TCC arqurbuvv Arquitetura Escolar sob a ótica do Método de Ensino Montessori

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

BRUNA RIBEIRO SIQUEIRA

ARQUITETURA ESCOLAR SOB A ÓTICA DO MÉTODO DE ENSINO MONTESSORI

VILA VELHA 2016


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BRUNA RIBEIRO SIQUEIRA

ARQUITETURA ESCOLAR SOB A ÓTICA DO MÉTODO DE ENSINO MONTESSORI

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para a obtenção do título de Arquiteta e Urbanista. Orientador: Profº Me. Geraldo Benicio da Fonseca

VILA VELHA 2016


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AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus, por iluminar a minha vida, por me fortalecer nas horas difíceis e por colocar pessoas incríveis em meu caminho.

Aos meus pais, Antonio e Lucimar, por acreditarem nos meus sonhos e pela ajuda e incentivo no processo de realizá-los. É impossível descrever em palavras o quanto amo vocês. Obrigada por tudo!

A minha família, pela paciência, carinho e torcida durante os anos de faculdade, principalmente, aos meus avós por estarem sempre ao meu lado.

Ao Professor Geraldo Benicio da Fonseca, pelos sábios conselhos, apoio e incentivo no decorrer do desenvolvimento deste trabalho.

Ao Professor Clóvis, pelos ensinamentos e suporte durante todo o decorrer do curso.

Aos meus amigos por dividirem todos os momentos, aflições e alegrias, tornando essa caminhada especial e divertida, vocês ficarão para sempre em meu coração.

E a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste trabalho.

Muito obrigada!


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Dedico

aos

incondicional!

meus

pais

pelo

apoio


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"Comecemos pelas escolas, se alguma coisa deve ser feita para 'reformar' os homens, a primeira coisa ĂŠ 'formĂĄ-los'." Lina Bo Bardi


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RESUMO

Ao lançar-se na perspectiva da Arquitetura escolar, o arquiteto se depara com inúmeras nuances e possibilidades. Nesse contexto o objeto do estudo concentra-se em desenvolver uma base teórica para o projeto de uma edificação escolar pública de qualidade, que se baseie nos princípios da pedagogia Montessori, criando espaços diferenciados que incentivem a busca do aluno pelo conhecimento, e que fuja da estrutura escolar tradicional vigente atualmente no Brasil. Para tanto utilizase da metodologia pautada no levantamento bibliográfico histórico, com realização de estudos de caso múltiplos para sustentação de diagnóstico da área de implantação de um projeto e suas condicionantes. O resultado verificado deixa nítido que as edificações escolares se tornam reflexos dos princípios pedagógicos adotados. A análise do caso nacional reforça o modelo tradicional, mais utilizado no país. Por sua vez o caso internacional considera a pedagogia alternativa como condicionante do projeto desde a concepção. Conclui-se que a qualidade arquitetônica dos ambientes interfere no comportamento dos alunos e demais usuários da escola, sendo significativamente relevante pensar modelos que se diferenciam do padrão estabelecido e com maior relação com os princípios pedagógicos propostos. Palavras-chaves: Arquitetura Escolar. Pedagogia Alternativa. Método de ensino Montessori.


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ABSTRACT

When launching the perspective of school architecture, the architect is faced with many nuances and possibilities. In this context the object of study focuses on developing a theoretical basis for the design of a public school building quality, which is based on the principles of Montessori pedagogy, creating different spaces that encourage the search for the student the knowledge, and to flee from current traditional school structure currently in Brazil. For this is used the methodology guided in the historical literature, with performing multiple case studies to support the diagnosis of the area of implementation of a project and its constraints. The verified result leaves clear that the school buildings become reflections of the adopted pedagogical principles. The national case analysis reinforces the traditional model, most used in the country. In turn the international case consider the alternative pedagogy as design constraint from the design. We conclude that the architectural quality of the environment affects the behavior of students and other school users, and significantly relevant thinking models that differ from the established standard and more related to the proposed pedagogical principles. Key- words: School architecture. Montessori.

Alternative

pedagogy.

Teaching method


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LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Escola de ambiente de estudo único no século XIV.............................

24

Figura 2 – Fachada e planta baixa de escola alemã no século XIV....................... 25 Figura 3 – Sala de aula projetada por E. R. Robson.............................................

25

Figura 4 – Sala de aula alemã com capacidade para 300 alunos.......................... 26 Figura 5 – Planta baixa da Escola Carl Schulz em Chicago, 1907........................

27

Figura 6 – Alder Creek Middle School na Califórnia............................................... 28 Figura 7 – Planta baixa da School and Community College..................................

29

Figura 8 – Salas de aula da School and Community College................................

29

Figura 9 – Planta baixa da Geschwister-Scholl-Gesamtschule.............................

30

Figura 10 – Hillside Home School projetada em 1902...........................................

31

Figura 11 – Planta baixa da Corona School . ........................................................ 32 Figura 12 – Integração interior x exterior das salas de aula................................... 32 Figura 13 – Escola Modelo da Luz em 1897 e Planta baixa do terreno................. 34 Figura 14 - Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo............................

35

Figura 15 – Plantas baixas do Térreo (a), Primeiro (b) e Segundo (c) Pavimentos.............................................................................................................

35

Figura 16 – Biblioteca da Escola Carneiro Ribeiro ................................................ 36 Figura 17 – Salão de atividades complementares.................................................

36

Figura 18 – Centro Educacional Unificado Parque Veredas.................................

37

Figura 19 – Sala de aula na Casa dei Bambini .....................................................

39

Figura 20 – Crianças estudando no pátio da Casa dei Bambini............................

39

Figura 21 – Montessori Day School em North Carolina.........................................

40

Figura 22– O ambiente preparado de uma escola Montessori no Canadá............ 41 Figura 23 – Planta Baixa da Escola Montessori Delft e Hall da Escola ................

42

Figura 24 – Corte Esquemático da Sala de Aula...................................................

43

Figura 25 – Caixa de Madeira no pátio da escola..................................................

43

Figura 26 – Sala de aula na Escola Montessori de Evergreen..............................

44

Figura 27 - Sala de aula na Escola Shining Stars na Indonésia............................

45

Figura 28 – Espaços de leitura com mobiliário diversificado.................................. 45 Figura 29 – Exemplo de biblioteca lúdica............................................................... 47 Figuras 30 - Crianças desenhando nas paredes.................................................... 47 Figuras 31 – Ambientes escolares com paredes coloridas....................................

48


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Figuras 32 – Exemplos de diferentes tipos de pisos..............................................

48

Figuras 33 – Exemplos de formas de apropriação do corredor.............................

49

Figura 34 – Brinquedo no Parque Bicentenário Infantil em Santiago, Chile..........

49

Figura 35 – Playground no Parque de Joan Miró em Barcelona...........................

49

Figura 36 – Integração de ambientes internos e externos por meio de terraço na Escola Montessori de Beaverton............................................................................ 50 Figura 37 – Sala de aula integrada com o exterior................................................. 51 Figura 38 – Espaço exterior como extensão da sala de aula................................. 51 Figura 39 – Pátio escolar da Escola Montessori de Ottawa................................... 52 Figura 40 – Fachada da Escola Catharina Chequer .............................................

55

Figura 41 – Planta baixa do pavimento térreo da escola.......................................

55

Figura 42 – Planta baixa do pavimento superior da escola.................................... 56 Figura 43 – Pátio descoberto sem vegetação........................................................

56

Figura 44 – Entrada principal da escola e Corredor do 1º pavimento....................

57

Figura 45 – Esquadrias cobertas por Papel...........................................................

58

Figura 46 – Janelas altas na Sala dos Pedagogos................................................

58

Figura 47 – Pátio coberto.......................................................................................

59

Figura 48 – Quadra de esportes............................................................................. 59 Figura 49 – Pátio descoberto.................................................................................

59

Figura 50 – Biblioteca da escola............................................................................

60

Figura 51 – Laboratório de informática..................................................................

60

Figura 52 – Sala de Recursos................................................................................

60

Figura 53 – Implantação da Escola Waalsdorp...................................................... 61 Figura 54 – Planta baixa do pavimento térreo........................................................ 62 Figura 55 – Planta baixa do pavimento superior....................................................

62

Figura 56 - Circulação multifuncional....................................................................

63

Figura 57 – Quadra de esportes............................................................................. 63 Figura 58 – Fachada da Escola Waalsdorp...........................................................

64

Figura 59 – Área de Recreação Externa................................................................

64

Figura 60 – Ambiente se conectam através do vidro.............................................

65

Figura 61 - Localização do Terreno.......................................................................

71

Figura 62 – Vista Panorâmica do Terreno.............................................................

72

Figura 63 – Av. Califórnia...............................................................................

73


11

Figura 64 – Av. Presidente Kennedy ..................................................................... 73 Figura 65 – UMEI Sarah Victalino..........................................................................

73

Figura 66 – Unidade de Saúde..............................................................................

73

Figura 67 – Edificações do entorno........................................................................ 74 Figura 68 – Construção e campo de futebol Existentes no terreno.......................

74

Figura 69 – Topografia plana do terreno................................................................

75

Figura 70 – Vista do terreno a partir da Av. Califórnia...........................................

75

Figura 71 – Diagnóstico do Terreno.......................................................................

77

Figura 72 – Material didático Montessori ............................................................... 80 Figura 73 – Símbolo da Unidade Municipal de Ensino Montessori .......................

80

Figura 74 – Diagrama de Bolhas – Pavimento Térreo ..........................................

81

Figura 75 – Diagrama de Bolhas – Primeiro Pavimento .......................................

82

Figura 76 – Implantação com planta baixa pavimento Térreo ..............................

84

Figura 77 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento ...................................................

85

Figura 78 – Fachada Principal ..............................................................................

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Figura 79 – Entrada Principal da Escola ...............................................................

86

Figura 80 – Pátio coberto conectado com a entrada da escola ............................

87

Figura 81 – Entrada do auditório ...........................................................................

87

Figura 82 – Pátio Central ....................................................................................... 88 Figura 83 – Pátio coberto e entrada do Refeitório ................................................. 88 Figura 84 – Refeitório ............................................................................................

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Figura 85 – Playground .........................................................................................

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Figura 86 – Área de estar no espaço recreativo da escola ...................................

90

Figura 87 – Sala de aula .......................................................................................

92

Figura 88 – Entrada das salas de aula com área de estar dos alunos .................

92

Figura 89 – Circulação do Setor Pedagógico conectada ao pátio central ............. 92 Figura 90 – Acesso Serviço e Carga e Descarga

93

Figura 91 – Fachada Oeste

94

Figura 92 – Área de Permanência na praça de acesso ........................................

95

Figura 93 – Vista superior da área de recreação ..................................................

95

Figura 94 – Entrada da Comunidade ....................................................................

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Figura 95 – Cortes da Edificação ..........................................................................

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Comparativo entre Método Tradicional e Métodos Alternativos ....... 37 Quadro 2 – Comparativo entre os Estudos de Caso ........................................... 66 Quadro 3 - Setor Administrativo...........................................................................

68

Quadro 4 - Setor Pedagógico............................................................................... 69 Quadro 5 - Setor Vivência....................................................................................

69

Quadro 6 - Setor Serviço/Apoio...........................................................................

69

Quadro 7 - Dimensionamento Geral....................................................................

69

Quadro 8 - Índices Urbanísticos..........................................................................

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LISTA DE SIGLAS IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística FDE - Fundação para o Desenvolvimento da Educação MEC - Ministério da Educação e Cultura FNDE - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação UMEI – Unidade Municipal de Ensino Infantil ZEIS - Zona de Especial Interesse Social


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SUMÁRIO 1

INTRODUÇÃO...........................................................................................

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1.1

JUSTIFICATIVA..........................................................................................

18

1.2

OBJETIVOS ...............................................................................................

19

1.2.1 Objetivos Gerais........................................................................................

19

1.2.2 Objetivos Específicos ..............................................................................

19

1.3

METODOLOGIA ........................................................................................

20

1.4

ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO..........................................................

21

2

CONTEXTUALIZAÇÃO

E

HISTÓRICO

DA

ARQUITETURA

ESCOLAR..................................................................................................

23

2.1

O MODELO TRADICIONAL.......................................................................

23

2.2

MODELOS ALTERNATIVOS DE ESCOLA................................................

28

2.3

ARQUITETURA ESCOLAR NO BRASIL....................................................

33

3

REFLEXO

DA

PEDAGOGIA

MONTESSORI

NO

ESPAÇO

ESCOLAR..................................................................................................

39

3.1

FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA MONTESSORI..................................

39

3.2

CARACTERÍSTICAS DOS ESPAÇOS DE APRENDIZAGEM...................

43

3.2.1 Mobiliário...................................................................................................

44

3.2.2 Ambientes Lúdicos...................................................................................

46

3.2.3 Conexão entre interior e exterior............................................................

50

4

ESTUDOS DE CASO.................................................................................

54

4.1

EEEFM CATHARINA CHEQUER – VILA VELHA......................................

54

4.2

ESCOLA MONTESSORIANA WAALSDORP - HOLANDA .......................

60

4.3

CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS ESTUDOS DE CASO.................

65

5

PROGRAMA DE NECESSIDADES...........................................................

68

6

DIAGNÓSTICO DO TERRENO .................................................................

71

6.1

CONTEXTO SOCIAL E ECONÔMICO ......................................................

72


15

6.2

CONTEXTO AMBIENTAL..........................................................................

75

6.3

CONTEXTO URBANO E LEGAL ..............................................................

76

7

PROJETO ..................................................................................................

79

7.1

CONCEITO E PARTIDO ............................................................................

79

7.2

SETORIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO ...........................................................

81

7.3

VOLUMETRIA ............................................................................................

85

7.4

SETORES ..................................................................................................

86

7.4.1 Setor Vivência ..........................................................................................

86

7.4.2 Setor Administrativo ...............................................................................

90

7.4.3 Setor Pedagógico ....................................................................................

91

7.4.4 Setor Serviço/Apoio ................................................................................

93

7.5

PAISAGISMO .............................................................................................

93

7.6

ACESSO A COMUNIDADE .......................................................................

94

7.7

COBERTURA .............................................................................................

97

7.8

CORTES ....................................................................................................

97

8

CONCLUSÃO.............................................................................................

99

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................

102

APÊNDICE .........................................................................................................

106

Prancha 01 – Planta de Situação e Localização ..................................................

107

Prancha 02 – Implantação ...................................................................................

108

Prancha 03 – Planta Baixa Primeiro Pavimento ..................................................

109

Prancha 04 – Plantas de Cobertura .....................................................................

110

Prancha 05 – Cortes e Fachadas ......................................................................... 111


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1 INTRODUÇÃO

A educação é um direito de todos os indivíduos, possuindo grande importância no desenvolvimento do ser humano e não está limitada apenas a preparação do cidadão no âmbito profissional. O acesso a informação e conhecimento promove maior desenvolvimento e inclusão social, formação de cidadãos que respeitam os direitos humanos e apreço a tolerância, que participam de discussões políticas do país e cumprem com seus deveres cívicos. Além do maior entendimento dos cuidados relacionados a saúde e meio ambiente e aumento da renda e qualidade de vida (CHAN, 2014). O direito à educação é previsto na Constituição Brasileira de 1988 como um dever do Estado e da Família, proporcionando condições de acesso e permanência igualitários para todos os cidadãos. Porém de acordo com pesquisas do IBGE, 3,6 milhões de crianças e jovens não estão matriculados em escolas, devido a questões que envolvem a falta de interesse, déficit de vagas ou a necessidade de trabalhar para ajuda no sustento da família (RODRIGUES, 2013). De acordo com Kowaltowski (2011), a arquitetura de um espaço escolar possui grande influência na aprendizagem dos alunos, assim como os professores, as diretrizes pedagógicas e o material didático. A sala de aula tradicional, muitas vezes, não colabora para o desenvolvimento de certas pedagogias, além de que o professor deve ter a possibilidade de alterar cenários dentro da escola. Outro problema é a padronização de mobiliário, cores e materiais construtivos, promovida nas escolas públicas, que parece ser capaz de influenciar o aprendizado do aluno. Observa-se que a educação pode trazer benefícios em aspectos sociais, culturais e econômicos e que o acesso à escola, apesar de ser um direito de todos, ainda não acontece de forma universal. Por isso o aumento dos investimentos na melhoria das escolas e a construção de novas unidades deve ser uma meta das administrações públicas do país. Outra questão que se destaca é a estagnação e a falta de variedade dos métodos de ensino, além da falta de humanização e estrutura das edificações escolares, que não oferecem condições mínimas de conforto, segurança, acessibilidade e bem-estar aos seus usuários.


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Então, a presente pesquisa servirá de base teórica para o desenvolvimento do projeto de uma edificação escolar pública que fuja dos conceitos tradicionais e que tenha como base uma pedagogia diferenciada, resultando na criação de ambientes humanizados e diferenciados em que o aluno se sinta estimulado a buscar o conhecimento. Para auxiliar no desenvolvimento do projeto, é necessário analisar a evolução da edificação escolar ao longo dos anos, entender o conceito e princípios do método de ensino Montessori e relacionar esses aspectos ao espaço físico. Além da definição do programa de necessidades e escolha e diagnóstico da área de implantação do projeto.

1.1 JUSTIFICATIVA

A educação pública por muito tempo tem sido considerada um dos grandes problemas do país, devido às suas falhas e deficiências. Entre elas, é possível citar a falta de profissionais qualificados, altos índices de evasão escolar, uso de métodos de ensino ultrapassados e a qualidade da infraestrutura das edificações escolares (GUIMARÃES, 2015). Em um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Brasília e Universidade Federal de Santa Catarina, foi analisado o nível da infraestrutura das edificações escolares públicas brasileiras, e o resultado foi alarmante: em 72,5% das escolas não existe biblioteca, apenas 44% possuem infraestrutura básica composta por sistema de abastecimento de água e coleta de esgoto, energia, sanitários e cozinha e só 0,6% são contempladas com uma infraestrutura avançada com laboratórios de ciências, bibliotecas, quadras de esportes, equipamentos e possuem acessibilidade plena e desenho universal (CHAVES, 2013). Outro indicador da precariedade do sistema educacional brasileiro é o desempenho ruim dos alunos e das escolas. Na Prova Brasil, avaliação realizada para calcular o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), constatou-se que 65% dos alunos do 5º ano não sabem reconhecer formas geométricas básicas como um quadrado ou triângulo, que 88% não sabem identificar a ideia central de um texto e


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que 90% dos alunos do 9º ano não sabem converter uma medida em metros para centímetros (GUIMARÃES, 2015). A educação é uma oportunidade de crescimento social e econômico para a população. Mesmo assim, o governo brasileiro não busca uma solução nem propõe reformas para um sistema educacional que a cada dia se torna menos democrático, mais ultrapassado e estagnado. Os dados apresentados apontam que a escola brasileira não dá suporte adequado para o aluno se desenvolver e ser incentivado a despertar a vontade de adquirir conhecimento, e que ao sair da escola o estudante não possui domínio do conteúdo básico ministrado. Devido a esses fatores, é importante o desenvolvimento de um projeto que busque integrar diferentes métodos de ensino com uma arquitetura adequada para oferecer uma estrutura segura e confortável para a realização das atividades escolares que são um direito de todos os cidadãos.

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivos Gerais

O principal objetivo do presente trabalho é desenvolver uma base teórica para a crítica à estrutura escolar tradicional vigente no Brasil, e que proponha o projeto de uma edificação escolar pública de qualidade, que se baseie nos princípios da pedagogia Montessori, criando espaços diferenciados que incentivem a busca do aluno pelo conhecimento, e que se afaste da estrutura escolar física tradicional vigente atualmente no Brasil.

1.2.2 Objetivos Específicos

Analisar a evolução das diferentes tipologias da arquitetura escolar, e identificar os aspectos que se destacaram positivamente e negativamente;


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Definir as diretrizes para o desenvolvimento de um projeto de arquitetura escolar. Centrado na figura do aluno e que fuja da conformação tradicional e rígida; Criar espaços humanizados e flexíveis que sejam reflexo de ideias pedagógicas e que propiciem grandes experiências para os estudantes de forma lúdica e construtiva; Desenvolver uma edificação que respeite todas as condicionantes do entorno e atenda às necessidades da comunidade em que se insere; Desenvolver um projeto no nível de estudo preliminar de uma edificação escolar municipal de ensino fundamental.

1.3 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento dos objetivos do trabalho contemplará o levantamento bibliográfico, focado na história da arquitetura escolar, nos fundamentos da Pedagogia Montessori e no reflexo desses princípios no ambiente educacional. Para o melhor entendimento das características que distinguem os espaços escolares montessorianos em relação aos tradicionais, serão realizados dois estudos de caso nacionais e internacionais, onde serão destacadas as particularidades de cada edificação e como podem influenciar positivamente no desenvolvimento do presente trabalho. Para que a realização do projeto ocorra de forma adequada, será desenvolvido um programa de necessidades com base nas atividades realizadas em cada ambiente e um diagnóstico da área de implantação do projeto que englobe as diversas condicionantes do entorno.


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1.4 ORGANIZAÇÃO DO DOCUMENTO

O primeiro capítulo contém a apresentação do tema, junto a justificativa, objetivos e metodologia de desenvolvimento da presente pesquisa; a contextualização e histórico da evolução da edificação escolar compõe o Capítulo 2; no capítulo 3 são apresentados os fundamentos da pedagogia Montessori e como se relacionam com o espaço físico. O capítulo 4 compreende a análise dos estudos de caso e as diferenças entre o modelo tradicional e o alternativo. Em seguida, no Capítulo 5, será definido o programa de necessidades com o dimensionamento dos ambientes. O diagnóstico do terreno e entorno será descrito no Capítulo 6. E o capítulo 7 contemplará as considerações finais.


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2 CONTEXTUALIZAÇÃO E HISTÓRICO DA ARQUITETURA ESCOLAR

O desenvolvimento dos projetos arquitetônicos escolares é influenciado pelas necessidades de determinado grupo escolar e além de se preocupar com os aspectos educacionais, os conceitos funcionais, estéticos e de conforto ambiental devem ser utilizados para atingir um bom nível de qualidade para a realização das atividades dos diversos usuários. O programa arquitetônico da escola foi ganhando cada vez mais importância na sociedade e foi alvo de diversas mudanças, ao longo dos anos, para se adequarem as necessidades dos usuários, além das condicionantes que norteiam o projeto se relacionarem cada vez mais com aspectos sociais, econômicos e pedagógicos.

2.1 O MODELO TRADICIONAL

De acordo com registros literários o surgimento da primeira edificação de uso exclusivamente escolar aconteceu no séc. XII na Europa e possuía caráter de dominação política e social. A preocupação com as questões de iluminação, ventilação e adequação do mobiliário eram presentes na construção dos ambientes escolares. Outro aspecto importante era a ordenação, a organização dos lugares, dos espaços de circulação que proporcionavam controle e vigilância sobre os alunos, para transmitir os princípios da obediência (KOWALTOWSKI, 2011). Na Idade Média, as escolas eram caracterizadas por possuírem uma sala única, junto à moradia do professor. Os espaços no sótão eram destinados a alunos carentes e seminaristas. Esse ambiente único de ensino era frequentado por estudantes de todas as idades, distribuídos em bancos alinhados às paredes; o espaço central era destinado ao pódio do professor e os assuntos estudados eram divididos por bancos (Fig. 1).


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Figura 1 – Escola de ambiente de estudo único no século XIV

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 66).

No século XVI, o pensador e bispo católico Comenius começa a defender a divisão das salas de aula pela idade dos alunos. Esse pensamento rapidamente gerou mudanças na arquitetura, e surgiram escolas com diversas salas de aula organizadas por um corredor central ou lateral (KOWALTOWSKI, 2011). As edificações escolares dessa época também possuíam andares destinados ao alojamento dos alunos; os mais carentes se abrigavam no sótão. As instituições eram destinadas ao sexo feminino e masculino separadamente, como pode ser observado na Figura 2, exemplo de escola alemã com essa configuração. A conformação dessas escolas se assemelha muito à divisão espacial utilizada nas edificações escolares de hoje (KOWALTOWSKI, 2011).


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Figura 2 – Fachada e planta baixa de escola alemã no século XIV

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 67).

A partir de 1870, a Inglaterra amplia os investimentos na educação pública, e fica a cargo do arquiteto E. R. Robson a função de projetar diversas edificações escolares em Londres. A arquitetura de Robson era caracterizada pela divisão das salas de aula entre meninos e meninas, pé-direito alto, janelas altas que não permitiam que as crianças olhassem para o exterior, plantas baixas simétricas e pequenos espaços sombreados para a recreação dos alunos (Fig. 3). Figura 3 – Sala de aula projetada por E. R. Robson

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 68).


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Enquanto isso, na Alemanha as escolas se destacavam por possuírem salas de aula com tamanho determinado pelo número de crianças que variava de 40 a 300 alunos por classe e com espaço elevado na frente para o professor, este modelo foi exemplificado na figura 4 (DUDEK, 2000). Figura 4 – Sala de aula alemã com capacidade para 300 alunos

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 68).

Na França, a arquitetura sofre grande influência de Tony Garnier, que passa a projetar edificações sem ornamentação e com grande formalismo geométrico. As escolas passam a atender meninos e meninas no mesmo espaço; as salas de aula e espaços recreativos eram divididas por idade. Garnier adotou o estilo arquitetônico moderno, sem preocupação com técnicas vernaculares e, assim como em seus projetos urbanos, valorizava as áreas verdes também nos espaços escolares. (VANISCOTTE, apud KOWALTOWSKI, 2011) Nos Estados Unidos, desde o início do século XIX existe a preocupação com a concepção das edificações escolares. Foram desenvolvidas regulamentações focadas nas áreas de implantação e nas condições de conforto das escolas. O terreno deveria ser grande o suficiente para acomodar jardins na frente e nos fundos, além de pátios separados para meninos e meninas (KOWALTOWSKI, 2011). Também eram recomendados tamanhos para as salas de aula e os ambientes complementares como a biblioteca. Apesar de todas essas recomendações e definições, muitas escolas foram projetadas em terrenos pequenos e sem obedecer


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tais parâmetros. Foi somente no final do século, que a escola ganha maior importância, possuindo um exterior mais cuidado e inclui ambientes como auditório e ginásio escolar no seu programa. Como pode ser observado na figura 5, a planta baixa se destaca pela simetria, ordenação e ortogonalidade (KOWALTOWSKI, 2011). Figura 5 – Planta baixa da Escola Carl Schulz em Chicago, 1907

Fonte: KOWALTOWSKI (2011, p. 75).

No final do século XX, o programa das escolas norte-americanas inclui a adequação das edificações à ocorrência de abalos sísmicos, novas metodologias e tecnologias como base do projeto, preocupação com eficiência energética, sustentabilidade, conforto ambiental, acessibilidade plena e desenho universal (KOWALTOWSKI, 2011). O foco atual das pesquisas da arquitetura escolar nos Estados Unidos é a chamada escola de alto desempenho, que tem por objetivo criar espaços que não influenciam negativamente na saúde dos alunos, a partir da boa qualidade do ar, sistemas de ventilação eficientes, lotação dos ambientes limitada, tratamento acústico para facilitar a comunicação entre alunos e professores e o desenvolvimento de ambientes

que

passam

a

sensação

de

segurança

para

os

estudantes

(KOWALTOWSKI, 2011). Ainda segundo Kowaltowski (2011) outro objetivo é a diminuição do custo de operação, a partir da redução do uso de energia e água, reciclagem dos resíduos sólidos e respeito a áreas de proteção ambiental. A Alder Creek Middle School, projetada por Lionakis Design Group na Califórnia, é um exemplo de escola de alto


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desempenho. Foi construída com materiais feitos a partir de componentes reciclados, duráveis e com baixo custo de manutenção, possui sistema de irrigação eficiente e tubulações com baixo fluxo de água, área para reciclagem de resíduos, mínimas movimentações de terra na fase da construção e utilização de plantas nativas no paisagismo, conforme ilustra a figura 6. Figura 6 – Alder Creek Middle School na Califórnia

Fonte: LBDG - Lionakis Beaumont Design Group (2007).

2.2 MODELOS ALTERNATIVOS DE ESCOLAS

Segundo Vaniscotte (apud KOWALTOWSKI, 2011), no final do século XIX foi estabelecida a educação obrigatória em grande parte da Europa e nos Estados Unidos da América. Com o maior desenvolvimento da pedagogia, a arquitetura escolar começa a sofrer influência de novos métodos de ensino. Destacaram-se em Londres, Margaret MacMillan e Maria Montessori, em Roma, que defendia um ambiente escolar pensado na escala da criança. Porém, o desenvolvimento dessas novas linhas de pensamento foi descontinuado devido à Primeira Guerra Mundial. O período entre guerras se destaca pela implantação do estilo modernista nas artes e arquitetura, ocorre a substituição do professor pela professora na escola primária. Após a Segunda Guerra Mundial, o nível da qualidade das escolas nos países da Europa se diferenciava muito. Essa discrepância culminou em maiores investimentos na concepção dos projetos dos espaços escolares. Novos modelos de escolas surgem como experimentos, e para fugir do conceito tradicional de lições e


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avaliações sucessivas. Um exemplo inovador é a School and Community College em Impington, na Inglaterra, projetada por Walter Gropius, da Bauhaus (DUDEK, 2000). A edificação se destaca por possuir uma galeria de circulação central, que também possuía a função de expor os trabalhos dos alunos e abrigar reuniões sociais, além de grandes janelas nas salas de aula com vista para o exterior. A arquitetura de Gropius estava alinhada com as diretrizes pedagógicas que consistiam na mistura do ensino artístico e cientifico, envolvendo trabalhos manuais, físicos e agrícolas (Figuras 7 e 8) (DUDEK, 2000). Figura 7 – Planta baixa da School and Community College

Fonte: Granoulhac (2007). Figura 8 – Salas de aula da School and Community College

Fonte: Granoulhac (2007).


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Kowaltowski (2011) destaca que no segundo período pós-guerra, a Alemanha tinha a necessidade de reconstruir as edificações escolares. E a partir de novos estudos e avanços na área pedagógica, o ambiente escolar passa a ser visto como um 3º professor, além do educador e do material didático. Então a escola tem um papel mais importante perante a comunidade, expressando intenções e esperanças pedagógicas envolvendo questões culturais e artísticas. Como exemplo de edificação escolar com essas características, podemos destacar a GeschwisterScholl-Gesamtschule (Fig. 09). Figura 9 – Planta baixa da Geschwister-Scholl-Gesamtschule

Fonte: Wuestenrot-Stiftung (2014).

Esta construção projetada por Hans Scharoun é um exemplar da arquitetura organicista, que se inspira nos organismos vivos para propor espaços arquitetônicos. As características das salas de aula foram diferenciadas pelo estágio em que as crianças se encontravam: as salas dos mais novos foram projetadas como ninhos, enquanto que nas séries mais avançadas, os ambientes se destacavam pelo nível de detalhamento e pelo acesso a ambientes como laboratórios, bibliotecas e salas multiuso. A questão mais importante para o arquiteto era a sensação de bem-estar e identificação com a escola comparada a questões funcionais e organizacionais. A arquitetura se tornou um reflexo de um método de ensino mais liberal e com menos formalidade (KOWALTOWSKI, 2011). Surge no início do século XX nos Estados Unidos, uma nova linha de pensamento pedagógico liderada por John Dewey que defendia uma escola baseada na democracia, sem disciplina de forma autoritária ou controle dos alunos, definindo


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que a escola é apenas um suporte para que o estudante alcance seu próprio potencial a partir da diversidade do mundo real. Frank Lloyd Wright projeta uma edificação escolar com base nos princípios de Dewey: a Hillside Home School (Fig. 10) possui salas de aula com espaço para trabalhos manuais, oferecendo vistas para o ambiente exterior para contribuir no desenvolvimento de atividades e pensamentos criativos, ao contrário da arquitetura proposta por Robson na Inglaterra, em que a altura das janelas não permitia a observação do lado de fora e a organização da sala era focada no professor. Figura 10 – Hillside Home School projetada em 1902

Fonte: Taliesin Preservation (2016).

Nos anos 20, os projetos americanos se tornam simplificados, econômicos e seguiam os princípios modernistas, não havia nenhuma preocupação com orientação solar, aparência ou com o próprio aluno, criando uma arquitetura industrializada e padronizada (DUDEK, 2000). A partir da década de 1940, Richard Neutra, responsável por várias edificações escolares na Califórnia, propõe maior integração entre o exterior e o interior, projetando salas de aula com planta livre e integrando-as com terraços e varandas, evitando a sensação de confinamento característico dos espaços escolares tradicionais (DUDEK, 2000).


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Esses princípios foram utilizados no projeto da Corona School (Fig. 11 e 12). (DUDEK, 2000). Figura 11 – Planta baixa da Corona School

Fonte: Neutra (2016). Figura 12 – Integração interior x exterior das salas de aula

Fonte: Neutra (2016).

Atualmente na Europa, o investimento nos projetos de edificações escolares públicas é significativo. Na Suíça, por exemplo existe uma grande preocupação com aspectos do conforto ambiental, além do cuidado com a inserção da escola no entorno, com o projeto paisagístico para a criação de espaços públicos e para trazer certa vitalidade ao espaço escolar. Além da preocupação em criar espaços


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diferentes,

com formas diversificadas e

que fujam

da sala

padronizada

(KOWALTOWSKI, 2011). Todos esses aspectos se relacionam a novos hábitos escolares: o aluno passa mais tempo na escola e, portanto, necessita cada vez mais de áreas de descanso, recreação e jardins agradáveis. Esta tendência demonstra a mudança do papel do professor, que não é mais uma figura central e autoritária que domina a sala de aula, e passa a ser uma espécie de guia para os alunos (KOWALTOWSKI, 2011).

2.3 ARQUITETURA ESCOLAR NO BRASIL

A maioria dos espaços físicos escolares brasileiros ainda possuem uma conformação tradicional, com o professor à frente das cadeiras enfileiradas. Na época do Império, a arquitetura escolar brasileira seguia um padrão arquitetônico e pedagógico orientado pela doutrina religiosa. As salas de aula possuíam péssima ventilação, eram pouco iluminadas e na maioria das vezes funcionavam em paróquias e cômodos de comércio (CHAVES, 2013). No período do final do século XIX até 1920, predominou na arquitetura escolar o estilo neoclássico. As edificações eram imponentes, simétricas com pé-direito alto, possuíam grandes escadarias de acesso, e seguiam o Código Sanitário de 1894 (BUFFA; PINTO, 2002). Foi nessa época que foram construídos os primeiros edifícios brasileiros com fins exclusivamente escolares. Estas construções foram muito influenciadas pelos seus equivalentes franceses, nos quais meninos e meninas ocupavam áreas separadas e a arquitetura era monumental e sofisticada. A Escola Modelo da Luz, projetada por Ramos de Azevedo em 1897, é um exemplo da arquitetura dessa época: constituída por doze salas de aula de 65m² distribuídas em três pavimentos (BUFFA; PINTO, 2002).


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Figura 13 – Escola Modelo da Luz em 1897 e Planta baixa do térreo

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 84).

A arquitetura escolar brasileira passa a sofrer mudanças significativas a partir de 1921 até 1950, por influência da Semana de Arte Moderna de 1922 e da Revolução de 1930: os ambientes de ensino deixam de ser compactos, a divisão entre os sexos é eliminada, pilotis eram utilizados para criar grandes áreas de recreação e trazer mais flexibilidade à implantação (KOWALTOWSKI, 2011). Nesse mesmo período é publicado o livro Projetos para grupos escolares reunidos e rurais, instituindo a construção de sanitários dentro das edificações, uso de lajes de concreto e formas e acabamentos simplificados. Também foram criados Códigos da Educação em vários estados, que eram desenvolvidos por professores, médicos, pedagogos e arquitetos, resultando em uma legislação unificada com definição de parâmetros educacionais, higiênicos e organizacionais da escola. Toda essa transformação foi reflexo de um período de crescimento político, econômico e social do País. Foi a partir dessa época que o programa arquitetônico é definido por um conjunto amplo de necessidades (KOWALTOWSKI, 2011). Entre os pontos relevantes desse programa arquitetônico, as salas de aula deveriam ser amplas, claras e bem ventiladas, com dimensões de 6m x 8m, e com pé-direito de 3,60m, pintadas entre o creme e o verde-claro; dependências de trabalho; um auditório; salas de educação física, jogos, canto, cinema educativo, sala de festas, de reunião, biblioteca, instalações para assistência médica, dentária e higiênica. Havia também aspectos técnicos, como ventilação; pisos; larguras de corredores e escadas; quadronegro; vestiário e instalações de água potável e sanitárias. (KOWALTOWSKI, 2011, p. 87)

O estilo moderno passa a ser usado nos projetos arquitetônicos da época: formas simples sem ornamentação, concreto armado, aberturas envidraçadas, liberdade na


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implantação e integração de espaços internos e externos. Um exemplo dessa nova fase da arquitetura é o Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo, projetado pelo arquiteto José Maria da Silva Neves, em São Paulo (Figuras 14 e 15), com dois pavimentos de salas de aula apoiados sobre pilotis e com um volume central composto por ambientes de apoio, como biblioteca, auditório e setor administrativo. (BUFFA; PINTO, 2002). Figura 14 - Grupo Escolar Visconde de Congonhas do Campo

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 88). Figura 15 – Plantas baixas do Térreo (a), Primeiro (b) e Segundo (c) Pavimentos.

Fonte: Kowaltowski (2011, p. 88).

As escolas dos anos 1940 se caracterizavam pela quantidade e falta de qualidade, Foi nessa época que o Secretário de Educação da Bahia, Anísio Teixeira, propõe um modelo escolar baseado na filosofia do norte-americano John Dewey. Com base nas escolas comunitárias dos Estados Unidos, o sistema tinha o objetivo de preparar o estudante para um mundo em transformação em um espaço de liberdade e confiança entre alunos e professores (BUFFA; PINTO, 2002). Deste modo se organizava em uma escola-parque central, que era o ponto de convívio da comunidade, onde eram realizadas atividades complementares como educação artística, física e social, e quatro escolas-classe que cercavam essa estrutura central. O arquiteto Diógenes Rebouças projetou em Salvador a escola-


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parque Centro Educacional Carneiro Ribeiro (Figuras 16 e 17), um exemplo da ideologia de Teixeira integrado com princípios da arquitetura modernista e idealismo social. O modelo baiano serviu de inspiração para outros projetos de escolas integradas desenvolvidos em todo o Brasil (BUFFA; PINTO, 2002). Figura 16 – Biblioteca da Escola Carneiro Ribeiro

Figura 17 – Salão de atividades complementares

Fonte: Teixeira (2016).

Fonte: Teixeira (2016).

A partir dos anos 1960, a demanda por escolas era imensa. Então em São Paulo surge uma política de racionalização de custos e tempo de construção regulados pela Companhia de Construções de São Paulo. Nesta arquitetura modesta eram utilizados blocos aparentes de concreto, teto de laje pré-moldada e telhas de fibrocimento. Nos anos 1970 aos 1990, para tornar esse sistema mais eficiente, foram criadas legislações que normatizavam os componentes da escola e forneciam medidas modulares dos ambientes escolares, padronizando dimensões e materiais para projetos escolares públicos (BUFFA; PINTO, 2002). É nesse período, que surgem as cartilhas e catálogos da Fundação para o Desenvolvimento da Educação (FDE), com especificações mais amplas e focadas no programa arquitetônico, promovendo maior flexibilidade dos ambientes, simplicidade do projeto, previsão de espaços para ampliação, além de indicadores para avaliação do conforto ambiental e rendimento escolar (BUFFA; PINTO, 2002). Segundo Kowaltowski (2011), o atual cenário da arquitetura escolar pública brasileira é caracterizado pela padronização dos projetos, que geralmente são contratados por licitações e escolha do menor preço, gerando ambientes escolares inadequados, com problemas de conforto ambiental e possuindo um padrão mínimo


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de qualidade estabelecidos pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) e Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Existem alguns projetos que buscam fugir dessa padronização, propondo integração entre os programas arquitetônico

e

pedagógico,

com

oferta

de

escolas

de

período

integral,

profissionalizante e que integra a comunidade ao ambiente escolar, como por exemplo os Centros Educacionais Unificados, de São Paulo (Fig. 18). Figura 18 – Centro Educacional Unificado Parque Veredas

Fonte: São Paulo (2015).

Ao longo dos anos, a arquitetura escolar sofreu alterações em busca do maior bemestar dos usuários. Entretanto, no Brasil muitas edificações escolares são até hoje projetadas de forma inadequada, ou necessitam de investimento para melhoras em sua estrutura. Outro aspecto que merece destaque é a predominância, nas escolas brasileiras, do método de ensino tradicional, originado no século XVI. Não existe diversidade ou opções perante uma estrutura ultrapassada e deficiente. Sendo assim, a típica arquitetura das edificações escolares se torna limitada por um programa básico instituído pela administração pública. Quadro 1: Comparativo entre Método Tradicional e Métodos Alternativos

Fonte: Elaborado pela Autora (2016).


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3 REFLEXO DA PEDAGOGIA MONTESSORI NO ESPAÇO ESCOLAR

3.1 FUNDAMENTOS DA PEDAGOGIA MONTESSORI

A Escola Nova foi um movimento de renovação educacional, que surgiu no início do século XX, e disseminou métodos de ensino que pregavam a autoeducação, espontaneidade e autonomia infantil. A médica italiana Maria Montessori foi a principal pensadora desse movimento, e começou a desenvolver estudos psiquiátricos focados em crianças portadoras de deficiências, após perceber que as pesquisas desenvolvidas na época as negligenciavam. Entretanto, durante a realização do estudo percebeu que muitos dos problemas psiquiátricos poderiam ser resolvidos com a pedagogia, então passou a desenvolver fundamentos e materiais pedagógicos de estimulação do potencial individual das crianças (GADOTTI, 2002). A Casa dei Bambini foi uma escola pública italiana supervisionada por Maria Montessori, que utilizava os princípios de individualidade e liberdade na educação. O Método Montessori é resultado de estudos e observações realizados nessa escola e prega que a criança aprende por si mesma, dentro do seu próprio ritmo e que o ambiente deve ser propício ao aprendizado, atendendo as necessidades das crianças (Fig.20) (GADOTTI, 2002). Figura 19 – Sala de aula na Casa dei Bambini

Fonte: Montessori (2016).

Figura 20 – Crianças estudando no pátio da Casa dei Bambini.

Fonte: Montessori (2016).


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O método Montessori é sustentado por seis pilares pedagógicos: a autoeducação, que consiste na capacidade inata da criança de aprender, explorar, investigar e pesquisar a partir dos seus próprios esforços e interesses. A criança pode escolher o que quer aprender, a maneira de aprendizado e o lugar em que deseja desenvolver seus estudos (MONTESSORI, 1990). A educação cósmica, em que o educador deve levar o conhecimento de forma organizada para as crianças e mostrar que tudo no universo tem uma função, além do papel do ser humano na manutenção do mundo; A educação como ciência que acontece a partir da observação do professor, para definir a melhor forma de ensinar para cada criança e fazer uma avaliação da eficácia do método no dia-a-dia escolar (MONTESSORI, 1990). Figura 24 – Montessori Day School em North Carolina

Fonte: Montessori Day School (2014).

Segundo Montessori (1990), o ambiente preparado (Fig. 24 e 25) é onde a criança desenvolve seu aprendizado e liberdade, o espaço deve ser construído para atender as necessidades psicológicas e físicas das crianças. O mobiliário deve possuir tamanho adequado e os materiais devem estar expostos em local de fácil acesso para os alunos; o adulto preparado é o profissional que por meio do conhecimento e domínio dos princípios e das ferramentas educativas vai guiar e orientar as crianças no processo de aprendizagem. O professor não é o protagonista no método Montessori, e deve apenas criar as melhores condições para o desenvolvimento da criança e garantir que os alunos estão adquirindo conhecimento; e a criança equilibrada é aquela que se encontra


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em seu desenvolvimento natural e que expressa suas características inatas por meio do correto uso do ambiente e da ajuda de um professor preparado, descobrindo assim o amor pelo trabalho, silêncio e pela ordem (MONTESSORI, 1990). Figura 25 – O ambiente preparado de uma escola Montessori no Canadá

Fonte: Marpole Bilingual (2012).

Portanto, a escola montessoriana estimula o ensino de forma atraente, propondo jogos, brincadeira e a interação com o ambiente. E a partir do convívio com crianças de diferentes idades, o aluno deve aprender como viver em sociedade e contribuir para a manutenção do ambiente. O aprendizado é estimulado em todos os momentos, não existindo separação entre horário de aula e intervalo, estabelecendo que durante as aulas é possível brincar e durante o recreio é possível aprender. A ideia é que os alunos conduzam suas experiências e aprendam com os próprios erros, buscando variados meios de aprendizado como bibliotecas e uso da internet (LAGÔA, 1981). De acordo com Lagôa (1981), a estrutura das classes Montessori se difere muito da pedagogia tradicional, pois agrupa crianças de diferentes idades em um só ambiente. Os alunos são divididos da seguinte maneira: de três a seis anos, dos sete aos nove, dos nove aos onze, dos doze aos quatorze e assim sucessivamente. Essa estruturação promove maior desenvolvimento social e cria uma atmosfera de cooperação e solidariedade. O arquiteto holandês Herman Hertzberger, foi responsável pelo projeto de diversas escolas montessorianas em seu país, onde a pedagogia obteve grande repercussão. A Escola Montessori Delft, a primeira projetada pelo arquiteto em 1960, é uma


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referência de edificação que integra os princípios do método de ensino ao espaço construído. Ele é um dos primeiros arquitetos a propor uma relação diferenciada entre as salas de aula e os espaços de interação criando uma espécie de comunidade. Também são propostos alpendres entre os ambientes de estudo e o hall da escola, criando uma gradação entre os espaços públicos e restritos da escola (Fig. 21). As salas de aula desta escola são concebidas como unidades autônomas, pequenos lares, por assim dizer, já que todas estão situadas ao longo do hall da escola, como uma rua comunitária. A professora, a ‘tia’, de cada casa decide, junto com as crianças, que aparência terá o lugar e, portanto, qual será o seu tipo de atmosfera (HERTZBERGER, 1991, p. 28). Figura 21 – Planta Baixa da Escola Montessori Delft e Hall da Escola

Fonte: Carvalho e Jácome (2013).

As salas de aula possuem dois níveis diferentes, criando recintos variados em um mesmo ambiente, e ainda assim possibilita a supervisão do professor e que o aluno escolha um lugar mais calmo ou agitado para trabalhar. Na entrada de cada sala, existe uma vitrine para exposição das atividades realizadas pelos alunos, valorizando a produção dos mesmos (MARCELINO, 2014). No centro do pátio, está localizada uma caixa quadrada preenchida por blocos de madeira soltos, que podem ser retirados e organizados para formar um arranjo de assentos, convidando o usuário a desbravar o ambiente e suas diferentes possibilidades de utilização. A inspiração desse elemento foi o material dourado criado por Maria Montessori. Portanto, é visível como a ideologia Montessori influenciou o projeto, além da preocupação do arquiteto com a escala humana e articulação entre usuários e espaços arquitetônicos (MARCELINO, 2014).


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Figura 22 – Corte Esquemático da Sala de Aula

Fonte: Marcelino (2014). Figura 23 – Caixa de Madeira no pátio da escola

Fonte: Marcelino (2014).

3.2 CARACTERÍSTICAS

DOS

ESPAÇOS

DE

APRENDIZAGEM

MONTESSORIANOS

As salas de aula possuem grande influência no processo de aprendizagem da criança na escola montessoriana. Os ambientes têm a função de instigar o aluno e estimular o processo de construção do conhecimento. Portanto, para Maria Montessori, os espaços escolares devem favorecer a observação, a atividade, a ordem, a liberdade e a autonomia, além de fugir da estrutura repressora e não planejada para as atividades infantis (MONTESSORI, 1990). A preocupação com a organização do ambiente é constante e toda a disposição dos objetos devem estar de acordo com as necessidades das crianças. Há uma descentralização do poder do professor, pois o controle passa para o ambiente que deve obter equipamentos, mobiliário, materiais, objetos e estética que estimulam a criança a agir independentemente de um adulto e a buscar elementos necessários para o seu desenvolvimento intelectual. Toda a escola deve estar preparada para ser um lugar de experimentação, aprendizado e vivência (MONTESSORI, 1990).


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3.2.1 Mobiliário

O mobiliário escolar deve ser adequado ao tamanho e a força das crianças e deve variar de acordo com a faixa etária de cada sala de aula. Além disso, deve permitir que os alunos se movimentem e escolham o lugar mais adequado para a atividade que irá realizar de forma confortável. Como a escolha da tarefa é do aluno, todos os objetos devem estar dispostos de formar que o mesmo possa visualizar, tocar, raciocinar e questionar (Fig. 26 e 27) (LAGÔA, 1981). Todo o mobiliário deve ser adequado a escala da criança e geralmente possuem cor branca ou de tonalidade natural. Como todos os objetos devem estar no alcance dos alunos mais novos, a altura máxima das estantes é de 70 centímetros e profundidade é 40 centímetros. E a altura mínima das mesas é de 50 centímetros, variando de acordo com a idade das crianças (LAGÔA, 1981). Figura 26 – Sala de aula na Escola Montessori de Evergreen.

Fonte: Montessori School of Evergreen (2011).


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Figura 27 - Sala de aula na Escola Shining Stars na Indonésia

Fonte: Djuhara e Djuhara (2013).

O mobiliário também deve ser diversificado e utilizar diferentes cores, texturas e formatos para chamar a atenção dos alunos (Fig. 28). Os móveis também devem ser flexíveis e leves para que permita mudanças rápidas no arranjo das salas de aula, que podem ser efetuadas pelas próprias crianças, criando assim dinâmicas espaciais diversificadas, promovendo atividades individuais ou em grupo e de forma que a concentração e a calma sejam mantidas (LAGÔA, 1981). Figura 28 – Espaços de leitura com mobiliário diversificado

Fonte: Miller (2014).

Fonte: Cortes (2013).


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3.2.2 Ambientes Lúdicos

A prática de aprender brincando é fundamental na pedagogia Montessori, os alunos fazem uso de materiais didáticos diferenciados e jogos para que a aprendizagem seja incentivada. Por isso, é extremamente importante que os ambientes escolares forneçam as ferramentas necessárias de forma lúdica, para que o desenvolvimento do aluno não esteja limitado somente na sala de aula. O termo lúdico significa jogo, e ao ser relacionado com a aprendizagem escolar não promove apenas entretenimento e lazer, pois funciona como uma ferramenta pedagógica de ensino que aumenta a produtividade dos alunos. A escola que utiliza uma proposta lúdico-educativa busca estimular a criatividade, interesse, descoberta e promove socialização entre as crianças, além de realização de atividade cotidianas como vivência de conflitos, aplicações de regras e tomadas de decisões (PINHO, 2009). Apesar da brincadeira ser um importante instrumento de desenvolvimento infantil, o espaço e o tempo de recreação nas escolas tradicionais são limitados. Portanto, a ludicidade pode ser trabalhada também na arquitetura e não apenas no currículo pedagógico, para que o aprender seja tão prazeroso quanto brincar (PINHO, 2009). O projeto arquitetônico deve contemplar ambientes fora da sala de aula que também promovam o aprendizado e que estimulem sensorialmente e intelectualmente, como brinquedotecas (Fig.29), bibliotecas, salas de arte e música e áreas de recreação (SANTOS, 2011). Esses ambientes não devem transmitir a sensação de cárcere que é muito comum nas escolas brasileiras, onde a disciplina rígida, o silêncio e a imobilidade são requisitadas. Enfim, a arquitetura deve se integrar aos brinquedos e jogos para que possa ser bem apropriada e vivenciada pelas crianças (SANTOS, 2011).


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Figura 29 – Exemplo de biblioteca lúdica

Fonte: Yoshida (2012).

Essa ludicidade vai ser transmitida nos ambientes por meio de diversos elementos, priorizando as necessidades, linguagem e escala infantil. Paredes: As crianças podem se apropriar das superfícies para desenhar, escrever, expressar sua criatividade e sempre serão alvo de transformações (Fig. 30). As paredes também podem ser pintadas de cores diferenciadas, artifício que pode ser utilizado como setorização de diferentes áreas ou para criar ambientes mais alegres e vibrantes (Fig. 30 e 31). Figuras 30 - Crianças desenhando nas paredes

Fonte: Design Detail (2015).

Fonte: Kelly (2014).


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Figuras 31 – Ambientes escolares com paredes coloridas

Fonte: Herrmanns (2015).

Fonte: Kon (2014).

Pisos: Podem ser trabalhadas texturas, paginações e cores diferenciadas, além da possibilidade de contribuir na circulação da escola, criando percursos (Fig. 32). O desenho do piso pode ter função de separar áreas com diferentes usos em um mesmo ambiente, como por exemplo: área de leitura, recreação e passagem. Figuras 32 – Exemplos de diferentes tipos de pisos

Fonte: Hmfh Architects (2014).

Fonte: Kogan (2011).

Corredores: Ao invés de serem tratados como espaços residuais, os corredores, devem abrigar pequenos espaços de permanência, exposições de atividades e trabalhos desenvolvidos pelos alunos. Pode ser dada maior atenção a iluminação e as cores aplicadas nesses espaços de circulação, para que a sensação de confinamento diminua.


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Figuras 33 – Exemplos de formas de apropriação do corredor

Fonte: Hildebrand (2011).

Playground: A concepção desses espaços deve promover o desenvolvimento das habilidades motoras, percepção sensorial e imaginário infantil. Os equipamentos devem ser seguros, criativos e desafiadores para que as crianças possam explorar, lidar com obstáculos e interagir umas com as outras (SANTOS, 2011). Figura 34 – Brinquedo no Parque Bicentenário Infantil em Santiago, Chile

Fonte: Palma (2012). Figura 35 – Playground no Parque de Joan Miró em Barcelona

Fonte: Laia (2014).


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3.2.3 CONEXÃO ENTRE INTERIOR E EXTERIOR

Assim como na escola tradicional, a pedagogia Montessori incentiva a conexão de espaços externos e internos. Primeiramente, para cumprir a função básica de fornecer iluminação e ventilação natural. Entretanto, as salas de aula também devem oferecer visuais interessantes e agradáveis, para que o aluno possa relaxar e descansar a visão (Fig. 36 e 37). (KOWALTOWSKI, 2011). Além dos aspectos anteriores, a pedagogia Montessori incentiva o aprendizado dentro e fora da sala de aula, por isso o projeto do espaço escolar deve criar ambientes externos que integram a função pedagógica e recreativa, como jardins, hortas, circuitos de corrida, terraços, entre outros (KOWALTOWSKI, 2011). A transparência existente entre ambientes internos e externos também cria uma sensação de acesso livre a todos os espaços escolares, sendo um reflexo do princípio do Método Montessori, de proporcionar liberdade aos alunos. Também é importante integrar espaços de circulação com ambientes externos para diminuir a sensação de confinamento (KOWALTOWSKI, 2011). Figura 36 – Integração de ambientes internos e externos por meio de terraço na Escola Montessori de Beaverton

Fonte: Private School Review (2015).


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Figura 37 – Sala de aula integrada com o exterior

Fonte: Bittermann, Benschneider (2015)

O pátio escolar é um ambiente que acolhe grande parte das atividades que devem ser realizadas fora das salas de aula. Comporta funções diversas e se torna uma extensão do refeitório, da entrada da escola e junto com a quadra de esportes incorpora as atividades de lazer e do brincar. Portanto, o pátio se torna um espaço de experimentação e exploração da criatividade das crianças, por isso deve ser tratado com atenção no projeto arquitetônico, para que possa criar ambiências agradáveis, diferenciadas e que estimulem a imaginação dos alunos (Fig. 38). Deve abranger alguns requisitos como possuir sombreamento por meio da vegetação para evitar a exposição excessiva das crianças ao sol, criar vistas humanizadas e proporcionar contato com elementos naturais a partir de um projeto de paisagismo com fácil manutenção, criação de hortas e espaços de compostagem que também podem ser utilizados como uma ferramenta de aprendizagem e criação de um espaço que conecte diversos setores da escola (KOWALTOWSKI, 2011). Figura 38 – Espaço exterior como extensão da sala de aula.

Fonte: Architettura (2013).


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Figura 39 – Pátio escolar da Escola Montessori de Ottawa

Fonte: Earthscape (2016).


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4 ESTUDOS DE CASO

O estudo das edificações escolares tem como objetivo principal o melhor entendimento de aspectos funcionais, formais e estéticos, que podem servir como guias para o desenvolvimento de um projeto arquitetônico escolar. Além disso, a análise da implantação, acessos, programa e conexões internas e externas das escolas permitem a obtenção de uma melhor noção da realidade do cotidiano escolar e como todos esses elementos se relacionam entre si e com o método de ensino da instituição. A primeira escola estudada foi escolhida porque representa a realidade de um grande número de edificações escolares públicas brasileiras. São caracterizadas por terem sido construídas nos anos 1970 ou 1980, sofreram reformas e adequações ao longo desses anos e ainda não fornecem condições ideais para os alunos desenvolverem suas atividades escolares. No segundo estudo de caso foi analisada uma escola holandesa, pois seu projeto foi desenvolvido com base nos princípios do método de ensino Montessori. Portanto, as particularidades dessa edificação são melhores referenciais para este trabalho.

4.1 EEEFM CATHARINA CHEQUER

A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Catharina Chequer está localizada no bairro Novo México no município de Vila Velha. A unidade de ensino começou a funcionar em 1973 e se chamava EPG Novo México, no ano 1986 sofreu sua primeira reforma e o nome foi alterado para homenagear a professora de física, geografia e literatura, Catharina Chequer. A edificação escolar sofreu sua última reforma em 2011. A escola foi concebida para oferecer apenas turmas do Ensino Fundamental, porém, a demanda por escolas cresceu, devido ao aumento populacional e o déficit de unidades de ensino na região. Portanto, em 1990, foi construído o pavimento superior e a escola também passou a receber alunos para turmas do Ensino Médio.


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Figura 40 – Fachada da Escola Catharina Chequer

Fonte: Acervo da autora (2016).

O terreno em que a escola está implantada possui 2200m², ocupando uma quadra inteira, e com afastamentos mínimos nos lados leste e sul. A escola recebe um total de 1100 alunos, divididos nos turnos matutino, vespertino e noturno. A edificação possui 12 salas de aula, 1 Biblioteca, 1 Laboratório de Informática, 1 Laboratório de Química, 1 Sala de Recursos, 1 cantina, cozinha e área administrativa. Figura 41 – Planta baixa do pavimento térreo da escola

Fonte: Elaborado pela Autora (2016).


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Figura 42 – Planta baixa do pavimento superior da escola

Fonte: Elaborado pela autora (2016).

A escola funciona em um bloco único em formato “L”, que sofreu alterações e ampliações ao longo dos anos. O 1º pavimento possui dois setores de salas de aula separados e que não se conectam, tornando a movimentação de professores e funcionários administrativos mais complicada. A fachada possui forma simples e retilínea nas cores azul, amarela e vermelha (Fig. 43). As áreas permeáveis da escola são mínimas, possuindo apenas 2 árvores em todo o terreno, ou seja, não houve nenhuma preocupação com o projeto paisagístico da escola, criando uma ambiência desagradável para os alunos nos ambientes externos. Figura 43 – Pátio descoberto sem vegetação

Fonte: Acervo da autora (2016).


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O acesso principal da escola encontra-se na rua Alecrim e a entrada de alunos e funcionários acontece pela mesma. O hall de entrada possui área pequena para receber um grande número de pessoas nos horários de entrada e saída, além de se conectar a um corredor estreito e não a um pátio espaçoso, onde as crianças possam esperar o horário de entrada para as salas de aula. Os corredores da instituição são estreitos, com menos de dois metros de largura e não possuem abertura ou conexão visual com o

exterior, criando uma sensação de

enclausuramento. Também não há qualquer tipo de apropriação ou decoração desses espaços de circulação. Figura 44 – Entrada principal da escola e Corredor do 1º pavimento

Fonte: Acervo da autora (2016).

As salas de aula possuem áreas que variam de 30 a 48m²; são organizadas com uma cadeira atrás da outra e o mobiliário é padronizado, conformação característica do modelo tradicional (Fig.45). As aberturas das salas de aula e dos demais ambientes são altas e em alguns casos estreitas (Fig. 46), não possibilitando às crianças a visualização do exterior. A insolação em algumas salas de aula é muito grande, causando incomodo visual e aumento da temperatura dos ambientes. Para resolver esse problema, foram fixadas folhas de papel nos vidros da janela (Fig.45).


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Figura 45 – Esquadrias cobertas por Papel

Fonte: Acervo da autora (2016). Figura 46 – Janelas altas na Sala dos Pedagogos

Fonte: Acervo da autora (2016).

O pátio coberto é utilizado por alunos de todas as idades e também funciona como refeitório (Fig.47), mas não possui mesas suficientes para todos os alunos, então alguns precisam realizar suas refeições em pé. A quadra de esportes se encontra bem degradada devido à falta de manutenção (Fig.48), outro problema é a falta de cobertura, que impossibilita o uso da quadra em dias muito ensolarados.


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O pátio descoberto não possui nenhum tratamento paisagístico e nem atrativos para as crianças no horário de recreação (Fig. 49). Figura 47 – Pátio coberto

Figura 48 – Quadra de esportes

Fonte: Acervo da autora (2016). Figura 49 – Pátio descoberto

Fonte: Acervo da autora (2016).

A biblioteca não possui estrutura para receber um grande número de alunos e não oferece espaços de leitura agradáveis e diferenciados (Fig. 50). O laboratório de informática (Fig. 51) possui equipamentos novos fornecidos pelo Governo do Estado, porém é pouco utilizado devido à falta de internet. A sala de recursos é utilizada por um grupo de alunos que precisam de reforço escolar, e é o ambiente na escola que apresenta características lúdicas, com cartazes nas paredes e jogos e material didático expostos e a disposição do aluno.


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Figura 50 – Biblioteca da escola

Figura 51 – Laboratório de informática

Fonte: Acervo da autora (2016). Figura 52 – Sala de Recursos

Fonte: Acervo da autora (2016).

4.2 ESCOLA MONTESSORI WAALSDORP

A Escola Montessori Waalsdorp está localizada na cidade de Haia, a terceira mais populosa da Holanda. A construção da escola foi finalizada em 2014 e contempla uma área de 230m². A edificação foi projetada pelo escritório de arquitetura holandês De Zwarte Hond, em funcionamento desde 1985. A escola faz parte de um conjunto educacional, composto por 3 instituições de ensino, e está implantada na extremidade norte de um terreno triangular (Fig. 53). O


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bairro de Benoordenhout, onde a escola está localizada, apresenta uso predominantemente residencial, com edificações de até 3 pavimentos e áreas bem arborizadas. As ruas que circundam o terreno são estreitas e apresentam um fluxo baixo de veículos (ARCHDAILY, 2015). Figura 53 – Implantação da Escola Waalsdorp

Fonte: Brakkee (2015)

A escola oferece turmas da Educação Infantil e do primeiro ciclo do Ensino Fundamental, recebendo alunos de até 11 anos. A influência do Método Montessori nos ambientes é visível, foram criados ambientes amplos, com fácil acesso ao material didático e adequados a escala das crianças (ARCHDAILY, 2015). A instituição possui 12 salas de aula, que estão agrupadas em setores diferentes da edificação, pois são focados em diferentes faixas etárias. Cada conjunto de salas de aula possui entrada e espaços multifuncionais próprios (ARCHDAILY, 2015). No pavimento superior, as salas de diferentes faixas etárias estão separadas por uma quadra de esportes. A entrada principal dá acesso a um pátio, que também funciona como auditório, e a um conjunto de ambientes de apoio às salas de aula, como brinquedoteca, sala de estudos técnicos e refeitório (ARCHDAILY, 2015).


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Figura 54 – Planta baixa do pavimento térreo.

Fonte: Brakkee (2015). Figura 55 – Planta baixa do pavimento superior.

Fonte: Brakkee (2015).

Como resposta aos princípios pedagógicos montessorianos, a escola é toda integrada por uma “rua multifuncional” (Fig. 54 e 55), que funciona como um lugar de encontro e estudos para as crianças. É nesse grande corredor de socialização que estão armazenados e expostos os materiais didáticos, jogos e livros que estão à disposição dos alunos (ARCHDAILY, 2015). Existem três vazios que conectam visualmente os dois pavimentos. Os espaços coletivos de uso comum, como a quadra de esportes (Fig. 57), unificam os setores da escola. Além dos ambientes promoverem flexibilidade e diferentes arranjos espaciais (ARCHDAILY, 2015).


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Figuras 56 - Circulação multifuncional

Fonte: Brakkee (2015). Figura 57 – Quadra de esportes

Fonte: Brakkee (2015).

A edificação dialoga com as outras construções do entorno, devido à utilização de tijolos aparentes, material que é característico da região. Entretanto, ao mesmo tempo que se integra ao entorno devido à esta materialidade, se destaca devido a forma e tamanho da edificação (Fig. 58).


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Figura 58 – Fachada da Escola Waalsdorp

Fonte: Brakkee (2015).

Os muros da escola são baixos, não atingindo a altura de um metro, promovendo grande conexão da instituição de ensino com a comunidade. A escola possui uma ampla área de recreação fora da edificação, que são sombreadas por árvores tradicionais da região (Fig. 58) (ARCHDAILY, 2015). O projeto também fez uso do vidro para integrar os ambientes entre si e com o exterior (Fig. 59). Assim como a utilização da madeira para transmitir a sensação de aconchego nos espaços. A cartela de cores utilizada nos ambientes é composta por azul, roxo e cinza (ARCHDAILY, 2015). Figura 59 – Área de Recreação Externa

Fonte: Brakkee (2015).


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Figura 60 – Ambiente se conectam através do vidro

Fonte: Kampen (2015).

4.3 CONSIDERAÇÕES A RESPEITO DOS ESTUDOS DE CASO

Após a análise dos aspectos referentes a cada edificação, fica claro que as escolas se tornam reflexos dos princípios pedagógicos adotados. A Escola Catharina Chequer pode ser considerada um típico exemplo do modelo tradicional, que é o mais utilizado no Brasil. Percebeu-se que na concepção do projeto e nas alterações realizadas posteriormente, não houve preocupação em criar ambientes atraentes para as crianças. Todos os elementos são padronizados e alguns espaços não fornecem as melhores condições de utilização. Além disso, a escola não possui uma identidade ou características próprias que a diferenciam de outras edificações de ensino. Em contrapartida, a Escola Montessoriana Waalsdorp considerou a pedagogia alternativa como um condicionante do projeto desde o início da concepção. Portanto, é visível que existiu a preocupação de que os ambientes projetados forneceriam os elementos necessários para a realização das atividades propostas no currículo da escola. A situação socioeconômica das regiões em que as escolas estão inseridas é muito divergente. No Brasil, o investimento no desenvolvimento do projeto e em estudos e


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pesquisas relacionados à arquitetura escolar é muito baixo e os recursos para manutenção são escassos. Além disso, outro fator agravante é que as empresas que projetam e constroem as edificações escolares são escolhidas por meio de licitações, nas quais o critério de menor preço prevalece sobre o de qualidade espacial ou adequação pedagógica. Também existe a falta de interesse dos governantes para colocar em prática uma reforma educacional que proponha a utilização de métodos de ensino diferenciados. Na Holanda, país onde a Escola Montessori Waalsdorp está localizada, os investimentos na educação são abundantes e é comum a prática de projetar o ambiente escolar de forma diferenciada e não tradicional.

Quadro 2: Comparativo entre os Estudos de Caso

Fonte: Elaborado pela Autora (2016).


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5 PROGRAMA DE NECESSIDADES

O Ensino Fundamental é a segunda fase da Educação Básica Obrigatória no Brasil. Compreende um período de nove anos letivos e atende alunos de seis a quatorze anos de idade. A carga horária mínima anual é de 800 horas, divididas em no mínimo 200 dias. Portanto, uma edificação escolar deve possuir ambientes adequados para a realização das atividades previstas nas Diretrizes Curriculares Nacionais. A responsabilidade da oferta de escolas com classes de Ensino Fundamental é das Prefeituras Municipais. (MEC, 2013) O programa de necessidades define os ambientes necessários para a realização das atividades escolares essenciais separados por setor, analisando os princípios norteadores do método de ensino Montessori, que consideram as necessidades intelectuais, artísticas, esportivas e psicossociais das crianças. O programa estabelecido se diferencia do tradicional, pois contempla ambientes que influenciam o desenvolvimento emocional, físico, social e criativo dos alunos, além da estrutura básica proposta pela Administração Pública Municipal. A definição do programa e do pré-dimensionamento baseou-se no Catálogo de Ambientes da Fundação de Desenvolvimento da Educação, no Código de Edificações de Vila Velha e no programa utilizado pela Prefeitura Municipal de Vila Velha em seus projetos arquitetônicos escolares para o desenvolvimento do projeto de uma escola para cerca de 200 alunos. Quadro 3 - Setor Administrativo AMBIENTE QUANTIDADE Diretoria 1 Coordenação 1 Sala do Pedagogo 1 Recepção 1 Secretaria 1 Arquivo 1 Almoxarifado 1 Sala dos Professores 1 Sanitário Funcionários 2 Copa 1 Sala de Reunião 1 Estar Funcionários 1 Depósito Material Didático 1 Grêmio Estudantil 1 TOTAL Fonte: Adaptado pela Autora (2016).

ÁREA MÍNIMA 10,00m² 10,00m² 10,00m² 20,00m² 30,00m² 10,00m² 15,00m² 30,00m² 25,00m² 8,00m² 15,00m² 15,00m² 10,00m² 10,00m² 218,00m²


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Quadro 4 - Setor Pedagógico AMBIENTE QUANTIDADE Sala de aula (20 alunos) 9 Apoio 1 Sanitários 6 Sala de Artes 1 Sala de Música 1 Laboratório de Informática 1 Laboratório de Ciências 1 Biblioteca 1 TOTAL Fonte: Adaptado pela Autora (2016).

ÁREA MÍNIMA 360,00m² 15,00m² 75,00m² 50,00m² 50,00m² 50,00m² 50,00m² 100,00m² 750,00m²

Quadro 5 - Setor Vivência AMBIENTE QUANTIDADE Auditório 1 Refeitório 1 Pátio Coberto 1 Quadra Coberta 1 Playground 1 Depósito Material Esportivo 1 Horta 1 Vestiário 2 TOTAL Fonte: Adaptado pela Autora (2016).

ÁREA MÍNIMA 150,00m² 180,00m² 180,00m² 700,00m² 70,00m² 15,00m² 30,00m² 50,00m² 1.375,00m²

Quadro 6- Setor Serviço/Apoio AMBIENTE QUANTIDADE Área de Serviço 1 Depósito de Material de Limpeza 1 Depósito Material de Jardinagem 1 Depósito de Móveis 1 Vestiários 2 Copa 1 Despensa 1 Cozinha 1 Estacionamento Funcionários 1 Bicicletário 1 TOTAL Fonte: Adaptado pela Autora (2016).

ÁREA MÍNIMA 15,00m² 15,00m² 15,00m² 25,00m² 25,00m² 8,00m² 15,00m² 30,00m² 125,00m² 30,00m² 303,00m²

Quadro 7 - Dimensionamento Geral SETOR ÁREA ADMINISTRATIVO PEDAGÓGICO VIVÊNCIA SERVIÇO/APOIO TOTAL Fonte: Adaptado pela Autora (2016).

218,00m² 750,00m² 1.375,00m² 303,00m² 2.646,00m²


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6 DIAGNÓSTICO DO TERRENO

A Secretaria de Educação de Vila Velha possui uma lista de terrenos públicos destinados a implantação de Unidades de Ensino Municipais. O terreno selecionado para o desenvolvimento do projeto está entre os listados pela Prefeitura e foi escolhido por estar localizado em uma região com déficit de vagas para alunos de Ensino Fundamental, e por contemplar todos os requisitos estabelecidos pelo FNDE para a construção de uma escola. O terreno está localizado no bairro Barramares, na Região Administrativa V, ao sul do município de Vila Velha. Possui forma retangular e limita-se pelas Avenidas Califórnia, Presidente Kennedy e Presidente Getúlio Vargas. A topografia é plana e compreende uma área total de 7.300,00m². Figura 61 - Localização do Terreno

Fonte: Elaborado pela autora (2016).


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6.1 CONTEXTO SOCIAL E ECONÔMICO

Barramares é um bairro predominantemente residencial e possui uma população de 12.405 habitantes. É caracterizado por possuir uma população carente, com renda média por família de R$706,79. Além disto, possui a segunda maior taxa de analfabetização do Município: 9,6%. O bairro faz parte de uma região conhecida como “Grande Terra Vermelha”, com altos índices de violência e tráfico de drogas (VILA VELHA, 2013). Figura 62 – Vista Panorâmica do Terreno

Fonte: Acervo da autora (2016).

A via de maior fluxo é a Avenida Califórnia, que é um eixo estruturante do bairro e o principal acesso a região e ao terreno por se conectar a Rodovia do Sol. Grande parte da população realiza seus deslocamentos a pé ou de bicicleta, apesar da inadequação das calçadas no quesito acessibilidade, e da inexistência de ciclovias e ciclo faixas na região. A criminalidade pode ser identificada como uma barreira local, por criar uma atmosfera insegura no entorno da área de implantação.


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Figura 63 – Av. Califórnia

Figura 64 – Av. Presidente Kennedy

Fonte: Acervo da autora (2016).

O uso residencial é predominante no local; porém, podem ser encontradas algumas edificações de uso comercial de caráter local, igrejas caracterizando o uso institucional e muitos vazios urbanos. A Unidade Municipal de Ensino Infantil (UMEI) Sarah Victalino Gueiros e a Unidade de Saúde da Família estão localizados na mesma quadra do terreno onde será desenvolvido o projeto. No terreno existe um campo de futebol e uma pequena construção com vestiários, que são utilizados pelos moradores do bairro, principalmente nos finais de semana. Porém todo o terreno é destinado para a construção de uma edificação escolar pela Prefeitura de Vila Velha, portanto estes equipamentos serão retirados para o desenvolvimento do projeto. Devido à inexistência de praças ou outras áreas de lazer no bairro, os espaços recreativos e esportivos desenvolvidos no projeto (quadra poliesportiva, brinquedoteca, playground e horta comunitária) poderão ser utilizados pela população em horários opostos aos de aula. Figura 65 – UMEI Sarah Victalino

Fonte: Acervo da autora (2016).

Figura 66 – Unidade de Saúde


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As edificações do entorno do terreno possuem gabaritos baixos: 1 a 2 pavimentos predominantemente. Apresentam arquitetura simples, com blocos cerâmicos aparentes, muitas vezes sem acabamento ou revestimento. O valor da terra no bairro é baixo comparado a outros bairros de Vila Velha que possuem melhor infraestrutura. Enquanto, a média do custo do m² em Barramares é de R$250,00, o da Praia da Costa é de R$5.000,00. (VILA VELHA, 2013) Figura 67 – Edificações do entorno

Fonte: Acervo da autora (2016). Figura 68 – Construção e campo de futebol Existentes no terreno

Fonte: Acervo da autora (2016).


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6.2 CONTEXTO AMBIENTAL

O terreno recebe insolação em toda sua superfície, por não possuir edificações altas no entorno próximo que criem sombreamento. As fachadas norte e oeste devem ser tratadas com elementos de proteção solar para criar boas condições de conforto para os alunos. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o clima da região é o tropical quente super-úmido, com temperatura média anual de 27ºC e média anual de pluviosidade de 1500 a 3000 mm/ano. Os ventos predominantes são provenientes da direção Nordeste. A topografia do terreno é plana e a vegetação é rasteira, sendo desnecessário a realização de movimentações de terra para adequação do terreno. Como fontes de ruídos, podem ser destacados o fluxo de carros da Avenida Califórnia, os alunos da UMEI Sarah Victalino e o som alto de dois bares localizados próximo ao terreno. Os detritos acumulados, pela própria população, nos diversos terrenos vazios existentes, são fonte de odores nas proximidades da área de implantação do projeto. A região sofre alagamentos em períodos de chuvas muito fortes. Figura 69 – Topografia plana do terreno.

Fonte: Acervo da autora (2016).

Figura 70 – Vista do terreno a partir da Av. Califórnia


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6.3 CONTEXTO URBANO E LEGAL

De acordo com o Plano Diretor Municipal de Vila Velha, o terreno está localizado na Zona de Especial Interesse Social (ZEIS) – Terra Vermelha. Entre os objetivos da ZEIS destaca-se a viabilização do acesso à terra urbanizada e habitação digna para a população de menor renda e proporcionar melhor qualidade de vida para a população carente a partir da implantação de infraestrutura urbana. A escola de ensino fundamental é classificada como atividade de grau de impacto II, sendo compatível com a zona em que o terreno se encontra. Os índices urbanísticos estabelecidos para a região devem ser obedecidos, para que haja correto uso e ocupação da área de implantação.

ZONAS ZEIS – TERRA VERMELHA

Quadro 8 – ÍNDICES URBANÍSTICOS Coeficiente de Aproveitamento Afastamento Altura Máxima Gabarito Mínimo Básico Máximo Frontal -

1,5

-

3,00m

-

-

Taxa de Ocupação

Taxa de Permeabilidade

70%

15%

Fonte: Adaptado com base no Plano Diretor de Vila Velha pela autora (2016).

Das três vias que circundam o terreno, apenas a Avenida Califórnia é asfaltada. As Avenidas Presidente Kennedy e Presidente Getúlio Vargas não são pavimentadas e nem possuem calçadas, instituindo uma barreira para a circulação de pessoas e bicicletas de forma segura. A única linha de ônibus do sistema Transcol que passa próximo ao terreno é a 617, com saída do Terminal de Itaparica, passando pela Avenida Califórnia com destino ao bairro João Goulart. O tráfego de carros é tranquilo, podendo aumentar nos horários de pico e saída dos alunos da creche. O bairro é dotado de infraestrutura básica, sendo prestados serviços como distribuição de água, sistema de esgoto, iluminação pública, telefonia e coleta de lixo.


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Figura 71 – Diagnóstico do Terreno

Fonte: Elaborado pela autora (2016).


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7 PROJETO

O objetivo desta proposta é desenvolver um projeto para uma Unidade Municipal de Ensino Montessori na cidade de Vila Velha. A Escola de Ensino Fundamental segue os fundamentos da pedagogia Montessori, deve funcionar nos períodos da manhã e tarde e atender 210 alunos de 6 a 14 anos, divididos em 9 turmas por turno. As informações necessárias para o desenvolvimento deste projeto, foram estabelecidas previamente na revisão bibliográfica.

7.1 CONCEITO E PARTIDO As experiências vividas na escola possuem grande contribuição no desenvolvimento de crianças e adolescentes, sendo capaz de modelar a forma com que os alunos se relacionam com o mundo e com outras pessoas. A formação de crianças preparadas para lidar com situações e problemas reais fora da escola depende de fatores diversos. A arquitetura pode ser citada como um elemento que é capaz de criar uma vivência escolar positiva, por meio de ambientes preparados para receber os usuários de forma segura, agradável e prazerosa. Sendo assim, esta proposta projetual buscou desenvolver uma edificação escolar pública que se difere da estrutura tradicional vigente no Brasil, sendo reflexo dos fundamentos do método de ensino Montessori e fornecendo as ferramentas necessárias para que os alunos sejam os protagonistas do próprio aprendizado. Portanto, o principal objetivo do projeto é a criação de espaços diferenciados e sem elementos padronizados, para que as crianças sejam estimuladas e instigadas a buscar o conhecimento, a explorar a imaginação e a criatividade, a partir da ludicidade dos ambientes. Outro ponto norteador importante para o presente projeto é a integração da escola com a comunidade. Por isso, o complexo escolar não possui apenas a função de abrigar as atividades realizadas pelos alunos, funcionando também como um espaço de uso público em dias e horários em que não acontecem aulas, com objetivo de criar um entorno seguro a partir do uso e da apropriação do espaço, criando assim uma sensação de pertencimento, além de contribuir para a preservação da estrutura


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física da escola e incentivar a maior participação da família na trajetória escolar das crianças. A partir da análise dos fundamentos da pedagogia Montessori, das condicionantes do terreno e entorno, do programa de necessidades e das diretrizes projetuais, o partido arquitetônico adotado foi “Escola: lugar de encontro”. Sendo assim, o projeto deve criar ambientes que proporcionam o encontro do aluno com o conhecimento, com a comunidade e com a imaginação. Além disso, a edificação deve possuir grande conexão com ambientes externos, permeabilidade visual e espacial entre os setores e mobiliário que estimule encontros informais e para evitar a sensação de confinamento, permanência dos alunos nos espaços de circulação e respeito a escala da criança. As condicionantes do projeto foram traduzidas por meio de linhas retas e prismas quadrangulares na volumetria e no paisagismo, além da criação de ambientes de encontro e socialização que transcendem a sala de aula, porém também estimulam o aprendizado. Com base no material didático desenvolvido por Maria Montessori (Fig. 72), foi desenvolvido um símbolo que representa a identidade da escola. Tal símbolo (Fig.73) é composto por 8 círculos com a cartela de cores utilizada no projeto. Figura 72 – Material didático Montessori.

Fonte: Lar Montessori (2013). Figura 73 – Símbolo da Unidade Municipal de Ensino Montessori.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).


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7.2 SETORIZAÇÃO E IMPLANTAÇÃO No desenvolvimento do diagrama de bolhas definiu-se a localização ideal de cada setor, os diferentes acessos, fluxos e integração entre setores e conexão com os ambientes exteriores (Fig. 74 e 75). Tal estudo foi elaborado com base na análise do terreno e entorno, focando na incidência solar, direção do vento predominante e intensidade do fluxo de pessoas e veículos nas vias.

Figura 74 – Diagrama de Bolhas – Pavimento Térreo

Fonte: Elaborado pela autora (2016).


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Figura 75 – Diagrama de Bolhas – Primeiro Pavimento

Fonte: Elaborado pela autora (2016).

Os acessos foram localizados nas vias de menor fluxo de veículos, para proporcionar maior segurança para os alunos e evitar a criação de um maior fluxo de veículos em uma rua já movimentada. Portanto, o acesso principal de pedestres e o acesso de ciclistas e da comunidade ficou localizado na Avenida Presidente Getúlio Vargas. E a via de acesso ao estacionamento e a área de carga e descarga acontece na Avenida Presidente Kennedy. Com base na orientação solar do terreno e nos critérios do conforto ambiental, o setor pedagógico foi implantado na porção leste da área de implantação, para que as salas de aula, ambientes com maior tempo de permanência das crianças,


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recebam a incidência do sol da manhã, evitando o grande aquecimento desses espaços. Essa localização também teve o objetivo de gerar uma conexão visual entre as salas de aula e as áreas externas arborizadas. O setor de vivência foi pensado próximo ao acesso principal, por possuir grande pátio e área de estar para receber os alunos. Para que não aconteça conflitos entre os fluxos de alunos e mercadorias, o setor de serviço ficou voltado para a direção oeste, próximo à área de carga e descarga. Assim como, o setor administrativo, localizado mais próximo ao acesso principal, para facilitar o atendimento ao público externo, além de proporcionar maior controle e supervisão da entrada e saída das crianças. Ao pensar no conforto e bem-estar dos alunos nos períodos de recreação e realização de atividades esportivas, o playground e a quadra poliesportiva ficaram localizadas na parte leste do terreno, onde a incidência solar é mais fraca. Essa localização também é ideal devido à proximidade dessas áreas ao acesso da comunidade, evitando assim grandes percursos dos usuários da parte pública da escola em ambientes restritos da mesma. Os principais setores da escola serão integrados por um pátio central, utilizado para circulação horizontal e vertical dos usuários da escola, além de ser o principal espaço de encontro e socialização do projeto, por se conectar a todos os setores. Na parte sul da área de implantação, onde está localizado o acesso principal voltado para a Avenida Presidente Vargas, pensou-se na implantação de uma praça linear, cortando todo o terreno, sendo o espaço de encontro entre a comunidade e a escola, assim como uma área de espera bem arborizada e confortável para os pais nos horários de saída e entrada das crianças. Os setores pedagógicos e de vivência também acontecem no pavimento superior (Fig. 75), voltadas para a direção leste e sul, respectivamente. A implantação final (Fig. 76) seguiu a setorização definida anteriormente no diagrama de bolhas, ocorrendo pequenas alterações. Uma parte do setor de vivência foi transferido para os fundos do terreno, para que houvesse a conexão do refeitório com a cozinha. No setor de serviço, foram adicionados ambientes de apoio logístico nos fundos do terreno, além de uma horta que será utilizada pelos professores e alunos para fins educativos. Na área de esportes e recreação, foi pensada uma área de estar conectada a entrada da quadra poliesportiva e ao playground. A edificação principal foi elevada a 85 centímetros em relação ao nível


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da calçada, devido aos alagamentos que acontecem na região durante o período de fortes chuvas. No pavimento superior (Fig. 77) ficaram localizadas as demais salas de aula, laboratórios de informática e ciências, salas de música e artes, além da biblioteca. Figura 76 – Implantação com planta baixa pavimento Térreo

Fonte: Elaborado pela autora (2016).


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Figura 77 – Planta Baixa – Primeiro Pavimento

Fonte: Elaborado pela autora (2016).

7.3 VOLUMETRIA A composição da volumetria foi formada por volumes retangulares, marcados pela adição e subtração de formas, criando maior movimentação e dinamismo na fachada. Para completar o conjunto, foi utilizada uma grande cobertura que integra os dois blocos principais e se projeta sobre a praça e entrada principal. O acabamento da fachada (Fig. 78) se caracteriza pelo uso do concreto aparente, utilização das cores que representam a Prefeitura Municipal de Vila Velha, vermelho, azul e branco. Além da utilização de brises de alumínio, para proteger as aberturas voltadas da fachada oeste, que são alvos de forte incidência solar no período da tarde.


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Figura 78 – Fachada Principal

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

7.4 SETORES 7.4.1 Setor Vivência A entrada principal (Fig. 79) da escola se conecta diretamente ao amplo pátio coberto (Fig.80), com função de receber alunos, funcionários e pais de forma confortável nos horários de entrada e saída. Além de ser um ambiente de convívio, funciona também como um espaço de espera para os usuários do auditório (Fig.81), além de ser um grande espaço de circulação entre os diversos setores escolares. O auditório utilizado tanto pelos alunos quanto pela comunidade se encontra próximo as duas entradas do complexo escolar, evitando o fluxo do público em áreas reservadas da escola. Figura 79 – Entrada Principal da Escola.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).


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Figura 80 – Pátio coberto conectado com a entrada da escola.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

Figura 81 – Entrada do auditório

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

O setor vivência se estende até os fundos da edificação, passando pelo pátio central (Fig.82), chega-se ao segundo pátio coberto (Fig. 83), que deve ser mais utilizado pelos alunos nos horários de intervalo, pois se conecta ao refeitório. Nesse pátio, além de ser um espaço de convívio, foi proposta uma mini galeria, onde serão expostos os trabalhos e atividades desenvolvidos pelas turmas. Seguindo as diretrizes da pedagogia Montessori, no refeitório (Fig. 84) foram criadas ambiências diversas a partir da utilização de diferentes tipos de mobiliário, para que o aluno possa escolher entre uma experiência mais formal, informal, com um grupo maior de pessoas ou individualmente. No segundo pavimento, o setor vivência consiste em


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áreas de convívio para os alunos, próximo as entradas das salas de aula e da biblioteca.

Figura 82 – Pátio Central.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

Figura 83 – Pátio coberto e entrada do Refeitório.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).


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Figura 84 – Refeitório.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

O playground (Fig. 85) foi cercado por jardins e árvores para que as crianças possam brincar de forma confortável na sombra. Foi utilizado um piso emborrachado próprio para áreas externas de cores variadas. Os equipamentos utilizados proporcionam desenvolvimentos do caráter social e colaborativo, desafios físicos e melhora da coordenação motora, pois as crianças escalam, pulam, correm e se equilibram. Além disso, permitem que as mesmas também sejam estimuladas sensorialmente, pois os equipamentos possuem cores e texturas diferenciadas, emitem barulhos, influenciando os diversos sentidos. Também foram utilizadas brincadeiras tradicionais brasileiras como amarelinha e caracol. Foi criada uma área de estar (Fig. 86) integrado ao playground e a entrada da quadra poliesportiva, para ser utilizada pelos alunos nos horários de intervalo e também pela comunidade.


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Figura 85 – Playground.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

Figura 86 – Área de estar no espaço recreativo da escola.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

7.4.1 Setor Administrativo A administração da escola funciona próximo à entrada principal, para que haja maior facilidade e eficiência no atendimento ao público externo. A localização da secretaria proporciona uma ampla visualização das pessoas que entram na escola e dos alunos que se encontram no pátio, contribuindo para a garantia da vigilância e


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segurança da edificação. As salas do diretor, coordenador e pedagogo foram localizadas próximas ao acesso do setor, para que o fluxo de visitantes externos que são recebidos nos respectivos ambientes não se estenda por grandes percursos dentro da escola. O projeto não foi desenvolvido com foco apenas no aluno, o objetivo é criar experiências positivas para todos os usuários. Sendo assim, foi proposta uma ampla sala dos professores, além da copa e da área de estar para que os funcionários possam utilizar em horários de intervalo. Esses ambientes possuem saída direta para o pátio central, para que o uso do mesmo seja incentivado. A preparação da criança para as situações vividas no cotidiano fora da escola é um dos pilares importantes da pedagogia Montessori. Pensando nesse aspecto, foi proposto um espaço para que funcione a sede do Grêmio Estudantil, para que representantes de diferentes idades e turmas possam se organizar e defender as ideias e interesses dos alunos. Este espaço também está conectado diretamente a uma área de estar no pátio central.

7.4.2 Setor Pedagógico Este setor é formado pelos ambientes de estudo preparados, que foram pensados com base nos requisitos necessários para o desenvolvimento da pedagogia Montessori. Portanto, o formato irregular das salas de aula (Fig. 87) possui o objetivo de criar diferentes recintos dentro de um mesmo ambiente, pois em cada área da sala de aula são realizadas atividades diferentes. Como as turmas são formadas por alunos de idades variadas, foi utilizado mobiliário de dimensões diferenciadas e adequadas para cada faixa etária. A integração das salas de aula com o exterior é um ponto importante do projeto, então as salas foram conectadas diretamente a terraços para que os alunos também tenham a opção de desenvolver suas atividades fora da sala de aula, porém com supervisão direta da professora. As salas de aula também foram interligadas aos ambientes de circulação (Fig. 88 e 89) por meio de grandes esquadrias, para diminuir a sensação de enclausuramento e promover a transparência entre os diversos espaços escolares.


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Figura 87 – Sala de aula.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

Figura 88 – Entrada das salas de aula com área de estar dos alunos.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

Figura 89 – Circulação do Setor Pedagógico conectada ao pátio central.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).


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Completando o setor pedagógico, a biblioteca e os laboratórios estão localizados no pavimento superior. Estes ambientes são responsáveis pelo aprendizado de forma mais prática e especializada em determinadas matérias, estão conectados por uma área de estar para os alunos.

7.4.3 Setor Serviço/Apoio O setor serviço/apoio é essencial para o funcionamento da escola, a entrada do mesmo está localizada no pátio de serviço que está integrado com a área de carga e descarga (Fig. 90). Os ambientes mais próximos ao acesso são os vestiários dos funcionários e a sala de triagem de produtos. A localização da cozinha foi determinada pela necessidade da conexão direta com o refeitório e com a despensa de alimentos. Neste setor também se encontra o Depósito de Material de Limpeza e a Lavanderia, que possui uma ligação direta com a plataforma de serviço. O setor possui acesso direto a três diferentes áreas da escola, o setor administrativo, o refeitório e o pátio central, para que a circulação de funcionários aconteça de forma mais rápida e eficiente. No exterior do principal da escola, nos fundos do terreno estão localizados alguns ambientes de apoio como Depósito de Lixo, Central de Gás, Depósitos de Móveis e Equipamentos de Jardinagem. Figura 90 – Acesso Serviço e Carga e Descarga.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).


94

Figura 91 – Fachada Oeste.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).

7.5 PAISAGISMO A definição do paisagismo sofreu grande influência do partido arquitetônico, a área externa da escola deveria incentivar o encontro das pessoas (Fig.92). Portanto, na praça linear e nas áreas de recreação dos alunos, o desenho dos canteiros foi pensado de forma a definir diferentes recintos a partir de linhas retas e diagonais. Para criar áreas sombreadas e confortáveis para os usuários foram distribuídas muitas árvores por todo o projeto, principalmente nas áreas de permanência e com incidência solar no período da tarde. A pavimentação da praça linear possui um padrão definido por linhas retas com 2 tonalidades diferente de piso intertravado. Esse padrão foi repetido na pavimentação do playground (Fig. 91) e do pátio central da escola, porém de forma colorida para deixar tais ambientes mais divertidos e descontraídos.


95

Figura 92 – Área de Permanência na praça de acesso.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016). Figura 93 – Vista superior da área de recreação.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).


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7.6 ACESSO A COMUNIDADE A integração da escola com a comunidade é uma diretriz importante para o projeto. Portanto foi proposta a praça linear na frente da edificação, pois o bairro Barramares não possui nenhum espaço desse tipo para a população usufruir. A implantação deste espaço também traz benefícios para a escola, como a criação de uma área de espera para os pais e contribui para a segurança do equipamento público, devido a permanência de pessoas em diferentes horários. Além disso, algumas dependências do complexo escolar serão abertas ao público em horários em que não estejam sendo realizadas as aulas. Estes ambientes são o playground, a quadra poliesportiva e o auditório. Foram previstos acessos exclusivos da comunidade (Fig.92), para que as demais áreas sejam preservadas e não sofram alguma interferência ou vandalismo.

Figura 94 – Entrada da Comunidade.

Fonte: Desenvolvido pela autora (2016).


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7.7 COBERTURA De acordo com a definição da volumetria da edificação, o telhado não deveria ser aparente. Por isso, para que o mesmo ficasse embutido e sem interferência na fachada, foram usadas platibandas e a telha metálica trapezoidal com 5% de inclinação. Para proteger a entrada principal e o pátio de entrada foi proposta uma grande laje que se estende até o início do pátio central, fazendo parte da composição da volumetria. Para que a distribuição de água aconteça de forma mais eficiente, a caixa d’água foi locada em um ponto central entre as áreas molhadas e próximo a caixa de escada devido a questões estruturais do edifício e para facilitar o acesso para manutenção. 7.8 CORTES Os cortes transversais e longitudinais foram desenvolvidos para o melhor entendimento de alguns detalhes importantes do projeto como circulações verticais e áreas molhadas. E para facilitar a visualização da edificação no sentido vertical e dos diferentes níveis do projeto. Figura 95 – Cortes da Edificação.

Fonte: Elaborado pela autora (2016).


98


99

8 CONCLUSÃO

A educação possui importante papel no desenvolvimento socioeconômico do cidadão, pode melhorar a qualidade de vida e bem-estar, além de contribuir para uma sociedade mais justa. Entretanto, foi comprovado por meio de testes e avaliações que o aluno não possui domínio de conhecimentos básicos ministrados na sala de aula. Essa realidade, pode ser um reflexo do Sistema de Educação Básica Pública Brasileira, que segue um modelo estagnado e rígido, originado no século XVI. O processo de aprendizagem é muito influenciado pelo espaço físico escolar, pois é onde as atividades são realizadas durante longos períodos todos os dias, e pode comprometer a concentração e desempenho dos alunos. Porém, em muitas escolas, os ambientes não são apropriados para a realização de atividades, devido as inadequações dos requisitos de conforto ambiental, padronização dos espaços de estudo e por não estimularem o aprendizado, afetando a produtividade dos alunos. Os métodos de ensino alternativos surgiram a partir da tentativa de criar dinâmicas escolares diferenciadas, mais centradas no aluno e não integrados apenas com o material didático, mas com a arquitetura, a natureza e a comunidade que circunda a escola. Portanto, o desenvolvimento do programa de necessidades buscou alinhar as necessidades físicas, organizacionais e espaciais da escola aos princípios estabelecidos por Montessori, não focados apenas no desenvolvimento intelectual do aluno, assim como no social, criativo e físico. A integração da escola com a comunidade em que está inserida, é um dos princípios defendidos pela pedagogia Montessori. E aborda desde a preparação da criança para o convívio comunitário e social até a preocupação com as necessidades e condicionantes do entorno, que podem afetar a dinâmica escolar. Portanto, a escolha da área de implantação do projeto, buscou uma região em que existe a necessidade de construção de novas escolas, em que a realidade socioeconômica é


100

carente em relação a outros bairros do Município de Vila Velha e que geralmente não são alvos de investimento provenientes da Esfera Pública. Deste modo, a partir do desenvolvimento do presente estudo é possível concluir que a qualidade arquitetônica dos ambientes interfere no comportamento dos alunos e demais usuários da escola, sendo importante pensar modelos que se diferenciam do padrão estabelecido e com maior relação com os princípios pedagógicos propostos. Portanto, o projeto da Unidade Municipal de Ensino Montessori buscou romper com a estrutura tradicional, criar ambientes que estimulam o desenvolvimento das habilidades das crianças de forma segura, confortável e autônoma, propor uma atmosfera escolar diferenciada em que o aluno sinta prazer em estudar e passar o tempo na escola e criar uma ligação com a comunidade, para que esta também seja um suporte para a criança. Estes objetivos foram alcançados a partir da utilização de cores, mobiliário adequado a escala do aluno, criação de áreas de encontro e descontração, além da grande integração com jardins e ambientes externos. Contudo, novas possibilidades devem ser exploradas com objetivo de criar indivíduos mais preparados e qualificados após o período de estudo, e para criar experiências escolares cada vez mais agradáveis e divertidas para os alunos.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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106


192

1800

73

1140

100

AV. CALIFÓRNIA

AV. PRES. KENNEDY

193

300

300

QUADRA POLIESPORTIVA

1200

1990

660

2435

300

BLOCO PRINCIPAL

4500

AV. CALIFÓRNIA

1010

2435

3100

940

194B

SERVIÇO

1010

180

1090

3165

179

3770

1615

178

400

5860

177

AV. PRES. KENNEDY

176

1400

1210

300

485

N

194A

AV. PRES. GETÚLIO VARGAS

PLANTA DE LOCALIZAÇÃO 1/1000

ÁREA=7.300m²

ÍNDICES URBANÍSTICOS - ZEIS TERRA VERMELHA 206 AV. PRES. GETÚLIO VARGAS

207

208

ÁREA DO TERRENO: 7.300,00m² ÁREA CONSTRUÍDA: 1.341,00m² ÍNDICE PERMITIDO ALCANÇADO C.A. 1,5 10.950,00m² 0,73 5.331,38m² T.O. 70% 5.110,00m² 42,53% 3.104,78m² T.P. 15% 1.095,00m² 15,61% 1.139,83m² GABARITO 2 PAVIMENTOS QUADRO DE ÁREAS

PLANTA DE SITUAÇÃO 1/1250

TÉRREO 1º PAVIMENTO TOTAL:

3.104,78m² 2.226,60m² 5.331,38m²

UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO MONTESSORI LOCAL

AV. CALIFÓRNIA, BARRAMARES, VILA VELHA -ES

TÍTULO

PROJETO ARQUITETÔNICO - ESTUDO PRELIMINAR PLANTA DE SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO

AUTORA BRUNA RIBEIRO SIQUEIRA

DATA 18/11/2016 ESCALA 1/250 PRANCHA:

01/05


N

B

LIXO 12,30m²

GÁS 12,30m²

SOBE

SÍMBOLO

PROJ. PAV. SUPERIOR

CASA DE BOMBAS 14,35m²

DEP. MATERIAL DE JARDINAGEM 18,90m²

DEPÓSITO DE MÓVEIS 20,70m²

TABELA DE VEGETAÇÃO i=8.33%

SOBE

BEBEDOURO

09 0807 0605 0403 02 01

NOME CIENTÍFICO

PORTE

PALMEIRA IMPERIAL

Roystonea Oleracea

GRANDE

IPÊ-BRANCO

Tabebuia roseoalba

GRANDE

JASMIM-CAFÉ

Tabernaemontana divaricata

MÉDIO

Curculigo capitulata

PEQUENO

NOME POPULAR

10 111213 1415 161718

1.00

PÁTIO COBERTO 245,70m²

0.15

05040302 01

1.00

PROJ. COBERTURA

RESERVATÓRIO INFERIOR 12.600L H=8.30m

PROJ. PAV. SUPERIOR

PROJ. COBERTURA

REFEITÓRIO 148,80m² BEBEDOURO

PROJ. COBERTURA

SOBE

VESTIÁRIO P.N.E. 8,35m²

DEP. MATERIAL ESPORTIVO 8,70m²

HORTA 97,10m²

PROJ. PAV. SUPERIOR

SOBE

0.15

VESTIÁRIO 25,28m²

CAPIM-PALMEIRA VESTIÁRIO 25,28m²

LAVANDERIA 9,95m² BEBEDOURO BEBEDOURO

2.57

DML 10,45m²

PÁTIO DE SERVIÇOS

QUADRA POLIESPORTIVA 862,40m²

COZINHA 43,45m²

GRAMA-ESMERALDA

0.15

0.15

Zoysia japonica

FORRAÇÃO

TERRAÇO 29,10m² SALA DE AULA 81,70m²

i=8.33%

DESPENSA 16,25m²

i=8.33%

1.00

TRIAGEM 6,95m²

SOBE

0102030405

TABELA DE PAVIMENTAÇÃO

1.00 1.00 SALA DE AULA 74,40m²

PÁTIO CENTRAL 381,70m² VESTIÁRIO 16,40m²

0.95

VESTIÁRIO 15,95m²

TERRAÇO 27,35m²

PISO INTERTRAVADO DE CONCRETO RETANGULAR CINZA

ESTAR ALUNOS 32,20m²

AV. PRES. KENNEDY

PISO INTERTRAVADO DE CONCRETO RETANGULAR GRAFITE 06

BANH 9,55m²

CLÁUDIA

GRÊMIO 10,65m²

i=8.33%

i=8.33%

05

0.15

O AE

CASA

CONSTRUÇÃ ARQUITETUR

VEJA

AV. CALIFÓRNIA

SALA DE AULA 71,90m²

PROJ. COBERTURA

TERRAÇO 29,00m²

0.15

CONCRETO MOLDADO IN LOCO 0.00

ESTAR FUNCIONÁRIOS 13,15m²

0.00

COPA 12,95m²

PISO EMBORRACHADO FLEXOR 40

0.15

SOBE

BANH 9,55m²

ESTAR ALUNOS 13,50m²

0.15

0.15

ARQUIVO 10,65m²

PROJ. PAV. SUPERIOR 0.85 MATERIAL DIDÁTICO 10,30m²

DIRETORIA 19,75m²

A

0.15

SECRETARIA 23,30m²

1.00

i=8.33%

i=8.33% 05 04 03 02 01

SOBE

0.15

BICICLETÁRIO 31,90m²

PLAYGROUND 227,10m²

MALLA ELASTICA.

AUDITÓRIO 156 PESSOAS 204,85m²

1.00

1.00

N.P.T.=+.60

PÁTIO COBERTO 174,65m²

1.00

i=8.33%

Tubo de Fierro Ø 1"

COORDENAÇÃO 10,95m²

0.40

i=8.33%

SALA PROFESSORES 29,65m²

PUENTE.

01

PISO PODOTÁTIL DIRECIONAL VERMELHO - 20x20cm

ALMOXARIFADO 9,55m²

PEDAGOGO 10,95m²

PISO PODOTÁTIL DE ALERTA VERMELHO - 20x20cm

2

BANH. F 15,95m²

Tubo de Fierro Ø 1"

PROJ. COBERTURA

02

BANH. M 15,95m²

PROJ. PAV. SUPERIOR

0.15 03

A

BEBEDOURO BEBEDOURO

ESTACIONAMENTO 10 VAGAS

SOBE

3

ESTAR ALUNOS 99,55m²

W.C. PNE 3,60m²

N.P.T.=+.60

04

PROJ. PAV. SUPERIOR

SOBE

PROJ. COBERTURA

0.15

0.15

B

1

AV. PRES. GETÚLIO VARGAS 0.00

PLANTA BAIXA TÉRREO 1/250

UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO MONTESSORI LOCAL TÍTULO

AV. CALIFÓRNIA, BARRAMARES, VILA VELHA -ES PROJETO ARQUITETÔNICO - ESTUDO PRELIMINAR PLANTA BAIXA TÉRREO

0 2 ESCALA GRÁFICA

6

12m

AUTORA BRUNA RIBEIRO SIQUEIRA

DATA 18/11/2016 ESCALA 1/250 PRANCHA:

02/05


N

B 09 0807 0605 0403 02 01

DML 5,35m² DESCE

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=10%

TERRAÇO 25,30m²

10 111213 141516 1718

BANH. F 15,50m²

BEBEDOURO BEBEDOURO

CALHA PLATIBANDA

SALA DE AULA 72,40m²

ESTAR ALUNOS 92,25m²

4.15

TERRAÇO 25,30m²

BANH. M 15,55m²

PROJ. COBERTURA

SALA DE AULA 72,85m²

PLATIBANDA

TERRAÇO 26,95m²

CALHA

PLATIBANDA

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

SALA DE AULA 62,75m²

SALA DE AULA 81,70m²

i=8.33%

i=8.33%

TERRAÇO 25,00m²

TERRAÇO 31,55m²

SALA DE AULA 74,40m²

4.15

SALA DE MÚSICA 77,90m²

SALA DE ARTES 45,15m²

i=8.33%

i=8.33%

SALA DE AULA 71,90m²

TERRAÇO 29,05m²

PROJ. COBERTURA

BANH. M 15,95m²

DESCE

LAB. CIÊNCIAS 62,05m²

BANH. F 15,95m²

APOIO 12,90m² ESTAR ALUNOS 123,05m²

BEBEDOURO BEBEDOURO

4.15

A

A BIBLIOTECA 281,50m²

LAB. INFORMÁTICA 73,80m²

PROJ. COBERTURA

B

PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO 1/250

UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO MONTESSORI LOCAL TÍTULO

AV. CALIFÓRNIA, BARRAMARES, VILA VELHA -ES PROJETO ARQUITETÔNICO - ESTUDO PRELIMINAR PLANTA BAIXA 1º PAVIMENTO

0 2 ESCALA GRÁFICA

6

12m

AUTORA BRUNA RIBEIRO SIQUEIRA

DATA 18/11/2016 ESCALA 1/250 PRANCHA:

03/05


N

B

B PLATIBANDA H=100cm

LAJE IMPERMEABILIZADA 21,70m²

LAJE IMPERMEABILIZADA

7.30

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

11.45

PLATIBANDA H=100cm

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

LAJE IMPERMEABILIZADA LAJE IMPERMEABILIZADA 17,40m²

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

CALHA

PLATIBANDA H=100cm

CALHA

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5% CALHA

ESTRUTURA METÁLICA

PLATIBANDA H=100cm

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=10%

CALHA

CALHA

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

PLATIBANDA H=100cm

A PLATIBANDA H=100cm

A

A

LAJE PROTENDIDA 8.00

INCLINAÇÃO=2%

INCLINAÇÃO=2%

INCLINAÇÃO=2%

PLATIBANDA H=100cm

PROJ. COBERTURA

CALHA

RESERVATÓRIO SUPERIOR 10.500L

PLATIBANDA H=100cm

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

CALHA

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

CALHA

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=20%

CALHA

CALHA

PLATIBANDA H=100cm

CALHA

TELHA METÁLICA TRAPEZOIDAL ETERNIT i=5%

BARRILETE 17,40m²

A

PLATIBANDA H=100cm

INCLINAÇÃO=2% PLATIBANDA H=100cm

PROJ. COBERTURA

B

PLANTA DE COBERTURA - NÍVEL INTERMEDIÁRIO 1/250

B

PLANTA DE COBERTURA - NÍVEL SUPERIOR 1/250

UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO MONTESSORI LOCAL TÍTULO 0 2 ESCALA GRÁFICA

6

12m

AV. CALIFÓRNIA, BARRAMARES, VILA VELHA -ES PROJETO ARQUITETÔNICO - ESTUDO PRELIMINAR PLANTA DE COBERTURA

AUTORA BRUNA RIBEIRO SIQUEIRA

DATA 18/11/2016 ESCALA 1/250 PRANCHA:

04/05


LAJE IMPERMEABILIZADA + 9.30 m COBERTURA + 7.30 m

4.15

2º PAVIMENTO + 4.15 m

4.15 LAB. INFORMÁTICA

CIRC.

4.15

ESTAR ALUNOS

BIBLIOTECA

1.00

TÉRREO + 1.00 m

COORDENAÇÃO AV. PRES. KENNEDY

0.15

0.00

0.00

CIRC.

0.15

1.00 ARQUIVO

1.00

PÁTIO COBERTO

0.85 AUDITÓRIO

PALCO

0.15

0.15

0.15 PLAYGROUND

0.00

AV. CALIFÓRNIA

CORTE AA 1/250

CAIXA D'ÁGUA + 11.45 m

9.55

RESERVATÓRIO SUPERIOR

7.30

COBERTURA + 7.30 m

BARRILETE

4.15

2º PAVIMENTO + 4.15 m

ESTAR ALUNOS

BANHEIRO

4.15

BANHEIRO

ESTAR ALUNOS

1.00

TÉRREO + 1.00 m

1.00

PÁTIO COBERTO

PÁTIO CENTRAL

1.00 PÁTIO COBERTO

0.15

0.00

AV. PRES. VARGAS

CORTE BB 1/250

RESERVATÓRIO DE AÇO COM PINTURA EM ESMALTE SINTÉTICO COR VERMELHA

PINTURA ACRÍLICA COR BRANCA

PINTURA ACRÍLICA COR AZUL

BRISE METÁLICO TIPO GRELHA

CONCRETO APARENTE

CONCRETO APARENTE

TELHAS DE ALUZINCO COR AZUL

PINTURA ACRÍLICA COR AZUL

PINTURA ACRÍLICA COR BRANCA

BRISES DE ALUMÍNIO NAS CORES AZUL E VERMELHA

CONCRETO APARENTE

VIDRO

PINTURA ACRÍLICA COR BRANCA

PINTURA ACRÍLICA CORES VARIADAS

FACHADA 1 1/250 CONCRETO APARENTE

CONCRETO APARENTE

PINTURA ACRÍLICA COR AZUL

CONCRETO APARENTE

PINTURA ACRÍLICA COR BRANCA

PINTURA ACRÍLICA COR AZUL

PINTURA ACRÍLICA COR VERMELHA

PINTURA ACRÍLICA COR AZUL

PINTURA ACRÍLICA CORES VARIADAS

CONCRETO APARENTE

FACHADA 2 1/250 RESERVATÓRIO DE AÇO COM PINTURA EM ESMALTE SINTÉTICO COR VERMELHA

CONCRETO APARENTE

PINTURA ACRÍLICA COR BRANCA

PINTURA ACRÍLICA COR BRANCA

CONCRETO APARENTE

CONCRETO APARENTE

UNIDADE MUNICIPAL DE ENSINO MONTESSORI

BRISES DE ALUMÍNIO NAS CORES AZUL E VERMELHA

LOCAL

FACHADA 3 1/250

TÍTULO

AV. CALIFÓRNIA, BARRAMARES, VILA VELHA -ES PROJETO ARQUITETÔNICO - ESTUDO PRELIMINAR CORTES E FACHADAS

0 2 ESCALA GRÁFICA

6

12m

AUTORA BRUNA RIBEIRO SIQUEIRA

DATA 18/11/2016 ESCALA 1/250 PRANCHA:

05/05


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