dossier deleuze (carlos henrique de escobar)

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NOTAS 1. Lapensée et le mouvant, Bergson, 31? Ed. PUF 1955, p. 124. 2. Spinoza et nous: texto primeiramente publicado em 1978 na «Revue de synthèe-se» e retomado em Spinoza - Ed. de Minuit, 1981, p. 164. 3. Dialogues com C. Parnet. Ed. Flamarion, 1977, p. 74. 4. Spinoza et le problème de lexpression, Ed. de Minuit, 1968. 5. Spinoza - Philosophie pratique, ed. de Minuit, 1981. 6. Ibidem p. 173. 7. Spinoza et le problème de 1'expression, p. 299. 8. Ibidem, p. 15 cf. também p. 304. 9. Martin Nijhoff - La Haye - 1970. 10. Spinoza et le problème de lexpression, p. 18. 11. Ibidem, p. 302. 12. Ibidem, p. 311. 13. Ibidem, p. 299-300. 14. A. Negri. L'anomalie sauvage (potência e poder de Espinoza). Ed. PUF, 1982. 68 ▲

DELEUZE E NIETZSCHE OU O INVERSO. Por Marc B. Delaunay «A natureza envia o filósofo à humanidade como uma flecha; ela não mira, mas espera que a flecha fique presa em algum lugar» (1), escreve Nietzsche; e é a vibração dessa flecha que Deleuze fez ressoar, durante mais ou menos vinte anos, de 1960, a partir de «Nietzsche, sens et valeur» (2), a 1978, em seu prefácio ao Apocalipse de D.H. Lawrence(3). Toda uma geração se reconhecerá no duplo percurso do comentador e do pensador, mas também no trajeto de um estilo: «Aproxima-se o tempo em que não será mais possível escrever um livro de filosofia como desde há muito se faz»: «Ah! o velho estilo...» A pesquisa de novos meios de expressão filosófica foi inaugurada por Nietzsche e, hoje, deve ser demandada em relação à renovação de certas outras artes, por exemplo, o teatro e o cinema. Deleuze escrevia essas linhas no começo de Diferença e Repetição (1969), e esse «programa» em nada é desmentido pelas suas últimas pesquisas sobre o cinema. A coerência do trajeto não obedece jamais, nele, a esse ambíguo sentimento de fidelidade ou de dívida que anima o comentador em relação ao autor; certamente Deleuze comentou primeiramente sobre Nietzsche {Nietzsche e a filosofia, 1962) sem recusar a dimensão propriamente didática da explicação {Nietzsche, 1965) nem a discussão, na época em que se efetuava a segunda recepção propriamente filosófica de Nietzsche na França (Conclusions sur Ia volonté de puissance et 1'eternel retour, in Nietzsche. Collo-que de Royaumont, 1964, publicado em 1967; Renverser leplatonisme, in «Revue de Métaphysique et de Morale», 1966; Pensamento nômade, Colloque de Cerisy, 1972), mas sua análise não é, de fato, dissociável dos empreendimentos que foram Diferença e Repetição (1968) e Lógica do sentido (1969), onde Deleuze desenvolve o «programa» que seu cornentário traz à luz em Nietzsche, com o risco de ser desses «homens póstumos», que são mais mal compreendidos, mas 69 ▲ melhor ouvidos que esses que vivem em seu tempo (4); é que «o grande estilo vem em seguida à grande paixão. Ele desdenha de agradar, ele esquece de convencer. Ele comanda. Ele quer».(5) Por vários aspectos, Deleuze é realmente um homem de seu tempo, e isso não somente pelo interesse heideggeriano por Nietzsche, partilhado por todo o pensamento francês do pós-guerra, reatando, aliás, com a tradição de uma recepção contemporânea do próprio Nietzsche (Taine) e que jamais conheceu verdadeiramente uma solução de continuidade: que se lembre especialmente de Andler, de Bataille;


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