Laguna, Um museu a céu aberto.

Laguna, Um museu a cĂŠu aberto

Bruna Osmari

Universidade do Vale do Itajaí Centro de Ciências Sociais, Turismo, Cultura e Lazer Curso de Comunicação Social - habilitação em Jornalismo

“Laguna, Um museu a céu aberto” Bruna Andressa Osmari

Fotografia e Produção: Bruna Andressa Osmari Edição e orientação: Robson Souza dos Santos Tratamento de imagem e capa: Bruna Andressa Osmari Diagramação: Bruna Andressa Osmari Ano: 2011

“Laguna, Um museu a céu aberto” Prefácio/Introdução Laguna é uma das principais cidades turísticas do estado de Santa Catarina. Seus 335 anos de história fazem dela uma cidade berço da cultura catarinense. Laguna possui um centro histórico com mais de 600 casas, com características da colonização açoriana, tombadas pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Cultural). Nos tempos do império, Laguna serviu como posto avançado da coroa portuguesa, utilizada como ponto estratégico de apoio para o desbravamento da região sul, como local de resistência nos conflitos existentes entre Portugal e Espanha, pela posse do território não explorado. Seu fundador, Domingos de Brito Peixoto, lançou as bases de um povoamento que seria no futuro, cenário de importantes acontecimentos da história brasileira. Tendo alcançado projeção na Guerra dos Farrapos, onde abraçou o ideal republicano, foi em Laguna que se instituiu pela segunda vez, em território brasileiro, uma república, chamada de República Catarinense ou Juliana.

Foi em Laguna que viveu Anita Garibaldi, “rainha dos dois mundos” que, ao lado de Giuseppe Garibaldi travou inúmeras batalhas tanto no Brasil, quanto na Itália. A cidade possui uma cultura rica trazida através dos colonizadores açorianos. O folclore está presente em festas como a do Divino Espírito Santo e o Boi-de-Mamão. Também conta com sítios arqueológicos, museus, o farol de Santa Marta e belas praias que circundam a cidade. O Carnaval, conhecido em todo o Brasil, atrai visitantes de todas as partes. Também destaca-se na pesca de camarão e siri em suas lagoas. Passear pelas ruas de Laguna certamente é uma experiência maravilhosa, uma viagem no tempo.

Informações

População: 51.562 habitantes em 2010 Área: 440,707 km ² Quem nasce lá é: Lagunense Emancipação: 20 de janeiro de 1876 Localização: Região Sul do Estado de Santa Catarina

Hino Minha Laguna Contarei tua história E os feitos de glória Que ofertaste ao Brasil.

E falarei Das belezas sem par Deste céu, deste mar Destas praias sem fim.

Minha Laguna Falarei do teu povo Que adora o que é novo Sem matar o passado E mostrarei O valor desta gente, Nesta canção dolente, Que orgulhosamente Eu fiz pra te ofertar.

Laguna amada Sob este céu que é tão azul Foi que a Pátria deslumbrada Deu a grande caminhada Em direção ao sul.

As características arquitetônicas de Laguna e sua importância histórica foram fatores preponderantes para o tombamento do Centro Histórico da cidade. O município foi tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 1986. Desde a década de quarenta do século XX, o centro de Laguna não sofreu grandes alterações na sua estrutura. No entanto, em meados da década de 70, com a popularização do turismo de veraneio, o comércio retoma o seu crescimento e novas construções são erguidas. Nessa perspectiva de modernidade, muitas casas coloniais foram destruídas. O fato impulsionou um movimento a favor do tombamento, que anos depois se mostraria fundamental para a sobrevivência de outro nicho do turismo, como o cultural.

Igreja de Santo Ant么nio dos Anjos

A Igreja possui inúmeros fiéis, devotos do santo, além de muitos visitantes que admiram a singularidade desta matriz.

A Capela do Santíssimo é considerada o mais belo altar da arquitetura de Santa Catarina. Desde o princípio a igreja teve um importante papel, marcou o início de um povoado que futuramente se tornaria Laguna. Primeiramente uma simples capela, construída a pedido do fundador da cidade para homenagear o santo protetor da expedição, e atualmente uma igreja de grande valor histórico,.

A cidade de Laguna vive e pulsa num ritmo de cidade de interior, e a riqueza de caracterizações de épocas passadas é visível em todo o trajeto do centro histórico local. Assim, Laguna transforma-se com o decorrer dos anos e, o diferencial neste processo foi a conservação do centro histórico, aliado ao desenvolvimento de seu entorno.

No centro histórico da cidade, é possível identificar diversos estilos arquitetônicos que resistiram ao tempo. A ascensão ecônomica da cidade, sobretudo, pela atividade portuária, eleva Laguna a condição de cidade berço da cultura catarinense. A cultura local é marcada fortemente pelos costumes e folclores dos açorianos que colonizaram Laguna e pode ser vista nas festas religiosas como a do Divino Espírito Santo, nas danças como Boi de Mamão e no artesanato com as belas rendas de Bilro.

Também conta com com 43 sítios arqueológicos, de artefatos do povo sambaqui e dos guaranis.

Uma cidade com uma arquitetura especial, que se reflete em um museu a céu aberto, onde marcas refletem não só a histórias das pessoas que ali viveram, mas do próprio trajeto histórico da cidade. É um local para ver, aprender e ouvir, mas também um lugar de encantamento, lazer e entretenimento. O turista, ao visitar a cidade, faz uma viagem no tempo.

A cidade possui edificações que com o passar do tempo, deixaram suas marcas e influências de cada época, de cada período histórico vivido. Em laguna ocorreu a proclamação da República Juliana e a cidade teve importância também no Tratado de Tordesilhas, que passava pela cidade na fronteira sul.

Dentre as diversas construções que hoje consolidam um patrimônio público e monumentos históricos de Laguna, a Casa Pinto D`Ulysséa, bem como as obras da Fonte da Carioca conseguem destacar-se por suas características peculiares de arquitetura e historicidade do século XIX. Uma cópia de Quinta Portuguesa em pleno centro histórico da cidade, com azulejos portugueses, pioneirismo no uso de platibanda, encantam a população, turistas e historiadores de todo o Brasil

Casa Pinto D’ulysséa

No centro histórico de Laguna há mais de 600 edificações tombadas para a preservação da memória deste lugar que marcou história. Na cidade, a história, a cultura, os usos e os costumes, permitem aos visitantes olhar e entender uma parte do percurso histórico do nosso país, desde a colonização aos dias atuais.

Mercado PĂşblico

Inaugurado em 1957, o atual Mercado Público Municipal foi construído para substituir o antigo, edificado em 1897 e destruído por um incêndio em 1939. É local de comercialização de diversos produtos, principalmente pescados, também é um dos pontos procurados pelos turistas e fica junto ao cais da lagoa de Santo Antônio.

A pesca com auxílio dos botos já faz parte da cultura lagunense e hoje atrai milhares de turistas para a cidade durante o ano todo. Este tipo de busca só existe na Austrália, África do Sul e em Laguna. Estima-se que há cerca de 40 botos nas lagoas da cidade e todos são reconhecidos pelos pescadores por seus respectivos nomes, colocados por eles mesmos.

Os botos nascem, crescem e desaparecem nas Lagoas da cidade. A pesca com auxílio dos Botos ocorre durante o ano todo, mas é nos meses de abril, maio e junho que se torna mais atraente, devido ao ciclo da tainha. Para assistir este espetáculo é só de dirigir até os Molhes da Barra. A pesca tainha é considerada uma forte atividade em Laguna, e tornou-se um dos pratos mais procurados na região.

O Clube Sete de Setembro, fundado em 06/01/199. Lugar onde aconteciam os famosos “bailinhos”. Na década de 70 foi palco para Roberto Carlos.

A casa onde Anita Garibaldi vestiu-se para seu primeiro casamento foi transformada em relicário histórico em homenagem à “heroína de dois mundos”. A casa foi construída em 1711 e foi onde Anita se vestiu de noiva para seu primeiro casamento. Os visitantes encontram móveis da época e utensílios pessoais, além de uma urna com terra do local onde Anita foi enterrada, no cemitério de Ravena, na Itália.

Museu Casa de Anita

Laguna cresceu e desenvolveu-se a partir de uma pequena povoação fundada em 1676 pelo vicentista Domingos de Brito Peixoto, com a denominação de Santo Antônio dos Anjos de Laguna. O bandeirante tinha por objetivo povoar a região, desbravar as terras ao sul da colônia e servir de elo de ligação com as terras a oeste da linha de Tordesilhas,. A cidade foi ponto estratégico para a consquista e o domínio do sul da colônia portuguesa.

“Você não fotografa com sua máquina. Você fotografa com toda sua cultura.”

Sebastião Salgado

Est谩tua N.S da Gl贸ria

Este é ponto mais alto da cidade de Laguna. A estátua de Nossa Senhora da Glória foi construída pelo casal alemão Alfredo Staege e Elisa Faccio Staege em 1953, a pedido do padre Gregório Warmeling. Edificada no alto do Morro da Glória, é um ponto de peregrinação. À 126 metros de altura, o local permite uma vista do centro histórico da cidade, dos bairros, das praias e lagoas. Fixada a seus pés, estão inúmeras placas de agradecimento de fiéis que tiveram suas graças alcançadas.

“Fotografar é colocar na mesma mira a cabeça, o olho e o coração.”

Henri Cartier Bresson

O centro histórico, ao mesmo tempo que concentra diversas atividades, também propicia o encontro com o passado. Torna-se ponto de comunicação histórica da cidade com a sua comunidade e com seus visitantes. Passado e presente interagindo, ensinando a preservar a história e identidade de Laguna, apreciando a história viva de suas ruas e perpetuando a memória da cidade.

Sobre Bruna Osmari Sou gaúcha, de uma cidade no interior do Rio Grande do Sul chamada Três Passos. Foi lá que dei os primeiros “clicks”, ainda com uma câmera analógica, sem nenhuma pretensão a não ser registrar momentos em família ou com os amigos.

Desde aí, a paixão pela fotografia aumentou. Na universidade, aprendi a colocar o meu olhar naquilo que pretendia fotografar. Descobri que a fotografia é muito mais do que escrever com a luz, é ter o poder de parar um momento e guardá-lo para sempre.

“Tente. Sei lá, tem sempre um pôr-do-sol esperando

para ser visto, uma árvore, um pássaro, um rio, uma nuvem.

Imagine. Invente. Sonhe. Voe!” Caio Fernando Abreu

“Laguna, Um museu a céu aberto” Bruna Osmari