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PARA TODOS OS GOSTOS Divulgação/Aquarela

Agências de notícias especializadas se adaptam às exigências do mercado e tornam a informação mais acessível

Agências mostram como notícias especializadas estão ganhando importância para o público e para o mercado

POR GABRIELA ARAUJO

As agências de notícias especializadas, ou segmentadas, fortaleceram-se no mercado editorial e institucional e caíram nas graças dos grandes veículos de comunicação. Esforço não faltou.

O representante comercial da Gazeta Press, Luiz Casemiro, se lembra bem 48

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da dificuldade para conseguir emplacar a agência de notícias e fotos esportivas numa época em que os grandes jornais e portais preferiam comprar o conteúdo de grandes agências.

“Há uns nove anos, era difícil negociar a venda de material esportivo — um produto desvalorizado, já que os grandes veículos davam mais destaque para ou-

tras editorias. Por isso preferiam fechar assinaturas com agências generalistas, que ofereciam de tudo. Deste modo, o conteúdo esportivo acabava saindo quase de graça”, lembra. “Começamos, então, um trabalho de formiguinha, a fim de provar que nosso conteúdo era especializado e melhor. Preparamos um mailing, disparamos newsletters, fizemos

follow-up e ainda oferecemos assinaturas grátis dos nossos textos e fotos para provar aos editores que realmente tínhamos algo diferente a oferecer”.

Há dez anos no mercado e amparada pela produção da Gazeta Esportiva.Net, a Gazeta Press se estabeleceu como referência no jornalismo esportivo. Conquistou clientes de peso, como ESPN, Portal iG, jornais Folha de S.Paulo, Agora, revista Época, Globo.com e o português Jornalinvest, a um ritmo de crescimento sempre superior a 10% ao ano.

E\^ Z`fj fgfiklefj Motivado pelo significativo aumento de motocicletas circulando pelas mais diversas regiões do Brasil, Aldo Tizzani, sócio-fundador da InfoMoto, criou, em 2006, a primeira agência de notícias do país especializada em cobrir assuntos do universo duas rodas. Ele conta que a InfoMoto surgiu como uma ferramenta para os jornais aumentarem sua penetração em regiões que têm bastante motocicletas. “Esses jornais também viam ali a possibilidade de faturar com publicidade, recebendo anúncios locais de lojas de autopeças. Comparada ao carro, a motocicleta é um veículo que fica em segundo plano como assunto de reportagens. Mas tendo em vista uma frota de 17 milhões de motos no Brasil, a imprensa não pôde desprezar esse público”, justifica.

As assinaturas mensais da InfoMoto custam de R$ 500 a R$ 3.500, indo do pacote básico ao especial, que contempla a produção de reportagens exclusivas ou customizadas de acordo com a necessidade do cliente. Com equipe de quatro jornalistas e um fotógrafo, a InfoMoto atende 20 clientes, entre eles a UOL

Divulgação/Envolverde

Marcondes, da Envolverde: Crescimento de 30% alcançado em 2011deve ser mantido

Carros, jornais impressos de diversas regiões do Brasil, como Diário de São Paulo, Gazeta do Povo (PR), Jornal da Cidade (BH); e sites de revenda, por exemplo, ICarros (página de autos do Itaú) e WebMotors.

Impulsionada pela crescente preocupação mundial de preservação do meio ambiente, a agência Envolverde cresceu 30% apenas em 2011. A previsão de crescimento para 2012 também é otimista: “Nesse ano acontece a Rio +20 — conferência da ONU sobre o desenvolvimento sustentável, o que nos dá uma boa projeção de crescimento. Gostaríamos de manter o ritmo dos 30%”, afirma Adalberto Marcondes, diretor da Envolverde, agência especializada em sustentabilidade com foco em desenvolvimento sustentável empresarial.

O ano também se mostra próspero para a BR Press. Com sedes em São Paulo e Londres, a agência especializada em artes e entretenimento irá aproveitar o filão dos Jogos Olímpicos para cobrir a Olimpíada Cultural, evento que acontecerá paralelamente à Olimpíada de Londres, e que envolve música, dança e teatro.

A editora-executiva Juliana Resende lembra que 2011 foi um ano difícil para a BR Press, dada a crise econômica que atingiu a Europa, onde mantém um de seus clientes mais rentáveis – a Enterprise Ireland, agência de fomento a negócios e exportações da Irlanda.

8^ eZ`Xj jfY d\[`[X Mas não é só de assinaturas que vivem as agências. A Câmara Comercial Árabe-brasileira, localizada em São Paulo, desenvolveu em conjunto com a agência Meios um projeto que visava estreitar vínculos comerciais. “Sentindo a necessidade de comunicação como ferramenta para melhorar as relações comerciais entre os 22 países árabes e – Brasil, criamos a ANBA – Agência de Notícias Brasil Árabe, produz conteúdo bilíngue (inglês e português) sobre economia e negócios. Anba, por sua vez, significa notícia, em árabe”, explica o editor-chefe Joel Santos Guimarães.

Divulgação/InfoMoto

As agências fortaleceram-se no mercado editorial e caíram nas graças dos grandes veículos

Ainda assim, mantém a média de crescimento positiva de 15,5%. “Esperamos que 2012 seja melhor. Acreditamos que novas parcerias, consolidação de clientes institucionais estrangeiros no mercado brasileiro e coberturas especiais, como a Olimpíada de Londres, tenham papel importante no crescimento da BR Press e de sua penetração no mercado”, aposta a editora-executiva.

Sua lista de clientes é invejável — portais Yahoo Brasil, UOL; revistas Época (Ed. Globo), Rolling Stone (Ed. Spring) e Elle (Ed. Abril) e periódicos nacionais e estrangeiros, como San Francisco Chronicle (EUA) e o The Independent (Inglaterra). A BR Press está há 16 anos no mercado, destacando-se pelo conteúdo que classifica “de butique”, aquele que é exclusivo, criativo e diferenciado.

Tizzani, da InfoMoto: Veio na carona dos jornais que vendiam em regiões com moto

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Casemiro, da Gazeta Press: Antes desvalorizado, hoje esporte é bem requisitado

Financiada pela Câmara, a BrasilÁrabe não gera receita. Todo conteúdo disponível em seu site é de acesso livre. Basta se cadastrar para receber os boletins, enviados para 8.800 assinantes, três vezes por semana. “Nossa newsletter é recebida por empresários e jornalistas do Brasil e do exterior. As matérias são publicadas por jornais ou servem como referência de pauta. Nossas reportagens já foram citadas em jornais como O Estado de São Paulo, Brasil Econômico, Correio Braziliense e Valor Econômico. Nossos boletins são leitura obrigatória para os pauteiros”, garante o editor-chefe.

Luiz Casemiro, da Gazeta Press, defende que agências sob medida ou contratos sazonais sejam uma nova oportunidade de negócio no jornalismo esportivo para os próximos anos. “Acredito que ainda haja espaço para novas

Para obter êxito é preciso produzir jornalismo de qualidade e entender do assunto 50

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Divulgação/BR Press

Divulgação/Gazeta Press

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Angélica Campos e Juliana Resende, da BR Press: Há 16 anos a agência se destaca pelo conteúdo exclusivo, criativo e diferenciado

agências, ainda mais com os eventos esportivos que estão por vir – a Copa de 2014 e a Olimpíada do Rio, em 2016 – fazendo conteúdo customizado para bancos, seguradoras, por exemplo. Com o fortalecimento econômico do Brasil, os meios de comunicação consequentemente acabam se fortalecendo.”

J\^i\[fj [f jlZ\jjf Quando a dúvida é “como obter o êxito na agência segmentada?” a resposta dos entrevistados é unânime: produzindo jornalismo de qualidade e entendendo profundamente do segmento no qual a agência se propõe a cobrir. “O que as agências especializadas descobriram é que é preciso ter excelência naquilo que produzem. Esse é o diferencial”, aponta Juliana Resende, da BR Press.

O fundador da Envolverde lembra que manter bons parceiros também é outro item que contribuiu muito para conquistar a confiança dos clientes.

“As agências que tiverem alta qualidade no tema que realizam cobertura vão continuar progredindo. Além disso, um grupo de parceiros reconhecidos também ajuda muito, pois nos dá ainda mais credibilidade. Nós produzimos a Carta Verde, publicada na Carta Capital, e um trabalho como este reforça ainda mais nossa visibilidade e a percepção da nossa marca no mercado”, garante Adalberto Mar-

condes, que além da Carta Capital, conquistou assinantes como O Estado de São Paulo, Instituto Ethos e AES Eletropaulo, com assinaturas mensais a partir de R$ 1.500.

Juliana Resende concorda: “Parcerias com a BBC Brasil e o Greenpeace falam por si só em termos de confiabilidade da BR Press diante do mercado”.

Aldo Tizzani reforça a importância de ter bagagem dentro da área de atuação da agência: “Tanto eu quanto meu sócio já tínhamos sido editores de revistas sobre motocicletas, tínhamos experiência no assunto. Também é preciso enviar um material bem acabado, pois o cliente não quer ter de retrabalhar aquilo que recebeu. Ele quer economizar tempo e publicá-lo o quanto antes.”

Vale lembrar que, quando o trabalho é qualificado, as agências não podem ter medo de valorizar seu produto, “Os profissionais precisam conhecer bem o mercado e saber se posicionar por qualidade e não por preço baixo. Não é oferecendo o preço mais baixo que se concorre com as grandes”, alerta o representante comercial da Gazeta Press, Luiz Casemiro.

F cX[f 9 [X efk Z`X Preocupados em diversificar os pontos de vista da grande imprensa e democratizar a discussão pública, jor-

Equipe Pública: “Não somos uma agência de notícias, e sim de reportagem”

Divulgação/Anda

40 colaboradores, entre repórteres e colunistas de diversas áreas do conhecimento, reconhecidos e atuantes na defesa dos animais. 70% do conteúdo veiculado no nosso site é próprio, mas também republicamos notícias de parceiros”, descreve. Rede Record e Portal R7, Jornal da Tarde, Folha e Estadão: segundo Silvana, toda a imprensa já veiculou notícias primeiramente publicadas no site da Anda, além de ligarem frequentemente em busca de fontes para reportagens.

Com sede em Brasília, a Andi existe desde 2000 e desenvolve trabalho parecido, cobrindo assuntos relacionados aos direitos humanos da criança e do adolescente, além de esclarecer dúvidas, sugerir fontes e promover workshops para jornalistas. O projeto original, da jornalista Âmbar de Barros e Gilberto Dimenstein, foi reformulado Divulgação/Pública

nalistas tomaram para si a iniciativa de criar agências de notícias que cobrissem com profundidade temas muitas vezes veiculados com superficialidade. O grande objetivo dessas agências que atuam como ONGs é, basicamente, pautar a mídia e aumentar o número de notícias que falam sobre os assuntos no qual são especializadas. Caso da Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi); e da Agência de Notícias dos Direitos dos Animais (Anda).

“Esse é um tipo de agência com conceito diferente. É híbrida também, pois o nosso público não é apenas o veículo de comunicação, mas todos que se interessam e estejam ativos na causa, além de fazer uma prestação de serviço à população”, define a jornalista Silvana Andrade, que fundou a Anda há três anos. “Somos uma ONG formada por profissionais voluntários, ao todo

Silvana, da Anda: ONG conta com 40 voluntários, entre repórteres e colunistas

anos depois, a fim de expandir as áreas de atuação, e hoje recebe o nome de “Andi: Comunicação e Direitos”. “Ela é a confirmação de que podemos usar o jornalismo em prol dos direitos humanos e da democracia. Trabalhamos para estimular a cobertura de assuntos relacionados aos direitos da criança e adolescente na mídia. Oferecemos fontes qualificadas e pontos de vista diferenciados. A intenção é fazer o jornalismo contribuir no desenvolvimento humano”, afirma Silvana Andrade, gerente do núcleo de mobilidade.

O alcance de agências que não trabalham com o clássico sistema de assinaturas é medido por meio da quantidade de assinantes de suas newsletters; assim como o número de acessos registrados no site em determinado período; quantidade de países

ESPECIALIZADA EM REPORTAGENS Seguindo o modelo lado B da notícia e com leque mais abrangente de temas, a Pública produz reportagens investigativas sobre direitos humanos, desigualdades sociais e uso do dinheiro público. “Não somos uma agência de notícias, mas

de reportagem. Aquilo que foi mal apurado pelos grandes veículos, e é de interesse dos brasileiros, transforma-se em um especial. Nós funcionamos como uma grande prateleira de reportagens: deixamos nosso trabalho disponível

para qualquer veículo utilizar, sendo ele grande ou pequeno, podendo reproduzir o conteúdo ou usá-lo como um novo gancho de pauta”, explica Natália Viana, Coordenadora de Estratégias e Repórter da agência. Fundada em 2011,

a jovem agência chamou atenção pela parceria com a Wikileaks e seu seleto grupo de conselheiros em que figuram nomes de peso como Eliane Brum, Carlos Azevedo e Ricardo Kotscho. Além, é claro, de sua patrocinadora, a Fundação Ford.

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Divulgação/Gazeta Press

onde o conteúdo é acessado e número de seguidores nas redes sociais Facebook e Twitter. De acordo com dados do Google, a Andi recebeu apenas no mês de janeiro 18.277 mil pageviews, com acessos em Portugal, Estados Unidos, Rússia, Colômbia e Espanha. Dos 400 milhões de blogs e sites do mundo, a Anda está entre os 43 mil mais acessados em dez países. Em um comparativo, a Anda supera a WWF, que está entre os 112 mil mais acessados do ranking mundial. Dos 3,5 milhões de blogs e sites do Brasil, a Anda está entre os 950 mil mais acessados.

HlXc`[X[\ i\m\ik`[X \d m\iYXj O gerente de captação Márcio Fonseca fala sobre o desafio de conquistar apoio para manter sempre caminhando a ONG que sobrevive, basicamente, do patrocínio das grandes instituições aos projetos desenvolvidos pela Andi: “Temos cerca de oito patrocinadores, entre eles, a Petrobras e a Fundação Ford. O grande desafio das ONGs é não se limitar a patrocínio de projeto. Por isso, estudamos caminhos de captar recursos livres por meio do público,

Equipe Gazeta Press: a agência se estabeleceu como referência no mercado

mas ainda não sabemos como fazer sem colocar nossa credibilidade em risco. Isso ainda é visto com certa relutância no Brasil, mas o caso é que não podemos ficar dependentes de ninguém. Por isso buscamos opções nessa área atualmente.”

A Brasil-Árabe também levou a Câ-

mara de Comércio a discutir um plano de reformular a agência, levando-a ao mercado e abrindo-a para publicidade.

“Isso ainda está em discussão, mas, dado o sucesso da agência, este é um projeto para ser analisado e definido ainda neste ano”, diz Joel Santos Guimarães, da Brasil-Árabe.

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FICHA TÉCNICA

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AGÊNCIA

ÁREA DE ATUAÇÃO

FORMA DE TRABALHO

Envolverde

Sustentabilidade

Assinaturas e Customizados

BR Press

Artes e entretenimento

Assinaturas e Customizados

Gazeta Press

Esportes

Assinaturas

InfoMoto Sebrae

Motocicletas Empreendedorismo e Negócios

Assinaturas e Customizados Conteúdo gratuito

Brasil-Árabe

Negócios

Conteúdo gratuito

Lusa

Universo português

Assinaturas

Agência de Notícias dos Direitos dos Animais (Anda)

Direitos Animais

Conteúdo gratuito

Agência de Notícias dos Direitos da Infância (Andi)

Direitos Humanos

Conteúdo gratuito

Agência de Notícias da AIDS

Saúde

Conteúdo gratuito

Voucher Press

Turismo

–

FioCruz

Saúde

–

Radioweb

Rádiodifusores

Conteúdo gratuito

Canal Energia

Setor elétrico

–

Pública

Jornalismo investigativo

Conteúdo gratuito

USP

Universo universitário

Conteúdo gratuito

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