Sempre Quis Ser Maria: fotolivro

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sempre quis ser maria

LUÍS MATHEUS BRITO fotolivro

LUÍS MATHEUS BRITO

sempre quis ser maria

SEMPRE QUIS SER MARIA

Este fotolivro é a segunda edição do trabalho de conclusão de curso da autora em Comunicação Social/ Habilitação em Jornalismo pela Universidade Federal de Sergipe, em setembro de 2018. A autora agradece às participantes, Ara Sad, Maria Luísa Andrade e Thalia Miranda.

Projeto Gráfico e Fotografia Luís Matheus Brito

Orientação Greice Schneider

Revisão Íris Brito Lopes

sumário sempre quis ser maria 7 posfácio por sofia favero ricardo 51

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posfácio

sempre quiseram

O trabalho sempre quis ser maria revela algumas questões interessantes. Se, por um lado, fala sobre as experiências trans em suas múltiplas possibilidades — por vezes subalternas, precárias e urgentes —, por outro lado, fala também sobre a idealizadora, Luís Matheus Brito, e sua relação com essa realidade.

O modo que foi afetada pelas pessoas trans e seus contextos de vulnerabilidade expressa sua implicação com o tema da transexualidade, com as sujeitas fotografadas, com as personagens escolhidas. E tudo isso perpassa a escolha dos locais, as fotos, os objetos que compõem o cenário. Todos esses aspectos dialogam com uma proposta de colocar as identidades trans no centro de uma discussão que é sobre afeto, família, acolhimento, apoio e pertencimento.

Dentro de uma esfera na qual essa população

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é sequencialmente expulsa do lar, sofrendo o recorrente abandono parental devido a suas identidades, sempre quis ser maria expõe o drama da vida íntima, a relação com a casa, com o bairro, com a vizinhança, os meios de performar feminilidade através de diferentes signos. Coloca em xeque a noção de que transexualidade é uma questão hospitalar.

Questiona: afinal, quais mudanças são operadas no cotidiano doméstico após uma transição de gênero? De que maneira o chão, as paredes e até mesmo os varais adquirem outros significados? Se trataria, aqui, de um deslocamento do corpo para as “coisas”? De pensar como os utensílios de uma casa dialogam com uma visão de “eu” que extrapola o binário “interno/externo”? E por que não colaborar com essa potencialização das identidades trans?

Com essa fuga da clínica para a sala, o quarto, a cozinha, a varanda, o quintal. É por essa via que o trabalho se norteia, fazendo pensar sobre gênero, sobre raça, classe e desejo. Porque, no fim, também trata-se de querer. E muitas foram interpeladas pela violência porque quiseram — e porque ousaram — ser Marias. Sempre quis.

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posfácio sofia favero ricardo

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