História

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OCUPAÇÃO Pintura de Benedito Calixto mostra ao centro Martim Afonso de Sousa, donatário da capitania de São Vicente, no início do período colonial

estrangeiros. Para garantir a proteção de seus domínios, Portugal precisava povoá-los urgentemente. Havia uma maneira bastante rentável de fazer isso: introduzir uma atividade produtiva na região.

Açúcar

Sociedade do Açúcar

A D

Escolhida a estratégia, definiu-se o produto: o açúcar. A matéria-prima, a cana-de-açúcar, adaptava-se ao clima e ao solo. Portugal já possuía experiência na produção de cana nos Açores e na ilha da Madeira, e, para completar, o açúcar tinha grande aceitação na Europa. Entretanto, faltavam aos portugueses capital inicial e uma eficiente infraestrutura de distribuição. Essa questão foi resolvida com uma parceria com os holandeses, que já fretavam o açúcar produzido por Portugal nas ilhas do Atlântico. O sistema instalado foi o de plantation, cujas características eram:

N E V

Grandes propriedades (latifúndios) monocultoras (dedicadas a apenas um produto) – os engenhos. Mão de obra escrava (primeiramente indígena; depois negra). Produção para o mercado externo. Os latifúndios monocultores e a escravidão permitiam uma produção vasta a baixo custo. O destino era a exportação, uma vez que Portugal não tinha interesse em desenvolver a economia interna. Os poucos lucros que ficavam no Brasil iam para os senhores de engenho, provocando grande concentração de renda. [1] BENEDITO CALIXTO/PALÁCIO DE SÃO JOAQUIM, RJ

A D I B I O

[1]

Além de escravista, a sociedade do Nordeste açucareiro era agrária (os principais aspectos econômicos e socais aconteciam em torno dos latifúndios) e estratificada (apresentava pouca ou nenhuma mobilidade entre as classes). O grupo mais privilegiado era o dos senhores de engenho, a elite econômica, social e política. Eles eram os donos das terras, das máquinas e da mão de obra – tudo o que representava riqueza e prestígio. O símbolo máximo do poder era a casa-grande, a sede do engenho, onde o senhor vivia com a família e os criados. Por ser pai e autoridade máxima no latifúndio, diz-se que ele comandava uma sociedade patriarcal.

No outro extremo da hierarquia social estavam os escravos, que eram propriedade do senhor e exerciam todas as atividades de produção. Os escravos viviam nas senzalas, alojamentos cuja simplicidade se contrapunha à opulência da casa-grande (veja mais sobre a escravidão na pág. 92). Havia, ainda, outras duas classes intermediárias. Alguns engenhos tinham trabalhadores assalariados que ocupavam cargos como o de feitor-mor, responsável pela administração do engenho; feitor, que vigiava os escravos; alfaiate; pedreiro; etc. Existiam também os comerciantes, que negociavam escravos, animais, trigo e outros produtos. Alguns conseguiam romper a típica imobilidade da sociedade açucareira, acumulando fortunas e convertendo-se em senhores de engenho.

R P

Mineração

A produção de açúcar foi a principal atividade econômica do Brasil colonial durante os séculos XVI e XVII, sendo ultrapassada no século XVIII pela mineração. Em 1693, abundantes jazidas de ouro foram descobertas na região hoje ocupada por Minas Gerais. A notícia se espalhou e milhares de pessoas, das mais variadas origens, rumaram para lá em busca de riquezas. A Coroa portuguesa, a fim de impor uma administração mais rígida e garantir sua parte nos lucros, publicou, em 1702, o Regimento Aurífero, que regulava a extração mineral. O documento criava as intendências das minas – go-

SAIBA MAIS OS PRIMEIROS BRASILEIROS

Ainda não se sabe exatamente quando e como os primeiros humanos chegaram ao território hoje pertencente ao Brasil – e nem mesmo ao continente americano. A hipótese mais tradicional sobre a ocupação da América diz que os primeiros homens chegaram aqui há 12 mil anos, vindos da Ásia, ao atravessar o Estreito de Bering. Ela é baseada no fato de que 11 mil anos atrás o homem ocupava o sítio de Clóvis, no sul dos EUA. Mas essa teoria é posta em dúvida por achados arqueológicos no Brasil que indicam a presença humana mais antiga. Segundo teoria da arqueóloga Niède Guidon, com base em vestígios de fogueiras e ferramentas encontrados em São Raimundo Nonato (PI), o Nordeste brasileiro é ocupado por grupos humanos há até 100 mil anos. Para ela, os homens chegaram ao continente por mar, talvez pelo Atlântico. O sítio da Pedra Pintada, no Pará, guarda indícios de que a Floresta Amazônica tenha sido ocupada há 11,3 mil anos. Mais ao sul, um fóssil de mulher, chamado de Luzia, revela presença humana entre 11 mil e 11,5 mil anos atrás, em Lagoa Santa (MG). Posteriormente, a partir de 1000 a.C. os tupis vieram da América Central e se espalharam pelo território. GE HISTÓRIA 2018

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