertura num muro alto. Para ascender até ao nível da porta principal, há que subir uma escada de tiro até ao nível onde se desenvolve toda a construção. A porta principal destaca-se do paramento e é ladeada por duas colunas ensimadas e por um pórtico triangular, sobre o qual se desenvolve uma abertura com um arco decorado com elementos de configuração gótica.

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AGÊNCIA DO BANCO DE PORTUGAL EM ÉVORA Data de 1911 o edifício da agência do Banco de Portugal, em Évora. Situada no extremo Sul da Praça do Giraldo, é uma construção sóbria de dois pisos, cuja fachada principal apresenta cinco aberturas em ambos os pisos, simétricas em relação à única porta, de reduzidas dimensões, rectangular com duas janelas de cada lado, inseridas numa parede forrada a pedra em todo o primeiro piso. O segundo piso apresenta três grandes janelas com arcos de volta perfeita, pilastras laterais e balaustrada em pedra. O conjunto, de aspecto barroco, é encimado por um frontão, com duas volutas laterais e um rectangulo central com um arco abatido. A fotografia do pormenor do frontão, com a cartela onde se insere o nome do edifício, justifica a ideia da influência barroca do edifício.

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AGÊNCIA DO BANCO DE PORTUGAL EM COIMBRA Datam de 1912 as instalações do Banco de Portugal, em Coimbra. Trata-se de um edifício de esquina, no Largo da Portagem, que pouco tem a ver, composicional e decorativamente, com os anteriores pela riqueza da sua decoração, com preocupações de ostentação. A fachada principal, simétrica de dois pisos, é profusamente decorada com elementos clássicos em baixo relevo, sobre duas pilastras que ladeam a entrada, com duas janelas de um e de outro lado, coroadas com óculos circulares. As três aberturas superiores, entre as pilastras e com

gradeamento decorativo, são divididas por duas colunas coríntias, sobre uma balaustrada de sentido barroco. No topo da fachada, uma sanca com pináculos e jarrões do mesmo estilo, remata o edifício, uma cúpula quadrangular em ardósia, por trás de um a edícula rectangular com um relógio e um pequeno frontão triangular.

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ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO Em Dezembro de 1916 foi inaugurado este Instituto, que mais tarde veio a chamar-se Escola do Magistério Primário, situado na quinta de Marrocos, próximo de Benfica, inserido na política educacional que norteou a Primeira República. A fachada é composta de cinco corpos diferenciados, simétricos em relação à entrada. Neste caso, estes têm três pisos, sendo amansardados os últimos dos dois corpos recuados. Coroam o edifício coruchéus aos extremos de cada corpo.

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A fenestração, que é uma das características do autor, divide-se em número de 3, 5 e 7. As três aberturas do piso superior principal são semelhantes às do Instituto de Agronomia, sendo as centrais com arcos de volta perfeita, divididas por pilastras, e as secundárias rectangulares com sobreportas rectas de inspiração clássica. Nos corpos recuados nesse piso são de arco fracamente abatido, como em Agronomia.

Distingue esta obra a inclusão na fachada de painéis, frisos e cartelas, em azulejo policromado de reminiscência entre a Arte Nova e o Barroco, que singularizam a obra no currículo do autor.

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BANCO DE PORTUGAL EM FARO Esta obra é de 1926, portanto do último ano da Primeira República, última no intervalo por nós estabelecido para esta investigação. É uma obra sui generis, pois apresenta características neo-árabes, usando aqui não arcos de volta perfeita, mas arcos ultrapassados, em ferradura. Talvez por ser uma obra no Algarve e mais perto do Norte de África, essa tenha sido a razão desta opção invulgar nos seus projectos.

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A fachada principal difere da tipologia das outras agências que projectou e apresenta um só arco principal ao centro da composição, embora mantenha a simetria característica de fachada em relação ao arco central. A variedade de aproximações estilísticas que Adães Bermudes utilizou na sua vasta obra, desde o Neo-gótico da Câmara Municipal de Sintra e do monumento funerário à Misericórdia do


cemitério do Alto de São João, ao vernacular da Capelinha da Ajuda e da cadeia de Sintra e ao quase Arte Nova da Escola Superior de Educação, demonstram a sua versatilidade de posições em relação à arquitectura praticada ao tempo, mantendo no entanto sempre um rigor e um equilibrio estético em todos os seus projectos, até ao fim da vida em 1948.

Como vimos na sua biografia, Bermudes foi arquitecto das Construções Escolares durante vinte anos, até à sua extinção, e durante esse período, fez projectos de escolas, sobretudo primárias por todo o país. Todas elas têm o cunho próprio e uma tipologia muito sui generis que as torna inconfundíveis quanto à sua autoria, mas cuja maior parte não correspondem ao período por nós considerado.

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BANCO DE PORTUGAL EM SETÚBAL Este projecto de Adães Bermudes, de 1922, situa-se na Avenida Todi e tem muitas características próprias do autor. A fachada, de dois pisos, é simétrica em relação ao centro da composição, o conjunto divide-se em três corpos, sendo o central ligeiramente recuado, com cinco aberturas: três centrais e duas laterais, sendo uma em cada corpo lateral. As centrais são os característicos três arcos de volta perfeita, ladeados por pilastras decoradas com cartelas e com três janelas rectangulares no piso superior. O cojunto é encimado por um frontão de feição barroca, com o escudo, e uma balaustrada sobre os corpos laterais, com coruchéus de remate aos cantos.

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ADOLFO ANTÓNIO MARQUES DA SILVA Este arquitecto que viveu entre 1876 e 1939, era filho de João Marques da Silva e Florinda da Conceição Afecto Marques da Silva.[2] Cursou arquitectura na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde acabou o curso em 1898. Foi um dos fundadores da Associação dos Arquitectos Portugueses em 1904, da qual foi membro da Direcção vários anos, e auxiliar de Parente da Silva nos trabalhos preparatórios para o projecto de restauro da Sé.[3] Segundo o Dicionário de Arquitectos de Pedreirinho, foi colaborador de vários arquitectos importantes do princípio do século XX, como Ventura Terra no edifício da Assembleia de República. Concorreu ao monumento do Marquês de Pombal com Adães Bermudes, onde obtiveram o segundo lugar. A sua obra, ainda hoje existente, é a Estação dos Correios de Sintra, datada de 1911. Segundo creio é também o autor do projecto no Fundão, do Albergue dos Inválidos do Trabalho de 1910. [4]

[2] Diário do Governo, p. 1506 do n.º 98, 26 de Abril de 1912. [3] Luís Pastor de Macedo – Lisboa de lés-a-lés. [4] António Francisco Cota – Raízes & Memórias, n.º 29, Fevereiro, 2012.

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CARLOS JOÃO CHAMBERS RAMOS Este arquitecto viveu entre 1897 e 1969, natural do Porto, diplomou-se na Escola de Belas-Artes de Lisboa em 1921. Embora tivesse atelier em Lisboa no Largo de Santos, foi no Porto que exerceu praticamente toda a sua actividade como arquitecto e docente, primeiro no ensino secundário, depois na Escola de Belas-Artes do Porto onde foi um dos professores mais marcantes, que contribuiu para a diferenciação, que ainda hoje existe, entre as duas escolas de Lisboa e do Porto. Escola esta que, além de seu professor, dirigiu durante quinze anos. A sua actividade como arquitecto situa-se, fundamentalmente, no período do Estado Novo. É considerado como um dos precursores do modernismo na nossa arquitectura. No final dos anos vinte bauhausiano (caso do Pavilhão do Rádio no Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil, 1927) e mais tarde algo comprometido com o estilo nacionalista. No entanto no período da Primeira República projectou a Agência de turismo Havas na Rua do Ouro 234 em Lisboa, uma moradia no alto Estoril [21] e uma moradia na Avenida da Boavista no Porto. Substituiu o pintor e “arquitecto” Francisco Vilaça na prossecução das obras do Hospital Júlio de Matos, apenas concluídas na década de 40. A quase totalidade da sua vida profissional e académica desenvolveu-se em período posterior ao do nosso estudo.

[21]  BRIZ, Maria da Graça – A vilegiatura balnear marítima em Portugal, 1870­ ‑1970.

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AGÊNCIA HAVAS Este edifício de escritórios, datado de 1922, apresenta-se como um espécime de transição para o movimento que se denominou Art Déco que, aqui, se caracteriza pela decoração dos painéis em mosaico representando jarrões geometrizados, sob as janelas de peito laterais, bem como os medalhões sobre as pilastras largas e o primeiro entablamento.

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MORADIA NO ESTORIL No alto da Avenida dos Bombeiros Voluntários, no Estoril, n.º 21, situa-se uma moradia ao estilo tradicional cujo projecto é de Carlos Ramos, e datado de 1923.[22] A construção de um piso e um amansardado desenvolve-se na esquina com a rua da Beira Alta, o muro circundante não permite ver a totalidade

dos alçados, porém a fachada Nascente é assimétrica em relação a entrada principal e apresenta duas mansardas. A fachada Norte apresenta o segundo piso afirmado e também assimétrico. Vê-se que se trata de um projecto de início de carreira e pouco afirmado.

[22]  BRIZ, Maria da Graça – Obra citada, p. 222.

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MORADIA NA AVENIDA DA BOAVISTA Situada na Avenida da Boavista, no Porto, esta moradia com o número 1367 é, tal como a anterior, de meados da década de vinte do século passado. Trata-se de uma moradia geminada com três janelas no rés-do-chão e três janelas de sacada no primeiro piso, com pedra nas ombreiras e lintéis de aspecto tradicionalista. No tardoz apresenta um corpo saliente octogonal de características diferentes do conjunto.

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